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Autoras: Profa. Sabrina Grego Alves Profa. Sinária Rejany Nogaia de Sousa Colaboradores: Prof. Thiago Macrini Profa. Jaqueline de Oliveira Santos Recursos Tecnológicos Aplicados às Alterações Estéticas Professoras conteudistas: Sabrina Grego Alves / Sinária Rejany Nogaia de Sousa Sabrina Grego Alves Professora de Educação Física graduada pela Universidade Cruzeiro do Sul (2001), esteticista formada pelo Centro de Estética e Cosmetologia Aplicada (2004) e mestre em Engenharia Biomédica, com atuação em instrumentação biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes (2012). Atualmente, é docente na Universidade Paulista (UNIP) e membro do Comitê de Ética para Desenvolvimento de Pesquisas em Seres Humanos da Universidade. Atua em projetos de pesquisa relacionados principalmente à Associação da Cosmetologia e Eletroterapia nos Procedimentos Estéticos Corporais e Faciais. Sinária Rejany Nogaia de Sousa Fisioterapeuta graduada pela Universidade Bandeirante de São Paulo (2001), pós-graduada em Intervenção em Neuropediatria pela Universidade Federal de São Carlos (2004) e Fisioterapia Dermatofuncional pela Universidade Gama Filho (2008), mestre em Patologia Ambiental e Experimental pela UNIP (2014) e doutora em Patologia Ambiental e Experimental também pela UNIP (2018). Atualmente, é docente na UNIP no curso de Tecnologia em Estética e Cosmética e na pós-graduação de Fisioterapia Dermatofuncional e Cosmetologia e Estética Funcional. Atua em projetos de pesquisa relacionados aos cursos de Estética e Fisioterapia Dermatofuncional. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A474r Alves, Sabrina Grego. Recursos Tecnológicos Aplicados às Alterações Estéticas / Sabrina Grego Alves, Sinária Rejany Nogaia de Sousa. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 212 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Corrente. 2. Fototerapia. 3. Procedimento. I. Alves, Sabrina Grego. II. Sousa, Sinária Rejany Nogaia de. III. Título. CDU 687.55 U511.28 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Bruna Baldez Bruno Barros Sumário Recursos Tecnológicos Aplicados às Alterações Estéticas APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 INTRODUÇÃO À ELETROTERAPIA .............................................................................................................. 13 1.1 Sistema internacional de medidas (SI) ........................................................................................ 16 1.2 Variáveis físicas ..................................................................................................................................... 17 2 TERMOTERAPIA E TERMORREGULAÇÃO ................................................................................................ 23 2.1 Formas de transferência de calor .................................................................................................. 24 2.2 Princípio da termorregulação ......................................................................................................... 26 Unidade II 3 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS .................................................................................................. 34 3.1 Estimulação elétrica neuromuscular (EENM) ............................................................................ 34 3.1.1 Revisão da anatomia e fisiologia do sistema musculoesquelético .................................... 34 3.1.2 Envelhecimento, linhas de força e musculatura esquelética ................................................ 37 3.1.3 Indicações e contraindicações de EENM ....................................................................................... 45 3.1.4 Método de aplicação ............................................................................................................................. 46 3.1.5 Cuidados para aplicação ...................................................................................................................... 48 3.2 Corrente farádica ................................................................................................................................. 49 3.3 Correntes de média frequência ...................................................................................................... 49 3.3.1 Modulação das correntes de média frequência ......................................................................... 51 3.3.2 Contraindicações da corrente de média frequência ................................................................ 53 3.4 Corrente russa ....................................................................................................................................... 54 3.5 Corrente aussie ...................................................................................................................................... 54 4 TERAPIA COM ONDAS SONORAS .............................................................................................................. 55 4.1 Ultrassom ................................................................................................................................................. 55 4.1.1 Histórico do ultrassom ......................................................................................................................... 55 4.1.2 História do ultrassom no Brasil ......................................................................................................... 57 4.2 Ultrassom terapêutico ........................................................................................................................ 57 4.2.1 Bases físicas do ultrassom terapêutico .......................................................................................... 59 4.2.2 Efeitos fisiológicos .................................................................................................................................. 63 4.2.3 Formas de aplicação .............................................................................................................................. 67 4.3 Fonoforese ou sonoforese ................................................................................................................. 71 4.4 Ultracavitação ........................................................................................................................................ 71 4.4.1 Equipamentos disponíveis no mercado ......................................................................................... 74 4.4.2 Mecanismo de ação ...............................................................................................................................75 4.4.3 Orientações para aplicação de ultracavitação ............................................................................ 75 4.5 Terapia combinada ............................................................................................................................... 77 Unidade III 5 RECURSOS FOTOTERAPÊUTICOS ................................................................................................................ 85 5.1 Fototerapia .............................................................................................................................................. 85 6 EQUIPAMENTOS PARA FOTOTERAPIA ...................................................................................................... 88 6.1 Laser ........................................................................................................................................................... 88 6.1.1 Reações teciduais do laser .................................................................................................................. 91 6.1.2 Potência do laser ..................................................................................................................................... 91 6.1.3 Laser de baixa intensidade .................................................................................................................. 92 6.1.4 Comprimentos de onda ........................................................................................................................ 93 6.2 Emissão de luz por diodo (LED) ...................................................................................................... 94 6.2.1 LED azul ...................................................................................................................................................... 96 6.2.2 LED verde .................................................................................................................................................... 96 6.2.3 LED amarelo .............................................................................................................................................. 96 6.2.4 LED vermelho ............................................................................................................................................ 97 6.3 Luz intensa pulsada (IPL ou LIP) ..................................................................................................... 97 6.4 Fotodepilação .......................................................................................................................................102 6.4.1 Laser de diodo ........................................................................................................................................105 6.4.2 LIP ................................................................................................................................................................108 Unidade IV 7 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS .....................................................................................................................112 7.1 Ozonioterapia .......................................................................................................................................112 7.1.1 Equipamento gerador de ozônio .................................................................................................... 114 7.1.2 Métodos de aplicação da ozonioterapia na área da estética ............................................. 115 7.2 Carboxiterapia......................................................................................................................................126 7.2.1 Velocidade do fluxo e quantidade de gás .................................................................................. 129 7.2.2 Protocolos estéticos associados à prática de carboxiterapia ..............................................131 7.2.3 Protocolos de carboxiterapia .......................................................................................................... 132 7.2.4 Eletrocarbolipólise ............................................................................................................................... 135 7.3 Criolipólise .............................................................................................................................................137 7.3.1 Apoptose adipocitária ........................................................................................................................ 138 7.3.2 Cuidados na aplicação da criolipólise ......................................................................................... 145 7.3.3 Metabolização da gordura ............................................................................................................... 146 7.3.4 O equipamento de criolipólise ........................................................................................................ 146 7.3.5 Avaliação ................................................................................................................................................. 152 7.3.6 Procedimentos manuais e tecnológicos associados à criolipólise ................................... 153 7.3.7 Procedimentos estéticos após a criolipólise ............................................................................. 154 7.3.8 Temperatura e tempo de sessão .................................................................................................... 155 7.3.9 Pesquisas ................................................................................................................................................. 156 7.3.10 Resultados ............................................................................................................................................ 157 7.3.11 Indicações ............................................................................................................................................. 159 7.3.12 Contraindicações ............................................................................................................................... 159 7.3.13 Efeitos adversos indesejados .........................................................................................................161 7.4 Ondas de choque ................................................................................................................................162 7.5 Radiofrequência ..................................................................................................................................168 7.5.1 Campo elétrico e magnético ............................................................................................................170 7.5.2 Efeitos fisiológicos e frequências ...................................................................................................171 7.5.3 Tipos de manopla ................................................................................................................................. 174 7.5.4 Efeitos fisiológicos ............................................................................................................................... 178 7.5.5 Técnicas de aplicação ......................................................................................................................... 179 7.6 Criofrequência .....................................................................................................................................183 7.7 Tecarterapia ..........................................................................................................................................185 8 ASSOCIAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS E MANUAIS PARA ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS ESTÉTICOS .........................................................................................................................186 8.1 Protocolo de tratamento para lipodistrofia localizada .......................................................1868.2 Protocolo para lipodistrofia localizada compacta ou manutenção do protocolo anterior .....................................................................................................................................188 8.3 Protocolo de prevenção de FEG associado a flacidez tissular ..........................................189 8.4 Protocolo para FEG graus 3 e 4 associado a edema ............................................................190 8.5 Protocolo para FEG grau 2 do tipo compacto ........................................................................192 8.6 Protocolo de eletroestimulação neuromuscular com corrente russa ...........................193 8.7 Protocolo de peeling diamantado associado a laser de baixa potência ......................193 8.8 Protocolo para acne inflamatória graus III e IV .....................................................................195 8.9 Protocolo para terapia capilar com laser vermelho .............................................................196 9 APRESENTAÇÃO Esta disciplina apresenta os conceitos da eletroterapia que estão por trás dos diversos equipamentos utilizados enquanto recursos tecnológicos e estuda as indicações e contraindicações no uso dos tratamentos das alterações estéticas faciais e corporais. A eletroterapia é uma área muito reconhecida na estética. Recursos tecnológicos utilizados nos procedimentos estéticos estão cada vez mais em destaque, e equipamentos de alta tecnologia e grande porte estão sendo indispensáveis no atendimento estético. É muito importante ter conhecimento sobre o mecanismo de ação dos equipamentos, bem como os efeitos fisiológicos gerados por eles. As diferentes correntes agem de maneira específica no organismo. Por isso, é necessário compreender o mecanismo de ação de cada uma para elaborar protocolos estéticos individualizados. O objetivo desta disciplina é, portanto, que o profissional conheça os efeitos fisiológicos e terapêuticos dos recursos tecnológicos utilizados em estética, faça uso das inovações técnicas e científicas com segurança e desenvolva suas habilidades práticas para a aplicação de tecnologias básicas e avançadas nas disfunções estéticas. Para tanto, a disciplina apresenta os conceitos básicos da anatomia e fisiologia humana, bem como a alteração de algumas estruturas quando submetidas à ação de correntes elétricas. INTRODUÇÃO Neste livro-texto, iremos abordar temas de importância para a utilização da eletroterapia nos protocolos estéticos. É importante a compreensão da anatomia e fisiologia do corpo humano e dos mecanismos de ação de cada corrente elétrica. A partir daí, será possível elaborar protocolos específicos de acordo com as necessidades individuais de cada cliente. É fundamental realizar uma ficha de anamnese minuciosa do cliente para identificar possíveis contraindicações aos procedimentos de eletroterapia e, se for o caso, alterar o protocolo para obtenção de resultados estéticos esperados. Os procedimentos manuais e a cosmetologia podem ser associados aos procedimentos tecnológicos para atingir resultados mais satisfatórios. Os recursos tecnológicos utilizados na estética têm sua especificidade, indicação, contraindicação e parâmetros a serem aplicados. O modo de aplicação da técnica também é fundamental para alcançar os objetivos fisiológicos e terapêuticos. Alguns equipamentos devem ser aplicados de forma suave e lenta; outros com maior pressão e velocidade. Além disso, devemos conhecer os cosméticos que podem ser associados a cada tipo de equipamento. O cliente de estética procura novidades em tratamentos estéticos e cosméticos. Atualmente, ele procura um profissional habilitado e qualificado que possa transmitir segurança, já que muitos equipamentos, principalmente os de alta potência, podem gerar danos, como queimadura nos tecidos. 10 O profissional de estética deve executar somente os procedimentos nos quais é habilitado. Procedimentos estéticos invasivos, tais como preenchimento com ácido hialurônico de forma injetável, aplicação de toxina botulínica e laser ablativo, são procedimentos que devem ser realizados por um médico dermatologista, pois, em casos de intercorrências, esse profissional pode prescrever medicamentos. Os temas a serem abordados neste livro-texto são: • Eletroterapia e variáveis físicas: é importante entender como as correntes elétricas se manifestam e como agem nos tecidos biológicos. • Correntes excitomotoras: é preciso compreender como funciona a corrente farádica, que é uma corrente alternada e confortável e que tem como principais objetivos estimular nervos motores e sensitivos, favorecer o retorno venoso e aumentar o aporte sanguíneo; e as correntes aussie e russa, que têm como principal objetivo exercer a contração do ventre muscular para aumentar a tonicidade e diminuir a flacidez muscular. • Ultrassom: energia sonora que tem como maior objetivo ativar a circulação sanguínea e minimizar edemas corporais. O acoplamento com gel é fundamental para garantir a permeação da onda nos tecidos. Esse recurso pode ser associado com outras terapias. • Terapias combinadas: associação de duas ou mais terapias para realização de protocolos estéticos corporais e faciais. • Radiofrequência: procedimento estético que utiliza calor para minimizar a flacidez tissular. Durante a aplicação, é necessário verificar a temperatura do tecido. Muito indicada para procedimentos faciais e diminuição das linhas de expressão. Pode ser empregada em procedimentos corporais, tais como protocolos para tratamento da região abdominal, região glútea e coxas. Nesse caso, o profissional deverá adequar os parâmetros à área a ser tratada. • Criofrequência: é uma evolução da radiofrequência e tem como principal objetivo tratar da flacidez tissular, tanto facial quanto corporal. Nesse equipamento, a ponteira é resfriada, e por esse motivo não é necessário verificar a temperatura da pele. • Tecarterapia: transferência elétrica capacitativa e resistiva, enquadra-se nos grupos das ondas eletromagnéticas, bem como a rádio e a criofrequência, e aumenta a temperatura dos tecidos para obtenção de resultados estéticos. • Terapias por ondas de choque: procedimento que utiliza ondas sonoras; porém, não é considerado ultrassom por ter princípios diferenciados. É indicado para protocolos de lipodistrofia localizada e fibro edema geloide (FEG). • Fototerapia: caracteriza-se pela utilização de luz para diversos tipos de procedimentos estéticos, tais como: rejuvenescimento, clareamento da pele, eliminação de pelos e hidratação. É importante conhecer os parâmetros adequados a cada tipo de procedimento, bem como a aplicação nos 11 diferentes fototipos cutâneos. A luz intensa pulsada (LIP) é um tipo de tratamento com utilização da luz, que pode ser usada de diferentes formas na estética. • Ozonioterapia: é o nome que se dá à técnica que utiliza ozônio (O3) para tratamentos de diversas disfunções estéticas e terapêuticas. Pode ser utilizada em procedimentos estéticos corporais e faciais. • Carboxiterapia: consiste na aplicação do gás carbônico (CO2) nos tecidos. A aplicação do CO2 induz a uma reação de defesa corporal que aumenta a vascularização tecidual, resultando em melhora da circulação. É indicada para protocolos estéticos corporais, faciais e capilares. 13 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Unidade I 1 INTRODUÇÃO À ELETROTERAPIA Sempre falamos sobre a eletricidade no dia a dia, principalmente quando citamos os equipamentos e as novas tecnologias. Por isso, vamos compreender melhor esse conceito. A eletricidade é definida como uma forma básica de energia na ciência física e pode produzir diversos efeitos sobre os tecidos. A eletroterapia é dita como uma forma básica de usar a tecnologia para realizar avaliação ou tratamento que utilize uma modalidade terapêutica, como aquecimento, resfriamento, ultrassom, estímulo elétrico, laser, entre outros. Pensadores como Galeno, Plínio,Aristóteles e Platão já haviam percebido a importância da eletricidade no uso da descarga elétrica proveniente de enguias, raios e do peixe elétrico (figura a seguir). Figura 1 – Peixe elétrico Galeno, Plínio, Aristóteles e Platão perceberam que esses choques na pele, ao serem absorvidos, promoviam resultados terapêuticos, como a analgesia e o benefício da diminuição a dor. Estudos comprovaram que isso era possível porque a descarga elétrica estava modulada em torno 50 Volts a 80 Volts em uma frequência de 200 Hertz (AGNE, 2016). Os estudos de Galvani complementaram as informações sobre como a eletricidade era capaz de provocar respostas fisiológicas ao organismo humano. Isso foi fundamentado na teoria de que as atividades orgânicas do ser humano estão ligadas à eletricidade. Por meio dos estímulos elétricos aplicados na pele, ocorre o estímulo do potencial de ação, provocando mudança na polaridade da membrana no local de aplicação, favorecendo as trocas de nutrientes, a contração muscular e a homeostase (equilíbrio) (KRUEGER-BECK et al., 2011). 14 Unidade I Saiba mais Para complementar seus estudos, leia: KRUEGER-BECK, E. et al. Potencial de ação: do estímulo à adaptação neural. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 3, p. 535-547, 2011. Vamos falar um pouco mais sobre o potencial de ação, que é marcado por duas etapas: a despolarização e a repolarização. O íon potássio (K+) é predominante na parte interna da célula, e o meio extracelular tem o predomínio de sódio (Na+). Assim que o estímulo elétrico se inicia, o potencial de ação é estimulado, e a membrana celular fica mais permeável aos íons de sódio. Quando ocorre a entrada de sódio para o meio intracelular, este fica com maior quantidade de cargas positivas até que a polaridade seja invertida. Esse processo fisiológico recebe o nome de despolarização celular. A segunda fase do potencial de ação (figura a seguir) é marcada pela repolarização, na qual a permeabilidade celular volta ao normal, com aumento significativo na permeabilidade de íons potássio. Então, um grande fluxo de íons flui de dentro para fora da célula, fenômeno decorrente da grande quantidade de cargas positivas encontradas no interior celular, importantes para a manutenção da bomba de sódio e potássio. Figura 2 – Fluxo de íons 15 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Para entendermos um pouco mais sobre a ação da eletricidade no corpo humano, devemos lembrar que toda célula é formada por átomos, que são moléculas carregadas eletricamente e formam a estrutura do corpo humano. O átomo (figura a seguir) é formado pelo núcleo, onde ficam concentradas a sua massa (prótons e nêutrons) e as minúsculas partículas que giram ao seu redor, os elétrons, que são partículas de carga negativa (-) e massa muito pequena. Essas partículas elétricas presentes nas células (átomos) são similares à energia produzida pela corrente elétrica. Portanto, as correntes elétricas geradas pelos equipamentos têm afinidade com os tecidos biológicos. Elétron Próton Nêutron Figura 3 – Estrutura do átomo Observação A ação da corrente elétrica sobre os átomos induz a um fluxo ordenado de carga (íons) de um lugar para outro por meio da matéria. Quando um tecido recebe um campo elétrico, as partículas se movimentam aleatoriamente em toda a matéria. O uso de equipamentos elétricos desempenha um papel muito importante na medicina. Os aparelhos são usados para diagnósticos, em processos cirúrgicos e no tratamento de doenças. A área da fisioterapia faz uso de equipamentos para a reabilitação e o tratamento de diversas doenças, com objetivos de diminuir a dor, melhorar o quadro inflamatório, fechar feridas, entre outros. Na estética, os recursos tecnológicos são utilizados para cuidados com a pele no envelhecimento, manutenção da beleza, da jovialidade etc. Os equipamentos utilizados na área da estética consomem a energia elétrica e a transformam em outro tipo de energia (figura a seguir), como a energia luminosa ou a mecânica. Estas, por sua vez, promovem reações fisiológicas nos tecidos humanos, como a ativação da circulação sanguínea e o aumento do metabolismo local. 16 Unidade I Equipamento que consome energia Energia elétrica Transmite outro tipo de energia Figura 4 – Transmissão de energia É importante o conhecimento das respostas fisiológicas celulares desencadeadas pelos recursos tecnológicos e muita destreza durante o processo de avaliação do cliente, observando as características da desarmonia corporal e o mecanismo pelo qual a estimulação elétrica afeta os tecidos biológicos, favorecendo o resultado terapêutico. Observação Os terapeutas especializados em recursos tecnológicos devem ter total domínio sobre as formas de eletroterapia e as alterações fisiológicas geradas no corpo humano por cada corrente elétrica. Lembrete Os átomos (partículas elétricas) presentes nas células são similares à energia produzida pela corrente elétrica. Por isso, as correntes elétricas geradas pelos equipamentos têm afinidade com os tecidos biológicos. 1.1 Sistema internacional de medidas (SI) O sistema internacional de medidas (SI) é uma forma de padronização de definições por diferentes unidades para facilitar as medições. Por isso, é o sistema mais exato e mais utilizado em todo o mundo. Antes do SI, as mensurações eram realizadas de acordo com cada cultura, utilizando regiões corporais como medida; por exemplo, a polegada, o pé, entre outras. Existem sete grandezas físicas consideradas básicas ou fundamentais. Das unidades básicas do SI, podem derivar todas as outras unidades de medidas existentes dessas grandezas. Essas unidades estão apresentadas no quadro a seguir e são dimensionalmente independentes entre si. 17 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Quadro 1 – Unidades de medida Grandeza física Unidade Símbolo Comprimento Metro M Massa Quilograma Kg Tempo Segundo S Corrente elétrica Ampere A Temperatura termodinâmica Kelvin K Quantidade de substância Mol Mol Intensidade luminosa Candela Cd 1.2 Variáveis físicas O conhecimento das variáveis físicas é extremamente importante, pois, a partir desse domínio, é possível escolher o melhor equipamento e as melhores modulações para as diversas disfunções estéticas, com base nas alterações fisiológicas e nas características clínicas de cada cliente. Entre as variáveis físicas que envolvem a eletroterapia, destacam-se as descritas a seguir. Campo elétrico Qualquer região que esteja sob ação de uma força elétrica é denominada campo elétrico. Por exemplo, durante uma descarga de raio (se o raio cair, torna-se um campo elétrico) ou durante a aplicação de eletroterapia com o uso de eletrodos, a região que está entre os eletrodos é o campo elétrico (figura a seguir). Figura 5 – Campo elétrico Quanto maior a intensidade da força elétrica no campo elétrico, maior o campo eletromagnético ao seu redor. Temos, como exemplo, um jogo de futebol com várias pessoas no campo durante uma chuva. De repente, ocorre a descarga de um raio, que torna o campo de futebol um campo elétrico. 18 Unidade I De acordo com a intensidade, a força do raio pode atingir uma pessoa ou várias pessoas que estejam próximas. Sendo assim, qualquer região do espaço que esteja sob ação da força elétrica é denominada campo elétrico. Carga elétrica Carga elétrica é uma propriedade física representada pela presença de partículas, sejam elas prótons (positivas), sejam elas elétrons (negativas). Intensidade da corrente elétrica A intensidade da corrente elétrica é a quantidade de energia que passa por um condutor, por um determinado tempo. Essa intensidade é mensurada de acordo com o SI, como o ampere (A) e seus submúltiplos, miliampere (mA) e microampere (μA). Amplitude de pulso Amplitude de pulso (figura a seguir) é a forma de medir a velocidade de fornecimento dos elétrons ou o fluxo de uma corrente elétrica. Determina valores entre os pulsos noseu pico máximo e deve ser medida entre os pulsos. Quanto maior sua amplitude, maior a intensidade da corrente elétrica. Am pl itu de Figura 6 – Amplitude de pulso Largura de pulso A largura do pulso (figura a seguir) é mensurada em microssegundos (µs) ou milissegundos (ms) e indica o tempo de duração da fase. Estipular adequadamente a largura de pulso evita o desconforto e a dor durante a terapia. Pulsos estreitos com frequências elevadas diminuem esses desconfortos. Largura de pulso Figura 7 – Largura de pulso 19 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Formas de pulso As correntes elétricas utilizadas na prática clínica podem apresentar várias formas de pulso (também denominadas de ondas elétricas), do qual são decorrentes as suas denominações. As formas de pulso ou de onda podem ser diversas, associadas ou não. As formas mais comuns são: corrente contínua e constante; corrente contínua ininterrupta; corrente alternada; corrente contínua e intervalada; corrente alternada e intervalada. • Corrente contínua e constante: corrente contínua também conhecida como corrente direta ou unidirecional. É denominada dessa forma porque apresenta um fluxo constante, contínuo de partículas carregadas em uma única direção (figura a seguir). A corrente pode ser aplicada em ânodo ou cátodo. Esse é o caso das correntes polarizadas, também conhecidas como correntes galvânicas, muito utilizadas pela estética em diversos tipos de procedimentos corporais e faciais. Fluxo constante Figura 8 – Corrente contínua e constante • Corrente contínua ininterrupta: a corrente contínua ininterrupta (figura a seguir) apresenta uma constância (sem pausa) na passagem da corrente, com oscilação apenas da intensidade da corrente elétrica. Figura 9 – Corrente contínua ininterrupta • Corrente alternada: na corrente alternada (figura a seguir), o fluxo de energia é caracterizado em dois sentidos: a polaridade dos elétrons oscila entre o positivo e o negativo de forma periódica no tempo determinado. O polo inicialmente positivo fornece uma corrente ao polo negativo com um valor que parte do zero, atinge o pico máximo e volta a zero. Então, seus pulsos são bidirecionais, simétricos e ininterruptos. Para simplificar o entendimento, dizemos que os pulsos se alternam entre as fases positiva e negativa. 20 Unidade I + - Figura 10 – Corrente alternada • Corrente contínua e intervalada: a corrente contínua e intervalada (figura a seguir) é também conhecida como corrente unidirecional emitida no modo pulsado, pois apresenta certa fluência na intensidade e nos intervalos. A pausa da corrente é percebida pelo cliente durante a aplicação. Figura 11 – Corrente contínua e intervalada • Corrente alternada e intervalada: a corrente alternada e intervalada (figura a seguir) apresenta alteração na polaridade (entre o positivo e o negativo) durante a propagação, sendo interrompida em determinados intervalos de tempo. É possível observar pela figura a seguir que a intensidade da corrente elétrica se mantém constante mesmo com a mudança de polaridade e que existe um tempo de pausa (repouso) entre um ciclo e outro. + - Intensidade Intensidade Figura 12 – Corrente alternada e intervalada 21 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Voltagem Voltagem também é conhecida como diferença de potencial (ddp) ou simplesmente tensão. É a tendência que uma carga elétrica tem de ir de um ponto a outro, gerada pela diferença de potencial elétrico entre os dois pontos, seja pela falta, seja pelo excesso de elétrons. A unidade de medida dessa diferença é o volt (V). Resistência É a capacidade de oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, a resistência gera uma dificuldade ou oposição para os elétrons percorrerem um condutor. Essa resistência pode ser aplicada a diferentes estruturas, como a pele e os eletrodos. Sua unidade de medida é ohm (Ω). Capacitância Capacitância é a propriedade de um isolante permitir o acúmulo de energia quando as superfícies opostas do isolante são mantidas sob diferença de potencial elétrico. A medida da capacitância é expressa em farads (F). É a proporção de carga em cada uma das superfícies do isolante em relação à diferença de potencial entre as superfícies. Frequência e fase A frequência (figura a seguir) é definida pelo número de repetições dos pulsos elétricos produzidos em um segundo. A unidade de medida da frequência é em hertz (Hz). Pulso (t)0 + - 1 segundo Figura 13 – Frequência A frequência pode ser considerada baixa (1 Hz a 1.000 Hz), média (1.000 Hz a 100.000 Hz) e alta (acima de 100.000 Hz), conforme mostra o quadro a seguir. 22 Unidade I Quadro 2 – Frequências Frequência Unidade de medida Tipo de corrente Baixa 1 Hz a 1.000 Hz (na prática clínica, na faixa de 1-200 Hz) Galvânica, farádica, NMES, TENS e FES Média 1.000 Hz a 100.000 Hz Interferencial, corrente russa e aussie Alta Acima de 100.000 Hz Ondas curtas, radiofrequência e ultrassom Impedância Impedância é a oposição que um circuito elétrico faz à passagem de corrente elétrica. Fatores como oleosidade, temperatura baixa, maquiagem, entre outros, podem gerar dificuldade (impedância) na passagem da corrente elétrica. Saiba mais A higienização da área submetida à corrente elétrica deve ser feita com produtos específicos para retirada de sujidade que possam causar impedância na passagem da corrente elétrica. Aprofunde os seus conhecimentos sobre impedância cutânea com a leitura das páginas 40 e 41 do livro a seguir: AGNE, J. E. Eletrotermofototerapia. 3. ed. Santa Maria: Andreoli, 2016. Eletrodos A estimulação elétrica por meio de eletrodos é um procedimento terapêutico não invasivo de grande utilização na prática clínica da estética e da fisioterapia. A função dos eletrodos é transmitir a corrente que está sendo gerada no equipamento para a pele do cliente. Os eletrodos devem ser posicionados de acordo com a região a ser tratada. Eletrodos maiores devem ser utilizados em procedimentos corporais, e eletrodos menores, em procedimentos faciais. Os eletrodos de carbono são mais adequados às curvaturas corporais. O modelo do eletrodo deve ser escolhido de acordo com o protocolo estético que será realizado. Observação Eletrodos menores que a área a ser estimulada geram grande resistência e podem apresentar resultados abaixo do esperado. Eletrodos grandes promovem maior resposta motora com menos estímulo doloroso. 23 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Os eletrodos podem ser de lâmina de alumínio, de silicone-carbono (figura a seguir) ou autoadesivos (figura adiante). Figura 14 – Eletrodos de silicone-carbono Figura 15 – Eletrodos autoadesivos Os eletrodos não podem ser acoplados diretamente sobre a pele, principalmente nas correntes polarizadas, onde há risco de queimaduras. Os meios de acoplamento são os géis à base de água e as soluções iônicas. 2 TERMOTERAPIA E TERMORREGULAÇÃO Temperatura é definida como o movimento vibratório atômico que vai gerar ou transformar energia. A temperatura de um objeto é medida pela agitação dos átomos e das moléculas que o constituem. Se temos uma temperatura baixa, isso é demonstrado pela pouca agitação molecular. Podemos sentir isso quando vamos dormir, momento em que a agitação molecular ainda está constante pelas próprias respostas fisiológicas, e, algum tempo após deitarmos, começamos a sentir um pouco de frio, pois 24 Unidade I o repouso vai diminuindo a agitação molecular, fazendo com que a temperatura corporal diminua. Quando ocorre maior movimentação física, a temperatura corporal aumenta. Como vimos, o calor é a energia resultante do movimento vibratório. Mas o calor também pode ser transferido entre dois corpos de temperaturas diferentes – essa é a Lei da Termodinâmica. Observação A Lei da Termodinâmica diz respeito à transferência de calor do corpo ou objeto mais quente para o mais frio. Isso acontece quando sentimos frio e procuramosalguma superfície quente para nos aquecer. 2.1 Formas de transferência de calor O calor pode ser transferido para o corpo humano de várias formas, através de convecção, condução, irradiação ou evaporação (figura a seguir). Convecção Evaporação Condução Irradiação Figura 16 – Mecanismo de transferência de calor O aumento do calor ocasiona efeitos fisiológicos que são benéficos aos protocolos estéticos, pois causa vasodilatação e ativa a circulação sanguínea. A seguir, vamos falar sobre as formas de transferência de calor. Convecção A convecção é a transferência de calor que ocorre pela movimentação da matéria. Pode ser observada em materiais fluidos, como o gás, e líquidos, por exemplo, a circulação sanguínea, a hidroterapia, a fumaça, a massa de ar e o ar-condicionado. 25 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Condução A transferência de calor por condução ocorre através do contato direto com uma superfície mais quente, como no caso de uma bolsa de água quente, ou da aplicação de parafina, cera quente etc. Irradiação A transferência por irradiação é a conversão de energia térmica através da radiação eletromagnética. Podemos observar isso nas câmeras de infravermelho, que captam a imagem no escuro, sendo possível pela sua sensibilidade ao calor (infravermelho longo). Quando vemos reportagens que filmam os animais na selva de noite, isso só é possível porque a câmera capta as imagens de quem irradia calor através da câmera com o infravermelho. Outro exemplo é a exposição ao sol, quando aumentamos a nossa temperatura corporal pela captação da irradiação solar. A seguir, vamos falar um pouco mais sobre irradiação, já que é uma forma de transferência de calor muito utilizada na área da estética. Qualquer tipo de energia que se propaga pelo espaço pode ser chamada de irradiação. A irradiação pode ser eletromagnética ou mecânica. O processo da irradiação mecânica ocorre pela doação de energia de uma fonte para as moléculas de um meio elástico que aceite essas vibrações. Ao receber a energia, as moléculas do meio aumentam seu estado vibratório, fazendo com que a energia se propague pelo espaço, gerando uma irradiação mecânica. O processo de irradiação eletromagnética é produzido por dois campos de força: o campo elétrico e o campo magnético. Ambos vibram simultaneamente em sua própria direção e formam uma energia que se propaga na direção perpendicular à do plano. Essa vibração simultânea gera uma onda eletromagnética que será transmitida a outro corpo – a energia que se propaga é uma irradiação eletromagnética. Dependendo da frequência de propagação da irradiação eletromagnética, ela recebe uma denominação diferente (PEREIRA, 2014). Evaporação A movimentação das moléculas causada pelo aumento de temperatura é capaz de vencer a tensão superficial das substâncias e atingir o processo de evaporação. Temos como exemplo o aparelho de vapor de ozônio, que recebe água em seu reservatório e é submetido à elevação de temperatura, apresentando como resultado final o processo de evaporação, com a liberação do vapor na área de tratamento. Conversão Outra forma de transferência de calor é dada pela conversão, que ocorre quando se converte energia elétrica em energia térmica, como é o caso de aparelhos utilizados na estética, como o infravermelho e o de alta frequência, que promovem o aumento da temperatura local pela conversão de temperatura. 26 Unidade I As diversas ondas eletromagnéticas formam o espectro eletromagnético. De acordo com o comprimento de onda, são observados (figura a seguir) um tipo de energia e uma resposta fisiológica diferente. 10 kHz MHz GHz Radiação não ionizante Micro-ondas 102 104 106 108 1010 1012 1014 1016 1018 Fr eq uê nc ia ex tr em am en te ba ix a (E LF ) Fr eq uê nc ia ex tr em am en te ba ix a (E LF ) On da s d e rá di o Lu z in vi sí ve l Ra di aç ão ul tr av io le nt a Figura 17 – Espectro eletromagnético Observação No espectro eletromagnético, encontra-se a radiação ultravioleta (UVA, UVB e UVC). As radiações podem provocar diversas respostas na pele humana, como o favorecimento da síntese da vitamina D, o envelhecimento precoce, queimaduras e câncer de pele. 2.2 Princípio da termorregulação Termorregulação é a capacidade que o organismo humano tem de equilibrar a temperatura corporal independentemente do meio ambiente. Para que esse controle seja realizado, o organismo promove respostas biológicas imediatas às necessidades de ajuste ao frio ou ao calor, favorecendo um equilíbrio dinâmico entre fatores que acrescentam e subtraem calor corporal. 27 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS O organismo se aquece quando ganhamos energia em forma de calor, como em reações metabólicas, exposição à radiação solar, condução de energia em forma de calor, tratamentos que fazem uso da manta térmica, do lençol mayler, da radiação infravermelha, do equipamento de ultrassom, do aparelho de radiofrequência etc. O centro controlador de temperatura do corpo humano é o hipotálamo (figura a seguir), localizado no eixo central do encéfalo. Além da temperatura, o hipotálamo é responsável pelo controle da fome, da sede e dos ciclos circadianos. Hipófise anterior Hipófise posterior Tálamo Hipotálamo Infundíbulo Figura 18 – Hipotálamo: centro controlador de temperatura Os neurônios, por sua vez, agem como uma espécie de termostato, encaminhando as informações ao hipotálamo para que ele produza os mecanismos de reações químicas ao calor e ao frio. Observe, na figura a seguir, um esquema que simplifica as respostas do organismo humano à mudança de temperatura. Aumento da temperatura ↓ Impulsos enviados ao hipotálamo ↓ Vasodilatação periférica ↓ Relaxamento da musculatura corporal ↓ Mecanismo de defesa ativado para manutenção da temperatura = maior retenção hídrica Figura 19 – Esquematização de alterações no aumento de temperatura 28 Unidade I Lembrete O calor é uma forma de energia que acelera todas as reações químicas do organismo, estimula as reações enzimáticas, potencializa a síntese proteica e a atividade metabólica, além de provocar alterações na permeabilidade da membrana celular, fator muito importante para a estética, principalmente quando o objetivo é a permeação de princípios ativos. Conheça os efeitos fisiológicos do calor: • Aumento do fluxo sanguíneo. • Aumento da permeabilidade capilar superficial. • Aumento da oxigenação e nutrição dos tecidos. • Melhora na absorção e reabsorção de líquidos e substâncias intersticiais, como toxinas, que serão absorvidas pelos capilares linfáticos com maior facilidade, devido à ocorrência de vasodilatação periférica. • Aumento do metabolismo celular. • Melhora do trofismo. • Aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos. • Aumento da permeabilidade de princípios ativos cosméticos através da pele. • Analgesia. • Relaxamento muscular. A redução da temperatura corporal ocorre em resposta ao resfriamento, podendo ser realizada de forma localizada ou sistêmica. Quando o tecido é submetido ao frio, ocorre imediatamente uma vasoconstrição periférica. Podemos observar na figura a seguir os mecanismos desencadeados pelo hipotálamo quando o corpo humano é exposto a uma queda de temperatura. 29 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Hipotálamo Hipotálamo Desencadeira respostas: vasodilatação sudorese Hipotálamo Desencadeira respostas: vasodilatação, piloereção e tremores Responde a alterações da temperatura corporal Figura 20 – Resposta do hipotálamo às alterações de temperatura Na estética, utilizamos o frio para gerar reações de defesa, ativando o metabolismo energético e o maior consumo de energia, o que resulta em diminuição da célula adiposa, como o equipamento de criofrequência e criolipólise. Observe, na figura a seguir, o esquema das alterações observadas na diminuição de temperatura. Diminuição da temperatura↓ Impulsos enviados ao hipotálamo ↓ Vasoconstrição e perda de calor para o meio ↓ Ativação dos músculos esqueléticos e eretores do pelo ↓ Aumento da temperatura corporal Figura 21 – Esquematização de alterações na diminuição de temperatura A utilização do frio e do calor nos protocolos estéticos apresenta resultados satisfatórios, como a melhora do contorno corporal. A escolha pelo resfriamento ou aquecimento nos clientes é muito individual, já que existem pessoas que respondem melhor aos efeitos do calor, enquanto outras respondem melhor aos efeitos do frio. Durante a avaliação, é possível definir qual procedimento deve ser aplicado no cliente para alcançar os melhores resultados. 30 Unidade I Resumo Nesta unidade, foram abordados temas de muita relevância na estética, como o uso da eletricidade de forma terapêutica, uma vez que produz diversos efeitos sobre os tecidos cutâneos. Para isso, vimos que é necessário conhecer o mecanismo de ação dos recursos tecnológicos aplicados aos protocolos estéticos e a resposta fisiológica do organismo a um determinado estímulo elétrico. O estudo da eletroterapia tem como base o conhecimento do sistema internacional de medidas (SI) e isso é importante porque influencia diretamente na quantidade e na profundidade de absorção da energia gerada pelas correntes elétricas. Cada corrente elétrica apresenta característica e resposta fisiológica específicas, podendo ser classificada em corrente contínua, corrente alternada e corrente pulsada. Entendemos o que é a termorregulação humana, controlada pelo centro regulador de temperatura: o hipotálamo. Ele é responsável por desencadear mecanismos de defesa para aumentar ou diminuir a temperatura do indivíduo de acordo com a necessidade. Essas alterações de temperatura podem trazer benefícios nos tratamentos estéticos, como veremos nas próximas unidades, nos equipamentos de criolipólise e infravermelho, por exemplo, que apresentam resultados nos quadros de fibro edema geloide (FEG) e lipodistrofia localizada. Os recursos tecnológicos são utilizados em larga escala em consultórios e clínicas de estética, e isso leva à obrigatoriedade de total domínio das bases físicas dos equipamentos, da modulação do aparelho, da forma de uso e do modo de aplicação. A mesma importância tem o estudo das indicações e contraindicações e das respostas fisiológicas desencadeadas por essas tecnologias. Apenas com esses conhecimentos podemos alcançar os resultados terapêuticos esperados, sem causar danos aos tecidos cutâneos. 31 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Exercícios Questão 1. No que se refere às variáveis físicas, leia as definições apresentadas no quadro a seguir. Quadro 3 – Definições das variáveis físicas Número Definição 1 É definida pelo número de repetições dos pulsos elétricos produzidos em um segundo. Sua unidade de medida é hertz (Hz). 2 É a capacidade de oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, sua ação gera dificuldade ou oposição para os elétrons percorrerem um condutor. 3 É uma propriedade física representada pela presença de cargas, que podem ser prótons (cargas positivas) ou elétrons (cargas negativas). 4 É a forma de mensurar a velocidade de fornecimento dos elétrons ou o fluxo de uma corrente elétrica; determina valores entre os pulsos no seu pico máximo. 5 É a tendência que uma carga elétrica tem de ir de um ponto a outro, devido à diferença de potencial elétrico entre eles, seja pela falta ou pelo excesso de elétrons. Sua unidade de medida é o volt (V). As indicações número 1, número 2, número 3, número 4 e número 5, presentes no quadro apresentado, referem-se, respectivamente, aos termos: A) Frequência, resistência, carga elétrica, amplitude de pulso e voltagem. B) Capacitância, frequência, impedância, resistência, pulsação e eletricidade. C) Carga elétrica, capacitação, voltagem, fluxo da corrente elétrica e carga elétrica. D) Frequência, capacitância, pulsação, amplitude de pulso e voltagem. E) Pulsos elétricos, resistência, voltagem, impedância e corrente elétrica. Resposta correta: alternativa A. Análise da questão As indicações número 1, número 2, número 3, número 4 e número 5 estão especificadas no quadro a seguir. 32 Unidade I Quadro 4 – Definições das variáveis físicas Número Definição Frequência É definida pelo número de repetições dos pulsos elétricos produzidos em um segundo. Sua unidade de medida é hertz (Hz). Resistência É a capacidade de oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, sua ação gera dificuldade ou oposição para os elétrons percorrerem um condutor. Carga elétrica É uma propriedade física representada pela presença de cargas, sejam elas prótons (cargas positivas) ou elétrons (cargas negativas). Amplitude de pulso É a forma de mensurar a velocidade de fornecimento dos elétrons ou o fluxo de uma corrente elétrica; ela determina valores entres os pulsos no seu pico máximo. Voltagem É a tendência que uma carga elétrica tem de ir de um ponto a outro, devido à diferença de potencial elétrico entre dois pontos, seja pela falta ou pelo excesso de elétrons. Sua unidade de medida é o volt (V). Questão 2. A termoterapia, ou seja, a aplicação de uma terapia no corpo humano com o objetivo de aumentar ou reduzir a temperatura dos tecidos corporais é amplamente utilizada em diferentes áreas da saúde. A terapia pelo calor estimula as reações químicas e enzimáticas que ocorrem no organismo humano, além de potencializar a síntese proteica e as atividades metabólicas. Para a estética, a termoterapia com a aplicação de calor tópico é indicada para o tratamento da celulite, a redução do peso e a modelação corporal. Nesse sentido, é importante que o profissional tenha conhecimento acerca dos efeitos fisiológicos dessa terapia no organismo humano. Com relação a essa temática, avalie as afirmativas a seguir. I – O calor tópico provoca o aumento do fluxo sanguíneo local, da permeabilidade capilar superficial e da oxigenação e da nutrição dos tecidos. II – As melhoras do trofismo e da permeabilidade dos princípios ativos cosméticos pela pele são efeitos desejados da aplicação do calor local. III – Caso haja analgesia local e relaxamento muscular, a aplicação da terapia deve ser suspensa pelo profissional em função dos riscos associados. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) I e II, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa D. 33 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS ÀS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: o calor tópico causa vasodilatação local, o que aumenta o fluxo sanguíneo para a região e favorece a permeabilidade capilar superficial. II – Afirmativa correta. Justificativa: a termoterapia realizada por meio da aplicação de calor resulta no aumento das trocas metabólicas, o que favorece a absorção de produtos cosméticos pelo tecido cutâneo. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: a analgesia e o relaxamento muscular são efeitos esperados da aplicação tópica de calor.
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