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A IMPORTÂNCIA DA LINGUA PORTUGUESA NO DIREITO

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A importância da Língua Portuguesa no Direito - Renata Valera 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO DIREITO 
 
Renata Valera 
 
O tema “degradação da língua portuguesa” é muito recorrente, pois 
ocorre todos os dias e todos os momentos em nosso país. 
 
É cediço que a educação em nosso país não é de boa qualidade, o que é 
lamentável, já que se trata um direito fundamental (CF, arts. 6º e 205). 
 
Entretanto, nos dizeres do palestrante e escritor Luciano Pires: “Falar 
português errado é como ter unha suja, cabelo ensebado ou cheiro de corpo. Seja 
culturalmente asseado. Quem, tendo a oportunidade de estudar, fala “poblema” 
e “nóis vamo”, dá uma pista sobre suas prioridades.” 
 
A linguagem é o meio utilizado pelas pessoas realizar sua comunicação. 
Dentre outros significados, comunicar significa ligar, transmitir. Portanto, a 
comunicação é essencial ao convívio humano. 
 
Sabemos que a língua portuguesa é meio fundamental de comunicação, 
pois necessitamos dela o tempo todo para (con)viver. Todos sabem falar, porém, 
falar corretamente nem todos sabemos. Há pessoas que falam tão mal que 
impossibilitam sua comunicação e, conseqüentemente, sua própria convivência 
social. 
 
Um exemplo clássico pode ser observado no romance “Vidas Secas” de 
Graciliano Ramos. Nesta obra, Graciliano enfatiza a precariedade da comunicação 
verbal dos personagens protagonistas entre si mesmos e com os demais. Esta 
deficiência da linguagem produzia uma barreia que isolava os personagens. 
 
A importância da Língua Portuguesa no Direito - Renata Valera 
 
 
“Quando [os meninos] iam pegando no sono, arrepiavam-se, tinham 
precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa 
dos pais. Não era propriamente, conversa, eram frases soltas, 
espaçadas, com repetições e incongruências. Às vezes uma 
interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na verdade 
nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo 
as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, 
deformavam-se, não havia meio de dominá-las. Como os recursos 
de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência 
falando alto.” 
 
“[Fabiano] Vivia longe dos homens, só se dava bem com os 
animais. (...). Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a 
ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que 
o companheiro [o cavalo] entendia”. 
 
Sem perceber, as pessoas que não utilizam bem a língua portuguesa, 
perdem muitas oportunidades na vida, não apenas profissional, mas na vida social e 
pessoal. O modo como alguém se expressa é uma espécie de cartão de visitas, 
podendo causar boa ou má impressão. 
 
Falar e escrever bem deveria ser comum. No entanto, atualmente a 
pessoa que sabe falar bem se sobressai, chamando a atenção de maneira positiva. 
 
Destarte, é notável que comunicar-se corretamente é essencial. 
 
IMPORTÂNCIA NA ESFERA JURÍDICA: 
 
A Língua Portuguesa talvez seja a única matéria essencial para todas as 
áreas profissionais, tanto humanas como exatas, pois é a única que utilizamos a 
A importância da Língua Portuguesa no Direito - Renata Valera 
 
 
vida inteira, o tempo todo. Assim, além de fundamental para o cotidiano, é também 
instrumento de trabalho. 
 
O profissional que não domina sua própria língua é desvalorizado pelos 
que vêem os erros em seu trabalho. Na área jurídica tal assertiva deve ser levada 
ainda mais a sério. 
 
Por ser a linguagem um dos mais importantes instrumentos de trabalho 
dos profissionais da área jurídica, o profissional do Direito que não possui o 
conhecimento adequado de sua própria língua perde valor, ficando prejudicado na 
carreira e dando maiores chances para os concorrentes. 
 
O advogado que não sabe se comunicar bem, não sabe interpretar a Lei, 
não sabe elaborar peças, não pode ser chamado de advogado. 
 
Existem muitos profissionais do Direito que não possuem noções básicas 
da própria língua. Daí nos deparamos com peças mal elaboradas, sustentações 
orais incoerentes e interpretações sem o mínimo sentido. 
 
Esses detalhes são essenciais, e resultam em pontos demasiadamente 
negativos para o profissional. 
 
O ordenamento jurídico brasileiro se expressa por meio da língua 
portuguesa. Desta forma, o mau uso da língua pode influir de maneira negativa no 
bom andamento da própria Justiça. 
 
A princípio, a Constituição Federal em seu artigo 13 consagra que “a 
língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. 
 
Ademais, a maior parte dos atos jurídicos se formalizam na forma escrita. 
 
A importância da Língua Portuguesa no Direito - Renata Valera 
 
 
A propósito, preceitua o artigo 156 do Código de Processo Civil: “Em 
todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo”. 
 
Observa-se, portanto, a importância do estudo da língua portuguesa para 
os operadores do Direito Pátrio, a fim de que possamos realizar nosso trabalho da 
maneira correta e eficiente. 
 
Segundo Mariana Mourão1, há uma pressuposição de que o aluno que 
ingressa no curso superior, depois muitos anos estudando a língua portuguesa, já 
possua o necessário conhecimento da matéria e, portanto, esta não seja mais 
necessária. Então o conteúdo jurídico passa a ser estudado. 
 
Entretanto, muitas das dificuldades ocorridas na faculdade em relação a 
notas de provas e trabalhos se dá devido à deficiência no domínio da linguagem. 
 
O choque dos alunos de Direito já é grande ao terem contato com a 
linguagem técnica jurídica, mas as dificuldades aumentam devido aos problemas 
com a linguagem comum. Não entendem a explicação dos professores sobre a 
matéria, não entendem os livros de doutrina, não entendem a jurisprudência, não 
entendem a leitura da própria lei (quanto mais interpretá-la), não conseguem ir bem 
nas provas, pois não sabem escrever as respostas de modo que se façam 
entendidas... 
 
Dentre outros fatores, foi em vista disso que nossa 
faculdade iniciou agora os estudos da matéria “linguagem jurídica” 
neste 1º ano de 2011. 
 
Ao longo dos estudos universitários, tem-se a valorização dos estudos 
meramente jurídicos, a valorização das matérias técnicas, profissionalizantes. 
 
1
 Texto publicado em 28/05/2010 no jornal eletrônico “O Jornal – Alagoas” 
(http://www.ojornalweb.com/2010/05/28/a-advocacia-e-a-lingua-portuguesa). Acessado em 
23/02/2011. 
A importância da Língua Portuguesa no Direito - Renata Valera 
 
 
Assim, ocorre uma banalização do estudo da língua portuguesa e, até mesmo, da 
própria sociedade. 
 
Os profissionais do Direito vão se preocupando em atualizar seus 
conhecimentos jurídicos, e acabam esquecendo-se da importância do conhecimento 
de sua própria língua, que é seu material de trabalho. 
 
Assim, formam-se grandes conhecedores do conteúdo jurídico, mas sem 
muitas noções da língua portuguesa. Nas palavras da autora Mariana Mourão, 
“alguém que tem todos os ingredientes, mas não sabe cozinhar”. 
 
O domínio da língua portuguesa, falada ou escrita, promove uma melhor 
comunicação, com clareza, objetividade, melhorando o trabalho do advogado. 
 
Acrescenta a autora que, “segundo o Ministério da Educação (MEC), o 
aproveitamento dos estudantes que lêem é superior ao daqueles que utilizam 
apenas os livros didáticos. Portanto, a maneira mais fácil e prazerosa de se estudar 
português é através da leitura. É público e notório que quem lê mais escreve 
melhor; então nada como um bom romance para relaxar a cabeça e aprender 
inconscientemente”. 
 
Assim, é evidente que falar e escrever bem e corretamente é 
requisito indispensável para o sucesso profissional, não só na área jurídica, 
mas em qualquer outra. 
 
Tentando trazer a percepção da importância do conhecimento da Língua 
Portuguesa na área jurídica, a professora Giulianna Louise Christofoli2, tratou do 
assunto com relaçãoà necessidade da disciplina “língua portuguesa” no Exame da 
OAB: 
 
2
 Texto enviado ao site JurisWay em 5/6/2009 (http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1385). 
Acessado em 23/02/2011. 
A importância da Língua Portuguesa no Direito - Renata Valera 
 
 
 
“Se já consegui convencer-lhes da indispensabilidade da nossa 
língua, pensem então no Exame da Ordem. Eu lhes pergunto: Por 
que NÃO tem Português no Exame da Ordem de Advogados do 
Brasil? 
Tudo bem que eliminaríamos muito mais examinandos, o que 
significa que se eu fosse propor essa mudança no Exame da 
Ordem, muitos bacharéis em Direito desejariam me matar. 
Agora você se pergunta: atenção, Conselho Federal, será que é tão 
difícil perceber que estamos cheios de advogados ruins no 
mercado? O Conselho até que percebeu, mas buscou uma 
solução equivocada: tratou de dificultar a prova da OAB em 
relação às matérias jurídicas. Isso gera revoltas. Ninguém pode 
saber tudo de tudo. Se alguém disser a você que sabe tudo de 
todas as matérias de Direito, é mentira. Nós nos especializamos em 
uma ou outra matéria, mas em todas não. Em vez de dificultar a 
parte de Direito, a solução mais plausível seria incluir a matéria de 
Língua Portuguesa no exame.” 
 
Conclui a autora advertindo: “Devemos dar mais importância ao 
Português. (...) Parem de fugir do Português e comecem a correr atrás dele antes 
que seja tarde.”

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