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CURSO DE FARMÁCIA ATIVIDADE ORIENTADA VIII A | MÓDULO MICROBIOLOGIA Letícia Guedes Morais Gonzaga de Souza 15/02/2022 CASO 4 João, 75 anos de idade, apresentava hiperplasia prostática benigna. Há duas semanas apresentou um episódio de obstrução urinária com retenção, decorrente do aumento prostático, sendo necessário cateterismo da bexiga. Há 3 dias ele foi submetido a uma ressecção transuretral da próstata com colocação de um cateter vesical de longa permanência ligado a um sistema de drenagem fechado. Dois dias após a cirurgia teve febre de 38ºC e no terceiro dia apresentou-se confuso, desorientado, tendo calafrios, tremores e redução do volume urinário. Ao exame clínico a temperatura era de 39ºC, o pulso de 120/minuto e a respiração de 24/minuto, com pressão arterial de 80/40 mmHg. O paciente soube dizer seu nome, mas mostrou-se desorientado quanto ao tempo e ao espaço. O coração, pulmões e o abdome estavam normais, sendo constatada ligeira hipersensibilidade costovertebral sobre a região do rim esquerdo. O hemograma apresentou 18.000 leucócitos/mm3, com 85% de PMN. Os níveis sanguíneos de ureia, creatinina, glicose e eletrólitos estavam normais. O sedimento urinário apresentou numerosos piócitos, alguns eritrócitos e numerosas bactérias, indicando infecção do trato urinário. A cultura da urina produziu 105 UFC/mL de Klebsiella pneumoniae, confirmando a infecção do trato urinário. Na hemocultura houve o crescimento de K. pneumoniae, que se mostrou suscetível às cefalosporinas de terceira geração, gentamicina e tobramicina. O paciente foi tratado com medicamentos vasoativos para normalizar a pressão arterial, recebeu soro e ceftriaxona endovenosa, fez a retirada da sonda e obteve boa melhora. QUESTÕES 1. Qual é o diagnóstico do paciente e a provável origem da infecção? Infecção do Trato Urinário Alto (ITU) – pielonefrite -, com acompanhamento de sepse. Possivelmente, a infecção se iniciou no trato urinário baixo e alcançou o rim pela via ascendente. Ademais, suspeita-se que a infecção teve origem durante a cirurgia para colocação do cateter vesical de longa permanência ligado a um sistema de drenagem fechado (seja no momento da inserção do cateter, através da luz do cateter ou por meio da interface mucosa- cateter), sendo que já havia predisposição do paciente a desenvolver ITU devido a hiperplasia prostática benigna (ANVISA, 2013a). 2. O que justifica a hipersensibilidade costovertebral sobre a região do rim esquerdo? Quando há pielonefrite, cálculos ou obstrução do trato urinário, é comum o sinal de Giordano positivo (hipersensibilidade do ângulo costovertebral acima do rim). Causado pela distensão da capsula renal e/ou obstrução urinaria aguda (ANUJA P. SHAH; DAVID GEFFEN, 2019; SILVA et al., 2021). 3. Por que o paciente não apresentou queixa de disúria, polaciúria e urgência miccional? A disúria, polaciúria e urgência miccional são manifestações clínicas características da infecção do trato urinário baixo. O paciente em questão apresenta pielonefrite aguda, onde os achados clínicos mais comuns incluem febre (sinal de complicação), náusea, calafrios, vômito, insuficiência renal, hipertensão, problemas cardiovasculares, edema de face e dor no flanco (sinal de Giordano positivo) (ANVISA, 2013a). Ademais, devido a presença do cateter vesical, o paciente pode não ter estado consciente das suas necessidades fisiológicas, dispensando assim os sintomas relacionados à micção. 4. Como foi feita a coleta, a cultura e a identificação do microorganismo isolado na urina? Quais meios foram usados? COLETA 1. Higienizar as mãos; 2. Esvaziar a sonda e bolsa coletora de urina; 3. Clampear o circuito coletor abaixo do nível da porta de amostra por quinze a trinta minutos; 4. Calçar luvas estéril e realizar assepsia da porta de amostra com gaze e álcool 70%; 5. Inserir a agulha com a seringa na porta de amostra e aspirar quantidade de urina suficiente; 6. Transferir a amostra para o recipiente estéril; 7. Descartar a agulha e a seringa na caixa de perfurocortante; 8. Remover o clamp do circuito coletor; 9. Fazer a identificação no frasco do exame com nome, leito, número do prontuário, unidade de internação e data; 10. Encaminhar o material, devidamente protocolado ao laboratório (GARCIA et al., 2016). CULTURA, MEIOS E IDENTIFICAÇÃO DO MICRORGANISMO Inicialmente, faz-se a microscopia pelo método de Gram. Em seguida, faz-se semeadura quantitativa em placa de ágar sangue a 5% ou CLED (crescimento de bactérias gram positivo e negativo), ágar MacConkey (meio seletivo para gram negativo) ou meio cromogênico (identificação presuntiva da bactéria). As placas são incubadas em estufa de 35 a 37ºC por 18 a 24 horas (se não houver crescimento, incubar por mãos 18 a 24 horas e relacionar aos achados na microscopia do gram). Assim, confirma-se que o patógeno em questão é gram negativo. A identificação do patógeno é feita a partir da morfologia e pigmentação das colônias, exame microscópico e testes bioquímicos. Os testes bioquímicos incluem: gás glicose, arabinose, lactose, maltose, manitol, sorbitol, sacarose, trealose, citrato, malonato, vermelho de metila, Voges-Proskauer, redução de nitrato, hidrolise de gelatina, produção de H2S, indol, lisina, urease, fenilalanina e motilidade. Sabendo que a bactéria encontrada foi K. pneumoniae, os testes bioquímicos, que premitiram a confirmação do agente etiológico, tiveram os seguintes resultados (ANVISA, 2013b; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017): Arabinose: positivo Citrato: positivo Fenilalanina: negativo Gás glicose: positivo Hidrolise de gelatina: variável Indol: variável Lactose: positivo Lisina: negativo Malonato: positivo Maltose: positivo Manitol: positivo Motilidade: negativo Produção de H2S: negativo Redução de nitrato: positivo Sacarose: positivo Sorbitol: positivo Trealose: positivo Urease: negativo Vermelho de metila: negativo Voges-Proskauer: positivo 5. Como foi feita a cultura e identificação do micro-organismo isolado no sangue? Quais meios foram usados? A grande maioria dos laboratórios realizam o método manual, que consiste em: A partir dos resultados obtidos na hemocultura, faz-se a tríade de microscopia, análise das colônias e testes bioquímicos para determinação do agente etiológico (ANVISA, 2013c; ELIZA HIZURU UEMURA; LABORCLIN, 2019). REFERÊNCIAS ANUJA P. SHAH; DAVID GEFFEN. Avaliação do paciente urológico - Distúrbios geniturinários. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/distúrbios- geniturinários/abordagem-ao-paciente-geniturinário/avaliação-do-paciente-urológico>. Acesso em: 15 fev. 2022. ANVISA. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada á Assistência á Saúde | Módulo 3: Principais Síndromes Infecciosas. Agência Nacional De Vigilância Sanitária, v. 9, p. 1–150, 2013a. Disponível em: <https://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipamentos_labor atorio_microbiologia.pdf>. ANVISA. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde | Módulo 6: Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica. Agência Nacional De Vigilância Sanitária, v. 9, p. 1–150, 2013b. Disponível em: <https://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipamentos_labor atorio_microbiologia.pdf>. ANVISA. Microbiologia Clínica Para O Controle De Infecções Relacionada À Assistencia À Sáude | Módulo 4: Procedimentos Laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica e laudo final. Agência Nacional de Vigilancia Sanitaria, v. 9, p. 100, 2013c. ELIZA HIZURU UEMURA; LABORCLIN. Hemocult. Disponível em: <https://www.laborclin.com.br/wp- content/uploads/2019/05/hemocult_530133_530135_530138_530141.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2022. GARCIA, Anna Frigeri et al. Coleta de Urina para Exames. . Rio de Janeiro:Hospital Universitário Gaffrée Guinie (Unirio). , 2016 SILVA, Aureliana Barboza Da et al. Protocolo - Diagnóstico e conduta na infecção do trato urinário na gestação. UFPA - Hospital Universitário Lauro Wanderley. João Pessoa: UFPA. , 2021 TORTORA, Gerard; FUNKE, Berdell; CASE, Christine. Microbiologia. 12a ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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