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Avaliação do Estado Nutricional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Vanessa Fracaro Menck Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Fundamentos da Avaliação Nutricional • Conceitos; • Excesso; • Obesidade e Doenças Crônicas; • Ferramentas de Avaliação do Estado Nutricional. • Compreender qual a importância, os fundamentos e os métodos disponíveis para a avaliação do estado nutricional e os métodos para triagem. OBJETIVO DE APRENDIZADO Fundamentos da Avaliação Nutricional Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Fundamentos da Avaliação Nutricional Conceitos A avaliação do estado nutricional é composta por uma série de análises que ob- jetiva traçar o tratamento nutricional adequado para o paciente (MAHAN, 2010), de forma que os resultados sejam mais rápidos e assertivos. Ao longo desta Disci- plina, abordaremos todos eles, nas fases da vida. O estado nutricional reflete se as necessidades dos indivíduos estão sendo atingidas. Quando a pessoa está consumindo os nutrientes necessários para a fase da vida e demanda das atividades, ela tende a estar em equilíbrio nutricional (MAHAN, 2010). O estado nutricional reflete também, como está a relação desse indivíduo com a Sociedade em que ele está inserido e as condições ambientais a que ele está expos- to (VASCONCELOS, 2008). O estado nutricional é “A síntese orgânica das relações entre o homem, a natu- reza e o alimento, as quais se estabelecem no interior de uma Sociedade”, segundo Vasconcelos (2008). Essa avaliação e acompanhamento são fundamentais tanto para a análise do indivíduo e do coletivo quanto para a vigilância alimentar e nutricional para os di- ferentes ciclos da vida. Com a avaliação, podemos prevenir desequilíbrios e, caso haja desequilíbrio, estabelecer o melhor método de tratamento de doenças e enfermidades. Importante! A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de afecções e enfermidades”. Trocando ideias... É interessante para nós, nutricionistas, que tenhamos essa visão ampla sobre o estado nutricional, que envolve todos os aspectos da vida do indivíduo, e que é um processo multifatorial garantir saúde. Existem diferenças amplas entre classes sociais, idade, raça, sexo e genéticas, que interferem nesse processo. Os fatores biológicos, ambientais, econômicos, so- ciais (saúde e educação), relações e organizações dentro da família e aspectos cul- turais interferem nos padrões de consumo (SAMPAIO, 2012). Os aspectos que envolvem o balanço energético (ingestão alimentar x gasto energético) são importantes, mas não os únicos a serem avaliados. Os desequilí- brios relacionados ao consumo alimentar podem ser por carência e por excesso (de calorias e nutrientes) (SAMPAIO, 2012). 8 9 Carências Os desequilíbrios relacionados à carência refletem um consumo que não foi su- ficiente para suprir as necessidades calóricas, proteínas e de vitaminas. Os princi- pais desequilíbrios são: desnutrição energético-proteica, anemia ferropriva, bócio (SAMPAIO, 2012). Excesso Temos como principal característica do excesso de consumo de calorias a obesi- dade e a Diabetes Mellitus do Tipo II, dislipidemias, hipertensão e alguns tipos de câncer (SAMPAIO, 2012). H oje, no Brasil, convivemos com uma realidade na qual a população, até mesmo na mesma casa, convive com a desnutrição, a deficiência de nutrientes e a obesidade. Esse é um grande desafio para nós, nutricionistas, pois sobrepeso ou peso ideal não necessariamente caracterizam um adequado estado nutricional. Por isso, a ta- manha importância de saber avaliar minuciosamente cada indivíduo. De maneira geral, muitos países que estão no processo de transição nutricional tem como parte do processo a má alimentação. Os dados e pesquisa de tendência de consumo são importantes e úteis para compreender os padrões de excesso e de deficiência da população (BRASIL, 2004). O processo de cuidado nutricional inicia-se no período intrauterino e vai impac- tar toda a vida do indivíduo. É possível observar um aumento na disponibilidade de calorias por pessoa, de gorduras de maneira geral, de alimentos industrializados, de alimentos de origem animal e açúcar. E uma redução no consumo de arroz, feijão, frutas e hortaliças (BRASIL, 2004). P or meio do Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), é possível observar que, de 1974 até a última pesquisa, a prevalência de baixo peso e déficit de esta- tura reduziram drasticamente, chegando dentro dos valores aceitáveis pela OMS. Alguns fatores contribuíram para esse processo: • A umento da renda; • Saneamento básico; • Acesso aos serviços de saúde; • Educação básica; • Aumento da escolaridade materna; • Aumento da disponibilidade de alimentos. 9 UNIDADE Fundamentos da Avaliação Nutricional Obesidade e Doenças Crônicas Nos últimos dez anos, a prevalência da obesidade passou de 11,8% para 18,9%. Foram avaliados pelo VIGITEL os anos de 2006 a 2016 para gerar esses dados. Quase um em cada cinco brasileiros está obeso. O diagnóstico médico de diabe- tes passou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016, e o de hipertensão de 22,5%, em 2006, para 25,7%, em 2016. A tendência é que a obesidade aumente com o avanço da idade, mas, mesmo entre jovens, de 25 a 44 anosa prevalência de obesidade é de 17%. E 15% das crianças tem sobrepeso ou obesidade no Brasil. A incidência de Diabetes Mellitus do tipo II aumentou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016. E o diagnóstico de hipertensão de 22,5%, em 2006, para 25,7%, em 2016. Prevalência de déficit de peso, excesso de peso e obesidade na população com 20 anos ou mais por idade e sexo no Brasil – Períodos: 1974-1975; 1989; 2002-2003; 2008-2009 Masculino Dé�cit de peso Dé�cit de pesoExcesso de peso 1974-1985 (1) 2002-2003 2008-20091989 (2) Excesso de pesoObesidade Obesidade 50 ,1 11 ,8 6, 4 5, 6 3, 6 13 ,2 13 ,5 16 ,9 28 ,7 41 ,4 40 ,9 4 8, 0 41 ,4 29 ,9 18 ,5 1, 8 3, 14, 48 ,0 2, 8 5, 4 9, 0 12 ,4 8, 0 Feminino Figura 1 Fonte: IBGE, 2004; VIGITEL; 2017 Ferramentas de Avaliação do Estado Nutricional Para avaliar o estado nutricional,temos métodos diretos e indiretos. Os métodos diretos podem ser também qualitativos (objetivos) ou quantitativos (subjetivos). Métodos Diretos Avaliam diretamente qual o estado nutricional, mensurando e registrando o es- tado de saúde atual: 10 11 • Qualitativos: avaliação antropométrica, exames laboratoriais, exame clínico nutricional, densitometria óssea, bioimpedância e calorimetria; • Quantitativos: semiologia nutricional, avaliação subjetiva global e avaliação muscular subjetiva. Métodos Indiretos Vão relacionar as comorbidades aos aspectos que envolvem e explicam o que levou ao desenvolvimento daquele desequilíbrio nutricional. Esse processo também é fundamental para auxiliar nas classificações de risco para determinadas doenças. São eles: • Demográficos: Sexo, idade, histórico de saúde; • Socioeconômicos: Renda, profissão, nível de escolaridade, acesso a sanea- mento básico e aos serviços de saúde; • Culturais: Características específicas do local; • Estilo de vida: Prática de atividade física, tabagismo, ingestão de bebida alcoolica; • In quéritos de consumo alimentar (Recordatório alimentar de 24 horas, Ques- tionário de Frequência). As sociar mais de um método nos dá mais precisão e assertividade no diagnós- tico nutricional. Realizar um bom diagnóstico garante maior eficácia e adesão no tratamento nutricional. Como Escolher o Melhor Método? Para escolher qual o melhor método a ser utilizado, é importante distinguir antes onde ele será aplicado. Se será em uma população, para pesquisa, ou para avaliar um indivíduo. São inúmeras as ferramentas que podem ser utilizadas e para escolher a neces- sária olhamos para a população que iremos tratar. Para populações, realizamos avaliações mais abrangentes, pois a ênfase princi- pal está na avaliação dos aspectos sociais e na determinação de determinantes para um agravo de saúde. Pa ra o atendimento individual, que ocorre no consultório, atendimento domici- liar, ambulatorial, hospitalar, utilizamos o raciocínio clínico e investigativo baseado nos quatro a seguir: 1. Investigação dietética; 2. Investigação antropométrica; 3. Exames bioquímicos; 4. Exame físico (avaliação de sinais e sintomas). Nós veremos o que representa cada um deles focando, principalmente, no aten- dimento individual. 11 UNIDADE Fundamentos da Avaliação Nutricional Investigação dietética Consiste em avaliar a alimentação de um indivíduo ou população para realizar os ajustes de macro e micronutrientes. Conhecer com precisão como está a alimenta- ção de uma população é fundamental para saber quais ações em nível individual e nas ações de Políticas Públicas (MAHAN, 2010). O consumo alimentar individual é influenciado por aspectos econômicos, sociais, comportamento alimentar, doenças, genética, situação emocional, estado anabó- lico (treinamento, gestação, lactação, crescimento), fator injúria (doença, trauma, febre) e estresse psicológico (MAHAN, 2010). Investigação antropométrica A antropometria é a medida do peso corporal e suas proporções. É um dos indicadores diretos do estado nutricional. São exemplos: peso, estatura, complei- ção, Índice de Massa Corporal (IMC), circunferências (braço, peitoral, coxa, cintura, pescoço, quadril) e porcentagem de gordura corporal. Existem diferenças nas avaliações em cada idade e nas alterações de injúria (MAHAN, 2010). Exames bioquímicos Os indicadores bioquímicos são avaliados por meio dos exames de sangue. É importante entender quais exames pedir para cada necessidade, interpretá- los individualmente e quais os alimentos, drogas e condições que interferem nos resultados dos exames solicitados. Este item, veremos no último Módulo desta Disciplina. Exame físico (avaliação de sinais e sintomas) O exame físico é utilizado para detectar sinais e sintomas relacionados à desnu- trição e às deficiências nutricionais graves. Esses sintomas apenas se manifestam em deficiências graves, como a anemia por deficiência de ferro. Veja, a seguir, o processo de avaliação de um indivíduo: Indivíduo Antropometria Peso, altura, dobras cutâneas Estado nutricional Cálculo das necessidades energéticas Distribuição dos nutrientes na dieta Dados relevantes Patologias associadas Estado de saúde geral Hábitos alimentares Objetivo da dieta Avaliação da ingestão Avaliação Inicial Figura 2 – Processo de avaliação do estado nutricional até o cálculo dietético 12 13 A avaliação inicial do indivíduo envolve conhecer a realidade, as rotinas, o histó- rico familiar, a história de doenças anteriores e pregressas, os objetivos e as neces- sidades do indivíduo com o acompanhamento nutricional. É fundamental que saibamos, como nutricionistas, o que envolve o indivíduo para o tratamento ser assertivo. No próximo Módulo, abordaremos aspectos de avaliação da composição corporal e todos os equipamentos e processos que envolvem essa avaliação tão importante. Classi�cação do IMC – Estado nutricional Avaliação do peso corporal IMC Índice de Massa Corporal % de gordura Composição de massa muscular e massa gorda IMC = Peso (kg) ALtura (m2) PT = IMC esperado x (Altura)2 PT = peso teórico PT mín, PT méd, PT máx Tabelas Peso/Altura de acordo com a idade e sexo Figura 3 – Avaliação Antropométrica Nesta aula, conseguimos entender quais as principais ferramentas e qual o pro- cesso e os fatores que envolvem a avaliação do estado nutricional. Entendemos, também, que os fatores que envolvem o estado nutricional não estão relacionados apenas ao que se come, mas, também, ao ambiente em que a pessoa está inserida, na maneira como sua família e sua comunidade realizam as escolhas alimentares e ao de estilo de vida. Aproveite para ler, agora, o Material Complementar e para tirar todas as suas dúvidas no portal do aluno. Bons estudos e até a próxima aula! 13 UNIDADE Fundamentos da Avaliação Nutricional Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Mapa da obesidade ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. https://bit.ly/2SraSYP Leitura O efeito da vulnerabilidade social sobre indicadores antropométricos de obesidade: resultados de estudo epidemiológico de base populacional FREITAS, I.; MORAES, S. O efeito da vulnerabilidade social sobre indicadores antropométricos de obesidade: resultados de estudo epidemiológico de base populacional. v. 19, n. 2, p. 433-450, abri-jun. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Epidemiologia, 2016. https://bit.ly/2H120nE Horas de Sono e Índice de Massa Corporal em Pré-escolares do Sul do Brasil LOUZADA, M. et al. Horas de Sono e Índice de Massa Corporal em Pré-escolares do Sul do Brasil. v. 99, n. 6, p. 1156-1158. Rio de Janeiro: Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2012. https://bit.ly/2S242dw O que significa a avaliação do estado nutricional MELLO, E. O que significa a avaliação do estado nutricional. Vol. 78, Nº5. Porto Alegre: Jornal de Pediatria, 2002. https://bit.ly/2SmPVhL Avaliação nutricional de idosos: desafios da atualidade TAVARES, E. et al. Avaliação nutricional de idosos: desafios da atualidade. v. 18, n. 3, p. 643-650. Rio de Janeiro: Revista Brasileira Geriatria e Gerontologia, 2015. https://bit.ly/3bhsCig 14 15 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde/Agência Nacional de Saúde Suplementar; 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003: análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2004. MAHAN, L. K. K. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 12.ed. São Paulo: Roca, 2010. SAMPAIO, L. (org.). Avaliação nutricional: conceitos e importância para a forma- ção do nutricionista. Bahia: Universidade Federal da Bahia, 2012. VASCONCELOS, F. de A. G. Avaliaçãonutricional de coletividades. 4.ed. Flo- rianópolis: UFSC, 2008. 15 Avaliação do Estado Nutricional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Vanessa Fracaro Menck Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Antropometria • Fundamentos da Avaliação da Composição Corporal; • Métodos de Avaliação da Composição Corporal; • Calibração e Manutenção dos Equipamentos; • Estudos Populacionais. • Compreender os fundamentos, as aplicações e os protocolos para avaliação antropométri- ca na prática clínica. OBJETIVO DE APRENDIZADO Antropometria Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Antropometria Fundamentos da Avaliação da Composição Corporal A avaliação da composição corporal é um aspecto importante para determinar como estão as condições de saúde dos nossos pacientes. Existe uma relação direta entre a composição corporal de um indivíduo e a sua saúde e nós podemos utilizá-la em todas as áreas da Nutrição e em todas as faixas etárias. A composição corporal avalia a relação entre gordura corporal visceral, massa muscular, massa óssea e hidratação. Quando maior a porcentagem de massa de gordura, maior a possibilidade de desenvolvimento e agravamento das doenças crônicas não transmissíveis, como cardiopatias, nefropatias, neuropatias e outras doenças de base inflamatória, como obesidade e diabetes. Com os resultados da análise, podemos avaliar e comparar indivíduos com o mesmo peso e estatura e estabelecer prognósticos diferentes para ambos. A porcentagem de gordura corporal é que vai ajudar a determinar quais as suas características de saúde. Importante! A composição corporal tem como objetivo identificar ações profiláticas e de tratamento em indivíduos com componentes da composição anormal e em perfil de risco. Importante! A partir dos resultados da composição corporal, realizamos o planejamento die- tético e a distribuição e recomendação de macro e micronutrientes, além das orien- tações gerais para a patologia ou objetivos do paciente. Com a análise da composição corporal, podemos avaliar os resultados de: • Um programa de emagrecimento; • Adequação do crescimento em crianças e adolescentes; • Perdas e ganho de peso e massa muscular no pós-cirúrgico; • Avaliação de um processo em atletas e praticantes de atividade física; • Perda e ganho de massa muscular em idosos. Existem diferentes métodos e equipamentos para a avaliação da composição corporal. Alguns deles são mais comuns em laboratórios e centros de pesquisa devido ao custo elevado. Existem métodos simples e acessíveis para ter nos consultórios de nutrição. Logo adiante, veremos todos eles. 8 9 Por exemplo: • Maria A., atleta, tem 70Kg e 1,60m de altura, com 16% de gordura corporal; • Ana R. sedentária, tem 70Kg e 1,60m de altura, com 30% de gordura corporal. Os exemplos acima servem apenas para mostrar que o peso isolado não é um indicativo de estado nutricional. Nós já vimos como aferir peso, estatura e IMC. Neste módulo, veremos como diferenciar a massa em porcentagem de gordura corporal, massa óssea, gordura visceral e hidratação. Para realizar um acompanhamento preciso de um indivíduo, é necessário comparar o mesmo método, o mesmo avaliador (no caso do uso das dobras cutâneas), com as mesmas condições do indivíduo. Métodos de Avaliação da Composição Corporal Vejamos, então, quais os métodos disponíveis e como eles funcionam. Métodos Científicos, Laboratoriais e Exames de Imagem Pesagem Hidrostática Considerada padrão ouro para determinação de gordura corporal. O equipamento mede a diferença entre a densidade da gordura corporal e da massa muscular . A equação utilizada considera o peso submerso. Figura 1 – Pesagem hidrostática Fonte: Getty Images 9 UNIDADE Antropometria Quanto menor a densidade, menor a proporção de gordura corporal. O músculo possui menor densidade do que a massa gordurosa. Padrão Ouro É o método com melhor grau de precisão para a avaliação. No caso da avaliação da composição corporal são considerados padrão ouro a pesagem hidrostática, a Ressonância Nuclear Magnética e o DEXA. A pesagem hidrostática é mais utilizada em estudos científicos devido à estrutura necessária para realizar o exame, por estar presente em poucos lugares e devido ao alto custo. Densidade do músculo e da gordura corporal Na imagem a seguir, temos a diferença de densidade do músculo e da gordura. O tecido muscular ocupa menos espaço, apesar de possuir o mesmo peso. O músculo possui alta ativi- dade metabólica, concentração de mitocôndrias e elevado gasto de energia e nutrientes. Pleitismografia de Descolamento de Ar (PDA) Estima a porcentagem de gordura corporal a partir da densidade corporal atra- vés de um dispositivo chamado POD-POD. Ele traz bons resultados para indivíduos pediátricos e obesos. Um dos seus bene- fícios é que ele não depende da água corporal do indivíduo, ou seja, os resultados não sofrem influência da hidratação e edemas para análise da composição corporal. Figura 2 – Equipamento que é utilizado para a PDA Fonte: Divulgação 10 11 Absorciometria de Raio X e de Dupla Energia (DEXA) A absorciometria de energia dupla de raios X (DEXA) avalia a densidade óssea, mas também tem boa acurácia para avaliar a porcentagem de gordura corporal. O equipamento faz análise por meio de Raio X liberados em um tubo. O equipamento emite níveis baixos de radiação e é possível ser encontrado em hospitais e clínicas de diagnóstico. O exame tem a duração de alguns minutos e é necessário que o paciente não se mova ao longo da execução. Crianças e idosos podem ter mais dificuldade de rea- lizá-lo. Hidratação e densidade óssea alterada podem alterar o resultado do exame. Tomografia Computadorizada Realiza a avaliação de forma segmentar e é considerada um padrão-ouro para avaliação de quantidade de gordura abdominal. É realizada em Laboratórios de Diagnóstico e pode ser utilizada para acompanhamento clínico. A variação de resultado entre um aparelho e outro é pequena e não fornece problemas se houver mudança de Laboratórios. Fornece imagens transversais e informações a respeito da quantidade de tecido adiposo total, visceral, subcutâneoe índice de musculatura esquelética. Para análise dos resultados, é necessário software específico para a avaliação de composição corporal, possui alto custo e expõe o paciente à radiação. Não deve ser indicado para gestantes. Figura 3 Fonte: Getty Images Ressonância Nuclear Magnética É um ótimo método de imagem para diferenciar massa magra e massa gordurosa. É considerada padrão-ouro para correlação entre massa visceral e subcutânea. Avalia a adiposidade em órgãos de alta taxa metabólica, como fígado, coração e rins. 11 UNIDADE Antropometria Não possui interferência de hidratação, além de não ser invasivo e não expor o paciente à radiação. Possui alto custo, é uma tecnologia altamente especializada e pouco disponível. Pregas Cutâneas São simples, convenientes, baratas (precisam apenas de uma fita métrica, balança, do avaliador e de um adipômetro (plicômetro) para serem aplicadas. Possuem exce- lente acurácia no resultado e ótima correlação com o DEXA (ANDREOLI, 2016). As medidas obtidas padronizadas são incluídas em uma fórmula validada, que oferece em seu resultado o percentual de gordura corporal e de massa magra. Existem algumas fórmulas disponíveis validadas com diferentes populações. Ao utilizar essa ferramenta, são necessários alguns cuidados: • Resultado depende muito da experiência do avaliador; • Resultados variam de avaliador para avaliador; • Sofre interferência de adipômetro clínico para científico; • Perde acurácia em muito magros e obesos; • Erro aceitável de até 3,5%; • Calibração dos equipamentos; • Não avalia tecido adiposo visceral; • Não deve ser utilizada em pacientes com queimaduras ou edemas graves. Pacientes com edema, obesos e com queimaduras podem ser avaliados de forma subjetiva global, avaliando seu risco de desnutrição a partir da ingestão energética, perda de peso e risco de desnutrição. No caso de idosos, quando não é possível aferir o peso e/ou estatura, são reali- zadas as seguintes medidas: circunferência do braço, altura do joelho, circunferên- cia da panturrilha (CHUMLEA, 1998). Ao realizar a avaliação, os resultados são oferecidos aos pacientes em um laudo feito pelo próprio profissional ou no programa utilizado para realizar a digitação dos dados. Com os seguintes dados: • Peso e estatura; • Gordura corporal (em quilos); • Massa muscular (peso corporal – Gordura Absoluta); 12 13 • Gordura corporal relativa (= (peso corporal x %G) / 100); • Peso corporal Ideal: » Homens: peso corporal ideal = massa magra/0,85; » Mulheres: peso corporal ideal = massa magra/0,75; • Peso corporal em excesso: = peso corporal real – peso corporal ideal. Bioimpedância A bioimpedância é uma ferramenta de análise da composição corporal que con- sidera a diferença entre a condutividade elétrica entre os tecidos corporais. Através de uma carga elétrica imperceptível gerada pelo equipamento e a velocidade que a carga passa através da massa muscular, óssea, visceral e gordurosa, é possível diferenciar a proporção de cada uma delas no corpo (MAHAN, 2010). O tecido muscular possui uma condutividade maior, devido a maior taxa meta- bólica e presença de eletrólitos em relação à massa gordurosa. A bioimpedância é uma ferramenta que apresenta bons resultados, é prática e rápida de ser realizada. Em relação às dobras cutâneas e ao IMC, é considerada um bom método. O método preciso para a avaliação com a bioimpedância requer a colocação de eletrodos nas mãos, punho, pé e tornozelo direitos, em pontos específicos. Existem alguns equipamentos que tem essa acurácia precisa e científica. Porém, possuem um custo mais elevado. Não é recomendado para gestantes e lactantes. Orientações para o exame: • Paciente deve estar bem hidratado; • Não deve ter se exercitado nas 4 a 6 horas que precedem a avaliação; • Não deve ter consumido álcool, cafeína os diuréticos nas 24 horas anteriores; • Deve ser realizado sempre no mesmo período do ciclo menstrual; • Desidratação, febre e retenção hídrica alteram os resultados do exame. Bioimpedância na Prática Clínica A bioimpedância tem cada vez mais sido utilizada para a avaliação de composi- ção corporal na prática clínica. O que é importante notar é que existem diferentes tipos de equipamentos e isso impacta diretamente os resultados. Muitas pessoas preferem a bioimpedância por não ser um método prático e não invasivo. Equipamentos que utilizam apenas membros superiores ou inferiores geram re- sultados pouco precisos, por não avaliar todos os segmentos do corpo. 13 UNIDADE Antropometria Figura 4 – Bioimpedância tetrapolar de uso clínico Fonte: Getty Images Figura 5 Fonte: Getty Images 14 15 Figura 6 Fonte: Getty Images Figura 7 – Bioimpedância de uso científi co com a utilização de eletrodos Fonte: Getty Images A bioimpedância tetrapolar segmentada é a mais precisa, pois pega todos os quadrantes do corpo nos pontos anatômicos, partindo dos corretos. Ultrassonografia Quantifica a espessura da gordura corporal e da massa magra em diferentes quadrantes do corpo. É um método rápido e não invasivo, capaz de trazer diferentes medidas. Possui custo médio na prática clínica. Avalia a distribuição de gordura corporal e correla- ciona a gordura abdominal, visceral, hepática e intramuscular. 15 UNIDADE Antropometria É necessário experiência e capacidade de interpretação do avaliador. Figura 8 Fonte: Getty Images Calibração e Manutenção dos Equipamentos Equipamentos como a balança e o adipômetro devem ser calibrados a cada 6 meses ou de acordo com a orientação do fabricante do seu equipamento. A necessidade de calibração pode ser antes dos seis meses, de acordo com o número de utilizações. Qual O Melhor Equipamento? Depende! Qual o objetivo da sua avaliação? É necessário avaliar a qual equipamento você tem acesso, o custo e qual o ob- jetivo da avaliação. Mesmo com os equipamentos mais simples, é possível realizar o acompanhamento de pacientes e acompanhar a sua evolução. Nesses casos, o avaliador bem treinado e seguir os protocolos é muito importante. Estudos Populacionais É importante prestar atenção se existem critérios diferentes para escolher quais parâmetros utilizar para cada caso. Existem algumas diferenças para indivíduos e coletividades. No caso de estudos populacionais, tendemos a utilizar ferramentas mais baratas, acessíveis e que de- mandam menos tempo de aplicação para tornar os estudos viáveis. 16 17 Pesquisas como o caso da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que é realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, com objetivo de produzir da- dos sobre o padrão nutricional e estilo de vida da população brasileira, utiliza peso, altura, aferição da pressão e IMC para trazer as características. A utilização de outros equipamentos inviabilizaria a pesquisa devido ao custo e ao treinamento dos avaliadores. 17 UNIDADE Antropometria Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Avaliação antropométrica em idosos: estimativas de peso e altura e concordância entre classificações de IMC SOUZA, R. et al. Avaliação antropométrica em idosos: estimativas de peso e altura e concordância entre classificações de IMC. Rev. Bras. Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, n. 16, n. 1, p. 81-90, 2013. http://bit.ly/2SAmQzE Circunferência da cintura como indicador de gordura corporal e alterações metabólicas em adolescentes: comparação entre quatro referências PEREIRA, P. et al. Circunferência da cintura como indicador de gordura corporal e alterações metabólicas em adolescentes: comparação entre quatro referências. Rev. Assoc. Med. Bras. São Paulo, v. 56, n. 6, 2010. http://bit.ly/2UHXvqb Características antropométricas de nipo-brasileiros TANIGUCH, C. et al. Características antropométricas de nipo-brasileiros. Rev. bras. epidemiol. São Paulo, v. 7, n. 4, dez. 2004. http://bit.ly/3bsCmGl Influência do excesso de peso corporal e da adiposidade central na glicemia e no perfillipídico de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 CAROLINA, A. et al. Influência do excesso de peso corporal e da adiposidade central na glicemia e no perfil lipídico de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 51, n. 9, 2007. http://bit.ly/39rMyNv 18 19 Referências ANDREOLI, A. Body composition in clinical practice. European Journal of radiology. Netherlands, v. 85, p. 1467-1468, 2016. CARTER, J. E. L. Heath BH. Somatotyping – Development and applications. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. CHUMLEA, W. C. et al. Prediction of body weight for nanombulatory eladely from anthropometry. J. Am.Diet. Assoc. Chicago, v. 88, n. 5, p. 564-568, 1988. MAHAN, L. K. Krause, Alimentos, nutrição e dietoterapia. 12.ed. São Paulo: Roca, 2010. SILVEIRA, A. et al. Guia Prático de Avaliação Física. São Paulo: Phorte, 2008. WHO – World Healthy Organization. Physical Staus: The Use and Interpretation of Antropometry. Who Technical Report Series 854. Geneva: 1995. 19 Avaliação do Estado Nutricional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Vanessa Fracaro Menck Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Curvas de Crescimento • Introdução; • Os Primeiros Anos de Vida; • Curvas de Crescimento; • Adolescência; • Fatores que Interferem no Crescimento; • Situação Brasileira – Como está a Situação Nacional de Desnutrição; • Frequência das Avaliações; • Criança Prematura ou com Restrição do Crescimento Intrauterino. • Compreender os fundamentos, aplicações e protocolos para avaliação antropométrica na prática clínica, utilizando as curvas de crescimento. OBJETIVO DE APRENDIZADO Curvas de Crescimento Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Curvas de Crescimento Introdução O crescimento infantil é o conjunto de modificações físicas influenciadas por fa- tores genéticos, ambientais e psicológicos, resultante da multiplicação (hiperplasia) e do aumento de tamanho (hipertrofia) das células e das substâncias intersticiais que formam o corpo. O processo de crescimento resulta de uma complexa interação de inúmeros fatores: alguns próprios do indivíduo, considerados intrínsecos, e outros do meio, chamados de extrínsecos. • Exemplos de fatores intrínsecos: herança dos genitores (DNA) e o sistema do indivíduo; • Exemplos de fatores extrínsecos: resultados das mais variadas condições do ambiente físico (radiação, contaminação, metais pesados, aspectos higiênico- -sanitários), social (alimentação), econômico (acesso à alimentação em quanti- dade e qualidade adequadas) e cultural (escolhas alimentares). As influências do meio na alimentação da criança e do adolescente influenciam o crescimento e o desenvolvimento, já que o aporte dos nutrientes necessários para formação e crescimento das células depende da alimentação (VITOLO, 2008). Acompanhar o desenvolvimento de uma criança nos primeiros anos de vida é fundamental também para seu desenvolvimento cognitivo, pois, nessa fase, o teci- do nervoso está em acelerado processo de desenvolvimento. Devido à plasticidade do tecido nervoso, é também nesse período que a criança responde melhor a todos os estímulos do meio ambiente e às intervenções realiza- das em tratamentos de saúde. Os Primeiros Anos de Vida Alterações de peso Após o nascimento, uma criança perde de 5-10% do seu peso, o qual é recupe- rado com cerca de 8 a 10 dias de vida. Espera-se que, durante os primeiros 6 meses de vida, o ganho de peso seja maior que 20g/dia e, a partir do segundo semestre, acima de 15g/dia. Ao completar 6 meses, o bebê dobra o peso do nascimento e, aos 12 meses, triplica. O que dá uma média de aumento de peso de 200% (de 3 para 10 a 12 kg) (VITOLO, 2008). 8 9 Alterações de estatura No primeiro ano de vida, a criança cresce, em média, 25 cm, alcançando o comprimento de 75 cm. Isso corresponde a um aumento de 55% em relação ao nascimento (VITOLO, 2008). O crescimento longitudinal (altura) é mais lento que o aumento do peso. Em caso de déficit nutricional, a altura não sofre impacto imediato da mesma forma que o peso (VITOLO, 2008). Circunferência Cefálica A circunferência cefálica tem um aumento de 40% (de 35 cm para 37 cm). Seu aumento, no primeiro ano de vida, é de 2 cm/mês no primeiro trimestre, 1 cm/mês no segundo trimestre e 0,5cm/mês no terceiro semestre; sua utilização para classificação de desnutrição está associada ao perímetro torácico, a partir da construção do indicador (Perímetro Torácico) PT x PC (PT/PC). Do nascimento até os 6 anos de vida, o PC e PT são aproximadamente iguais, resultando em uma relação PT/PC= 1. Dos 6 meses aos 5 anos, uma relação normal entre PT/PC é sempre maior que 1. Uma relação menor que 1 é indicativa de desnutrição energético-proteica à me- dida que o perímetro torácico não se desenvolve devido à atrofia do músculo torá- cico e à redução do tecido adiposo (MS, 2012; VITOLO, 2008). Segundo ano de vida Até o segundo ano de vida, a criança ganha 12 cm de comprimento e 5 cm de perímetro cefálico. E, dos 2 aos 3 anos, ganha 10 cm e o aumento cefálico passa a ser bem pequeno. Nessa idade, o crescimento reflete as condições de nascimento e ambientais, a partir dos 2 anos é que o potencial genético passa a ter mais impacto sobre o crescimento da criança (VITOLO, 2008). Terceiro/Quarto ano de vida Do primeiro ao terceiro ano de vida, ocorrem importantes modificações na com- posição e formato do corpo. A criança passa a ter pernas mais longas, começa a perder a gordura do bebê, que representava 50% do peso corporal ao nascer, há desenvolvimento de massa corporal (muscular), que corresponde à metade do peso ganho nesse período. 9 UNIDADE Curvas de Crescimento A velocidade do crescimento se torna constante a partir de 3 ou 4 anos, com ga- nho médio de 2 a 3 kg de peso e 5 a 7 cm de comprimento por ano. Esses valores são aceitos para ambos os sexos até o início da puberdade. Idade escolar Durante a idade escolar (7 a 10 anos), fase que precede o estirão pubertário, é possível ocorrer o fenômeno de repleção energética, em que meninos e meninas apresentammaior velocidade de ganho de peso como uma forma de guardar ener- gia para ser usada na fase de intenso crescimento pubertário (VITOLO, 2008). Antropometria As medidas mais utilizadas para avaliar bebês são: comprimento, peso e o perímetro cefálico (acompanhado durante o primeiro ano de vida) e as dobras cutâneas.Ex pl or Figura 1 Fonte: Getty Images • Comprimento ou estatura: crianças menores de 2 anos são medidas deitadas (comprimento), maiores de 2 anos são medidas em pé (estatura); • Peso: é massa orgânica e inorgânica das células, tecidos de sustentação, ór- gãos, músculos, gordura, água, ou seja, o volume corporal total. Não é adequa- do para diagnóstico nutricional em caso de edema; • Perímetro cefálico: permite detectar doenças neurológicas que interferem no crescimento craniano, como a microcefalia, macrocefalia, ou hidrocefalia; • Perímetro braquial: crianças de 1 a 5 anos, quando não é possível utilizar medidas de peso e altura. 10 11 Para crianças e adolescentes, além de peso e altura, utilizamos outras medidas para realizar as avaliações. • Circunferência de cintura: vem sendo utilizada como indicador isolado de risco cardiovascular; • Dobras cutâneas: medem o percentual de tecido adiposo (TA) subcutâneo e, em consequência, as reservas corporais de calorias e estado nutricional atual. Figura 2 Fonte: Getty Images As dobras mais indicadas e referenciadas para crianças são: dobra tricipital (DT), subescapular (DSe), bicipital, abdominal e suprailíaca. Os resultados das medidas podem ser comparados aos percentis disponíveis para dobra de acordo com a faixa etária ou aplicados em fórmulas para obtenção do percentual de gordura ou massa magra. É considerado excesso de adiposidade P > 90 e baixa adiposidade P <10 para crianças até 5 anos; para avaliar crianças acima de 8 anos, deve utilizar a fórmula de Slaughter (1988). A relação entre as proporções corporais é útil nos casos em que haja suspeita de anormalidade genética, endocrinológica, ou atraso no crescimento: • Segmento superior (SS): altura sentado (da cadeira até a parte mais alta da cabeça) • Segmento inferior (SI): comprimento dos membros inferiores (junção da viri- lha até o chão); • Envergadura (E): é a distância medida entre os extremos dos dois dedos médios (estando a criança em pé, com os dois braços paralelos ao plano horizontal). (PUCCINI & LOUSADA, 2000). Sendo a relação • SS/SI: 1,7 ao nascer; 1,3 aos 3 anos; 1 após os 7 anos; • E/estatura: 3 cm até 7 anos; 0 cm dos 8 aos 12 anos; aos 14 anos +1 cm (F) e +4cm (M), dependente da fase de maturação. 11 UNIDADE Curvas de Crescimento Curvas de Crescimento As curvas de crescimento foram desenvolvidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um padrão internacional, para acompanhar o crescimento e o estado nutricional das crianças. Figura 3 – Curvas de crescimento para comprimento/estatura em meninos com síndrome de Down entre 0 e 18 anos Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995 São uma representação gráfica obtida a partir do cálculo entre a idade da criança e variáveis como sexo, medidas corpóreas (peso, a altura e o perímetro da cabeça). É um instrumento utilizado na prática do dia a dia para avaliação e acompanhamen- to do crescimento e do estado nutricional de crianças e de adolescentes, com base na comparação com seus pares, isto é, de mesmo sexo e idade, normal e saudável. As dobras cutâneas detectam problemas como: desnutrição, sobrepeso, obesi- dade e outras condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança. Com seus resultados, podemos encaminhar as crianças a tratamento ou intervenção adequada de acordo com a necessidade. Como foram desenvolvidas as curvas de crescimento A OMS acompanhou, de 1997 a 2003, 8.500 crianças sadias com idades en- tre 0 e 5 anos, obtendo amostras de 6 cidades de continentes diferentes: Pelotas (Brasil), Davis (Estados Unidos), Muscat (Omã), Oslo (Noruega), Acra (Gana) e Nova Deli (Índia). As amostras de diferentes locais foram para adquirir diferentes grupos étnicos. Sendo as crianças selecionadas filhas de mães não fumantes e amamentadas exclu- sivamente ou predominantemente com o leite materno até o quarto mês de vida e até ao menos um ano de forma parcial. 12 13 O estudo foi dividido em três etapas: Primeira fase (2006) • Peso/idade • Altura-comprimento/idade • Peso/altura-comprimento • IMC/idade • Desenvolvimento motor Segunda fase (2007) • Perímetro cefálico • Circunferência braquial • Pregas cutâneas: tricipital e subescapular Terceira fase (2008) • Curvas de velocidade de crescimento • Perda de peso materno pós-parto Figura 4 Através dos resultados, foi possível estabelecer os intervalos de tamanho e peso adequados para cada idade e, consequentemente, os percentis. Os resultados obtidos foram separados e as crianças foram classificadas de acor- do com a maioria. Os intervalos entre mais e menos próximo da maioria foram chamados de percentis. Sendo que, para o lado esquerdo, vemos os menores valores, como, por exem- plo, crianças menores e com menor peso, e, ao lado direito, as maiores com maior estatura e sobrepeso, como mostrado na figura abaixo. O centro caracteriza a média e a expectativa de estar saudável em relação às outras crianças avaliadas no estudo. E as pontas caracterizam excesso e deficiência. A OMS selecionou algumas crianças, e separou um grupo de meninos e outro de meninas, mapeando da mais leve até a mais pesada, colocando em um gráfico e estabelecendo 5 percentis intermediários entre eles (3, 15, 50, 85 e 97), como você pode ver na imagem abaixo: Figura 5 Fonte: Adaptado de WHO Child Growth Standards, 2007 Imagem acima retirada das curvas da organização mundial da saúde mostra os percentis usados para classificar os resultados. O Percentil 50 seria a média (normalidade), em que 50% da população apresen- tam o valor referido. A expressão “peso acima da média” vem daí. O Percentil 85 se refere à criança maior e mais pesada que 85% dos bebês de sua idade. Porém, isso não significa, por exemplo, que ela seja mais saudável que um bebê no percentil 15, já que o foco é que a criança tenha uma linha de cres- cimento ascendente, independente do percentil. 13 UNIDADE Curvas de Crescimento A criança ter variação de percentil é normal, pode cair um ou aumentar um per- centil – sem caracterizar doença ou excesso de peso. Consideramos uma mudança de um percentil normal. Cair 1 número, por exemplo, principalmente após 1 ano, é comum, pois é um momento em que o apetite é menor. A queda de 2 ou mais percentis é motivo de alerta, aí sim, devemos observar com mais atenção as medidas. O Percentil P95 de estatura e P95 de peso classificaria uma criança com cres- cimento adequado. Mas se a estatura estivesse no P50, essa criança possivelmente estaria com sobrepeso. Sempre comparamos duas medidas para realizar o diag- nóstico adequado. Figura 6 Fonte: Adaptado de WHO Child Growth Standards, 2007 14 15 Adolescência Durante a adolescência, no caso de crianças que estão com maturação sexual mais avançada do que a população em geral, é dado a ela o direito de ter mais peso e maior estatura e vice-versa. Temos os estágios de maturação sexual de Tanner em meninos e meninas. Os ar- quivos originais estão disponíveis no site da Sociedade Brasileira de Pediatria (2019). Em meninas: Figura 7 – Desenvolvimento Puberal Feminino – Critérios de Tanner Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009 15 UNIDADE Curvas de Crescimento Em meninos: Figura 8 – Desenvolvimento Puberal Masculino – Critérios de Tanner Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009 Curvas de Crescimento Nesses casos, os valores dos percentis encontrados vão determinar, erronea- mente, que a criança está com excesso ou deficiência da medida antropométrica analisada. O melhor indicador nessas situações é o percentual de adequação de peso para estatura para determinar a condição nutricional. 16 17 Quantoà estatura, ela deve ser interpretada com cautela, porque tanto a excessiva quanto a deficiente podem ser temporárias devido à fase pubertária (VITOLO, 2008). O melhor indicador nutricional na adolescência é o IMC por idade, por ter sido validado como indicador de gordura corporal nos percentis superiores e porque oferece continuidade de análise na fase adulta. Tabela 1 – Classifi cação de IMC de acordo com os percentis, segundo Frisancho, 1990 <5 Baixo peso 5 – 15 Risco para baixo peso 15 – 85 Eutrofia 85 – 95 Excesso de peso, ou risco para obesidade > 95 Obesidade • Componentes das Curvas » Percentil: É a distribuição de indivíduos em relação às medidas antro- pométricas, sendo a frequência com que ocorre determinado peso ou estatura em um determinado grupo. Traz a noção de risco, pois, quanto mais próximo dos extremos da distribuição for o valor observado, menos frequentes são os indivíduos normais portadores daquele valor, indicando que, apesar de poder ser normal, a probabilidade de que seja é relativa- mente pequena; » Indicador: É uma relação entre duas medidas, como, por exemplo: Estatura/ Idade (E/I); Peso/idade (P/I); Peso/Estatura (P/E); Índice de Massa Corporal (IMC). É calculado o Escore Z para todas essas proporções; » Referencial ou padrão: parâmetros antropométricos de uma população são considerados referência de adequada condição nutricional, obtidas em indiví- duos saudáveis. As curvas da OMS são consideradas padrões de crescimento, pois, além de atenderem aos requisitos dos referenciais, atendem às condi- ções ideais de saúde e nutrição; Os referenciais são utilizados para medidas comparativas entre os países e padrões como condição ideal de crescimento, ou seja, como a criança deve- ria crescer. Utilização dos Referenciais de Crescimento Contribuem para: • Analisar a normalidade, ou não, do crescimento alcançado; • Elaborar o diagnóstico de estado nutricional; • Acompanhar a evolução do crescimento e do estado nutricional. 17 UNIDADE Curvas de Crescimento Figura 9 Fonte: WHO Child Growth Standards, 2007 Após interpretar as medidas corpóreas de uma criança ou adolescente em rela- ção às medidas dos seus pares (das outras crianças), acompanha-se a sua evolução com a idade para verificar se a mesma segue o canal (tendência) e crescimento das crianças de mesmo porte físico, ou se dele se afasta, para mais ou para menos, in- dicando uma velocidade de crescimento superior ou inferior à velocidade do grupo em que a criança se insere (SBP, 2009; WHO, 1995). Escore Z é a medida de quanto o indivíduo se afasta ou se aproxima da mediana em desvio-padrão. Para calculá-lo, basta subtrair do valor que o indivíduo apre- senta pela média correspondente ao seu grupo de idade e sexo, dividindo-se depois a diferença pelo valor do desvio-padrão do mesmo grupo. É o mais aceito na literatura científica e é um excelente método para estudos de grupo populacional, utilizado para identificar deficiência (<-2,00 DP) ou excesso (>+2,00 DP), o normal é entre -2 e +2 (WHO, 1995). z -3; z -2; z-1; z 0 (média ou mediana); z +1; z +2; z +3 Escore Z= valor observado – valor da mediana/desvio-padrão da população de referência. Curva de crescimento Cumprimento x Peso – até 5 anos – para meninas: Figura 10 Fonte: WHO Child Growth Standards, 2007 18 19 Se o valor de Escore Z for 0, significa que a média obtida da criança é exatamen- te igual ao valor de referência, no caso, o P50 das curvas de crescimento. Veja este exemplo abaixo: Menino com 5 anos de idade e pesando: 19,7 kg Média de peso deste grupo de idade do sexo masculino: 18,3 kg Desvio-padrão deste grupo de idade do sexo masculino: 2,4 kg Portanto o escore Z de peso= (19,7 kg – 18,3) ÷ 2,4 = 1,4/2,4 = 0,54 Fatores que Interferem no Crescimento Nos primeiros 2 anos de vida, a alimentação é o fator que mais interfere no crescimento. Dessa idade em diante, os fatores genéticos (como as alturas dos pais), psicológicos e extrínsecos (como a prática de atividade física, doenças, uso de me- dicamentos) também vêm a intervir no crescimento e desenvolvimento da criança. • Percentuais de adequação: adequação dos indicadores em relação ao Per- centil 50. Para menores de 5 anos, foram utilizados os valores das novas cur- vas lançadas pela WHO, 2006; para os maiores de 5 anos, foram utilizados valores de referência do NCHs. Ex: Peso observado / Peso esperado P50 X 100 Classificações de Desnutrição • Desnutrido pregresso: o indivíduo foi desnutrido, porém, recuperou sua con- dição pondero-estrutural. Teve comprometimento da estatura, mas apresenta peso adequado para estatura. Demonstra desnutrição intrauterina ou presença crônica de desnutrição. Pode classificar erroneamente crianças geneticamente baixinhas. • Desnutrido crônico evolutivo: a criança apresenta baixo peso e baixa estatura. É um indivíduo com comprometimento tanto do ponto de vista atual quanto crônico. A criança tem características de desnutrida pregressa, além de apresentar des- nutrição total; • Desnutrido atual: há comprometimento do peso, porém, a estatura está nor- mal. Reflete a deficiência nutricional recente, já que esse processo não inter- feriu na estatura. No entanto, se permanecer por tempo prolongado, com deficiência de peso, a estatura pode ser comprometida. O processo de com- prometimento da estatura é irreversível. 19 UNIDADE Curvas de Crescimento Situação Brasileira – Como está a Situação Nacional de Desnutrição O baixo peso para idade diminuiu entre os estudos nacionais; A baixa estatura, ou o déficit de estatura, é melhor que o ponderal como indica- dor de influências ambientais negativas sobre a saúde da criança. Como Interpretar os Resultados Das curvas de crescimento, IMC, circunferências e avaliações antropométricas Na avaliação única, isolada, a OMS e o Ministério da Saúde propõem as seguin- tes classificações para crianças até 5 anos: Peso Recomenda-se a curva de peso para a estatura e, nesse caso, adotam-se os seguintes pontos de corte: • Magreza grave: abaixo do escore z -3 (p 0,1)*; • Magreza: abaixo do escore z -2 (p3); • Risco de possível sobrepeso: acima do escore z +1 (p85)**; • Sobrepeso: acima do escore z +2 (p97); • Obesidade: acima de escore z +3 (p 99,9). Comprimento/estatura para a idade: • Muito baixa estatura: abaixo do escore z -2 (p 0,1); • Baixa estatura: abaixo do escore z -2 (p 15); • Alta estatura: escore z acima de +2 (p 99,9)*. Índice de Massa Corpórea para a Idade: • Emagrecido (desnutrido) grave: abaixo do escore z -3 (p 0,1); • Emagrecido: abaixo do escore z -2 (p97); • Risco de possível sobrepeso: acima do escore z +1 (p85); • Sobrepeso: acima do escore z +2 (p97 ); • Obesidade: acima de escore z +3 (p 99,9). Os mesmos critérios valem para as crianças de 5 a menos de 10 anos de idade e para os adolescentes a partir dos 10 anos, com as seguintes modificações: • O peso para a idade pode ser utilizado entre os 5 e os 10 anos, mas deixa de existir a classificação de risco de sobrepeso; 20 21 • Nessa faixa etária, um peso para a idade acima de +1 escore z já é classifica- do como sobrepeso, acima de +2 z como obesidade e acima de +3 como obesidade grave; • No caso do IMC, também para as crianças de 5 a 10 anos, valem os mesmos pontos de corte e a mesma nomenclatura de classificação utilizada para o peso para idade. Veja a figura abaixo para ter mais clareza para entender as classificações: Figura 11 Fonte: Adaptado de WHO Child Growth Standards, 2007 Frequência das Avaliações Frequência para avaliar as crianças e adolescentes Até um ano de idade Quanto mais jovem a criança, principalmente abaixo de 1 ano de idade, quando a velocidade, maior deve ser o cuidado, devido à velocidade de crescimento. O intervalo pode ser de um mês entre cada avaliação. Caso haja alguma suspeita de deficiência, o intervalo pode ser de até 15 dias. Quando existe a suspeita de anormalidade, as reavaliações a intervalos mais curtos podem confirmar osdiagnósticos e permitir intervenções mais rápidas. Acima de um ano Em crianças maiores, acima dos três anos, os intervalos entre 2 avaliações de- vem ser no mínimo de 3 ou 4 meses. Com a menor velocidade de crescimento, intervalos muito curtos não dão tempo suficiente para variações de crescimentos que possam ser detectadas para um bom diagnóstico. 21 UNIDADE Curvas de Crescimento Estatura O crescimento em estatura é muito influenciado pela herança genética do in- divíduo, principalmente após os 2 primeiros anos de vida, fazendo com que uma avaliação de seu crescimento, estimado a partir da estatura de seus pais possa ser útil para a assistência à saúde que tem direito a receber. Essa estimativa se faz a partir da estatura dos seus genitores. Soma-se a estatura do pai com a estatura da mãe, adiciona-se 13 cm se for um menino ou subtrai-se 13 cm se for a avaliação de uma menina, divide-se o total por dois e o resultado será uma aproximação do alvo de crescimento esperado para aquela criança. Como o valor é um ponto central aproximado, deve-se somar e subtrair ao mes- mo o equivalente a 8 centímetros e, assim, determina-se a faixa de variação que seu crescimento deverá alcançar aos 19 anos. Supondo que se trate de um menino cujo pai tenha 180 cm e a mãe 172 cm, o alvo corresponderá a: (180+172+13)/2 = 365/2 = 182,5 cm. Partindo desse valor, o crescimento que a criança deverá alcançar deverá se situar entre 174,5 e 190,5 cm. Esses valores correspondem (aos 19 anos) aos escores z de -0,25 a +2. Recomendações do Ministério da Saúde: Sobrepeso ou obesidade Em casos em que a criança apresente sobrepeso ou obesidade, o Ministério da Saúde recomenda que seja verificada a existência de erros alimentares, identifican- do a dieta da família e orientando a mãe ou o cuidador a oferecer à criança uma alimentação mais adequada. Seguindo as recomendações para uma alimentação saudável para a criança: É importante verificar quais são as atividades de lazer das crianças, o tempo que passam em frente à televisão, computador, celular e ao videogame, estimulando- -as a realizar passeios, caminhadas, andar de bicicleta, praticar jogos com bola e outras brincadeiras que aumentem a atividade física, além da alimentação saudável, natural e equilibrada (MS, 2012). Como nutricionistas, podemos sugerir receitas saudáveis e atraentes, como bo- los, tortas, sanduíches naturais, molhos, temperos saudáveis, orientando os pais e as crianças da importância e das estratégias para seguir com essa alimentação focada no emagrecimento. Quando a família inteira tem a mesma alimentação, fica muito mais fácil. E po- dem ser realizadas, a princípio, consultas mensais ou quinzenais para orientação nutricional e avaliações de medidas trimestrais. 22 23 Magreza ou peso baixo para a idade • Para crianças menores de 2 anos: » Investigar possíveis causas, com atenção especial para o desmame; » Orientar a mãe sobre a alimentação complementar adequada para a idade, devendo retornar no intervalo máximo de 15 dias. • Para crianças maiores de 2 anos: » Investigar possíveis causas, com atenção especial para alimentação, infec- ções, cuidados com a criança, afeto e higiene; » Se houver, as intercorrências devem ser tratadas e a família deve ser encami- nhada para nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. Criança Prematura ou com Restrição do Crescimento Intrauterino O acompanhamento ideal das crianças pré-termo pode ser realizado utilizando curvas específicas ou a idade cronológica corrigida até que completem 2 anos de idade para a utilização das curvas-padrão. A idade corrigida (idade pós-concepção) ajusta da idade cronológica em função da prematuridade, ou seja, considerando-se que o ideal seria nascer com 40 semanas. Deve-se descontar o número de semanas que faltaram para o feto atingir essa idade gestacional, ou seja, para uma criança nascida com 36 semanas, o peso aos 2 meses será registrado na idade de um mês. A maioria dos autores recomenda utilizar a idade corrigida na avaliação do cres- cimento e desenvolvimento de crianças pré-termo no mínimo até os 2 anos de idade, para não os subestimar na comparação com a população de referência (RU- GOLO, 2005; SCHILINDWEIN, 2008). A correção pela idade gestacional permite detectar o crescimento compensató- rio, que é caracterizado por uma velocidade acelerada no crescimento. As crianças nascidas antes do tempo, podem apresentar um crescimento mais lento ou ausente nos primeiros meses de vida. Em geral, ocorre primeiro com o perímetro cefálico, seguido pelo comprimento e depois pelo peso (MS, 2012). 23 UNIDADE Curvas de Crescimento Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Caderneta de saúde da menina http://bit.ly/2ORt9Ob Caderneta de saúde da menino http://bit.ly/2UOPfVu Gráficos de Crescimento http://bit.ly/3bwAmwJ Monitoramento do crescimento de RN pré-termos http://bit.ly/2UOMHX6 Desenvolvimento puberal de Tanner para Meninos http://bit.ly/2UOMZNG Desenvolvimento puberal de Tanner para Meninos http://bit.ly/39uMg8E Curvas de Crescimento: orientações para Profissionais de Saúde http://bit.ly/2SGtft3 Mapeamento da Insegurança Alimentar e Nutricional com foco na Desnutrição a partir da análise do Cadastro Único, do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) 2016 http://bit.ly/39vw8nf 24 25 Referências BRASIL. Incorporação da curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde de 2006 e 2007 no SISVAN. Brasil. 2008. BÖHLES, H. Nutrition and growth. In: Physiological and Pathological Auxology. Nicoletti I, Benso L e Gilli G, Eds. Edizioni Centro Studi Auxologici, 2004, Firenze. EXTREMO. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 81, n. 1, mar. 2005. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-5572005000200013&ln g=pt&nrm=iso>. MARCONDES, E.; SETIAN, N.; CARRAZZA, F. R. Desenvolvimento físico (cresci- mento) e Funcional da Criança. In: MARCONDES E; VAZ, F. A. C.; RAMOS J. L. A.; OKAY, Y. Eds. Pediatria Básica. Tomo I. SARVIER, 2002, São Paulo. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de atenção básica. Saúde da criança – Crescimento e desenvolvimento”. Brasília, 2012. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf>. Preterm infants at 2 years of age: the leiden follow-up project on prematurity. 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Vanessa Fracaro Menck Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético • Compreender como funcionam, quais as aplicações e como utilizar a calorimetria, a bioim pedância e o equipamento de ultrassom para avaliação da composição corporal e do gasto energético. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Outros Métodos de Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético; • Bioimpedância; • Calorimetria Indireta; • Ultrassonografia. UNIDADE Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético Outros Métodos de Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético Já vimos anteriormente sobre os quais são os métodos de avalição de composição corporal. Aqui, nesta unidade, vamos nos aprofundar em três que são possíveis de serem utilizados no consultório. Veremos como escolher os equipamentos e as vantagens e desvantagens na hora de escolher entre uma bioimpedância, um equipamento de ultrassom e como utilizar a calorimetria indireta. Na aula gravada, você terá uma demonstração de como utilizar cada um deles e, na aula prática, você poderá treinar o uso dos equipamentos para ver com qual deles você tem mais afinidade. Existem muitos aspectos que envolvem a avaliação da composição corporal. O público e o objetivo são fatores determinantes na hora da escolha. Por exemplo, em estudos populacionais e científicos, equipamentos validados cientificamente e considerados padrão-ouro são interessantes. Porém, nem sempre é possível por conta do custo. Já no dia a dia do consultório, temos a opção de direcionar o paciente para o laboratório ou de realizar a avaliação na nossa própria clínica. O método não precisa necessariamente ser padrãoouro, mas é importante que a comparação da composição corporal seja feita sempre com o mesmo equipamento. Comparando o antes e depois do paciente. Nesses casos, o adipômetro é um equipamento preciso e de custo acessível. Porém, a precisão também depende de um avaliador bem treinado. Uma avaliação pode mos- trar resultados errados se o nutricionista não tiver praticado bastante. Existem pessoas também que não gostam de ser tocadas e sentem que o adipô- metro é um método “invasivo”, por terem vergonha ou porque têm dor ou alguma limitação física. Isso é comum em caso de transtornos alimentares e de obesidade. Pessoas de algumas religiões também, às vezes, preferem não realizar o exame. Nesta hora, a bioimpedância é uma boa opção, pois a chance de erro depende apenas de um bom equipamento, e uma avaliação rápida não necessita muito do toque (apenas para colocar os eletrodos ou para posicionar o paciente). O resultado, porém, sofre influência de outros fatores, como veremos adiante. Bioimpedância A bioimpedância é um método simples, seguro, não invasivo e rápido que estima clinicamente a composição corporal do organismo de forma relativamente precisa (ABRAN, 2009). 8 9 Consiste na passagem pelo corpo de uma corrente elétrica de baixa amplitude e alta frequência, isso permite mensurar a resistência (R) e a reactância (Xc); a partir dos valores de R e Xc, são calculados a impedância (Z) e o ângulo de fase (PhA), es- timada a água corporal total (TBW), além da quantidade de água extracelular (ECW) e intracelular (ICW) (ABRAN, 2009). Como funciona? Os componentes corporais oferecem resistências diferentes à passagem da corrente elétrica. Os ossos e a gordura contêm pouca quantidade de água, portanto, possuem baixa conectividade, ou seja, alta resistência à corrente elétrica. A corrente elétrica gerada pelo equipamento passa mais lentamente (ABRAN, 2009). Já a massa muscular e outros tecidos ricos em água e eletrólitos são bons condu- tores de energia, a corrente elétrica tem uma passagem mais rápida (ABRAN, 2009). Através da velocidade da passagem pela corrente, o equipamento é capaz de mensurar a quantidade de água (hidratação), massa muscular, massa óssea e tecido adiposo do indivíduo. As fórmulas utilizadas no cálculo da bioimpedância devem ser validadas para diferentes etnias, vivendo em condições climáticas e alimentares diferentes (ABRAN, 2009). A bioimpedância não é apropriada para situações de: • Edemas; • Ascites; • Balanço iônico alterado; • Desnutrição grave (IMC< 16kg/m²); • Gestação; • Obesidade mórbida; • Marcapasso; • Febre. No caso da gestação e utilização de marcapasso, a utilização da bioimpedância é contraindicada peso (MAHAN, 2010). Obesidade e Obesidade Mórbida A análise bioimpedância em pacientes com sobrepeso e obesidade deve ser cau- telosa, pois tende a subestimar a porcentagem de gordura do corpo quando esta é maior do que 25% em homens e 33% em mulheres (ABRAN, 2009). A bioimpedância tem se demonstrado válida para pacientes com IMC até 34. Em obesos mórbidos, a maioria das equações não consegue predizer confiavelmente a composição corporal e não são reprodutíveis nos indivíduos durante seu seguimento. 9 UNIDADE Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético A desproporção entre massa corporal e condutividade corporal diminui a acurácia da bioimpedância na obesidade (SUN G. et al., 2005; KYLE UG et al.,2004). O mes- mo acontece com a utilização do adipômetro. Em casos de obesidade mórbida, é recomendado utilizar as medidas de peso, altura e circunferências, ou os métodos padrão-ouro. A bioimpedância requer um protocolo anterior de preparação para que o exame seja corretamente aplicado no paciente. É importante explicar para o pa- ciente que irá realizar o exame com antecedência qual o preparo que deve ser feito. Orientações para a bioimpedância (para o paciente): • Jejum de 10 horas; • Não ingerir bebidas alcoólicas nas 24 horas anteriores; • Não realizar atividade física 12 horas antes; • Retirar todos os objetos de metal; • O paciente deve suspender o uso de medicamentos diuréticos no mínimo 24 horas antes da realização do teste; • O paciente deve urinar pelo menos 30 minutos antes; • O consumo de alimentos e bebidas deve ser evitado até 4 horas antes de se realizar o teste; • Medicamentos que cursem com retenção hídrica, se possível, devem ser retira- dos para a realização do exame; • Não estar no período menstrual; • Não estar febril; • O paciente deve estar descalço (ABRAN, 2009). Importante! É interessante realizar o exame pela manhã, por conta de ser mais fácil de o paciente seguir o protocolo. Existem diversos equipamentos de bioimpedância. Alguns mais e outros menos precisos. Já vimos acima que o protocolo para seguir antes de realizar o exame não é simples, e depende muito do paciente (ABRAN, 2009). Como a bioimpedância sofre grande influência da hidratação, é um exame de fácil de perder a sua precisão. Sua acurácia também depende da fórmula que o equipamento utiliza para realizar o cálculo validado para a população específica que está avaliando. As equações variam de acordo com a idade, sexo, etnia, condições climáticas e alimentares diferentes. 10 11 Tipos de Bioimpedância • Quais os tipos? • Quais as diferenças? • Como escolher? Os aparelhos são classificados de acordo com a região do corpo que analisam e pela frequência utilizada. Quanto à região, pode ser a região superior do corpo, região inferior do corpo ou ambas (ABRAN, 2009). Quanto ao tipo de frequência utilizada, a bioimpedância pode ser considerada de frequência única (50 kHz) ou multifrequencial (frequências de 5 a 1000 kHz). As bioimpedâncias bipolares analisam por meio de uma corrente elétrica trans- mitida por sensores metálicos em regiões específicas do corpo, normalmente, ava- liando apenas membros superiores ou membros inferiores. As bioimpedânciastetrapolares avaliam toda a lateral direita do corpo, trazendo informações mais completas, diferenciando, inclusive, a hidratação intra e extracelular. Figura 1 – Modelos de bioimpedância bipolar Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons | Getty Images Em ambos os casos, existe pouca precisão nas análises por avaliarem apenas um quadrante do corpo. Na bioimpedância 1, a corrente elétrica passa apenas pe- los membros superiores. E na bioimpedância 2, apenas pelos membros inferiores. Portanto, se o indivíduo tem maior acúmulo em uma das regiões, o resultado pode ser super ou subestimado. No caso de mulheres, por exemplo, em diversos biótipos, o acúmulo de gordura na região dos quadris é maior. Se ela realizar a análise com o segundo equipamento, a resultado pode ser superestimado na porcentagem de gordura corporal. No modelo do link a seguir, o viés de apenas analisar um quadrante do corpo dei- xa de existir. Abaixo, tem um dos modelos mais acessíveis de bioimpedância. Neste caso, os resultados devem ser passados por pen drive para o computador. Existem modelos que geram a impressão automática. Porém, são mais caros e não necessa- riamente são mais precisos. Pesquisar as marcas e equipamentos antes de realizar uma compra é importante. 11 UNIDADE Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético Modelo da EWFA70, Matsushita Electric. Disponível em: https://bit.ly/2SxlK8I O modelo abaixo, de bioimpedância tetrapolar, é o único com validação cientí- fica. Pode ser utilizado para estudos científicos devido à sua acurácia. Para a análise, a pessoa deve estar deitada, e são utilizados eletrodos nos quatro pontos específicos, como exemplificado na imagem. Figura 2 – Exemplo dos eletrodos e modelo de bioimpedância portátil Fonte: Getty Images Calorimetria Indireta Calorimetria é a medida do calor produzido pelos processos metabólicos do corpo, para quantificar o gasto energético total (GET) de indivíduos. A calorimetria direta mede o calor corporal total, utilizando uma sala, uma câmara termicamente selada (método científico e mais utilizado na pesquisa). Já a calorimetria indireta (CI) determina as necessidades nutricionais e a taxa de utilização dos substratos energéticos a partir do consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico obtidos por análise do ar inspirado e expirado pelos pulmões, sendo con- siderado como padrão-ouro para medição do GER na prática clínica (ABRAN, 2015). Como funciona? O princípio de funcionamento do calorímetro é que todo o oxigênio consumido pelo nosso organismo é utilizado para oxidar substratos energéticos, da mesma maneira que o gás carbônico produzido é eliminado pela respiração. 12 13 Sendo assim, o equipamento calcula a quantidade total de energia necessária pelo organismo através da quantidade total de energia produzida, ou seja, a conversão da energia química armazenada nos nutrientes em energia química armazenada no ATP, somado à energia dissipada como calor durante o processo de oxidação. Os equipamentos de circuito fechado medem a variação de volume de oxigênio consumido (VO2) e gás carbônico produzido (VCO2) dentro do reservatório. O indivíduo respira o gás contido no espirômetro, que funciona com válvulas que vão determinar o consumo de oxigênio durante o período de exame. Os sensores que realizam a análise são conectados em um computador que analisa os resultados. A análise dos gases é realizada por meio de sensores ligados a um computador. CI mede o volume do oxigênio consumido (VO2) e do volume do gás carbônico produzido (VCO2) durante o ciclo respiratório, e a partir desses dados calcula o GER e o quociente respiratório (QR). GER = [3,941(VO2) + 1,106(VCO2)] × 1440 A relação entre VO2 e VCO2 é referida como quociente respiratório (QR). Tradicionalmente, o QR é utilizado para se determinar o substrato energético utilizado. Como avaliar o QR? • QR menor que 0,85 sugere subnutrição; • QR entre 0,85 e 0,9 sugere a utilização mista de substratos, sugerindo um regime nutricional adequado. Tabela 1 – Interpretação do QR Substrato utilizado QR Etanol 0,67 Oxidação lipídica 0,71 Oxidação proteica 0,82 Oxidação mista de substratos 0,85 Oxidação de carboidratos 1,0 Lipogênese 1,0 – 1,2 Calorímetros portáteis São equipamentos que utilizam apenas um filtro de VO2 para medição do gasto energético. Tais calorímetros são apropriados apenas para pacientes em ventila ção espontânea e em ambiente ambulatorial, uma vez que ele assume um QR (por exemplo, de 0,8) constante para todos os pacientes (ABRAN, 2015). 13 UNIDADE Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético Ultrassonografia A ultrassonografia tem sido amplamente usada para avaliação do estado nutricio- nal e composição corporal em clínicas, ambientes hospitalares e ambulatoriais. Seus benefícios: • Método relativamente econômico; • Não invasivo; • Não gera desconfortos; • Pode ser realizado no paciente deitado; • Não sofre interferência de hidratação, utilização de cafeína ou diuréticos; • Não sofre interferência de prática de atividade física. É um método que pode ser utilizado por profis- sionais que não sejam da área de saúde, contanto que com treinamento adequado. A interpretação e avaliação do estado nutricional deve ser realizada pelo nutricionista, preparador físico ou médico trei- nado para utilizar o equipamento. Força e quantidade muscular podem ser estima- das pela espessura da musculatura. Por ser um equi- pamento preciso, o ultrassom detecta pequenas mu- danças na espessura muscular. No caso de atletas e pacientes com doenças que levam à perda muscular, é possível utilizar o equipamento para avaliações minuciosas (SOUZA, 2018). O equipamento também mostra a porcentagem de gordura corporal subcutânea nas regiões especí- ficas onde são realizadas as avaliações. Os locais comumente avaliados com o equipamento são: tríceps braquial, quadrí- ceps e gastrocnêmio medial, sempre no lado direito do corpo. É necessário o programa de avaliação de ultrassom para visualizar e realizar a análise das imagens. Existem equipamentos portáteis e que possibilitam visualizar a análise no compu- tador, celular ou tablet. Como realizar o exame? • O paciente se deita de costas, mantendo o membro a ser examinado estendido e relaxado, ou permanece de pé com a musculatura que será avaliada relaxada; • São identificados os pontos anatômicos; Figura 3 Fonte: Getty Images 14 15 • Com pouca pressão, é passado o gel na área que será avaliada com os compas- sos do equipamento de ultrassom; • A análise dos resultados é realizada utilizando software específico para essa análise (normalmente adquirido juto com o equipamento). O que o exame mostra? Mostra a espessura do tecido adiposo subcutâneo e, dos limites do tecido ósseo marcados, a espessura muscular (distância entre esses limites). As imagens ultrassono- gráficas da gordura subcutânea são medidas entre a pele e a espessura muscular. Como aparecem os resultados? Abaixo, há um exemplo de um equipamento e das camadas para exemplificar como elas são mensuradas e localizadas no corpo. Para a interpretação e análise dos resultados, o avaliador deve realizar um curso prático, normalmente ministrado pela própria empresa que vendeu o equipamento. Existem muitas opções de equipamentos. Avalie a sua realidade e o público que irá atender para realizar investimentos que vão ajudar no diagnóstico nutricional e trata- mento clínico com uma avaliação efetiva da composição corporal dos seus pacientes. 15 UNIDADE Calorimetria, Bioimpedância e Ultrassom para Avaliação da Composição Corporal e Gasto Energético Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Comparação dos métodos de bioimpedância e equação de Faulkner para avaliação da composição corporal em desportistas TIRAPEGUI, J. Comparação dos métodos
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