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História Geral da Arte 
 
 
1. As definições de arte 
O conceito de arte é alterado de acordo com a época e a cultura. Pode ser separado ou 
não, como é entendido hoje na civilização ocidental, do artesanato, da ciência, da religião e da 
técnica no sentido tecnológico. Essa mutabilidade do conceito depende tanto daqueles que 
produzem os objetos que receberão a definição de obra de arte, quanto da sociedade na qual 
esses mesmos objetos são feitos. Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e o 
conhecimento acumulado não existiam de forma separada, tampouco havia o artista como 
figura autônoma dentro dessas sociedades. Naquele momento, arte era um conceito aplicado a 
certas habilidades que algumas pessoas possuíam para realizar uma tarefa. Para os gregos 
antigos do século V a.C., a palavra usada para definir arte, ou capacidade de realizar algo a 
partir de certas habilidades e conhecimentos, era tekné, que etimologicamente deu origem à 
palavra técnica que usamos hoje. Para aqueles gregos havia a arte, ou técnica, de se fazer 
esculturas, pinturas, sapatos ou navios. O termo arte, com o passar dos séculos, (e dependendo 
das sociedades nas quais se verificar a existência desse conceito), modificou-se bastante. Na 
Europa, durante um longo período, o termo servia para designar uma atividade relacionada à 
capacidade de criar objetos, pinturas, obras com muita qualidade, perícia e talento. 
Atualmente, arte é um termo relacionado à criação de imagens, sons, objetos, espaços 
(virtuais ou físicos), que contenham alguma qualidade plástica que se destaque a partir do ponto 
de vista da sociedade. O reconhecimento dessas qualidades, em geral, é feito por um crítico ou 
por alguém cuja opinião seja ouvida. É essa opinião, quando aceita pela sociedade dentro da 
qual ela foi emitida, que irá determinar o que é e o que não é arte, assim como o que é e o que 
não é obra-prima. 
 
“O significado de obra-prima vem do período medieval. Para um artífice, artesão, pintor, 
escultor, ourives – ou qualquer outra profissão que dependesse de um conhecimento 
específico – ser chamado de mestre, dependeria da sua capacidade de criar uma obra-prima, 
ou seja, algo resultante de seu trabalho, que fosse avaliada por seus pares, e nela 
reconhecessem um grande talento e qualidade.” 
 
1.1. A importância do estudo da arte na arquitetura 
As teorias no campo da arquitetura alimentam-se direta ou indiretamente de diversos 
outros campos do saber humano, e entre eles está a esfera do conhecimento produzido pelas 
teorias artísticas. Estas, por sua vez, possuem uma dinâmica mais intensa do que a da 
arquitetura, por razões de sua própria materialidade e forma de produção. Por isso, é 
fundamental desenvolver um olhar atento sobre o objeto artístico, suas concepções e teorias, 
sua forma de produção e investigar como, em qualquer período da história, a arquitetura e a 
cidade (os edifícios e os espaços abertos) sofreram influências significativas da produção 
artística. Por exemplo, o tratadista renascentista Leon Battista Alberti escreveu os Tratados da 
pintura, da escultura e da arquitetura, que se chamam De re Aedificatoria. Nesse último 
trabalho, o conceito de belo na arquitetura está relacionado com a música. 
Outra forma de influência e relação entre arte e arquitetura acontece quando as formas 
plásticas de um determinado movimento ou teoria artística são aplicadas diretamente em um 
projeto arquitetônico. Segue um exemplo. 
O arquiteto franco-suíço Le Corbusier estava muito ligado ao Purismo, movimento 
artístico que transformou alguns princípios do Cubismo no início do século XX. 
A Vila Stein – também conhecida como Villa Garches, Villa de Monzie, e Villa Stein-de 
Monzie – é uma residência unifamiliar que foi projetada por Le Corbusier e construída em 1927, 
em Garches, na França. No seu desenvolvimento, o arquiteto utilizou um sistema construtivo 
(chamado de sistema independente) que permite que as paredes não façam parte da estrutura. 
Apesar desse sistema não ser exatamente uma novidade na época, a forma de utilização e de 
criação de espaços com ele era algo ainda a ser explorado. Nesse projeto, o arquiteto utilizou 
sua experiência pessoal em artes plásticas para criar uma arquitetura diferenciada, combinando 
esse tipo de estrutura com um conceito de arte. Um dos objetivos era o de criar espaços 
arquitetônicos fluidos e livres, em contraponto ao espaço rígido da arquitetura tradicional, 
explorando o sistema independente formado por pilares e lajes planas, necessário para a 
edificação. 
A partir do diagrama explicativo abaixo, é possível visualizar como o arquiteto utilizou 
uma obra de arte, feita por ele mesmo dentro dos princípios do Purismo, para criar ambientes 
arquitetônicos. A expressão plástica do quadro (1) foi utilizada para definir os espaços da 
residência por meio da inserção de suas formas livres sobre uma retícula construtiva (2). A 
estrutura, composta pelos pilares e lajes, é definida separadamente, e forma uma grade virtual 
(3). Nela, o arquiteto posiciona paredes, escadas, pisos e divisórias, da mesma maneira livre 
como ele se expressa na segunda etapa do processo, resultando em um conjunto arquitetônico 
regular e diferente ao mesmo tempo (4). 
 
1 – Le Corbusier. Natureza morta com numerosos objetos, 1923. Óleo sobre tela, 114 x 146 cm. Fondation 
Le Corbusier 
2 – Linhas principais de expressão do quadro anterior 
3 – Malha reticulada com distribuição da estrutura (pilares) e organização de espaços com eixos virtuais 
da Villa Stein. 
4 – Planta do primeiro andar da Villa Stein. Aqui está representado apenas este andar, mas os demais 
são semelhantes, em termos de conceito arquitetônico. 
 
1.2. As transformações da arte ao longo do tempo 
Para melhor compreender a enorme quantidade de informações, momentos, tendências 
e movimentos artísticos, recorre-se geralmente às linhas do tempo (ou linhas cronológicas), para 
que assim se permita uma visualização sequencial dos diversos períodos que a arte percorreu 
na história humana. Porém, qualquer tentativa de estabelecer uma linha cronológica que 
organize temporalmente os diversos momentos pelos quais cada civilização construiu seus 
objetos artísticos (com seus valores socioculturais e técnicas específicas), esbarra na dificuldade 
de definição de datas e conceitos exatos. Além disso, ao longo do tempo, certas classificações 
que costumavam ser consideradas adequadas podem e vão sendo questionadas e alteradas. 
Um exemplo disso foi o Maneirismo, que tendo ocorrido no século XVI, recebeu sua 
definição teórica na última década do século XIX. Por isso, as linhas do tempo devem ser 
utilizadas dentro de um limite bastante claro: elas contribuem muito para compreender de 
maneira geral as transformações da arte ao longo da história, mas devem ser vistas com cautela 
quando o intuito é estudar mais detalhadamente uma obra de arte, a vida de um artista ou um 
movimento, com uma visão de estudioso, mais específica. 
É muito comum que certos movimentos artísticos ocorram contemporaneamente. 
Também é habitual encontrar opiniões de autores que divergem entre si sobre um determinado 
assunto, data ou conceito. É também importante destacar que existem períodos de indefinição 
(transição) sobre a arte, nos quais um momento e um conceito muito bem definidos estão sendo 
substituído por outros, ainda não muito claros. 
Assim, neste texto privilegiou-se abordar conceitos e definições mais cristalizadas e 
geralmente aceitas como corretas sobre a definição de arte e da importância real de alguns 
objetos artísticos. Mas, com o passar do tempo, certamente essas noções poderão ser alteradas. 
 
“A definição de arte é mutável, e depende muito do momento histórico. Além disso, a 
própria noção de arte, usada para descrever uma área de conhecimento autônoma (que é a 
maneira como a compreendemos atualmente), nem sempre existiu. Portanto, o conceito de 
arte usado hoje serve para descreveruma qualidade pertencente a algo criado para ser visto 
como uma obra de arte, mas que, para alcançar esse patamar, necessita ter algum valor 
reconhecido por um público. Um desses valores, que caracteriza intensamente a noção de 
arte, é a capacidade de um objeto, edifício, texto, imagem, som ou qualquer outro suporte 
físico, de estimular nossos sentidos, físicos e intelectuais, não dependendo de qualquer 
relação com uma finalidade prática, ou função. Isso significa que a arte, para ser vista como 
tal, não deve ter um fim específico. Mas lembre-se: esse conceito pode e certamente se 
modificará ao longo do tempo.” 
 
 
2. O Classicismo em Grécia e Roma (séc. 5.A.C. a 6.D.C.) e a crise do classicismo 
(séc. 5 D.C. a séc.15) 
 
2.1. A arte na Grécia antiga 
Foi a partir do século 5 a.C. que se deu o auge da arte grega. Nesse momento tem início 
a busca da representação do corpo humano de uma maneira mais fiel à realidade visível que o 
compõe. Os gregos, amplamente influenciados pelos egípcios, basearam suas representações 
escultóricas nas observações diretas do corpo a ser representado, e não na reprodução de um 
conhecimento pronto que dizia como deveria ser essa representação. Essa pesquisa constante 
pela representação mais fiel do corpo humano também se estendeu à pintura. A influência da 
arte egípcia, apesar de ser limitadora, pois se baseava em regras de representação rígidas, deu 
uma contribuição importante à arte grega no seu auge: no Egito a representação tentava ser a 
mais detalhada e completa possível, e estimulou o artista grego a continuar explorando a 
anatomia dos ossos e músculos, e a formar uma imagem convincente da figura humana, 
inclusive debaixo das roupagens das esculturas. A busca da representação do movimento do 
corpo humano, e não apenas da sua forma, também fez parte da arte grega. Os jogos e exibições 
esportivas requisitavam estátuas que representassem o mais fielmente possível os chamados 
“atletas” da época. 
 
“A composição nas artes plásticas Composição, nas artes plásticas, é a maneira pela 
qual o artista organiza espacialmente as cores, volumes, formas, linhas e quaisquer outros 
elementos que façam parte da obra. A composição é essencial quando a obra de arte possui 
um tema ou assunto, pois é ela que contribui para construir a narrativa a ser apreendida pelo 
espectador. Por outro lado, algumas obras de arte não possuem um tema, assunto, ou cena 
identificável. Nesse caso, o autor do trabalho preferiu privilegiar apenas a composição.” 
Apesar dessa intensa busca pela realidade, havia ainda na arte grega, principalmente na 
escultura, alguma idealização do corpo humano. Isso significa que, mesmo levando em 
consideração os aspectos físicos do corpo, as representações deste não eram exatamente fiéis. 
Certas deformações na anatomia eram feitas para tornar a estátua mais interessante à 
percepção do observador, ou para tornar o corpo representado em pedra com proporções mais 
equilibradas, buscando atingir um ideal de beleza. 
 
Discóbolo 
Autor: Míron 
Cerca de 460 a.C. 
Cópia feita no período de Roma antiga. Museu Nacional, Nápoles, Itália. 
Esta famosa estátua reúne as inquietações de Míron, escultor 
grego, em busca da representação da figura em movimento. O ângulo 
de visão mais satisfatório – de perfil, com o rosto de frente para o 
observador da escultura – permite que se possa observar a elaborada 
composição, baseada em uma linha de curvas acentuadas que 
percorrem a estátua de cima a baixo, combinada com a ampla curva 
descrita pelos braços e pela linha dos ombros, prolongando-se pela 
perna esquerda, que está retraída. A capacidade dessa escultura de 
transmitir um alto grau de realidade anatômica era uma das 
características da arte grega na época. 
 
 
2.2. A arte na Roma antiga 
A arte do antigo Império Romano do ocidente, foi muito influenciada pela cultura da 
Grécia antiga e pelos etruscos, estendendo-se do século 8 a.C ao século 5 d.C., difundindo-se 
por diversas expressões artísticas desde a construção de edifícios públicos, até a pintura 
afresco, a escultura, entre outras formas de manifestação artística. Mas foi na arquitetura e na 
escultura que se pode visualizar com mais nitidez os avanços e influências da arte Romana 
clássica. 
A escultura da Roma antiga desenvolveu-se em toda a área de influência romana, com 
seu foco na metrópole, entre os séculos VI a.C. e V d.C. Em sua origem, derivou da escultura 
grega, primeiro por meio da herança etrusca, e logo diretamente com a própria Grécia, durante 
o período helenista. Apesar da reconhecida influência da escultura 
grega em toda a Roma antiga, hoje se pode afirmar que os artífices 
romanos não eram meros copiadores. Eles deram importantes 
contribuições para a escultura, principalmente na criação de obras 
feitas especificamente para grandes monumentos públicos, nas 
quais a capacidade de uma estátua de expressar significados 
vinculados ao poder de Roma era algo fundamental e conseguido 
com muita dedicação e talento dos escultores da época. A 
reprodução de bustos, rostos, e perfis em relevo era de grande 
qualidade. 
 
Augusto de Prima Porta 
Autor desconhecido. 
Mármore. Museu Vaticano, Itália. 
A estátua representa Augusto César, imperador romano, foi baseada no Doríforo de 
Policleto (escultor grego) do século 5 a.C, e foi talhada em mármore. Ainda contém alguns 
resquícios de tintas douradas, púrpuras, azuis e outras cores com as quais ela foi policromada. 
 
Classicismo greco-romano: 
• influenciou com intensidade a formação do mundo ocidental; 
• privilegiou a representação física com fidelidade ao mundo real; 
• criou um padrão de beleza ideal a partir de uma interpretação do mundo real. 
 
3. A crise do Classicismo: a relação Oriente e Ocidente na Idade Média (476-
1453) 
A queda do Império Romano é assinalada pela conquista de Roma no ano de 476 pelos 
povos germânicos, combinada com a ascensão do cristianismo como religião oficial, a qual se 
impôs, paulatinamente, sobre as antigas crenças, tanto as romanas como as das tribos 
germânicas, que passaram a ser tratadas como pagãs. Esse processo teve lugar tanto no 
Ocidente como no Leste europeu. Em ambas as regiões, entretanto, permaneceu o desejo de 
retomar a pujança do antigo Império Romano. Assim, enquanto a parte Ocidental do continente 
assistiu, na Idade Média, à formação do Sacro Império Romano Germânico, na banda oriental 
conformou-se o denominado Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, cuja capital era 
Bizâncio ou Constantinopla (atual Istambul, na Turquia). A queda do Império Bizantino, com a 
tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, marca o fim do período medieval. 
Essa época caracterizou-se, no campo artístico, pelo predomínio dos temas da religião cristã, 
pela busca da representação do sagrado na pintura, na escultura e na arquitetura. Porém, a 
arte cristã medieval pode ser dividida em arte bizantina e arte medieval do Ocidente. 
 
3.1. A arte cristã no Império Bizantino 
O Império Bizantino manteve-se distanciado das influências dos povos bárbaros 
germânicos. Em Bizâncio e nas áreas sob seu controle, desenvolveu-se uma arte cristã cujo 
auge ocorreu no século 6, no Império de Justiniano I, e que combinava influências da arte 
romana, da Grécia antiga e do Oriente Médio. A própria localização geográfica de Constantinopla 
(hoje Istambul na Turquia), na fronteira entre o Oriente e o Ocidente, era favorável a essa 
confluência artística. 
Há que se considerar ainda a constante 
ingerência do clero cristão do Oriente sobre a arte 
bizantina, o que contribuía para torná-la 
profundamente religiosa. Ademais, o próprio 
Imperador do Oriente devia o seu poder ao caráter 
teocrático do Império Bizantino, motivo pelo qual 
estimulava a produção de obras de arte, como 
mosaicos, nos quais era representado, com sua 
cabeça aureolada, geralmente ladeando a própria 
Virgem Maria e o Menino Jesus. Na arte bizantina, 
têm destaque a pinturaparietal (em paredes), a 
pintura mural, as iluminuras, a tapeçaria e os 
mosaicos. 
 
Basílica de San Vitale, Ravena, Itália. 
No período bizantino, o uso da cúpula apoiada sobre pendentes e os arcobotantes 
possibilitaram aumentar significativamente o tamanho das edificações e, consequentemente o 
seu espaço interno. Mas apesar disso, e do aumento da quantidade de aberturas nas fachadas 
das construções as paredes ainda eram grossas, lisas e amplas. Os mosaicos e afrescos 
bizantinos tinham como uma de suas finalidades ornamentar e enriquecer essas extensas 
superfícies, transmitindo, ao mesmo tempo, as imagens de reis, rainhas, santos, santas, clérigos 
e os personagens da religião cristã. 
 
3.2. A arte cristã na Europa ocidental medieval 
No Ocidente medieval, caracterizado pelo feudalismo, a arte também foi 
predominantemente cristã. O próprio sistema feudal, marcado pela organização política 
fragmentada em feudos e pela divisão social em oratore (os que oram), belatore (os que 
guerreiam) e laboratore (os que trabalham, especialmente lavram a terra), era legitimado pela 
Igreja Cristã, pois essa forma de organização política e social era considerada a expressão da 
vontade de Deus na Terra, que somente podia ser interpretada e compreendida pelos clérigos. 
Neste sentido, a arte do Ocidente medieval voltava-se em especial para a representação dos 
desígnios divinos, com imagens do céu e do inferno, de modo a ensinar o caminho da salvação 
cristã à população, que em sua quase totalidade era analfabeta. 
 
Costuma-se dividir a trajetória da História da Arte do Ocidente Medieval em três 
momentos significativos: 
• Arte Românica: corresponde ao período do auge do feudalismo, sendo, portanto, a 
expressão artística da sociedade rural feudal acima descrita; 
• Renascimento Carolíngio: foi aquela arte produzida durante o império de Carlos Magno, 
a partir do ano de 800, em que se buscou a volta aos padrões clássicos, apesar do 
predomínio da orientação religiosa cristã; 
• Arte gótica: desenvolveu-se na crise do feudalismo, quando floresceram novamente a 
cultura urbana, as universidades e as ordens monásticas (cistercienses, franciscanos, 
dominicanos e beneditinos), que contribuíram para a primeira reforma da Igreja cristã, 
no sentido de sua reaproximação com os valores originais da fé. 
 
 
 
 
La Maestà. 
Duccio de Boninsegna. 
Pintura sobre madeira. 
1308-1311. Museu da 
Catedral, Siena, Itália. 
 
La Maestà, conhecida como A Virgem com vinte anjos e dezenove santos, é um amplo 
conjunto de várias pinturas com frente e verso, feitas por Duccio di Boninsegna, em 1308, para 
a cidade de Siena, Itália. A face da obra mostrada a seguir representa a Virgem em majestade, 
flanqueada por anjos e santos. Essa pintura serviu como referência para uma importante 
mudança na arte italiana: o período bizantino teve como uma de suas características a 
representação do corpo humano de uma maneira simplificada, com alterações anatômicas que 
evitavam o reconhecimento do sexo das figuras, e outras modificações nas proporções de partes 
do corpo humano. A obra La Maestà estimulou outros artistas da época a modificarem essa 
forma de representação, buscando uma pintura mais realista do ponto de vista físico, mais 
próximo à anatomia e fisionomia das pessoas daquela região. 
Outra característica da pintura da época é a maneira utilizada pelo autor da obra para 
demonstrar a hierarquia na composição do quadro: a importância de cada personagem dentro 
da cena está diretamente relacionada ao tamanho da sua imagem, ou seja, quanto mais 
importante é a figura, maior é o seu tamanho. Não havia a preocupação em representar as 
imagens em escala real em relação ao conjunto, tampouco em criar profundidade através da 
redução de tamanho das figuras. Ou seja, cada figura é proporcional em si, mas não 
necessariamente em relação às outras imagens. Essa técnica somente surgiria séculos depois, 
no Renascimento. 
A composição é bastante nítida, feita com o propósito de valorizar a Virgem. Posicionada 
no centro, tem quase todos os olhares dos personagens que a cercam voltados para si. Para o 
observador, é inevitável ter o olhar dirigido fortemente para o rosto dela. 
 
A pintura bizantina criou formas humanas para representar apenas o ser, e não o 
aspecto físico das pessoas, e serviu com maestria para adornar as enormes e lisas paredes dos 
templos religiosos feitos com a estrutura maciça da época. A arte medieval muda os princípios 
adotados no período anterior e começa a valorizar mais a forma humana. Seu foco é a 
capacidade de criar narrativas sobre temas religiosos. A religião é o principal tema da época e 
aparece vinculada profundamente a quase toda manifestação artística de qualidade. 
 
4. O retorno a valores clássicos: Renascimento, Maneirismo e Barroco 
 
4.1. O Renascimento: a razão e a arte 
A palavra renascença significa nascer de novo ou ressurgir. Para os italianos, e 
principalmente os artistas florentinos do século 14, a arte que estava sendo produzida era 
considerada de qualidade porque recuperava aquela do período do Império Romano. E foi na 
cidade de Florença que esse sentimento se manifestou de modo mais intenso. Foi também nesse 
momento que um grupo de artistas se dispôs deliberadamente a criar uma nova arte e a romper 
com as ideias do passado recente, tendo como líder Filippo Brunelleschi, que ficou encarregado 
da conclusão da cúpula da catedral de Florença. Sua proposta era que as formas da arquitetura 
clássica (colunas, frontões, proporções etc.) fossem livremente usadas para criar novos modos 
de harmonia e beleza. Para os grandes mestres da Renascença, os novos recursos e descobertas 
da arte nunca foram um fim em si. Sempre os utilizaram com o propósito de aproximar ainda 
mais do nosso espírito o significado de seus temas. 
É desse período a invenção de uma forma de representação que dominou durante alguns 
séculos a criação de imagens que reproduzem o mundo real: a perspectiva. Atribui-se a Filippo 
Brunelleschi a sua invenção, e apesar do surgimento de outras formas de representação, a 
perspectiva é usada até hoje, inclusive no mundo virtual da informática. 
A perspectiva, com seu método de representação quase científico, e de certa forma, 
matemático, também se inseria na visão dos mestres florentinos do século 15 que se voltaram 
para o uso da racionalidade como forma de explicar o mundo. A perspectiva, associada aos 
conhecimentos que esses artistas possuíam sobre a anatomia humana, proveniente de seus 
estudos em cadáveres, geravam imagens com uma exatidão que impressionava a todos os 
observadores da época. 
 
A Santíssima Trindade 
Afresco, 1428 
Santa Maria Novella, Florença, Itália 
 
Masaccio (Tommaso de San Giovanni 
Valdano ou Tommaso de San Giovanni di 
Simone Guidi), 1401-1428 
 
Este quadro gerou grande 
espanto devido à ilusão, criada pela 
disposição e proporção dos corpos, a 
qual fazia com que os fiéis 
imaginassem ali a extensão de uma 
outra capela, tal a realidade criada 
pelo uso da perspectiva. Na imagem à 
direita as linhas que estruturam o 
afresco convergem para o ponto de 
fuga, que se encontra na altura dos 
olhos do observador, “convidando-o” 
a participar da composição. 
 
Enquanto na Itália, os florentinos buscavam a exatidão da representação através da 
perspectiva com ponto de fuga (perspectiva cônica) e com um profundo conhecimento da 
anatomia humana, no norte da Europa, Jan van Eyck, um artista flamenco, da região onde hoje 
se encontram os Países Baixos, buscava essa mesma exatidão, porém de outra maneira. A 
solução por ele adotada foi materializar a ilusão do mundo real através da cuidadosa e paciente 
composição de uma imagem pela somatória de detalhes precisos, reproduzindo, da maneira 
mais completa possível, o que os olhos viam no universo real. 
Apesar de van Eyck também se utilizar de uma característica da perspectiva, a de criar 
a ilusão de profundidade através da redução do tamanhodos objetos em um quadro à medida 
que se afastam do plano do observador, os detalhes é que convencem o espectador de que 
aquelas imagens são um espelho do mundo real. Para conseguir a exatidão da representação 
de imagens ele aperfeiçoou significativamente sua capacidade de pintar, inventando a pintura 
a óleo, que permite uma riqueza de detalhes muito rica. 
Uma das principais contribuições dos artistas, tanto na Itália (sul da Europa) quanto em 
Flandres (norte da Europa), foi a demonstração de que a arte pudesse ser usada não só para 
contar a história sagrada de uma forma comovente, e que era uma das principais preocupações 
da Igreja Católica, mas para refletir também um fragmento do mundo real. 
 
Giovanni Arnolfini era um negociante italiano, que se estabeleceu em Bruges com sua 
esposa. O casal foi representado por van Eyck no interior de uma residência, que reflete o seu 
cotidiano. Isso é possível de se perceber devido ao alto grau de detalhamento realista que foi 
utilizado para mostrar elementos domésticos como o cãozinho (na parte inferior do quadro), as 
frutas (na mesa) e o espelho, na parede ao fundo. Esse espelho se converte em um interessante 
elemento no quadro, pois em uma observação mais detalhada é possível perceber nele a 
presença de outros personagens na cena. 
Apesar da aparente naturalidade e simplicidade da cena, são vários os elementos 
simbólicos que remetem ao matrimônio, representado de forma discreta pelo autor da pintura, 
como era hábito entre os artistas da época. 
O casal Arnolfini 
Autor: Jan van Eyck 
1434. National Gallery, Londres, Inglaterra. 
 
Nesse ambiente, os artistas passaram a 
organizar-se em corporações, bastante fechadas, e que 
correspondiam aos sindicatos de hoje. A transmissão do 
conhecimento também era restrita: não havia escolas, e 
os interessados em aprender algo tinham que começar 
bem cedo, como jovem aprendiz de algum mestre 
habilitado. É nesse ambiente, no século 16, que se 
formaram algumas gerações de artistas e arquitetos 
mais importantes da Itália e que se tornariam referência 
para o mundo ocidental nos séculos seguintes, criando 
algumas das obras mais significativas da arte na 
Europa. Mas, ao contrário de outros períodos na 
história da arte, os artistas que hoje reconhecemos 
como grandes mestres já eram reconhecidos como tal 
naquela época. Nesse período o artista era tratado como 
indivíduo criativo, autor único de talento incomparável, quando reconhecido como tal por seus 
pares. A ideia do artista, e do arquiteto, como ser criador, único ou principal, responsável pelas 
qualidades de sua obra, se consolida nessa época. É daí que provêm nomes da península itálica 
como Leonardo da Vinci, Rafael, Michelângelo, Fra Angelico e Ticiano, e do norte da Europa, 
Albrecht Dürer e Hans Holbein e de vários outros mestres famosos. 
Não é por acaso que durante a Renascença o artista consolida-se como mestre dotado de 
autonomia, não podendo alcançar fama e glória sem explorar os mistérios da natureza e sondar 
as leis secretas do universo. Para isso os artistas, principalmente depois de Alberti, deveriam 
ser completos: intelectuais, músicos, estudiosos da natureza em seus vários aspectos, letrados, 
filósofos. Essa situação é muito diferente do que acontecia antes, como já foi dito na 
apresentação deste texto. Até então o artista se confundia com o artesão, profissional que 
produzia desde objetos do cotidiano, como sapatos e roupas até pinturas e grandes esculturas, 
mediante encomendas específicas. A ascensão dos grandes mestres, em face de um preconceito 
que existia contra pintores e escultores, se deve em parte à necessidade que os nobres e ricos 
mercadores, desejosos de ascender socialmente, tinham de construir belos edifícios, fazer 
túmulos suntuosos, ou oferecer uma pintura para o altar-mor de alguma igreja famosa. 
Foi na arquitetura que essa mudança ocorreu de forma mais acentuada. Os mestres eruditos 
do século XV, conhecedores do passado clássico por meio dos escritos de Vitrúvio (construtor e 
escritor que viveu no império romano), desejavam realizar obras usando como referência a 
arquitetura de Roma e Grécia antigas. O arquiteto renascentista buscava projetar e construir 
um edifício no qual pudesse aplicar todo o seu conhecimento de proporção, simetria e 
regularidade, características daquela arquitetura. Donato Bramante teve essa oportunidade e 
realizou o Tempietto (pequeno templo), no início do século XVI. Essa escolha também estava 
carregada do desejo de utilizar a razão, incrustada na matemática e na geometria, para criar 
formas perfeitas, segundo aqueles construtores. 
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi aprendiz em uma importante oficina de Florença, e 
destacou-se como uma das mais capazes e ricas personalidades de todos os tempos. Estudou, 
ampliou os conhecimentos, criou e imaginou artefatos que somente viriam a se tornar realidade 
séculos depois. Atuou nas áreas de medicina, anatomia, engenharia militar, ótica, arquitetura, 
pintura, geometria, entre outros campos. Em uma das suas mais conhecidas obras, a Mona 
Lisa, Leonardo consegue superar os mestres anteriores, usando uma técnica de pintura 
denominada sfumato, que possibilitou criar uma ilusão de vivacidade nunca antes conseguida 
na pintura de uma figura humana. 
Mona Lisa, ou La Gioconda 
Leonardo da Vinci 
1503-1507, óleo sobre madeira 
Museu do Louvre, Paris, França 
 
Neste detalhe do rosto da Mona Lisa se pode 
perceber o uso da técnica do sfumato: as 
pinceladas aparentes de uma pintura são 
retiradas usando verniz de madeira, que corrói 
a tinta, deixando um gradiente perfeito no 
local. Como consequência da técnica, é quase 
impossível perceber pinceladas nesta e em 
outras obras de Leonardo da Vinci. 
 
Sfumato é uma palavra italiana, usada por Leonardo da Vinci para descrever uma técnica 
que resultava em uma pintura sem linhas ou limites, semelhante à fumaça. Para obter esse 
efeito, a transição entre uma cor e outra é feita por meio de um gradiente, ou seja, a sobreposição 
de vários níveis intermediários de tonalidades ou matizes, indo suavemente de uma cor para 
outra. O objetivo é reduzir o contraste, ou seja, suavizar a diferença abrupta de uma área da 
pintura para outra. Leonardo foi um dos artistas que mais contribuiu para o aprimoramento 
dessa técnica, a qual alguns pesquisadores consideram que foi ele, o próprio criador dela. Hoje, 
o sfumato faz parte do conhecimento básico transmitido a todos os estudantes de artes em 
geral, consequência de sua popularização, iniciada no Renascimento. Certamente, o mais 
famoso exemplo da aplicação dessa técnica seja o rosto de Mona Lisa, principalmente seu 
sorriso, adjetivado popularmente de “enigmático”. 
 
Principais características do Renascimento: 
• os artistas e intelectuais se voltam para o estudo do passado clássico, e utilizam esse 
conhecimento para produzirem e criarem arquitetura e arte; 
• o uso da razão como forma de explicar e de intervir no mundo, contrapondo-se ao 
teocentrismo (a religião no centro do universo); 
• o uso da matemática e da geometria para elaborar formas arquitetônicas e representações 
pictóricas, inclusive por meio da perspectiva; 
• a busca da representação mais semelhante à realidade visível. 
 
4.2. O Maneirismo: clássico e anticlássico 
Outro grande florentino cuja obra tornou tão famosa a arte italiana do século XVI, foi 
Michelangelo Buonarrotti (1475-1564). Em sua longa vida, foi testemunha de uma completa 
mudança na posição do artista dentro da sociedade. A sua capacidade de representar o corpo 
humano em qualquer posição ficou logo conhecida, e nisso superou todos os antigos mestres. 
Essa habilidade foi desenvolvida a partir do estudo da anatomia humana feita diretamente em 
cadáveres, como Leonardo da Vinci e outros artistas já haviam feito. 
Em uma de suas obras, a pintura do teto da Capela Sistina, pode-se admirar toda a 
habilidade e imaginação de Michelangelo em manipular a anatomia do corpohumano. Até hoje, 
aquelas imagens nos seduzem e são reproduzidas pelo mundo inteiro, resultado de um árduo 
trabalho de quatro anos de extrema dedicação. 
Porém, Michelangelo não pode ser considerado um artista exclusivamente renascentista. 
Apesar de seu trabalho estar carregado de premissas semelhantes às de outros artistas da 
época, que acreditavam na razão como meio de intervir, conhecer o mundo e criar obras 
perfeitas, Michelangelo não se limitou a esse ideal. A partir de suas obras arquitetônicas (o 
vestíbulo com a escada da Biblioteca Laurenciana), urbanas (Piazza del Campidoglio, ou Praça 
do Capitólio, Roma, Itália, feita entre 1536 e 1546) e até mesmo de pintura (o teto da Capela 
Sistina), ele começou a criar uma posição anticlássica, que iniciava uma contraposição a certa 
rigidez clássica característica de obras mais antigas de outros artistas. Essa situação 
anticlássica pode ser percebida nas suas obras por meio de um elo em comum entre elas: a 
utilização de formas clássicas de uma forma diferente, sem uma organização exclusivamente 
lógica e geométrica, buscando elaborar composições plásticas inovadoras por meio de novas 
maneiras de criar espaços, esculturas, pinturas, representações humanas, e até mesmo espaços 
urbanos. 
Essa posição de Michelangelo deu origem ao período chamado de Maneirismo, que 
significa à maneira de, ou seja, de acordo com a vontade do artista. Tem início um momento na 
história da arte europeia – que se contraporia ao Renascimento – que privilegiou os desejos 
pessoais e o talento individual dos artistas e arquitetos em criarem arte segundo seus princípios 
individuais, ao contrário de perseguir regras matemáticas, geométricas, ou, como já foi dito, 
clássicas. O momento anticlássico então se inicia e se manifesta de forma mais intensa no 
período seguinte, o Barroco, ficando este a serviço dos interesses de uma das mais fortes 
instituições que havia na Europa naquele momento, a Igreja católica. 
 
Vista geral do interior do teto da Capela Sistina 
Michelangelo Buonarroti 
 
 
 
 
 
 
 
Maria e Jesus, 
detalhe do Juízo Final. 
Autor: Michelangelo 
Buonarroti 
1534–1541 
 
Quando Michelangelo foi contratado para realizar o teto da Capela Sistina, ele já era um 
escultor e artista consagrado. Suas esculturas, com uma anatomia manipulada de forma 
magistral graças aos seus conhecimentos do corpo humano, já o definiam como um dos grandes 
artistas da transição entre o Renascimento e o Barroco. Ao ser chamado para realizar um grande 
trabalho de afresco, Michelangelo já havia realizado trabalhos de pintura, mas não desse porte. 
A escolha do artista foi inovadora: a sua pintura não seguiu os cânones renascentistas, optando 
por realizar a transposição de formas escultóricas e tridimensionais para um trabalho 
bidimensional. Daí a percepção de que as imagens no famoso teto da capela são representações 
de esculturas de caráter masculino, o que realça a plasticidade do conjunto que consumiu parte 
da vida e da saúde de Michelangelo. 
 
Gradiente: É a transição de uma área de uma pintura com uma determinada cor, matiz, 
luz ou sombra para outra. Essa transição pode ser feita de maneira suave, com pouco ou 
nenhum contraste (como o sfumato renascentista), ou realizada de maneira mais intensa, com 
mais contraste entre as diversas cores utilizadas para fazer o salto entre uma área e outra da 
pintura. 
 
Principais características do Maneirismo: 
• período de transição entre o Barroco e o Renascimento; 
• o desejo e a capacidade pessoal do artista se sobrepõem às regras clássicas; 
• manipulação de formas antigas de uma nova maneira; 
• invenção de novas formas plásticas, mas com alguma influência ainda das artes greco-
romanas. 
 
 
4.3. O Barroco: a invenção do movimento 
 Na história da arte, o momento que sucede ao Renascimento e Maneirismo, é chamado 
de Barroco. Originalmente, esse nome fora dado a algumas obras como um meio de caracterizá-
las como grosseiras e absurdas, ou seja, dando um sentido pejorativo. Essa denominação foi 
atribuída à arquitetura e às obras de arte produzidas durante o século XVII, por homens que 
insistiam em que as formas das construções clássicas jamais deveriam ser usadas ou 
combinadas senão da maneira adotada na Antiguidade por gregos e romanos. 
 
Êxtase de Santa Teresa. 
Gian Lorenzo Bernini. 
1645 – 1652. Santa Maria della Vittoria, Roma, Itália. 
 
Este conjunto de estátuas (grupo) feito em 
mármore forma o centro da capela Cornaro, na qual a 
estrutura arquitetônica, as estátuas e os elementos 
decorativos formam um todo unitário, ou seja, um 
cenário completo. A representação do drama se 
materializa de maneira cenográfica no centro da 
capela. Em ambos os lados do local onde se encontram 
as estátuas abrem-se duas cavidades, como se fossem 
palcos, nas quais debruçam-se estátuas que 
representam a família Cornaro. 
A santa, arrebatada de amor divino, junta-se a 
seu esposo místico. A materialização desse ato 
espiritual tem uma explicação formal, em que estão 
presentes aspectos puramente carnais e eróticos. Essa 
ambiguidade, marcada pela convivência, na mesma 
obra, de referenciais do cristianismo e do paganismo 
constitui uma característica do período barroco, 
intencionalmente utilizada pelo autor da escultura. 
 
Arquitetura, arte e religião: Desde a formação da Igreja católica até meados do século XX, era 
muito comum que igrejas e capelas fossem utilizadas como túmulos. Muitas delas eram 
construídas especificamente para serem utilizadas como jazigos de famílias inteiras ou de 
personalidades poderosas, como reis e papas. Para esse serviço, contratavam-se grandes 
artistas, que nelas realizavam obras que, muitas vezes, extrapolavam sua mera utilização como 
sepulcro. Michelangelo Buonarroti e Lorenzo Bernini são alguns desses artistas. Em muitas 
dessas construções, encontram-se algumas das mais belas obras de arte do mundo ocidental. 
 
Esse rigor na utilização e na reprodução de formas provenientes da Grécia e da Roma 
antigas foi o critério utilizado pelos críticos para denominar as obras de arte que não seguiam 
os cânones clássicos de barroco (esse era um termo comumente usado para denominar uma 
pérola imperfeita, com deformações). O que os arquitetos e artistas barrocos faziam era, aos 
olhos de seus críticos, modificar as regras clássicas e organizar suas obras segundo uma lógica 
e um raciocínio próprios, reinventando a maneira de usar as formas tradicionais e até mesmo 
criando outras. 
Já no Maneirismo, na Igreja Il Gesù, de Giacomo della Porta (1538? – 1602), o uso das 
formas clássicas (frontões, colunas, capitéis) foi feito de uma maneira inovadora. Além disso, 
della Porta empregou formas como a voluta (posicionada na parte superior da fachada), que 
sequer existia no passado clássico. No entanto é preciso ressaltar que, essas composições 
aparentemente anticlássicas, não são meros caprichos, e estão, na verdade, a serviço da 
composição formal do edifício, e de uma melhor organização da estrutura da edificação. Isso 
significa que aqueles artistas e arquitetos do período não faziam essas invenções e modificações 
arbitrariamente. Eles reconheceram e exploraram a capacidade de invenção que se 
transformaria mais tarde, com as devidas diferenças conceituais, em uma das buscas mais 
intensas nas artes plásticas e na arquitetura a partir do início do século XX: a obsessão pela 
novidade. 
 
Fachada da Igreja Il Gesù em Roma, Itália (cerca de 1564). 
Autor: Giacomo della Porta 
 
A fachada da Igreja Il Gesù (cerca de 1564), 
feita por Giacomo della Porta é representativa da 
utilização dos elementos clássicos de maneira 
anticlássica, característica maneirista. Nota-se o 
frontão e o entablamento com reentrâncias e 
saliências e as pilastras duplas na parte superior. 
Na parte inferior, percebem-se os plintos e pilastras 
duplas, com portal com colunas e pilastras e frontão 
sob um arco. A maneira de compor todos esses 
elementos abre as possibilidadesde busca do 
movimento desenvolvido e aprimorado no Barroco. 
As volutas e as imagens em nichos quebram a 
bidimensionalidade do plano da fachada. Mas, o 
mais importante, é que a planta da igreja passa a 
ter nova forma, isto é, planta em nave única, que 
será adotada em todo o período Barroco. Por isso, Il Gesù, obra maneirista, é a precursora das 
inovações barrocas. 
Na pintura, assim como na arquitetura, os artistas também tiveram que recorrer a novos 
métodos de trabalho que se aprofundaram no século XVII: a ênfase sobre a luz e a cor; o 
desprezo pelo equilíbrio simples e a preferência por composições mais complicadas. Começa, 
também no século XVI, um costume na sociedade, que até então não havia anteriormente. 
Iniciava-se a prática do debate sobre a arte e os seus movimentos, inclusive com questões sobre 
hierarquia (qual obra era a melhor dentre outras). 
 
Crucifixão de São Pedro 
Autor: Michelangelo Merisi, conhecido como Il Caravaggio 
1601. Igreja de Santa Maria Del Poppolo, Roma, Itália. 
 
A representação naturalista escolhida por 
Caravaggio, adota como modelo a realidade mais fiel 
possível à cena, e utiliza uma luz artificial, que ilumina 
de forma conceitual o espaço da composição de maior 
importância para o tema do quadro. Por isso, a luz 
incide de fora do quadro sobre a figura de São Pedro, 
captando com nitidez sua atitude diante do martírio de 
ser crucificado. A luz, dessa forma, auxilia Caravaggio 
a transmitir sua mensagem com veracidade. O santo 
tem uma expressão, entre temerosa e surpresa, que 
está muito distante da exaltação mística dos santos 
barrocos. Neste quadro, o personagem foi introduzido 
no seu drama, e sua instabilidade emocional é a melhor 
prova de que se trata de um homem real. 
 
É possível apreciar as qualidades de uma composição de uma obra de arte mesmo que 
não se conheça a história ou tema representado. Basta observar como os elementos que 
compõem a pintura, escultura, alto ou baixo relevo, desenho, ou qualquer outro suporte, estão 
organizados e direcionam o olhar do observador. 
 
Principais características do Barroco: 
• na pintura, há uma valorização dos contrastes intensos, para aumentar a dramaticidade 
das cenas; 
• na arquitetura, a manipulação das formas clássicas não utiliza referências rígidas, 
havendo até mesmo a criação de novas formas, que não existiam no passado clássico. A 
composição plástica do edifício é mais importante do que o uso de regras antigas; 
• a Igreja católica, para se recuperar do enfrentamento com o Protestantismo, utiliza a arte 
e a arquitetura para difundir suas ideias. 
 
5. A arte na era das revoluções 
O período compreendido entre os anos de 1776 e 1848 foi marcado, tanto na Europa 
como na América, por importantes movimentos que conduziram à transformação da sociedade 
ocidental. Esses movimentos foram: a Primeira Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na 
Inglaterra a partir de 1750, e que modificou o modo de produção econômico e as próprias 
relações sociais na Europa; a Revolução Americana (1776), da qual resultaram a independência 
dos Estados Unidos e o início da derrocada do antigo sistema colonial no continente americano; 
a Revolução Francesa (1789), que pôs fim ao sistema feudal na França; e as diversas revoluções 
que eclodiram em diferentes regiões da Europa no ano 1848, com base em ideais como o 
liberalismo, o socialismo e o nacionalismo, princípios novos que conduziram à derrubada das 
relações políticas, econômicas e sociais que predominavam no continente desde a Idade Média. 
A produção artística desse período de intensas transformações também sofreu modificações 
importantes, como será observado a seguir. 
5.1. A laicização da arte e a Revolução Francesa 
A Revolução Francesa constituiu um dos mais importantes momentos da história da 
civilização ocidental, sendo responsável pelo estabelecimento dos princípios humanistas da 
igualdade, da liberdade e da fraternidade, que se contrapunham ao sistema de privilégios do 
Antigo Regime. 
Fundada nos ideais da racionalidade iluminista, a Revolução Francesa abriu as portas 
para uma nova forma de arte, que não mais expressaria a vontade divina, mas os anseios, 
dramas e práticas cotidianas dos próprios seres humanos. Foi neste sentido que a arte ocidental 
caminhou, a partir de então, na direção de sua constante laicização: os temas bíblicos foram 
substituídos, na pintura e na escultura, por temas mitológicos e do cotidiano burguês. Ademais, 
os artistas passaram a servir não mais à Igreja, doravante decadente como centro de irradiação 
do poder político, mas aos novos líderes políticos, em especial Napoleão Bonaparte, tornado 
imperador francês em 1799, e que pretendeu estender a toda a Europa os ideais da Revolução 
Francesa e suplantar a sua principal rival, a Inglaterra, no campo econômico, como principal 
fornecedora de produtos industrializados para o velho continente e para o Novo Mundo. 
Em diferentes obras, a representação de temas da mitologia greco-romana servia ao 
propósito de simbolização do caráter eterno do poder, encarnado na figura de Napoleão. 
Particularmente, no que se refere à pintura, predominava o denominado academicismo, pois os 
artistas seguiam modelos e regras que eram aprendidas nas escolas de Belas Artes. Entre os 
pintores do período, cabe destacar a atuação de Jacques Louis David, artista oficial do Império 
napoleônico, cujas obras representam momentos históricos, cenas mitológicas, paisagens, além 
de retratos e nus, em geral carregados de realismo e emoção. 
 
Jacques-Louis David 
A morte de Marat/Marat assassinado (Marat assassiné) 
(1793) 
 
A morte de Marat ou Marat assassinado, retrata o 
revolucionário francês Jean-Paul Marat em sua casa, após ter 
sido assassinado por Charlotte Corday em 13 de julho. Note 
que, na caixa de madeira cuja forma se assemelha à uma 
pedra tumular, há uma inscrição, tratando-se de uma 
homenagem a Marat, quem o pintor conhecia em vida e 
supostamente teria visto um dia antes de sua morte. 
 
 
 
5.2. A arte e Revolução Industrial 
5.2.1. Realismo 
A pintura Realista desenvolveu-se principalmente na França, na segunda metade do 
século XIX, paralelamente ao contínuo processo de transformação promovido, sobretudo nas 
cidades, pela Revolução Industrial. O Realismo consistiu numa nova estética, a qual se fundava 
no propósito de aplicar, no campo artístico, o mesmo rigor de interpretação e domínio da 
natureza conquistado no campo científico. Neste sentido, a arte preconizava o abandono da 
subjetividade e da emoção, caracterizando-se pela busca da objetividade, de modo racional. 
 
Principais características da arte realista: 
• a pintura apresenta cunho cientificista, pois visa representar o real com o mesmo grau 
de objetividade com que os cientistas analisam fenômenos naturais. A pintura realista 
apresentava, portanto, caráter documental; 
• os artistas realistas não idealizam a natureza, nem buscam melhorá-la ao representá-la 
em suas obras. O belo está na própria realidade do modo como ela é, cumprindo apenas 
ao artista reproduzi-la em sua verdade; 
• as pinturas são marcadas pela sua sobriedade e pela minuciosidade da representação, 
revelando os aspectos próprios da realidade; 
• em decorrência da ênfase na objetividade e na minúcia, as obras de arte realistas 
caracterizam-se por expressarem o mais fielmente possível a realidade em detalhes, 
adquirindo um caráter descritivo; 
• a obra de arte constitui veículo de denúncia das injustiças sociais, protestando, de forma 
politizada, em favor dos oprimidos e desfavorecidos, revelando a desigualdade existente 
entre a pobreza do proletariado e a riqueza dos burgueses. Alçados a heróis da sociedade 
industrial, os operários e miseráveis constituem temas privilegiados das pinturas 
realistas, em substituição aos heróis idealizados da pintura da época do Romantismo. 
 
O principal representante do Realismo, na pintura, é Gustave Courbet (1819-1877), que 
retratouem suas obras, principalmente, cenas da vida cotidiana das classes trabalhadoras. 
Courbet era declaradamente socialista. Outro artista importante ligado ao Realismo é Jean-
François Millet, homem muito religioso, amante da natureza e que trabalhara desde jovem no 
campo. Sua pintura representa, sobretudo, os vínculos entre o homem e a terra. 
 
Gustave Courbet 
Moças Peneirando o Trigo 
(1854) 
 
Auguste Rodin 
O Beijo (Le Baiser) 
(década de 1890) 
 
 
Além da obra pictórica de Courbet e Millet, cabe fazer 
referência, no Realismo, à produção do escultor Auguste Rodin, 
que se afastou dos princípios idealistas e procurou criar 
estátuas que representavam a realidade no modo como ela é, 
dando preferência a temáticas contemporâneas e à busca de 
registrar o momento específico de uma atitude, como na sua 
obra O Beijo. 
Na escultura O Beijo, de Rodin, é possível observar as 
principais características da obra deste que foi o mais 
importante escultor realista. Sua importância reside, entre 
outros fatores, na sua ruptura com os padrões clássicos das 
esculturas, buscando novas proporções e ensaiando torções e 
movimentos com forte inspiração em Michelangelo. 
5.2.2. Naturalismo 
A partir de 1830, surge uma nova forma de representação da realidade com as inovações 
que a máquina permitia: a fotografia. Os artistas perceberam o limite das possibilidades da arte 
na mimese do real. Abandonando um pouco as questões ideológicas (crítica social) do Realismo, 
os artistas naturalistas empreenderam uma caminhada em busca da reprodução fiel das 
paisagens urbanas ou não, sem o caráter idealizado do Realismo. Sua prática ocorria ao ar livre, 
característica adotada posteriormente também pelos impressionistas para garantir o contato 
direto com o real. 
Entre os principais artistas naturalistas estão Theodore Rousseau (1812-1867) e Camille 
Corot (1796-1875). 
 
Jean Baptiste Camille Corot 
Forum visto do Jardim Farnese 
(1826) 
 
Em sua fase italiana, Corot, no início do 
século XIX, privilegiava as paisagens elaboradas 
com volumes, cuja luz construía as formas a partir 
do contraste com as sombras. As tonalidades das cores complementam a construção minuciosa 
da paisagem. 
 
5.2.3. Romantismo 
No Romantismo, os artistas afastaram-se da representação do real. O interesse era o de 
representar valores sociais simbolizados nas próprias pinturas por figuras humanas, seus 
trajes, seus gestos e mesmo os objetos que portavam. 
A pintura adquire um caráter eminentemente retórico, tornando-se um discurso sobre o 
real, representando as mudanças sociais e políticas decorrentes da ascensão da burguesia ao 
poder. Por esse motivo, as cenas do cotidiano, do povo e seus costumes são os preferidos pelos 
artistas. 
Um dos artistas mais representativos desse período foi Eugène Delacroix (1798-1863), 
autor do primeiro quadro político da História da Arte, A Liberdade guiando o povo (1830). A ideia 
de liberdade estava impregnada de valores nacionalistas e de independência da pátria. 
Delacroix sintetiza nesta obra os principais elementos da pintura romântica: a sua forte 
carga emocional e o apelo a símbolos da nacionalidade e liberdade, que representavam a ideia 
de mobilização das camadas populares no caminho da libertação dos grilhões do Antigo Regime. 
 
 
 
Eugène Delacroix 
A Liberdade guiando o povo 
(28 de julho 1830) 
Óleo sobre tela (260 x 325 cm). 
Museu do Louvre, Paris, França. 
6. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX 
6.1. A síntese da forma na obra pictórica de Paul Cézanne 
Um dos mais importantes artistas do Ocidente, e que influenciou muitas gerações de 
pintores, nas quais se incluem Pablo Picasso e Georges Braque, foi o francês Paul Cézanne 
(1839-1906). Ele não considerava que a arte tivesse como papel a fiel representação da 
realidade, nem o mero registro das impressões decorrentes dos sentidos, mas antes, a busca da 
interpretação do real. Noutros termos, segundo Cézanne, o artista não reproduz, mas interpreta 
a realidade. Tendo iniciado a sua carreira com obras de cunho sensual, como A Orgia, Cézanne 
destacou-se sobretudo, na História da Arte, pelo rigor técnico com que buscou a geometrização 
em suas pinturas, empregando com maior constância formas cilíndricas, esféricas e cônicas, 
tornando-se um precursor do Cubismo. 
A Montanha Sainte-Victoire foi 
pintada por Cézanne em diversas ocasiões, 
como se estivesse à procura da descoberta 
da estrutura fundamental do espaço 
tridimensional representado no plano. 
Para Cézanne, a natureza deveria ser 
retratada pelos volumes puros, o cone, o 
cilindro, o cubo e a esfera. Essa perspectiva 
prenuncia o Cubismo. 
 
 
 
Paul Cézanne 
Monte Sainte-Victoire, visto de Bellevue 
 
6.2. A busca da ruptura com os padrões clássicos: pintura, design e arquitetura 
A introdução da máquina como elemento fundamental do ciclo produtivo propiciou, em 
meados do século XIX, um debate exaustivo sobre a relação entre artesanato versus indústria 
e, por conseguinte, entre arte versus artesanato. 
Na Primeira Exposição Universal de 1851, realizada no Palácio de Cristal em Londres, 
ficara patente a necessidade de adequar as formas dos objetos produzidos artesanalmente pelo 
homem aos novos tempos, agora, os da máquina. Formou-se então na Inglaterra um movimento 
denominado Arts and Crafts liderado por artistas como William Morris (1834-1896) e John 
Ruskin (1819-1900), que rejeitavam a forma de produção industrial. Defendiam o artesanato e 
buscavam nas corporações e guildas da Idade Média, uma saída plausível para a organização 
da produção nos novos tempos. 
Mais ao final do século XIX, no entanto, surge na Europa um movimento antagônico ao 
Arts and Crafts nos seus objetivos. Com diversas denominações, a Arte Nova, ou Art Nouveau 
pretendia avançar a questão da produção em série a partir dos novos materiais: o ferro e o vidro. 
Por isso, era necessário buscar novas formas, que rompessem com o clássico, já que produzir 
nesses padrões implicava no artesanato. No entanto, as formas e as referências utilizadas pela 
Arte Nova para romper com o clássico tinham forte influência da pintura oriental, com utilização 
de formas da natureza, portanto linhas curvas e temas florais. Nesse sentido, a tentativa viu-se 
frustrada para alcançar rapidamente uma solução para a produção em série dos objetos, 
acessórios da construção e da própria edificação. Rapidamente, os arquitetos e artistas 
perceberam que as formas da Arte Nova não implementariam a produção racional e industrial. 
O trabalho manual continuava a ser necessário para obter os resultados formais pretendidos. 
Já na primeira década do século XX, mais precisamente em 1907, na Alemanha é 
fundada a Werkbund, uma sociedade de artesãos e artistas com o objetivo de relacionar a arte 
e a indústria por meio do ensino e da propaganda. Diferentemente do movimento inglês Arts 
and Crafts, a Werkbund concilia a máquina na produção artística, de forma a abrir terreno 
seguro para que Walter Gropius (1883-1969), em 1919 fundasse em Weimar, também na 
Alemanha, a primeira e mais importante escola de arte, design, arquitetura e urbanismo, a 
Bauhaus (1919-1933). 
 
6.3. Pontilhismo 
O Pontilhismo foi uma iniciativa tomada por alguns artistas europeus no final do século 
XIX que se baseava em uma propriedade do olho e do cérebro humano de reunir certos 
elementos visuais – neste caso um conjunto de milhares de pontos coloridos – e, a partir deles, 
construir imagens. 
Um dos principais artistas desse tipo de representação foi Georges Seurat, que 
influenciou muito os artistas chamados de impressionistas. Até hoje, a obra de Seurat é uma 
referência e chama a atenção do observador. No quadro abaixo, o artista escolheu não apenas 
representar as cores e formas dos elementos que compõem o quadro por meio do pontilhismo, 
mas também com outras escolhas plásticas: tanto as pessoas quanto a vegetação e os animais 
estão representadasde uma 
maneira simplificada e 
geometrizada, quase como 
bonecos. Não há uma preocupação 
em retratar fielmente, do ponto de 
vista visual, a cena de lazer e de 
descanso do quadro. 
 
 
Georges Seurat 
Tarde de domingo na ilha de Grande 
Jatte (Un dimanche aprèsmidi à l’Île 
de la Grande Jatte) 
(1884-1886) 
 
 
6.4. Impressionismo 
A pintura denominada impressionista desenvolveu-se na Europa no século XIX. Essa 
denominação tem a sua origem em uma famosa tela, de autoria de Claude Monet, intitulada 
Impressão, nascer do Sol, de 1872. 
Os artistas vinculados a esse movimento desprenderam-se da preferência por temas da 
mitologia greco-romana e puseram de lado a preocupação com a reprodução fiel (mimese) da 
realidade. Conferiam maior relevância aos próprios quadros, considerados importantes em si 
mesmos como obras de arte. O seu interesse central era a exploração dos efeitos de movimento 
e de luminosidade, obtidos a partir de pinceladas soltas, sem traço de desenho. Em geral, os 
impressionistas pintavam em meio à natureza e nos espaços abertos das cidades, visando 
observar melhor as variações decorrentes das mudanças da luz incidindo sobre pessoas e 
objetos durante o dia e à noite. 
A imagem reproduz o quadro 
intitulado Impressão, nascer do sol, de 
Monet. Exibida em exposição ocorrida 
no ano de 1874, foi a partir dessa obra 
que se nomeou o movimento 
impressionista. 
 
 
 
 
Claude Monet 
Impressão, nascer do sol 
(1872) 
 
 
Características gerais da pintura impressionista: 
• considerando que a luz solar é a fonte de todas as cores, os artistas buscam mostrar as 
variações de tonalidade decorrentes das mudanças no modo como objetos e pessoas são 
iluminados ao longo do dia; 
• os artistas procuram capturar o instante em que observam a realidade, e, para tanto, 
empregam, inclusive, a fotografia; 
• o traço do desenho que conferia nitidez de contorno às imagens não é empregado, mas 
apenas largas pinceladas, que geram manchas, as quais criam a impressão de retratarem 
objetos e pessoas; 
• os artistas também representam sombras, porém estas são coloridas e plenas de 
luminosidade, visando reproduzir o efeito que as mesmas causam às vezes, quando vistas 
a olho nu; 
• ruptura com o academicismo, por exemplo, no abandono do claro-escuro, substituído 
pelo uso de cores complementares para a obtenção do efeito de luz e sombra; 
• os artistas não misturam tintas em suas paletas, utilizam apenas cores puras, sendo o 
próprio observador quem, por meio do olhar, realiza a combinação delas. 
 
6.5. Fauvismo 
O Fauvismo (também chamado de Fovismo) nasceu em 1905, em Paris, a partir da 
exposição no Salão de Outono. Naquela ocasião, certos artistas expuseram obras em que 
empregavam as cores puras de forma muito intensa, e, por esse motivo, passaram a ser 
denominados fauves (feras, em português). 
Os mais importantes representantes do Fauvismo foram os franceses Maurice de 
Vlaminck (1876-1958), André Derain (1880-1954), Raoul Dufy (1877-1953) e Henri Matisse 
(1869-1954). Este último, ao contrário dos demais, transitou gradativamente em sua obra, para 
uma composição equilibrada entre colorido e desenho, em pinturas nas quais a profundidade 
está ausente. 
 
Principais características do Fauvismo: 
• a obra de arte não é um produto intelectual, nem um produto da sensibilidade, pois, no 
ato de criação, o pintor deve seguir os impulsos instintivos, os seus sentimentos 
primários; 
• na pintura, devem-se exaltar as cores puras e tanto as linhas do desenho como o colorido 
das tintas devem surgir de modo impulsivo, expressando em sua maior pureza, as 
sensações do artista; 
• a obra de arte deve ser marcada por pinceladas abruptas, arrematadas em um colorido 
intenso de grandes manchas de cores puras; 
• na pintura fauvista não há preocupação com o realismo da representação nem 
interessam formas ou figuras e técnicas de desenho, já que a própria perspectiva é 
abandonada em favor do tratamento exclusivo da cor. 
 
 
7. A era das máquinas e vanguardas artísticas 
7.1. Os movimentos transformadores da arte: os ismos 
Entre as principais mudanças ocorridas no campo das artes no início do século XX estão 
as denominadas vanguardas artísticas: a denominação de vanguarda deve-se ao caráter 
ideológico e político do período pré-guerra e entreguerras, ao longo dos quais as mudanças 
sociais foram bastante acentuadas (como a Revolução Bolchevique na Rússia em 1917, por 
exemplo), não ficando as artes alheias a isso. 
Os artistas pretendiam e entendiam que as transformações sociais seriam possíveis a 
partir da arte, que, neste sentido, deteria função civilizatória. O caráter urbano e industrial da 
vida cotidiana alimentou as temáticas predominantes no qual a máquina tem papel 
fundamental: a velocidade, a energia, o tema da reprodução em série e a própria guerra 
constituíram assuntos recorrentes nas obras dos artistas. A natureza, entendida agora como 
artificial, é o novo mundo com o qual a arte presta contas em seu caminho rumo à abstração. 
 
Vanguarda: Este termo da História da Arte do século XX foi tomado de empréstimo do 
vocabulário militar, no qual designava as tropas de infantaria que iam à frente dos batalhões 
para verificar a situação do inimigo e eventualmente fazer pequenas ações subversivas (avant-
garde). No campo da arte, passou a significar a luta contra estilos do passado que 
representavam os valores burgueses. 
 
7.1.1. Expressionismo 
O Expressionismo desenvolveu-se na Europa entre o final do século XIX e o início do 
século XX. Os artistas que tomaram parte nesse movimento privilegiavam os aspectos internos 
do processo de produção artística, em detrimento de suas manifestações exteriores. Por esse 
motivo, conferiam às suas obras uma forte carga de subjetividade, tornando-as expressão direta 
dos seus universos interiores. 
Embora tenha se manifestado em diferentes campos das artes, foi na pintura que se 
inaugurou o movimento expressionista, tendo constituído, ao lado do Fauvismo, o início das 
vanguardas históricas. Ademais, devido às suas próprias características que conduziam a uma 
supervalorização da individualidade artística, o Expressionismo figurou-se por certa 
heterogeneidade de estilos, tendo sido, por isso mesmo, sobretudo, uma postura diante da arte 
que congregou diferentes artistas, de características intelectuais diversas. 
Há ainda que observar que o Expressionismo se originou em contraposição ao 
Impressionismo, em particular contra as suas tendências naturalistas e positivistas. Por essa 
razão, conforme indicado anteriormente, os expressionistas privilegiavam a intuição e o 
personalismo, enfatizando a interioridade de cada artista. Noutros termos, o Expressionismo 
deforma o real a fim de explicitar a subjetividade do artista e da própria natureza, privilegiando 
a manifestação dos sentimentos e não a descrição objetiva da realidade. 
A imagem reproduz a tela intitulada O Grito, de autoria do pintor norueguês Edvard 
Munch (1863-1944). Constitui uma das mais significativas obras do Expressionismo. Nela, um 
ser cujo sexo não é facilmente discernível, aparece atormentado nas docas de Oslofjord, na 
cidade de Oslo, ao anoitecer, e, como sugerido pelo título do quadro, solta um grito. O caráter 
subjetivo da cena – característico do Expressionismo - 
é bastante explícito, sobretudo por não ser 
demonstrado com exatidão o que o quadro 
efetivamente representa. Com efeito, a sua 
interpretação depende do envolvimento do espectador, 
a quem cumpre buscar compreender o que o artista 
quis expressar. Angústia, dor e desespero, são alguns 
dos sentimentos que se podem entrever nesta tela, que 
bem poderia querer representar o desejo do artista de 
gritar, ainda que solitariamente, com a sensação de 
não poder ser ouvido – nem mesmo por nós - diante 
das profundas mudanças que a nova sociedade 
europeia, burguesa e industrial, estava provocando. 
 
 
Edvard Munch 
O grito 
(1893) 
 
7.1.2.CubismoA arte cubista teve início em 1907 e influenciou diferentes gerações de artistas no 
transcorrer das primeiras décadas do século XX. Inspirados, entre outros fatores, pela obra de 
Paul Cézanne, os iniciadores do Cubismo, Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-
1963) contribuíram de forma decisiva para uma das mudanças mais significativas ocorridas na 
arte ocidental. 
Efetivamente, o Cubismo rompeu com os padrões de representação artística do real ao 
empregar, predominantemente, figuras geométricas que representavam seres e objetos em todas 
as suas partes em um único plano, sem preocupação com perspectiva ou tridimensionalidade. 
Assim, nas obras cubistas, representar o mundo não mais significava apresentá-lo de acordo 
com sua aparência real, conforme vista a olho nu. A realidade se via simplificada às formas 
geométricas: triângulos, losangos, trapézios, cubos etc. 
A imagem representa a obra Les demoiselles d’Avignon (1907), da autoria de Picasso. 
Essa pintura é considerada como aquela que deu início ao Cubismo. Nela, podem-se observar 
influências da arte tribal africana, bem como de Paul Cézanne. 
 
 
Obra-prima das artes plásticas do Ocidente, 
é perceptível nela a ruptura com todas as 
convenções e tradições da arte ocidental. As cinco 
mulheres do quadro são apresentadas à maneira 
cubista, com seus corpos reduzidos a formas 
geométricas. Observe ainda a mulher sentada no 
canto direito, e que é vista por nós ao mesmo tempo 
pela frente e pelas costas. 
 
 
Pablo Picasso 
Les demoiselles d’Avignon 
(1907) 
 
 
7.1.3.Futurismo 
Contrários a toda tendência moralista e passadista, os futuristas foram artistas que 
enalteceram, em suas obras, as conquistas tecnológicas do início do século XX e as mudanças 
velozes que estas imprimiam na sociedade europeia da época, tendo também exaltado, no início 
do movimento, a própria guerra e a violência. Em decorrência de seu apreço pela novidade, 
propunham inclusive a destruição dos museus e das antigas cidades. 
Presente nas artes plásticas e na literatura, o Futurismo foi inaugurado com a redação 
do Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944). O 
texto foi publicado pelo jornal francês Le Figaro em sua edição do dia 20 de fevereiro de 1909. 
Devido ao seu caráter agressivo, o Futurismo repercutiu internacionalmente, tendo influenciado 
artistas modernistas de outros continentes. 
Na imagem encontra-se a reprodução da obra intitulada Velocità astrata + rumore, de 
autoria do pintor italiano Giacomo Balla (1871-1958). Nela acham-se explicitados alguns dos 
principais elementos definidores da pintura futurista: a tendência ao cubismo e à abstração, o 
emprego de cores fortes, a simulação de ação, de movimento, a demonstração de que os 
diferentes aspectos dos objetos se interpenetram simultânea e permanentemente. A obra de 
Balla sugere figuras movimentando-se 
velozmente num determinado espaço, sem 
a preocupação com a representação 
figurativa bem definida em seus 
contornos. 
 
 
 
 
Giacomo Balla 
Velocità astrata + rumore 
(1913-1914) 
 
Principais características do Futurismo: 
• enaltecimento da indústria e das novas tecnologias; 
• aceitação da propaganda como mais importante meio de comunicação; 
• emprego de onomatopéias (palavras que expressam ruídos, barulhos, sons diversos) nos 
poemas; 
• utilização de frases fragmentadas na poesia, visando significar velocidade; 
• na pintura, adoção de cores fortes, vivazes, com intensos contrastes, além da 
sobreposição de imagens e algumas distorções, a fim de representar o dinamismo do 
movimento; 
• busca por não representar objetos (um carro, por exemplo), mas significar, em suas 
obras, a forma plástica das direções e da velocidade dos movimentos descritos por eles 
no espaço. 
 
7.1.4.Dadaísmo 
Constituiu o Dadaísmo (ou simplesmente Dadá) um movimento artístico de vanguarda 
que se iniciou no Cabaret Voltaire, localizado na cidade de Zurique, capital da Suíça, no ano de 
1916. A liderança do mesmo coube ao escritor alemão Hugo Ball (1886-1927) – autor do 
Manifesto Dada, publicado em 1916 -, ao poeta romeno Tristan Tzara (1896- 1963) e ao pintor 
e poeta alemão Hans Arp (1886-1966). 
O emprego da palavra dada para representar o movimento visa indicar tanto o caráter 
antirracionalista do mesmo (uma vez que o termo parece não ter um significado, pois se trata 
de uma palavra que lembra o balbuciar de um bebê humano), quanto evidenciar que a 
linguagem pode não fazer sentido ou mesmo remeter a múltiplos sentidos. Devia-se essa 
característica à oposição que os dadaístas faziam à Primeira Grande Guerra e a outras 
vanguardas artísticas do período, notadamente o Futurismo, que valorizava o conflito e as 
inovações tecnológicas, tidas pelos dadaístas como demonstrações de irracionalidade. 
Ao enfatizarem o non-sense, o não lógico e o não racional, os dadaístas empregavam a 
ironia em suas obras e eram radicais na valorização daquilo que era considerado absurdo. Por 
esse motivo, recorreram ao poema aleatório e aos ready-mades, e, embora tenham encerrado 
suas atividades no início do decênio de 1920, suas propostas influenciaram diversos 
movimentos de vanguarda que lhe sucederam, como o Expressionismo Abstrato, o Surrealismo, 
a Pop Art e a Arte Conceitual. 
A figura reproduz a obra Roda de Bicicleta, produzida no ano de 1912, e que constituiu 
o primeiro ready-made de autoria de Marcel Duchamp, um dos mais importantes artistas 
dadaístas. A peça é formada por uma roda de bicicleta equilibrada 
sobre o tampo de um banco. Com esta obra, Duchamp pretendeu 
discutir o próprio conceito de arte, demonstrando que esta não é 
definida pelo objeto, pelos materiais ou pelo tipo de suporte 
empregado, mas pela atitude do artista, que modifica a própria 
natureza do objeto, ao dispô-lo não mais como produto industrial 
utilitário, mas como obra artística. 
 
 
Marcel Duchamp 
Roda de bicicleta. 
(1912) 
Ready-made: Significa literalmente já pronto, já produzido. Esse termo foi adotado 
originalmente no ano de 1913 pelo artista plástico francês Marcel Duchamp (1887-1968), com 
o qual buscou denominar objetos manufaturados que são alçados ao status de objetos 
artísticos. 
 
7.1.5.Construtivismo Russo 
Constituiu o Construtivismo Russo um movimento artístico de forte conotação político-
ideológica e que teve origem na extinta União Soviética, em 1919. Contrariamente à noção de 
pureza artística, o Construtivismo Russo enfatizava as vinculações entre a produção artística e 
a realidade cotidiana. Desse modo, preconizava-se que as obras de arte deveriam refletir as 
conquistas sociais da Revolução Bolchevique de 1917, e representar o mundo do trabalho e do 
operariado na era da máquina e da industrialização. Portanto, a arte serviria aos propósitos 
ideológicos, de apoio à construção da sociedade socialista. A denominação de arte construtivista 
foi elaborada pelo artista plástico russo Kazimir Malevich (1878-1935), referindo-se à obra do 
seu compatriota, o pintor e fotógrafo Alexander Rodchenko (1891-1956). Estendendo-se até 
meados da década de 1930, o Construtivismo Russo, caracterizado sobretudo pelo recurso à 
abstração geométrica, influenciou importantes movimentos das artes plásticas e do design 
moderno, como o De Stijl, a Bauhaus e o Suprematismo. 
Na figura observa-se reprodução do quadro intitulado 
Pintura Suprematista, de Kazimir Malevich, um dos 
principais expoentes do Construtivismo Russo. Esse quadro 
é representante do extremo abstracionismo a que chegaram 
os construtivistas, denominado suprematismo, caracterizado 
pelo uso de figuras geométricas e cores primárias. 
 
 
 
Kazimir Malevitch 
Pintura suprematista 
(1916) 
 
 
7.1.6.De Stijl: o Neoplasticismo holandês 
O movimento denominado De Stijl ou Neoplasticismo teve origem na Holanda e contou, 
entre os seus mais importantes expoentes, com o artista plástico, designer, poeta e arquiteto 
Theo Van Doesburg(1883-1931), o pintor Piet Mondrian (1872- 1944) e o designer de produtos 
e arquiteto Gerrit Rietveld (1888-1964). 
O movimento teve sua origem na revista intitulada De Stijl (em português, O Estilo), 
fundada no ano de 1917 por Doesburg e outros artistas, incusive Mondrian e Rietveld, que nela 
publicavam textos em favor de uma nova estética para a poesia, a arquitetura e as artes 
plásticas, tendo como epicentro a supervalorização das cores primárias e das formas 
geométricas, conduzindo ao abandono de toda representação figurativa, por meio da adoção do 
completo abstracionismo. 
Ressalte-se ainda que a simbiose entre os integrantes do movimento foi tamanha que as 
obras de design e arquitetura de Rietveld (como a cadeira Red and Blue (1917) e as residências 
por ele projetadas) praticamente reproduziam os quadros de Mondrian. 
A total abstração da pintura de Mondrian foi obtida por meio de um longo trabalho de 
pesquisa plástica que começa ainda com o figurativismo em seus primeiros quadros. 
Posteriormente, o autor foi criando uma forma de 
representação que se volta para si mesma, sem 
buscar referências externas, baseando-se na 
composição das cores básicas, reveladas pela 
ciência da ótica e da física. Esse tipo de 
plasticidade também se estendeu à arquitetura, 
tanto de edifícios quanto de interiores. 
 
 
Piet Mondrian 
Composição em vermelho, preto, azul, amarelo e cinza 
(1920) 
 
 
7.1.7.Surrealismo 
O movimento surrealista abrangeu a literatura, as artes plásticas, o teatro e o cinema e 
teve sua origem em Paris na década de 1920, a partir da publicação, em 1924, do Manifesto 
Surrealista, da autoria do poeta André Breton (1896-1966). 
Essa vanguarda artística foi bastante influenciada pelas teorias do pai da Psicanálise 
moderna, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Decorre daí a ênfase conferida pelos artistas 
surrealistas ao papel do inconsciente na representação da realidade, o que valia por uma crítica 
ao extremado racionalismo vigente na condução da política e das relações socioeconômicas, à 
época. Por esse motivo, os surrealistas buscavam apresentar em suas obras o real de maneira 
não racionalista, ao qual se podia captar, principalmente, nos sonhos, quando o inconsciente 
se encontra liberado da repressão racionalista do consciente. 
Na imagem encontra-se reproduzido o quadro Aparição de rosto e fruteira numa praia 
(1938), de autoria de Salvador Dalí (1904-1989), um dos principais expoentes da pintura 
surrealista, ao lado de René Magritte (1898-1967). 
Essa obra de Dalí apresenta a mais 
importante característica da arte surrealista: 
o mundo é aí percebido como se estivéssemos 
em meio a um sonho, cercados por imagens 
de seres e objetos transfiguradas pela ação do 
inconsciente quando este se acha liberado do 
rígido controle da racionalidade. 
 
 
 
Salvador Dali 
Aparição de rosto e fruteira numa praia 
(1938) 
 
 
7.2. A arte abstrata e a Bauhaus 
A Bauhaus (1919-1933) foi a mais conhecida escola alemã de formação de arquitetos, 
técnicos e artífices especializados da primeira metade do século XX. Ela começou com uma 
definição utópica: a construção do futuro deveria combinar todas as artes em um ideal único. 
Isto requeria um novo tipo de artista, além da especialização acadêmica, para quem a Bauhaus 
poderia oferecer educação adequada. 
Para atingir este objetivo, o fundador, Walter Gropius (1883-1969), sentiu a necessidade 
de desenvolver novos métodos de ensino e estava convencido de que a base para qualquer arte 
estava no artesanato: “a escola se transformara gradualmente em um workshop”. Assim, 
artistas e artesãos dirigiram aulas e produção juntas na Bauhaus em Weimar, Alemanha. Isto 
pretendia remover qualquer distinção entre artes puras e artes aplicadas. Ou seja, o conceito 
de novo tipo de artista estava vinculado à ideia de que, somente unindo todas as artes, seria 
possível formar um novo profissional, voltado para o futuro. 
A realidade da civilização tecnicista no início do século XX gerou solicitações para a 
Bauhaus que não poderiam ser preenchidas apenas pela revalorização do artesanato, que era a 
ideia inicial. Em 1923, a escola reagiu com um programa 
modificado, o qual marcaria sua futura imagem sob um novo 
mote: arte e tecnologia – uma nova unidade. 
O potencial da indústria seria aplicado para satisfazer 
padrões de design, abrangendo tanto aspectos funcionais quanto 
estéticos. As oficinas da Bauhaus produziram protótipos para 
produção em massa: desde uma simples lâmpada até uma 
habitação completa. 
Cadeira Cesca, de 1928, da autoria do arquiteto alemão 
Marcel Breuer (1902-1981). Esse projeto é característico da visão 
da escola Bauhaus, que buscava aliar tecnologia a estética. 
 
Principais características da Bauhaus: 
• a união entre arte e indústria foi necessária para a escola enfrentar as novas 
necessidades da sociedade; 
• a relação entre funcionalidade e estética nos objetos desenvolvidos seria resolvida pela 
aplicação de princípios industriais; 
• o novo objetivo era produzir objetos que abrangessem todos os aspectos da vida 
contemporânea; 
• uma das consequências do novo programa era criar um design específico para os novos 
meios de produção em massa. 
 
 
8. As realizações da arte pós-vanguardas 
8.1. O papel do artista e a crise da modernidade 
O denominado Expressionismo Abstrato ou Action Painting constituiu um movimento 
artístico de grande originalidade e forte repercussão que modificou a cena artística norte 
americana no final dos anos 40. Sua principal característica era o emprego de largas massas 
coloridas, com o predomínio de manchas, não de traços. 
Ao contrário do Expressionismo europeu, diretamente envolvido em debates ideológicos, 
os expressionistas norte-americanos excluíam totalmente os temas políticos e sociais de suas 
obras, privilegiando questões existencialistas como a miséria humana por exemplo, buscando 
expressar emoções de forma intensa e espontânea. Para tanto, destruíram os meios tradicionais 
de pintura, pintando diretamente no chão, na parede, por vezes sem uso de pincéis. 
Efetivamente, Jackson Pollock (1912-1956), maior nome do Action Painting, empregava 
verdadeiros jatos de tinta sobre a superfície de telas deitadas no chão, sem emprego de cavalete. 
Por meio dessa ação, Pollock cobria totalmente a tela e eliminava qualquer possibilidade de 
percepção figurativa ou de perspectiva por parte do espectador. Desse modo, criava obras de 
arte cheias de instintividade e emoção. 
Diferentemente de Pollock, Willem De Kooning (1904-
1997), igualmente representante do Expressionismo abstrato 
norte americano, não se distanciou totalmente do figurativismo. 
Adepto do abstracionismo, empregava pinceladas fortes, 
violentas, frenéticas em seus quadros, produzindo composições 
diferenciadas e muito coloridas, mas nas quais se reconhecem 
objetos e seres. Privilegiou em seus trabalhos as figuras 
femininas, sendo que a sua obra mais famosa é a série Mulheres, 
produzida no início da década de 1950. 
A imagem representa a tela intitulada Nº 5, de Jackson 
Pollock. Nela, podem-se notar as principais características desse 
artista e do movimento do qual fez parte: a ruptura plena com o 
figurativismo, gerada pelo uso de respingos de tinta lançados 
contra a tela. A técnica de gotejamento, por meio de latas de tinta 
perfuradas, foi introduzida por Pollock, que chegava a produzir 
as suas telas na frente do próprio público. 
 
 
Jackson Pollock 
N° 5 (1948) 
 
 
 
8.2. A Pop Art 
A Pop Art constituiu um movimento artístico que ocorreu predominantemente nos 
Estados Unidos e na Inglaterra, entre a segunda metade dos anos 50 e 60. Bebendo em fontes 
como o Dadaísmo, a Pop Art contribuiu também para revolucionar o próprio conceito de obra 
de arte, uma vez que incluía em seus temas objetos tipicamente comerciais e de consumo de 
massa, contrariando a máxima de que a arte é alheia aos interesses do mercado. 
Sobretudo, os artistas

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