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Prática de Ensino na Educação Básica aula 6


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19/03/2023, 20:22 Análise de material didático e fatores auxiliares
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02964/index.html# 1/54
Análise de
material didático
e fatores auxiliares
Profª. Adriana Soares Ralejo, Profª. Marcella Albaine Farias da Costa
Descrição
Reflexão sobre a diversidade de tipologias de recursos didáticos e suas diferentes possibilidades de uso em contextos de ensino e aprendizagem
escolar.
Propósito
Conhecer a diversidade de recursos didáticos proporciona ao docente potencialidades criativas para o ensino, a fim de melhor dialogar com as
realidades dos estudantes estabelecendo aprendizagens significativas.
Preparação
Antes de iniciar seu estudo, separe um livro didático que tenha à disposição, de preferência da sua área de atuação, a fim de desenvolver atividades
propostas nos módulos.
Objetivos
Módulo 1
Analisando o livro didático
Reconhecer o livro didático como instrumento de aprendizagem em potencial.
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Módulo 2
Recursos dentro de um recurso
Analisar criticamente os diferentes recursos presentes no livro didático.
Módulo 3
Em busca de novos recursos didáticos
Formular propostas didáticas com base na gamificação.
Módulo 4
Recursos digitais de aprendizagem
Avaliar as diferentes possibilidades das mídias digitais para situações de ensino e aprendizagem.
Mesmo que não pareça, estamos cercados de elementos que podem se tornar recursos didáticos potentes para a prática docente. É disso
que se trata esta proposta: permitir o olhar problematizador para o que temos e proporcionar ações criativas e significativas nas relações de
ensino e aprendizagem.
Começando com o livro didático, convidamos você, a partir de uma perspectiva crítica, a observar seu contexto de produção, distribuição e
uso. Dentro dele, há uma infinidade de possibilidades, ou seja, muitos recursos dentro de um recurso! Esses não se limitam ao que podemos
ver, vão além. Tanto o estudante quanto o professor podem construir juntos uma educação transformadora.
Considerando os desafios atuais, vamos explorar também os processos de gamificação como metodologia ativa, além de apontar caminhos
possíveis para os usos das mídias digitais de forma consciente e baseada nos preceitos éticos.
Introdução
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1 - Analisando o livro didático
Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça o livro didático como instrumento de aprendizagem em potencial.
Livro didático: “o primeiro recurso”
Neste módulo, iniciaremos nossa discussão sobre o universo dos recursos didáticos. E é claro que não podemos deixar de começar com o nosso
fiel companheiro de atuação docente que é o livro didático. Exploraremos o conceito desse material, suas diversas funções, os desafios enfrentados
e as potencialidades que pode nos oferecer para proporcionar uma aprendizagem significativa.
Vamos começar?
Livro didático é um recurso, mas a professora Marcella Albaine te ajuda refletir sobre ele.
Competências da BNCC e o livro didático
Talvez você tenha um livro didático na prateleira de uma estante ou guardado no fundo de uma caixa. Nós possuímos diferentes relações com esse
material e abordaremos algumas delas no vídeo a seguir.

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Complementando o que acompanhamos no vídeo acima, vale a pena destacar que cada um vai desenvolver uma relação com esse objeto escolar
de forma específica. Mas, de alguma forma, esse material vai passar pelas suas mãos, seja por opção sua ou pelas circunstâncias provocadas no
cotidiano escolar, já que gestores e professores fazem opção pelo uso desse tipo de recurso que já se tornou um elemento de tradição.
A�nal, o que é um livro didático?
O que você diria que é um livro didático? Como ele passou (ou não) pela sua vida?
Nem sempre o significado de livro didático foi o mesmo. De acordo com o pesquisador Alain Choppin (2004), a definição desse objeto pode se dar
de diversas maneiras, o que dificulta que encontremos pesquisas sobre ele, tornando-se um tema de pesquisa relativamente recente (a partir da
década de 1980 que começaram a crescer o número de discussões sobre esse assunto). Mas isso não é de se estranhar, pois ao longo dos tempos
a relação entre o livro didático e seu público-alvo foi se modificando.
Só para termos uma noção e contextualizarmos nossa conversa, faremos um breve relato sobre o percurso histórico desse objeto didático no Brasil:
Acompanhado o percurso histórico, vamos agora nos aprofundar em cada um dos momentos desse objeto didático:
Em seus primórdios, o livro didático era mais direcionado a atender às demandas do professor. Ele nasce como compêndio, que, como a
própria palavra sugere, trata-se de um compilado de textos de vários autores, até porque não havia uma única pessoa especializada em
todos os conteúdos de determinada matéria. Ou, em alguns casos, traduziam-se obras estrangeiras tidas como referência, principalmente de
franceses e alemães, consideradas como nações “cultas”. Esses materiais tinham por função a orientação de professores em suas práticas,
ou seja, não eram destinados aos estudantes. Dessa forma, podemos compreender a forte diferença em relação ao formato e linguagem dos
livros didáticos a que estamos acostumados.
Primeira metade do século
XIX
Surge o compêndio como
orientação para professores
em suas práticas.
Segunda metade do século
XIX
É colocada em xeque a
relação entre Estado e Igreja
na disputa pelo que deve ser
ensinado.
Início do século XX
Cresce um movimento mais
liberal buscando a inclusão de
outros setores da sociedade
na educação.
Década de 1930
É criado o Ministério da
Educação e Saúde Pública
(MES) e a Comissão Nacional
do Livro Didático (CNLD).
Primeira metade do século XIX 
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Com o decorrer do século XIX, mediante um crescimento da rede escolar, entram em disputa propostas de nacionalização e civilização,
inclusive, colocando em xeque a relação entre Estado e Igreja na disputa pelo que deve ser ensinado. Nessas disputas, afirma-se a
importância do uso de materiais com fins mais didáticos para crianças e adolescentes, surgindo, assim, a produção de manuais escolares e
cartilhas.
Mas vale a pergunta: quem são esses estudantes? É claro que estamos falando de uma educação aristocrática, feita por grupos que
procuravam manter uma visão de sociedade hierarquizada de modo que a educação, por meio do livro didático, não modificasse a ordem
vigente. Ainda tínhamos uma educação destinada à elite, e outros grupos sociais ficaram de fora dessa concepção de escola.
A transição do regime governamental de Império para República não significou necessariamente uma mudança do controle estatal sobre os
assuntos educacionais. De uma educação mais livre e domiciliar que caracterizou o século passado, foi-se ganhando mais força o papel do
Estado no controle de livros didáticos por meio do veto e da autorização de obras “próprias” para circulação. O significado de escola ainda
permanecia nas mãos da elite com um projeto de “mundo civilizado”. Por outro lado, crescia um movimento mais liberal com um projeto de
ampliação do conceito de “cidadão brasileiro”, buscando a inclusão de outros setores da sociedade na educação.
É a partir da década de 1930 que a relação entre o Estado e a educação começa a mudar. É criado o Ministério da Educação e Saúde Pública
(MES) com o intuito de estruturar a educação brasileira e ampliar a rede escolar com a pretensão de universalização do ensino. Dentro desse
contexto, em 1938, é criada a ComissãoNacional do Livro Didático (CNLD) com o intuito de controlar a produção, importação e utilização de
livros didáticos, passando a se controlar mais a definição de conteúdos, prioridades, orientações quantos aos procedimentos didáticos e
indicação de livros e materiais.
Segunda metade do século XIX 
Início do século XX 
Década de 1930 
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Se por um lado o público discente crescia, por outro, a formação de professores ficava cada vez mais defasada para acompanhar essa nova
dimensão escolar. Com isso, há uma demanda por modificações nos materiais escolares para uma educação baseada em diferentes níveis
de ensino e que garantissem a permanência desses estudantes nas escolas. Os livros passaram a ser revisados em relação à composição
pedagógica e conteúdos.
Com a instituição da Ditadura civil-militar no Brasil de 1964, inaugura-se um período de censura e ausência das liberdades democráticas no
país. Quanto à produção de livros didáticos, o Estado passa a fiscalizar mais as informações veiculadas nesses materiais, controlando,
dessa forma, a educação. O monitoramento se dá por duas frentes de atuação: a Comissão do Livro Técnico e Livro Didático (COLTED),
criada em 1966, visava ao controle e incentivo do mercado editorial privado; e a Fundação Nacional do Material Escolar (Fename), criada em
1967, responsabilizava-se pela distribuição de materiais escolares a estudantes carentes.
Nesse período, os livros ganham um teor de orientação e condução sobre a ação docente, com uma linguagem mais acadêmica, em
resposta à fragilidade verificada na formação de professores, e com técnicas de ensino como instruções programadas e estudos dirigidos.
Os livros didáticos passaram a ser condutores da prática docente, influenciando todo trabalho pedagógico com a prescrição de
metodologias, conceitos e finalidades da educação a serem seguidos.
Com o processo de redemocratização no país, os discursos de liberdade individual e uma social-democracia ganhavam força. As práticas
autoritárias deram lugar à pluralidade de ideias e concepções pedagógicas. Os livros didáticos de algumas disciplinas foram criticados e
Década de 1960 
Ditadura civil-militar 
Década de 1980 
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descredibilizados por serem considerados como reprodutores de desigualdades e hierarquias sociais por meio de seus textos
conservadores. Em seu lugar, ganhavam espaço materiais alternativos produzidos pelos próprios professores.
Em 1985, foi criado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), uma política que visava à implementação de um processo de avaliação
dos livros didáticos. Esse programa trouxe grandes modificações para a política educacional presente até os dias atuais. Seu maior objetivo
é proporcionar a universalização e qualidade na educação por meio da distribuição de livros para todas as escolas públicas do país. Vamos
falar um pouco mais sobre a importância do PNLD ainda neste módulo.
Paralelamente às modificações que aconteciam na produção de livros didáticos mediante o novo momento político do país, com novas
legislações e abrindo portas para a pluralidade de ideias, cresce a produção de materiais produzidos pelos próprios professores, como
dissemos anteriormente. As apostilas foram criadas com o argumento de serem mais atualizadas e dialogarem com os interesses diretos
das instituições escolares. Aos poucos, esses modelos de sucesso local vão ganhando espaço no mercado editorial e se consolidando
como sistemas de ensino, materiais que oferecem uma proposta já estruturada para além do material impresso, com orientação pedagógica,
ciclo de palestras, formação aos docentes, metodologias e produtos tecnológicos como portais de internet e cursos à distância.
Dica
Será que já existia no século XIX material didático do componente curricular com o qual você trabalha? Como a educação estava fortemente ligada
às relações de poder vigentes, até o século XIX, os componentes que compunham uma educação escolar eram de cunho religioso, além dos
estudos das letras, matemática, ginástica, música e canto, valores morais e cívicos, higiene e trabalhos manuais. Vale a pena você dar uma
pesquisada em banco de teses e dissertações da Capes ou em artigos científicos na Scielo sobre as circunstâncias em que o componente que você
trabalha surgiu, pois cada um possui uma especificidade e interesses ligados a ele.
Ano de 1985 
Década de 1990 
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O sucesso dos sistemas de ensino vem chamando a atenção de críticos. A qualidade desse material é colocada em questão, visto que não passam
por avaliação do PNLD. É também apontada como preocupante a pouca liberdade que o professor possui, já que apresentam metodologias prontas,
como apontam alguns autores como Celia Cassiano (2013).
Re�exão
O que você acha disso? Se já conhece algum desses sistemas de ensino, adotaria em sua prática docente?
Para que serve um livro didático?
Bem, após esse “breve” histórico sobre a trajetória dos livros didáticos no Brasil, compreendendo as relações de poder envolvidas, podemos
aprofundar e desenvolver outras questões sobre esse material. Vamos começar falando sobre sua função.
Você consegue definir para que serve um livro didático?
Novamente, não temos uma resposta pronta. Como você reparou, a funcionalidade do livro didático depende de vários fatores.
Vejamos a seguir alguns deles:

O tempo histórico em que ele está sendo utilizado.

As pessoas envolvidas no seu uso.

O investimento das editoras.

As intencionalidades dos autores.

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A apropriação que o professor fará dele.
De nada adianta um livro didático se ele não é usado. Muito menos conseguimos proporcionar uma aprendizagem significativa se ele for seguido à
risca, desconsiderando os fatores locais.
Circe Bittencourt, pesquisadora sobre o tema, diz que “o bom livro didático é aquele usado por um bom professor” (você pode conferir a entrevista
completa na seção Explore+).
Mas o que isso quer dizer?
O livro didático é um objeto cultural complexo. E, ao utilizar o significante cultural, ela aponta que o livro didático possui um valor histórico e está
passível de influências ideológicas e políticas, como pudemos observar no item anterior.
O que aparentemente é um objeto de valor único e universal, na verdade é o resultado do cruzamento de ideias pedagógicas, editoriais e sociais.
Choppin (2004) classifica as múltiplas funções do livro didático em quatro categorias:
Referencial
Quando pensamos em uma função referencial, quer dizer que esse objeto se torna um suporte, e que recorremos a ele para conferir conteúdos,
conhecimentos, técnicas e habilidades. Por exemplo, com o desafio de implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é no livro
didático que os professores vão se apoiar como referência que cumpre a proposta curricular.
Instrumental
A função instrumental está relacionada ao uso do livro didático em práticas de aprendizagem para facilitar o processo de ensino. Ou seja, cada vez
que você utiliza o livro para realizar uma leitura com os estudantes, analisar uma imagem, resolver exercícios, você está tornando aquele objeto um
instrumento para alcançar seu objetivo de ensino.
Ideológica e cultural
Em relação à função ideológica e cultural, como já comentamos, podemos compreender que o livro didático é o resultado de escolhas. Quem
determina o que deve ser ensinado? Eis a chave para compreender o papel político deste material como instrumento de poder que busca construir
identidades,perpetuando culturas e valores das classes dominantes.
Documental
A função documental se refere aos livros didáticos como um lugar em que estão presentes documentos (textos e imagens) utilizados para o
desenvolvimento do pensamento crítico, criativo e científico dos estudantes. Existem vários recursos dentro do livro didático como recurso. Mas
esse assunto será desenvolvido no próximo módulo, ok?
A determinação do que deve ser ensinado é um campo de disputas em algumas disciplinas mais intensas do que em outras. A famosa pergunta dos
estudantes “Por que eu preciso aprender isso?” é mais válida do que nunca, afinal, está se argumentando sobre a relevância do ensino e o papel da
escola para a vida em sociedade.
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Movimentos recentes como a promulgação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana, afro-
brasileira e indígena, são sinais de que não está tudo resolvido. Cabe a nós perguntar: Qual é a sociedade que está sendo construída nos livros
didáticos? E qual é a sociedade que desejamos construir?
Políticas avaliativas: falando de PNLD
Com a discussão desenvolvida até aqui, não podemos mais naturalizar o livro didático como um material detentor de uma verdade que não deva ser
problematizada. Mas é inegável seu papel como autoridade que representa um conhecimento a ser ensinado, reconhecido pelos estudantes,
professores e pela sociedade como um todo.
Quando há divergência entre a opinião do professor e a do aluno, em uma avaliação, por exemplo, o argumento de que “no livro didático está assim”,
ainda é um dos mais utilizados. Na hora de realizar o planejamento anual escolar, é a partir do livro didático que o professor irá se basear para
programar suas aulas.
Por essa relação de confiança que depositamos nesse recurso didático e, apesar de não ser uma verdade única, representar diálogos e discursos
que estão constantemente em negociação (nem sempre tão pacíficas), que se faz necessária uma política de avaliação a fim de controlar a
qualidade desses materiais.
Estudantes e professores em Itabela, Bahia.
É nesse contexto que é criado o PNLD, pelo Decreto 91.542, de 19/08/1985, com base em políticas educacionais que demandam por mudanças na
educação. Sua maior proposta é promover a universalização do ensino, tentando resolver problemas sociais em uma vertente assistencialista, em
busca de qualidade no campo da educação.
A partir da década de 1990, essa política passa a se expandir e ser refinada, possibilitando aos professores e gestores das escolas públicas desse
país a escolha do livro que será utilizado nos próximos três anos letivos, com base em um guia que possui uma resenha dos livros, apontando
características, aspectos positivos e limitações.
Infelizmente, não são muitos os que se preocupam em analisar o Guia de Livros Didáticos para fazer escolhas mais adequadas. Precisamos lembrar
que o PNLD é uma política que visa à qualidade na educação, contando com uma avaliação crítica de professores, pesquisadores e especialistas na
área. Escolher uma obra que esteja dentro dessa lista de aprovados nos dá uma maior credibilidade de que a obra que utilizaremos respeita as
normas oficiais, os princípios éticos, possui coerência e adequação com sua abordagem teórico-metodológica e atualização de conceitos e
informações.
Re�exão
Se você tivesse que escolher hoje um livro didático para utilizar em sala de aula, qual escolheria? Dificilmente você terá acesso a todos os livros
disponíveis e provavelmente escolheria aquele que já conhece ou uma indicação de um colega, de um consultor editorial ou, até mesmo, teria que
acatar a escolha feita pela direção da escola em que trabalha. Para conhecer bem esse universo de livros didáticos e evitar escolher um livro de má
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qualidade, com o qual não consiga trabalhar, desafiamos você a escolher um livro com base no Guia de Livros Didáticos, disponível no portal do
FNDE.
A relação entre o livro didático e o professor
Já parou para pensar por que o livro didático é um instrumento tão importante assim? Para muitos de nossos estudantes, talvez esse seja o
primeiro e, infelizmente, em alguns casos, o único contato com um livro. Pense na emoção que você tinha ao receber um livro, de querer folheá-lo,
descobrir o que vem pela frente, de enfrentar o desconhecido e se abrir para o novo. Esse recurso é um importante aliado em nossa prática docente
e não é por acaso.
Diferentemente do conhecimento acadêmico, que apresenta uma linguagem rebuscada por meio dos livros, artigos e teses que lemos ao longo de
nossa formação, o conhecimento escolar se caracteriza por ser uma produção originária naquele e para aquele ambiente, com uma epistemologia
própria e diferenciada do conhecimento científico. Ser diferente do conhecimento científico não quer dizer que sejam produções antagônicas. A
ligação com os fluxos de cientificidade se faz necessária por garantir ao conhecimento escolar uma legitimidade de valor perante as demandas
sociais.
Atenção
O conhecimento escolar não é uma simplificação do conhecimento acadêmico e muito menos oposto a ele!
Por terem uma configuração própria, esses conhecimentos passam por processos de produção a fim de se tornarem os saberes ensináveis. Ao
ministrar uma aula, trabalhamos com leituras, interpretações e objetivos que geram um processo de recontextualização, no qual a bricolagem de
informações, saberes, valores, habilidades criam discursos com expressões próprias que buscam ser objeto de compreensão tanto para
professores quanto para alunos.
Exempli�cando o termo trabalhado
Colocaremos a seguir um trecho retirado de um texto científico. Pense como você explicaria a ideia ali exposta para um jovem que está cursando o
8º ano do ensino fundamental. Não se prenda a somente usar palavras mais simples, mas a buscar relações das suas experiências e do que você
espera que seja conhecimento desse jovem. Esse exercício nos ajudará a compreender melhor como acontece uma transposição didática.
Para participar desta nova estrutura social, é preciso passar por uma nova alfabetização. Aprender a “linguagem da tela”,
das “tecnologias da interrupção” chega a ser tão necessário como a alfabetização relacionada com a leitura e a escritura
verbais. Consequentemente, preparar os cidadãos não só para ler e escrever nas plataformas multimídia, mas para que
se envolvam com esse mundo compreendendo a natureza intricada, conectada, da vida contemporânea, torna-se um
imperativo ético e uma necessidade técnica.
(PÉREZ GÓMEZ, 2015, p. 21)
Tendo os conteúdos organizados de forma própria para o ensino, com uma linguagem já didatizada, o livro didático é um dos recursos que mais
auxiliam a prática docente. Para nós, professores, ele se torna uma fonte de referência e inspiração para planejar nossas aulas. Nota-se que
estamos falando de inspiração, e não de reprodução. É importante frisar que a partir dele podemos (e devemos) realizar modificações e adaptações
no contexto de prática.
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Um livro didático bem utilizado pode ajudar o professor a evitar erros, sugerir metodologias inovadoras, organizar processos de ensino-
aprendizagem, atualização de conteúdos, sistematizar os conteúdos escolares, ou seja, seu uso não se restringe à sala de aula.
Porém, não é sempre assim que acontece. Percebemos que muitos professores acabam desenvolvendo uma relação de disputa com os livros
didáticos, correndo o risco de não serem utilizados em sala de aula.
Por possuir um caráter aparentemente completo, trazendo explicação de conceitos, problematizações, propondoexercícios, sugerindo filmes etc.,
parece que o livro sozinho pode dar conta do processo de ensino e aprendizagem, não deixando espaço para a atuação docente. Essa rejeição
também pode acontecer quando o professor não possui o direito de escolha da obra, sendo obrigado a trabalhar com um material que não desejava.
Mas não podemos nos deixar reduzir a esses estereótipos, pois, por mais que o material não tenha o seu perfil de atuação, há ali uma infinidade de
recursos que podem ser explorados. Esse será o tema do nosso próximo módulo.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura
Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no
Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,
econômica e política pertinentes à História do Brasil.” (Lei 10.639/2003)
A promulgação de uma lei que torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira em 2003 demonstra que
Parabéns! A alternativa C está correta.
O currículo, e isso inclui os livros didáticos, é resultado de um processo de disputa de poder. A promulgação da lei 10.639/2003 mostra que nem
tudo está previamente dado no currículo escolar, precisando haver lutas por representatividade que, no caso, precisou se tornar lei para ser
cumprida.
Questão 2
“Os livros didáticos, os mais usados instrumentos de trabalho integrantes da “tradição escolar” de professores e aluno, fazem parte do
cotidiano escolar há pelo menos dois séculos. Trata-se de objeto cultural de difícil definição, mas, pela familiaridade de uso, é possível
A
os temas sobre história e cultura africana e afro-brasileira não são contemplados nos currículos, incluindo os livros didáticos, de
forma correta.
B
foi necessário ter uma medida legal para que seja construída uma sociedade que possa ser reconhecida por sua diversidade e
diferença.
C
a seleção de conteúdos é um processo de disputas pelo que deve ser ensinado, acontecendo lutas por representatividade para
serem reconhecidos.
D
existe uma hegemonia de uma cultura branca e patriarcal que permanece desde o início da educação escolar e que não mudou
no decorrer do tempo.
E
somente a partir do século XXI que apareceram manifestações de representatividade da cultura africana e afro-brasileira no
currículo.
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identificá-lo, diferenciando-o de outros livros” (BITTENCOURT, C. Ensino de História: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009, p.
299).
A pesquisadora Circe Bittencourt afirma que, apesar de ser facilmente identificado, é difícil definir um livro didático. O que ela quis dizer com
“objeto cultural de difícil definição”?
Parabéns! A alternativa E está correta.
A pesquisadora afirma que o livro didático é um objeto cultural complexo porque é moldado de acordo com as influências histórico-culturais de
sua época e porque possui múltiplas funções, dentre elas a referencial, instrumental, ideológica/cultural e documental, baseados nos
apontamentos de Alain Choppin.
2 - Recursos dentro de um recurso
Ao �nal deste módulo, esperamos que você analise criticamente os diferentes recursos presentes no livro didático.
A
Apesar da familiaridade da sociedade com esse objeto, é difícil defini-lo como livro porque pouco é reconhecida sua autoridade
de saber.
B De acordo com seu lugar de origem, a função do livro didático muda porque ela está relacionada com a cultura desse local.
C Devido à variedade de estratégias tomadas pelas editoras, fica difícil definir um padrão na configuração de um livro didático.
D Um livro didático possui diferentes configurações dependendo do seu local de origem e do tempo em que é trabalhado.
E Significa que o livro didático, apesar do seu valor histórico, possui diversas funções, dependendo do seu público e uso.
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Onde morrem as boas ideias?
No módulo anterior, falamos sobre os livros didáticos e da importância de se fazer uma boa escolha e um bom uso desse recurso. Neste módulo,
vamos destrinchar o livro didático e ensaiar o nosso olhar para explorar as potencialidades diante dos diversos recursos que o compõem. Vamos
exercitar como os elementos ali presentes podem ser trabalhados de forma separada para compreender que podemos ir muito além do livro físico.
Mas por que ter esse olhar atento sobre o livro didático?
Pode ser que você goste de desenvolver seu próprio material, com os recursos que esteja mais familiarizado. Porém, nem sempre teremos à
disposição meios de trabalhar com essas produções, preparadas pelo professor, em sala de aula. Essa relação pode variar bastante de escola para
escola.

Pode ser que nem toda instituição tenha um projetor/televisão e computador disponíveis para realizar uma apresentação de Power Point com
imagens para problematização.

Há casos em que trazer uma música e tocar do seu celular não vai ser suficiente para que todos escutem e nesse dia a caixa de som da escola pode
não estar funcionando bem.

Aquele texto bacana que você quer que seus estudantes leiam para fazer um exercício de interpretação precisa ser impresso e reproduzido com
antecedência de, no mínimo, duas semanas em alguns lugares.

E, claro, há também aqueles dias em que o sinal de wi-fi não está funcionando, atrapalhando seus planos de uma aula onde esse recurso é
imprescindível.
Vamos entender um pouco melhor sobre o que são recursos na educação?
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Neste áudio a professora Adriana Soares Ralejo conversa com você sobre o que são os recursos na educação.
Tudo depende de muito planejamento e condições técnicas do ambiente que estão além da nossa vontade.
Calma, não estamos querendo te desanimar com isso. O que estamos trazendo aqui são relatos das nossas próprias experiências que podem
contribuir para a sua percepção sobre a diversidade de condições que possa vir a encontrar. E como o livro didático é um recurso praticamente certo
na sala de aula (a não ser quando o aluno esquece em casa ou teve algum atraso na entrega), avaliamos que é importante um olhar mais atento
sobre o que tem ali dentro e como cada elemento pode virar um recurso em potencial.
Re�exão
Vamos fazer um exercício: feche os olhos e imagine-se abrindo um livro didático. O que você vê? Textos, imagens, tarefas... dependendo da sua área
de formação, esse imaginário pode mudar. Um professor de Geografia, por exemplo, pode encontrar mais mapas, enquanto um professor de
Matemática, gráficos e tabelas (não queremos reforçar estereótipos, viu?). Essa variação de recursos acontece porque cada componente possui
uma especificidade e mais afinidade com determinados recursos em relação a outros. Quais são os recursos mais comuns utilizados na área em
que você atua? Por que existe essa tradicionalidade?
Cada vez mais, as editoras vêm investindo em estratégias de oferecer recursos dos mais variados possíveis a fim de atrair seu público leitor e
possibilitar um momento significativo.
Mas o que isso quer dizer?
Aquelas situações em que as contas de matemática eram feitas com maçãs, bananas e laranjas ou que a Revolução Francesa se reduzia a decorar
os grandes personagens e seus grupos políticos estão mudando aos poucos.
Faz-senecessário possibilitar códigos variados para o desenvolvimento da cognição, comunicação e socialização, competências essenciais para o
viver em sociedades (BNCC, 2018). Esses códigos se manifestam de diversas formas: textuais, orais e imagéticos. O grande desafio é orquestrar
esses variados recursos de maneira harmônica, articulando o verbal, o visual e o sensitivo. E o livro didático representa isso, uma multimodalidade
discursiva vista como um todo.
Autor desconhecido: A presente imagem é regida pelos termos do art. 45, inciso II, da Lei nº 9.610/1998. Fica reservado ao autor eventual direito de se manifestar sobre a autoria.
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A BNCC propõe uma educação crítica, significativa e criativa. Isso quer dizer que os conhecimentos trabalhados no
ambiente escolar precisam ter sentido para serem mobilizados na sociedade de forma prática.
Vamos dar uma olhada nas dez competências gerais da BNCC a fim de compreender como essa demanda de diálogo com o tempo presente é um
discurso que tem se consolidado no ambiente escolar.
Conhecimento
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo para entender, explicar a realidade e colaborar com a
construção de uma sociedade justa.
Pensamento cientí�co, crítico e criativo
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências visando investigar causas, elaborar e testar hipóteses,
formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas).
Repertório cultural
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas da produção artístico-cultural.
Comunicação
Utilizar diferentes linguagens, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, a fim de se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos.
Cultura digital
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação, de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos,
resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Trabalho e projeto de vida
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que possibilitem entender as
relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida.
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Competências da BNCC e o livro didático
Vamos fazer um exercício de entendimento das competências da BNCC relacionando-as ao livro didático?
Perceba que todas as competências prescritas pela BNCC possuem uma ideia de ação, algo que possamos compreender, fazer e sentir. E, por
muitas vezes, não percebemos alguns recursos que estão ali dentro do livro didático e nos permitem ir além, experimentar o conhecimento que está
sendo ali trabalhado. Para isso, neste módulo, convidamos você a mergulhar nessa experiência de explorar os recursos didáticos e se desafiar a
criar outros a partir deles.
Argumentação
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, buscando formular e defender ideias que respeitem e promovam os
direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbitos local, regional e global.
Autoconhecimento e autocuidado
Conhecer-se, valorizar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo a si mesmo na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Empatia e cooperação
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos
direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade.
Responsabilidade e cidadania
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base
em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
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O que os estudantes já sabem
Falamos há pouco sobre a aprendizagem significativa. Significar quer dizer que algo, de alguma forma, marcou aquela pessoa, conseguindo
estabelecer relação com sua vida e seu mundo.
Como tornar os conteúdos que ensinamos algo interessante, que desperte a vontade de saber de nossos
estudantes?
Essa não é uma tarefa fácil. E não adianta você levar recursos superatuais, tecnológicos, com cores, formas, sons e cheiros se aquilo não os toca.
Não adianta reforçar músicas que estimulem a memorização, de maneira repetitiva e mecânica, porque aquilo ficará retido na mente por um curto
período de tempo.
Os conteúdos precisam ter uma dimensão de importância para a vida e processos sociais.
Aqui destacamos um importante ponto antes de utilizar qualquer recurso didático: saber os conhecimentos prévios dos estudantes. Não quer dizer
que você precise saber tudo que se passa na vida daquele jovem, qual a sua situação familiar e seus gostos pessoais. Esse é um movimento quase
impossível diante da quantidade e variedade de público que vamos enfrentar. O que precisamos é saber minimamente do contexto de consumo
cultural em que eles estão inseridos.
Lembro que alguns anos atrás perguntei para um de meus estudantes o que era um youtuber, e atualmente este conceito está fortemente difundido.
Temos muito o que aprender e dialogar com eles.
Testando seus conhecimentos
Atualmente, tudo se torna rapidamente obsoleto. Produtos que consumimos, redes sociais, aplicativos, projetos de vida e incertezas sobre o futuro.
Um bom primeiro passo para se manter minimamente atualizado é, além das conversas diárias com seus estudantes, aplicar um questionário no
primeiro dia de aula. Faça perguntas básicas voltadas para o consumo cultural, como músicas e filmes favoritos, desejos em relação ao futuro e
dificuldades que encontra na vida escolar. Adapte as perguntas de acordo com a faixa etária de seu público.
Será que você consegue identificar alguns exemplos para os itens a seguir baseado no contexto dos jovens nos dias
atuais?

Artistas que acompanham nas redes sociais.
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
Músicas que não saem de suas playlists.
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Séries que acompanham.
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Filmes que ficaram marcados.

Livros preferidos.

Dúvidas em relação ao futuro.
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Projeto de vida.

Experiência marcante do passado.
E quanto ao mundo digital? Quais são as suas percepções sobre ele? Vamos entrar mais um pouco nesse universo a
partir do audio a seguir:
Estimulando os sentidos
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A partir do conhecimento prévio do que nossos estudantes mobilizam, é possível apresentar o novo. Um novo que parta do presente, que dialogue
com o que ele já sabe e que pode expandir seu campo de conhecimento. Se o contrário acontece, apresentando primeiro um conhecimento que
tenha menos significado para ele, conteúdos isolados e com associações arbitrárias, ele terá mais dificuldade de desenvolver sua estrutura
cognitiva.
Após compreendermos a importância dos saberes discentes em nossas práticas, podemos voltar nossa atenção para a forma de mobilizar os
conteúdos a serem aprendidos.
É preciso que ele tenha uma lógica para ser aprendido, ou seja, que você tenha minimamente uma resposta para a
pergunta “Por queé necessário aprender isso?”
Cada um vai transformar aqueles conteúdos em conhecimentos de maneiras específicas. O importante é que o estudante articule o que já sabe com
a nova informação. Para isso, podemos variar nas formas em que essas informações chegam a ele.
Sabemos que cada um aprende de uma forma. Tem gente que gosta mais de ouvir o que o professor tem a dizer. Outros preferem uma boa leitura.
Em outros casos, é possível proporcionar o aprendizado por meio da ação.
Estimular todos os nossos sentidos nos permite materializar cada vez mais os conhecimentos ensinados e superar uma cultura baseada
exclusivamente na leitura e escuta. É necessário colocar esses estudantes para agir, com base nas metodologias (que vamos explorar mais adiante,
no módulo 3), a fim de construírem o próprio conhecimento, sendo protagonistas do processo.
Exempli�cando o conceito trabalhado
Você conhece a fábula hindu dos “Sete sábios cegos e o elefante”? Há várias chaves de interpretação para essa história. Uma delas nos permite
compreender e problematizar sobre o conhecimento e os meios com que possuímos acesso a eles.
Convido você a realizar a leitura que está disponibilizada na seção Explore+ e refletir sobre as seguintes questões:
- O que o elefante pode representar?
- O que os cegos podem representar?
- Algum dos cegos estava errado?
Representação da fábula hindu dos “Sete sábios cegos e o elefante”.
Criando e recriando
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Então, vamos ser criativos? Não no sentido de ser original e produzir algo novo, “nunca visto antes na televisão brasileira”, mas de se colocar em um
lugar de vivência e plena experiência por meio de múltiplas práticas e linguagens. Em qualquer conhecimento e em qualquer nível de ensino, nossa
imaginação precisa ser alimentada. Uma imagem, uma música ou um objeto materializam aquilo que estamos tentando explicar. Mas esse exercício
não pode parar por aí. Podemos permitir a criação por parte dos estudantes. Que outros olhares podemos ter? Que outras possibilidades podemos
ousar?
Vamos partir daquilo que conhecemos, do que está ao nosso alcance. Em um livro didático encontramos incontáveis elementos que podem ser
utilizados como recursos: imagens (fotografias, pinturas, charges), letras de música, mapas, tabelas, gráficos, notícias, trechos de textos
científicos, mapas mentais, textos jurídicos, propaganda, poesias, textos literários, relatos, entrevistas, histórias em quadrinhos... São tantos que
fica difícil de listar todos aqui. Claro que não será possível explorar um por um. O objetivo deste módulo é permiti-lhe ter um olhar crítico, explorar
algumas possibilidades de um recurso e pensar em outros caminhos possíveis.
Antes de explorar qualquer recurso, vamos ficar atentos a algumas questões como:

Qual é o contexto histórico, econômico, social e cultural em que foi produzido? E qual é a sua intencionalidade original?

Foi produzido para fins pedagógicos? Possui algum viés propagandístico? Ideológico?

Qual é a “verdade” que ele apresenta? E o que esconde?
Nem tudo que utilizamos nasce dentro do contexto escolar, então precisamos ficar atentos a essas apropriações que fazemos.
Para te ajudar nesse sentido, preparamos algumas questões como chave de análise:
O que podemos identificar? Quais elementos são visíveis? O que está sendo ali representado?
Que outras formas parecidas nós conhecemos? É algo que pode ser visto no nosso cotidiano ou específico de determinado tempo?
Em que momento histórico esse recurso foi produzido? Por quem? Com qual intencionalidade?
Quais as ligações e interpretações que podemos fazer? O que podemos compreender desse recurso diante da discussão que está sendo feita?
Quais críticas podemos formular? O que não está sendo dito? Que problemas podemos encontrar?
Atenção
Busque não utilizar nenhum recurso como uma ilustração, ou seja, para mostrar algo que já foi dito com outras palavras ou imagens. Isso pode ser
um desperdício de tempo e material. Pense no que de novo o uso daquele recurso pode oferecer que não foi possível contemplar com o uso de
outra linguagem. Que outro lado desse conhecimento é possível ser apresentado, proporcionando a diversidade do olhar?
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Uma imagem não vale mais que mil palavras
Certamente, um dos recursos mais utilizados para fins didáticos são as imagens. É o que dá forma à nossa imaginação. Mas ainda assim é um
território pouco explorado. Apesar de estar muito presente, seu uso se restringe muitas vezes a um valor de autoridade, para se provar o que foi dito
anteriormente, ou seja, ilustrar. Sua potencialidade pode ser mais bem observada.
Uma imagem é a ligação entre a esfera artística e a esfera social. É por meio da Arte que estabelecemos relações com o mundo externo. E isso se
tornou algo cultural, numa sociedade extremamente imagética. Basta observar nas redes sociais, nos outdoors pelas ruas e, também, nos livros
didáticos.
Ali estão expressos valores e identidades que são construídos e comunicados pela mediação visual. Mas ao mesmo tempo em que realizamos
opções por determinados caminhos, excluímos outros processos identitários possíveis. Então perguntamos, que outras histórias são possíveis de
serem contadas que não são valorizadas nas narrativas oficiais? O que elas podem afirmar ou contrariar?
Exempli�cando o conceito trabalhado
Vamos fazer mais um teste? Se você tem alguma rede social (Facebook, Instagram, LinkedIn, WhatsApp), repare na sua foto de perfil. Por que você
escolheu essa imagem? Qual mensagem você quis passar? O que essa imagem esconde? Quais são as histórias que ela não conta?
Uma imagem é um enunciado. Por meio dela, os sentidos são construídos. Pensando assim, vamos fazer nosso primeiro exercício de análise.
Observe a imagem e busque responder às questões a seguir para reflexão:
Black and Violet, Wassily Kandinsky, 1923.
Wassily Kandinsky é um artista plástico russo que ficou famoso pela abstração nas artes visuais. Selecionamos essa pintura para que ela possa
contemplar o maior número possível de áreas de conhecimento e componentes curriculares.
O que você vê?
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O que você não vê?
Quais possíveis intencionalidades do artista?
Quais sentimentos essa imagem lhe provoca?
Crie uma legenda para essa imagem caso essa obra fosse sua.
Agora vamos além:
Como essa imagem poderia ser explorada em uma aula sua? Ela estaria restrita somente para o componente de Arte? Sabemos que não, mas
acabamos naturalizando alguns recursos em algumas áreas. Esta obra, por exemplo, pode ser perfeitamente trabalhada em uma aula de Filosofia,
bem como de Matemática. A diferença está nos sentidos que produzimos.
Pensando no viés produtivo e protagonista dos estudantes, não podemos deixar que outras propostas deixem de surgir. Em uma aula de
Matemática, por exemplo, o aluno poderia criar sua própria obra abstrata trabalhando com formas geométricas. Por outro lado, essa produção pode
ter um viés filosófico ao buscar construir sentidos sobre si e sobre o mundo. Um trabalho desse poderia ser produzido tanto com papel e caneta,
quanto com recursos digitais. Expostos no mural da escola, ou num mural virtual para alcançar o maior público possível.
E que outras possibilidades podemos propor?
O que podemos ouvir pelas palavras
Além da visão, a audição é um ótimo sentido a ser explorado no processo de ensino e aprendizagem. E não estamos falando de ouvir o professor
nas aulas expositivas. Explorar o universo da música é um caminho em potencial, porque dialoga com um produto cultural muito consumido pelos
jovens e por nós, adultos.
Dica
Nos dias atuais,ficou muito mais fácil ter acesso aos arquivos de música. Há muitos aplicativos gratuitos de streaming em que você pode montar
sua playlist e compartilhar com seus estudantes. Este pode ser um ponto de ligação entre dois universos aparentemente diferentes: a do professor e
a do estudante. Você pode montar uma lista com músicas que estejam relacionadas com os conteúdos que está trabalhando, por exemplo.
Mas sabemos que não dá para ter sons em um livro didático. O gênero textual que está ali presente são as letras de música. Esse recurso também,
assim como as imagens, pode passar despercebido e não ser explorado em toda sua potencialidade. Precisamos encarar as letras de música como
fonte e objeto de problematização, em que há um problema ali em que precisamos interpretar, rompendo com a ideia do uso desse recurso como
ilustração.
Ao falar em interpretação, estamos falando em desenvolver nos estudantes competências de leitura. Ler o mundo não está restrito a textos
científicos. Há sentidos sendo construídos nas imagens e nos sons. Por isso, podemos ir além das letras que estão nos livros didáticos,
interpretando as representações sociais que estão ali presentes, e explorando a relação entre melodia, harmonia, ritmo e texto. Tudo vai depender da
forma com que você vai encarar esse recurso.
O quanto uma letra de música pode te tocar?
Uma letra de música pode ser só um texto, pode ser só palavras, ou pode virar poesia, ou até mesmo sair do papel ganhando formas e sons. São
diversos tipos de leituras que podemos realizar: material, descritiva, explicativa, dialógica e sensível. Não importa o que será explorado, mas o
quanto conseguimos compreender e transformar o mundo.
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Então, vamos para mais um exercício de interpretação, análise e criação. Vamos ler o trecho de uma letra de música para explorá-la:
(...)
Maranhão Maceió
Macapá Marajó
Paraná Paraíba
Pernambuco Piauí
Jundiaí Morumbi Curitiba Parati
É tudo tupi
Butantã Tremembé Tatuapé
Tatuapé Tatuapé
Quem sabe o que é que é?
Caminho do Tatu
Tu Tu Tu Tu
Todo mundo tem
Um pouco de índio
Dentro de si
Dentro de si
(...)
(ZISKIND, Hélio. Tu tu tu tupi. Meu pé, meu querido pé. São Paulo: MCD, 1997. Faixa 3)
Ao primeiro olhar, essa letra poderia estar em um livro didático voltado para crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Nosso desafio é
imaginar que este recurso possa ser utilizado desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Para isso, vamos explorar algumas questões:
Como as palavras presentes no texto podem ser exploradas? Qual a relação existente entre elas?
O que podemos fazer com essas palavras? Fragmentá-las? Investigar seus significados? Localizá-las em um mapa?
O que o autor busca valorizar?
Quais críticas podemos formular sobre essa letra?
Diante das críticas formuladas, como podemos propor ir além?
Novamente, pensando na autonomia e protagonismo discente, podemos visualizar a produção deles em propostas musicais que valorizem a
diversidade cultural, por exemplo. Seja criando uma playlist como tarefa para fomentar essa diversidade, ou até mesmo músicas ou paródias
criadas por eles que poderiam ser compartilhadas em formato de podcast.
Saindo do papel
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Ao falar em recursos didáticos, é inevitável não tocar no assunto da influência do mundo digital no contexto educacional. Principalmente após o
período de educação remota provocada pela pandemia do Covid-19. Mas isso não quer dizer que a demanda pelo diálogo com a cultura digital seja
uma novidade.
Nos livros didáticos, é perceptível esse diálogo pelo menos desde 2013, quando o edital do PNLD do ensino médio propôs avaliar obras
classificadas como livros digitais e, junto aos conteúdos dos livros impressos, os objetos educacionais digitais (OED).
Percebe-se um estreitamento do diálogo com a cultura digital como uma competência a ser desenvolvida na educação, consolidada, anos depois,
na BNCC.
Antes mesmo, os livros já demonstravam aproximação do digital como recurso didático ao apresentar, e serem avaliados, os sites indicados para
consulta e aprofundamento dos conteúdos trabalhados.
Atualmente, por meio de plataformas virtuais, conseguimos estabelecer uma relação mais direta entre o material e o virtual. Basta apontar para um
QR Code presente no livro didático que o estudante será direcionado para vídeos, jogos e aplicativos.
Mas é bom lembrar que nada disso tem sentido se não conseguimos utilizar esses recursos de forma consciente. Como foi colocado no módulo
anterior, é preciso aprender a “linguagem da tela” e isso não significa saber somente ler e escrever em plataformas multimídia, mas compreender o
mundo e saber lidar com ele por meio de relações afetivas, cognitivas, sociais, morais, culturais e linguísticas. Retornaremos a esse assunto no
módulo 4.
Atualmente, por meio de plataformas virtuais, conseguimos estabelecer uma relação mais direta entre o material e o virtual. Basta apontar para um
QR Code presente no livro didático que o estudante será direcionado para vídeos, jogos e aplicativos.
Chamadas: Buscando novos caminhos: Você já pensou em criar um QR code?
Por onde navegam as boas ideias!
De onde nascem as boas ideias? É questão de esforço? Criatividade? Convidamos você a refletir conosco sobre o assunto no vídeo a seguir.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“Formado no campo da psicologia e da neurologia, o cientista norte-americano Howard Gardner causou forte impacto na área educacional com
sua teoria das inteligências múltiplas, divulgada no início da década de 1980. Seu interesse pelos processos de aprendizado já estava presente
nos primeiros estudos de pós-graduação, quando pesquisou as descobertas do suíço Jean Piaget (1896-1980). Por outro lado, a dedicação à
música e às artes, que começou na infância, o levou a supor que as noções consagradas a respeito das aptidões intelectuais humanas eram
parciais e insuficientes.” (FERRARI, Márcio. Howard Gardner, o cientista das inteligências múltiplas. Nova Escola. Publicado em: 1 out. 2008)
O cientista Howard Gardner ficou conhecido no campo educacional devido à sua contribuição para o desenvolvimento do ensino e da
aprendizagem a partir da ideia das “inteligências múltiplas”, que consiste em estimular todas as habilidades potenciais dos alunos quando se
está ensinando um conteúdo. Essa linha teórica nos faz entender que
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Como a sociedade utiliza diversos meios de comunicação e estímulo para a compreensão dos sentidos, o professor deve também proporcionar
essa multiplicidade de formas comunicativas, dentre elas textuais, orais e imagéticas. O grande desafio é orquestrar esses códigos de forma
harmônica.
Questão 2
“Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a
transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”, mostrando-se
também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).”
(BNCC, 2018. p. 8)
A Base Nacional Comum Curricular, ao defender o desenvolvimento de competências, aposta em atitudes, valores, habilidades e
conhecimentos, ou seja, que os conteúdos sejam mobilizados de forma prática. Em relação aos recursos que utilizamos em sala de aula, eles
devem
A
cada um aprende de uma forma diferente, por isso a escola se torna um lugarde determinar quais linguagem são mais
importantes.
B é necessário realizar testes neurológicos com os alunos para identificar que tipos de inteligências eles mais mobilizam.
C
é importante possibilitar variados códigos de cognição, comunicação e socialização para possibilitar uma aprendizagem
significativa.
D
as inteligências lógico-matemática e linguísticas ainda são as mais importantes de serem desenvolvidas dentro do contexto
escolar.
E o uso de diferentes linguagens para desenvolver as diversas habilidades nos alunos pode atrapalhar na prática docente.
A
estabelecer diálogo com a realidade dos alunos e ir além, estimulando um olhar para o mundo e para o novo, seja para
compreender, fazer ou sentir.
B
estar relacionados com as competências gerais, seguindo à risca o documento curricular a fim de não ir além daquilo que foi
prescrito.
C
seguir aquilo que está prescrito nos livros didáticos porque estes passaram pela avaliação do PNLD e estão de acordo com as
normas oficiais.
D ser explorados na maior quantidade possível, para reforçar a aprendizagem de um mesmo conteúdo e sentido.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
O uso de recursos, sejam eles quais forem, devem estabelecer uma ligação entre aquilo que o aluno já sabe e a possibilidade de descoberta do
novo, sejam de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.
3 - Em busca de novos recursos didáticos
Ao �nal deste módulo, esperamos que você formule propostas didáticas com base na gami�cação.
Gami�cação: vamos dar um start?
Madrugada, computador ligado e muita adrenalina. Cada um de sua casa vai atrás de dicas on-line procurando a melhor forma de avançar naquela
fase. Outros gravam seus próprios vídeos e postam na internet a sua performance.
Você, juntamente conosco, deve estar se perguntando: o que se passa nessa cena? Trata-se de um episódio que não é isolado, mas partilhado por
inúmeras crianças, jovens e adultos atualmente. Algo nos incomoda e acende em nós uma espécie de alerta? Por outro lado, podemos pensar que
um acontecimento como esse, se bem planejado, pode proporcionar situações de ensino-aprendizagem?
Os games podem ser recursos didáticos?
E priorizar mais o estímulo de recursos visuais, pois se adequam à linguagem e cultura dos estudantes nos dias atuais.
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A resposta para essa pergunta não é meramente uma questão de “sim” ou “não”, mas de reflexão crítica que perpasse pela compreensão da noção
de gamificação, especificamente a partir do diálogo com o campo educacional. A gamificação na área empresarial, por exemplo, tem o objetivo de
engajar os funcionários. Já nas situações didáticas, ela deve estar a favor do engajamento dos discentes a partir do objetivo pedagógico do
professor, ou seja, o que ele visa construir ao mobilizar esse recurso e não outro.
Vamos por partes!
Existem várias portas de entrada no tema. Você pode ser um jogador que nunca pensou nas possibilidades didáticas dos games ou, ao contrário,
você não joga, mas já teve várias ideias interessantes para a sala de aula usando os games por influência de outras pessoas próximas que curtem
jogar.
Revela para a gente: em qual desses perfis você se encaixa?
Gamer
Você é um jogador que nunca pensou nos games como possibilidade didática.
Não gamer
Você não é um jogador, mas já teve ideias de trabalhar com os games na sala de aula.
Em nossas experiências docentes, não foram poucas as vezes que nos surpreendemos com a criatividade de nossos alunos. Então, se você não
joga, não fique preocupado, pois seus estudantes com certeza poderão te ensinar muito sobre esse universo! Lembre-se que o mais importante é a
gente se colocar na posição de aprendiz, desnaturalizar vivências, permitir conhecer mundos e linguagens que podem não ser originalmente as
nossas.
De igual forma, trazemos para o exercício da docência muitas das nossas bagagens, dos nossos gostos, das nossas apostas. Então, se você joga,
que tal instigar essa prática tendo um olhar pedagógico sobre ela?
Apenas um cuidado! Não é o fato de trabalharmos com jogos em situações de ensino-aprendizagem que vai significar por si só uma aula inovadora,
e sim a maneira como iremos mobilizá-los. Para saber mais sobre isso, indicamos no Explore + o texto A contribuição das tecnologias para uma
educação inovadora, de José Manuel Moran (2004).
Re�exão
Você já deve ter ouvido acusações aos games de serem responsáveis pelo sedentarismo das nossas crianças e jovens. O que você acha sobre isso?
Depois de formular seu ponto de vista, pesquise artigos científicos e reportagens sobre os exergames e avalie se mudou de concepção.
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Exergame, jogo de fitness ou gamercising é um termo usado para videogames que também são uma forma de exercício. Os exergames contam com
a tecnologia que rastreia o movimento ou a reação do corpo.
A experiência como jogador e prática educacional: O que a gente aprende com o universo dos games?
Fazendo o setup: sobre o jogar e o gami�car como estratégia didática
Pense em um jogo marcante da sua infância: não precisa ser um jogo digital necessariamente, vale qualquer um que venha primeiro à sua mente. O
que você aprendeu com ele? Quais sentimentos e sensações ele gerou em você? Se preferir, pense em alguém próximo que jogue: quais conexões
essa pessoa estabelece entre o jogo e a vida? Por que muitas pessoas associam o brincar somente à criança? Será que nós, adultos, também não
podemos e devemos brincar?
Temos uma sugestão que pode te ajudar nessa reflexão: vá no Explore + e confira a letra completa da música Bola de Meia, Bola de Gude, de Milton
Nascimento e Fernando Brant. Se preferir, feche seus olhos e tente apreender e sentir a poesia cantada por eles. Preste atenção em cada parte e,
depois, de olhos abertos, foque no trecho abaixo:
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Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
(Milton Nascimento e Fernando Brant – Música: Bola de Meia, Bola de Gude. Versão 2013)
O brincar e o lúdico fazem parte de todos nós e, portanto, não estão restritos à infância. Mas, evidentemente, para jogar e gamificar como
estratégias didáticas talvez seja válido rompermos algumas barreiras que nós adultos nos colocamos, afinal nosso lado “moleque” caminha lado a
lado com nossa identidade “adulta”, sustentando-nos, fazendo-nos romper com medos e nos passando segurança. Acreditamos que o jogo abre
campo para o erro, para o acerto, para o ser livre, para a ousadia e a imaginação.
Aprender jogando
Depois dessa sensibilização com a música, queremos te dar alguns exemplos de jogos e o que aprendemos com eles. Vamos lá?

Atari
Se você é da geração da década de 1980, provavelmente já jogou ou ouviu falar do Atari. Nesse console, foi possível jogar clássicos
como Donkey Kong, Pac-man e Space Invaders. Era preciso ter muita paciência e formular estratégias para fugir dos inimigos, ganhar
maior pontuação e conquistar poderes especiais. Persistência era a palavra-chave nesses jogos!
RPG
Uma geração depois, encontramos jogos com narrativas mais longas, como Super Mario World, Sonic e Legend of Zelda. Para esses
casos, além do que aprendemos anteriormente, era preciso compreender a noção de processo, cumprindo nossas “missões” e ir
“ l d ” i t ã lt d “ ”
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Sabemos que alguns desses jogostrazem consigo polêmicas em relação à violência, entretanto, nosso objetivo não é propor o seu uso em sala de
aula necessariamente, ainda mais sem problematização, mas pensar nos seus elementos que podem provocar engajamento e aprendizagem.
Reiteramos que, para pensarmos no jogo como estratégia didática, é necessário adentrarmos nesse mundo despidos de noções prévias ou mesmo
de preconceitos.
Conforme discutido por Marcella Costa (2017), pesquisadora do tema, os jogos devem ser vistos como prática cultural que pressupõe a interação
social e possibilita a circulação de saberes e fazeres. Em relação especificamente ao universo dos games, entendemos que ele deve ser ocupado
por nós, professores, interessados em problematizar seus limites e potencialidades para situações de aprendizagem, pois somente assim
conseguiremos trabalhar com eles criticamente. Nossa premissa é sempre de que a escola, a docência e a discência podem ser um espaço de
prazer, de surpresa, de encanto e de sensibilidade.
“salvando” aos poucos o que conquistamos para não voltar e começar do “zero”.
Duelo
Também fizeram sucesso nos anos 1990 os jogos de duelo, como Street Fighter, Mortal Kombat e King of Fighters. E, além de
disputar na telinha, era preciso saber se relacionar com o outro, aprendendo a perder e a ganhar, fazer rodízio para que todos tivessem
a oportunidade de brincar.
Jogos on-line
Mais recentemente, já conseguimos jogar com mais pessoas por meio da modalidade on-line. Podemos formar times e desbravar
mundos e desafios com jogos como Call of Duty, World of Warcraft, dentre vários outros que são mais comuns nos dias atuais.
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reconceitos
Ele pode ser entendido como:
[...] uma atividade voluntária realizada dentro de alguns limites de tempo e espaço, através de regras livremente consentidas, porém, obrigatórias,
dotadas de um fim em si mesmo, guiadas por sentimentos de tensão, alegria e de uma consciência, de ser diferente da vida cotidiana (HUIZINGA, 2000,
p. 24 apud ALEXANDRE; SABBATINI, 2013, p. 6).
Dica
Já que estamos falando de sensibilidade, quando você se deparar com algum game, preste atenção nos sons. Atente aos barulhos e ruídos que o
compõem. Já se deu conta que essa também é uma forma de nos convidar a uma experiência sensorial? Aperte o play e confira! A que esses
barulhos te remetem?
Como já foi dito, os games podem ser metáforas da vida na medida em que eles nos convidam a:

Superar desafios – grandes ou pequenos, ultrapassar barreiras, desenvolver táticas de sobrevivência.

Criar colaborativamente, ampliar conhecimentos gerais, desenvolver atenção, reflexo e habilidade espacial.

Lidar com perdas e ganhos, autodomínio e autoconfiança e a sermos sujeitos de nossas ações.
Se bem conduzidos, serão bons canais para a efetivação da aprendizagem significativa, conforme veremos mais adiante.
Não fique preocupado com os conteúdos! Gamificar uma aula não quer dizer abrir mão deles, tampouco dos conceitos relacionados aos diferentes
componentes curriculares. Eles são os insumos, os subsídios para a formulação de propostas gamificadas no âmbito escolar e na formação
docente. Voltaremos a esse ponto mais para a frente!
Além dos conteúdos, também trabalhamos com a dimensão axiológica, ou seja, com valores que devem estar afinados ao projeto político
pedagógico da instituição que estamos inseridos como docente e/ou gestores.
Re�exão
Você já parou para pensar como as mulheres são representadas nos games? Quase sempre de forma excessivamente sexualizada, ressaltando
atributos físicos, como seios em evidência, excesso de maquiagem etc. Nos primeiros jogos de Street Fighter, por exemplo, a Chun Li era a única
personagem feminina, representada de forma erotizada. Isso não poderia acabar reforçando estereótipos? Há casos em que meninas e mulheres,
quando se inserem nesse mundo dos jogos, acabam usando pseudônimos para evitar piadas machistas e preconceituosas. Isso também é
conteúdo para as nossas aulas! Combater o preconceito e defender o respeito ao outro independentemente de estarmos separados por uma tela:
esse papel também cabe à escola, não é?
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Chun Li, personagem da primeira versão do jogo Street Fighter.
Essa nossa discussão nos lembrou uma experiência vivida na sala de aula e queríamos trazê-la para você. No caso, vamos convidar você a fazer
essa prática em sua casa. Combinado?
Convite de atividade
Chame alguém que more com você para jogar. Caso more sozinho, aguarde um momento em que possa estar na companhia de uma pessoa de sua
confiança. O desafio será em dupla e um de vocês vai ligar o computador ou o celular, escolher um game e, na sequência, vendar os olhos: mas é
para vendar mesmo, ok? Escolha o jogo que desejar, de preferência que tenha alguma familiaridade.
A sua dupla terá a tarefa de guiar você nesse game. Lembre-se: você não está enxergando, então terá que prestar bastante atenção aos comandos
de voz de quem está te auxiliando. “Pula!”, “segue em frente”, “cuidado, o monstro!”, “avança!”, “corre!”.
Você conseguiu avançar? Como se saiu? Teve medo? Ficou ansioso? E sua dupla: foi um bom auxiliar ou não? Após esse exercício, pesquise na
internet sobre os audiogames para conhecer um pouco mais a relação entre gamificação e inclusão!
O que queremos ao partilhar essa prática é que perceba os vários conteúdos e valores aí envolvidos. Acabamos de vivenciar o desafio da inclusão,
no caso, como muitos deficientes visuais se sentem no mundo que não está preparado para eles. Lembramos que a empatia é a nona competência
da Base Nacional Comum Curricular que vocês já puderam conhecer nos módulos anteriores.
Ganhando experiência: um bate-papo sobre as aprendizagens
Falamos anteriormente que os games são portas de entrada para se trabalhar uma série de conteúdos, conceitos e valores. Neste momento,
convidamos você a um bate-papo sobre o que e como eles nos permitem aprender:
Aprendizagem disfarçada
Um ponto importante dentro do debate é a chamada aprendizagem disfarçada, “que surge (para os jogos) à medida que a diversão e/ou o desafio
toma mais conta das atividades propostas pelo game do que os conteúdos inseridos neles”, dizendo, metaforicamente, que “não é a história em
si, mas como contamos a história é que chama ou não a atenção dos espectadores” (PRENSKY, 2012, apud ALEXANDRE; SABBATINI, 2013).
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Aprendizagem periférica
A aprendizagem periférica é aquela que se dá de forma não diretiva e não conceitualizadora de conteúdos do currículo escolar, na qual o aprendiz
tem o contato com as disciplinas e com os conteúdos escolares de maneira periférica, por meio dos jogos e suas representações. Em outras
palavras: “a aprendizagem periférica não trata os conceitos de forma vertical, mas investe em cenários nos quais a aprendizagem possa ser mais
lúdica e significativa” (ALEXANDRE; SABBATINI, 2013).
Aprendizagem tangencial
Já a aprendizagem tangencial “baseia-se na ideia de assimilar melhor as informações que interessam, e que os jogos, de alguma forma,
despertam o interesse por certos conteúdos”, destacando que “mesmo que a aprendizagem não ocorra dentro do jogo, criam-se cenários e
desperta-se o interesse voluntário para a pesquisa sobre determinado assunto” (ALEXANDRE; SABBATINI, 2013). A aprendizagem tangencial se
daria na exposição das várias coisas em um contexto no qual já se está engajado.
E qual é a relação dos games com a aprendizagem significativa, expressão essa que já mencionamos algumas vezes aqui em nossos estudos?
Compreendemos que ela está relacionada à capacidade de tocar, de afetar o educando, o quepassa, necessariamente, pelo sensível ao ponto de
haver a autotransformação e a transformação do mundo que o cerca – portanto, pensar os games no contexto escolar é pensar como os conteúdos
das diferentes áreas de conhecimento podem ser meios e não fins em si mesmos para um processo de olhar para dentro e olhar também para o
mundo exterior. Fazermos do simples, complexo, com a pitada de saberes e sabores que nos proporcionem imersões no processo de produção de
conhecimento.
Saiba mais
A aprendizagem significativa tem relação direta com as nossas experiências como indivíduos, com o quanto nos permitimos criar e recriar. Em
síntese, liga-se ao autoconhecimento, trabalhado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como a oitava competência geral.
Conta para a gente!
Depois de pensarmos sobre a aprendizagem, vamos investigar uma coisa que será importante para o desdobramento do nosso módulo. A pergunta
é simples: que tipo de jogador é você? Você usa alguma “máscara social” quando está jogando? Por máscara social entendemos uma roupagem,
uma imagem de si, um assumir de uma identidade provisória. Você se enxerga como competitivo? Tímido? Costuma usar táticas e estratégias
previamente estudadas e investigadas? Deixamos as indagações no ar. Guarde suas respostas.
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A gami�cação como metodologia ativa
A gamificação tem sido pensada como uma metodologia ativa, mas no que consiste esse processo?
(...) a gami�cação pressupõe a utilização de elementos tradicionalmente encontrados nos games, como narrativa,
sistema de feedback, sistema de recompensas, con�ito, cooperação, competição, objetivos e regras claras, níveis,
tentativa e erro, diversão, interação, interatividade, entre outros, em outras atividades que não são diretamente
associadas aos games, com a �nalidade de tentar obter o mesmo grau de envolvimento e motivação que normalmente
encontramos nos jogadores quando em interação com bons games.
(FARDO, 2013, p. 2).
É importante frisar que as tecnologias digitais podem potencializar a gamificação, mas não precisamos delas necessariamente, ou seja, podemos
gamificar uma aula a partir do próprio livro didático, recurso trabalhado no módulo 1.
Dica
Uma ideia para gamificar sua aula usando o livro didático é aproveitar as imagens presentes nas aberturas dos capítulos ou, se preferir, aquelas que
são distribuídas ao longo das unidades. Que tal fazer o teste? Você tem algum livro didático próximo a você? Abra-o ao acaso e dê uma olhada nas
imagens trabalhadas nele. Como você pensaria a formulação de um game a partir delas? Alguma ideia de dinâmica usando-as como disparadores?
Lembre-se do que foi trabalhado no módulo 2 em relação ao uso imagético.
Pensar o professor como mediador não é dizer que a ele cabe “apenas” estar em sala, mas estar em diálogo com os discentes o tempo todo,
fomentando o que podem oferecer, direcionando os caminhos de pesquisa e corrigindo aquilo que precisa ser corrigido.
Pensar a gamificação como metodologia ativa demanda o exercício do protagonismo por parte do sujeito aprendente (MATTAR, 2017). Em muitos
casos, talvez por desconhecimento, os próprios professores não se enxergam como parte ativa do processo, deixando os estudantes sozinhos em
momentos cruciais que a intervenção docente se faria necessária para potencializar a aprendizagem.
Vamos pensar numa situação hipotética?
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Sou professora da rede pública e privada. Trabalho com os anos �nais do ensino fundamental. Gosto de gami�car as
minhas aulas, mas também trabalho com outras metodologias ativas como aprendizagem baseada em problemas,
aprendizagem baseada em projetos e instrução por pares. Confesso que às vezes deixo meus alunos trabalhando e vou
na sala dos professores tomar um café. É um momento de pausa, de descanso para mim.
Relato fictício.
A partir da situação fictícia relatada, nossa pergunta é simples: “Pode isso, Arnaldo”?
Na postura da professora, o que estaria equivocado dentro da definição de metodologias ativas?
Acompanhar o aluno durante a aprendizagem é crucial.
Você já aprendeu que, ao trabalharmos com elas em situações de aprendizagem, não é correto abandonarmos os estudantes. Precisamos estar
lado a lado, mediando, aprendendo com eles, ensinando, direcionando e, enfim, dando vida a um conceito importante que é o da inteligência coletiva
(LÉVY, 1998).
Portanto, as metodologias ativas não pressupõem a passividade, mas a ação de professores e alunos em sintonia,
visando a um objetivo comum: a construção de conhecimento!
O mais importante é que não usemos, mesmo sem querer, roupagens de modernização para reprodução de velhas práticas. Gamificar uma aula,
assim como utilizar qualquer outra metodologia ativa em situações de ensino-aprendizagem, demanda a mudança de mentalidade, de rever
paradigmas que podem estar arraigados inconscientemente em nós. O que queremos dizer com isso? Que essas estratégias precisam estar
afinadas com o pensamento crítico e criativo que também já abordamos anteriormente.
Agora, vamos falar um pouco mais sobre os elementos que compõem um jogo? Antes disso, vamos te deixar uma pequena tarefa.
Quantos bilhões são movimentados anualmente na indústria de games? Que tal investigar os números?
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O professor como produtor de games
Se você pesquisou os valores envolvidos na indústria de games, deve ter se deparado com números exorbitantes. O que nos interessa aqui é: qual o
potencial disso para fins educacionais? Vamos responder a essa pergunta com uma prática e, para isso, precisamos conhecer bem os elementos de
um jogo. Um jogo criado por nós acaba revelando muito do que somos como pessoa e por isso perguntamos que tipo de jogador é você. E aí, já tem
a sua resposta?
Agora que você já refletiu, acompanhe a seguir os principais elementos de um jogo:
Personagens
Primeiro, os jogos contêm personagens. Quando pensamos na produção de um game, podemos trabalhar com a ficção ou com
figuras que existiram de verdade. Um professor de História, por exemplo, pode recorrer a sujeitos históricos presentes nos livros
didáticos ou mesmo em outros que tenham sido silenciados, mas que julgue pertinente ser apresentado aos alunos, explorando
aspectos da história local. Personagens têm vivências, historicidade, desejos, objetivos.
Narrativa
Em segundo lugar, os jogos sempre têm uma narrativa. A narrativa é o desenrolar de uma trama, um enredo que vai se desenvolvendo
à medida que avançamos as fases. O mais interessante é pensarmos que, ao sermos nós os construtores de um game, podemos
criar narrativas potentes, problematizadoras, que instiguem um caminho de construção de conhecimento.
Desa�os
Um bom jogo precisa ter desafios! Todos nós ficamos instigados quando somos desafiados. Lembre-se de que, para atingir os
objetivos do jogo, seus alunos não precisam estar uns contra os outros, mas juntos, colaborando para vencer os desafios de forma a
estabelecer parcerias. Mesmo que o professor não seja um game designer profissional, quando ele se pensa como produtor deve
levar em conta o envolvimento emocional por meio da diversão!
Fases
Nossas vidas são feitas de fases, ciclos que tem um início, um meio e um fim. Cada fase pode significar uma etapa de apreensão de
um conteúdo específico e, ao final delas, você terá revisado aquilo que trabalhou em sala de aula ou, ao contrário, o jogo construído
pode ser um gatilho para a sala de aula invertida, ou seja, seus alunos precisarão se apropriar dos conteúdos antes das aulas para
poderem compreender melhor a jogabilidade.
Jogabilidade
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