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1 2 SUMÁRIO 1 O QUE É NEUROCIÊNCIA? ....................................................................... 4 1.1 Uma ciência multidisciplinar ................................................................. 5 1.2 A evolução da neurociência ................................................................. 6 2 NEUROCIÊNCIA, UMA FORMA DE ENTENDER O COMPORTAMENTO DA MENTE .................................................................................................................. 7 2.1 O início da neurociência ....................................................................... 8 2.2 A neurociência cognitiva ....................................................................... 9 2.3 Cérebro e emoções ............................................................................ 10 2.4 Memória, o depósito do nosso cérebro .............................................. 11 2.5 Linguagem e fala ................................................................................ 12 2.6 Grandes descobertas em neurociência .............................................. 13 2.7 O futuro da neurociência: “Human brain project” ................................ 15 3 A NEUROCIÊNCIA ENCONTRA VIGOTSKI ............................................ 16 3.1 Sincronização cerebral ....................................................................... 18 3.2 Zona de desenvolvimento iminente .................................................... 22 3.3 Possíveis aproximações ..................................................................... 25 4 A NEUROCIÊNCIA PODE EXPLICAR O COMPORTAMENTO HUMANO? 26 5 COMO FOI A EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA? ................................... 30 5.1 O que é a neurociência comportamental? .......................................... 32 6 QUAL É A RELAÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO COM A NEUROCIÊNCIA? ..................................................................................................... 32 6.1 Qual é a relação da neurociência com o aprendizado? ..................... 33 6.1 Qual é a relação da neurociência com o mundo corporativo? ............ 34 7 NEUROCIÊNCIA NOS PROGRAMAS DE T&D ....................................... 35 7.1 Neurociência aplicada ao T&D ........................................................... 36 3 7.2 É essencial educar os líderes sobre a importância de construir relações positivas e de confiança com os liderados............................................................. 37 7.3 Líder do futuro executivo e neurociência ............................................ 37 7.4 Comprovando resultados em números............................................... 39 8 5 DESCOBERTAS DA NEUROCIÊNCIA QUE PODEM MULTIPLICAR SUA PRODUTIVIDADE ..................................................................................................... 41 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46 4 1 O QUE É NEUROCIÊNCIA? Fonte: www.revistadigital.com.br Neurociência é a área que se ocupa em estudar o sistema nervoso, visando desvendar seu funcionamento, estrutura, desenvolvimento e eventuais alterações que sofra. Portanto, o objeto de estudo dessa ciência é complexo, sendo constituído por três elementos: o cérebro, a medula espinhal e os nervos periféricos. Ele é responsável por coordenar todas as atividades do nosso corpo, e é de extrema importância para o seu funcionamento como um todo, tanto nas atividades voluntárias, quanto nas involuntárias. Os estudos da neurociência estão divididos em campos específicos que exploram as áreas do sistema nervoso. São elas: Neurofisiologia: investiga as tarefas que cabem às diversas áreas do sistema nervoso. Neuroanatomia: dedica-se a compreender a estrutura do sistema nervoso, dividindo cérebro, a coluna vertebral e os nervos periféricos externos em partes para nomeá-las e compreender as suas funções. 5 Neuropsicologia: foca na interação entre os trabalhos dos nervos e as funções psíquicas. Neurociência comportamental: ligada à psicologia comportamental, é a área que estuda o contato do organismo e os seus fatores internos, como pensamentos e emoções, ao meio e aos comportamentos visíveis, como fala, gestos e outros. Neurociência cognitiva: estudo voltado à capacidade cognitiva, em que estão inclusos comportamentos ainda mais complexos, como memória e aprendizado. Uma ciência multidisciplinar Nessa perspectiva, existem diversas neurociências, dependendo da condução e objetivo que motivam o estudo do sistema nervoso. Mas em todas essas áreas, o cérebro é considerado em uma perspectiva unitária, já que todos os processos mentais têm influências físicas e as questões físicas alteram o indivíduo a nível emocional. Além disso, as pesquisas realizadas no ramo exploram mais de uma área do conhecimento. Por esse motivo, essa ciência é considerada multidisciplinar, reunindo diversas especialidades, como bioquímica, biomedicina, fisiologia, farmacologia, estatística, física, engenharia, economia, linguística, entre outras que objetivam investigar o comportamento, os mecanismos de aprendizado e a aquisição de conhecimento humano. São várias as finalidades das pesquisas na área da neurociência. Entre elas, destaque para o entendimento de como nossas vivências são capazes de alterar o cérebro e como interferem no seu desenvolvimento. Dessa forma, essa disciplina abrange a inteligência, o raciocínio, a capacidade de sentir, de sonhar, de comandar o corpo, tomar decisões, fazer movimentos, entre outros. Alguns setores específicos também se utilizam da neurociência, como é o caso dos profissionais em engenharia médica, no desenvolvimento de equipamentos e soluções a portadores de necessidades especiais. Da mesma forma, podemos citar profissionais da informática que desenvolvem softwares, para viabilizar as atividades de pessoas com algum tipo de limitação intelectual ou física. http://www.ibccoaching.com.br/portal/voce-sabe-o-que-e-psique/ http://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/o-que-e-psicologia-cognitiva/ 6 Para compreender esse complexo mecanismo, os cientistas consideram a forma como funcionam os processos a nível cognitivo, principalmente no que se refere à decodificação e transmissão de informação realizadas pelos neurônios, bem como suas respectivas funções e comportamentos. A evolução da neurociência Fonte: passadori.com.br Estudar o sistema nervoso pode parecer relativamente fácil, mas não é. O entendimento sobre o funcionamento dos mecanismos de regulação desse órgão tem sido um dos maiores desafios da humanidade desde a Antiguidade. O termo Neurociência surgiu recentemente, em 1970, mas os estudos do cérebro humano são de muitos anos atrás, datam desde a filosofia grega, antes de Cristo. Isso se deve ao fato de que esse é o órgão mais complexo do corpo humano, constituído por milhares de células. Os filósofos da Grécia desenvolveram teorias sobre o cérebro através de simples observações, já os romanos iniciaram seus estudos dissecando animais. No século XVIII, levado pelo Iluminismo, surgiram os estudos mais aprofundados do sistema nervoso. 7 A teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente para o entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o surgimento de tecnologias como o Raio X e a tomografia computadorizada que otimizaram as pesquisas na área e inauguraram efetivamente a Neurociência. Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu principal objetivo é compreender e imitar o funcionamento do sistema nervoso para o desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos campos.1 2 NEUROCIÊNCIA, UMA FORMA DE ENTENDER O COMPORTAMENTODA MENTE A neurociência tradicionalmente tem como objetivo entender o funcionamento do sistema nervoso. Tanto em nível funcional como estrutural, essa disciplina tenta saber como o cérebro se organiza. Nos últimos anos ela foi mais além, querendo não apenas saber como funciona o cérebro, mas também a repercussão que esse funcionamento tem sobre nossos comportamentos, nossos pensamentos e nossas emoções. O objetivo de relacionar o cérebro com a mente é tarefa da neurociência cognitiva. É uma mistura entre a neurociência e a psicologia cognitiva. Essa última preocupa-se com o conhecimento de funções superiores como a memória, a linguagem ou a atenção. Assim, o objetivo principal da neurociência cognitiva é relacionar o funcionamento do cérebro com as nossas capacidades cognitivas e nossos comportamentos. O desenvolvimento de novas técnicas tem sido de grande ajuda dentro desse campo para tornar possível a realização de estudos experimentais. Os estudos de neuroimagem têm facilitado a tarefa de relacionar estruturas concretas com diferentes funções, utilizando uma ferramenta muito útil para esse propósito: a ressonância magnética funcional. Além disso, também foram desenvolvidas ferramentas como a estimulação magnética transcraniana não invasiva para o tratamento de diversas patologias. 1 Texto extraído do link: https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/o-que-e- neurociencia/ 8 O início da neurociência Fonte: blog.admatic.com.br Não se pode falar sobre o início da neurociência sem citar Santiago Ramón y Cajal, que formulou a doutrina do neurônio. Suas contribuições aos problemas de desenvolvimento, à degeneração e à regeneração do sistema nervoso continuam sendo atuais e continuam sendo ensinadas em universidades. Se tivéssemos que determinar uma data de início para a neurociência, ela seria situada no século XIX. Com o desenvolvimento do microscópio e de técnicas experimentais, como a fixação e a coloração de tecidos ou a pesquisa sobre a estrutura do sistema nervoso e sua funcionalidade, essa disciplina começou a se desenvolver. Mas a neurociência recebeu contribuições de diversas áreas do conhecimento que têm ajudado a compreender melhor o funcionamento do cérebro. É possível dizer que os sucessivos descobrimentos em neurociência são multidisciplinares. Ela recebeu grandes contribuições ao longo da história da anatomia, que se encarrega de localizar cada uma das partes do organismo. A fisiologia mais focada em entender como nosso corpo funciona. A farmacologia com substâncias externas ao nosso organismo, observando os efeitos no corpo, e a bioquímica, servindo-se de substâncias liberadas pelo próprio organismo como neurotransmissores. https://amenteemaravilhosa.com.br/oxitocina-hormonio-amor-felicidade/ 9 A psicologia também realizou importantes contribuições para a neurociência, por meio de teorias sobre o comportamento e o pensamento. Ao longo dos anos, a visão foi mudando a partir de uma perspectiva mais localizacionista, na qual se pensava que cada área do cérebro tinha uma função concreta, até outra mais funcional na qual o objetivo é conhecer o funcionamento global do cérebro. A neurociência cognitiva A neurociência abarca um espectro muito amplo dentro da ciência. Inclui desde a pesquisa básica até a aplicada que trabalha com a repercussão dos mecanismos subjacentes no comportamento. Dentro da neurociência, a neurociência cognitiva tenta descobrir como funcionam as funções superiores como a linguagem, a memória ou a tomada de decisões. A neurociência cognitiva tem como objetivo principal estudar as representações nervosas dos atos mentais. Ela se concentra nos substratos neuronais dos processos mentais. Isto é, qual é a repercussão do que ocorre no nosso cérebro em nosso comportamento e nossos pensamentos? Foram detectadas áreas específicas do cérebro encarregadas de funções sensoriais ou motoras, mas somente representam uma quarta parte do total do córtex. São as áreas de associação, que não possuem uma função específica, as encarregadas de interpretar, integrar e coordenar as funções sensoriais e motoras. Seriam as responsáveis pelas funções mentais superiores. Áreas cerebrais que governam as funções como a memória, o pensamento, as emoções, a consciência e a personalidade são muito mais difíceis de localizar. A memória está vinculada ao hipocampo, situado no centro do encéfalo. Em relação às emoções, sabe-se que o sistema límbico controla a sede e a fome (hipotálamo), a agressão (amígdala) e as emoções em geral. No córtex, onde se integram as capacidades cognitivas, é o lugar em que se encontra nossa capacidade de ser conscientes, de estabelecer relações e de realizar raciocínios complexos. https://amenteemaravilhosa.com.br/melhorar-memoria-capacidade-intelectual/ 10 Cérebro e emoções Fonte: www.consumidormoderno.com.br As emoções são uma das características essenciais da experiência humana normal, todos as experimentamos. Todas as emoções são expressadas por meio de mudanças motoras viscerais e respostas motoras e somáticas estereotipadas, sobretudo o movimento dos músculos faciais. Tradicionalmente, as emoções eram atribuídas ao sistema límbico, o que continua se mantendo, mas sabe-se que há mais regiões encefálicas envolvidas. As outras áreas às quais se estende o processamento das emoções são a amígdala e a face orbitária e medial do lóbulo frontal. A ação conjunta e complementar de tais regiões constitui um sistema motor emocional. As mesmas estruturas que processam os sinais emocionais participam de outras tarefas, como a tomada racional de decisões e, inclusive, os julgamentos morais. https://amenteemaravilhosa.com.br/catarse-emocional-ajudar/ 11 Os núcleos viscerais e motores somáticos coordenam a expressão do comportamento emocional. A emoção e a ativação do sistema nervoso autônomo estão intimamente ligadas. Sentir qualquer tipo de emoção, como medo ou surpresa, seria impossível sem experimentar um aumento na frequência cardíaca, transpiração, tremor… Faz parte da riqueza das emoções. Atribuir a expressão emocional a estruturas cerebrais confere sua natureza inata. As emoções são uma ferramenta adaptativa que informa às outras pessoas sobre o nosso estado emocional. Foi demonstrada a homogeneidade na expressão de alegria, tristeza, ira… em diferentes culturas. É uma das maneiras que temos de nos comunicar e criar empatia com as pessoas. Memória, o depósito do nosso cérebro A memória é um processo psicológico básico que remete à codificação, ao armazenamento e à recuperação da informação aprendida. A importância da memória em nossa vida cotidiana motivou muitas pesquisas sobre esse tema. O esquecimento também é o tema central de muitos estudos, já que muitas patologias provocam amnésia, o que interfere gravemente no dia a dia. O motivo pelo qual a memória configura um tema tão importante é que nela reside boa parte da nossa identidade. Por outro lado, apesar do esquecimento no sentido patológico nos preocupar, a verdade é que nosso cérebro precisa descartar informações inúteis para dar lugar a novos aprendizados e acontecimentos significativos. Neste sentido, o cérebro é um especialista em reciclar seus recursos. As conexões neuronais mudam com o uso ou o desuso destas. Quando retemos informações que não são utilizadas, as conexões neuronais vão se enfraquecendo até desaparecer. Da mesma forma, quando aprendemos algo novo criamos novas conexões. https://amenteemaravilhosa.com.br/cerebro-elimina-sobra-nao-faz-falta/ 12 Todos aqueles aprendizados que podemos associar a outros conhecimentos ou acontecimentos vitais serão mais facilmente lembrados. O conhecimento sobre a memória aumentou a causa do estudo de casos de pessoascom um tipo de amnésia muito específico. Em particular, ajudou a conhecer melhor a memória de curto prazo e a consolidação da memória declarativa. O famoso caso H.M. reforçou a importância do hipocampo para estabelecer novas lembranças. Em contrapartida, a lembrança das habilidades motoras é controlada pelo cérebro, pelo córtex motor primário e pelos gânglios de base Linguagem e fala A linguagem é uma das habilidades que nos diferencia do resto dos animais. A capacidade de nos comunicar com tanta precisão e a grande quantidade de nuances para expressar pensamentos e sentimentos faz da linguagem nossa ferramenta de comunicação mais rica e útil. Essa característica de exclusividade da nossa espécie estimulou muitas pesquisas a se concentrarem no seu estudo. As conquistas da cultura humana se baseiam, em partes, na linguagem que possibilita uma comunicação precisa. A capacidade linguística depende da integração de várias áreas específicas dos córtices de associação nos lóbulos temporal e frontal. https://amenteemaravilhosa.com.br/5-descobertas-pedagogia-montessori/ 13 Fonte: Fonte: ericasitta.wordpress.com Na maioria das pessoas, as funções primárias da linguagem estão localizadas no hemisfério esquerdo. O hemisfério direito é responsável pelo conteúdo emocional da linguagem. O dano específico de regiões encefálicas pode comprometer funções essenciais da linguagem, podendo causar afasias. As afasias podem apresentar muitas características diferentes, como, por exemplo, dificuldades na articulação, na produção ou na compreensão da linguagem. Tanto a linguagem quanto o pensamento não são sustentados por uma única área concreta, mas sim pela associação de diferentes estruturas. Nosso cérebro trabalha de uma forma tão organizada e complexa que quando pensamos ou falamos, ele realiza múltiplas associações entre áreas. Nossos conhecimentos prévios vão influenciar os novos, em um sistema de retroalimentação. Grandes descobertas em neurociência Descrever todos aqueles estudos de importância na neurociência seria uma tarefa complicada e muito extensa. As seguintes descobertas eliminaram algumas ideias prévias sobre o funcionamento do nosso cérebro e abriram novas vias de https://amenteemaravilhosa.com.br/linguagem-positiva-mais-feliz/ 14 pesquisa. Essa é uma seleção de alguns trabalhos experimentais importantes entre os milhares de estudos existentes: Neurogênese (Eriksson, 1998). Até 1998 acreditava-se que a neurogênese ocorria somente durante o desenvolvimento do sistema nervoso e que depois desse período os neurônios apenas morreriam e não seriam produzidos novos. Mas, após as descobertas de Eriksson, foi possível comprovar que inclusive durante a velhice existe a neurogênese. O cérebro é mais plástico e maleável do que se pensava. Contato na criação e desenvolvimento cognitivo e emocional (Lupien, 2000). Nesse estudo foi demonstrada a importância do contato físico do bebê durante a criação. Aquelas crianças que receberam pouco contato físico são mais vulneráveis a déficits em funções cognitivas que costumam ser afetadas em períodos de depressão ou em situações de grande estresse como a atenção e a memória. Descoberta dos neurônios espelho (Rizzolatti, 2004). A habilidade dos recém- nascidos de imitar gestos motivou o início desse estudo. Foram descobertos os neurônios espelho. Esse tipo de neurônio é ativado quando vemos outra pessoa realizar alguma tarefa. Eles facilitam não somente a imitação, mas também a empatia e, portanto, as relações sociais. Reserva cognitiva (Petersen, 2009). A descoberta da reserva cognitiva tem sido muito relevante nesses últimos anos. Postula que o cérebro possui a capacidade de compensar lesões que sofreu. Diferentes fatores como o período de escolarização, o trabalho realizado, os hábitos de leitura ou a rede social influenciam. Uma grande reserva cognitiva pode compensar os danos ocorridos em doenças como o Alzheimer. https://amenteemaravilhosa.com.br/conheca-neuronios-espelho/ 15 O futuro da neurociência: “Human brain project” Fonte: propmark.com.br O Human Brain Project é um projeto financiado pela União Europeia que tem o objetivo de construir uma infraestrutura baseada nas tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Essa infraestrutura quer fornecer aos cientistas do mundo todo uma base de dados no campo na neurociência. Desenvolve 6 plataformas baseadas nas TIC: Neuroinformática: fornecerá dados de pesquisas científicas no mundo todo. Simulação do cérebro: vai integrar a informação em modelos informáticos unificados para realizar testes que não são possíveis de realizar em pessoas. Computação de alto rendimento: vai proporcionar a tecnologia da supercomputação interativa de que os neurocientistas precisam para a modelagem e a simulação de dados. Computação neuroinformática: vai transformar os modelos do cérebro em uma nova classe de dispositivos “hardware” testando suas aplicações. Neuro-robótica: vai permitir aos pesquisadores em neurociência e indústria experimentar com robôs virtuais controlados por modelos cerebrais desenvolvidos no projeto. 16 Esse projeto começou em outubro de 2013 e tem duração prevista de 10 anos. Os dados coletados nessa enorme base de dados poderão facilitar o trabalho de futuras pesquisas. O avanço das novas tecnologias permite aos cientistas ter um conhecimento mais aprofundado do cérebro, mesmo que a pesquisa básica ainda tenha muitas questões a serem resolvidas nesse apaixonante campo de estudo.2 3 A NEUROCIÊNCIA ENCONTRA VIGOTSKI É primordial buscar correlacionar o que já se sabe há décadas em educação com o que todo o aparato teórico-metodológico da neurociência nos permite, atualmente, conhecer sobre o funcionamento do cérebro Quando o termo “neuroeducação” aparece, seja em revistas, artigos científicos ou nas escolas, é bastante comum que esteja associado à ideia de que descobertas da neurociência possam contribuir para melhorar a educação. É indiscutível que a compreensão dos mecanismos de funcionamento dos processos de ensino e aprendizagem, bem como o aperfeiçoamento das estratégias utilizadas para a sua condução, seja o grande objetivo da união dessas duas áreas do conhecimento. Contudo, acreditar que esse processo seja uma via de mão única, que vai da neurociência para a educação, pode ser um grande equívoco tanto em termos de produção do conhecimento quanto de uma efetivação concreta dessa fusão. Inúmeros pesquisadores em todo o mundo estão se dedicando fortemente aos estudos nessa interface, mesmo que estejamos em um estágio bastante inicial dessa empreitada. Sabemos que ainda estamos bem distantes dos resultados que tanto buscamos, e, nesse sentido, é preciso que se entenda a neuroeducação a partir de uma visão que, de fato, integre esses dois campos de pesquisa, fugindo de simplificações grosseiras ou de ligações totalmente artificiais entre eles. Assim, mais do que forçar o uso de resultados neurocientíficos em processos educacionais, pensamos que seja primordial buscar correlacionar o que já se sabe há décadas em educação com o que todo o aparato teórico-metodológico das neurociências nos permite, atualmente, conhecer sobre o funcionamento do cérebro. Isso porque, se a 2 Texto extraído do link: https://amenteemaravilhosa.com.br/neurociencia-comportamento- mente/ https://amenteemaravilhosa.com.br/6-coisas-tecnologia-nos-roubou/ 17 premissa que acentua a unidade existente entre essas áreas é verdadeira (que, conhecendo melhor os mecanismos cerebrais, seremos capazes de entender melhor como ocorrem os processos de ensino e aprendizagem que, ao final, acontecem no cérebro), diversos conhecimentos produzidos nesses dois campos de pesquisa deverão, em algum momento, convergir. Além disso, qualquer integração, defato, entre duas áreas distintas do conhecimento implica o desenvolvimento de ambas, e não de uma sempre em detrimento da outra. Fonte: blog.adrianalombardo.com Nesse sentido, apresentamos neste texto um exercício teórico na direção dessa integração. O objetivo é fomentar o debate acerca da possibilidade de entender fenômenos conhecidos nas duas áreas aproximando-os, buscando explicitar possíveis relações entre dimensões que, aparentemente, não se relacionam. Nesse caso, abordaremos a interação professor-aluno do ponto de vista do sincronismo cerebral e das considerações feitas pelo psicólogo Lev Vigotski – uma das principais referências teóricas no campo da educação – sobre o conhecido conceito de zona de desenvolvimento proximal. 18 Sincronização cerebral Está cada vez mais claro para a ciência que nosso cérebro evoluiu para as interações sociais. Inúmeros estudos com mamíferos, indo dos pequenos ratinhos aos grandes gorilas, evidenciam que estamos profundamente afetados por nosso ambiente social. Além disso, quanto mais nossa civilização evolui, mais se torna importante o papel das interações entre as pessoas, de modo que os laços sociais são determinantes para o nosso desenvolvimento integral como ser humano. Assim, do ponto de vista científico, nosso bem-estar depende necessariamente de nossas conexões com os outros. Isso acontece porque nossas ações, sentimentos e pensamentos estão intrinsecamente vinculados à linguagem, que nasce e se desenvolve imersa em um mundo social. Com o avanço da neurociência, é possível entendermos cada vez mais os processos cerebrais envolvidos no desenvolvimento e uso da linguagem e suas relações com o pensamento e a comunicação. Contudo, o que ocorre nos cérebros de duas pessoas enquanto elas estão engajadas em uma interação social é muito pouco conhecido. Dois pesquisadores da Universidade da Califórnia, Margaret Wilson e Thomas Wilson, propuseram em 2005 um modelo teórico segundo o qual diversos “osciladores” existentes no cérebro seriam a chave para o processo de interação entre as pessoas. Eles são nada mais que populações de neurônios que apresentam, coletivamente, uma periodicidade, um ritmo em suas atividades. Esses osciladores endógenos já são conhecidos na literatura científica e estão ligados a uma série de processos cognitivos, como a percepção, o controle motor e a atenção. O que os autores fizeram foi estender a ideia de ativação acoplada ou sincronismo neuronal para entender o mecanismo das interações entre os indivíduos. Segundo esses pesquisadores, durante uma interação social (como em um diálogo) vários osciladores no cérebro da pessoa que ouve têm sua frequência de atividade afetada por alguns dos osciladores do cérebro da pessoa que fala. E, nessa interação oscilatória, os dois cérebros se sincronizam. Uma boa metáfora para entender esse processo é a imitação. Quando uma criança imita imediatamente um gesto que alguém está fazendo, ela estaria em perfeita sincronia interativa: o que o outro faz leva a criança a fazer 19 exatamente a mesma coisa justamente por causa da interação entre eles. Note que esse exemplo é metafórico, referindo-se apenas às semelhanças motoras dos gestos. Fonte: epocanegocios.globo.com Para Wilson e Wilson, esse processo é muito mais profundo e apontaria para uma capacidade humana intrínseca de perceber e produzir eventos de maneira sincronizada com outras pessoas em um ambiente social. Essa proposição teórica recentemente tem sido colocada a teste dado o surgimento de uma nova técnica denominada hyperscanning. Ela permite investigar os mecanismos neurais durante as interações sociais em tempo real ao registrar, simultaneamente, as atividades neurais entre múltiplos sujeitos. Isso permite, por exemplo, registrar ao mesmo tempo os cérebros de duas pessoas envolvidas em uma conversa. Essa técnica tem sido aplicada tanto com ressonância magnética funcional (fMRI) quanto com eletroencefalografia (EEG), e os resultados obtidos até o momento têm sido bastante reveladores. Uma pesquisa com EEG revelou uma sincronização na atividade cerebral de dois indivíduos quando eles tocavam guitarra juntos. 20 Outro estudo, de 2016, que comparou o sincronismo neuronal de indivíduos em situações de cooperação ou competição, evidenciou uma sincronização significativamente maior de populações neuronais de determinadas regiões dos cérebros dos participantes quando cooperavam do que quando competiam. Ao se pensar a escola, não há dúvida alguma acerca da influência do ambiente social e suas interações no desenvolvimento da criança. Assim, a necessidade de pesquisas que possam, da maneira mais natural possível, investigar o que ocorre no cérebro dos alunos durante uma aula é fundamental para quem trabalha com neurociência e educação. Em uma pesquisa recente, publicada em abril de 2017, a pesquisadora Suzanne Dikker, da Universidade de Nova York, e colaboradores de outras instituições, como o Instituto de Linguística da Universidade de Utrecht e o Instituto Max Planck, investigaram o sincronismo entre os cérebros de estudantes em uma sala de aula real. Usando um equipamento de EEG portátil, os pesquisadores registraram simultaneamente a atividade cerebral de uma turma de 12 alunos do ensino médio em 11 aulas regulares distribuídas ao longo de um semestre. As medidas foram tomadas enquanto os alunos faziam diferentes atividades escolares, como assistir ao professor explicando um determinado conteúdo, ver vídeos sobre o tema e participarem de discussões em grupo, sempre em aulas de 50 minutos, aproximando-se o máximo possível das condições reais de uma sala de aula. O objetivo principal dos pesquisadores era explorar a hipótese de que a atividade neural sincronizada em um grupo de alunos seria capaz de predizer envolvimento em sala de aula e nas dinâmicas sociais. A ideia era encontrar possíveis marcadores neurais de engajamento social durante interações no ambiente escolar. Os pesquisadores também combinaram a técnica de hyperscanning com autorrelatos dos estudantes com diferentes questionários, sobre como se sentiam ao longo das aulas, como era o professor, qual era a afinidade com os grupos, entre outros. 21 Fonte: www.google.com.br Os resultados são muito interessantes e apontam para profundas discussões futuras. Por exemplo, eles encontraram evidências de que fatores individuais (como foco e traços de personalidade) contribuem fortemente para a sincronia cerebral. Isso implica que o sincronismo é um mecanismo que não ocorre por si só, dependendo unicamente do estímulo que o gera. Eles encontraram também resultados bastante relevantes quando se pensa a sala de aula: a sincronização enquanto o professor falava comparada com o momento em que eles assistiam aos vídeos e quando participavam de discussões em grupo. Como esperado, a maior sincronicidade ocorreu ao se engajarem nas discussões. Mais que isso, tal sincronicidade estava correlacionada com a atenção sustentada desses alunos, revelando que a intencionalidade compartilhada pode ser um suporte para a cognição social em uma variedade de contextos sócio psicológicos. Ao se comparar o professor palestrando com o vídeo, os resultados são reveladores: ainda que houvesse uma variação entre os alunos, a sincronia foi consistentemente maior para quando assistiam ao vídeo do que para as sessões de palestras. Contudo, quanto mais os estudantes avaliavam bem o professor, menor era a diferença de sincronia entre a sessão de vídeo e a de palestra. Por fim, vale ressaltar um último resultado encontrado nessa pesquisa que relaciona o “olho no olho” com o sincronismo cerebral. Ao analisarem os dados ao longo dessas 11 aulas, os pesquisadores descobriram que a interação face a face antes da aula aumentava a sincronia cérebro-cérebro durantea aula. Para os autores, 22 olhar no rosto do outro serviu de “gatilho” para a alocação de recursos envolvidos na interação interpessoal. De maneira sumária, os autores advogam que os estilos de ensino, as diferenças individuais e a própria dinâmica social medeiam a atenção no nível neural. Para eles, esse processo afeta a sincronicidade neural dos estudantes, levando-os a se envolver mais ou menos nas tarefas. Assim, alunos menos engajados apresentam menores níveis de sincronia cérebro-cérebro com o restante do grupo, sugerindo assim que essa sincronização pode ser um marcador sensível para entender e prever as interações em sala de aula. Sendo assim, com base nessas evidências é possível entender os sincronismos desses osciladores endógenos como elementos fundamentais do desenvolvimento cognitivo dos estudantes em um ambiente escolar. Mais que isso, é possível, assim, buscar compreender quais estratégias didáticas podem propiciar maior sincronicidade entre os estudantes e como isso afeta a aprendizagem. A pergunta agora é: como conciliar esses achados com o que já sabemos há décadas com os estudos em educação? Zona de desenvolvimento iminente Quando nos debruçamos sobre as especificidades produzidas pelo campo da educação quanto à constituição e implementação dos processos de ensino e aprendizagem, identificamos uma longa história de aproximações e recuos com as teorias psicológicas sobre desenvolvimento humano. O princípio dessa história, todavia, explicita uma conjuntura de subjugação das práticas pedagógicas a uma espécie de algoz psicológico. Supostamente caberia à psicologia iluminar os passos que deveriam ser dados por professores na seara da atividade docente. Felizmente, a luta pela interrupção dessa conjuntura caminhou a passos largos e produziu avanços produtivos que, certamente, devem ser atribuídos a psicólogos e pedagogos. Por outro lado, e provavelmente em razão dessa subjugação sistemática, em alguns espaços significativos da realidade escolar, muitos educadores continuam e insistem em esperar que outras disciplinas ou campos de conhecimento lhes ofereçam a receita com os passos da realização da atividade pedagógica. 23 Fonte: mastercoachingexecutivo.com.br Neste momento da história, o que notamos é que essa espera muitas vezes toma como fonte os conhecimentos produzidos pela neurociência. E, assim, uma vez mais nos rendemos todos – com mais ou menos intenção – à reprodução de uma circunstância que já sabemos que devemos combater. É uma tragédia denunciada. Se a tomamos por denúncia é porque nos dedicamos ao intuito de alcançar seus determinantes de uma perspectiva genética. E, assim, não podemos nos furtar da tarefa de composição de um anúncio, ou seja, da oferta de possibilidades de superação que, no mínimo, também nos convide a todos a refletir de maneira mais consistente sobre os processos que constituem e definem as atividades de estudo e aprendizagem. Nesse sentido, importa que retomemos a compreensão acerca do vínculo entre psicologia e pedagogia. Partilhamos a convicção teórico-metodológica de que, se esse vínculo for adequadamente compreendido, ele pode esclarecer a unidade que, realmente, constitui as dimensões biológicas, culturais, psicológicas e sociais da educação. Na direção dessa compreensão adequada, devemos resgatar o marco da psicologia soviética que, ainda em 1927, acentuou a interface biologia e cultura na definição dos processos educativos. Não seria, portanto, apressado dizer que Vigotski, o eminente representante dessa escola, esclareceu que, na verdade, os dispositivos neurais nunca estiveram à margem dessa interface. 24 O funcionamento cerebral é, exatamente, a base sobre a qual a cultura se assenta. Ela o transforma. Mas, sem eles, a possibilidade da transformação nem sequer existiria. Para efetivarmos esse resgate, priorizamos a reflexão acerca de um dos conceitos oriundos da psicologia soviética mais disseminados no meio educacional: zona de desenvolvimento proximal. Não é incomum observarmos, seja em espaços de discussão acadêmica, seja no cotidiano de atuação dos professores nas escolas, a identificação da ideia de zona de desenvolvimento proximal com “a gota d’água”, o “clique” ou o “insight” que faltava para que a criança atingisse o nível de aprendizagem necessário estipulado por algum tipo de critério que, usualmente, também não se sabe precisar. Atrelada a essa compreensão, surge a ideia de mediação, definida como a tarefa de apoio, auxílio ou espécie de presença significativa que o professor oferece ficando “entre” o aluno e o conhecimento que ele deve acessar. Anunciamos, pois, que endossamos aqui o entendimento de que essa é uma compreensão equivocada do conceito elaborado por Vigotski. Ao propor essa formulação, o psicólogo russo acentuava a relação entre a aprendizagem já alcançada e aquela que se pretende conquistar com o recurso do processo de instrução. Isso significa que as aprendizagens já consolidadas se vinculam àquelas que ainda podem ser conquistadas. É a compreensão de que “aquilo que pode ser” de alguma forma já está expresso “naquilo que é”. Para a psicologia histórico-cultural, os conhecimentos científicos universalizados pela cultura humana devem ser transmitidos pelos professores na escola porque as funções psíquicas superiores (atenção, pensamento, memória etc.) só se desenvolvem na presença de conhecimentos que as requeiram. 25 Fonte: observador.pt Assim, essas funções essencialmente humanas constituem-se como função da ação consciente e sistematizada de sujeitos competentes. Desse modo, por exemplo, o desenvolvimento da palavra tece bases que avançam e precipitam movimentos cada vez mais elaborados do pensamento. A mediação, portanto, vincula-se ao conceito de zona de desenvolvimento proximal, mas de maneira diferente. Ela constitui-se com o recurso dos signos, objetos eleitos pelo professor, que, por essa razão carregam a universalidade produzida pela cultura e acessam a singularidade dos sujeitos que se desenvolvem. Nesse sentido, não deveríamos falar em zona de desenvolvimento proximal, mas sim em zona de desenvolvimento iminente. Assim, enfatizamos de maneira mais fidedigna a iminência daquilo que deve ser produzido por meio da ação sistematizada e consciente do professor. Possíveis aproximações As evidências científicas que anunciam os processos neurais envolvidos no chamado sincronismo cerebral materializam a unidade acentuada por Vigotski entre os processos culturais e biológicos que marcam o desenvolvimento humano. E acreditamos que a sincronicidade neuronal ocorra justamente dentro da zona de desenvolvimento iminente. 26 Eis, agora, mais uma vez nossa defesa primordial: a prática educativa é o coração dessa unidade. E exatamente por isso cabe a todos nós, que de muitas maneiras lidamos com a educação, o entendimento de que biologia, cultura e interação social são dimensões que a constituem integralmente. Com isso, queremos dizer que, se avançamos na compreensão dos processos que determinam o seu funcionamento biopsicossocial, avançamos também na direção da organização dos procedimentos didáticos que podem conduzir a sua operacionalização de maneira cada vez mais eficiente. Vigotski afirmou que o desenvolvimento segue rumos revolucionários e que o encontro humano é muito mais do que uma interação que influencia nossos modos de agir no mundo. Ele produz, isso sim, transformações genéticas, psiquismos que se desenvolvem conjuntamente porque se conectam materialmente. Ansiamos que essa reflexão assuma os contornos de um convite à compreensão de que aquilo a que nos dedicamos é um fenômeno único, mas multideterminado. Não é uma disputa. Mas carece sempre de que não abramos mão do rigor.3 4 A NEUROCIÊNCIA PODE EXPLICAR O COMPORTAMENTO HUMANO?Nosso cérebro é tão complexo quanto fascinante, com quase 100 bilhões de neurônios interconectados em redes altamente sofisticadas que interagem com células gliais. A neurociência explora a organização e o funcionamento do cérebro (mais amplamente, do sistema nervoso), saudáveis ou doentes, da molécula ao comportamento, e em todas as fases da vida. A janela aberta pela neurociência no autoconhecimento e no comportamento humano gera crescente curiosidade na mídia, e às vezes suscita forte controvérsia. Assim, a neurociência acaba sendo tema de notícias, surgindo inclusive disciplinas como neuroeducação ou neuromarketing, mostrando como o conhecimento que geram tem desenvolvimentos em muitas áreas. As abordagens modernas permitem desvendar os circuitos envolvidos nas várias tarefas, sensações, emoções e até pensamentos. 3 Texto extraído do link: http://www.revistaeducacao.com.br/neurociencia-encontra-vigotski/ 27 Fonte: www.google.com.br Avanços na pesquisa de neurociências revelam que o cérebro codifica o que será feito antes da tomada de consciência e memorização de informações não conhecidas, e isso coloca a questão do livre arbítrio. Esses avanços mostram a extraordinária adaptabilidade do cérebro e a influência do ambiente social e ecológico, do estresse, dieta ou atividade física em seu desenvolvimento, funcionamento e envelhecimento. Os avanços permitem que se considere os modos de educação, saúde e atividade social para melhorar o desempenho cerebral. Mas esse conhecimento não leva a soluções prontas. Assim, por exemplo, a compreensão dos mecanismos cerebrais subjacentes ao aprendizado e seus distúrbios pode esclarecer o campo da educação, que deve ser entendido incluindo a pedagogia, a psicologia, a sociologia, a linguística. A neurociência também alterou nossa visão de certos distúrbios classicamente associados à psiquiatria, que hoje parecem ser verdadeiras neuropatologias ligadas à remodelação anormal de circuitos cerebrais. E tornaram possível desenvolver novas estratégias terapêuticas para várias patologias cerebrais e explorar caminhos para a neuroproteção ou reparação, mas o caminho é longo para poder compreender e curar as doenças do cérebro. Eles também dão uma base para o desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina, cujo objetivo, longe de um cenário de ficção, é recuperar autonomia para pessoas com 28 deficiências importantes, ao capturar e traduzir os sinais cerebrais para o controle, ou levar informações ao cérebro. Certamente a neurociência, em interação com muitas outras disciplinas, permite compreender melhor o cérebro, suas funções e suas patologias, com múltiplas implicações para a sociedade. Mas não têm uma resposta para tudo. Poderá um dia ser criado um cérebro idêntico ao nosso, ou ainda mais poderoso? Diante da mídia e da pressão social para otimizar e curar o cérebro, nossa responsabilidade como neurocientistas não é alimentar a esperança gerada pelo conhecimento desse órgão tão misterioso quanto emocionante, com uma neurociência-ficção. É impossível examinar o inconsciente sob o microscópio! Durante o estudo fisiológico do sistema nervoso, a neurociência une biologia, química, matemática, bioinformática ou neuropsicologia, mas a psicanálise como método é muitas vezes excluída desse campo transdisciplinar. Há quem acredite na neurociência como a esperança de poder transplantar neurônios para recuperar ou curar a degeneração do Alzheimer, destruindo as proteínas amilóides que comprimem os neurônios responsáveis pela doença. Sem prejuízo dessas expectativas, o destino humano, longe de ser apenas exclusivamente biológico, não pode ignorar a fala e a cultura como parte da realidade introduzida pelo significante. Sabemos que o discurso científico sonha em reduzir o fato psíquico a uma secreção neuronal, da forma como o fígado secreta a bile (como esperava La Mettrie, no século XVIII) ou relacionar o desejo com o funcionamento hormonal, quando a sexualidade humana é acima de tudo subordinada a múltiplos determinantes, linguísticos, imaginários e culturais. 29 Fonte: www.carloslegal.com.br A neurociência neutraliza a causalidade psíquica em nome de uma objetividade que evita o estudo da subjetividade resultante das declarações formadas por de ficções, erros e mentiras, sintomáticas do conhecimento inconsciente. Mas o inconsciente não é nem um lugar nem uma substância. A subjetividade não está em nenhuma molécula, nem é provável que se examine o inconsciente ao microscópio, mesmo que seja atômico. Os avanços científicos revelam precisamente o desconhecimento do lugar e da função da linguagem na relação que o homem tem com o impulso, considerado como um eco de uma “fala” no corpo. Como a neurociência é produzida? A que lógica epistemológica ela responde? Em que medida ela obscurece as demandas dos pesquisadores e dos seus financiadores, conscientes dos custos que há por trás do anonimato da tecnologia? Essas perguntas questionam os avanços neoliberais que se vangloriam da objetividade, mas cuja ideologia implícita convida a "tratar os homens como coisas" (Adorno). Afirmar que a epistemologia foi refutada pela neurociência porque identifica as crenças com estados neuronais é resultado de um naturalismo que não consegue encaminhar o fato humano ao seu componente cultural e social, à sua divisão 30 constitutiva entre declaração e enunciação, entre conhecimento e verdade, entre corpo e prazer. Como o correlato neural dos comportamentos não foi demonstrado, o exame das condições para a validade epistemológica das avaliações científicas se revela essencial, tanto para contrariar o frenesi que caracteriza a ação científica, técnica e comercial, como para invalidar a ilusão de conhecimento total do produto. A neurociência não pode reduzir a subjetividade humana a um fenômeno observável sob imagens médicas. A neurociência não está relacionada com o modelo biopolítico das racionalidades científicas voltando-se para a ideologia do poder a favor das aplicações cognitivas em economia, marketing, direito ou inteligência artificial em um contexto “trans- humanista”. Finalmente, se as neurociências permitem alguns avanços, elas não podem resolver todas as questões sem assumir o papel de demiurgo, pois é importante evitar que uma razão totalitária nos leve a uma sociedade de seres cibernéticos incapaz de garantir a dignidade humana. 5 COMO FOI A EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA? A neurociência comportamental é um estudo do sistema nervoso, que pretende desvendar o seu funcionamento, o seu desenvolvimento e as suas alterações. Ele é o principal responsável por coordenar as nossas atividades diárias (tanto voluntárias quanto involuntárias). Contudo, o que essa área tem de relação com o ambiente organizacional e o setor de recursos humanos? Quando trazemos a neurociência comportamental para o ambiente empresarial, podemos notar que o comportamento e o emocional dos funcionários estão sempre em constante mudança. Por isso, entender como acontecem essas modificações de pensamento é importante para compreender a melhor maneira de agir. Assim, é possível criar estratégias de engajamento, interação e motivação entre a equipe. https://etalent.com.br/artigos/segredos-equipe-mais-eficiente/ https://etalent.com.br/artigos/segredos-equipe-mais-eficiente/ 31 Fonte: hugo.org.br Entender o cérebro humano é, sem dúvida, um dos maiores desafios para a ciência. Ele sempre foi alvo de estudos, mas nunca foi tão bem compreendido, por conta de sua tamanha complexidade. Embora esses estudos tenham começado na antiguidade, a neurociência é recente, tendo o seu início em 1970. Desde antes de Cristo, os gregos já estudavam o cérebro humano por meio de simples observações das ações do homem. As pesquisas mais avançadassobre anatomia, realizadas em corpos de pessoas mortas, começaram em peso com a chegada do Renascentismo e do Iluminismo. Contudo, esses descobrimentos ainda eram perpetuados às sombras, pois esses estudos não eram bem-vistos pela igreja. Um grande nome que contribuiu para a evolução da neurociência foi Charles Darwin, pois, como já dissemos, ela estuda as alterações do cérebro e a sua evolução conforme o tempo. Porém, foi só depois da modernidade que a neurociência avançou de forma significativa. O surgimento dos computadores e tecnologias, como Raio-X e tomografias, melhorou, e muito, as pesquisas sobre o cérebro humano, consolidando a neurociência. 32 O que é a neurociência comportamental? A neurociência comportamental é um dos cinco campos dessa área. Ela tem como objetivo estudar o que motiva as nossas ações, quais são as bases e as origens do comportamento e de todas as ações cotidianas. Essa ciência também se preocupa em pesquisar como funciona a nossa memória e a autoconsciência, como formamos a nossa personalidade, como aprendemos e adquirimos conhecimento. A neurociência comportamental tenta entender as nossas ações mais complexas, desde as voluntárias até as involuntárias, descobrindo como o nosso subconsciente influencia nas ações e emoções. Para explicar os motivos do nosso corpo reagir de tal maneira em certa situação, essa ciência se baseia nas terminações nervosas e na estrutura cerebral, por isso, a neurociência comportamental necessita do auxílio de outros campos de estudo, como anatomia e psicologia. 6 QUAL É A RELAÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO COM A NEUROCIÊNCIA? Fonte: osegredo.com.br https://etalent.com.br/artigos/pessoas-de-personalidade-forte/ 33 Nós, seres humanos, conseguimos nos observar e analisar o mundo ao nosso redor: como nos comportamos diante de uma situação, as pessoas que imitamos, o desenvolvimento de uma linguagem, a comunicação e os relacionamentos. Estamos inseridos em uma sociedade com regras e costumes e sentimos, com o passar dos anos, a necessidade do autoconhecimento para lidarmos com as difíceis situações da vida pessoal e também do ambiente de trabalho. Assim, decidimos quais são as regras e valores que seguimos e quais são os que deixamos para trás. Quando trazemos isso para o ambiente de trabalho, um dos exemplos é quando um funcionário é demitido de uma empresa porque não conseguiu se adaptar com a cultura organizacional. Ele tem os seus próprios valores, crenças e costumes, contudo, aquela empresa tem uma visão e uma maneira de agir diferente. Quando procuramos entender como o corpo biológico reage a essas situações, é possível relacionar o autoconhecimento com a neurociência comportamental: as emoções e sentimentos são provenientes do sistema nervoso. Isso porque as emoções são um mecanismo de memória que determina como devemos nos comportar diante de variadas situações. Qual é a relação da neurociência com o aprendizado? Fonte: fundacaotelefonica.org.br Estamos sempre em constante aprendizado – esse é um processo natural do ser humano. A neurociência procura entender a aprendizagem por meio de fatores 34 comportamentais (diferente da psicologia), utilizando aparelhos de ressonância magnética, tomografia e demais instrumentos que permitem a observação do cérebro. A neurociência ajuda a entender a aprendizagem por meio de cinco questões principais: -Emoções: interferem no processo de retenção das informações; -Motivação: necessária para aprender; -Atenção: fundamental para o processo de aprendizagem; -Memória: associação de um conhecimento já adquirido; -Plasticidade cerebral: como o cérebro se modifica ao longo da vida. Qual é a relação da neurociência com o mundo corporativo? Como vimos anteriormente, a neurociência apresenta benefícios para o aprendizado. Quando trazemos isso para o mundo corporativo não é diferente: um funcionário só vai compreender as suas tarefas, cultura e rotina diária se o seu cérebro entender qual é o seu papel dentro da organização e aceitar isso. A neurociência contribui para o desenvolvimento das pessoas dentro das empresas, porque: - Estimula o processo de aprendizagem; - Diminui os níveis de estresse; - Desenvolve bons hábitos; - Desenvolve o espírito de liderança; - Verifica os pontos de melhoria dos setores; Faz com que os profissionais desenvolvam autocontrole e autoconhecimento; Auxilia no processo de recrutamento e seleção; Promove a interação e o engajamento; Fortalece o desenvolvimento de habilidades e competências. Dessa maneira, a área de Recursos Humanos pode se beneficiar da neurociência comportamental para otimizar as estratégias da empresa, tanto na contratação quanto na gestão dos funcionários. Sabendo como os funcionários pensam e reagem a determinadas situações, fica mais fácil lidar com os indivíduos dentro da empresa e também de criar ações de melhoria do clima contínuo, tais como: cursos, palestras, workshops, feiras e encontros de integração. https://etalent.com.br/artigos/por-que-investir-no-treinamento-e-desenvolvimento-da-sua-equipe/ https://etalent.com.br/artigos/por-que-investir-no-treinamento-e-desenvolvimento-da-sua-equipe/ https://etalent.com.br/artigos/automacao-do-recrutamento-e-selecao/ 35 Entendendo a neurociência comportamental, também podemos fazer uma análise mais precisa de nós mesmos, que precisamos estar sempre em busca do autoconhecimento. O ser humano nunca será uma máquina com cálculos perfeitos, mas a neurociência comportamental ajudará a controlar o que fazemos por impulso e também a analisar aspectos da nossa personalidade. A neurociência é um estudo do sistema nervoso que visa compreender o seu funcionamento, desenvolvimento e também as suas constantes alterações. Conhecer- se por meio dela é importante até mesmo para melhorar a sua forma de adquirir conhecimento e guardar informações.4 7 NEUROCIÊNCIA NOS PROGRAMAS DE T&D Fonte: mgracac1.wordpress.com As organizações estão cada vez mais conscientes sobre quão importante é o papel da liderança no desenvolvimento contínuo de todas as suas áreas, e buscam cada vez mais por líderes capacitados que consigam alavancar os resultados por meio das pessoas. Porém, o que acontece hoje, segundo a Crescimentum — que atua desde 2003 no mercado de treinamento e desenvolvimento de líderes — é que poucos profissionais recebem o preparo necessário para assumirem essa posição. 4 Texto extraído do link: https://etalent.com.br/artigos/neurociencia-comportamental- autoconhecimento/ http://www.etalent.com.br/artigos/autoconhecimento-uma-forma-de-potencializar-talentos/ 36 De acordo com pesquisa realizada pelo CCL (Center for Creative Leadership), em 2013, apenas 58% dos líderes foram treinados para enfrentarem esse desafio. Apesar de terem consciência da importância de investirem na formação de seus líderes, quando se trata de comprovar o resultado que será obtido com os treinamentos que atuam na formação de habilidades comportamentais, faltam argumentos e provas concretas. É aqui que entra a Neurociência. Neurociência aplicada ao T&D Fonte: www.ineditacursos.com.br Dominar a arte de liderar pelo exemplo, inspirar e motivar uma equipe são algumas das competências que permitem explorar o potencial máximo dos liderados, mas não são fáceis de serem desenvolvidas. O que poucas pessoas sabem, ou falam, é que a ciência pode ser uma importante aliada nessa evolução. Mais especificamente, as técnicas da Neurociência — estudo do sistema nervoso — que podem e devem ser aplicadas aos programas de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) de líderes empresariais. “É cientificamente comprovado que é possível trabalhar áreas específicas do cérebro que, quando acionadas, desenvolvem características que podem ser fundamentais para liderar com eficiência”,explica Arthur Diniz, sócio-fundador da Crescimentum. Segundo Diniz, o cérebro é dividido em três partes e a principal região para o desenvolvimento das competências de liderança é o córtex pré-frontal ou neocortex. 37 É ele o responsável por várias funções cognitivas de alto nível. Especificamente sobre liderança, é nessa zona cerebral que se formam os propósitos, autoconfiança, controle de humor e das emoções, tomada de decisões, estabelecimento de metas, priorização e planejamento. Os poderes da Neurociência não se restringem em fazer com que o gestor adquira competências de liderança, mas também saiba usar as técnicas para despertar determinados comportamentos nos liderados. Desta forma, é possível potencializar os resultados e o desenvolvimento de todo o time. É essencial educar os líderes sobre a importância de construir relações positivas e de confiança com os liderados Durante os treinamentos, por exemplo, inicialmente é essencial educar os líderes sobre a importância de construir relações positivas e de confiança com os liderados. A Neurociência nos mostra que uma cultura de transparência aumenta o engajamento e as relações positivas de trabalho. Nesse contexto, o papel do profissional de Recursos Humanos, além de ajudar na criação de uma cultura de liderança sólida que incentive a liderança pelo exemplo, é enfatizar a importância da confiança para o desenvolvimento da liderança utilizando como base os argumentos da Neurociência. A confiança também pode ser conquistada por meio de uma comunicação aberta, metas claramente comunicadas e transparência. Líder do futuro executivo e neurociência O Líder do Futuro Executivo é um treinamento ministrado pela Crescimentum há oito anos, voltado para gestores com experiência em cargos de liderança, que utiliza a Neurociência como uma de suas metodologias. Durante o programa, com cinco dias de imersão, os participantes passam por simulações de realidade para avaliarem e desenvolverem seus comportamentos e atitudes, conhecerem seus pontos fortes e seus principais pontos de melhoria, fazendo com que a teoria seja colocada em prática. O treinamento é de alto impacto para que as mudanças comportamentais necessárias a uma boa liderança sejam trabalhadas e efetivas. No processo, os 38 executivos também são acompanhados por coaches, que dão feedbacks constantes a cada atividade. Para finalizar, os líderes saem do treinamento conhecendo seus perfis comportamentais e com um plano de ação completo desenhado. É possível entender como o estudo da Neurociência é aplicado ao treinamento de forma a obter os resultados esperados, por meio dos seguintes apontamentos: 1- O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões quando testa hipóteses. Promover ambientes protegidos, como acontece no treinamento de imersão, em que os participantes se sentem mais à vontade para demonstrarem suas emoções e há mais confiança para aceitarem o desafio de testar hipóteses e verificar seus resultados, é fundamental no campo do desenvolvimento humano. Fonte: blogrh.com.br 2. Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no transcurso de nova experiência de aprendizagem. Situações que reflitam o contexto da vida real, de forma que a informação nova se “ancore” na compreensão anterior faz com que o aprendizado seja maximizado. Se o aprendizado contiver emoção, as chances da experiência se tornar memória de longo prazo aumenta. Durante o treinamento, por exemplo, os participantes são testados a todo o momento, devem saber lidar com suas emoções passando por momentos de tensão, alegria e 39 frustração, bem como receber feedbacks dos instrutores e de outros participantes do curso. 3. A Neurociência comprovou que o cérebro se modifica aos poucos, fisiológica e estruturalmente, como resultado da experiência. Os participantes são encorajados em dinâmicas a aprenderem com os resultados dos seus próprios comportamentos, testarem comportamentos diferentes, investigarem novamente o resultado e fazerem um plano de ação, de como irá aplicar a mudança comportamental que deseja. Comprovando resultados em números Para comprovar a eficácia do uso da Neurociência, utilizada como uma das principais metodologias nos treinamentos da Crescimentum, a empresa avaliou — por meio de sua ferramenta exclusiva Avaliação 360º Estrela da Liderança — mais de 450 profissionais que participaram do programa Líder do Futuro Executivo — entre março de 2013 e setembro de 2014 — e analisou a evolução em diversas competências como: delegar tarefas, desafiar a equipe a se superar, liderar pelo exemplo e inspirar diferentes perfis de profissionais. Os resultados da pesquisa foram obtidos por meio do comparativo da Avaliação 360º realizada antes e após o treinamento. Na avaliação, que é on-line e 100% confidencial, o profissional avaliado recebe informações importantes a respeito de como são percebidas suas competências por líderes, liderados e outros, tais como pares e clientes internos. Essa percepção externa é comparada com a sua auto avaliação. O questionário contempla ações como planejamento, frequência com que dá feedbacks, compartilhamento dos planos e da visão de futuro, delegação de tarefas, capacidade para ouvir os liderados, estímulo ao trabalho em equipe, paciência e autocontrole, reconhecimento das conquistas da equipe, entre outras. De acordo com os dados obtidos, 92% dos participantes melhoraram pelo menos uma ou mais das seis competências consideradas essenciais a um líder de sucesso. Na tabela abaixo estão dados dos comportamentos em que mais pessoas que participaram do treinamento Líder do Futuro Executivo tiveram evolução. “Esses números mostram que utilizar a Neurociência como metodologia nos treinamentos 40 está funcionando e o trabalho que implantamos e desenvolvemos há quase 10 anos está ajudando na prática os executivos a tornarem-se líderes capazes de potencializar resultados”, afirma Arthur Diniz. O executivo lembra que esses comportamentos destacados pelo estudo são os mais importantes no desenvolvimento de lideranças. “O líder que compreende o caminho que a organização terá no futuro sabe desenvolver a equipe por meio de feedbacks efetivos, consegue delegar tarefas de maneira eficiente, dá o exemplo constantemente e adapta sua liderança de acordo com o perfil de cada colaborador. Fonte www.vendamais.com.br Consequentemente, conseguirá explorar o que há de melhor entre os liderados e terá o respeito e admiração dentro da empresa”, completa Diniz. Do total dos participantes da pesquisa desenvolvida pela Crescimentum, 45% são Gerentes. Na sequência, aparecem os cargos de Diretor/CEO/Presidente (12%), Coordenador (12%) e Supervisor (11%). Outras funções somam 20%. No entanto, o conteúdo do treinamento é eficaz para todos os profissionais que já atuam como líderes. “Presidentes de empresas, gestores, coordenadores e 41 supervisores se beneficiam da mesma forma das ferramentas que dispomos e da simulação do ambiente corporativo que proporcionamos”, garante Diniz.5 8 5 DESCOBERTAS DA NEUROCIÊNCIA QUE PODEM MULTIPLICAR SUA PRODUTIVIDADE Seu cérebro é incrível, tem muito mais potencial do que você usa e, eu sei, eu sei…você já escutou isso mil vezes. Mas como colocar esse potencial todo para jogo no dia a dia? Muitas pistas sobre isso têm sido dadas por pesquisas da neurociência. Das inúmeras teorias baseadas em estudos, quero falar hoje das consolidadas. Muitas delas estão descritas no ótimo livro "Como Ter Um Dia Ideal", de Caroline Webb, um compilado de conhecimentos científicos escritos de forma prática e acessível para ajudar as pessoas a produzir mais. Boa parte do que há ali se baseia na simples constatação de que o nosso cérebro opera em dois sistemas — o deliberado, que cuidade tarefas sofisticadas, como equilíbrio emocional, raciocínio e planejamento; e o automático, que filtra tarefas para automatizá-las e criar atalhos para acessar informações e poupar o sistema deliberado. Sobrecarregado, o deliberado torna você menos racional e equilibrado. E ele se sobrecarrega facilmente! Já o sistema automático faz com que você pressuponha muitas coisas e cria linhas cruzadas na comunicação. 5 Texto extraído do link: https://www.crescimentum.com.br/material/neurociencia-nos- programas-de-t-d/ 42 E isso não é especulação. Então por que perder tempo indo atrás de soluções milagrosas quando a ciência traz evidências de como seu cérebro opera? 1 – Você funciona melhor se anotar tudo o que vier à mente em vez de tentar resgatar memórias. Fonte: superintenso.wordpress.com A capacidade de armazenamento do seu cérebro é limitada, e ele gasta energia toda vez que você precisa que ele resgate informações, por mais simples que sejam. Quando isso acontece, sobra menos gás para a realização de tarefas complexas, como resolução de problemas ou aprendizado de conceitos — em Português claro, você funciona de forma menos inteligente. Ao criar um processo claro de captura de informações (listas ideias e atividades em um papel ou um bloco de notas do celular), você poupa seu cérebro de lembrar coisas e permite que foque na execução. Bem mais esperto do que perder horas tentando decorar algo. 2 – Ser monotarefa faz você produzir mais rápido e melhor que executar duas tarefas ao mesmo tempo O tópico anterior já dá uma pista importante sobre como sobrecarregar o cérebro com informações inúteis é um desserviço para a produtividade. Além disso, pesquisas mostram que fazer várias tarefas ao mesmo tempo "alonga o dia": a o fazer duas coisas ao mesmo tempo, você gasta 30% mais tempo e comete o dobro de erros do que fazendo uma de cada vez. Há também o famoso levantamento da Microsoft 43 que constatou a média de 15 minutos para retomar a concentração t otal depois de uma simples interrupção pela chegada de um e-mail. Mais um dado: quando o sistema deliberado do cérebro fica sobrecarregado por fazer várias coisas ao mesmo tempo, o equilíbrio emocional também fica comprometido. Pense na ansiedade e na irritação que você sente quando tenta resolver tudo de uma vez e é interrompido. 3 – Se você fica na defensiva com pessoas e situações, seu cérebro pode dar "tiult". O sistema de defesa do nosso cérebro, parte do modo automático que citei acima, está programado para nos ajudar a vencer situações de risco. Pense num animal ameaçador na selva nos tempos ancestrais e você entenderá que a reação básica será lutar, fugir ou ficar paralisado. E o cérebro ainda funciona assim, mesmo que os perigos que você enfrente no seu dia a dia de trabalho hoje sejam bem mais frugais do que um leão pronto para devorar a sua família. Uma pesquisa da Universidade de Yale mostrou que ser exposto ao estresse negativo afeta o córtex pré-frontal, região responsável por boa parcela do sistema deliberado. Ou seja, sentindo-se ameaçado, você comete mais erros, fica mais impulsivo, pensa pior. Como lidar com isso? Rastreando — e anotando — as "ameaças" mais comuns no seu dia a dia, para trazê-las à consciência e tentar não reagir impensadamente a elas. Ah, sim, a ameaça pode ser um colega que você não topa muito fazendo um comentário corriqueiro sobre seu trabalho. Então, convém se precaver… da sua reação acima do tom a isso! 4 – Ter metas focadas em ganhos é mais efetivo que pensar no que deseja evitar. 44 Fonte: www.encontresuafranquia.com.br As chamadas metas de evitação são aquelas focadas no que você não quer ("quero evitar perder a hora de novo"), enquanto as de aproximação são formuladas de forma positiva, focando no que você deseja no lugar do que tem ("quero acordar no horário e sair com antecedência”). Uma pesquisa conduzida na Universidade de Rochester comprovou que o segundo tipo deixa as pessoas mais propensas à realização. A razão por trás disso é que o sistema de defesa do cérebro é ativado quando remetemos a situações ruins, o que deixa você com menos recursos mentais para realizar qualquer coisa. 5 – Fazer um "ensaio mental" aumenta em mais da metade suas chances de se repetir a boa performance que programou Repassar o texto que vai falar em uma apresentação importante ou em uma conversa com o chefe é mais importante do que se supunha. Visualizar o que deve fazer a seguir é uma técnica bem conhecida no campo dos esportes e que é fetiva porque ativa o cérebro de forma muito semelhante ao que seria a vivência real daquela cena — a semelhança entre o ensaio e o que você executa depois dele fica entre 60 e 90% por cento! A consequência do ensaio bem feito é a criação de caminhos neurais no seu cérebro que aumentam as chances de que a cena de fato se repita na hora H, já que tendemos a reproduzir aquele comportamento já "decodificado" no cérebro. Isso foi 45 comprovado em várias pesquisas e vem sendo amplamente utilizado no universo corporativo. Para aplicar a técnica, a recomendação é iniciar visualizando sucessos do passado, usar a respiração para se manter focado e partir para a visualização da cena com o máximo de detalhes sensoriais possível, do início ao fim.6 6 Texto extraído do link: https://brufioreti.blogosfera.uol.com.br/2017/12/12/5-descobertas-da- neurociencia-que-podem-multiplicar-sua-produtividade/ 46 BIBLIOGRAFIA BARTOSZECK, A. B. Neurociência dos seis primeiros anos: Implicações educacionais. BEAR, Mark F. CONNORS, Barry W. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. BLAKEMORE, S. J.; FRITH, U. O cérebro que aprende. Lisboa: Gradiva, 2009. BRANDÃO, C.R. Sobre teias e tramas de aprender e ensinar- anotações a respeito de uma antropologia da educação. Revista da Faculdade de Educação UFG, jul./dez. 2002 CAIXETA, L. Teoria da Mente: Uma Revisão com Enfoque na sua Incorporação pela Psicologia Médica. CARDOSO, S. H. Memória: o Que é e Como Melhorá-la. CARTER, R. O livro de ouro da mente. O funcionamento e os mistérios do cérebro humano. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro Publicações S.A., 2003. CUBERO, L. N. & LARROSA, J. La vida emocional, las emociones y la formación de la identidad human. Barcelona: Editorial Ariel. pp. 23-70. CUNHA, Claudio da. Introdução a Neurociência. São Paulo: Átomo, 2011. GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998. LENT, R. 2002. Cem Bilhões de Neurônios. Conceitos Fundamentais de Neurociência. Edited by Atheneu. Stern, Y. (2009). Cognitive reserve. Neuropsychologia, 47(10), 2015–2028. doi:10.1016/j.neuropsychologia.2009.03.004 VENTURA, Dora F. Um Retrato da Área de Neurociência e Comportamento no Brasil. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2012, Vol 26 nº especial. VYGOTSKY, L.S. (1988). A formação social da mente. 2° ed. brasileira. São Paulo, Martins Fontes. 47 VYGOTSKY, L.S. (1987). Pensamento e linguagem. 1° ed. brasileira. São Paulo, Martins Fontes.
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