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Casca de Sururu como Fonte de Cálcio e Magnésio na Cultura do Rabanete

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DANIEL DINIZ MARTINS 
 
 
 
 
 
CASCA DE SURURU COMO ALTERNATIVA DE CORREÇÃO DO pH NO SOLO E 
FONTE DE CÁLCIO E MAGNÉSIO NA CULTURA DO RABANETE 
AGROECOLÓGICO 
 
 
 
 
 
 
 
ARAPIRACA – AL 
2018 
 
 
 
DANIEL DINIZ MARTINS 
 
 
 
 
CASCA DE SURURU COMO ALTERNATIVA DE CORREÇÃO DO pH NO SOLO E 
FONTE DE CÁLCIO E MAGNÉSIO NA CULTURA DO RABANETE 
AGROECOLÓGICO 
 
 
 
Dissertação de mestrado apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em Agricultura e 
Ambiente, da Universidade Federal de Alagoas, 
como requisito parcial para obtenção do grau 
de Mestre em Agricultura e Ambiente. 
Orientador Prof.º Dr. Wander Gustavo Botero 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARAPIRACA- AL 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 A DEUS, pela vida, e a oportunidade de me tornar um ser humano melhor, 
após concluir mais uma etapa da vida profissional, o que traz muita alegria e 
realizações. 
A minha família, em nome dos meus pais Maria Diniz Martins e José Edler 
Martins o meu irmão Maxsuel Diniz e minha noiva Wanderlúcia Santana, por todo 
amor, carinho, amizade e respeito dedicado durante todos os momentos felizes e 
difíceis que exigiram de todos nós muita fé e união. 
À Universidade Federal de Alagoas e ao Programa de Pós-Graduação em 
Agricultura e Ambiente, pela oportunidade concedida para a realização do mestrado. 
Ao Professor Wander Gustavo Botero, meu orientador, onde encontrei apoio, 
e orientação em momentos de tomada de decisão durante a pesquisa desenvolvida. 
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas FAPEAL pela 
concessão de bolsa de estudos. 
Aos meus colegas pelos momentos de alegria, estudo e trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco; 
 à medida que vamos adquirindo conhecimentos, 
 instala-se a dúvida” 
 
Johann Wolfgang Von Goethe 
(Escritor Alemão) 
 
 
 
RESUMO 
 
Com a crescente degradação ambiental provocada pelo uso irracional dos recursos 
naturais e pelo descarte excessivo de resíduos, torna-se necessária a busca por 
novas alternativas que busquem minimizar os impactos ambientais gerados. A 
extração e beneficiamento do sururu em Alagoas é o meio de sobrevivência de 
milhares de pessoas que retiram desse molusco o sustento de suas famílias, por 
outro lado, os resíduos produzidos durante esse processo correspondem a cerca de 
80% de tudo o que foi extraído, o que acaba causando impacto ambiental devido ao 
seu descarte irregular, representando um desperdício de matéria prima. A 
constituição principal da casca de sururu é o carbonato de cálcio (CaCO3), que é 
usado na indústria e na agricultura. Na agricultura o cálcio possui funções vitais na 
planta e no solo. Objetivou-se, com a realização deste trabalho, avaliar o uso de 
doses de cascas de sururu moídas como fonte de cálcio e magnésio na produção de 
rabanete agroecológico. Avaliaram-se os teores de cálcio e magnésio presentes na 
constituição da casca de sururu por espectrometria de emissão atômica por plasma 
de micro-ondas. Os resíduos de pó de casca de sururu foram misturados ao solo por 
um período de incubação de 19 dias, nas doses de 0; 2,5; 5 e 10 t ha-1. Para a 
obtenção dos dados biométricos na cultura do rabanete utilizou-se o delineamento 
inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições. Avaliando-se o 
índice de cor verde (Índice SPAD), área foliar, altura média das plantas, diâmetro da 
intersecção caule folha, diâmetro da raiz, comprimento da raiz comercial e total, 
número de folhas, peso fresco das folhas, produtividade das raízes comerciais, 
produtividade das raízes não comerciais, matéria seca da parte aérea, matéria seca 
da raiz, relação matéria seca, matéria fresca da parte aérea e da raiz e matéria 
fresca e seca total. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância com o 
uso do teste F e de Tukey a (5%) para comparação das médias e análise de 
regressão, ajustando-se a equação em função das doses de aplicadas. Os resíduos 
avaliados possuem elevado potencial de fornecimento de cálcio e magnésio, no solo 
a casca de sururu promoveu o aumento do pH,e as plantas submetidas à dose 10 t 
ha-1 de pó de casca de sururu apresentaram maior qualidade agronômica. Podendo 
ser recomendado para elevar o pH solo e na melhoria da produtividade agrícola nos 
cultivos de rabanete agroecológico. 
 
Palavras-Chave: Raphanus sativus. Reciclagem. Carbonato de cálcio. Mytella 
falcata. Residuos. Rabanete. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
With the increasing environmental degradation caused by the irrational use of natural 
resources and the excessive waste disposal, it is necessary to search for new 
alternatives that seek to minimize the environmental impacts generated. The 
extraction and processing of the sururu in Alagoas is the means of survival of 
thousands of people who extract from their mollusc the sustenance of their families, 
on the other hand, the residues produced during this process correspond to about 
80% of everything that was extracted, which ends up causing environmental impact 
due to its irregular disposal, representing a waste of raw material. The main 
constituent of the sururu bark is calcium carbonate (CaCO3), which is used in 
industry and agriculture. In agriculture, calcium has vital functions in the plant and 
soil. The objective of this work was to evaluate the use of doses of sururu husks 
ground as a source of calcium and magnesium in the production of agroecological 
radish. The calcium and magnesium contents present in the shell of sururu were 
evaluated by microwave plasma atomic emission spectrometry. Residues of sururu 
bark powder were mixed to the soil for an incubation period of 19 days, at the doses 
of 0; 2.5; 5 and 10 t ha-1. A completely randomized design with four treatments and 
five replicates was used to obtain the biometric data in the radish culture. It was 
evaluated the green color index (SPAD index), leaf area, mean height of plants, 
diameter of leaf stem intersection, root diameter, commercial and total root length, 
leaf number, fresh leaf weight, root productivity root dry matter, dry matter ratio, fresh 
matter of shoot and root, and fresh and total dry matter. The data were submitted to 
analysis of variance using the F test and Tukey a (5%) for comparison of the means 
and regression analysis, adjusting the equation as a function of the applied doses. 
The evaluated residues have a high calcium and magnesium supply potential; in the 
soil the sururu bark promoted the increase of pH, and the plants submitted to the 10 t 
ha-1 dose of sururu bark powder presented higher agronomic quality. It can be 
recommended to raise soil pH and improve agricultural productivity in agroecological 
radish crops. 
 
Keywords: Raphanus sativus. Recycling. Calcium carbonate. Mytella falcata. Waste. 
Radish. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1- Sururu (Mytella falcata) após pesca e limpeza .......................................... 24 
Figura 2- Base cartográfica com a localização do Complexo estuarino Lagunar 
Mundaú-Manguaba – CELMM em Alagoas. ............................................................. 37 
Figura 3- Moinho de martelos com peneira de 1mm utilizado para obtenção do pó 
fino utilizado nas análises e na incorporação ao solo. Casca de sururu a ser triturada 
(A), Trituração da primeira parte das amostras (B), Trituração da segunda parte das 
amostras (C) e Trituração final (D). ........................................................................... 38 
Figura 4- Precipitação, temperatura e umidade para o período de julho a setembro 
de 2017 no município de Arapiraca, região Agreste de Alagoas ...............................39 
Figura 5- Solo incorporado com pó da casca de sururu por um período de 19 dias 
antes da implantação da cultura do rabanete............................................................ 41 
Figura 6- Análise final aos 33 DAS no laboratório de Fisiologia Vegetal UFAL ........ 43 
Figura 7- Separação da parte aérea da raiz comercial do rabanete ......................... 43 
Figura 8- Estufa de circulação forcada de ar para determinação da matéria seca da 
raiz e parte aérea da cultura do rabanete ................................................................. 44 
Figura 9- pH do solo em água (A), teor de cálcio (B), teor de magnésio (C) e soma 
de cálcio e magnésio (D) em função de diferentes doses de pó de casca de sururu.
 .................................................................................................................................. 49 
Figura 10- Produção de matéria fresca de rabanete submetido a diferentes doses de 
pó de casca de sururu ............................................................................................... 50 
Figura 11- Produção de matéria seca de rabanete submetido a diferentes doses de 
pó de casca de sururu. .............................................................................................. 51 
Figura 12- Produção de matéria seca de rabanete submetido a diferentes doses de 
pó de casca de sururu.. ............................................................................................. 52 
Figura 13- Crescimento em altura (cm) de rabanete, cultivados em vasos, em função 
de datas de avaliação e quatro doses de pó de casca de sururu: 0,0 t ha-1 dose (A), 
2,5 t ha-1 dose (B), 5,0 t ha-1 dose (C), 10,0 t ha-1 dose (D) ...................................... 53 
Figura 14- Peso fresco de raiz comercial de rabanete, cultivados em vasos, em 
função de quatro doses de pó de casa de sururu ..................................................... 57 
Figura 15- Produção de matéria fresca das raízes comerciais de rabanete, 
cultivados em vasos, em função de quatro doses de pó de casa de sururu ............. 59 
 
 
Figura 16- Relação matéria seca e fresca RS/F da raiz de rabanete submetido a 
diferentes doses de pó de casca de sururu ............................................................... 60 
Figura 17- Matéria fresca total de plantas rabanete submetido a diferentes doses de 
pó de casca de sururu. .............................................................................................. 62 
Figura 18- Matéria seca total de plantas rabanete submetido a diferentes doses de 
pó de casca de sururu. .............................................................................................. 62 
Figura 19- Área foliar de plantas de rabanete, cultivados em vasos, em função de 
quatro doses de pó de casca de sururu. ................................................................... 63 
Figura 20- Índice SPAD de rabanete, cultivado em vasos, em função de épocas de 
avaliação e doses de pó de casca de sururu: (0,0 t ha-1) dose A, (2,5 t ha-1) dose B, 
(5,0 t ha-1) dose C, (10,0 t ha-1) dose D ..................................................................... 67 
Figura 21- Diâmetro da interseção caule folha em (cm) de rabanete, cultivados em 
vasos, em função de épocas de avaliação e de quatro doses de pó de casca de 
sururu ........................................................................................................................ 69 
Figura 22- Número de folhas de rabanete, cultivado em vasos, em função de épocas 
de avaliação e quatro doses de pó de casca de sururu ........................................... 70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1- Níveis nos tecidos de elementos essenciais requeridos pela maioria das 
plantas. ...................................................................................................................... 18 
Tabela 2- Análise química do solo utilizado no experimento ................................... 40 
Tabela 3- Teor de cálcio e magnésio presentes nas amostras de casca de sururu..46 
Tabela 4- Diâmetro da raiz, comprimento da raiz comercial e comprimento da raiz 
total do rabanete submetido a diferentes doses de pó de casca de sururu .............. 71 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 
2 2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16 
2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................ 16 
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 16 
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 17 
3.1 Caracterização do Solo ..................................................................................... 17 
3.2 Caracterização dos solos brasileiros .............................................................. 19 
3.3 Uso de resíduos na agricultura ........................................................................ 21 
3.4 O sururu (Mytella falcata) ................................................................................. 23 
3.5 Descarte indevido das cascas de molusco, um problema ambiental........... 26 
3.6 Casca de sururu como fonte de cálcio e magnésio ....................................... 27 
3.7 Cálcio nas plantas ............................................................................................. 28 
3.8 Cálcio no sistema radicular .............................................................................. 30 
3.9 Magnésio nas Plantas ....................................................................................... 31 
3.10 Magnésio no sistema radicular ...................................................................... 32 
3.11 Considerações gerais sobre a cultura de rabanete ..................................... 33 
3.12 Agricultura agroecologica .............................................................................. 36 
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 37 
4.1 Obtenção, preparo e beneficiamento das cascas de sururu ......................... 37 
4.2 Incubação do solo com pó de casca de sururu e implantação da cultura do 
rabanete ................................................................................................................... 39 
4.3 Características avaliadas .................................................................................. 41 
4.3.1 Determinação do índice de cor verde (Índice SPAD) ....................................... 41 
4.3.2 Área foliar ......................................................................................................... 42 
4.3.3 Altura média das plantas (ATL) ........................................................................ 42 
4.3.4 Diâmetro da intersecção caule folha ................................................................ 42 
 
 
4.3.5 Diâmetro da raiz ............................................................................................... 42 
4.3.6 Comprimento da raiz comercial e total ............................................................. 42 
4.3.7 Número de folhas (NF) ..................................................................................... 43 
4.3.8 Peso Fresco das folhas .................................................................................... 43 
4.3.9 Produtividade das raízes comerciais ................................................................ 43 
4.3.10 Produtividade das raízes não comerciais ....................................................... 44 
4.3.11 Matériaseca da parte aérea ........................................................................... 44 
4.3.12 Matéria seca da raiz. ...................................................................................... 45 
4.3.13 Relação matéria seca e matéria fresca da parte aérea e da raiz ................... 45 
4.4 Análise estatística ............................................................................................. 45 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 46 
5.1 Caracterização química dos teores de Cálcio e Magnésio da casca ............ 48 
5.2 pH do solo, teores de cálcio e magnésio e soma (cálcio + magnésio) ........ 48 
5.3 Produções de matéria fresca, matéria seca e a relação matéria seca e 
fresca RS/v da parte aérea do rabanete .................................................................. 50 
5.4 Altura média de plantas de rabanete ............................................................... 52 
5.5 Produção comercial de raízes de rabanete ..................................................... 55 
5.6 Produção de matéria seca e relação matéria seca e fresca das raízes do 
Rabanete .................................................................................................................. 59 
5.7 Produção de matéria fresca e seca total ......................................................... 61 
5.8 Área foliar total .................................................................................................. 63 
5.9 Avaliação do índice SPAD ................................................................................ 65 
5.10 Diâmetro da interseção de caule e folha do rabanete .................................. 68 
5.11 Número de folhas ............................................................................................ 69 
5.12 Diâmetro de raiz, comprimento de raiz comercial e comprimento total da 
raiz do rabanete ....................................................................................................... 70 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 73 
 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74
13 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Na atualidade, a busca por fontes alternativas de macronutrientes têm 
ganhado destaque no mundo científico. A quantidade de materiais descartados no 
processo produtivo vem se tornando um problema global e crescente. Os esforços 
para minimizar esses impactos ainda não são capazes de atender uma quantidade 
elevada de fontes poluidoras na agricultura, na mineração, na pesca e na indústria, 
que descartam resíduos muitas vezes de forma criminosa no ambiente, provocando 
danos, em alguns casos irreversíveis (PETRIELLI, 2008; BARBOSA, 2009; 
MONACO et al., 2015). 
As questões ligadas à preservação ambiental têm ganhado relevância nos 
últimos anos, tanto no campo científico quanto industrial. A reciclagem é entendida 
como a reutilização de resíduo de um processo, e é a prática mais utilizada em 
países onde as matérias-primas têm aspectos estratégicos e as técnicas de descarte 
de resíduos sólidos apresentam custos econômicos consideráveis (HAMESTER, et 
al., 2010). 
A elevada quantidade de resíduos oriundos do setor pesqueiro representa um 
sério problema ambiental. A preocupação com o estoque e manejo desses resíduos 
os quais ocupam áreas de descarga cada vez maiores, gerando inconvenientes 
ecológicos, é recorrente entre os pesquisadores da área. Nesse contexto, as 
atividades agrícolas apresentam reais possibilidades de reciclagem e integração 
desses subprodutos produzidos pelo setor, desde que os mesmos apresentem 
características corretivas (EMBRAPA, 2006; KWON, et al. 2004; ROCHA, et al., 
2004; NASCIMENTO et al, 2014; SANTOS et al., 2017). 
A aplicação de resíduo na agricultura vem se tornando uma alternativa 
atraente devido aos elevados custo de aquisição dos adubos químicos sintéticos, 
pelos impactos ambientais causados durante seu processo produtivo. Vantagens 
agronômicas e econômicas da aplicação de resíduos no campo, somando-se as 
questões relacionadas à sustentabilidade ambiental, reciclagem e preservação das 
jazidas que fornecem os minérios utilizados na fabricação dos adubos químicos 
sintéticos (NASCIMENTO, 2014). 
Com o alto custo financeiro e ambiental para a produção de adubos químicos 
sintéticos, se faz necessária a busca por novas fontes de cálcio e magnésio, e a 
substituição do calcário, por resíduos alternativos na correção da acidez do solo 
14 
 
 
 
torna-se uma opção interessante, já que possibilita seu descarte harmônico no meio 
ambiente, além de economia e preservação ambiental com a diminuição na extração 
e uso do calcário sintético industrializado (EMBRAPA, 2006). 
O sururu (Mytella falcata) é um molusco lamelibrânquio e bivalente da família 
Mytilidae, distribuído na América Latina, e encontrado no litoral do Atlântico e do 
Pacífico. Na natureza serve de alimento para peixes, aves e para o homem são 
explorados na gastronomia ou como fonte de renda para os pescadores. Esse 
molusco encontra-se presente na história, na cultura e gastronomia de Alagoas de 
forma marcante contada em verso e prosa. Em Alagoas o sururu é um molusco 
nativo do complexo estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba, que forma com o mar a 
restinga, onde se proliferam nas partes mais rasas da lagoa em colônias numerosas, 
por outro lado, como qualquer setor produtivo apresenta impactos negativos, como a 
degradação ambiental. Além disso, de tudo que é produzido cerca de 20%, de fato, 
é usado na alimentação, o restante é descartado em forma de casca, em aterros 
sanitários, na lagoa ou em terrenos baldios, provocando sérios transtornos às 
comunidades vizinhas que sofrem com moscas, odores e aspecto visual 
desagradável (SILVA, 2009; TENÓRIO et al., 2014; SANTOS et al., 2017). 
O cálcio e o magnésio são os principais constituintes da casca de sururu e é 
considerado como matéria prima para diversos produtos na indústria e na 
agricultura. Na agricultura possuem funções vitais. Na planta os íons de cálcio são 
usados para a síntese de novas paredes celulares, no fuso mitótico durante a 
divisão celular, no funcionamento normal das membranas vegetais e como 
mensageiro secundário. Já os íons de magnésio participam da ativação das 
enzimas envolvidas na respiração, na fotossíntese e na síntese de DNA e RNA. No 
solo o cálcio e o magnésio apresentam funções relacionados à melhoria da 
fertilidade, aumento do pH e redução da presença Alumínio em nível tóxico no solo, 
elevando assim a produtividade das culturas agrícolas (SILVA, 2009; TENÓRIO et 
al., 2014; TAIZ, et al., 2017). 
Para obtenção de altas produtividades agrícolas se faz necessária a elevação 
do pH e a redução da acidez do solo, condições normalmente associada à presença 
alumínio e Manganês trocáveis em concentrações tóxicas, o que representam um 
fator limitante ao crescimento e estabelecimento dos vegetais, causado 
principalmente pela baixa disponibilidade de cátions de caráter básico, para 
15 
 
 
 
amenizar os impactos negativos, utilizam-se fontes de cálcio e magnésio com a 
finalidade de neutralizar a acidez e minimizar o Al+3 e Mn tóxicos, além de suprir a 
planta com Ca2+ e Mg2+ (MONACO et al., 2015). 
 O beneficiamento das cascas de sururu surge como fonte alternativa de 
cálcio e magnésio para as culturas agrícola em substituição as fontes de cálcio e 
magnésio comerciais, resultando em uma fonte tecnologicamente viável desses 
nutrientes (PETRIELLI, 2008). 
O uso de casca de sururu nas unidades de produção agroecológica de 
hortaliças pode ser considerado uma alternativa de elevado impacto na 
produtividade dos cultivos agrícolas e na conservação do solo, na qual faz uma 
relação direta com produtos produzidos em condiçõesnaturais. Baseando-se na 
agroecológia e na conservação dos recursos naturais existentes (MARTINS, 2008). 
O rabanete (Raphanus sativus) é uma olerícola de pequeno porte pertencente 
à família brassicaceae, apresenta raiz comestível, caracterizada por ser carnuda, 
com formato globular, ovóide ou alongado. O seu desenvolvimento radicular se dar 
nas camadas superficiais do solo, e por sua vez são influenciados pelas condições 
físicas e hídricas presentes no solo A cultura do rabanete necessita de solos férteis 
e com grande disponibilidade de nutrientes dentre eles o cálcio e o magnésio já em 
sua implantação, pois, dificilmente consegue-se corrigir deficiências nutricionais 
durante o seu curto ciclo (FILGUEIRA, 2008; CAETANO et al., 2015). 
Desta forma, buscou-se testar e caracterizar os teores de cálcio e magnésio 
presentes nas cascas de sururu com a finalidade de reduz os impactos ambientais 
gerados pelo seu descarte, com também avaliar seu efeito através de diferentes 
doses de pó de casca de sururu no solo com a finalidade de elevar do pH e na 
planta como fonte de cálcio e magnésio na cultura do rabanete. Permitindo o melhor 
aproveitamento desse material considerado como resíduo na agricultura, sobretudo 
devido aos poucos estudos científicos existentes, que permitam um destino 
adequando desse subproduto. 
 
 
 
 
16 
 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo geral 
Avaliar o reaproveitamento dos resíduos de cascas de sururu em diferentes 
dosagens, como fonte alternativa de cálcio e magnésio na produção do rabanete 
agroecológico e na correção do pH do solo. 
 
2.2 Específicos: 
a) Avaliar e testar doses da farinha obtida das cascas de sururu como fonte 
alternativa de cálcio e magnésio a ser aplicado na cultura do rabanete; 
b) Caracterizar os macronutriente Ca2+ e Mg2+ presentes na casca do sururu; 
c) Avaliar a correção do pH no solo; 
d) Determinar os efeitos do cálcio e magnésio no crescimento e desenvolvimento de 
plantas de rabanete. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
3 REVISÃO DA LITERATURA 
3.1 Caracterização do Solo 
O solo é formado por uma coleção de corpos naturais, composto por partes 
sólidas, líquidas, gasosas, tridimensionais e dinâmicas. Constituído por materiais 
minerais e orgânicos, que ocupam a maior porção do manto superficial das 
extensões continentais do planeta, podendo abrigar diferentes formas de vida, de 
acordo com natureza de onde ocorrem e em alguns casos podem sofrer 
modificações por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2006). 
 Sendo também considerado um substrato complexo do ponto de vista físico, 
químico e biológico e responsável pela sustentação da vida, fornecendo-lhe 
condições de suporte e nutrição para o desenvolvimento das plantas. As dimensões 
das partículas do solo e sua capacidade de troca de cátions (CTC) estão 
relacionadas diretamente à capacidade de fornecimento de água e nutrientes e a 
natureza negativa do solo, que permite a adsorção dos cátions. O pH também 
possui grande influência na disponibilidade de elementos minerais para os vegetais. 
Por outro lado o sódio e metais pesados presente em excesso no solo, podem 
influenciar negativamente no crescimento dos vegetais (TAIZ et al. 2017). 
 O solo é um substrato natural adequado para o desenvolvimento da grande 
maioria dos vegetais, servindo de meio para o crescimento das raízes e de fixação 
das plantas, nas culturas agrícolas convencionais em alguns casos o solo é 
dispensado, como ocorre nos cultivos hidropônicos, contudo sem abrir mão dos seus 
nutrientes essenciais. O solo agrícola é uma fonte de nutrientes minerais para as 
raízes e conseqüentemente para o desenvolvimento das plantas, entretanto é 
insuficiente para atender as elevadas demandas das culturas agrícolas, 
necessitando de correção para a manutenção da sua produtividade (FILGUEIRA, 
2008). 
 O processo de formação do solo consiste na desagregação das rochas, pela 
decomposição de resto de materiais vegetais e animais e conta com o auxílio da 
água, dos microrganismos e da temperatura para sua formação. Sendo basicamente 
composto por 45% de elementos minerais, 25% de ar, 25% de água e 5% de 
matéria orgânica (TAQUE, 2014). 
18 
 
 
 
 Os nutrientes minerais são elementos obtidos pelas plantas na forma de íons 
inorgânicos do solo, tendo a água como principal meio de transporte. O conteúdo de 
água e a sua taxa de movimentação no solo dependem do tipo e da estrutura do 
solo, que dependendo das características físicas do solo podem variar 
significativamente (TAIZ et al. 2017). 
Na Tabela 1 São apresentados os elementos considerados essenciais para a 
maioria das plantas superiores. Os primeiros três elementos hidrogênio, carbono e 
oxigênio não são considerados nutrientes minerais porque são obtidos da água ou 
do dióxido de carbono. Os elementos minerais essenciais em geral são classificados 
como macro ou micronutrientes, de acordo com suas concentrações relativas nos 
tecidos vegetais (TAIZ et al. 2017). 
 
 
Elemento Símbolo 
Concentração Número relativo de 
na matéria seca átomos em relação 
(% ou PPM)1 ao molibdênio 
Obtido da água ou do dióxido de carbono 
Hidrogênio H 6 60.000.000 
Carbono C 45 40.000.000 
Oxigênio O 45 30.000.000 
Obtidos do solo 
Macronutrientes 
Nitrogênio N 1,5 1.000.000 
Potássio K 1 250.000 
Cálcio Ca 0,5 125.000 
Magnésio Mg 0,2 80.000 
Fósforo P 0,2 60.000 
Enxofre S 0,1 30.000 
Silício Si 0,1 30.000 
Micronutrientes 
Cloro Cl 100 3.000 
Ferro Fe 100 2.000 
Boro B 20 2.000 
Manganês Mn 50 1.000 
Sódio Na 10 400 
Zinco Zn 20 300 
Cobre Cu 6 100 
Níquel Ni 0,1 2 
Molibdênio Mo 0,1 1 
Fonte: TAIZ et al. 2017 
 
3.2 dos solos brasileiros 
Tabela 1. Níveis nos tecidos de elementos essenciais requeridos pela maioria das 
plantas 
(1) Os valores para os elementos não minerais (H, C, O) e os macronutrientes são porcentagens. Os 
valores para os micronutrientes são expressos em partes por milhão (ppm). 
19 
 
 
 
3.2 Caracterização dos solos brasileiros 
O território brasileiro é formando por uma grande diversidade de tipos de solos, e 
a sua formação se dá pela intensidade das interações entre as diferentes formas de 
relevo, clima, material de origem, vegetação e organismos associados. Essa 
diversidade é atribuída à natureza continental do nosso país, atrelado a suas 
potencialidades e limitações de uso, e em grande parte, relacionado à suas 
particularidades regionais e das diferentes formas de ocupação, uso e 
desenvolvimento do território (EMBRAPA, 2006). 
Em sua grande maioria, os solos brasileiros apresentam limitação quanto ao 
estabelecimento e desenvolvimento das principais culturas comerciais, devido à 
ocorrência da acidez normalmente associada à presença alumínio de (Al+3) e 
Manganês (Mn) trocáveis em concentrações tóxicas, o que representam um fator 
limitante ao crescimento e estabelecimento dos vegetais, causado principalmente 
pela baixa disponibilidade de cátions de caráter básico, como o cálcio (Ca2+) e o 
magnésio (Mg2+), para amenizar os impactos negativos, utilizam-se o calcário com a 
finalidade de neutralizar a acidez e minimizar o Al+3 e Mn tóxicos, além de suprir a 
planta com nutrientes Ca2+ e Mg2+ (MONACO et al., 2015). 
Calcário é um produto obtido através da moagem da rocha calcária. 
Apresenta o carbonato de cálcio CaCO3 e o carbonato de magnésio MgCO3 como os 
seus principais constituintes. De acordo os teores de MgCO3, os calcários podem 
ser classificados em: calcíticos, com teor de MgCO3 inferior a 10%; magnesianos, 
com teor mediano de MgCO3 entre 10% e 25%; e dolomíticos, com teor de MgCO3 
acima de 25%. Em função da natureza geológica, os calcários são também 
classificados em sedimentares e metamórficos. Os primeiros são mais friáveis e os 
últimos são mais rígidos, porém, quando bem moídos apresentam comportamento 
agronômico semelhante (ALCARDE, 2005). 
 A elevada acidez verificadanos solos tropicais ocorre devido ao avançado 
índice de intemperismo das rochas de origem, condicionada a uma alta atividade do 
alumínio na solução do solo, e a deficiência de nutrientes, especialmente de cálcio, 
magnésio e fósforo, o que é característico da grande parte dos solos brasileiros que 
são classificados como latossolos, que apresentam boas características físicas 
(textura, porosidade e estrutura), mas químicas inadequadas. Quando corrigido 
quimicamente apresentam grande potencial agrícola e produtivo. A calagem consiste 
20 
 
 
 
na adição e incorporação de calcário que apresenta em sua composição uma sal de 
caráter básico a base de (CaCO3) na camada arável do solo, que é a área de maior 
concentração de raízes, visando à correção da acidez do solo (pH), possibilitando a 
neutralização do alumínio tóxico para às plantas, e proporcionando incremento 
nos teores de cálcio e magnésio (MACHADO et al., 2011). 
A utilização de produtos a base de cálcio permite neutralizar a acidez dos 
solos e ainda carrear nutrientes para os vegetais. O processo de acidez se dar 
devido à presença de H+ livres, gerados em virtude da existência de ácidos no solo. 
A neutralização da acidez consiste em neutralizar os H+, o que é feito pelo ânion 
OH-, para isso os corretivos de acidez devem conter quantidades suficiente de 
componentes de caráter básicos, que permitam a geração de OH- e 
consequentemente promova a sua neutralização (ALCARDE, 2005). 
Reação de neutralização de ácidos no solo conforme Embrapa (2010): 
 
Para Lopes (1990) a calagem adequada propicia uma combinação de efeitos 
favoráveis, dentre os quais se destacam: 
✓ Eleva o pH; 
✓ Fornece Ca2+ e Mg2+ como nutrientes; 
✓ Diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe; 
✓ Aumenta a disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e matéria orgânica no 
solo; 
✓ Aumenta e eficiência dos fertilizantes; 
✓ Eleva a atividade microbiana e promove a liberação de nutrientes, tais 
como N, P, S e B, pela decomposição da matéria orgânica; 
✓ Melhora as propriedades físicas do solo, proporcionando melhor aeração, 
circulação de água, favorecendo o desenvolvimento das raízes das 
plantas; 
✓ Aumenta a produtividade das culturas. 
 
 
 
21 
 
 
 
3.3 Uso de resíduos na agricultura 
 
Em síntese a adubação pode ser definida como a adição de nutrientes 
necessários a sobrevivência das plantas, com o intuito de se obter colheitas 
compensadoras e produtos de boa qualidade nutritiva e ou industrial, e que cause o 
menor impacto possível ao meio ambiente. No geral sempre que o fornecimento dos 
nutrientes pelo solo for menor que a exigência da cultura, se faz necessário 
adicionar adubos, visando à manutenção da produtividade (FAQUIN, 2005). 
Entretanto, com a elevação dos custos operacionais e o crescente consumo 
de insumos agrícolas, atrelados a necessidade de produção, cada vez maiores, 
tornam os resíduos provenientes de materiais orgânicos uma opção interessante do 
ponto de vista econômico, social e ambiental para a adubação das culturas agrícolas 
(BARBOSA, 2009). 
A NBR 10004 classifica os resíduos nos estados sólidos ou semi-sólidos, que 
resultam da atividade da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, 
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também, resíduo 
sólido, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, e aqueles gerados 
em equipamentos e instalações de controle da poluição (ABNT, 2004). 
A destinação dos resíduos está diretamente relacionada com a conservação 
ambiental, em termos legais, conforme a Lei Federal No 6938, de 31 de agosto de 
1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, no seu artigo 3º: 
I - meio ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas; 
II - degradação da qualidade ambiental: alteração a diversa das 
características do meio ambiente; 
III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
22 
 
 
 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos. 
IV - poluidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação 
ambiental (BRASIL, 1981). 
Nesse contexto, verifica-se que destinar resíduos de forma inadequada, 
propiciando prejuízos ambientais de qualquer forma, consiste em uma atividade 
ilegal sujeita às penalidades impostas por lei (BRASIL, 1981). 
 Como uma alternativa para solucionar a problemática da destinação final dos 
resíduos sólidos é crescente o interesse pelo reuso e aproveitamento de resíduos 
gerados por diversas áreas produtivas, o que vem ganhado notoriedade em virtude 
da elevação dos problemas ambientais, neste contexto o descarte dos resíduos de 
mariscos não fica de fora. A produção de ostras, mexilhões e sururu no Brasil nos 
últimos anos vem crescendo de forma considerável. E o problema agrave-se devido 
a apenas 20% quantidade de marisco que é produzida é consumida na forma 
alimentar e 80% é descartado na forma de casca. A preocupação com o destino 
desses resíduos não é observada somente no Brasil, na Coréia onde são geradas 
aproximadamente 300.000 toneladas de cascas ano, o governo preocupado com a 
saúde pública, financia projetos que visam aumentar a reciclagem desses resíduos, 
pois quando descartado indevidamente no ambiente, ocorre o processo de 
decomposição microbiana dos sais, que são transformados em gases tóxicos como 
NH3 e H2S (HAMESTER, et al., 2010). 
Mesmo quando o resíduo apresenta isenção ou concentrações seguras em 
relação a algum contaminante, não significa dizer que é adequado para o uso 
agrícola. A adição de um material ao solo agrícola só se justifica quando este resulta 
em algum benefício agronômico, com melhoria dos atributos relacionados à 
fertilidade do solo. Assim, são necessários testes que comprovem a eficiência 
agronômica do resíduo. Essa eficiência é normalmente determinada em 
experimentos, onde são avaliadas plantas cultivadas em solo tratado com o resíduo 
e outras com os insumos tradicionais, para comparação, sendo que o 
desenvolvimento e a produtividade das plantas são as principais variáveis 
observadas. Com base na caracterização do resíduo, pode-se definir se esse 
23 
 
 
 
apresenta potencial para ser um condicionador do solo e/ou uma fonte de um ou 
mais nutrientes (EMBRAPA, 2006); (KWON et al, 2004). 
A aplicação de resíduo na agricultura vem se tornando uma alternativa 
atraente devido aos elevados custo de aquisição dos adubos químicos sintéticos, 
pelos impactos ambientais causados durante seu processo produtivo e pela 
presença de nutrientes e matéria orgânica. Vantagens agronômicas e econômicas 
da aplicação de resíduos no campo, somando-se as questões relacionadas à 
sustentabilidade ambiental, reciclagem e preservação das jazidas que fornecem os 
minérios utilizados na fabricação dos adubos químicos sintéticos (NASCIMENTO, 
2014). 
 
3.4 O sururu (Mytella falcata) 
 
Os moluscos representam o segundo grupo animal mais abundante na face 
da terra em relação ao número de espécies com cerca de 100.000 espécies, e são 
em sua maioria animais marinhos, vivendo ao longo das praias ou em águas rasas, 
porém algumas espécies são encontradas a uma profundidade aproximada de 
10.500 m, sendo as mais comuns a lula, o polvo e os mexilhões (FILHO et al. 2003). 
Os mitilídeos são em sua grande maioria bivalves epifaunais marinhos, 
estuários e diretamente relacionados à formação de substratos biológicos muito 
complexos,formando amplas agregações, dominando uma extensa faixa de habitat, 
onde formam bancos ou manchas, desde substratos inconsolidados e lamosos até 
costões rochosos expostos e abrigados da ação de ondas, são encontrados 
enterrados na lama, numa profundidade máxima de um centímetro, incluindo os 
bivalves ostras, mexilhões e sururus (VIAPIANA, 2015). 
O mytella falcata é um molusco que apresenta a seguinte classificação 
sistêmica: Reino animália – Filo: Molusca - Classe: bivalvia – Ordem: mytiloida - 
Família: mytilidae – Gênero: mytella – Espécie: mytella falcata (VIAPIANA, 2015). 
O sururu (Mytella falcata) Figura 1 é um molusco lamelibrânquio e bivalente 
da família Mytilidae, distribuído na América Latina, e encontrado no litoral do 
Atlântico e do Pacífico. Na natureza serve de alimento para peixes, aves e para o 
homem são explorados na gastronomia ou como fonte de renda para os pescadores. 
A sua sobrevivência está diretamente relacionada à salinidade da água que deve se 
24 
 
 
 
manter em torno de 5 e 15%, para o seu desenvolvimento ideal. Estudos mostraram 
que a salinidade abaixo de 5%, como muitas vezes ocorre no período chuvoso, 
podem provocar mortalidade dos espécimes, podendo chegar à dizimação total em 
períodos superiores a 10 dias com teores de 2%. A salinidade superior a 20% pode 
retardar o crescimento e provocar mortalidade nos bancos naturais, em casos 
extremos (25 a 30%) também provocará a mortalidade do molusco (SILVA, 2009). 
 
 
 
 
A principal fonte de alimentos para os bivalves são as microalgas, entre elas 
se destacam as diatomáceas e dinoflageladas, sua ingestão é feita através de um 
processo de filtração, mediante o uso de sifões, onde são separadas as partículas 
úteis das indesejáveis, esse processo é conhecido com depuração. Quando a 
depuração não funciona corretamente, o molusco acaba fazendo uma ingestão de 
grandes quantidades de substâncias inadequadas, com destaque para a sílica, que 
promove a elevação da sua população bacteriana, e para o mercado gastronômico 
compromete seu sabor característico, o tornado desagradável ou impróprio para o 
consumo humano (VIEIRA, et al., 1990; OLIVEIRA; SALAROLIB, 2008). 
Possuem formato de concha de cunha lisa, apresentando uma cor preta 
azulada brilhante, com tamanho máximo de aproximadamente 50 mm de 
comprimento (VIAPIANA, 2015). Esses animais são muito abundantes no litoral 
brasileiro, vivendo principalmente fixos nos costões rochosos ou na lama. Os 
Figura 1. Sururu (Mytella falcata) após pesca e limpeza. 
Fonte: IFMA, 2014 
25 
 
 
 
moluscos bivalentes são animais simétricos compridos nas laterais e possuem uma 
concha composta por duas valvas calcárias, encaixadas em dobradiças dorsalmente 
unidas internamente por um ou dois fortes músculos que envolvem todo o corpo 
(SILVA, 2014). 
 No Brasil a produção de moluscos bivalves, que incluem ostras, mexilhões e 
sururus, teve um crescimento de cerca de 77% entre 2003 e 2011, sendo 
caracterizado como um importante segmento na produção aquícola do Brasil 
(SEBRAE, 2013) 
Em Alagoas o sururu é um molusco nativo do complexo estuarino Lagunar 
Mundaú-Manguaba, que forma com o mar a restinga, onde se proliferam nas partes 
mais rasas da lagoa em colônias numerosas. Para o Estado representa um símbolo 
de identidade cultural e a geração de renda para milhares de pescadores que vivem 
da extração no ambiente aquático, do beneficiamento e na venda desse molusco, 
atingindo aproximadamente 1.600 famílias, que sobrevivem unicamente do 
extrativismo e comércio do sururu. A lagoa interfere direta ou indiretamente na 
realidade dos 260 mil habitantes que vivem no entorno das lagoas, dos quais cinco 
mil são pescadores (TENÓRIO et al., 2014; ALAGOAS, 2008). 
O Mytella falcata é encontrado na lagoa Mundaú a uma profundidade 
raramente superior a 2 m. A natureza do fundo é predominantemente lama, rica em 
matéria orgânica, com razoável teor de fragmento de conchas de molusco, 
carapaças de crustáceo e outros elementos grosseiros. É nesse tipo de substrato 
onde prolifera em grande abundância o sururu, que cobre toda a superfície dos 
aterros (bancos), encontrando assim um ambiente favorável para se tornar o maior 
estoque nacional entre os seus congêneres e uma das maiores reservas naturais do 
mundo com uma estimativa de aproximadamente 3.000 toneladas (ROCHA, 2004). 
A lagoa Mundaú possui uma área de aproximadamente 23 Km2, e está 
localizada nos municípios de Maceió, Coqueiro seco, Santa Luzia do Norte, 
Marechal Deodoro e Pilar. Conjuntamente com a lagoa Manguaba, com a qual 
possui canais em comum e desembocadura única no oceano Atlântico, constitui o 
Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba, com área total aproximada de 55 
km2, caracterizando-se como uma laguna de água saloba ou estuário, uma vez que 
suas águas sofrem permanentemente influência das águas do mar e das águas dos 
rios. Mesmo sendo um ambiente muito diverso e rico em organismos explorados 
26 
 
 
 
como fonte de alimento e renda, o sururu se destaca por ser o principal recurso 
pesqueiro explorado da laguna (TAMANO, 2015). 
O sururu é utilizado como alimento em muitas partes do mundo, 
principalmente em região ao entorno dos estuários. É um alimento de origem animal 
com alto valor protéico e rico em minerais como cálcio e fósforo. O sururu 
encontrado em Alagoas é caracterizado por apresentar conchas em formato de 
cunha lisa, e quando adultos apresentam coloração preta; secreta uma substância 
viscosa, com a qual adere às rochas ou a qualquer outro objeto da costa e do fundo 
do mar (SILVA, 2014). 
A coleta dos moluscos é uma forma de produção de alimento alternativa a 
escassez de recursos pesqueiros, possui uma enorme importância econômica e 
social para muitas comunidades afetadas pela redução da produção da pesca 
extrativista, tendo como alternativa, o cultivo ou a extração desses organismos 
marinhos. Com isso sua extração vem permitindo a fixação dos pescadores em suas 
comunidades de origem, gerando emprego e renda. Por outro lado, a atividade 
apresenta problemas associados a sua forma de produção, principalmente devido à 
escassez de legislação e regulamentação da atividade, e ambiental relacionado à 
disposição de resíduos sólidos e efluentes líquidos gerados nos locais de coleta e 
beneficiamento, como a alterações nos padrões de circulação de água, poluição 
visual, descartes irregulares e odores (PETRIELLI, 2008). 
A extração desses organismos é tradicionalmente feita por pessoas de baixa 
renda que moram nas proximidades da região coletora, e que vivem basicamente do 
extrativismo de mariscos comestíveis (maricultura), utilizando os frutos do seu 
trabalho na alimentação de suas famílias, e o excedente dos mariscos são 
comercializados, tornando-se uma importante fonte de renda para a comunidade 
(RIMAR, 2013). 
 
 3.5 Descarte indevido das cascas de molusco, um problema ambiental 
 
Após pescado, o sururu passa por um processo artesanal de beneficiamento 
relativamente simples que consiste na separação da parte carnosa do molusco de 
sua casca. Suas conchas são descartadas no ambiente, geralmente de maneira 
inadequada. Quando dispostas irregularmente, seu acúmulo causa mau cheiro, atrai 
27 
 
 
 
insetos e outros organismos, disseminam doenças, além do desconforto aos 
banhistas, prejuízos à paisagem e assoreamento (MONACO et al., 2015; SILVA, et 
al., 2007). 
O resíduo da concha de sururu se encontra descartado no meio ambiente em 
grande quantidade, despejados em águas públicas e aterros sanitários. E por não 
existir uma política de gerenciamento para tal resíduo, seu destino acaba sendo 
mesmo o lixo doméstico (ROCHA, 2004; JUNG, et al.,2007). 
A utilização desse material como matéria-prima em outros processos 
produtivos permitiria transformar resíduos, em subprodutos úteis, diminuindo as 
grandes quantidades que são descartadas ematerros sanitários e contribuindo 
assim com a minimização dos impactos ambientais (RAYMUNDO, 2013). 
 
3.6 Casca de sururu como fonte de cálcio e magnésio 
 
O carbonato de cálcio (CaCO3) é o principal constituinte das conchas dos 
bivalves e é considerado como matéria prima para diversos produtos, tais como o 
cal virgem, cal hidratado, carga em polímeros, bloco e pavimentos para construção 
civil, construções de estradas, pasta de papel, mármore compacto, adubos e 
pesticidas, rações, cerâmica, indústria de tijolos, indústria de tintas, espumas de 
polietileno, produção de talco, produção de vidros, indústria do cimento, produção de 
vernizes e borrachas, correção de solos e medicamentos (CHIERIGHINI et al., 2011; 
TENÓRIO et al., 2014; PETRIELLI, 2008; KWON et al., 2004 ). 
Para Rimar (2013), as conchas de sururu contêm quantidades elevadas de 
carbonato de cálcio, o que permitiria seu aproveitamento na indústria farmacêutica, 
para a produção de medicamentos destinados a reposição de cálcio e redução dos 
danos causados pela osteoporose, na indústria de cerâmica, como material 
impermeabilizante e na agricultura como corretivo de acidez do solo. 
As conchas são formadas predominantemente por carbonato de cálcio, além 
de apresentar matéria orgânica, traços de manganês, ferro, alumínio, sulfatos e 
magnésio. O carbonato de cálcio e o magnésio podem ser utilizados em diversos 
ramos, na agricultura, com potencial na elevação do pH dos solos agrícolas por 
conter ions de caráter básicos e como fonte de cálcio e magnésio para as plantas 
(SILVA, 2007; YONG, et al.,2010; LEEA, et al., 2008) 
28 
 
 
 
O beneficiamento das cascas surge como fonte alternativa de carbonato de 
cálcio, o principal constituinte das conchas de moluscos bivalves (o descarte 
constitui um desperdício de matéria prima) que pode ser utilizado em setores como a 
construção civil e na nutrição animal e para o uso agrícola em substituição as fontes 
de cálcio comercial, resultando em uma fonte tecnologicamente viável desse 
nutriente (PETRIELLI, 2008). 
 
 3.7 Cálcio nas plantas 
 
 O cálcio se encontra no solo geralmente nas seguintes formas: carbonatos, 
fosfatos, sulfatos, silicatos, na matéria orgânica, trocável e em solução. As duas 
últimas são as únicas de interesse para as plantas superiores. Os íons de cálcio 
(Ca2+) são usados na síntese de novas paredes celulares, como a lamela media que 
separa células em divisão, sendo utilizado no fuso mitótico durante a divisão celular, 
e para o funcionamento normal das membranas vegetais e como mensageiro 
secundário. O cálcio pode se ligar à calmodulina, que é uma proteína encontrada no 
citosol dos vegetais que possui a função de regular inúmeros processos metabólicos 
(TAIZ e ZEIGER, 2006). 
 Esse macronutriente e responsável pela manutenção da estrutura e 
funcionamento normal das membranas celulares, e pela permeabilidade das 
membranas aos compostos hidrofílicos, que são influenciados diretamente pelas 
concentrações de Ca2+ e de H+ no meio. O pH abaixo de 4,5 torna as membranas 
mais permeáveis, favorece o fluxo de cátions e propicia efeitos desfavoráveis 
sobre a absorção de íons. Em meio ácido o Ca2+ acaba sendo trocado por H+, 
promovendo assim uma elevação da permeabilidade das membranas em virtude do 
uso de agentes quelantes, o que promove o mesmo efeito, e o fluxo de íons e 
compostos orgânicos de baixo peso molecular é observado. Este efeito do cálcio 
sobre a absorção iônica é chamado de efeito “Viets”, que trata da absorção de 
outros cátions na presença do Ca2+ em baixas concentrações no meio (FAQUIN, 
2005) 
O fornecimento de Ca2+ nas culturas oleráceas tem sido insuficientes para 
atender suas necessidades, já que o cálcio na maioria deles possui extração em 
quantidade superior ao potássio (P), necessitando está em equilíbrio para prevenir e 
29 
 
 
 
evitar anomalias fisiológicas ocasionadas por sua carência. Em solos pobre de 
cálcio, a calagem apresenta-se como uma alternativa para o suprimento do cálcio 
para as culturas agrícolas, por outro lado na maioria das vezes não consegue 
fornecer de forma suficiente as quantidades desse macronutriente, devendo-se 
efetuar seu complemento na forma de adubação de plantio e pós plantio em 
cobertura ou por meio da fertirrigação (FILGUEIRA, 2008). 
Os principais sintomas característicos da deficiência de cálcio nas plantas são 
primeiramente percebidos pela necrose nas regiões meristemáticas jovens, ápices 
radiculares ou folhas jovens, nas quais as divisões celulares são mais rápidas. A 
necrose em lento desenvolvimento é percebida pela clorose generalizada e pelo 
curvamento para baixo das folhas, e as folhas jovens podem apresenta-se 
deformadas. O sistema radicular mostra-se acastanhado, curto e bastante 
ramificado, podendo existir uma redução severa no crescimento (TAIZ & ZEIGER, 
2006). 
O cálcio é um nutriente essencial a manutenção da qualidade dos frutos, 
devido ao fato de ser constituinte da parede celular e da lamela média dos vegetais. 
Onde seus íons ligam-se as pectinas, que são formadas por cadeias de ácido 
poligalacturônico com inserções de ramnose na parede celular. As pontes de cálcio 
entre os ácidos pécticos retardam o acesso e a ação de enzimas pectolíticas que 
são produzidas pelos frutos provocando seu amaciamento, ou daquelas produzidas 
pelos fungos e bactérias que causam deterioração. Sabe-se que sérias perdas 
econômicas ocorrem anualmente em órgãos como frutos e hortaliças, provocado por 
desordens fisiológicas e ou por podridões, relacionado principalmente ao teor 
inadequado de cálcio em seus tecidos. Regularmente causado pela baixa 
suplementação de cálcio na planta, onde os danos surgem nos frutos após a 
colheita ou durante o processo de armazenamento (YAMAMOTO et al.,2011). 
Por fim o cálcio possui diversos efeitos importantes sobre o crescimento e 
desenvolvimento das plantas, sendo essencial e fundamental na manutenção da 
integridade estrutural das membranas e da parede celular, participando diretamente 
do processo de divisão celular, de absorção iônica, na germinação do grão de pólen 
e no crescimento do tubo polínico. Sua presença na solução do solo é fundamental 
para o desenvolvimento das raízes (EMBRAPA, 2013). 
 
30 
 
 
 
3.8 Cálcio no sistema radicular 
 
Para obtenção dos nutrientes do solo os vegetais desenvolvem um extenso 
sistema radicular. E suas raízes possuem estruturas consideravelmente simples, 
com simetria radial e poucos tipos de células diferenciadas, as mesmas esgotam 
continuamente os nutrientes do solo imediatamente ao seu redor, permitindo um 
rápido crescimento em zonas inexploradas do solo (TAIZ & ZEIGER, 2006). 
 O desenvolvimento do sistema radicular é controlado por fatores genéticos e 
afetado por fatores físicos e químicos, dentre eles a falta ou excesso de água, 
deficiência de oxigênio, variação da temperatura, desequilíbrio nutricionais, 
impedimentos físicos e presença de elementos tóxicos. Entre os fatores químicos 
destaca-se o alumínio (Al3+), que quando presente em excesso, reduz o crescimento 
radicular especialmente no ápice das raízes. Por outro lado o Ca2+ é um nutriente 
que apresenta função primordial na expansão do sistema radicular. Por isso quando 
a saturação por Ca2+ no complexo de troca é inferior a 20%, haverá uma forte 
limitação do desenvolvimento radicular da maioria das espécies cultivadas. Devido à 
maior absorção do Ca2+ nas raízes ocorrer nas partes mais novas dos vegetais, ou 
seja, nas zonas ainda não suberizadas, para isso o solo deve suprir adequadamente 
as necessidades de Ca2+ das plantas, propiciando sua continua absorção e 
conseqüente expansão radicular (PRADO, et al.,2004) 
 Vale salientar que os fatores químicos que afetam o crescimento radicular 
estão presentes em grande parte dos solos tropicais, relacionado principalmente a 
acidez promovidapela alta concentração de Al tóxico e baixo conteúdo de cálcio. Ou 
pelo manejo agronômico incorreto baseado em sucessivas aplicações de 
fertilizantes de reação ácida, como os adubos nitrogenados, causando assim forte 
acidificação dos solos. A toxicidade por alumínio é o principal fator limitante ao 
estabelecimento de diferentes culturas em solos ácidos. Portanto, a presença de 
Ca2+ na solução do solo, e em contato com o sistema radicular é fundamental para a 
sobrevivência dos vegetais, em virtude da sua não translocação da parte aérea para 
as porções novas das raízes em crescimento (CAIRES et al., 2001). 
 
 
 
31 
 
 
 
3.9 Magnésio nas Plantas 
 
 O magnésio (Mg2+) é um macronutriente presente nas células vegetais e que 
é sempre absorvido sobre a forma de íons (Mg2+), com a finalidade de ativação das 
enzimas envolvidas na respiração, na fotossíntese e na síntese de DNA e RNA. 
Além de está presente em diversas reações metabólicas na planta como: a 
fotofosforilação (Formação de ATP nos cloroplasto), a fixação fotossintética do 
dióxido de carbono (CO2), a síntese protéica, a formação da clorofila, o 
carregamento do floema, a separação e utilização de fotoassimilados, a geração de 
espécies reativas de oxigênio, na fotooxidação nos tecidos foliares e compondo a 
estrutura do anel das moléculas de clorofila. Um dos sintomas característico da 
deficiência de magnésio é o aparecimento da clorose entre as nervuras foliares, 
sendo observado primeiramente nas folhas mais velhas, em virtude da mobilidade 
desse nutriente na planta (TAIZ, et al., 2017). 
 Os sintomas de deficiência de magnésio se caracterizam pelo lento 
crescimento das plantas (EMBRAPA, 2013), e sua deficiência promove prejuízos 
severos ao crescimento e a produção comercial de plantas (TAIZ, et al., 2017). 
 Além de ser ativador de todas as enzimas fosforilativas, que possuem com 
finalidade a incorporação e transferência de fósforo inorgânico, sendo responsável 
pela ligação do ATP ou do ADP. A transferência de energia do ATP e do ADP é de 
fundamental importância para os processos de fotossíntese, respiração (glicólise e 
ciclo dos ácidos tricarboxílicos), reações de síntese de compostos orgânicos 
(carboidratos, lipídios, proteínas), absorção iônica (principalmente de fósforo) e 
trabalho mecânico executado pela planta (EMBRAPA, 2013). 
 O magnésio atua como carreador de vários nutrientes, além de ser um 
ativador enzimático fundamental aos processos de fotossíntese, respiração, síntese 
de nucleotídeos e de carboidratos. As clorofilas que são porfirinas magnesianas, são 
composta por cerca de 2,7% de magnésio em sua massa molecular, 
correspondendo a 20% do magnésio total presente na folha. Sendo o processo de 
síntese de clorofila baseado no composto protoporphyrin IX, que pode reagir tanto 
com o Mg2+, formando um precursor da clorofila quanto com o Fe formando um 
composto Heme. Com isso dependendo da quantidade de Mg2+ disponível poderá 
32 
 
 
 
influenciar diretamente no direcionamento dessa rota, inferindo assim na quantidade 
de clorofila produzida (BARROSO, 2013). 
 Os elevados índices de acúmulo de fotoassintatos em folha de vegetais com 
deficiência de Mg2+, poderão provocar alteração do metabolismo fotossintéticos, 
reduzindo assim o uso da energia luminosa absorvida durante a fotossíntese, o que 
pode provocar a saturação da cadeia de transporte de elétrons com o acúmulo de 
NADPH. Podendo causar danos celulares graves o que se materializa pelo baixo 
desenvolvimento das plantas submetidas a esse estresse (SILVA, 2013). 
 
3.10 Magnésio no sistema radicular 
 
 As raízes são capazes de retirar o Mg2+ da solução do solo bem como 
aquele adsorvido ao complexo coloidal. Elevadas concentrações de Mg2+ no solo e 
nas plantas poderão causar danos nos vegetais, devido ao distúrbio no balanço 
entre cálcio e magnésio, propiciando prejuízos severos, particularmente no sistema 
radicular, em virtude da sensibilidade das raízes a deficiência de cálcio (DEON, 
2007). 
 Em relação ao transporte do Mg2+ das raízes para a parte aérea se dar 
através do xilema por meio de uma corrente transpiratória, na forma como foi 
absorvido Mg2+, diferentemente de como ocorre como Ca2+ e de modo semelhante 
ao que acontece com o K2+, o Mg2+ é móvel no floema. E sua grande parte 
encontra-se na forma solúvel, devido a isso se torna facilmente redistribuído em 
todas as partes do vegetal. Com isso em situação de carência, os sintomas de 
deficiência desse mineral são rotineiramente observados nas folhas mais velhas 
(FAQUIN, 2005). 
 
3.11 Considerações gerais sobre a cultura de rabanete 
 
O rabanete é uma das culturas agrícolas mais antigas que existem. Há 
registros de que a mesma já vinha sendo cultivada há mais de três mil anos. E em 
relação ao seu centro de origem, existem controvérsias. Havendo autores que o 
considera proveniente da China, enquanto outros, originário do oeste asiático ou sul 
da Europa (MINAMI e TESSARIOLI NETTO, 1997). 
33 
 
 
 
 O rabanete (Raphanus sativus) é uma olerícola de pequeno porte pertencente 
à família brassicaceae, tal como: o agrião, o repolho, o nabo, a mostarda, a rúcula, a 
couve-flor, a couve-brócolis, a couve-de-folha, a couve-de-bruxelas, entre outras 
espécies. Apresenta raiz comestível, caracterizada por ser carnuda, com formato 
globular, ovóide ou alongado. O mercado consumidor brasileiro tem preferência por 
cultivares que apresentam raízes com formato globular e película externa de 
coloração vermelha intensa brilhante e polpa branca não esponjosa. Além de ser 
uma hortaliça que apresenta ciclo curto em torno de 30 a 35 dias. E exige pH do solo 
variando entre 6,0 a 6,8 (FILGUEIRA, 2003). 
O seu desenvolvimento radicular se dar nas camadas superficiais do solo, e 
por sua vez são influenciados pelas condições físicas e hídricas presentes, o que se 
relaciona diretamente com a sua produção. Além de ser uma cultura considerada 
sensível à redução ou ao excesso de água disponível na risosfera, o que poderá 
refletir também na quantidade de oxigênio disponível, podendo trazer como 
conseqüência a redução do desenvolvimento da parte aérea, reduzindo assim seu 
rendimento. A cultura do rabanete necessita de solos férteis e com grande 
disponibilidade de nutrientes dentre eles cálcio e magnésio, já em sua implantação, 
pois, dificilmente consegue-se corrigir deficiências nutricionais durante o seu curto 
ciclo (CAETANO et al., 2015). 
Tradicionalmente, a principal forma de manejo dos solos para o plantio dessa 
hortaliça se faz pelo uso de fertilizantes químicos solúveis sintéticos, uma forma 
bastante onerosa ao produtor e ao meio ambiente, e quando mal conduzida poderá 
causar sérios problemas ao solo, como perdas de nutrientes por lixiviação e 
contaminação do lençol freático (BATISTA, 2011). Os elementos minerais mais 
absorvidos pelo rabanete seguem a seguinte marcha de absorção, para os 
macronutrientes são N, P, H, Ca2+, Mg2+ e Fe, e para os micronutrientes são Mn e 
Zn (HAAG; MINAMI, 1987). 
 Sua parte de interesse econômico é a raiz, que possui características 
definidas pelo mercado consumidor, de maneira geral deve possuir coloração 
característica, ausência de danos físicos e de rachaduras relacionadas a desordens 
fisiológicas. Possuindo diferentes cores dentre elas o branco, rosa, vermelho, roxo, 
amarelo e o preto, mas com predominância do vermelho. Por outro lado a cultura é 
influenciada negativamente pelas práticas culturais inadequadas, estresse hídrico, 
34 
 
 
 
doenças, ataques de insetos, problemas nutricionais, desordens fisiológicas, além 
da falta de conhecimento sobre o crescimento de cada cultivar pelos produtores 
(PEDÓ et al., 2010). 
 Apresenta em sua composição, elevado teor de vitaminas e sais minerais, 
que são de fundamental importância, para manutenção da saúde humana,atuando 
como diurético, antiescorbútico, estimulante da função das glândulas digestivas e do 
fígado (MINAMI e TESSARIOLI NETTO, 1997). 
Em relação ao seu teor nutricional, para cada 100 gramas de raiz in natura 
existe: 15,9 calorias; 96,20% de água; 30 µg de vitamina B1 (tiamina); 30 µg de 
vitamina B2 (riboflavina); 0,30 µg de vitamina B3 (niacina); 18,3 mg de vitamina C 
(ácido ascórbico); 0,50 mg de cobre; 10 mg de magnésio; 3,70 mg de zinco; 382,9 
mg de potássio; 86,50 mg de sódio; 138 mg de cálcio; 1,71 mg de ferro e 64 mg de 
fósforo (LUENGO et al. 2000). Além de ácido fólico e fibras alimentares (PUTTI et 
al., 2014). E suas folhas podem ser utilizadas para o preparo de sopas e outros 
pratos, e composta com ingredientes essenciais a uma alimentação saudável 
(SCHUSTER et al., 2012) e (KOPTA et al., 2013). 
 O rabanete é uma cultura intolerante ao transplante, com isso a semeadura 
deve ser feita diretamente no local definitivo, é cultivado praticamente o ano todo, e 
possui um alto valor nutritivo, quando comparado com outras hortaliças, e rico em 
carboidratos, cálcio, ferro e fósforo, ácido ascórbico, tiamina, riboflavina e niacina 
(LUCCHESI et al.,1976). 
 Mesmo sendo uma cultura de pequena importância em relação à área 
plantada, é cultivada em grande número pelos pequenos produtores, principalmente 
aqueles localizados nos cinturões verdes ao redor das grandes cidades. (PUTTI et 
al., 2014). E como vantagens a relativamente rusticidade, ciclo muito curto (cerca de 
30 dias), e retorno rápido. Tornando-se uma cultura atrativa para realização do 
rodízio de culturas. O tamanho da raiz do rabanete depende, dentre outros fatores, 
da fertilidade do solo (CARDOSO et al., 2001). 
Em termos de nutrição mineral, o rabanete apresenta comportamento 
semelhante à grande maioria das hortaliças, e tem respondido positivamente às 
aplicações de fertilizantes. No entanto são escassos os trabalhos realizados com a 
cultura no que tange à nutrição mineral e resposta da cultura à aplicação de 
fertilizantes (MESQUITA et al., 2011). Sendo considerada uma cultura bastante 
35 
 
 
 
exigente do ponto de vista nutricional, com o agravante de necessitar de grandes 
quantidades de nutrientes dentro de um curto período de tempo (COUTINHO NETO, 
et al., 2012). 
Estima-se que a produção mundial de rabanete gire em torno de sete milhões 
de toneladas ano, sendo o Japão considerado o maior produtor dessa olerícola, 
seguido por Coréia do sul e Taiwan, correspondendo a cerca de 2% de todos 
hortaliças produzidas no mundo (KOPTA et al., 2013). Em termos de Brasil estima-
se uma produção de 9.140 toneladas, e em sua grande parte proveniente de 
pequenas propriedades rurais, com área variando de 2 a 5 hectares (BATISTA, 
2011). A quantidade estimada de estabelecimentos produtores de rabanete no Brasil 
é de 7.353 mil unidades, sendo de 352 delas na região Nordeste e de 
aproximadamente 6 unidades de produção no estado do Alagoas (IBGE, 2006). 
Em estudo realizado por T. Kopta, (2013) destacou o potencial produtivo da 
cultura em sistema de cultivo orgânico na República Tcheca constatando que 
mesmo nesse sistema de cultivo as plantas de rabanete proporcionaram produção 
semelhante ao cultivo convencional. 
 
3.12 Agricultura agroecologica 
 
 A agroecologia corresponde a uma série de princípios e metodologias para 
estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas, não sendo uma 
prática ou um sistema de produção. A agroecologia vê os sistemas produtivos como 
uma unidade, onde os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos 
biológicos e as relações sócio-econômicas (entre pessoas, culturas, solos e animais) 
são investigadas e analisadas como um todo, em síntese destacamos que o ponto 
comum entre as diferentes correntes que formam a base da agricultura orgânica é a 
busca de um sistema de produção energeticamente sustentável no tempo e no 
espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais; a não utilização de 
produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente; a manutenção e 
o incremento da fertilidade e a vida do solo, a diversidade biológica e o respeito a 
integridade cultural dos agricultores (SHIRAKI, 2005). 
Em resumo, o enfoque na agricultura agroecológica corresponde à aplicação 
interativa de conceitos e princípios da ecologia, da agronomia, da sociologia, da 
36 
 
 
 
antropologia, da comunicação, da economia e das outras áreas do conhecimento 
científico, no redesenho e manejo de agroecossistemas que sejam sustentáveis ao 
longo do tempo, constituindo-se em um campo de conhecimentos que proporciona 
as bases científicas para apoiar o processo de transição do modelo convencional 
para estilos de agriculturas de base ecológica (MOREIRA; CARMO, 2004). 
A agricultura orgânica não foi criada com base em nenhum movimento 
religioso, é baseada na melhoria da fertilidade do solo por um processo biológico 
natural, pelo uso da matéria orgânica, o que é essencial para a saúde das plantas, 
assegurando uma vida intensa e rica para a flora microbiana, pela qual a nutrição e 
a sanidade das plantas são plenamente atendidas; como as outras correntes essa 
proposta é totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis sintéticos e 
de agrotóxicos (agroquímicos), e os princípios são, basicamente, os mesmos da 
agricultura biológica e englobam as práticas agrícolas da agricultura biodinâmica e 
natural (SHIRAKI, 2005). 
 Diante do exposto o uso de resíduos orgânicos nas unidades de produção 
agroecológica pode ser considerado uma alternativa de elevado impacto na 
produtividade dos cultivos agrícolas e na conservação do solo, na qual faz uma 
relação direta com produtos produzidos em condições naturais. Baseando-se na 
agroecológia e na conservação dos recursos naturais existentes, sem o auxilio de 
agrotóxicos, fertilizantes e insumos químicos sintéticos, usando técnicas de cultivo 
voltado a utilização de substâncias químicas não sintéticas para correção da 
fertilidade do solo, controle de pragas e doenças e que permita a propriedade tornar-
se auto-suficiente (MARTINS, 2008). 
Neste contexto a agricultura agoecológica é um sistema de gerenciamento 
total da produção agrícola, promovendo a saúde do meio ambiente, preservando a 
biodiversidade, e todos os ciclos e as atividades biológicas do solo. O uso de 
práticas e manejos contrários a utilização de elementos químicos ao meio rural 
abrange sempre que possível, a administração de conhecimentos agronômicos e 
biológicos, excluindo a adoção de substâncias químicas ou outros materiais 
sintéticos (SILVA, 2006). 
 
 
 
37 
 
 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 Obtenção, preparo e beneficiamento das cascas de sururu 
 
Para obtenção das cascas de sururu foram realizadas coletas no Complexo 
Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba – CELMM (Figura 2), no município de Maceió 
localizado no Estado de Alagoas. Em seguida, procedeu-se a higienização das 
porções coletadas, colocando-as em baldes com solução de hipoclorito de sódio na 
proporção de um litro para dez litros de água potável, ficando em imersão por 24 
horas. As cascas foram lavadas em água corrente até a eliminação dos resíduos, 
impurezas e material orgânico e foram secas ao ar livre e posteriormente ficou em 
estufa de circulação de ar forçado a uma temperatura de 65ºC (Figura 2) por 24 
horas, para retirada da umidade ainda presente nas cascas, o que facilita a 
trituração e o peneiramento. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Fragoso, 2003 
Figura 2. Base cartográfica com a localização do Complexo estuarino Lagunar 
Mundaú-Manguaba – CELMM em Alagoas 
38 
 
 
 
Sendo encaminhado em seguida para o laboratório de zootecnia da 
Universidade Federal de Alagoas campus de Arapiraca, onde foram moídos em 
moinho de martelo, para obtenção de um pó fino (passado em peneira de malha 1 
mm (ABNT 50), sendo apenaso que passou (pó fino) utilizado nas análises Figura 3. 
 
 
 
 
 
As amostras do material moído e seco foram acondicionadas em sacos 
plásticos e encaminhadas para a Universidade Federal de São Carlos em Sorocaba 
para determinação dos teores de Ca2+ e Mg2+ por espectrometria de emissão 
atômica por plasma de micro-ondas MP-AES 4200, após digestão ácida com ácido 
nítrico/fluorídrico, de acordo com a metodologia descrita na Instrução Normativa nº 
28 do MAPA (BRASIL, 2007). 
Figura 3. Moinho de martelos com peneira de 1mm utilizado para obtenção do pó fino 
utilizado nas análises e na incorporação ao solo. Casca de sururu a ser triturada (A), 
Trituração da primeira parte das amostras (B), Trituração da segunda parte das 
amostras (C) e Trituração final (D). 
Fonte: Autor, 2017 
C 
A B 
D 
39 
 
 
 
4.2 Incubação do solo com pó de casca de sururu e implantação da cultura do 
rabanete 
O experimento foi conduzido na unidade experimental da Universidade 
Federal de Alagoas – UFAL, Campus de Arapiraca, no período de 14/07/2017 a 
01/09/2017, em casa de vegetação do Programa de Pós-Graduação em Agricultura 
e Ambiente – (PPGAA), localizada nas coordenadas geográficas 09º 48’41,1’’ de 
latitude sul e 36º 37’ 19,3’’ de longitude oeste, a uma altitude de 242 m. 
Esta região é localizada em uma área de transição entre a Zona da Mata e o 
Sertão Alagoano. O solo é classificado como Latossolo Amarelo Vermelho Distrófico 
(EMBRAPA, 2006). O clima é classificado como sendo do tipo 'As’ Tropical com 
estação seca de Verão, pelo critério de classificação de Köeppen. Os dados 
climatológicos estão apresentados na Figura 4. 
 
 
 
O delineamento experimental utilizado foi Inteiramente casualizados (DIC), 
com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos constaram de cinco 
doses (0,0; 2,5; 5,0; 10,0 t ha-1) de casca do sururu (Mytella falcata, d’Orbigny, 1842) 
triturada. 
 
 
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
55.0
60.0
65.0
70.0
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
140.0
160.0
180.0
200.0
220.0
240.0
Julho Agosto setembro
Te
m
p
e
ra
tu
ra
 (
o
 C
) 
 
U
m
id
ad
e
 R
e
la
ti
va
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 A
r 
(%
)
P
re
ci
p
it
aç
ão
 P
lu
vi
o
m
é
tr
ic
a 
e
m
 (
m
m
)
Meses (2017)
Precipitação Tmax Tmin T med U max U mim U med
Figura 4. Precipitação, temperatura e umidade para o período de julho a setembro 
de 2017 no município de Arapiraca, região Agreste de Alagoas. 
Fonte: INMET, 2017 
40 
 
 
 
 As amostras de solo, para fins de análise de fertilidade, foram coletadas a 
uma profundidade de 0 a 20 cm em área de campo da Universidade Federal de 
Alagoas, Campus de Arapiraca. O solo utilizado no experimento foi coletado da 
camada arável amostrada em área de campo (0 a 20 cm), homogeneizado e 
passado em peneira com malha de 4 mm e acondicionado em vasos plásticos, com 
uma área por vaso de 176,71 cm2, com perfurações no fundo com uma camada de 3 
cm de brita para escorrer o excesso da água de irrigação. As análises químicas do 
solo, tanto antes quanto depois da adição do pó de casca de sururu seguiram a 
metodologia presente no manual de métodos de análise de solo (EMBRAPA, 2017). 
As características químicas do solo sem a adição de doses de pó de casca de 
sururu são apresentadas na Tabela 2. 
 
Tabela 2. Análise química do solo utilizado no experimento 
pH Na P K Ca Mg Al H+Al V Mo Fe Cu Zn Mn 
H2O -------(ppm)------- -------(meq/100mL)------- ------%----- -------------(ppm)-------------- 
4,9 19 146 45 1,2 1,2 0,12 3,6 41,9 0,37 242,1 1,55 3,17 77,10 
 
 
No dia 14/07/2017 (Figura 5), foi realizada a incorporação ao solo do pó de 
casca de sururu permanecendo sob condições de capacidade de campo e 
incubação por um período de 19 dias, tempo necessário para que ocorresse à 
reação do solo com a fonte de cálcio e magnésio, sendo assim permitido o alcance 
do equilíbrio. Esse período foi baseado na Resolução CONAMA 375 (Brasil, 2006), 
no tocante à determinação da elevação do pH do solo. 
Ao final do experimento após a retirada das plantas de rabanete, foi realizada 
a analise de solo para acompanha a reação desempenhada da casca de sururu na 
elevação do pH do solo. 
 
 
 
 
 
Fonte: Autor, 2017 
41 
 
 
 
 
 
 
 
O plantio foi realizado por meio de semeadura direta, utilizando sementes de 
rabanete da cultivar Crimson viper, com 99% de pureza e 92% de germinação. No 
dia 31/07/2017 foram semeadas sete sementes por vaso, a uma profundidade de 1,5 
cm. Ao sétimo dias após semeadura (DAS), realizou-se o primeiro desbaste (que 
consisti na retirada do excesso de plantas), deixando apenas 3 plantas; e ao nono 
DAS, foi realizado o último deixando apenas uma planta por vaso. 
A irrigação foi executada uniformemente, de acordo com a capacidade de 
campo e realizada manualmente e diariamente com auxílio de uma proveta, em 
todos os vasos durante todo o ciclo da cultura. 
Os tratos culturais foram realizados através de capinas diárias durante a 
irrigação visando manter a cultura livre de plantas invasoras durante todo o seu 
ciclo. E a colheita do rabanete foi realizada aos 33 dias após o plantio que 
corresponde ao tempo máximo do ciclo de vida da cultivar que varia de 27 a 32 
(DAS). 
 
4.3 Características avaliadas 
4.3.1 Determinação do índice de cor verde (Índice SPAD) 
 
O índice de cor verde busca de forma indireta estimar o teor de nitrogênio 
presente na folha, foi avaliado por meio do medidor portátil de clorofila modelo 
SPAD-502 “Soil Plant Analiser Development” (Minolta, Japão). Para as análises 
Fonte: Autor, 2017 
Figura 5. Solo incorporado com pó da casca de sururu por um período de 19 dias 
antes da implantação da cultura do rabanete. 
42 
 
 
 
foram utilizadas a média de cinco leituras por folha de cada parcela, sendo utilizadas 
nas análises as folhas do segundo par de folhas. As análises foram iniciadas aos 20 
DAS, quando todas as plantas das parcelas já possuíam o segundo par de folha 
completamente formado. As avaliações ocorriam no horário das 9 horas da manhã, 
período pelo qual a temperatura encontra-se mais amena. 
 
4.3.2 Área foliar 
A área foliar do rabanete foi determinada mediante a retirada de todas as 
folhas das plantas avaliadas, as determinações foram realizadas com o auxílio do 
aparelho medidor e integrador de área foliar (LI 3100 area meter), no laboratório de 
Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas, campus de Arapiraca aos 33 
DAS. 
 
4.3.3 Altura média das plantas (ATL) 
A altura foi determinada a partir da base do colo até o ápice da folha mais alta 
da planta com o auxilio de uma régua graduada, com avaliações realizadas a cada 2 
dias e iniciada aos 10 DAS, totalizando 11 avaliações. 
 
4.3.4 Diâmetro da intersecção caule folha 
 O diâmetro da intersecção caule e folha foram determinados nos mesmos 
dias das análises de crescimento em altura, totalizando 11 avaliações com o auxilio 
de um paquímetro eletrônico digital. 
 
4.3.5 Diâmetro da raiz 
Foi determinado aos 33 DAS, Figura 6 com o auxílio de um paquímetro 
eletrônico digital. 
 
4.3.6 Comprimento da raiz comercial e total 
Foi determinado aos 33 DAS, com o auxílio de régua graduada. 
 
4.3.7 Número de folhas (NF) 
Após os 10 DAS iniciou-se a contagem de todas as folhas por parcela até os 
33 DAS, com contagem a cada 2 dias, com um total de 11 avaliações. 
43 
 
 
 
 
 
 
 
4.3.8 Peso Fresco das folhas 
 Após a colheita, Figura 7 as folhas foram separadas, com auxílio de um 
estilete, quantificadas e pesadas em balança de precisão a 0,01 g. 
 
 
 
4.3.9 Produtividade das raízes comerciais 
 Após a retirada das folhas, ocorreu a separação das raízes não comerciais 
das comercias as pesando em balança digital de precisão a 0,01g imediatamente 
após da colheita, a fim de obter a produtividade da raiz comercial. 
 
4.3.10

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