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Urinálise e Citopatologia Clínica

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Urinálise e 
Citopatologia ClíniCa
Prof. Elder Ferri Lourenzi
Profª. Maria Carolina Stipp Gonçalves
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Elder Ferri Lourenzi
Profª. Maria Carolina Stipp Gonçalves
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L892u
 Lourenzi, Elder Ferri
 
 Urinálise e citopatologia clínica. / Elder Ferri Lourenzi; Maria 
Carolina Stipp Gonçalves. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 
 
 201 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-689-4
 ISBN Digital 978-65-5663-687-0 
 
 1. Análise da urina. - Brasil. I. Gonçalves, Maria Carolina Stipp. 
II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 CDD 610
apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Urinálise e 
Citopatologia Clínica. A análise da urina compreende fatores físicos, 
químicos e microscópicos, sendo essencial para a triagem de pacientes em 
diferentes condições patológicas, principalmente aquelas que afetam os 
sistemas geniturinário, renal, hepático e metabólico do organismo. 
Na Unidade 1, abordaremos a fisiologia do sistema renal, com foco 
no funcionamento das estruturas renais para formar a urina, tal como os 
glomérulos e túbulos renais. Em seguida, veremos a importância dos cui-
dados nos parâmetros pré-analíticos, que envolvem a coleta e o transporte 
da amostra de urina tipo 1 de pacientes pediátricos e adultos, e da urina de 
24 horas. Com esses conceitos introdutórios em mente, compreenderemos 
a análise analítica do exame de urina, como: análise macroscópica ou físi-
ca, com avaliação da coloração, pH, densidade e aspecto; análise química, 
por meio da avaliação de glicose, bilirrubinas, urobilinogênio, leucócitos, 
sangue, nitritos e proteínas; análise microscópica, na qual se verifica a pre-
sença de cristais, células, cilindros, entre outros componentes que fazem 
parte da urina.
Na Unidade 2, estudaremos a citologia clínica, um ramo voltado ao 
rastreamento e à detecção de lesões celulares importantes do tipo neoplásica 
ou inflamatória, bem como à identificação de agentes patogênicos nas mais 
diversas amostras de material celular. Também conhecida como citopatologia 
ou citologia oncótica, veremos temas voltados aos aspectos históricos no Brasil 
e no mundo, suas aplicações e complicações, além da definição de citologia 
oncótica e seus objetivos, da estrutura de um laboratório e da epidemiologia 
do câncer, tema de fundamental importância para o entendimento da 
necessidade da atuação profissional nesse campo diagnóstico.
Na Unidade 3, exploraremos a área da citopatologia que mais 
apresenta demanda: a citologia de colo uterino, que está ligada a muitos 
programas de prevenção do câncer dessa região anatômica, por meio 
do rastreamento. Assim, descreveremos células normais, inflamatórias e 
neoplásicas, micro-organismos e demais componentes presentes em uma 
amostra obtida do colo de útero – importantes para a o monitoramento 
interno e externo de qualidade, bem como para a nomenclatura padrão dos 
laudos citopatológicos.
Boa leitura!
Prof. Elder Ferri Lourenzi
Profª. Maria Carolina Stipp Gonçalves
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sUmário
UNIDADE 1 — URINÁLISE ................................................................................................................. 1
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS .............. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 FISIOLOGIA RENAL.......................................................................................................................... 4
2.1 FORMAÇÃO DA URINA ............................................................................................................. 5
2.2 COMPOSIÇÃO DA URINA ......................................................................................................... 8
3 FASE PRÉ-ANALÍTICA ................................................................................................................... 10
3.1 COLETA DE URINA TIPO 1 PARA PARCIAL DE URINA ................................................... 10
3.2 COLETA DE AMOSTRA EM BEBÊS ........................................................................................ 12
3.3 COLETA DE URINA EM TEMPO MARCADO (24 HORAS) ................................................ 13
4 TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO E IDENTIFICAÇÃO
 DE AMOSTRA DE URINA ............................................................................................................. 14
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA .......................................................... 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA URINA ................................................................................ 20
2.1 COR ................................................................................................................................................ 20
2.1.1 Urina amarelo escuro, amarelo claro e transparente ...................................................... 21
2.1.2 Urina laranja, âmbar e mel ................................................................................................. 21
 2.1.3 Urina verde/azul .................................................................................................................21
2.1.4 Urina rosa, vermelha, marrom ou preta ........................................................................... 22
2.2 VOLUME ........................................................................................................................................ 23
2.3 DENSIDADE ................................................................................................................................ 24
2.4 ASPECTO ...................................................................................................................................... 25
2.5 ODOR ............................................................................................................................................ 26
3 AVALIAÇÃO QUÍMICA DA URINA ........................................................................................... 27
3.1 PH URINÁRIO ............................................................................................................................. 28
3.2 GLICOSE ....................................................................................................................................... 30
3.3 CORPOS CETÔNICOS ............................................................................................................... 31
3.4 PROTEÍNAS ................................................................................................................................. 32
3.5 UROBILINOGÊNIO/BILIRRUBINA .......................................................................................... 32
3.6 HEMOGLOBINA E MIOGLOBINA .......................................................................................... 33
3.7 NITRITOS ....................................................................................................................................... 34
3.8 LEUCÓCITOS ............................................................................................................................... 34
3.9 ÁCIDO ASCÓRBICO .................................................................................................................. 35
3.10 RESULTADOS NA TIRA REATIVA ......................................................................................... 35
4 URINA DE 24 HORAS ..................................................................................................................... 36
4.1 CLEARANCE DE CREATININA ................................................................................................ 37
4.2 PROTEINÚRIA ............................................................................................................................. 39
4.3 SÓDIO URINÁRIO ....................................................................................................................... 39
4.4 CÁLCIO URINÁRIO .................................................................................................................... 40
4.5 ÁCIDO ÚRICO .............................................................................................................................. 41
4.6 POTÁSSIO ...................................................................................................................................... 42
4.7 UROPORFIRINAS ....................................................................................................................... 42
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 45
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA ................................................... 47
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47
2 CÉLULAS ............................................................................................................................................ 48
2.1 CÉLULAS EPITELIAIS ................................................................................................................ 48
2.2 LEUCÓCITOS NA URINA .......................................................................................................... 50
2.3 HEMÁCIAS NA URINA ............................................................................................................. 50
3 CRISTAIS ........................................................................................................................................... 51
3.1 CRISTAL DE FOSFATO TRIPLO ................................................................................................ 51
3.2 CRISTAL DE ÁCIDO ÚRICO ..................................................................................................... 52
3.3 CRISTAL DE OXALATO DE CÁLCIO ...................................................................................... 52
3.4 URATO AMORFO ....................................................................................................................... 53
3.5 OUTROS CRISTAIS ..................................................................................................................... 54
4 CILINDROS ........................................................................................................................................ 55
4.1 CILINDRO HIALINO ................................................................................................................. 56
4.2 CILINDRO HEMÁTICO ............................................................................................................. 56
4.3 CILINDRO LEUCOCITÁRIO ..................................................................................................... 57
4.4 CILINDRO EPITELIAL ............................................................................................................... 57
4.5 OUTROS CILINDROS ................................................................................................................ 57
5 OUTROS COMPONENTES URINÁRIOS ................................................................................... 58
5.1 BACTÉRIAS, LEVEDURAS E PARASITAS .............................................................................. 59
5.2 MUCO ............................................................................................................................................ 60
5.3 ESPERMATOZOIDES ................................................................................................................. 61
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 62
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 67
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 68
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 71
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA .......................................................................................... 75
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA ............................................................ 77
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77
2 ASPECTOS HISTÓRICOS E OBJETIVOS DA CITOLOGIA CLÍNICA ................................ 77
2.1 CITOPATOLOGIA NÃO GINECOLÓGICA ............................................................................ 79
2.2 CITOPATOLOGIA GINECOLÓGICA ...................................................................................... 81
3 ESTRUTURA LABORATORIAL ....................................................................................................83
3.1 LABORATÓRIO DE CITOLOGIA CLÍNICA ........................................................................... 85
3.1.1 Materiais de escritório e administrativo ........................................................................... 85
3.1.2 Área técnica .......................................................................................................................... 86
4 ARQUIVAMENTO ............................................................................................................................ 88
5 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER ................................................................................................... 89
5.1 FATORES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS NEOPLASIAS .......................................... 90
5.1.1 Hereditariedade ................................................................................................................... 91
5.1.2 Infecções ................................................................................................................................ 91
5.1.3 Exposição solar e a radiações ............................................................................................ 92
5.1.4 Tabagismo ............................................................................................................................. 93
6 FATORES PREVENTIVOS .............................................................................................................. 93
6.1 ALIMENTAÇÃO ........................................................................................................................... 94
6.2 EXERCÍCIOS FÍSICOS ................................................................................................................. 94
6.3 PREVENÇÃO DE CÂNCERES DE ETIOLOGIA MICROBIANA ......................................... 94
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 96
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 97
TÓPICO 2 — COLETA E PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS................. 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99
2 CITOLOGIA ESFOLIATIVA ........................................................................................................... 99
3 CITOLOGIA ASPIRATIVA ........................................................................................................... 100
3.1 PAAF GUIADA POR PALPAÇÃO ........................................................................................... 100
3.2 PAAF GUIADA POR ULTRASSOM ........................................................................................ 101
3.3 CITOLOGIA EM MEIO LÍQUIDO ........................................................................................... 102
4 COLETA E PROCESSAMENTO ................................................................................................... 103
4.1 COLETA DE EXAMES POR ESFOLIAÇÃO ........................................................................... 103
4.2 LAVADOS .................................................................................................................................... 105
4.3 MATERIAIS OBTIDOS ESPONTÂNEAMENTE ................................................................... 105
4.4 PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) ....................................................... 105
5 PROCESSAMENTO DO MATERIAL CITOLÓGICO ............................................................. 106
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110
TÓPICO 3 — PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA CITOLOGIA NÃO GINECOLÓGICA ........... 113
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113
2 CITOLOGIA DA MAMA ............................................................................................................... 113
3 CITOLOGIA DA TIREOIDE ......................................................................................................... 117
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 120
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 126
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 128
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA ........................................................................ 133
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO ............ 135
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 135
2 ANATOMIA DO TRATO GENITAL FEMININO .................................................................... 135
2.1 OVÁRIOS .................................................................................................................................... 136
2.2 TUBAS UTERINAS ..................................................................................................................... 137
2.3 ÚTERO .......................................................................................................................................... 137
3 FISIOLOGIA DO TRATO GENITAL FEMININO .................................................................. 139
4 COMPONENTES NORMAIS DO EXAME CITOPATOLÓGICO
 DE COLO DE ÚTERO ..................................................................................................................... 141
4.1 CÉLULAS EPITELIAIS .............................................................................................................. 141
4.1.1 Células escamosas.............................................................................................................. 142
4.1.2 Células glandulares endocervicais .................................................................................. 144
4.1.3 Metaplasia escamosa ......................................................................................................... 145
4.1.4 Células endometriais ......................................................................................................... 146
4.2 COMPONENTES NÃO EPITELIAIS ....................................................................................... 146
4.2.1 Hemácias ............................................................................................................................. 146
4.2.2 Leucócitos ........................................................................................................................... 147
4.2.3 Neutrófilos polimorfonucleares (PMN) ......................................................................... 147
4.2.4 Linfócitos e histiócitos ....................................................................................................... 148
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 150
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS ........................... 153
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................153
2 CITOLOGIA INFLAMATÓRIA ................................................................................................... 153
2.1 VACUOLIZAÇÃO DO CITOPLASMA .................................................................................. 154
2.2 HALO PERINUCLEAR .............................................................................................................. 154
2.3 PSEUDOEOSINOFILIA ............................................................................................................. 155
2.4 CERVICITE FOLICULAR E VAGINITE ATRÓFICA............................................................. 155
2.5 HIPERQUERATOSE E PARAQUERATOSE ........................................................................... 156
3 REPARO TECIDUAL ...................................................................................................................... 156
4 MICRO-ORGANISMOS ................................................................................................................ 158
4.1 BACTÉRIAS ................................................................................................................................. 158
4.1.1 Bacilos de Döderlein (lactobacilos) ................................................................................... 158
4.1.2 Gardnerella vaginalis............................................................................................................ 159
4.1.3 Cocos e bacilos ................................................................................................................... 160
4.1.4 Actinomyces ......................................................................................................................... 160
4.2 MICOSES (FUNGOS) ................................................................................................................. 161
4.2.1 Candida sp ............................................................................................................................ 161
4.3 PROTOZOÁRIOS ....................................................................................................................... 162
4.3.1 Trichomonas vaginalis .......................................................................................................... 162
4.4 INFECÇÕES VIRAIS .................................................................................................................. 163
4.4.1 Herpes vírus ....................................................................................................................... 163
4.4.2 Papilomavírus humano (HPV) ........................................................................................ 164
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 168
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO ........... 171
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 171
2 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS .............................................................................................. 171
3 LESÕES INTRAEPITELIAIS ESCAMOSAS DO COLO UTERINO ..................................... 172
3.1 CRITÉRIOS CITOMORFOLÓGICOS DAS LESÕES INTRAEPITELIAIS
 DE BAIXO GRAU (LSIL)............................................................................................................ 174
3.1.1 Conduta médica recomendada após resultado ............................................................. 175
3.2 CARACTERÍSTICAS CITOMORFOLÓGICAS DAS LESÕES
 INTRAEPITELIAIS DE ALTO GRAU (HSIL) ......................................................................... 176
3.2.1 Conduta médica recomendada após resultado ............................................................. 177
3.3 ATIPIAS EM CÉLULAS ESCAMOSAS (ASC) ........................................................................ 177
3.3.1 Atipias em células escamosas de significado indeterminado: ASC-US ..................... 177
3.3.2 Atipias em células escamosas não podendo afastar lesão de alto grau: ASC-H ............. 177
3.4 CARCINOMA ESCAMOSO ...................................................................................................... 179
3.4.1 Características citológicas e subclassificação ................................................................. 179
3.5 TUMORES MENOS FREQUENTES ......................................................................................... 181
4 LESÕES GLANDULARES DO COLO UTERINO .................................................................... 181
4.1 ASPECTOS GERAIS ................................................................................................................... 181
4.1.1 Atipia em células glandulares: AGC ............................................................................... 182
4.2 ADENOCARCINOMA IN SITU (AIS)..................................................................................... 183
4.3 ADENOCARCINOMA INVASIVO.......................................................................................... 184
4.4 LAUDO CITOPATOLÓGICO DO COLO DE ÚTERO .......................................................... 185
4.4.1 Avaliação pré-analítica ...................................................................................................... 187
4.4.2 Adequabilidade do material ............................................................................................ 187
4.4.3 Epitélios representados na amostra ................................................................................ 187
4.4.4 Dentro dos limites da normalidade ................................................................................ 188
4.4.5 Microbiologia ..................................................................................................................... 188
4.4.6 Alterações celulares ........................................................................................................... 188
4.4.7 Observações ........................................................................................................................ 189
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 190
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 197
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 198
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 200
1
UNIDADE 1 — 
URINÁLISE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 compreender	os	processos	envolvidos	na	fisiologia	renal	para	formação	
da	urina	e	composição	da	urina;
• realizar boas práticas laboratoriais para parâmetros pré-analíticos, como 
coleta	e	transporte	de	amostra	de	urina	para	diferentes	análises;
•	 interpretar	as	análises	físicas	e	químicas	da	urina;
•	 identificar	células,	cristais,	cilindros,	entre	outros	constituintes	urinários	
observados no microscópio óptico.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado.
TÓPICO 1 – FORMAÇÃO DA URINA E PROCESSOS PRÉ-ANALÍTICOS
TÓPICO 2 – ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
TÓPICO 3 – ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
FORMAÇÃO DA URINAE PROCEDIMENTOS 
PRÉ-ANALÍTICOS
1 INTRODUÇÃO
Neste	 tópico,	 será	 realizada	uma	 introdução	ao	processo	de	 formação	
da urina e aos aspectos pré-analíticos para a análise de amostras de urina. A 
formação	da	urina	é	um	processo	complexo,	que	envolve	aspectos	importantes	
da	fisiologia	 renal	e	que,	para	ser	compreendido,	é	necessário	recordarmos	a	
anatomia dos rins.
Os	rins	(Figura	1)	são	órgãos	com	formato	de	feijão,	encontrados	abaixo	
do	diafragma,	um	em	cada	 lado	da	 coluna	vertebral.	Cada	 rim	é	 amplamente	
inervado	pelo	 sistema	nervoso	 central	 (SNC)	 e	 irrigado	por	vasos	 sanguíneos,	
além	de	conter	um	ureter.	Os	ureteres	são	responsáveis	por	direcionar	a	urina	
até	 a	bexiga.	Eles	 formam	cálices	na	 estrutura	 interna	dos	 rins,	 que	 coletam	a	
urina	formada	pelo	tecido	renal.	Cada	cálice	encaixa-se	em	pirâmides	renais,	que	
constituem a medula do rim, e, no ápice das pirâmides, também conhecida como 
papila, projeta-se para um cálice menor. 
Esses	 componentes	 são	 constituídos	 por	 néfrons,	 túbulos	 e	 vasos	
sanguíneos,	sendo	localizados	no	interstício,	em	que	podemos	observar	células	
como	fibroblastos,	responsáveis	pela	secreção	de	matriz	extracelular	e	colágeno,	
proteoglicanos	 e	 glicoproteínas.	 Dessa	 forma,	 os	 rins	 somam	 uma	 série	 de	
importantes	constituintes	e	 funções	fisiológicas	que	serão	discutidas	com	mais	
detalhes	mais	adiante	 (EATON;	POOLER,	2015).	Entre	elas,	podemos	destacar	
a	formação	da	urina,	que	é	analisada	dentro	da	urinálise.	Para	que	essa	análise	
aconteça,	 torna-se	 necessária	 uma	 etapa	 denominada	 como	 fase	 pré-analítica,	
quando	ocorre	a	coleta	da	amostra.
UNIDADE 1 — URINÁLISE
4
FIGURA 1 – ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO E RENAL
FONTE: Os autores
No	 entanto,	 a	 fase	 pré-analítica	 não	 compreende	 somente	 a	 coleta	 da	
amostra	 biológica,	mas	 também	 as	 etapas	 de	 transporte	 e	 armazenamento	 da	
amostra.	 Embora	 sejam	 aspectos	 básicos,	 esses	 processos	 são	 essenciais,	 uma	
vez	 que	 grande	 parte	 dos	 erros	 em	 laboratórios	 clínicos	 ocorrem	na	 fase	 pré-
analítica.	Para	amostras	urinárias,	isso	não	é	diferente.	Assim,	caso	as	etapas	que	
correspondem	a	essa	fase	sejam	realizadas	de	forma	incorreta,	a	análise	torna-se	
comprometida	(XAVIER;	DORA;	BARROS,	2016).	
2 FISIOLOGIA RENAL
Os	rins	são	essenciais	e	indispensáveis	para	a	sobrevivência	do	ser	hu-
mano.	Esses	órgãos	somam	diferentes	funções,	que	ajudam	a	manter	a	home-
ostasia	no	organismo	como	um	 todo.	Entre	as	 suas	principais	 funções	 se	 en-
contram:	a	gliconeogênese,	produção	de	vitamina	D,	manutenção	do	equilíbrio	
acidobásico,	 controle	da	 resistência	 vascular,	 produção	de	 eritropoetina	para	
controle	 na	 produção	 de	 eritrócitos,	 regulação	 da	 osmolaridade	 plasmática,	
controle	do	volume	do	líquido	extracelular,	manutenção	do	equilíbrio	hídrico	e	
eletrolítico	e,	de	modo	especial,	o	processo	de	excreção	de	substâncias	que	não	
são	úteis	para	o	organismo.	De	maneira	geral,	essas	substâncias	em	concentra-
ções	elevadas	podem	ser	extremamente	prejudiciais,	levando	à	desregulação	de	
condições	fisiológicas	de	outros	sistemas	do	corpo.	Consequentemente,	os	rins	
atuam	em	conjunto,	por	exemplo,	 com	outros	órgãos,	 como	 fígado	e	coração	
(EATON;	POOLER,	2015).
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
5
2.1 FORMAÇÃO DA URINA 
Compreender	 a	 essência	do	 funcionamento	 renal	 e,	 consequentemente,	
da	 formação	 da	 urina	 é	 simples,	 porque	 os	 rins	 recebem	o	 líquido	 que	 chega	
pela	 corrente	 sanguínea,	 alteram	 a	 sua	 composição	 adicionando	 ou	 excluindo	
constituintes	e	formam	a	urina,	que	contém	o	equilíbrio	de	cada	substância.	Esse	
processo	é	realizado	nos	néfrons	renais	(Figura	2),	responsáveis	pela	filtração	do	
sangue,	os	quais	precisam	estar	em	perfeito	estado	de	funcionamento	(EATON;	
POOLER,	2015).
FIGURA 2 – NÉFRON RENAL
FONTE: Os autores
Cada	 néfron	 é	 formado	 por	 um	 glomérulo	 e	 túbulos	 renais,	 que	 se	
encontram	 no	 ducto	 coletor.	 O	 glomérulo	 é	 formado	 por	 vasos	 sanguíneos	
e	 “coberto”	 pela	 cápsula	 de	 Bowman	 (corpúsculo	 renal).	 O	 sangue	 penetra	
pela	 cápsula	 de	 Bowman	 através	 das	 arteríolas	 aferentes	 para	 os	 capilares	 do	
glomérulo,	 e	 a	 arteríola	 eferente	 drena	 o	 sangue.	 Dentro	 da	 cápsula,	 há	 um	
espaço	vazio,	onde	o	líquido	flui	dos	capilares	glomerulares	antes	de	penetrar	na	
primeira	porção	do	túbulo.	Essa	estrutura	(Figura	3)	forma	uma	barreira	essencial	
para a filtração,	similar	a	uma	“peneira”,	permitindo	que	passe	grandes	volumes	
e	 impedindo	 a	 passagem	 de	 grandes	 proteínas	 plasmáticas,	 como	 albumina	
(EATON;	POOLER,	2015).	
UNIDADE 1 — URINÁLISE
6
FIGURA 3 – GLOMÉRULO RENAL
FONTE: Os autores
A	 filtração	 glomerular	 é	 a	 etapa	 inicial	 para	 a	 formação	 da	 urina.	 O	
conteúdo	filtrado	é	muito	semelhante	ao	plasma	sanguíneo,	contendo	substâncias	
livremente	filtradas,	como	íons	inorgânicos	(sódio,	potássio,	cloreto,	bicarbonato),	
solutos	 orgânicos	 sem	 carga	 elétrica	 (glicose	 e	 ureia),	 hormônios	 peptídicos	
(insulina,	 hormônio	 antidiurético)	 e	 aminoácidos	 de	 baixo	 peso	 molecular	
(EATON;	POOLER,	2015).	
O	conteúdo	filtrado	é	medido	pela	taxa	de	filtração	glomerular	(TFG),	que	
é	igual	a	180	L/dia	em	um	homem	adulto,	jovem	e	saudável.	Consequentemente,	
o	sangue	total	chega	a	ser	filtrado	cerca	de	60	vezes	ao	dia,	permitindo	a	excreção	
de	substâncias	biotransformadas	e	a	manutenção	da	homeostasia	do	organismo.	
Como	 exemplo,	 podemos	 imaginar	 que,	 caso	 todo	 o	 conteúdo	 filtrado	 fosse	
excretado	 de	 forma	 íntegra,	 urinaríamos	 várias	 vezes	 ao	 dia	 e	 ficaríamos	
desidratados	 em	 questão	 de	 poucas	 horas.	 Por	 isso,	 o	 conteúdo	 filtrado	 será	
encaminhado	aos	túbulos	renais,	onde	ocorrem	processos	de	reabsorção	e	secreção	
tubulares	(Figura	4),	ou	seja,	o	líquido	recebido	é	modificado	de	modo	específico	
em	cada	segmento,	a	fim	de	enviar	o	líquido	para	o	outro	segmento.	A	reabsorção	
é	 caracterizada	 pela	 remoção	 de	 substâncias	 do	 túbulo	 renal	 para	 o	 sangue	
circulante;	enquanto	a	secreção	se	caracteriza	pelo	acréscimo	de	substâncias	do	
sangue	circulante	para	o	lúmen	do	túbulo	renal	(EATON;	POOLER,	2015).
Os	 túbulos	 renais	 são	 formados	 logo	 após	 o	 glomérulo	 e	 são	 uma	
extensão	da	cápsula	de	Bowman,	dividindo-se	basicamente	em	túbulo	contorcido	
proximal,	alça	de	Henle,	túbulo	contorcido	distal	e	ducto	coletor.	Essas	estruturas	
são	constituídas	por	células	epiteliais	conectadas	por	junções	firmes,	responsáveis	
por	manter	as	células	unidas	(EATON;	POOLER,	2015).	
O	 túbulo	 proximal	 é	 o	 primeiro,	 localizado	 logo	 após	 a	 cápsula	 de	
Bowman.	Dessa	 forma,	 ele	 drena	 o	 conteúdo	filtrado	por	 esse	 compartimento	
para	a	 sequência	de	 túbulos.	Ele	é	 responsável	pelo	primeiro	processo	de	 rea-
bsorção	tubular,	no	qual	são	absorvidos	novamente	para	o	organismo	cerca	de	
dois	terços	da	água	filtrada,	do	sódio	e	do	cloreto.	Além	disso,	todas	as	moléculas	
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
7
orgânicas	úteis	como	glicose	e	aminoácidos	precisam	ser	reabsorvidas	para	se-
rem	conservadas	no	organismo.	Compostos	como	potássio,	fosfato,	cálcio	e	bicar-
bonato	são	reabsorvidos	parcialmente.	Apesar	de	ser	essencial	para	reabsorção,	
esse	compartimento	é	responsável	pela	secreção	de	algumas	substâncias,	como	
produtos	biotransformados	(creatinina,	ácido	úrico)	e	fármacos	(penicilina)	(EA-
TON;	POOLER,	2015).	
Logo	após,	 encontramos	a	alça	de	Henle,	que	é	um	segmento	dividido	
em	ramo	ascendente	e	descendente.	De	modo	geral,	é	responsável	por	20%	da	
reabsorção	do	sódio	e	cloreto	e	10%	da	água	filtrada,	líquido	que	se	torna	diluído	
em	relação	ao	plasma	normal,	devido	à	concentração	de	sal	absorvida	ser	superior	
à	concentração	de	água.	O	túbulo	distal	reabsorve	cerca	de	10%	de	sal	e	água,	já	
o	ducto	coletor	mantém	o	processo	de	reabsorver	sal	e	água,	excretando,	ainda,	
ácidos	e	bases,	e	regulando	a	excreção	deureia	(EATON;	POOLER,	2015).	
FIGURA 4 – FILTRAÇÃO, REABSORÇÃO E SECREÇÃO RENAL
FONTE: <https://bit.ly/3DbxyDb>. Acesso em: 29 abr. 2021. 
Para visualizar melhor esses processos renais, assista ao seguinte vídeo sobre 
o processo de filtração, reabsorção, secreção e excreção renal, acessando: https://www.
youtube.com/watch?v=R4cNMryGOro.
INTERESSA
NTE
https://www.youtube.com/watch?v=R4cNMryGOro
https://www.youtube.com/watch?v=R4cNMryGOro
UNIDADE 1 — URINÁLISE
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Portanto,	percebe-se	que	é	 indispensável	que	determinadas	substâncias	
sejam	 excretadas	 pelos	 rins	 e	 que	 esse	 processo	 é	 controlado	 por	 diferentes	
mecanismos,	os	quais,	geralmente,	têm	funções	muito	similares.	Assim,	quando	
há	uma	falha	nos	controles	de	um	mecanismo,	ela	pode	ser	compensada	por	outro.	
Caso	isso	não	seja	possível,	o	organismo	é	capaz	de	se	adaptar	a	determinadas	
condições	crônicas,	modulando	sua	eficiência	com	o	passar	do	tempo.	
Por	fim,	para	cada	substância	do	plasma,	existe	uma	combinação	particu-
lar	de	filtração,	reabsorção	e	secreção,	e	a	combinação	desses	fatores	resulta	no	
que	será	excretado	e	quanto.	Os	rins	buscam	regular	as	concentrações	ideias	de	
cada	substância,	de	modo	que,	se	algo	está	acima	do	normal,	será	excretado	em	
maior	quantidade	ou	vice-versa.	
2.2 COMPOSIÇÃO DA URINA 
Como podemos perceber, a urina humana é constituída principalmente 
por	 água,	 que	 corresponde	 a	 cerca	 de	 90	 a	 96%	 do	 volume	 total.	 A	 água	 é	
secretada	 através	dos	 rins,	 coletada	na	 bexiga	 e	 excretada	na	uretra.	Além	do	
componente	 líquido,	a	urina	pode	conter	solutos,	como	sódio,	potássio,	cálcio,	
magnésio,	 cloreto,	 creatinina,	 ureia,	 vitaminas,	 hormônios,	 ácido	úrico,	dentro	
outros	compostos	orgânicos	e	inorgânicos	(ROSE	et al.,	2015).	
Os	compostos	sólidos	totais	na	urina	chegam	a	pesar	cerca	de	59	g/cap/
dia.	A	matéria	orgânica	corresponde	a	65%	a	85%	dos	constituintes	sólidos	secos	
da	urina.	A	ureia	é	mais	predominante,	variando	de	acordo	com	a	ingestão	de	
proteínas,	 mas	 constituindo	 cerca	 de	 50%	 dos	 sólidos	 orgânicos	 totais.	 Íons	
como Na+, K+ e Ca2+ também variam de acordo com a dieta. Outros íons menos 
frequentes	são	amônio,	sulfatos	de	ácidos	aminados	e	fosfatos,	que	podem	mudar	
de	 acordo	 com	 o	 nível	 hormonal	 da	 paratireoide.	 Portanto,	 a	 composição	 de	
soluto	é	modificada	conforme	as	condições	ambientais,	como	uma	variação	na	
alimentação,	através	da	ingestão	de	proteínas,	sal,	cálcio,	ou	ainda,	por	modulação	
na	secreção	hormonal	(Figura	5)	(ROSE	et al.,	2015).
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
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FIGURA 5 – DIFERENÇA NA COMPOSIÇÃO DE SÓLIDOS NA URINA DE ACORDO COM A DIETA
FONTE: Os autores
A	produção	 total	de	urina	varia	de	acordo	com	a	 ingestão	de	 líquidos,	
tamanho	do	corpo,	prática	de	exercícios	físicos	excessivos	(suor)	e	de	acordo	com	
a	 raça	 (ROSE	 et al.,	 2015).	O	Quadro	 1	 indica	 a	 relação	 entre	 esses	 fatores	 e	 a	
produção	de	urina	por	dia.
QUADRO 1 – FATORES QUE LEVAM A VARIAÇÃO NA PRODUÇÃO TOTAL DE URINA
FATOR PRODUÇÃO DE URINA
Ingestão de líquidos O	volume	de	água	ingerido	é,	geralmente,	igual	ao volume de urina produzida. 
Tamanho do corpo
Crianças	produzem	uma	quantidade	inferior	de	
urina	(50%	a	menos)	do	que	adultos.
Quanto maior o tamanho do corpo, maior a 
produção	de	urina.
Exercícios físicos excessivos A	 prática	 excessiva	 leva	 ao	 suor,	 que,	 por	 sua	vez,	afeta	a	hidratação	corpórea.	
Raça Mulheres	 negras	 têm	 volume	 urinário	 inferior	(0,24	L/dia)	do	que	mulheres	brancas.	
FONTE: Os autores
UNIDADE 1 — URINÁLISE
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3 FASE PRÉ-ANALÍTICA 
A	 fase	 pré-analítica	 compreende	 fatores	 que	 antecedem	 a	 análise	
laboratorial,	 voltados	 ao	 preparo	 do	 paciente,	 à	 identificação,	 à	 coleta,	 à	
manipulação,	 ao	 armazenamento	 e	 ao	 transporte	 de	 uma	 amostra	 biológica.	
Consequentemente,	é	uma	fase	repleta	de	possibilidades	para	os	grandes	erros	
em	laboratórios	clínicos,	que,	muitas	vezes,	não	são	controlados	e/ou	detectados.	
Uma	vez	que	os	erros	ocorrem	e	não	são	identificados,	isso	pode	levar	a	resultados	
incorretos,	 que	 não	 condizem	 com	 a	 realidade	 do	 paciente	 (XAVIER;	 DORA;	
BARROS,	2016).	
No entanto, o laboratório pode e deve buscar minimizar esses erros, 
pelo	 treinamento	 adequado	 dos	 profissionais	 responsáveis	 pelas	 tarefas.	
Quando	existe	uma	gestão	da	qualidade	da	fase	pré-analítica,	os	erros	podem	
ser	facilmente	identificados	e	corrigidos,	antes	que	prejudiquem	a	qualidade	
dos	 serviços	 prestados	 pelo	 laboratório,	 evitando,	 assim,	 outros	 problemas.	
Por	esse	motivo,	uma	padronização	dos	processos	deve	ser	adotada,	aumen-
tando	a	segurança	e	confiança	do	paciente.
Considerando os parâmetros pré-analíticos para amostras de urina, eles 
podem	fugir	do	controle	do	 laboratório,	uma	vez	que	o	paciente	 realiza	a	 sua	
própria	coleta.	Contudo,	uma	orientação	adequada	possibilita	que	o	paciente	seja	
instruído	da	maneira	 correta	 para	 fazer	 a	 coleta	 do	material,	minimizando	 os	
principais	erros	pré-analíticos	nessa	área.	Em	relação	à	identificação	do	paciente,	
esta	é	de	responsabilidade	do	laboratório,	que	deve	confirmar	o	nome	completo	
e	dados	pessoais	do	paciente	 respectivo	 a	 amostra	 recebida.	Outro	 fator	 a	 ser	
analisado	na	entrega	da	amostra	é	se	ela	se	encontra	“apta”	para	análise,	pois,	
em	alguns	casos,	 indica-se	uma	nova	coleta.	Esses	 casos	 incluem	amostras	em	
recipientes	 inadequados	 (vidros	de	 conserva,	potes	de	plásticos,	 entre	outros);	
amostras	 com	 resquícios	 de	 fezes;	 amostras	 com	 tempo	 de	 coleta	 superior	 ao	
tempo	 de	 transporte	 permitido	 para	 a	 análise;	 amostras	 malconservadas.	 A	
seguir,	poderemos	entender	mais	 sobre	os	processos	de	coleta	e	 transporte	da	
amostra	de	urina	e	sua	importância	da	fase	pré-analítica.	
3.1 COLETA DE URINA TIPO 1 PARA PARCIAL DE URINA
A	 coleta	 de	 amostra	 urinária	 para	 realização	 do	 parcial	 de	 urina	 é	
relativamente	simples,	mas	precisa	ser	seguida	à	risca,	caso	contrário	pode	ocorrer	
contaminações	importantes,	que	exigem	a	necessidade	de	uma	nova	coleta.	De	
modo	geral,	ela	é	realizada	pelo	próprio	paciente,	por	esse	motivo,	é	necessário	
fazer	uma	correta	orientação	sobre	as	etapas,	a	fim	de	facilitar	as	fases	analíticas	
(RAVEL,	1997).	
As	recomendações	da	Sociedade	Brasileira	de	Patologia	Clínica/Medicina	
Laboratorial	(SBPC/ML)	indicam	que	a	primeira	amostra	da	manhã	é	ideal	para	
o	exame	de	urina	de	rotina,	porque	ela	se	encontra	mais	concentrada,	permitindo	
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
11
que	os	elementos	e	substâncias	químicas	presentes	sejam	adequadamente	analisa-
dos.	Caso	isso	não	seja	possível,	alguns	laboratórios	indicam	um	intervalo	de	2	a	
4	horas	entre	as	micções	para	que,	então,	a	coleta	seja	realizada	(SBPC/ML,	2017).	
A	urina	 é	 coletada	 em	um	 frasco	de	material	 limpo,	 seco	 e	 à	prova	de	
vazamento.	Os	frascos	não	devem	ser	reutilizados,	uma	vez	que	a	reutilização	pode	
resultar	em	contaminação	da	amostra	de	urina.	De	modo	geral,	os	laboratórios	
fornecem	o	frasco	coletor	ao	paciente	e	solicitam	que	a	amostra	seja	coletada	em	
casa,	a	fim	de	que	a	primeira	urina	da	manhã	seja	obtida	(RAVEL,	1997).	
O	paciente	não	precisa	de	nenhum	preparo	especial	para	realizar	o	exame,	
mas	é	importante	informar	que	o	uso	de	medicamentos	ou	os	hábitos	alimentares	
podem	promover	 alterações	 significativas	 na	 amostra	 urinária	 (RAVEL,	 1997).	
Além	disso,	o	exame	só	será	confiável	se	a	amostra	de	urina	for	confiável.	
As	 regras	para	coleta	adequada	do	material	podem	ser	observadas	nas	
Figuras	6	e	7.	As	regras	são	as	mesmas	para	os	exames	parcial	de	urina	ou	cultura	
de	urina	(urocultura):
• A	região	genital	deve	ser	higienizada	previamente	com	água	e	sabão	neutro	
ou	lenço	umedecido.	O	uso	de	soluções	antissépticas	pode	interferir	na	análise	
química	do	exame.	
• O	paciente	deve	desprezar	o	primeiro	 jato	de	urina,	para	que	as	 impurezas	
contidas no canal uretralsejam eliminadas.
• Após,	o	paciente	pode	coletar	o	jato	médio	urinário	até	preencher	o	frasco.
• Por	fim,	o	paciente	deve	desprezar	o	restante	de	urina	no	vaso	sanitário.	
FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO PARA COLETA DE AMOSTRA DE URINA EM HOMENS
FONTE: <https://bit.ly/3zdqgwc>. Acesso em: 17 mar. 2021. 
UNIDADE 1 — URINÁLISE
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FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO PARA COLETA DE AMOSTRA DE URINA EM MULHERES
FONTE: <https://bit.ly/3zdqgwc>. Acesso em: 17 mar. 2021. 
3.2 COLETA DE AMOSTRA EM BEBÊS 
A	coleta	em	crianças	pequenas	é	realizada	com	o	auxílio	de	um	saco	cole-
tor	infantil	(Figura	8)	estéril	e	é	realizada	no	laboratório.	Assim	como	no	adulto,	
é	importante	realizar	uma	higiene	prévia	no	órgão	genital	do	bebê	com	o	auxílio	
de	água	e	sabão,	ou,	então,	com	lenço	umedecido,	sempre	de	cima	para	baixo.	
Caso	o	bebê	não	urine	por	um	período	de	30	minutos	a	1	hora,	o	saco	coletor	
precisa	ser	trocado	e	inserido	novamente	(FLEMING,	2015).
Para	colocar	o	saco	coletor	da	maneira	adequada,	deve-se	retirar	o	papel	
que	recobre	a	parte	adesiva	do	saco	coletor	e	dobrar	o	adesivo	ao	meio,	deixando	
a	parte	adesiva	do	saco	coletor	para	 fora,	pois	está	 será	“fixada”	na	 região	do	
interglúteo.	Entretanto,	o	saco	coletor	deve	ficar	para	baixo	e	há	algumas	variações	
para	meninas	e	meninos	(FLEMING,	2015).	
Para	posicionar	adequadamente	o	saco	coletor:
• Em	meninos,	é	necessário	colocar	o	órgão	genital	dentro	da	abertura	do	saco	
coletor,	o	qual	é	fixado	na	pele	pela	parte	superior,	a	fim	de	evitar	vazamentos.	
• Em	meninas,	é	necessário	abrir	os	grandes	 lábios	da	vagina,	fixando	a	parte	
superior	do	adesivo.	Isso	é	necessário	para	que	a	uretra	fique	dentro	do	círculo,	
a	fim	de	evitar	vazamentos.	
Em	 seguida,	 assim	 que	 a	 criança	 urinar,	 o	 saco	 coletor	 é	 retirado	 e	 o	
conteúdo	é	transferido	para	um	pote	coletor	padrão.	Caso	o	volume	urinário	seja	
muito	baixo,	pode	ser	necessário	solicitar	uma	nova	coleta	de	amostra.	
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
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FIGURA 8 – SACO COLETOR DE URINA INFANTIL
FONTE: <http://lfleming.com.br/INSTRUCOES-COLETAS.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2021.
3.3 COLETA DE URINA EM TEMPO MARCADO (24 HORAS) 
A coleta de urina em tempo marcado é simples e muito utilizada para 
determinação	de	algumas	substâncias,	cuja	excreção	pode	variar	no	decorrer	de	24	
horas.	Assim,	não	podemos	coletar	uma	amostra	pontual,	sem	saber	exatamente	
se	 a	 substância	 está	presente	naquele	momento	ou	 será	 excretada	 em	maiores	
concentrações	 posteriormente.	Dessa	 forma,	 precisamos	 quantificar	 a	 excreção	
urinária	no	período	de	24	horas,	para	que	os	efeitos	envolvidos	na	variação	da	
excreção	durante	diferentes	condições	ou	períodos	do	dia,	não	sejam	prejudiciais	
para	o	exame	(REIS,	2020;	PINHEIRO,	c2008-2021).	
Para	realizar	a	coleta,	o	paciente	deve	escolher	o	horário	mais	confortável	
para	 a	 sua	 realização.	 De	 modo	 geral,	 indica-se	 que	 a	 primeira	 urina	 seja	
desprezada,	devendo-se	anotar	o	horário	em	que	isso	ocorreu.	Por	exemplo,	se	
o	paciente	acordar	às	8	horas,	ele	pode	esvaziar	a	bexiga	completamente	no	vaso	
sanitário.	Isso	é	necessário	porque	a	urina	armazenada	na	bexiga	foi	produzida	
no período da noite, ou seja, se coletássemos essa urina, estaríamos considerando 
um	período	maior	do	que	24	horas.	Ao	coletar	somente	após	a	primeira	micção	
e	o	horário	marcado,	teremos	certeza	de	que	a	próxima	urina	foi	produzida	no	
período	adequado	(REIS,	2020;	PINHEIRO,	c2008-2021).	
Em	seguida,	toda	nova	micção	durante	as	próximas	24	horas	devem	ser	
armazenadas	no	frasco	coletor	(Figura	9)	fornecido	pelo	laboratório,	indepen-
dente	se	for	um	volume	grande,	ou	uma	simples	gota	de	urina.	Caso	seja	ne-
cessário	mais	de	um	 frasco,	o	mesmo	deve	ser	 solicitado	ao	 laboratório,	mas	
é	 importante	 enfatizar	que	 todo	 conteúdo	de	24	horas	deve	 ser	 coletado.	No	
dia	 seguinte,	 a	 coleta	 deve	 ser	 finalizada	 no	mesmo	horário	 em	que	 iniciou.	
Uma	tolerância	de	10	minutos	é	permitida	para	mais	e	para	menos	(7h50min	ou	
8h10min,	por	exemplo),	mas,	se	o	paciente	tiver	vontade	de	urinar	mais	cedo	
do	que	o	horário	final,	 ele	deve	 tentar	 ingerir	 líquidos	para	conseguir	urinar	
novamente	no	horário	final	(REIS,	2020;	PINHEIRO,	c2008-2021).
UNIDADE 1 — URINÁLISE
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FIGURA 9 – FRASCO COLETOR DE URINA DE 24 HORAS
FONTE: <https://shutr.bz/3sJpO6y>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Alguns	pontos	devem	ser	 enfatizados	ao	paciente,	 como	a	 importância	
de coletar toda urina dentro desse período. Se o paciente urinar diretamente no 
vaso sanitário, no chuveiro, ou outro local, um novo ciclo deve ser iniciado. Além 
disso,	o	paciente	só	deve	utilizar	o	frasco	fornecido	pelo	laboratório,	para	evitar	
contaminações.	Esses	fatores	são	indispensáveis,	pois,	caso	haja	falha	na	coleta,	
o	exame	não	será	confiável	e	o	laboratório	não	terá	ciência	disso,	fazendo	com	o	
desfecho	clínico	para	o	paciente	seja	incerto,	já	que	o	médico	pode	tomar	decisões	
incorretas de acordo com o resultado de uma amostra incompleta. 
4 TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE 
AMOSTRA DE URINA 
As amostras de urina, seja para parcial de urina, urocultura, ou urina de 
24	horas,	devem	ser	coletadas	no	recipiente	fornecido	pelo	laboratório.	Se	o	pa-
ciente	não	realizar	a	coleta	no	laboratório,	a	amostra	deve	ser	encaminhada	para	
análise	em	um	período	de	1	a	2	horas.	É	muito	 importante	que	a	amostra	seja	
mantida	refrigerada	nesse	período.	A	amostra	de	urina	de	24	horas	pode	perma-
necer	fechada	por	até	48	horas	em	temperatura	ambiente,	contudo,	o	mais	indica-
do	é	que	seja	refrigerada	e	entregue	rapidamente	ao	laboratório	(STRASINGER;	
DI	LORENZO,	2009).	
Ao	receber	amostras	de	urina,	devemos	verificar	os	dados	do	paciente,	
como	nome	 completo,	 data	 da	 entrega	 e	 horário	 da	 coleta	 do	material.	Outro	
fator	 pré-analítico	 importante,	 é	 verificar	 se	 não	 há	 contaminação	 com	 fezes,	
menstruação	ou	coleta	em	outros	recipientes,	pois	isso	pode	prejudicar	as	análises	
posteriores	(STRASINGER;	DI	LORENZO,	2009).	
15
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
•	 O	sistema	urinário	é	formado	pelos	rins,	ureter	e	bexiga.	Os	rins	são	órgãos	
vascularizados	 e	 que	 recebem	 inervação	 do	 sistema	 nervoso	 central.	 Já	
os	 ureteres,	 direcionam	 a	 urina	 até	 a	 bexiga,	 enquanto	 esta	 realiza	 o	 seu	
armazenamento,	uma	vez	que	será	excretada	pela	uretra.	
•	 Os	 rins	 são	 indispensáveis	 para	 a	 sobrevivência	 do	 ser	 humano.	 Entre	 as	
principais	funções	dos	rins	estão	a	gliconeogênese,	a	produção	de	vitamina	D,	
a	manutenção	do	equilíbrio	acidobásico,	o	controle	da	resistência	vascular,	a	
produção	de	eritropoetina	para	controle	na	produção	de	eritrócitos,	a	regulação	
da	osmolalidade	plasmática,	o	controle	do	volume	do	líquido	extracelular,	a	
manutenção	do	equilíbrio	hídrico	e	eletrolítico	e,	de	modo	especial,	o	processo	
de	excreção	de	substâncias	que	não	são	úteis	para	o	organismo.	
•	 Os	néfrons	 renais	 são	 formados	por	um	glomérulo	 e	 túbulos	 renais,	 que	 se	
encontram	no	ducto	coletor.	O	processo	de	filtração	ocorre	no	glomérulo,	por	
meio	do	qual	os	sólidos	de	baixo	peso	molecular	e	a	água	ultrapassam	para	os	
túbulos	renais.	Em	seguida,	uma	série	de	processos	de	reabsorção	e	secreção	
é	efetuada	por	túbulo	contorcido	proximal,	alça	de	Henle,	túbulo	contorcido	
distal e ducto coletor. 
•	 A	urina	é	composta	principalmente	por	água	(90	a	96%	do	volume	total)	e	
pode	conter	solutos,	como	sódio,	potássio,	cálcio,	magnésio,	cloreto,	creatini-
na,	ureia,	vitaminas,	hormônios,	ácido	úrico,	entre	outros	compostos	organis-
mos	e	inorgânicos.
•	 A	 coleta	 para	 parcial	 de	 urina	 e	 cultura	 de	 urina	 segue	 como	 critérios:	
higienização	da	região	genital;	descarte	do	primeiro	jato	de	urina;	coleta	do	jato	
médio	urinário	até	preencher	o	frasco;	e	descarte	do	restante	no	vaso	sanitário.	
•	 A	urina	de	24	horas	segue	parâmetros	diferentes	dos	estabelecidos	pelo	parcial	
de urina. A primeira urina do dia é desprezada, sendo o horárioanotado. 
Depois,	o	paciente	coleta	toda	urina	das	próximas	24	horas	e	a	armazena	no	
frasco	 fornecido	 pelo	 laboratório.	 No	 dia	 seguinte,	 a	 coleta	 é	 finalizada	 no	
mesmo	 horário	 em	 que	 iniciou,	 com	 uma	 tolerância	 de	 10	 minutos,	 que	 é	
permitida para mais e para menos.
• O transporte da amostra de urina deve ser realizado em um período de 1 a 2 
horas	após	a	coleta	e	o	seu	armazenamento,	em	geladeira.	
16
1	 Os	 parâmetros	 químicos	 da	 urina	 são	 úteis	 para	 predizer	 determinadas	
condições	ou	doenças	que	possam	estar	acometendo	o	paciente.	De	acordo	
com	 os	 parâmetros	 químicos	 da	 urina,	 classifique	 V	 para	 as	 sentenças	
verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	 A	gliconeogênese,	produção	de	vitamina	D	e	manutenção	do	equilíbrio	
acidobásico,	correspondem	a	importantes	funções	renais.	
(			)	 Entre	as	funções	renais,	está	o	processo	de	excreção	de	substâncias	úteis	
para	o	organismo.
(			)	 Os	 rins	 auxiliam	 na	 produção	 de	 eritropoetina,	 na	 regulação	 da	
osmolalidade	plasmática,	no	controle	do	volume	do	líquido	extracelular,	
na	manutenção	do	equilíbrio	hídrico	e	eletrolítico.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	(			)	 V	–	F	–	F.
b)	(			)	 V	–	F	–	V.
c)	(			)	 F	–	V	–	F.
d)	(			)	 F	–	F	–	V.
2	 A	coleta	de	amostra	urinária	é	relativamente	simples,	mas	precisa	ser	segui-
da	à	risca,	caso	contrário	pode	ocorrer	contaminações/falhas	importantes,	
que	exigem	a	necessidade	de	uma	nova	coleta.	Com	base	nas	regras	para	
coleta	de	uma	boa	amostra	de	urina,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I- A coleta da primeira urina do dia é essencial para o parcial de urina, mas, 
caso	o	paciente	não	possa	esperar	e	já	tenha	urinado,	ele	pode	coletar	após	
o	período	de	2	a	4	horas	sem	urinar.	
II-	 A	urina	de	24	horas	é	requerida	em	situações	específicas	de	substratos	ex-
cretados	pela	urina	em	diferentes	períodos	do	dia,	tornando-se	necessário	
que	o	paciente	colete	toda	a	urina	dentro	de	um	período	de	24	horas.	
III-	 A	urina	de	24	horas	exige	que	o	paciente	colete	a	primeira	urina	da	manhã	
e	anote	o	horário,	coletando	toda	a	urina	dentro	do	período	de	24	horas,	
sem	exceção.	Após	coletar	a	primeira	urina	da	manhã	do	próximo	dia,	o	
paciente encerra a coleta e encaminha a amostra ao laboratório.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)	(			)	 As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
b)	(			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c)	(			)	 As	sentenças	I	e	II	estão	corretas.
d)	(			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
AUTOATIVIDADE
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3	 Compreender	 a	 essência	 do	 funcionamento	 renal	 e,	 consequentemente,	
da	 formação	 da	 urina	 é	 simples,	 porque	 os	 rins	 recebem	 o	 líquido	 que	
chega	pela	corrente	sanguínea,	alteram	a	sua	composição,	adicionando	ou	
excluindo	constituintes	e	formam	a	urina,	que	contém	o	equilíbrio	de	cada	
substância.	De	acordo	com	os	processos	para	filtração	do	sangue,	assinale	a	
alternativa CORRETA:
a)	(			)	 A	filtração	 corre	 no	 glomérulo,	 que	 funciona	 como	uma	 espécie	de	
peneira,	permitindo	a	passagem	de	constituintes	sólidos	de	baixo	peso	
molecular	e	água.	
b)	(			)	 A	etapa	de	reabsorção	ocorre	no	túbulo	contorcido	proximal,	onde	são	
reabsorvidas	grandes	quantidades	de	proteínas.
c)	(			)	 A	 reabsorção	permite	que	substâncias	 sólidas	que	não	conseguiram	
atravessar	pelo	glomérulo,	sejam	excretadas	nos	túbulos	renais.	
d)	(			)	 Os	 processos	 de	 excreção	 favorecem	 a	 retirada	 de	 substâncias	
dos	 túbulos	 renais	 para	 a	 corrente	 sanguínea,	 permitindo	 que	 as	
substâncias	sejam	armazenadas	no	organismo.
4	 A	coleta	de	urina	em	tempo	marcado	é	muito	utilizada	para	determinação	
de	algumas	substâncias,	cuja	excreção	pode	variar	no	decorrer	de	24	horas.	
Disserte	sobre	a	metodologia	utilizada	para	essa	coleta.
5	 A	fase	pré-analítica	compreende	todos	os	processos	que	antecedem	a	análise	
laboratorial. Disserte sobre os principais erros pré-analíticos, relatando os 
cuidados necessários para evitá-los.
18
19
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
1 INTRODUÇÃO
A análise de urina, também denominada como urinálise, é considerada 
um	parâmetro	de	baixo	custo,	não	invasivo	e	relativamente	simples,	permitindo	
a	 obtenção	 de	 informações	 do	 sistema	 genito-urinário	 e	 demais	 sistemas	 do	
organismo.	 Isso	 é	 possível,	 devido	 às	 diversas	 funções	 dos	 rins	 em	 secretar	
substâncias	e	manter	a	homeostasia	intrínseca.	Dessa	forma,	quaisquer	alterações	
podem ser detectadas por meio de uma análise simples da urina. Está análise se 
inicia	após	a	coleta	da	amostra,	que	chega	ao	laboratório	para	a	etapa	analítica,	ou	
seja,	etapa	em	que	ocorrem	as	avaliações	da	urina	como	um	todo	(ALVES,	2011;	
DALMOLIN,	2011;	NETO,	2017).
A	fase	analítica	compreende	todo	o	processo	de	avaliação	física	e	química	
da	amostra,	assim	como	identificação	de	componentes	microscópicos,	que	serão	
discutidos	no	tópico	a	seguir.	Essas	análises	são	de	modo	geral	subjetivas,	uma	
vez	que	o	profissional	 responsável	 irá	 identificar	 visualmente	 aspectos	 físicos,	
como	cor,	turbidez,	densidade	e	volume;	ou	ainda	químicos,	como	bilirrubinas,	
urobilinogênio,	 hemácias,	 leucócitos,	 proteínas,	 glicose,	 e	 corpos	 cetônicos,	
através	das	tiras	reagentes	(ALVES,	2011;	XAVIER;	DORA;	BARROS,	2016).	
É	 importante	 que	 a	 análise	 seja	 cautelosa,	 uma	 vez	 que	 se	 passar	
despercebida,	pode	prejudicar	o	diagnóstico	do	paciente.
A análise de urina é realizada somente após a cultura da urina, a fim de evitar 
contaminações durante a manipulação da amostra. Uma sugestão de leitura sobre o tema 
está disponível em: http://www.rbac.org.br/artigos/diagnostico-laboratorial-das-infeccoes-
urinarias-relacao-entre-urocultura-e-o-eas/.
IMPORTANT
E
http://www.rbac.org.br/artigos/diagnostico-laboratorial-das-infeccoes-urinarias-relacao-entre-urocultura-e-o-eas/
http://www.rbac.org.br/artigos/diagnostico-laboratorial-das-infeccoes-urinarias-relacao-entre-urocultura-e-o-eas/
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UNIDADE 1 — URINÁLISE
2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA URINA 
A	 avaliação	 das	 características	 físicas	 da	 urina	 corresponde	 a	 aspectos	
básicos	e,	que	normalmente,	são	avaliados	de	modo	subjetivo,	como	cor,	aspecto/
turbidez,	densidade	e	volume.	Assim,	precisamos	olhar	cada	amostra	e	identificar	
se	há	ou	não	alteração	nesses	parâmetros,	não	necessitando	de	qualquer	outra	
análise	mais	aprofundada.	Uma	exceção	tem	sido	a	avaliação	da	densidade,	que	
pode	ser	feita	através	da	análise	da	tira	reativa,	em	conjunto	com	os	demais	testes	
bioquímicos.	A	seguir,	veremos	um	pouco	mais	sobre	a	importância	da	análise	
física	da	urina.
2.1 COR 
Uma	amostra	de	urina	pode	chegar	ao	laboratório	com	cores	distintas	do	
amarelo, como verde, azul, marrom, vermelha, rosa ou laranja. Cada uma dessas 
colorações	é	determinada	por	pigmentos	endógenos	ou	exógenos,	que	modificam	
a	 coloração	 da	 urina.	 A	 alteração	 da	 cor	 urinária	 pode	 indicar	 modulações	
fisiológicas,	que	resultam	na	 liberação	de	pigmentos	endógenos,	ou	somente	o	
resultado	de	pigmentos	 exógenos,	 oriundos	da	dieta	 alimentar.	Apesar	de	 ser	
um	 indicativo	 de	 que	 determinada	 condição	 esteja	 acometendo	 o	 paciente,	 a	
coloração	da	urina	deve	ser	avaliada	em	associação	aos	demais	dados	da	urinálise	
e	ao	quadro	clínico	do	paciente,	a	fim	de	identificar	possíveis	quadros	fisiológicos	
ou	patológicos	(DALMOLIN,	2011;	RAMIREZ,	2021).	
A	coloração	considerada	normal	da	urina	varia	de	transparente	a	amarela.	
Algumas	 condições	 podem	 aumentar	 a	 concentração	 urinária,	 resultando	 em	
uma	coloração	amarela	mais	escura,	enquanto	urinas	mais	diluídas	apresentam	
colorações	amareladas	mais	claras	(NETO,	2017;	RAVEL,	1997;	RAMIREZ,	2021).	
A	Figura	10	demonstra	as	diferentes	colorações	de	uma	amostra	de	urina.	
FIGURA 10 – DIFERENTES COLORAÇÕES DA URINA
FONTE: Os autores
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
21
2.1.1 Urina amarelo escuro, amarelo claro e transparente
A	urina	considerada	normal,	ou	seja,	aquela	com	a	quantidade	adequadade	 água	 e	 substâncias	 sólidas,	 deve	 estar	 entre	 os	 tons	 de	 amarelo-claro	 e	
transparente.	Essa	coloração	se	deve	à	excreção	do	urocromo,	que,	quanto	mais	
diluído,	menor	o	seu	grau	de	coloração.	Pacientes	que	consumem	uma	quantidade	
grande	de	água	diariamente	costumam	produzir	uma	quantidade	maior	de	urina.	
Além	disso,	essa	urina	estará	com	uma	quantidade	de	água	superior	à	quantidade	
de	solutos,	podendo	chegar	a	ser	transparente,	dependo	do	grau	de	hidratação	
do paciente. Quando a urina está com o tom amarelo-escuro, provavelmente está 
mais	 concentrada,	 indicando	 que	 o	 paciente	 consume	uma	quantidade	menor	
de	água	do	que	o	normal,	podendo	ficar	desidratado.	No	entanto,	a	coloração	
escura	ainda	é	um	parâmetro	dentro	da	normalidade,	uma	vez	que	o	consumo	de	
água	varia	de	uma	pessoa	para	outra	(NETO,	2017;	RABINOVITCH	et al.,	2009;	
RAVEL,	1997;	RAMIREZ,	2021).	
2.1.2 Urina laranja, âmbar e mel
A	coloração	alaranjada	ou	até	mesmo	âmbar/mel	da	urina	pode	indicar	a	
excreção	de	pigmentos	exógenos,	adquiridos	através	da	dieta.	Contudo,	de	modo	
geral,	 é	 indicativa	 de	 desidratação	 do	 paciente.	Quanto	menor	 o	 consumo	 de	
água,	mais	concentrada	será	a	urina,	permitindo	que	pigmentos	como	bilirrubinas	
se	tornem	mais	presentes	e	modifiquem	a	coloração	da	urina.	Além	disso,	essa	
coloração	 pode	 indicar	 problemas	 hepáticos	 ou	 na	 vesícula	 biliar,	 através	 do	
aumento	de	bilirrubinas	no	sangue	do	paciente,	que,	consequentemente,	 serão	
mais	excretadas	na	urina	(NETO,	2017;	RABINOVITCH	et al.,	2009;	RAVEL,	1997;	
RAMIREZ,	2021).
2.1.3 Urina verde/azul 
A	 urina	 de	 coloração	 esverdeada	 ou	 azulada	 indica	 o	 consumo	 de	
pigmentos	exógenos,	que	podem	chegar	ao	organismo	pelo	uso	de	medicações	
ou	pela	dieta.	Os	medicamentos	que	mais	causam	alteração	da	cor	da	urina	para	
o	 verde	 são	 a	 amitriptilina,	 propofol,	 nitazoxanida,	 Sepurin® (metenamina e 
metiltionínio)	e	indometacina,	enquanto	para	a	coloração	azulada	são	triantereno,	
amitriptilina,	 indometacina	 e	 viagra.	 Quanto	 à	 dieta,	 o	 consumo	 de	 aspargos	
pode	resultar	na	alteração	de	cor	para	o	verde,	assim	como	de	alimentos	ricos	
em	corantes	verdes/azulados	(NETO,	2011;	RABINOVITCH	et al.,	2009;	RAVEL,	
1997;	RAMIREZ,	2021).	
Apesar	disso,	pode	ser	 indicativo	de	quadros	de	infecção	urinária,	pois	
uma bactéria denominada como Pseudomonas aeruginosa é muito conhecida 
pela	liberação	de	pigmentos	esverdeados	ou	azulados,	que	podem	sair	na	urina	
(RABINOVITCH	et al.,	2009;	RAVEL,	1997).	
22
UNIDADE 1 — URINÁLISE
2.1.4 Urina rosa, vermelha, marrom ou preta
A	 coloração	 avermelhada	 ou	 rosada	da	urina	 é	 um	 forte	 indicativo	de	
hemácias	ou	hemoglobina	na	amostra,	condição	conhecida	como	hematúria	ou	
hemoglobinúria.	A	 urina	 vermelha	 e	 com	 aspecto	 turvo	 indica	 a	 presença	 de	
hemácias	(hematúria)	íntegras	na	urina,	dando	o	aspecto	turvo	devido	à	membrana	
celular,	enquanto	a	urina	vermelha	límpida	indica	a	presença	de	hemoglobina	ou	
mioglobina.	Isso	acontece	em	quadros	que	ocorre	sangramento	nas	vias	urinárias,	
como	 em	 doenças	 renais	 e	 na	 próstata,	 ou	 processos	 infecciosos	 e	 tumores.	
Contudo,	a	coloração	também	pode	ser	influenciada	pela	dieta,	pelo	consumo	de	
beterraba	e	amoras,	ou	pelo	uso	de	medicamentos,	como	a	rifampicina	e	vitamina	
B	 (LOPES et al.,	 2018;	MAYO,	 c1998-2021;	NETO,	 2011;	 RABINOVITCH	 et al., 
2009;	RAVEL,	1997;	RAMIREZ,	2021).
Já	 a	 coloração	mais	 escura	 ou,	 até	mesmo,	 preta	 indica	 a	 presença	 de	
hemoglobina,	 mioglobina	 ou,	 ainda,	 de	 bilirrubina	 na	 amostra,	 conhecidas,	
respectivamente,	 como	 hemoglobinúria,	 mioglobinúria	 e	 bilirrubinúria.	 A	
hemoglobina	 se	 torna	 marrom	 em	 condições	 de	 baixo	 pH,	 similar	 ao	 que	
ocorre	com	o	sangue	no	fim	da	menstruação.	Essas	condições	são	normalmente	
relacionadas	a	problemas	hepáticos	ou	casos	de	desidratação	severa.	Outro	caso	
possível	é	a	presença	de	melanina	na	amostra,	que	também	pode	deixar	a	urina	
escura (LOPES et al.,	2018;	MAYO,	c1998-2021;	NETO,	2011;	RABINOVITCH	et al., 
2009;	RAVEL,	1997;	RAMIREZ,	2021).	
O	 uso	 de	 alguns	 medicamentos	 pode	 resultar	 na	 coloração	 preta	 ou	
marrom	da	urina,	como	metildopa,	metronidazol,	levodopa	e	cloroquina.
Urina roxa
Apesar de ser pouco comum, pode ocorrer em pacientes com infecções do trato urinário, 
principalmente de pacientes que usam cateter vesical em hospitais. As bactérias que são 
envolvidas nesse processo são Providencia stuartii, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas 
aeruginosa, Escherichia coli ou Enterococcus, pois metabolizam o triptofano, resultando 
em pigmentos vermelhos e azuis, que, ao se misturarem, podem ficar roxos. Isso está 
associado à modificação do pH da urina e à insuficiência renal. 
Para saber mais sobre o assunto, sugerimos a seguinte leitura: https://bit.ly/3mtek60.
INTERESSA
NTE
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
23
2.2 VOLUME
A	avaliação	do	volume	 tem	deixado	de	ser	 relevante	na	urinálise,	uma	
vez	que	usamos	um	valor	padronizado	para	análise	de	10	mL	e	não	conseguimos	
predizer,	com	uma	única	amostra,	se	o	volume	excretado	resulta	de	um	aumento	
do	volume	urinário.	Contudo,	a	alteração	no	volume	urinário	pode	ser	descrita	
pelo paciente durante a anamnese e traz indícios essenciais para complementar a 
urinálise do paciente.
 
De	modo	geral,	o	volume	da	urina	indica	a	quantidade	de	água	excretada	
pelos	rins	e	determina	o	estado	de	hidratação	do	corpo,	assim	como	a	ingestão	de	
fluidos,	perda	de	fluidos	por	fontes	não	renais,	variação	na	secreção	do	hormônio	
antidiurético	ou,	ainda,	a	necessidade	de	excretar	grandes	quantidade	de	solutos,	
como	glicose	e	sais.	Essa	avaliação	é	mais	bem	observada	na	urina	de	24	horas,	em	
que	o	volume	pode	ser	entre	800	e	1.500	mL/dia	(STRASINGER;	DI	LORENZO,	
2009;	XAVIER;	DORA;	BARROS,	2016).	
O	Quadro	2	indica	a	denominação	para	as	variações	no	volume	urinário,	
bem como as principais causas envolvidas. 
QUADRO 2 – VARIAÇÕES NO VOLUME URINÁRIO
DENOMINAÇÃO ALTERAÇÃO DO VOLUME URINÁRIO CAUSAS
Oligúria Redução	do	volume	urinário
Desidratação	pela	perda	de	água,	seja	
por	 vômitos,	 diarreia,	 transpiração,	
queimaduras	grades.
Anúria Cessação	do	fluxo	urinário 
Resultado	da	oligúria,	ou	lesão	renal	
grave,	assim	como	redução	do	fluxo	
sanguíneo	para	os	rins.
Nictúria Aumento	na	excreção	noturna da urina
Volume diurno é 2 a 3 vezes maior 
que	o	noturno.
Poliúria Aumento do volume urinário diário
Diabetes melito, uso de diurético, 
cafeína	ou	álcool.	
FONTE: Os autores
24
UNIDADE 1 — URINÁLISE
2.3 DENSIDADE 
A	 densidade	 da	 urina	 permite	 verificar	 qual	 a	 concentração	 da	 urina,	
ou	seja,	 reflete	se	o	 rim	é	capaz	de	concentrar	ou	de	diluir	a	urina,	não	sendo	
influenciada	pelo	tempo	de	armazenamento	da	amostra.	Ela	é	definida	como	a	
relação	entre	a	massa	de	um	volume	líquido	e	a	massa	de	um	mesmo	volume	
de	 água	destilada,	 sendo	muito	utilizada	na	prática	 clínica	 (STRASINGER;	DI	
LORENZO,	2009).	
Existem	 dois	métodos	 para	 avaliação	 desse	 parâmetro:	 a	 refratometria	
e	a	medida	em	tira	reagente.	Como	a	tira	reagente	é	amplamente	utilizada	em	
laboratórios	 clínicos,	 dificilmente	 utilizamos	 a	 metodologia	 de	 refratometria	
(também	 conhecida	 como	 urodensímetro),	 pois,	 embora	 seja	 de	 uso	 simples,	
dificultaria	a	rotina	do	laboratório	clínico.	
A	 Figura	 11	 ilustra	 o	 refratômetro.	 Para	 utilizá-lo,	 deve-se	 levantar	 a	
tampa	de	acrílico,	pingar	uma	gota	da	urina	no	visor,	fechar	a	tampa	de	acrílico	
e	apontar	o	 refratômetro	para	uma	 luz.	Em	seguida,	 irá	aparecer	uma	divisão	
escuro/claro,	com	a	medida	da	densidade	da	urina.	
FIGURA 11 – REFRATÔMETRO
FONTE: Os autores
Para	a	avaliação	através	da	tira	reagente,	basta	verificar	o	tom	de	cor	da	
almofada	 respectiva	 (Figura	 13),	 a	 densidade	 e	 indicar	 a	 densidade	 da	 urina	
do	paciente.	O	princípio	do	teste	é	relativo	à	concentração	iônica	e	se	baseia	na	
alteração	 aparente	 do	 pKa,	 cuja	 coloração	 pode	 variarentre	 o	 verde	 azulado-
escuro	ao	verde	amarelado.	É	preciso	ter	cautela	durante	a	avaliação,	pois,	caso	
a	glicose	 e	proteína	do	paciente	 estejam	alterados,	pode	ocorrer	uma	variação	
na	cor	da	densidade,	conduzindo	a	interpretação	errônea	de	que	o	paciente	está	
com	a	densidade	aumentada.	Ela	deve	estar	entre	1005	e	1035,	ou	seja,	quanto	
menor	a	densidade,	mais	diluída	será	a	urina	e,	quanto	maior	a	densidade,	mais	
concentrada;	 portanto,	 ela	 varia	 de	 acordo	 com	 a	 hidratação	 do	 paciente	 e	 o	
consumo	de	líquidos	(BIOTÉCNICA,	2019).	
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
25
Assim	como	a	avaliação	dos	parâmetros	que	correspondem	à	urinálise,	
a densidade precisa ser considerada em conjunto com as demais análises e com 
a	clínica	do	paciente,	porque	uma	diminuição	na	densidade	pode	indicar	tanto	
poliúria	 (aumento	 do	 volume	 urinário)	 e	 polidipsia	 (aumento	 na	 ingestão	 de	
líquidos)	quanto	falência	renal	primária,	já	que	uma	lesão	nos	túbulos	renais	pode	
conduzir	para	uma	dificuldade	renal	em	concentrar	a	urina.	Portanto,	ao	avaliar	
o	grau	de	hidratação	do	paciente,	é	possível	verificar	se	a	urina	concentrada	é	
resultado	 de	 um	paciente	 desidratado,	 eliminando	 falha	 renal	 como	 causa	 da	
desidratação	(GRAFF,	1983;	RABINOVITCH	et al.,	2009).	
A relação entre volume e densidade é inversa: quanto menos a quantidade 
água na urina, maior a densidade.
DICAS
2.4 ASPECTO 
O	aspecto	da	urina	pode	ser	associado	a	avaliação	da	cor,	uma	vez	que	
é	um	parâmetro	subjetivo,	avaliado	a	olho	nu.	Sua	avaliação	deve	ser	realizada	
rapidamente,	 logo	 após	 a	 coleta	 de	 preferência,	 pois	 o	 armazenamento	 pode	
facilitar	a	precipitação	de	cristais,	principalmente	se	não	for	feito	do	modo	correto	
ou	 com	 tempo	 superior	 a	 2	 horas	 (GRAFF,	 1983;	 RABINOVITCH	 et al.,	 2009;	
STRASINGER;	DI	LORENZO,	2009).
Como	 o	 paciente	 realiza	 a	 coleta	 à	 domicílio	 na	 maioria	 das	 vezes,	 é	
possível	implementar	a	análise	do	aspecto	logo	que	a	urina	chegar	ao	laboratório,	
para	evitar	que	esse	parâmetro	se	altere	devido	ao	prazo	para	análise.	
Com	a	avaliação	do	aspecto,	deve-se	verificar	 a	 turbidez	da	urina,	que	
pode	ser	influenciada	pela	concentração	da	urina.	Quanto	mais	concentrada	uma	
urina,	mais	turva	ela	será	e,	quanto	menos	concentrada,	mais	límpida.	A	sua	des-
crição	segue	exatamente	esse	princípio,	sendo	que	a	urina	pode	apresentar	aspec-
to	turvo,	levemente	turvo	ou	límpido	(Figura	12)	(GRAFF,	1983;	RABINOVITCH	
et al.,	2009;	STRASINGER;	DI	LORENZO,	2009).
A	 presença	 de	 fatores	 celulares,	 como	 leucócitos,	 hemácias,	 cristais,	
cilindros,	 bactérias	 ou,	 ainda,	muco,	 leveduras,	material	 fecal	 e	 lipídeos,	 pode	
deixar	 a	 amostra	 mais	 turva.	 Contudo,	 só	 é	 possível	 identificar	 a	 causa	 de	
uma	 variação	 do	 aspecto	 na	 avaliação	 do	 sedimento	 urinário	 (GRAFF,	 1983;	
RABINOVITCH	et al.,	2009;	STRASINGER;	DI	LORENZO,	2009).	
26
UNIDADE 1 — URINÁLISE
FIGURA 12 – ASPECTOS DA AMOSTRA DE URINA
FONTE: <https://bit.ly/38efEBy>. Acesso em: 23 mar. 2021.
A amostra de urina pode aparecer com espuma, que, normalmente, está 
relacionada com a quantidade de proteína na amostra. Para entender mais sobre o assunto, 
sugerimos como leitura o seguinte texto da Associação Nacional de Atenção ao Diabetes: 
https://www.anad.org.br/por-que-minha-urina-e-espumosa/.
INTERESSA
NTE
2.5 ODOR 
O	odor	da	urina	não	é	usualmente	utilizado	como	parâmetro	avaliativo	
em	laboratórios	clínicos,	mas	é	perceptível	e	pode	indicar	alguns	fatores	anormais	
da amostra. Contudo, assim como os demais parâmetros, precisa ser avaliado 
em	 conjunto	 com	 outros	 dados	 (GRAFF,	 1983;	 RABINOVITCH	 et al.,	 2009;	
STRASINGER;	DI	LORENZO,	2009).	
A urina recém-coletada possui aroma de sui generis	 (único	 do	 seu	
gênero),	mas	não	é	desagradável.	No	entanto,	o	odor	pode	mudar	de	acordo	com	
a	alimentação	do	paciente,	 como	a	 ingestão	de	alho	e	aspargos,	ou	ainda	pela	
presença	de	infecções	ou	outras	doenças.	O	odor	fétido	pode	indicar	presença	de	
infecções,	enquanto	o	odor	frutal	pode	indicar	paciente	diabético,	com	aumento	
de	corpos	cetônicos	(GRAFF,	1983;	RABINOVITCH	et al.,	2009;	STRASINGER;	DI	
LORENZO,	2009).	
https://www.anad.org.br/por-que-minha-urina-e-espumosa/
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
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3 AVALIAÇÃO QUÍMICA DA URINA 
A	avaliação	química,	também	denominada	como	bioquímica	da	urina,	é	
realizada	através	das	tiras	reagentes.	Esse	método	é	qualitativo	ou	semiquantitativo	
e	permite	monitorar	aspectos	bioquímicos	da	urina,	como	a	presença	de	hemácias,	
leucócitos,	nitrito,	urobilinogênio,	bilirrubinas,	proteínas,	além	de	avaliar	o	pH	
e	 a	 densidade	 urinária	 (discutida	 na	 avaliação	 física	 da	 urina)	 (GRAFF,	 1983;	
RABINOVITCH	et al.,	2009;	STRASINGER;	DI	LORENZO,	2009).	
No	entanto,	antes	de	desvendar	o	significado	de	cada	parâmetro,	é	preciso	
entender	como	obtemos	esses	resultados	–	processo	que	pode	ser	observado	na	
Figura	13.	Sua	metodologia	é	simples	e	rápida.	 Inicialmente,	homogeneizamos	
a	 amostra	 de	 urina,	 retiramos	 as	 tiras	 reativas	 do	 tubo	 e	 fechamos	 o	 tubo	
imediatamente.	Só	então,	as	tiras	são	imersas	na	urina	por	cerca	de	2	segundos.	
É	 importante	 lembrar	que	 todas	as	almofadas	devem	entrar	em	contato	com	a	
urina.	O	excesso	de	urina	deve	 ser	 retirado,	 acomodando	a	 tira	 sob	um	papel	
toalha,	 para	 evitar	 que	 ocorra	 mistura	 de	 reagentes	 químicos	 das	 áreas	 da	
reação.	Posteriormente,	a	leitura	do	resultado	pode	ser	manual	ou	automatizada	
(BIOTÉCNICA,	2019).	
A	 leitura	manual	é	acompanhada	com	a	escala	de	cores	das	almofadas	
correspondentes	 no	 rótulo	 da	 embalagem	 nos	 tempos	 especificados	 pelo	
fabricante,	 indicando	 a	 presença	 ou	 a	 ausência	 de	 cada	 um	 dos	 parâmetros	
avaliados	e	ainda	a	quantidade	dos	parâmetros.	É	importante	enfatizar	que	não	
podemos	 tocar	nas	 tiras	 reativas	para	 evitar	 contaminações	 e	 erros	de	 leituras	
(BIOTÉCNICA,	2019).	
FIGURA 13 – TÉCNICA MANUAL PARA LEITURA DA TIRA REAGENTE
FONTE: Os autores
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UNIDADE 1 — URINÁLISE
A	leitura	automatizada	das	tiras	reagentes	é	realizada	por	instrumentos	
que	identificam	a	coloração	de	cada	almofada	que	compõe	a	tira.	De	modo	similar	
à	leitura	manual,	a	tira	é	inserida	pelo	técnico	na	urina,	mas,	em	seguida,	é	inserida	
no	equipamento.	Após	a	leitura,	o	equipamento	emite	o	resultado,	que	pode	ser	
observado	em	um	painel	digital	ou	ainda	impresso.	A	automatização	da	leitura	
de	 tiras	reagentes,	além	de	diminuir	o	 tempo	da	avaliação,	minimiza	a	chance	
de	 erros	ou	diferenças	de	 intepretação	 entre	diferentes	profissionais,	devido	 à	
interpretação	das	cores,	sendo	muito	utilizada	em	laboratórios	de	grande	porte.	
A	Figura	14	ilustra	um	equipamento	que	realiza	esse	tipo	de	leitura.
Para	 desvendar	 cada	 uma	 das	 leituras	 realizadas	 pela	 tira	 reagente,	 a	
seguir,	serão	apresentadas	informações	muito	importantes	sobre	cada	parâmetro	
avaliado	na	análise	química	da	urina.
FIGURA 14 – LEITOR AUTOMÁTICO DE TIRA REAGENTE
FONTE: <http://www.kovalent.com.br/equipamento/uriscan-pro/>. Acesso em: 26 mar. 2021.
3.1 PH URINÁRIO 
O	pH	urinário	não	é	proporcional	ao	pH	sanguíneo	(7,35	a	7,45),	sendo	
relativamente	ácido	no	período	da	manhã,	estando	entre	5,0	e	6,0.	No	decorrer	
do	dia,	esse	pH	pode	variar	entre	4,5	e	8,5,	podendo	ser	diretamente	influenciado	
por	equilíbrio	acidobásico	do	sangue,	função	renal,	dieta	ou	uso	de	medicamen-
tos,	presença	de	 infecção	bacteriana	ou,	ainda,	pelo	tempo	de	coleta	e	armaze-
namento	da	urina	(GRAFF,	1983;	RABINOVITCH	et al.,	2009;	STRASINGER;	DI	
LORENZO,	2009).
Todavia,	 o	 ponto	mais	 importante	 para	 o	 pH	urinário	 se	 deve	 ao	 fato	
dos	 rins,	 em	 conjunto	 com	 os	 pulmões,	 serem	 responsáveis	 pela	manutenção	
do	equilíbrio	acidobásico	do	sangue,	pois	promovem	a	excreção	de	substâncias	
ácidas	e	básicas.	A	excreção	de	hidrogênio,	por	exemplo,	ocorre	através	na	forma	
de	íons	amônio,	fosfato	de	hidrogênio	e	ácidos	orgânicos	fracos;

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