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0 0 - Neurociência

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1 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
1 O QUE É NEUROCIÊNCIA? ....................................................................... 4 
1.1 Uma ciência multidisciplinar ................................................................. 5 
1.2 A evolução da neurociência ................................................................. 6 
2 NEUROCIÊNCIA, UMA FORMA DE ENTENDER O COMPORTAMENTO 
DA MENTE .................................................................................................................. 7 
2.1 O início da neurociência ....................................................................... 8 
2.2 A neurociência cognitiva ....................................................................... 9 
2.3 Cérebro e emoções ............................................................................ 10 
2.4 Memória, o depósito do nosso cérebro .............................................. 11 
2.5 Linguagem e fala ................................................................................ 12 
2.6 Grandes descobertas em neurociência .............................................. 13 
2.7 O futuro da neurociência: “Human brain project” ................................ 15 
3 A NEUROCIÊNCIA ENCONTRA VIGOTSKI ............................................ 16 
3.1 Sincronização cerebral ....................................................................... 18 
3.2 Zona de desenvolvimento iminente .................................................... 22 
3.3 Possíveis aproximações ..................................................................... 25 
4 A NEUROCIÊNCIA PODE EXPLICAR O COMPORTAMENTO HUMANO?
 26 
5 COMO FOI A EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA? ................................... 30 
5.1 O que é a neurociência comportamental? .......................................... 32 
6 QUAL É A RELAÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO COM A 
NEUROCIÊNCIA? ..................................................................................................... 32 
6.1 Qual é a relação da neurociência com o aprendizado? ..................... 33 
6.1 Qual é a relação da neurociência com o mundo corporativo? ............ 34 
7 NEUROCIÊNCIA NOS PROGRAMAS DE T&D ....................................... 35 
7.1 Neurociência aplicada ao T&D ........................................................... 36 
 
3 
7.2 É essencial educar os líderes sobre a importância de construir relações 
positivas e de confiança com os liderados............................................................. 37 
7.3 Líder do futuro executivo e neurociência ............................................ 37 
7.4 Comprovando resultados em números............................................... 39 
8 5 DESCOBERTAS DA NEUROCIÊNCIA QUE PODEM MULTIPLICAR SUA 
PRODUTIVIDADE ..................................................................................................... 41 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46 
 
 
 
4 
1 O QUE É NEUROCIÊNCIA? 
 
Fonte: www.revistadigital.com.br 
Neurociência é a área que se ocupa em estudar o sistema nervoso, visando 
desvendar seu funcionamento, estrutura, desenvolvimento e eventuais alterações que 
sofra. Portanto, o objeto de estudo dessa ciência é complexo, sendo constituído por 
três elementos: o cérebro, a medula espinhal e os nervos periféricos. Ele é 
responsável por coordenar todas as atividades do nosso corpo, e é de extrema 
importância para o seu funcionamento como um todo, tanto nas atividades voluntárias, 
quanto nas involuntárias. 
Os estudos da neurociência estão divididos em campos específicos que 
exploram as áreas do sistema nervoso. São elas: 
 
Neurofisiologia: investiga as tarefas que cabem às diversas áreas do sistema 
nervoso. 
 
Neuroanatomia: dedica-se a compreender a estrutura do sistema nervoso, 
dividindo cérebro, a coluna vertebral e os nervos periféricos externos em partes para 
nomeá-las e compreender as suas funções. 
 
5 
Neuropsicologia: foca na interação entre os trabalhos dos nervos e as 
funções psíquicas. 
 
Neurociência comportamental: ligada à psicologia comportamental, é a área 
que estuda o contato do organismo e os seus fatores internos, como pensamentos e 
emoções, ao meio e aos comportamentos visíveis, como fala, gestos e outros. 
 
Neurociência cognitiva: estudo voltado à capacidade cognitiva, em que 
estão inclusos comportamentos ainda mais complexos, como memória e aprendizado. 
 Uma ciência multidisciplinar 
Nessa perspectiva, existem diversas neurociências, dependendo da condução 
e objetivo que motivam o estudo do sistema nervoso. Mas em todas essas áreas, o 
cérebro é considerado em uma perspectiva unitária, já que todos os processos 
mentais têm influências físicas e as questões físicas alteram o indivíduo a nível 
emocional. 
Além disso, as pesquisas realizadas no ramo exploram mais de uma área do 
conhecimento. Por esse motivo, essa ciência é considerada multidisciplinar, reunindo 
diversas especialidades, como bioquímica, biomedicina, fisiologia, farmacologia, 
estatística, física, engenharia, economia, linguística, entre outras que objetivam 
investigar o comportamento, os mecanismos de aprendizado e a aquisição de 
conhecimento humano. 
São várias as finalidades das pesquisas na área da neurociência. Entre elas, 
destaque para o entendimento de como nossas vivências são capazes de alterar o 
cérebro e como interferem no seu desenvolvimento. Dessa forma, essa disciplina 
abrange a inteligência, o raciocínio, a capacidade de sentir, de sonhar, de comandar 
o corpo, tomar decisões, fazer movimentos, entre outros. 
Alguns setores específicos também se utilizam da neurociência, como é o caso 
dos profissionais em engenharia médica, no desenvolvimento de equipamentos e 
soluções a portadores de necessidades especiais. Da mesma forma, podemos citar 
profissionais da informática que desenvolvem softwares, para viabilizar as atividades 
de pessoas com algum tipo de limitação intelectual ou física. 
http://www.ibccoaching.com.br/portal/voce-sabe-o-que-e-psique/
http://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/o-que-e-psicologia-cognitiva/
 
6 
Para compreender esse complexo mecanismo, os cientistas consideram a 
forma como funcionam os processos a nível cognitivo, principalmente no que se refere 
à decodificação e transmissão de informação realizadas pelos neurônios, bem como 
suas respectivas funções e comportamentos. 
 A evolução da neurociência 
 
Fonte: passadori.com.br 
Estudar o sistema nervoso pode parecer relativamente fácil, mas não é. 
O entendimento sobre o funcionamento dos mecanismos de regulação desse 
órgão tem sido um dos maiores desafios da humanidade desde a Antiguidade. 
O termo Neurociência surgiu recentemente, em 1970, mas os estudos do 
cérebro humano são de muitos anos atrás, datam desde a filosofia grega, antes de 
Cristo. Isso se deve ao fato de que esse é o órgão mais complexo do corpo humano, 
constituído por milhares de células. 
Os filósofos da Grécia desenvolveram teorias sobre o cérebro através de 
simples observações, já os romanos iniciaram seus estudos dissecando animais. No 
século XVIII, levado pelo Iluminismo, surgiram os estudos mais aprofundados do 
sistema nervoso. 
 
7 
A teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente 
para o entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o surgimento de 
tecnologias como o Raio X e a tomografia computadorizada que otimizaram as 
pesquisas na área e inauguraram efetivamente a Neurociência. 
Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa 
disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu principal 
objetivo é compreender e imitar o funcionamento do sistema nervoso para o 
desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos campos.1 
2 NEUROCIÊNCIA, UMA FORMA DE ENTENDER O COMPORTAMENTODA 
MENTE 
A neurociência tradicionalmente tem como objetivo entender o funcionamento 
do sistema nervoso. Tanto em nível funcional como estrutural, essa disciplina tenta 
saber como o cérebro se organiza. Nos últimos anos ela foi mais além, querendo não 
apenas saber como funciona o cérebro, mas também a repercussão que esse 
funcionamento tem sobre nossos comportamentos, nossos pensamentos e nossas 
emoções. 
O objetivo de relacionar o cérebro com a mente é tarefa da neurociência 
cognitiva. É uma mistura entre a neurociência e a psicologia cognitiva. Essa última 
preocupa-se com o conhecimento de funções superiores como a memória, a 
linguagem ou a atenção. Assim, o objetivo principal da neurociência cognitiva é 
relacionar o funcionamento do cérebro com as nossas capacidades cognitivas e 
nossos comportamentos. 
O desenvolvimento de novas técnicas tem sido de grande ajuda dentro desse 
campo para tornar possível a realização de estudos experimentais. 
Os estudos de neuroimagem têm facilitado a tarefa de relacionar estruturas 
concretas com diferentes funções, utilizando uma ferramenta muito útil para esse 
propósito: a ressonância magnética funcional. Além disso, também foram 
desenvolvidas ferramentas como a estimulação magnética transcraniana não invasiva 
para o tratamento de diversas patologias. 
 
1 Texto extraído do link: https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/o-que-e-
neurociencia/ 
 
8 
 O início da neurociência 
 
Fonte: blog.admatic.com.br 
Não se pode falar sobre o início da neurociência sem citar Santiago Ramón y 
Cajal, que formulou a doutrina do neurônio. Suas contribuições aos problemas de 
desenvolvimento, à degeneração e à regeneração do sistema nervoso continuam 
sendo atuais e continuam sendo ensinadas em universidades. Se tivéssemos que 
determinar uma data de início para a neurociência, ela seria situada no século XIX. 
Com o desenvolvimento do microscópio e de técnicas experimentais, como a 
fixação e a coloração de tecidos ou a pesquisa sobre a estrutura do sistema nervoso 
e sua funcionalidade, essa disciplina começou a se desenvolver. Mas a neurociência 
recebeu contribuições de diversas áreas do conhecimento que têm ajudado a 
compreender melhor o funcionamento do cérebro. É possível dizer que os sucessivos 
descobrimentos em neurociência são multidisciplinares. 
Ela recebeu grandes contribuições ao longo da história da anatomia, que se 
encarrega de localizar cada uma das partes do organismo. A fisiologia mais focada 
em entender como nosso corpo funciona. A farmacologia com substâncias externas 
ao nosso organismo, observando os efeitos no corpo, e a bioquímica, servindo-se de 
substâncias liberadas pelo próprio organismo como neurotransmissores. 
https://amenteemaravilhosa.com.br/oxitocina-hormonio-amor-felicidade/
 
9 
A psicologia também realizou importantes contribuições para a neurociência, 
por meio de teorias sobre o comportamento e o pensamento. Ao longo dos anos, a 
visão foi mudando a partir de uma perspectiva mais localizacionista, na qual se 
pensava que cada área do cérebro tinha uma função concreta, até outra mais 
funcional na qual o objetivo é conhecer o funcionamento global do cérebro. 
 A neurociência cognitiva 
A neurociência abarca um espectro muito amplo dentro da ciência. Inclui desde 
a pesquisa básica até a aplicada que trabalha com a repercussão dos mecanismos 
subjacentes no comportamento. 
Dentro da neurociência, a neurociência cognitiva tenta descobrir como 
funcionam as funções superiores como a linguagem, a memória ou a tomada de 
decisões. 
A neurociência cognitiva tem como objetivo principal estudar as representações 
nervosas dos atos mentais. Ela se concentra nos substratos neuronais dos processos 
mentais. Isto é, qual é a repercussão do que ocorre no nosso cérebro em nosso 
comportamento e nossos pensamentos? Foram detectadas áreas específicas do 
cérebro encarregadas de funções sensoriais ou motoras, mas somente representam 
uma quarta parte do total do córtex. 
São as áreas de associação, que não possuem uma função específica, as 
encarregadas de interpretar, integrar e coordenar as funções sensoriais e motoras. 
Seriam as responsáveis pelas funções mentais superiores. Áreas cerebrais que 
governam as funções como a memória, o pensamento, as emoções, a consciência e 
a personalidade são muito mais difíceis de localizar. 
A memória está vinculada ao hipocampo, situado no centro do encéfalo. Em 
relação às emoções, sabe-se que o sistema límbico controla a sede e a fome 
(hipotálamo), a agressão (amígdala) e as emoções em geral. 
No córtex, onde se integram as capacidades cognitivas, é o lugar em que se 
encontra nossa capacidade de ser conscientes, de estabelecer relações e de realizar 
raciocínios complexos. 
https://amenteemaravilhosa.com.br/melhorar-memoria-capacidade-intelectual/
 
10 
 Cérebro e emoções 
 
Fonte: www.consumidormoderno.com.br 
As emoções são uma das características essenciais da experiência humana 
normal, todos as experimentamos. 
Todas as emoções são expressadas por meio de mudanças motoras viscerais 
e respostas motoras e somáticas estereotipadas, sobretudo o movimento dos 
músculos faciais. 
 Tradicionalmente, as emoções eram atribuídas ao sistema límbico, o que 
continua se mantendo, mas sabe-se que há mais regiões encefálicas envolvidas. 
As outras áreas às quais se estende o processamento das emoções são a 
amígdala e a face orbitária e medial do lóbulo frontal. 
A ação conjunta e complementar de tais regiões constitui um sistema motor 
emocional. 
 As mesmas estruturas que processam os sinais emocionais participam de 
outras tarefas, como a tomada racional de decisões e, inclusive, os julgamentos 
morais. 
https://amenteemaravilhosa.com.br/catarse-emocional-ajudar/
 
11 
Os núcleos viscerais e motores somáticos coordenam a expressão do 
comportamento emocional. 
A emoção e a ativação do sistema nervoso autônomo estão intimamente 
ligadas. 
Sentir qualquer tipo de emoção, como medo ou surpresa, seria impossível sem 
experimentar um aumento na frequência cardíaca, transpiração, tremor… Faz parte 
da riqueza das emoções. 
Atribuir a expressão emocional a estruturas cerebrais confere sua natureza 
inata. 
As emoções são uma ferramenta adaptativa que informa às outras pessoas 
sobre o nosso estado emocional. 
Foi demonstrada a homogeneidade na expressão de alegria, tristeza, ira… em 
diferentes culturas. É uma das maneiras que temos de nos comunicar e criar empatia 
com as pessoas. 
 Memória, o depósito do nosso cérebro 
A memória é um processo psicológico básico que remete à codificação, ao 
armazenamento e à recuperação da informação aprendida. 
A importância da memória em nossa vida cotidiana motivou muitas pesquisas 
sobre esse tema. 
O esquecimento também é o tema central de muitos estudos, já que muitas 
patologias provocam amnésia, o que interfere gravemente no dia a dia. 
O motivo pelo qual a memória configura um tema tão importante é que nela 
reside boa parte da nossa identidade. 
Por outro lado, apesar do esquecimento no sentido patológico nos preocupar, 
a verdade é que nosso cérebro precisa descartar informações inúteis para dar lugar a 
novos aprendizados e acontecimentos significativos. 
Neste sentido, o cérebro é um especialista em reciclar seus recursos. 
As conexões neuronais mudam com o uso ou o desuso destas. 
Quando retemos informações que não são utilizadas, as conexões neuronais 
vão se enfraquecendo até desaparecer. Da mesma forma, quando aprendemos algo 
novo criamos novas conexões. 
https://amenteemaravilhosa.com.br/cerebro-elimina-sobra-nao-faz-falta/
 
12 
Todos aqueles aprendizados que podemos associar a outros conhecimentos 
ou acontecimentos vitais serão mais facilmente lembrados. 
O conhecimento sobre a memória aumentou a causa do estudo de casos de 
pessoascom um tipo de amnésia muito específico. 
Em particular, ajudou a conhecer melhor a memória de curto prazo e a 
consolidação da memória declarativa. 
O famoso caso H.M. reforçou a importância do hipocampo para estabelecer 
novas lembranças. 
Em contrapartida, a lembrança das habilidades motoras é controlada pelo 
cérebro, pelo córtex motor primário e pelos gânglios de base 
 Linguagem e fala 
A linguagem é uma das habilidades que nos diferencia do resto dos animais. A 
capacidade de nos comunicar com tanta precisão e a grande quantidade de nuances 
para expressar pensamentos e sentimentos faz da linguagem nossa ferramenta de 
comunicação mais rica e útil. Essa característica de exclusividade da nossa espécie 
estimulou muitas pesquisas a se concentrarem no seu estudo. 
As conquistas da cultura humana se baseiam, em partes, na linguagem que 
possibilita uma comunicação precisa. A capacidade linguística depende da integração 
de várias áreas específicas dos córtices de associação nos lóbulos temporal e frontal. 
https://amenteemaravilhosa.com.br/5-descobertas-pedagogia-montessori/
 
13 
 
Fonte: Fonte: ericasitta.wordpress.com 
Na maioria das pessoas, as funções primárias da linguagem estão localizadas 
no hemisfério esquerdo. 
O hemisfério direito é responsável pelo conteúdo emocional da linguagem. 
O dano específico de regiões encefálicas pode comprometer funções 
essenciais da linguagem, podendo causar afasias. As afasias podem apresentar 
muitas características diferentes, como, por exemplo, dificuldades na articulação, na 
produção ou na compreensão da linguagem. 
Tanto a linguagem quanto o pensamento não são sustentados por uma única 
área concreta, mas sim pela associação de diferentes estruturas. Nosso cérebro 
trabalha de uma forma tão organizada e complexa que quando pensamos ou falamos, 
ele realiza múltiplas associações entre áreas. Nossos conhecimentos prévios vão 
influenciar os novos, em um sistema de retroalimentação. 
 Grandes descobertas em neurociência 
Descrever todos aqueles estudos de importância na neurociência seria uma 
tarefa complicada e muito extensa. As seguintes descobertas eliminaram algumas 
ideias prévias sobre o funcionamento do nosso cérebro e abriram novas vias de 
https://amenteemaravilhosa.com.br/linguagem-positiva-mais-feliz/
 
14 
pesquisa. Essa é uma seleção de alguns trabalhos experimentais importantes entre 
os milhares de estudos existentes: 
Neurogênese (Eriksson, 1998). Até 1998 acreditava-se que a neurogênese 
ocorria somente durante o desenvolvimento do sistema nervoso e que depois desse 
período os neurônios apenas morreriam e não seriam produzidos novos. Mas, após 
as descobertas de Eriksson, foi possível comprovar que inclusive durante a velhice 
existe a neurogênese. O cérebro é mais plástico e maleável do que se pensava. 
Contato na criação e desenvolvimento cognitivo e emocional (Lupien, 2000). 
Nesse estudo foi demonstrada a importância do contato físico do bebê durante a 
criação. Aquelas crianças que receberam pouco contato físico são mais vulneráveis a 
déficits em funções cognitivas que costumam ser afetadas em períodos de depressão 
ou em situações de grande estresse como a atenção e a memória. 
Descoberta dos neurônios espelho (Rizzolatti, 2004). A habilidade dos recém-
nascidos de imitar gestos motivou o início desse estudo. Foram descobertos os 
neurônios espelho. Esse tipo de neurônio é ativado quando vemos outra pessoa 
realizar alguma tarefa. Eles facilitam não somente a imitação, mas também a empatia 
e, portanto, as relações sociais. 
Reserva cognitiva (Petersen, 2009). A descoberta da reserva cognitiva tem sido 
muito relevante nesses últimos anos. Postula que o cérebro possui a capacidade de 
compensar lesões que sofreu. 
Diferentes fatores como o período de escolarização, o trabalho realizado, os 
hábitos de leitura ou a rede social influenciam. 
Uma grande reserva cognitiva pode compensar os danos ocorridos em doenças 
como o Alzheimer. 
https://amenteemaravilhosa.com.br/conheca-neuronios-espelho/
 
15 
 O futuro da neurociência: “Human brain project” 
 
Fonte: propmark.com.br 
O Human Brain Project é um projeto financiado pela União Europeia que tem o 
objetivo de construir uma infraestrutura baseada nas tecnologias da informação e da 
comunicação (TIC). Essa infraestrutura quer fornecer aos cientistas do mundo todo 
uma base de dados no campo na neurociência. Desenvolve 6 plataformas baseadas 
nas TIC: 
Neuroinformática: fornecerá dados de pesquisas científicas no mundo todo. 
Simulação do cérebro: vai integrar a informação em modelos informáticos 
unificados para realizar testes que não são possíveis de realizar em pessoas. 
Computação de alto rendimento: vai proporcionar a tecnologia da 
supercomputação interativa de que os neurocientistas precisam para a modelagem e 
a simulação de dados. 
Computação neuroinformática: vai transformar os modelos do cérebro em uma 
nova classe de dispositivos “hardware” testando suas aplicações. 
Neuro-robótica: vai permitir aos pesquisadores em neurociência e indústria 
experimentar com robôs virtuais controlados por modelos cerebrais desenvolvidos no 
projeto. 
 
16 
Esse projeto começou em outubro de 2013 e tem duração prevista de 10 anos. 
Os dados coletados nessa enorme base de dados poderão facilitar o trabalho de 
futuras pesquisas. O avanço das novas tecnologias permite aos cientistas ter um 
conhecimento mais aprofundado do cérebro, mesmo que a pesquisa básica ainda 
tenha muitas questões a serem resolvidas nesse apaixonante campo de estudo.2 
3 A NEUROCIÊNCIA ENCONTRA VIGOTSKI 
É primordial buscar correlacionar o que já se sabe há décadas em educação 
com o que todo o aparato teórico-metodológico da neurociência nos permite, 
atualmente, conhecer sobre o funcionamento do cérebro 
Quando o termo “neuroeducação” aparece, seja em revistas, artigos científicos 
ou nas escolas, é bastante comum que esteja associado à ideia de que descobertas 
da neurociência possam contribuir para melhorar a educação. 
É indiscutível que a compreensão dos mecanismos de funcionamento dos 
processos de ensino e aprendizagem, bem como o aperfeiçoamento das estratégias 
utilizadas para a sua condução, seja o grande objetivo da união dessas duas áreas 
do conhecimento. Contudo, acreditar que esse processo seja uma via de mão única, 
que vai da neurociência para a educação, pode ser um grande equívoco tanto em 
termos de produção do conhecimento quanto de uma efetivação concreta dessa 
fusão. Inúmeros pesquisadores em todo o mundo estão se dedicando fortemente aos 
estudos nessa interface, mesmo que estejamos em um estágio bastante inicial dessa 
empreitada. 
Sabemos que ainda estamos bem distantes dos resultados que tanto 
buscamos, e, nesse sentido, é preciso que se entenda a neuroeducação a partir de 
uma visão que, de fato, integre esses dois campos de pesquisa, fugindo de 
simplificações grosseiras ou de ligações totalmente artificiais entre eles. Assim, mais 
do que forçar o uso de resultados neurocientíficos em processos educacionais, 
pensamos que seja primordial buscar correlacionar o que já se sabe há décadas em 
educação com o que todo o aparato teórico-metodológico das neurociências nos 
permite, atualmente, conhecer sobre o funcionamento do cérebro. Isso porque, se a 
 
2 Texto extraído do link: https://amenteemaravilhosa.com.br/neurociencia-comportamento-
mente/ 
https://amenteemaravilhosa.com.br/6-coisas-tecnologia-nos-roubou/
 
17 
premissa que acentua a unidade existente entre essas áreas é verdadeira (que, 
conhecendo melhor os mecanismos cerebrais, seremos capazes de entender melhor 
como ocorrem os processos de ensino e aprendizagem que, ao final, acontecem no 
cérebro), diversos conhecimentos produzidos nesses dois campos de pesquisa 
deverão, em algum momento, convergir. Além disso, qualquer integração, defato, 
entre duas áreas distintas do conhecimento implica o desenvolvimento de ambas, e 
não de uma sempre em detrimento da outra. 
 
 
Fonte: blog.adrianalombardo.com 
Nesse sentido, apresentamos neste texto um exercício teórico na direção 
dessa integração. O objetivo é fomentar o debate acerca da possibilidade de entender 
fenômenos conhecidos nas duas áreas aproximando-os, buscando explicitar 
possíveis relações entre dimensões que, aparentemente, não se relacionam. Nesse 
caso, abordaremos a interação professor-aluno do ponto de vista do sincronismo 
cerebral e das considerações feitas pelo psicólogo Lev Vigotski – uma das principais 
referências teóricas no campo da educação – sobre o conhecido conceito de zona de 
desenvolvimento proximal. 
 
18 
 Sincronização cerebral 
Está cada vez mais claro para a ciência que nosso cérebro evoluiu para as 
interações sociais. Inúmeros estudos com mamíferos, indo dos pequenos ratinhos aos 
grandes gorilas, evidenciam que estamos profundamente afetados por nosso 
ambiente social. Além disso, quanto mais nossa civilização evolui, mais se torna 
importante o papel das interações entre as pessoas, de modo que os laços sociais 
são determinantes para o nosso desenvolvimento integral como ser humano. Assim, 
do ponto de vista científico, nosso bem-estar depende necessariamente de nossas 
conexões com os outros. 
Isso acontece porque nossas ações, sentimentos e pensamentos estão 
intrinsecamente vinculados à linguagem, que nasce e se desenvolve imersa em um 
mundo social. Com o avanço da neurociência, é possível entendermos cada vez mais 
os processos cerebrais envolvidos no desenvolvimento e uso da linguagem e suas 
relações com o pensamento e a comunicação. Contudo, o que ocorre nos cérebros 
de duas pessoas enquanto elas estão engajadas em uma interação social é muito 
pouco conhecido. 
Dois pesquisadores da Universidade da Califórnia, Margaret Wilson e Thomas 
Wilson, propuseram em 2005 um modelo teórico segundo o qual diversos 
“osciladores” existentes no cérebro seriam a chave para o processo de interação entre 
as pessoas. Eles são nada mais que populações de neurônios que apresentam, 
coletivamente, uma periodicidade, um ritmo em suas atividades. 
Esses osciladores endógenos já são conhecidos na literatura científica e estão 
ligados a uma série de processos cognitivos, como a percepção, o controle motor e a 
atenção. O que os autores fizeram foi estender a ideia de ativação acoplada ou 
sincronismo neuronal para entender o mecanismo das interações entre os indivíduos. 
Segundo esses pesquisadores, durante uma interação social (como em um 
diálogo) vários osciladores no cérebro da pessoa que ouve têm sua frequência de 
atividade afetada por alguns dos osciladores do cérebro da pessoa que fala. E, nessa 
interação oscilatória, os dois cérebros se sincronizam. Uma boa metáfora para 
entender esse processo é a imitação. 
Quando uma criança imita imediatamente um gesto que alguém está fazendo, 
ela estaria em perfeita sincronia interativa: o que o outro faz leva a criança a fazer 
 
19 
exatamente a mesma coisa justamente por causa da interação entre eles. Note que 
esse exemplo é metafórico, referindo-se apenas às semelhanças motoras dos gestos. 
 
Fonte: epocanegocios.globo.com 
 Para Wilson e Wilson, esse processo é muito mais profundo e apontaria para 
uma capacidade humana intrínseca de perceber e produzir eventos de maneira 
sincronizada com outras pessoas em um ambiente social. 
Essa proposição teórica recentemente tem sido colocada a teste dado o 
surgimento de uma nova técnica denominada hyperscanning. Ela permite investigar 
os mecanismos neurais durante as interações sociais em tempo real ao registrar, 
simultaneamente, as atividades neurais entre múltiplos sujeitos. Isso permite, por 
exemplo, registrar ao mesmo tempo os cérebros de duas pessoas envolvidas em uma 
conversa. 
Essa técnica tem sido aplicada tanto com ressonância magnética funcional 
(fMRI) quanto com eletroencefalografia (EEG), e os resultados obtidos até o momento 
têm sido bastante reveladores. 
Uma pesquisa com EEG revelou uma sincronização na atividade cerebral de 
dois indivíduos quando eles tocavam guitarra juntos. 
 
20 
Outro estudo, de 2016, que comparou o sincronismo neuronal de indivíduos em 
situações de cooperação ou competição, evidenciou uma sincronização 
significativamente maior de populações neuronais de determinadas regiões dos 
cérebros dos participantes quando cooperavam do que quando competiam. 
Ao se pensar a escola, não há dúvida alguma acerca da influência do ambiente 
social e suas interações no desenvolvimento da criança. Assim, a necessidade de 
pesquisas que possam, da maneira mais natural possível, investigar o que ocorre no 
cérebro dos alunos durante uma aula é fundamental para quem trabalha com 
neurociência e educação. 
Em uma pesquisa recente, publicada em abril de 2017, a pesquisadora 
Suzanne Dikker, da Universidade de Nova York, e colaboradores de outras 
instituições, como o Instituto de Linguística da Universidade de Utrecht e o Instituto 
Max Planck, investigaram o sincronismo entre os cérebros de estudantes em uma sala 
de aula real. Usando um equipamento de EEG portátil, os pesquisadores registraram 
simultaneamente a atividade cerebral de uma turma de 12 alunos do ensino médio em 
11 aulas regulares distribuídas ao longo de um semestre. 
As medidas foram tomadas enquanto os alunos faziam diferentes atividades 
escolares, como assistir ao professor explicando um determinado conteúdo, ver 
vídeos sobre o tema e participarem de discussões em grupo, sempre em aulas de 50 
minutos, aproximando-se o máximo possível das condições reais de uma sala de aula. 
O objetivo principal dos pesquisadores era explorar a hipótese de que a 
atividade neural sincronizada em um grupo de alunos seria capaz de predizer 
envolvimento em sala de aula e nas dinâmicas sociais. A ideia era encontrar possíveis 
marcadores neurais de engajamento social durante interações no ambiente escolar. 
Os pesquisadores também combinaram a técnica de hyperscanning com 
autorrelatos dos estudantes com diferentes questionários, sobre como se sentiam ao 
longo das aulas, como era o professor, qual era a afinidade com os grupos, entre 
outros. 
 
21 
 
Fonte: www.google.com.br 
Os resultados são muito interessantes e apontam para profundas discussões 
futuras. Por exemplo, eles encontraram evidências de que fatores individuais (como 
foco e traços de personalidade) contribuem fortemente para a sincronia cerebral. Isso 
implica que o sincronismo é um mecanismo que não ocorre por si só, dependendo 
unicamente do estímulo que o gera. 
Eles encontraram também resultados bastante relevantes quando se pensa a 
sala de aula: a sincronização enquanto o professor falava comparada com o momento 
em que eles assistiam aos vídeos e quando participavam de discussões em grupo. 
Como esperado, a maior sincronicidade ocorreu ao se engajarem nas 
discussões. Mais que isso, tal sincronicidade estava correlacionada com a atenção 
sustentada desses alunos, revelando que a intencionalidade compartilhada pode ser 
um suporte para a cognição social em uma variedade de contextos sócio psicológicos. 
Ao se comparar o professor palestrando com o vídeo, os resultados são 
reveladores: ainda que houvesse uma variação entre os alunos, a sincronia foi 
consistentemente maior para quando assistiam ao vídeo do que para as sessões de 
palestras. Contudo, quanto mais os estudantes avaliavam bem o professor, menor era 
a diferença de sincronia entre a sessão de vídeo e a de palestra. 
Por fim, vale ressaltar um último resultado encontrado nessa pesquisa que 
relaciona o “olho no olho” com o sincronismo cerebral. Ao analisarem os dados ao 
longo dessas 11 aulas, os pesquisadores descobriram que a interação face a face 
antes da aula aumentava a sincronia cérebro-cérebro durantea aula. Para os autores, 
 
22 
olhar no rosto do outro serviu de “gatilho” para a alocação de recursos envolvidos na 
interação interpessoal. 
De maneira sumária, os autores advogam que os estilos de ensino, as 
diferenças individuais e a própria dinâmica social medeiam a atenção no nível neural. 
Para eles, esse processo afeta a sincronicidade neural dos estudantes, levando-os a 
se envolver mais ou menos nas tarefas. Assim, alunos menos engajados apresentam 
menores níveis de sincronia cérebro-cérebro com o restante do grupo, sugerindo 
assim que essa sincronização pode ser um marcador sensível para entender e prever 
as interações em sala de aula. 
Sendo assim, com base nessas evidências é possível entender os 
sincronismos desses osciladores endógenos como elementos fundamentais do 
desenvolvimento cognitivo dos estudantes em um ambiente escolar. Mais que isso, é 
possível, assim, buscar compreender quais estratégias didáticas podem propiciar 
maior sincronicidade entre os estudantes e como isso afeta a aprendizagem. 
 A pergunta agora é: como conciliar esses achados com o que já sabemos há 
décadas com os estudos em educação? 
 Zona de desenvolvimento iminente 
Quando nos debruçamos sobre as especificidades produzidas pelo campo da 
educação quanto à constituição e implementação dos processos de ensino e 
aprendizagem, identificamos uma longa história de aproximações e recuos com as 
teorias psicológicas sobre desenvolvimento humano. O princípio dessa história, 
todavia, explicita uma conjuntura de subjugação das práticas pedagógicas a uma 
espécie de algoz psicológico. Supostamente caberia à psicologia iluminar os passos 
que deveriam ser dados por professores na seara da atividade docente. 
Felizmente, a luta pela interrupção dessa conjuntura caminhou a passos largos 
e produziu avanços produtivos que, certamente, devem ser atribuídos a psicólogos e 
pedagogos. Por outro lado, e provavelmente em razão dessa subjugação sistemática, 
em alguns espaços significativos da realidade escolar, muitos educadores continuam 
e insistem em esperar que outras disciplinas ou campos de conhecimento lhes 
ofereçam a receita com os passos da realização da atividade pedagógica. 
 
23 
 
Fonte: mastercoachingexecutivo.com.br 
Neste momento da história, o que notamos é que essa espera muitas vezes 
toma como fonte os conhecimentos produzidos pela neurociência. E, assim, uma vez 
mais nos rendemos todos – com mais ou menos intenção – à reprodução de uma 
circunstância que já sabemos que devemos combater. É uma tragédia denunciada. 
Se a tomamos por denúncia é porque nos dedicamos ao intuito de alcançar 
seus determinantes de uma perspectiva genética. E, assim, não podemos nos furtar 
da tarefa de composição de um anúncio, ou seja, da oferta de possibilidades de 
superação que, no mínimo, também nos convide a todos a refletir de maneira mais 
consistente sobre os processos que constituem e definem as atividades de estudo e 
aprendizagem. 
Nesse sentido, importa que retomemos a compreensão acerca do vínculo entre 
psicologia e pedagogia. 
Partilhamos a convicção teórico-metodológica de que, se esse vínculo for 
adequadamente compreendido, ele pode esclarecer a unidade que, realmente, 
constitui as dimensões biológicas, culturais, psicológicas e sociais da educação. 
Na direção dessa compreensão adequada, devemos resgatar o marco da 
psicologia soviética que, ainda em 1927, acentuou a interface biologia e cultura na 
definição dos processos educativos. Não seria, portanto, apressado dizer que 
Vigotski, o eminente representante dessa escola, esclareceu que, na verdade, os 
dispositivos neurais nunca estiveram à margem dessa interface. 
 
24 
O funcionamento cerebral é, exatamente, a base sobre a qual a cultura se 
assenta. Ela o transforma. Mas, sem eles, a possibilidade da transformação nem 
sequer existiria. 
Para efetivarmos esse resgate, priorizamos a reflexão acerca de um dos 
conceitos oriundos da psicologia soviética mais disseminados no meio 
educacional: zona de desenvolvimento proximal. 
Não é incomum observarmos, seja em espaços de discussão acadêmica, seja 
no cotidiano de atuação dos professores nas escolas, a identificação da ideia de zona 
de desenvolvimento proximal com “a gota d’água”, o “clique” ou o “insight” que faltava 
para que a criança atingisse o nível de aprendizagem necessário estipulado por algum 
tipo de critério que, usualmente, também não se sabe precisar. 
Atrelada a essa compreensão, surge a ideia de mediação, definida como a 
tarefa de apoio, auxílio ou espécie de presença significativa que o professor oferece 
ficando “entre” o aluno e o conhecimento que ele deve acessar. 
Anunciamos, pois, que endossamos aqui o entendimento de que essa é uma 
compreensão equivocada do conceito elaborado por Vigotski. Ao propor essa 
formulação, o psicólogo russo acentuava a relação entre a aprendizagem já alcançada 
e aquela que se pretende conquistar com o recurso do processo de instrução. Isso 
significa que as aprendizagens já consolidadas se vinculam àquelas que ainda podem 
ser conquistadas. É a compreensão de que “aquilo que pode ser” de alguma forma já 
está expresso “naquilo que é”. 
Para a psicologia histórico-cultural, os conhecimentos científicos 
universalizados pela cultura humana devem ser transmitidos pelos professores na 
escola porque as funções psíquicas superiores (atenção, pensamento, memória etc.) 
só se desenvolvem na presença de conhecimentos que as requeiram. 
 
25 
 
Fonte: observador.pt 
Assim, essas funções essencialmente humanas constituem-se como função da 
ação consciente e sistematizada de sujeitos competentes. Desse modo, por exemplo, 
o desenvolvimento da palavra tece bases que avançam e precipitam movimentos cada 
vez mais elaborados do pensamento. 
A mediação, portanto, vincula-se ao conceito de zona de desenvolvimento 
proximal, mas de maneira diferente. Ela constitui-se com o recurso dos signos, objetos 
eleitos pelo professor, que, por essa razão carregam a universalidade produzida pela 
cultura e acessam a singularidade dos sujeitos que se desenvolvem. 
Nesse sentido, não deveríamos falar em zona de desenvolvimento proximal, 
mas sim em zona de desenvolvimento iminente. Assim, enfatizamos de maneira mais 
fidedigna a iminência daquilo que deve ser produzido por meio da ação sistematizada 
e consciente do professor. 
 Possíveis aproximações 
As evidências científicas que anunciam os processos neurais envolvidos no 
chamado sincronismo cerebral materializam a unidade acentuada por Vigotski entre 
os processos culturais e biológicos que marcam o desenvolvimento humano. E 
acreditamos que a sincronicidade neuronal ocorra justamente dentro da zona de 
desenvolvimento iminente. 
 
26 
Eis, agora, mais uma vez nossa defesa primordial: a prática educativa é o 
coração dessa unidade. E exatamente por isso cabe a todos nós, que de muitas 
maneiras lidamos com a educação, o entendimento de que biologia, cultura e 
interação social são dimensões que a constituem integralmente. Com isso, queremos 
dizer que, se avançamos na compreensão dos processos que determinam o seu 
funcionamento biopsicossocial, avançamos também na direção da organização dos 
procedimentos didáticos que podem conduzir a sua operacionalização de maneira 
cada vez mais eficiente. 
Vigotski afirmou que o desenvolvimento segue rumos revolucionários e que o 
encontro humano é muito mais do que uma interação que influencia nossos modos de 
agir no mundo. Ele produz, isso sim, transformações genéticas, psiquismos que se 
desenvolvem conjuntamente porque se conectam materialmente. 
Ansiamos que essa reflexão assuma os contornos de um convite à 
compreensão de que aquilo a que nos dedicamos é um fenômeno único, mas 
multideterminado. Não é uma disputa. Mas carece sempre de que não abramos mão 
do rigor.3 
4 A NEUROCIÊNCIA PODE EXPLICAR O COMPORTAMENTO HUMANO?Nosso cérebro é tão complexo quanto fascinante, com quase 100 bilhões de 
neurônios interconectados em redes altamente sofisticadas que interagem com 
células gliais. A neurociência explora a organização e o funcionamento do cérebro 
(mais amplamente, do sistema nervoso), saudáveis ou doentes, da molécula ao 
comportamento, e em todas as fases da vida. 
A janela aberta pela neurociência no autoconhecimento e no comportamento 
humano gera crescente curiosidade na mídia, e às vezes suscita forte controvérsia. 
Assim, a neurociência acaba sendo tema de notícias, surgindo inclusive 
disciplinas como neuroeducação ou neuromarketing, mostrando como o 
conhecimento que geram tem desenvolvimentos em muitas áreas. As abordagens 
modernas permitem desvendar os circuitos envolvidos nas várias tarefas, sensações, 
emoções e até pensamentos. 
 
3 Texto extraído do link: http://www.revistaeducacao.com.br/neurociencia-encontra-vigotski/ 
 
27 
 
Fonte: www.google.com.br 
Avanços na pesquisa de neurociências revelam que o cérebro codifica o que 
será feito antes da tomada de consciência e memorização de informações não 
conhecidas, e isso coloca a questão do livre arbítrio. Esses avanços mostram a 
extraordinária adaptabilidade do cérebro e a influência do ambiente social e ecológico, 
do estresse, dieta ou atividade física em seu desenvolvimento, funcionamento e 
envelhecimento. Os avanços permitem que se considere os modos de educação, 
saúde e atividade social para melhorar o desempenho cerebral. 
Mas esse conhecimento não leva a soluções prontas. Assim, por exemplo, a 
compreensão dos mecanismos cerebrais subjacentes ao aprendizado e seus 
distúrbios pode esclarecer o campo da educação, que deve ser entendido incluindo a 
pedagogia, a psicologia, a sociologia, a linguística. 
A neurociência também alterou nossa visão de certos distúrbios classicamente 
associados à psiquiatria, que hoje parecem ser verdadeiras neuropatologias ligadas à 
remodelação anormal de circuitos cerebrais. 
E tornaram possível desenvolver novas estratégias terapêuticas para várias 
patologias cerebrais e explorar caminhos para a neuroproteção ou reparação, mas o 
caminho é longo para poder compreender e curar as doenças do cérebro. Eles 
também dão uma base para o desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina, cujo 
objetivo, longe de um cenário de ficção, é recuperar autonomia para pessoas com 
 
28 
deficiências importantes, ao capturar e traduzir os sinais cerebrais para o controle, ou 
levar informações ao cérebro. 
Certamente a neurociência, em interação com muitas outras disciplinas, 
permite compreender melhor o cérebro, suas funções e suas patologias, com múltiplas 
implicações para a sociedade. Mas não têm uma resposta para tudo. Poderá um dia 
ser criado um cérebro idêntico ao nosso, ou ainda mais poderoso? Diante da mídia e 
da pressão social para otimizar e curar o cérebro, nossa responsabilidade como 
neurocientistas não é alimentar a esperança gerada pelo conhecimento desse órgão 
tão misterioso quanto emocionante, com uma neurociência-ficção. 
É impossível examinar o inconsciente sob o microscópio! 
Durante o estudo fisiológico do sistema nervoso, a neurociência une biologia, 
química, matemática, bioinformática ou neuropsicologia, mas a psicanálise como 
método é muitas vezes excluída desse campo transdisciplinar. Há quem acredite na 
neurociência como a esperança de poder transplantar neurônios para recuperar ou 
curar a degeneração do Alzheimer, destruindo as proteínas amilóides que comprimem 
os neurônios responsáveis pela doença. Sem prejuízo dessas expectativas, o destino 
humano, longe de ser apenas exclusivamente biológico, não pode ignorar a fala e a 
cultura como parte da realidade introduzida pelo significante. 
Sabemos que o discurso científico sonha em reduzir o fato psíquico a uma 
secreção neuronal, da forma como o fígado secreta a bile (como esperava La Mettrie, 
no século XVIII) ou relacionar o desejo com o funcionamento hormonal, quando a 
sexualidade humana é acima de tudo subordinada a múltiplos determinantes, 
linguísticos, imaginários e culturais. 
 
29 
 
Fonte: www.carloslegal.com.br 
A neurociência neutraliza a causalidade psíquica em nome de uma objetividade 
que evita o estudo da subjetividade resultante das declarações formadas por de 
ficções, erros e mentiras, sintomáticas do conhecimento inconsciente. Mas o 
inconsciente não é nem um lugar nem uma substância. A subjetividade não está em 
nenhuma molécula, nem é provável que se examine o inconsciente ao microscópio, 
mesmo que seja atômico. 
Os avanços científicos revelam precisamente o desconhecimento do lugar e da 
função da linguagem na relação que o homem tem com o impulso, considerado como 
um eco de uma “fala” no corpo. 
Como a neurociência é produzida? A que lógica epistemológica ela responde? 
Em que medida ela obscurece as demandas dos pesquisadores e dos seus 
financiadores, conscientes dos custos que há por trás do anonimato da tecnologia? 
Essas perguntas questionam os avanços neoliberais que se vangloriam da 
objetividade, mas cuja ideologia implícita convida a "tratar os homens como coisas" 
(Adorno). 
Afirmar que a epistemologia foi refutada pela neurociência porque identifica as 
crenças com estados neuronais é resultado de um naturalismo que não consegue 
encaminhar o fato humano ao seu componente cultural e social, à sua divisão 
 
30 
constitutiva entre declaração e enunciação, entre conhecimento e verdade, entre 
corpo e prazer. 
Como o correlato neural dos comportamentos não foi demonstrado, o exame 
das condições para a validade epistemológica das avaliações científicas se revela 
essencial, tanto para contrariar o frenesi que caracteriza a ação científica, técnica e 
comercial, como para invalidar a ilusão de conhecimento total do produto. 
A neurociência não pode reduzir a subjetividade humana a um fenômeno 
observável sob imagens médicas. 
A neurociência não está relacionada com o modelo biopolítico das 
racionalidades científicas voltando-se para a ideologia do poder a favor das aplicações 
cognitivas em economia, marketing, direito ou inteligência artificial em um contexto 
“trans- humanista”. 
Finalmente, se as neurociências permitem alguns avanços, elas não podem 
resolver todas as questões sem assumir o papel de demiurgo, pois é importante evitar 
que uma razão totalitária nos leve a uma sociedade de seres cibernéticos incapaz de 
garantir a dignidade humana. 
5 COMO FOI A EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA? 
A neurociência comportamental é um estudo do sistema nervoso, que pretende 
desvendar o seu funcionamento, o seu desenvolvimento e as suas alterações. Ele é 
o principal responsável por coordenar as nossas atividades diárias (tanto voluntárias 
quanto involuntárias). Contudo, o que essa área tem de relação com o ambiente 
organizacional e o setor de recursos humanos? 
Quando trazemos a neurociência comportamental para o ambiente 
empresarial, podemos notar que o comportamento e o emocional dos funcionários 
estão sempre em constante mudança. Por isso, entender como acontecem essas 
modificações de pensamento é importante para compreender a melhor maneira de 
agir. Assim, é possível criar estratégias de engajamento, interação e motivação entre 
a equipe. 
https://etalent.com.br/artigos/segredos-equipe-mais-eficiente/
https://etalent.com.br/artigos/segredos-equipe-mais-eficiente/
 
31 
 
Fonte: hugo.org.br 
Entender o cérebro humano é, sem dúvida, um dos maiores desafios para a 
ciência. Ele sempre foi alvo de estudos, mas nunca foi tão bem compreendido, por 
conta de sua tamanha complexidade. 
Embora esses estudos tenham começado na antiguidade, a neurociência é 
recente, tendo o seu início em 1970. 
Desde antes de Cristo, os gregos já estudavam o cérebro humano por meio de 
simples observações das ações do homem. 
As pesquisas mais avançadassobre anatomia, realizadas em corpos de 
pessoas mortas, começaram em peso com a chegada do Renascentismo e do 
Iluminismo. Contudo, esses descobrimentos ainda eram perpetuados às sombras, 
pois esses estudos não eram bem-vistos pela igreja. 
Um grande nome que contribuiu para a evolução da neurociência foi Charles 
Darwin, pois, como já dissemos, ela estuda as alterações do cérebro e a sua evolução 
conforme o tempo. 
Porém, foi só depois da modernidade que a neurociência avançou de forma 
significativa. O surgimento dos computadores e tecnologias, como Raio-X e 
tomografias, melhorou, e muito, as pesquisas sobre o cérebro humano, consolidando 
a neurociência. 
 
32 
 O que é a neurociência comportamental? 
A neurociência comportamental é um dos cinco campos dessa área. Ela tem 
como objetivo estudar o que motiva as nossas ações, quais são as bases e as origens 
do comportamento e de todas as ações cotidianas. 
Essa ciência também se preocupa em pesquisar como funciona a nossa 
memória e a autoconsciência, como formamos a nossa personalidade, como 
aprendemos e adquirimos conhecimento. 
A neurociência comportamental tenta entender as nossas ações mais 
complexas, desde as voluntárias até as involuntárias, descobrindo como o nosso 
subconsciente influencia nas ações e emoções. 
Para explicar os motivos do nosso corpo reagir de tal maneira em certa 
situação, essa ciência se baseia nas terminações nervosas e na estrutura cerebral, 
por isso, a neurociência comportamental necessita do auxílio de outros campos de 
estudo, como anatomia e psicologia. 
6 QUAL É A RELAÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO COM A NEUROCIÊNCIA? 
 
Fonte: osegredo.com.br 
https://etalent.com.br/artigos/pessoas-de-personalidade-forte/
 
33 
Nós, seres humanos, conseguimos nos observar e analisar o mundo ao nosso 
redor: como nos comportamos diante de uma situação, as pessoas que imitamos, o 
desenvolvimento de uma linguagem, a comunicação e os relacionamentos. 
Estamos inseridos em uma sociedade com regras e costumes e sentimos, com 
o passar dos anos, a necessidade do autoconhecimento para lidarmos com as difíceis 
situações da vida pessoal e também do ambiente de trabalho. Assim, decidimos quais 
são as regras e valores que seguimos e quais são os que deixamos para trás. 
Quando trazemos isso para o ambiente de trabalho, um dos exemplos é quando 
um funcionário é demitido de uma empresa porque não conseguiu se adaptar com a 
cultura organizacional. Ele tem os seus próprios valores, crenças e costumes, 
contudo, aquela empresa tem uma visão e uma maneira de agir diferente. 
Quando procuramos entender como o corpo biológico reage a essas situações, 
é possível relacionar o autoconhecimento com a neurociência comportamental: as 
emoções e sentimentos são provenientes do sistema nervoso. Isso porque as 
emoções são um mecanismo de memória que determina como devemos nos 
comportar diante de variadas situações. 
 Qual é a relação da neurociência com o aprendizado? 
 
Fonte: fundacaotelefonica.org.br 
Estamos sempre em constante aprendizado – esse é um processo natural do 
ser humano. A neurociência procura entender a aprendizagem por meio de fatores 
 
34 
comportamentais (diferente da psicologia), utilizando aparelhos de ressonância 
magnética, tomografia e demais instrumentos que permitem a observação do cérebro. 
A neurociência ajuda a entender a aprendizagem por meio de cinco questões 
principais: 
-Emoções: interferem no processo de retenção das informações; 
-Motivação: necessária para aprender; 
-Atenção: fundamental para o processo de aprendizagem; 
-Memória: associação de um conhecimento já adquirido; 
-Plasticidade cerebral: como o cérebro se modifica ao longo da vida. 
 Qual é a relação da neurociência com o mundo corporativo? 
Como vimos anteriormente, a neurociência apresenta benefícios para o 
aprendizado. Quando trazemos isso para o mundo corporativo não é diferente: um 
funcionário só vai compreender as suas tarefas, cultura e rotina diária se o seu cérebro 
entender qual é o seu papel dentro da organização e aceitar isso. 
A neurociência contribui para o desenvolvimento das pessoas dentro das 
empresas, porque: 
- Estimula o processo de aprendizagem; 
- Diminui os níveis de estresse; 
- Desenvolve bons hábitos; 
- Desenvolve o espírito de liderança; 
- Verifica os pontos de melhoria dos setores; 
Faz com que os profissionais desenvolvam autocontrole e autoconhecimento; 
Auxilia no processo de recrutamento e seleção; 
Promove a interação e o engajamento; 
Fortalece o desenvolvimento de habilidades e competências. 
Dessa maneira, a área de Recursos Humanos pode se beneficiar da 
neurociência comportamental para otimizar as estratégias da empresa, tanto na 
contratação quanto na gestão dos funcionários. 
Sabendo como os funcionários pensam e reagem a determinadas situações, 
fica mais fácil lidar com os indivíduos dentro da empresa e também de criar ações de 
melhoria do clima contínuo, tais como: cursos, palestras, workshops, feiras e 
encontros de integração. 
https://etalent.com.br/artigos/por-que-investir-no-treinamento-e-desenvolvimento-da-sua-equipe/
https://etalent.com.br/artigos/por-que-investir-no-treinamento-e-desenvolvimento-da-sua-equipe/
https://etalent.com.br/artigos/automacao-do-recrutamento-e-selecao/
 
35 
Entendendo a neurociência comportamental, também podemos fazer uma 
análise mais precisa de nós mesmos, que precisamos estar sempre em busca do 
autoconhecimento. O ser humano nunca será uma máquina com cálculos perfeitos, 
mas a neurociência comportamental ajudará a controlar o que fazemos por impulso e 
também a analisar aspectos da nossa personalidade. 
A neurociência é um estudo do sistema nervoso que visa compreender o seu 
funcionamento, desenvolvimento e também as suas constantes alterações. Conhecer-
se por meio dela é importante até mesmo para melhorar a sua forma de adquirir 
conhecimento e guardar informações.4 
7 NEUROCIÊNCIA NOS PROGRAMAS DE T&D 
 
Fonte: mgracac1.wordpress.com 
As organizações estão cada vez mais conscientes sobre quão importante é o 
papel da liderança no desenvolvimento contínuo de todas as suas áreas, e buscam 
cada vez mais por líderes capacitados que consigam alavancar os resultados por meio 
das pessoas. Porém, o que acontece hoje, segundo a Crescimentum — que atua 
desde 2003 no mercado de treinamento e desenvolvimento de líderes — é que poucos 
profissionais recebem o preparo necessário para assumirem essa posição. 
 
4 Texto extraído do link: https://etalent.com.br/artigos/neurociencia-comportamental-
autoconhecimento/ 
http://www.etalent.com.br/artigos/autoconhecimento-uma-forma-de-potencializar-talentos/
 
36 
De acordo com pesquisa realizada pelo CCL (Center for Creative Leadership), 
em 2013, apenas 58% dos líderes foram treinados para enfrentarem esse desafio. 
Apesar de terem consciência da importância de investirem na formação de seus 
líderes, quando se trata de comprovar o resultado que será obtido com os 
treinamentos que atuam na formação de habilidades comportamentais, faltam 
argumentos e provas concretas. É aqui que entra a Neurociência. 
 Neurociência aplicada ao T&D 
 
Fonte: www.ineditacursos.com.br 
Dominar a arte de liderar pelo exemplo, inspirar e motivar uma equipe são 
algumas das competências que permitem explorar o potencial máximo dos liderados, 
mas não são fáceis de serem desenvolvidas. O que poucas pessoas sabem, ou falam, 
é que a ciência pode ser uma importante aliada nessa evolução. 
Mais especificamente, as técnicas da Neurociência — estudo do sistema 
nervoso — que podem e devem ser aplicadas aos programas de Treinamento e 
Desenvolvimento (T&D) de líderes empresariais. “É cientificamente comprovado que 
é possível trabalhar áreas específicas do cérebro que, quando acionadas, 
desenvolvem características que podem ser fundamentais para liderar com eficiência”,explica Arthur Diniz, sócio-fundador da Crescimentum. 
Segundo Diniz, o cérebro é dividido em três partes e a principal região para o 
desenvolvimento das competências de liderança é o córtex pré-frontal ou neocortex. 
 
37 
É ele o responsável por várias funções cognitivas de alto nível. Especificamente sobre 
liderança, é nessa zona cerebral que se formam os propósitos, autoconfiança, controle 
de humor e das emoções, tomada de decisões, estabelecimento de metas, priorização 
e planejamento. 
Os poderes da Neurociência não se restringem em fazer com que o gestor 
adquira competências de liderança, mas também saiba usar as técnicas para 
despertar determinados comportamentos nos liderados. Desta forma, é possível 
potencializar os resultados e o desenvolvimento de todo o time. 
 É essencial educar os líderes sobre a importância de construir relações 
positivas e de confiança com os liderados 
Durante os treinamentos, por exemplo, inicialmente é essencial educar os 
líderes sobre a importância de construir relações positivas e de confiança com os 
liderados. A Neurociência nos mostra que uma cultura de transparência aumenta o 
engajamento e as relações positivas de trabalho. 
Nesse contexto, o papel do profissional de Recursos Humanos, além de ajudar 
na criação de uma cultura de liderança sólida que incentive a liderança pelo exemplo, 
é enfatizar a importância da confiança para o desenvolvimento da liderança utilizando 
como base os argumentos da Neurociência. A confiança também pode ser 
conquistada por meio de uma comunicação aberta, metas claramente comunicadas e 
transparência. 
 Líder do futuro executivo e neurociência 
O Líder do Futuro Executivo é um treinamento ministrado pela Crescimentum 
há oito anos, voltado para gestores com experiência em cargos de liderança, que 
utiliza a Neurociência como uma de suas metodologias. Durante o programa, com 
cinco dias de imersão, os participantes passam por simulações de realidade para 
avaliarem e desenvolverem seus comportamentos e atitudes, conhecerem seus 
pontos fortes e seus principais pontos de melhoria, fazendo com que a teoria seja 
colocada em prática. 
O treinamento é de alto impacto para que as mudanças comportamentais 
necessárias a uma boa liderança sejam trabalhadas e efetivas. No processo, os 
 
38 
executivos também são acompanhados por coaches, que dão feedbacks constantes 
a cada atividade. Para finalizar, os líderes saem do treinamento conhecendo seus 
perfis comportamentais e com um plano de ação completo desenhado. 
É possível entender como o estudo da Neurociência é aplicado ao treinamento 
de forma a obter os resultados esperados, por meio dos seguintes apontamentos: 
1- O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões 
quando testa hipóteses. Promover ambientes protegidos, como acontece no 
treinamento de imersão, em que os participantes se sentem mais à vontade para 
demonstrarem suas emoções e há mais confiança para aceitarem o desafio de testar 
hipóteses e verificar seus resultados, é fundamental no campo do desenvolvimento 
humano. 
 
 
Fonte: blogrh.com.br 
2. Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no 
transcurso de nova experiência de aprendizagem. Situações que reflitam o contexto 
da vida real, de forma que a informação nova se “ancore” na compreensão anterior 
faz com que o aprendizado seja maximizado. Se o aprendizado contiver emoção, as 
chances da experiência se tornar memória de longo prazo aumenta. Durante o 
treinamento, por exemplo, os participantes são testados a todo o momento, devem 
saber lidar com suas emoções passando por momentos de tensão, alegria e 
 
39 
frustração, bem como receber feedbacks dos instrutores e de outros participantes do 
curso. 
3. A Neurociência comprovou que o cérebro se modifica aos poucos, fisiológica 
e estruturalmente, como resultado da experiência. 
Os participantes são encorajados em dinâmicas a aprenderem com os 
resultados dos seus próprios comportamentos, testarem comportamentos diferentes, 
investigarem novamente o resultado e fazerem um plano de ação, de como irá aplicar 
a mudança comportamental que deseja. 
 Comprovando resultados em números 
Para comprovar a eficácia do uso da Neurociência, utilizada como uma das 
principais metodologias nos treinamentos da Crescimentum, a empresa avaliou — por 
meio de sua ferramenta exclusiva Avaliação 360º Estrela da Liderança — mais de 450 
profissionais que participaram do programa Líder do Futuro Executivo — entre março 
de 2013 e setembro de 2014 — e analisou a evolução em diversas competências 
como: delegar tarefas, desafiar a equipe a se superar, liderar pelo exemplo e inspirar 
diferentes perfis de profissionais. 
Os resultados da pesquisa foram obtidos por meio do comparativo da Avaliação 
360º realizada antes e após o treinamento. 
Na avaliação, que é on-line e 100% confidencial, o profissional avaliado recebe 
informações importantes a respeito de como são percebidas suas competências por 
líderes, liderados e outros, tais como pares e clientes internos. Essa percepção 
externa é comparada com a sua auto avaliação. 
O questionário contempla ações como planejamento, frequência com que dá 
feedbacks, compartilhamento dos planos e da visão de futuro, delegação de tarefas, 
capacidade para ouvir os liderados, estímulo ao trabalho em equipe, paciência e 
autocontrole, reconhecimento das conquistas da equipe, entre outras. 
De acordo com os dados obtidos, 92% dos participantes melhoraram pelo 
menos uma ou mais das seis competências consideradas essenciais a um líder de 
sucesso. 
Na tabela abaixo estão dados dos comportamentos em que mais pessoas que 
participaram do treinamento Líder do Futuro Executivo tiveram evolução. “Esses 
números mostram que utilizar a Neurociência como metodologia nos treinamentos 
 
40 
está funcionando e o trabalho que implantamos e desenvolvemos há quase 10 anos 
está ajudando na prática os executivos a tornarem-se líderes capazes de potencializar 
resultados”, afirma Arthur Diniz. 
O executivo lembra que esses comportamentos destacados pelo estudo são os 
mais importantes no desenvolvimento de lideranças. 
“O líder que compreende o caminho que a organização terá no futuro sabe 
desenvolver a equipe por meio de feedbacks efetivos, consegue delegar tarefas de 
maneira eficiente, dá o exemplo constantemente e adapta sua liderança de acordo 
com o perfil de cada colaborador. 
 
 
Fonte www.vendamais.com.br 
Consequentemente, conseguirá explorar o que há de melhor entre os liderados 
e terá o respeito e admiração dentro da empresa”, completa Diniz. 
Do total dos participantes da pesquisa desenvolvida pela Crescimentum, 45% 
são Gerentes. Na sequência, aparecem os cargos de Diretor/CEO/Presidente (12%), 
Coordenador (12%) e Supervisor (11%). Outras funções somam 20%. 
No entanto, o conteúdo do treinamento é eficaz para todos os profissionais que 
já atuam como líderes. “Presidentes de empresas, gestores, coordenadores e 
 
41 
supervisores se beneficiam da mesma forma das ferramentas que dispomos e da 
simulação do ambiente corporativo que proporcionamos”, garante Diniz.5 
 
 
8 5 DESCOBERTAS DA NEUROCIÊNCIA QUE PODEM MULTIPLICAR SUA 
PRODUTIVIDADE 
Seu cérebro é incrível, tem muito mais potencial do que você usa e, eu sei, eu 
sei…você já escutou isso mil vezes. Mas como colocar esse potencial todo para jogo 
no dia a dia? Muitas pistas sobre isso têm sido dadas por pesquisas da neurociência. 
Das inúmeras teorias baseadas em estudos, quero falar hoje das consolidadas. 
Muitas delas estão descritas no ótimo livro "Como Ter Um Dia Ideal", de 
Caroline Webb, um compilado de conhecimentos científicos escritos de forma prática 
e acessível para ajudar as pessoas a produzir mais. Boa parte do que há ali se baseia 
na simples constatação de que o nosso cérebro opera em dois sistemas — o 
deliberado, que cuidade tarefas sofisticadas, como equilíbrio emocional, raciocínio e 
planejamento; e o automático, que filtra tarefas para automatizá-las e criar atalhos 
para acessar informações e poupar o sistema deliberado. 
Sobrecarregado, o deliberado torna você menos racional e equilibrado. E ele 
se sobrecarrega facilmente! Já o sistema automático faz com que você pressuponha 
muitas coisas e cria linhas cruzadas na comunicação. 
 
5 Texto extraído do link: https://www.crescimentum.com.br/material/neurociencia-nos-
programas-de-t-d/ 
 
42 
E isso não é especulação. Então por que perder tempo indo atrás de soluções 
milagrosas quando a ciência traz evidências de como seu cérebro opera? 
1 – Você funciona melhor se anotar tudo o que vier à mente em vez de 
tentar resgatar memórias. 
 
Fonte: superintenso.wordpress.com 
A capacidade de armazenamento do seu cérebro é limitada, e ele gasta energia 
toda vez que você precisa que ele resgate informações, por mais simples que sejam. 
Quando isso acontece, sobra menos gás para a realização de tarefas complexas, 
como resolução de problemas ou aprendizado de conceitos — em Português claro, 
você funciona de forma menos inteligente. 
Ao criar um processo claro de captura de informações (listas ideias e atividades 
em um papel ou um bloco de notas do celular), você poupa seu cérebro de lembrar 
coisas e permite que foque na execução. Bem mais esperto do que perder horas 
tentando decorar algo. 
2 – Ser monotarefa faz você produzir mais rápido e melhor que executar 
duas tarefas ao mesmo tempo 
O tópico anterior já dá uma pista importante sobre como sobrecarregar o 
cérebro com informações inúteis é um desserviço para a produtividade. Além disso, 
pesquisas mostram que fazer várias tarefas ao mesmo tempo "alonga o dia": a o fazer 
duas coisas ao mesmo tempo, você gasta 30% mais tempo e comete o dobro de erros 
do que fazendo uma de cada vez. Há também o famoso levantamento da Microsoft 
 
43 
que constatou a média de 15 minutos para retomar a concentração t otal depois de 
uma simples interrupção pela chegada de um e-mail. 
Mais um dado: quando o sistema deliberado do cérebro fica sobrecarregado 
por fazer várias coisas ao mesmo tempo, o equilíbrio emocional também fica 
comprometido. Pense na ansiedade e na irritação que você sente quando tenta 
resolver tudo de uma vez e é interrompido. 
3 – Se você fica na defensiva com pessoas e situações, seu cérebro pode 
dar "tiult". 
O sistema de defesa do nosso cérebro, parte do modo automático que citei 
acima, está programado para nos ajudar a vencer situações de risco. Pense num 
animal ameaçador na selva nos tempos ancestrais e você entenderá que a reação 
básica será lutar, fugir ou ficar paralisado. E o cérebro ainda funciona assim, mesmo 
que os perigos que você enfrente no seu dia a dia de trabalho hoje sejam bem mais 
frugais do que um leão pronto para devorar a sua família. 
Uma pesquisa da Universidade de Yale mostrou que ser exposto ao estresse 
negativo afeta o córtex pré-frontal, região responsável por boa parcela do sistema 
deliberado. Ou seja, sentindo-se ameaçado, você comete mais erros, fica mais 
impulsivo, pensa pior. 
Como lidar com isso? Rastreando — e anotando — as "ameaças" mais comuns 
no seu dia a dia, para trazê-las à consciência e tentar não reagir impensadamente a 
elas. Ah, sim, a ameaça pode ser um colega que você não topa muito fazendo um 
comentário corriqueiro sobre seu trabalho. Então, convém se precaver… da sua 
reação acima do tom a isso! 
4 – Ter metas focadas em ganhos é mais efetivo que pensar no que deseja 
evitar. 
 
44 
 
Fonte: www.encontresuafranquia.com.br 
As chamadas metas de evitação são aquelas focadas no que você não quer 
("quero evitar perder a hora de novo"), enquanto as de aproximação são formuladas 
de forma positiva, focando no que você deseja no lugar do que tem ("quero acordar 
no horário e sair com antecedência”). 
Uma pesquisa conduzida na Universidade de Rochester comprovou que o 
segundo tipo deixa as pessoas mais propensas à realização. A razão por trás disso é 
que o sistema de defesa do cérebro é ativado quando remetemos a situações ruins, o 
que deixa você com menos recursos mentais para realizar qualquer coisa. 
5 – Fazer um "ensaio mental" aumenta em mais da metade suas chances 
de se repetir a boa performance que programou 
Repassar o texto que vai falar em uma apresentação importante ou em uma 
conversa com o chefe é mais importante do que se supunha. Visualizar o que deve 
fazer a seguir é uma técnica bem conhecida no campo dos esportes e que é fetiva 
porque ativa o cérebro de forma muito semelhante ao que seria a vivência real daquela 
cena — a semelhança entre o ensaio e o que você executa depois dele fica entre 60 
e 90% por cento! 
A consequência do ensaio bem feito é a criação de caminhos neurais no seu 
cérebro que aumentam as chances de que a cena de fato se repita na hora H, já que 
tendemos a reproduzir aquele comportamento já "decodificado" no cérebro. Isso foi 
 
45 
comprovado em várias pesquisas e vem sendo amplamente utilizado no universo 
corporativo. 
Para aplicar a técnica, a recomendação é iniciar visualizando sucessos do 
passado, usar a respiração para se manter focado e partir para a visualização da cena 
com o máximo de detalhes sensoriais possível, do início ao fim.6 
 
 
6 Texto extraído do link: https://brufioreti.blogosfera.uol.com.br/2017/12/12/5-descobertas-da-
neurociencia-que-podem-multiplicar-sua-produtividade/ 
 
46 
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