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A cultura organizacional e a sociedade

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A cultura organizacional e a sociedade
Apresentação
O ser humano, ao organizar-se em sociedade, vai produzindo, por meio de suas vivências entre os 
membros e a partir de suas experiências culturais, um jeito próprio de pensar sobre o mundo, que o 
faz agir de acordo com essas regras e normas pré-estabelecidas. Esses elementos adquiridos no 
interior de suas vivências constituem a identidade das pessoas e compõe o que chamam de modelo 
mental. No interior das organizações, onde os indivíduos participam desenvolvendo suas atividades 
profissionais, irão ser aprendidas novas maneiras de pensar e agir, que tanto podem afetar a 
organização e sua cultura quanto a si próprios.
Dessa maneira, podemos afirmar que a sociedade acaba influenciando as organizações que ali se 
estabelecem, bem como as organizações podem vir a influenciar de forma marcante aquela 
comunidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, serão analisados esses processos de interação entre 
as organizações e a sociedade, evidenciando que a cultura organizacional sempre implica em 
modificar, ajustar e/ou regular os modelos mentais dos seus membros em busca de uma visão 
compartilhada. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever o conceito de cultura e sua relação com a sociedade.•
Identificar como a cultura organizacional produz e é produzida pela sociedade.•
Analisar as características da cultura organizacional.•
Infográfico
Toda a organização apresenta, em sua cultura organizacional, aspectos facilmente observáveis que 
compõem a sua estrutura formal visível e aspectos considerados invisíveis, que compõem sua 
estrutura informal. Para entendermos melhor como esses aspectos visíveis e invisíveis ocorrem 
podemos utilizar a metáfora do Iceberg.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para 
acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f1181591-da66-4e39-91a1-815cc2da62b3/d54b7af6-7006-4ed5-b8d1-ab7420b6ce20.jpg
Conteúdo do livro
Mesmo antes de nascermos, já nos encontramos inseridos em grupos sociais que procuram nos 
passar seu estilo de vida, as formas como devemos agir e aquilo que é reconhecido como 
importante e determinante em nossas condutas. Ao mesmo tempo, enquanto vive, o ser humano 
busca suprir suas necessidades por meio da manipulação, do uso, da invenção e da criação dos 
artefatos que lhe proporcionarão viver e/ou sobreviver neste mundo.
Dessa forma, ao utilizarmos o conceito de cultura, tanto podemos envolver essas ideias e práticas 
que diariamente pautam nossa vida cotidiana e que nos são ensinadas, transmitidas a partir desses 
grupos, quanto daquilo que somos capazes de realizar em busca da materialidade de nossas vidas.
Você estudará no capítulo A cultura organizacional e a sociedade, da obra Cultura organizacional e 
educação, o conceito de cultura, articulando com o conceito de cultura organizacional e percebendo 
como ambos se relacionam e se afetam de forma recíproca.
Boa leitura.
CULTURA 
ORGANIZACIONAL 
E EDUCAÇÃO
Pablo Bes
A cultura organizacional 
e a sociedade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Apreender o conceito de cultura e sua relação com a sociedade.
 Identifi car como a cultura organizacional produz e é produzida pela 
sociedade.
 Refl etir sobre as características da cultura organizacional.
Introdução
Mesmo antes de nascermos, já nos encontramos inseridos em grupos 
sociais que procuram nos passar seu estilo de vida, as formas como de-
vemos agir e aquilo que é reconhecido como importante e determinante 
em nossas condutas. Ao mesmo tempo, enquanto vive, o ser humano 
vai em busca de suprir suas necessidades por meio da manipulação, do 
uso, da invenção e da criação dos artefatos que lhe proporcionarão viver 
e/ou sobreviver neste mundo. 
Dessa forma, ao utilizarmos o conceito de cultura, tanto podemos en-
volver essas ideias e práticas que diariamente pautam nossa vida cotidiana 
e que nos são ensinadas e transmitidas a partir dos grupos quanto aquilo 
que somos capazes de realizar em busca da materialidade de nossas vidas. 
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de cultura, articulando este 
com o conceito de cultura organizacional, percebendo como ambos se 
relacionam e se afetam de forma recíproca.
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 63 23/11/2017 14:35:36
A cultura e a sociedade
O conceito de cultura vem se reconfi gurando nas últimas décadas, acompa-
nhando a própria evolução da sociedade. Por isso, em nossos estudos nesta 
disciplina, nos cabe realizar um rápido resgate do percurso histórico da so-
ciedade e da própria ciência em relação a esse conceito central.
As primeiras aparições do conceito de cultura na literatura surgiram no 
século XV, relacionando-a com as questões agrícolas. Percebemos, ainda hoje, 
algumas palavras dessa área que carregam o radical cultura em sua formação, 
como agricultura, floricultura, bovinocultura, etc. Utilizamos esse resgate 
histórico para perceber que, já nos primórdios do uso da palavra, existia im-
plícito o aspecto da intervenção do homem na natureza e no “cultivar” algo. 
O conceito também irá se aproximar da religião por meio da utilização da 
palavra cultus, que ainda hoje é utilizada para nomear as reuniões de algumas 
denominações religiosas. Logo, analisando por este aspecto, a religião, o culto 
religioso, também estará ensinando aos seus seguidores conceitos em relação 
a sua vida e estabelecendo regras por meio de suas doutrinas.
A partir do século XVI, as ideias iniciais de cultura, sobretudo aquelas 
relacionadas ao cultivo agrícola, serão transpostas para a mente humana, vista 
como o terreno fértil em que o conhecimento pode ser semeado e cultivado. 
Ideia esta que virá a ser reforçada pelos movimentos históricos que chegam e 
introduzem a Modernidade, como o Positivismo, o Iluminismo, o Renascimento 
e a Reforma Protestante. Esses movimentos influem diretamente na construção 
de um tipo de Cultura, com C maiúsculo, que definiria e classificaria como 
melhores e mais importantes aqueles que tinham uma educação civilizada 
europeia (logo, culta) em detrimento de todas as demais etnias.
“No século XVIII, consolida-se o caráter classista da ideia de cultura, evidente na ideia 
de que somente as classes privilegiadas da sociedade europeia atingiram o nível 
de refinamento que as caracterizaria como cultas” (MOREIRA; CANDAU, 2007, p. 26).
Essa forma de entender a cultura como algo pertencente a uma elite e com 
valores superiores ficou muito evidenciada durante o período das grandes 
navegações, quando as nações europeias procuraram expandir seus territórios 
para outros continentes, impondo sua cultura sobre as demais. No Brasil, 
A cultura organizacional e a sociedade64
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mais especificamente, as etnias indígenas foram, neste período, consideradas 
bárbaras, selvagens e sem cultura, necessitando, por isso, educá-los em busca 
de civilizá-los.
Esse conceito de cultura se estende por muitos séculos e ainda ressoa 
até os dias atuais, sobretudo no senso comum, quando percebemos que a 
associação com a palavra cultura se refere às pessoas que tiveram acesso aos 
livros clássicos da educação, à música erudita, à ópera, ao mundo letrado e 
às mais diversas produções culturais, enquanto outros, considerados “menos 
cultos”, não tiveram essas vivências, por exemplo.
Como podemos perceber até o momento, o conceito de cultura se aproxima 
muito com a ideia de educação, pois por meio desta podem ser ensinadas as 
ideias que irão fazer parte das mentes dos indivíduos e, de certa forma, conduzir 
seus passos na sociedade. Logo, dentro do projeto de sociedade proposto pela 
Modernidade, a educação escolarizada irá servir como ferramenta importante 
para que se propague a cultura europeia aos mais distantes recantos do planeta.
Claroque essa forma de pensar a cultura, articulando-a entre uma alta 
cultura (elites) e uma baixa cultura (massa popular), hoje está ultrapassada. 
Mas, então, como é o conceito de cultura aceito na atualidade?
Somente no século XX é que o mundo irá presenciar aquilo que alguns 
teóricos chamam de virada cultural, em que o conceito de cultura se estende 
a todos os estratos sociais. 
Peter Burke (1987) traz um conceito simples para definir cultura, posicio-
nando-a como um sistema de integração, de diferenciação e de referência que 
organiza e dá um sentido à atividade dos seus membros. Ou seja, por meio 
da cultura dos grupos em que participamos, construímos nossa identidade 
cultural e, a partir daí, nos sentimos integrados a esses grupos e passamos a 
organizar nossa vida e nossas ações diárias por meio daquilo que aprendemos 
com esses membros.
Reforçando ainda mais o conceito, Moreira e Candau (2007, p. 27) co-
menta que “cultura se identifica, assim, com a forma geral de vida de um 
dado grupo social, com as representações da realidade e as visões de mundo 
adotadas por esse grupo”. Aqui, nos cabe refletir que existem várias culturas 
nas quais nos inserimos no decorrer das diversas fases de nossa vida e dos 
papéis sociais que vamos assumindo em sociedade. Essas experiências 
culturais vão nos constituindo, definindo quem nós somos, e farão parte 
de nossas experiências profissionais também. Logo, tanto as organizações 
podem afetar nosso modo de viver como as diversas culturas dos membros 
da organização precisam ser geridas para que se construa uma cultura 
organizacional comum e compartilhada.
65A cultura organizacional e a sociedade
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Os aspectos culturais adquiriram na contemporaneidade uma importância 
como nunca antes visto na história da humanidade. Vamos acompanhar agora 
o que nos diz Stuart Hall (1997, p. 5) sobre a centralidade da cultura na vida 
contemporânea:
A expressão “centralidade da cultura” indica aqui a forma como a cultura 
penetra em cada recanto da vida social contemporânea, fazendo proliferar 
ambientes secundários, mediando tudo. A cultura está presente nas vozes e 
imagens corpóreas que nos interpelam das telas, nos postos de gasolina. Ela 
é um elemento chave no modo como o meio ambiente doméstico é atrelado, 
pelo consumo, pelas tendências e modas mundiais. É trazida para dentro de 
nossos lares através dos esportes e das revistas esportivas, que frequentemente 
vendem uma imagem de íntima associação ao lugar e ao local através da 
cultura do futebol contemporâneo. 
A partir da ideia trazida pelo autor, podemos perceber como a cultura hoje 
faz parte ativa e importante de nossas vidas, pois, principalmente após a globa-
lização e o avanço das comunicações digitais em rede, podemos influenciar e 
ser influenciados por ideias, pensamentos e práticas que ocorram em qualquer 
lugar do planeta. Podemos, então, afirmar que hoje somos sujeitos constituídos, 
produzidos no interior das práticas culturais nas quais participamos.
A globalização se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atra-
vessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações 
em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em 
experiência, mais interconectado (HALL, 2006, p. 67).
A cultura organizacional e a sociedade
As implicações entre a cultura organizacional e a sociedade em que uma 
organização se encontra inserida são diversas, uma vez que os indivíduos se 
constituem e trazem consigo seu modelo de vida – envolvendo ideias, con-
ceitos, símbolos e signifi cados, que se traduzem nas suas ações – para o seu 
interior. Essas ideias e esses atos nem sempre irão se alinhar com aquilo que 
a organização estabelece para si própria como visão de negócios ou valores 
a serem compartilhados com seus membros. Embora vivamos na atualidade 
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em um mundo que pretende ser global, ainda assim existem características 
regionais e até mesmo locais que podem diferenciar os grupos que adentram 
às organizações.
Dessa forma, nos cabe realizar uma análise da cultura organizacional, 
conceito típico da ciência da Administração, nos valendo dos ensinamentos 
da Sociologia e da Antropologia para que possamos perceber como sociedade 
e cultura organizacional se encontram diretamente relacionadas. Reforçando 
essa ideia, vamos acompanhar o que nos diz o antropólogo Geertz (1989, p. 15):
(...) acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a 
teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo 
estas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em 
busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado.
O autor traz a ideia de Weber, de sua Sociologia compreensiva, que entendia, 
por meio do conceito de ação social, que os homens não vivem simplesmente 
compelidos a agir pelas regras e normas em sociedade, mas também participam 
de escolhas e acabam participando na criação dos regulamentos que irão reger 
a vida social. Logo, dentro da ideia trazida por Geertz, citada acima, o homem 
vive amarrado a um próprio estilo de viver que ele mesmo produz por meio 
de sua participação/imersão nas práticas culturais de seus grupos sociais.
Porém, temos que perceber que tanto o homem produz hoje a sua cultura 
– uma vez que participa, interage e relaciona-se nos grupos que frequenta – 
quanto é por esta produzido, poisos conceitos e as práticas desses grupos 
acabam afetando quem ele é e sua identidade e projetam sua existência no 
presente e para o futuro.
Ao trazer o conceito de cultura para o campo da Administração e voltá-lo 
para a cultura organizacional, percebemos um esforço positivista por parte dos 
teóricos dessa ciência em afirmar que “não podemos construir um conceito de 
cultura, se não concordarmos em como defini-la, medi-la, estudá-la e aplicá-
-la ao mundo real das organizações” (SCHEIN, 1991, p. 248). A ideia é esta, 
aplicar o conceito de cultura, ou seja, levar as teias de significados tecidas pelo 
homem para dentro da realidade das organizações, afinal, as organizações 
também afetam e são afetadas pela sociedade e por suas regras e valores.
Partindo desse pressuposto, vamos estudar algumas características da 
sociedade atual que permeiam nossas culturas e que se inserem e, até mesmo, 
são produzidas/reforçadas no interior das organizações. 
Freitas (2014, p. 44) aponta cinco características antropológicas culturais 
que são consideradas mais influentes no âmbito organizacional no Brasil: 
67A cultura organizacional e a sociedade
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 67 23/11/2017 14:35:37
“hierarquia, personalismo, malandragem, sensualismo e espírito aventureiro”. 
Vamos comentar um pouco sobre cada uma delas.
A hierarquia nas organizações apresenta centralização do poder nos 
grupos sociais, bem como passividade e certo nível de aceitação dos grupos 
inferiores. Esses aspectos foram sendo construídos socialmente a partir da 
colonização e dos aspectos de dominação, escravidão e regimes de governo 
impostos a todos.
O personalismo diz respeito ao enfoque nas relações pessoais para a ascen-
são e a ocupação de cargos mais proeminentes ao invés do estabelecimento 
de critérios como competência ou mérito.
A malandragem, por sua vez, está relacionada à arte do jeitinho com que 
nosso povo brasileiro aprende a resolver situações em que a flexibilidade de 
raciocínio e a criatividade parecem unir-se em busca de uma solução nem 
sempre ética ou moralmente correta para situações ou problemas encontrados. 
O sensualismo relaciona-se com a forma como o brasileiro procura relacio-
nar-se de maneira afetuosa, por meio do toque e da proximidade, característica 
que nos projeta internacionalmente como um povo acolhedor.
O espírito aventureiro relaciona-se com a tendênciaproduzida historica-
mente em nosso país e reforçada, principalmente, pelas práticas coloniais, 
nas quais as tarefas manuais e artesanais se colocam em segundo plano em 
relação às tarefas intelectuais. Ou seja, o aventureiro é aquele que vai atrás 
da criação de ideias, de inovações, e não propriamente do engajamento, da 
ação para concretizá-las.
Uma das formas de olharmos para as organizações é entendendo que estas irão ser 
influenciadas pelas características culturais que contribuíram para a formação da 
sociedade, uma vez que as pessoas que ali ocupam seus cargos tiveram sua formação, 
sua constituição pessoal e sua identidade a partir das ideias e práticas que aprende-
ram nos grupos que participam desde o seu nascimento, e esses ensinamentos os 
acompanharão dentro das organizações.
Características da cultura organizacional
Como viemos estudando, sabemos que a cultura organizacional pode ser 
entendida como “o conjunto dos pressupostos básicos (...) considerados válidos 
A cultura organizacional e a sociedade68
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 68 23/11/2017 14:35:37
e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e 
sentir” (SCHEIN, 1989, p. 3).
Isso significa que, por meio do desempenho diário de suas tarefas no 
interior das organizações, a partir da interação com os grupos nos quais 
participam, seus membros vão reconhecendo e legitimando algumas formas 
de pensar e agir, alguns modelos que irão pautar suas rotinas a partir de 
então. Essa aprendizagem e esse sentimento, que apontam na direção do 
que fazer e como fazer para que se tenha sucesso ou não, constituem-se em 
parte forte e integrante da cultura organizacional e vêm a se estabelecer 
dentro da lógica dos pressupostos básicos propostos no conceito. Aqui, 
precisamos destacar o aspecto referente ao conceito de cultura, pois esses 
pressupostos passam a ser ensinados e irão constituir os novos membros 
da organização. A Figura 1 apresenta a proposta de Schein (1989) para 
cultura organizacional.
Figura 1. Níveis da cultura organizacional.
Fonte: Adaptada de Schein (1989).
Neste caso, os artefatos visíveis são aqueles em que a cultura, o jeito de ser 
e agir da organização se manifestam na sua materialidade. Percebemos isso 
nas configurações do layout da mesma, nos comportamentos de seus membros, 
na formalização de seus cargos e hierarquias, nas rotinas, nos processos e nas 
tarefas que são executadas cotidianamente.
Já os valores representam aquilo que a organização projeta como importante, 
como essencial para nortear o trabalho de seus colaboradores. Salientamos 
que nem sempre os valores que são estipulados acabam sendo aqueles que 
realmente serão colocados em prática no dia a dia.
Os pressupostos básicos representam as maneiras como os membros da 
organização percebem, pensam, sentem e acreditam que suas ações poderão 
surtir efeito satisfatório ou não. Ou seja, esse conjunto de pressupostos é a 
forma como, por meio das experiências anteriores, os profissionais acabam 
criando maneiras e formas de agir que acreditam dar certo ou que devem evitar 
ao realizar suas tarefas. Assim, as características da cultura organizacional 
estão organizadas conforme apresenta a Figura 2 a seguir.
69A cultura organizacional e a sociedade
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 69 23/11/2017 14:35:37
Figura 2. Características da cultura organizacional.
Fonte: Adaptada de Schein (1989).
Cada organização irá apresentar uma forma específica de lidar com o ambiente, 
que se apresenta na forma de distribuição de seus layouts físicos, aproveitamento 
ou não do espaço, cuidados dispendidos nas relações com as pessoas, etc. A 
questão da realidade e da verdade é percebida quando as pessoas costumam dizer 
aquilo que acreditam ser o correto para realizar, ou até mesmo isso possa estar 
estabelecido numa norma ou num padrão da organização, porém, na prática, 
outra ação é que se torna real. A natureza humana, de caráter singular e único, 
apresenta o grande desafio da cultura organizacional, pois fazer com que todos 
compartilhem da mesma visão e de um modelo mental específico exige um trabalho 
árduo. Esse item envolve, da mesma forma, a percepção que o homem tem de 
suas atividades e do valor que cede ao trabalho, e se busca realização com o que 
faz ou não. Finalizando, temos os relacionamentos humanos, que também devem 
ser tematizados para que as relações interpessoais ocorram de forma harmoniosa 
e produtiva, minimizando conflitos em busca dos objetivos organizacionais.
Como podemos perceber, são inúmeras as características e os itens que 
se relacionam com a cultura organizacional. Aprender sobre ela nos dias 
atuais é essencial para que as organizações realmente se estabeleçam como 
organizações que aprendem.
Assista ao vídeo Cultura organizacional – 3 níveis de Schein 
(MAGNO, 2016) no link a seguir para entender mais sobre 
a influência das características da sociedade na cultura 
organizacional.
https://goo.gl/FnMEQX 
A cultura organizacional e a sociedade70
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 70 23/11/2017 14:35:37
FREITAS, A. B. Traços brasileiros para uma análise organizacional. In: MOTTA, F. C. P.; 
CALDAS, M. P. (Org.). Cultura Organizacional e Cultura Brasileira. São Paulo: Atlas, 2014.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1989.
HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. 
Educação & realidade, Porto Alegre, v. 22, n. 2, 1997.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
MAGNO, A. Aula 20: Cultura Organizacional - 3 Níveis de cultura Schein. YouTube, 
2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=25jK-fxqMiI>. Acesso 
em: 24 out. 2017.
MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Currículo, conhecimento e cultura. In: BEAUCHAMP, J.; 
PAGEL, S. D.; NASCIMENTO, A. R. (Org.). Indagações sobre currículo. Brasília, DF: MEC, 2007.
A cultura organizacional e a sociedade72
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 72 23/11/2017 14:35:40
SCHEIN, E. Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey-Bass, 1989.
SCHEIN, E. What is culture? In: FROST, P. et al. (Org.). Reframing organizational culture. 
London: Sage, 1991.
Leituras recomendadas
BARRETO, L. M. T. S. et al. Cultura organizacional e liderança: uma relação possível? 
Revista de Administração, São Paulo, v. 48, n. 1, 2013. Disponível em: <http://www.
sciencedirect.com/science/article/pii/S008021071630276X>. Acesso em: 24 out. 2017.
CHU, R. A.; WOOD JR., T. Cultura organizacional brasileira pós-globalização: global ou 
local? Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n. 5, p.969-991, set./out. 
2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v42n5/a08v42n5.pdf>. Acesso 
em: 24 out. 2017.
MASCARENHAS, A. O. Etnografia e cultura organizacional: uma contribuição da An-
tropologia à Administração de Empresas. RAE - Revista de Administração de Empresas, 
São Paulo, v. 42, n. 2, p. 88-94, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/
v42n2/v42n2a08.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017.
SILVA, R. S. Controle organizacional, cultura e liderança: evolução, transformações e 
perspectivas. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 37, n. 4, 2003. Dis-
ponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6502>. 
Acesso em: 24 out. 2017.
73A cultura organizacional e a sociedade
Cap_5_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 73 23/11/2017 14:35:40
 
Dica do professor
A cultura de uma organização pode apresentar vários formatos e particularidades. Para estudar esta 
cultura organizacional, os autores Cameron e Quinn criaram uma tipologia que abrange quatro 
estilos diferentes. A seguir iremos aprender sobre esses estilos e suas características.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/ce58621a4678472d110c977b52f4580aExercícios
1) Analise as alternativas que falam sobre o conceito de cultura e marque a resposta correta: 
A) O conceito de cultura é estanque, não sofrendo mudanças ao longo das últimas décadas.
B) O entendimento atual sobre cultura é que existe uma alta cultura (da elite) e uma baixa 
cultura (da massa popular).
C) A cultura caracteriza a forma como um determinado grupo social pensa e age sobre o mundo.
D) O conceito de cultura nos leva a entender que existem povos civilizados ou não, dependendo 
de sua cultura.
E) Por cultura entendemos o teatro, as danças, o cinema e a literatura, sobretudo as obras 
clássicas.
2) A expressão 'centralidade da cultura' indica aqui a forma como a cultura penetra em cada 
recanto da vida social contemporânea, fazendo proliferar ambientes secundários, mediando 
tudo. A cultura está presente nas vozes e imagens corpóreas que nos interpelam das telas, 
nos postos de gasolina. (HALL, 1997). 
 
Analise as afirmativas a partir da citação do autor e marque a alternativa correta: 
A) A cultura se apresenta, atualmente, de maneira central em nossa vida, pois ao nosso redor, 
especialmente por meio da mídia, são ensinados, constantemente, novos jeitos de pensar e de 
viver.
B) A cultura perde sua importância no cenário atual, onde quem governa é o mercado.
C) A centralidade da cultura entende que não existe processo de interação nem de qualquer tipo 
de subjetividade por meio das mídias.
D) A cultura é sempre local, regional, não chegando a se estabelecer em níveis globais
E) A cultura se manifesta somente por meio de nossas ações diárias, repetitivas e cotidianas.
3) Analise as afirmativas sobre a relação entre a organização e a sociedade e marque a 
alternativa correta. 
A) A sociedade não afeta a organização, pois seus processos se desenvolvem no ambiente 
interno da mesma, não no externo.
B) A sociedade é afetada pela chegada de uma nova organização em seu meio.
C) A forma como as pessoas que vivem em sociedade tem de viver, sentir e pensar sobre o 
mundo, poderá afetar as organizações por meio da cultura.
D) Dentro das organizações o que vale são os seus valores e princípios, pois a mesma é 
soberana.
E) Não existe relação possível a ser feita entre organizações e sociedade devido às suas 
múltiplas diferenças.
4) Analise as afirmativas que falam sobre algumas características antropológicas brasileiras e 
sua relação com as organizações e marque a resposta correta: 
A) A hierarquia estabelece que as relações pessoais entre os membros da organização serão 
utilizadas para a ascensão aos melhores cargos.
B) O personalismo é apresentado por meio dos cargos que a organização tem e sua cadeia de 
comando.
C) A malandragem traduz a questão do afeto do povo brasileiro, do tocar e do acolher.
D) O sensualismo é a arte de conseguir as coisas por meio do "jeitinho", estratagemas nem 
sempre éticos.
E) Aventureiro é a característica daquele que privilegia as atividades intelectuais em detrimento 
das manuais.
5) Analise as afirmativas sobre as características da cultura organizacional e marque a 
alternativa correta. 
A) A cultura organizacional não é percebida por meio dos ambientes físicos da organização, 
somente por meio de suas práticas.
B) Dentro de uma organização, a verdade e a realidade serão sempre aquilo que foi estabelecido 
nos manuais e regulamentos.
C) Os relacionamentos humanos farão parte importante da cultura organizacional, pois é por 
meio das relações interpessoais que a organização atinge seus objetivos.
D) A natureza humana não representa um desafio para a cultura organizacional, pois todos da 
empresa se tornam parecidos e pensam da mesma maneira.
E) As atividades humanas e a forma como as pessoas aprenderam a agir em suas vidas 
cotidianas não irão influenciar na cultura organizacional.
Na prática
Uma organização sempre terá aspectos que precisam ser ensinados, treinados e desenvolvidos 
junto aos seus colaboradores, o que faz com que o setor de Gestão de Pessoas ou Recursos 
Humanos tenha em seu quadro de pessoal, profissionais da área da educação, como o pedagogo, 
para que possa construir e conduzir estes projetos educacionais.
Rodrigo é pedagogo e trabalha junto ao RH de uma empresa que presta serviços na área de 
portaria, zeladoria e vigilância. Como já ocupa essa função há anos, tem uma experiência relativa e 
já realizou vários projetos educacionais envolvendo os mais diversos segmentos da empresa. Agora, 
porém, a empresa fechou um novo contrato onde farão a contratação imediata de 50 novos 
vigilantes para atuar na região metropolitana. O prazo é curto e o setor de RH tem somente um 
mês para que os novos funcionários já se encontrem desempenhando suas funções.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Cultura organizacional
O vídeo a seguir apresenta um dos estudos mais reconhecidos na área de Cultura Organizacional, o 
Modelo de Schein, que divide a cultura em três níveis.
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Etnografia e cultura organizacional: uma contribuição da 
antropologia à administração de empresas
O artigo a seguir discute as contribuições da antropologia à administração de empresas a partir da 
análise do conhecimento produzido por seu método clássico, a etnografia, em uma abordagem 
interpretativa.
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https://www.youtube.com/embed/25jK-fxqMiI?rel=0
https://www.scielo.br/pdf/rae/v42n2/v42n2a08.pdf

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