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CURSO DE DIREITO PROFESSORA VALQUIRIA PALADINO PROJETO JÚRI SIMULADO RESUMO O Júri Simulado, longe de ser evento inovador, é prática tradicional nas mais bem conceituadas academias de Direito do país e do mundo. Objetiva oportunizar a aplicabilidade da legislação penal e processual penal, conjugando a teoria e a prática a partir da execução simulada de um júri, com base em processos criminais reais, para desenvolver uma postura profissional ética, construir o desenvolvimento da oratória e poder de argumentação, por meio de metodologias diferenciadas e atrativas aos alunos, integrando todo o corpo discente. O júri simulado é utilizado nas diversas disciplinas com o fim de estimular a capacidade argumentativa e o aprofundamento teórico, além de favorecer a familiarização com a postura profissional esperada do operador do Direito. JUSTIFICATIVA Este projeto reside na possibilidade de oferecer aos acadêmicos de Direito em estágio inicial um contato mais prático e dinâmico com a vivência jurídica, despertando e sustentando nos mesmos o interesse acadêmico, a integralização e a interdisciplinaridade dos conhecimentos ministrados além de fomentar a compreensão da importância funcional dos institutos relativos às diversas disciplinas. Esse tipo de atividade também é importante porque faz com que o estudante de Direito aprenda a se portar, a entender o momento em que se deve falar quanto tempo lhe é permitido, enfim, todos os detalhes que acontece em uma audiência criminal. OBJETIVO GERAL Esta atividade tem como objetivo geral favorecer o desenvolvimento do raciocínio crítico na área jurídica, propiciar uma visão sistêmica do Direito tendo em vista o trabalho interdisciplinar, o aprimoramento do estudo das diversas escolas do pensamento jurídico, o desenvolvimento da oratória, poder de persuasão, além de sensibilizar os estudantes para a consciência da responsabilidade social dos profissionais de Direito. Trata-se, portanto, de uma atividade não só importante, mas necessária, porque busca trabalhar ao mesmo tempo o saber escrever, falar e pensar, além do viver junto e do aprender a ser. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Aproximar e enriquecer a relação entre teoria e prática, possibilitando ao profissional em formação o contato com casos ocorridos na realidade forense. 2. Estimular o espírito de debate e contradição, indispensável à formação crítica do futuro profissional do Direito. 3. Possibilitar aos estudantes a experiência, embora em uma situação simulada, do contato com as instituições jurídicas que farão parte do seu mundo profissional. 4. Criar um ambiente propício ao pensamento crítico e especulativo, proporcionando reflexões acerca dos problemas enfrentados pela sociedade. 5. Entrelaçar e dar maior organicidade às disciplinas de Prática Jurídica, Direito Processual Penal, Direito Penal, Oratória e Psicologia Forense, de modo que o Curso de Direito seja percebido não como uma reunião de disciplinas estanques, mas como um conjunto orgânico de saberes que se complementam. 6. Articular ensino e pesquisa com o estudo da ética profissional aplicada ao campo prático. 7. Promover a integração dos estudantes de Direito do campus Niterói, para uma construção de conhecimento dinâmica e socializadora. 8. Criar, nos calouros e estudantes dos primeiros semestres, a expectativa de participação no evento, tornando mais atraente a imagem da atmosfera jurídica METODOLOGIA O Júri Simulado do Direito da Universidade Estácio de Sá, Unidade Niterói, é estabelecido em julgamento judicial de caso concreto previamente estudado pelo aluno, substituindo por alunos os sujeitos reais, sem qualquer outra intervenção a não ser a do corpo discente e do docente do curso responsável por esse evento. É uma atividade desenvolvida em sala de aula ou em atividades acadêmicas complementares, sempre valendo Horas de AAC. COMPOSIÇÃO DO JÚRI Todos os componentes de um Tribunal do Júri real devem estar presentes: Juiz, Jurados (Conselho de Sentença), Advogados de Defesa, Promotores de Justiça (Ministério Público), testemunhas, acusado, vítimas, policiais militares e serventuários da Justiça. Juiz XXXXXX Promotores XXXXXX XXXXXX Defensoria XXXXX XXXXX XXXXXX Réus XXXXXXXX XXXXXXXX Testemunhas de acusação XXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXX Testemunha de defesa XXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXX Oficial de Justiça XXXXXXXXXXXX Policial XXXXXXXXXXXX ROTEIRO DO TRIBUNAL DE JÚRI OU JÚRI SIMULADO 1. Declaro abertos os trabalhos da ____ sessão da ____ reunião do Tribunal do Júri da comarca de XXXX no ano de XXXX. (art. 462). - Verificar, nesse momento, se na urna estão os nomes dos 25 jurados sorteados (art. 462) - Analisar pedidos de dispensa e adiamento e consigná-los em ata (art. 454 c/c 462). 2. Determino ao Sr. Escrivão que realize a chamada dos jurados sorteados (art. 463). 3. Tendo comparecido o número de ________ jurados declaro instalada a presente sessão. 4. Aos jurados faltosos (nomear) aplico a multa de R$ _________, ficando os mesmos desde já sorteados para a próxima sessão. (art. 443, § 1º e 445, § 3º). 5. Procederei a seguir o sorteio dos jurados suplentes, determinando ao senhor escrivão que consigne seus nomes e os notifica para comparecerem no dia _______, às _______ horas, para a próxima sessão. (art. 445). 6. Vai ser submetido a julgamento o réu: ___________________ (ler qualificação da denúncia). Determino ao senhor porteiro dos auditórios que apregoe as partes e as testemunhas, colocado em salas separadas as da acusação, das de defesa, (art. 447 e 454). 07. A seguir o Juiz declara: “Vou proceder ao sorteio dos sete jurados que deverão compor o conselho de sentença. Devo adverti-los, entretanto, que são impedidos de servir no mesmo conselho: marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro ou genro ou nora, cunhados durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta. Também não poderão servir os jurados que tiverem parentesco com o Juiz (_____________________________________), com o promotor (_____________________________________), com o advogado (_____________________________________), com o réu (_____________________________________) e com a vítima (_____________________________________). (art. 448 CPP). Os jurados que serviram em julgamento anterior do mesmo processo (se houve) estão impedidos de servir. Aqueles que se encontrarem nestas situações, queiram imediatamente se levantar! Advirto-os, ainda, que uma vez sorteados não poderão comunicar-se com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, pena de exclusão do conselho e de multa de um a dez salários mínimos (art. 466, § 1º). A defesa e a acusação poderão, ainda recusar, cada qual, imotivadamente, ate três jurados”. Procederemos agora ao sorteio dos jurados. (sorteia normalmente o próprio juiz) A cada nome consultar as partes, iniciando-se pela defesa, sobre recusas. Convidar os não recusados para tomar assento. 8. Está formado o conselho de sentença, farei a exortação legal, e à chamada, cada um dos senhores deverá responder “Assim prometo”. Todos de pé. “Em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade esta causa e a proferir vossa decisão de acordo com a vossa consciência e com os ditames da Justiça” art. 472). - Entregar aos jurados, nesse momento, cópias da decisão de pronúncia e de posteriores decisões que julgaram admissível a acusação, assim como cópia escrita do relatório a respeito do processo. 9. Podem sentar. Os senhores jurados não sorteados estão dispensados com nossos agradecimentos. II. INSTRUÇÃO 10. Inquirição de testemunhas. Ordem: ofendido, testemunhas de acusação e defesa. - As partes perguntarão diretamente às testemunhas. Nas testemunhas de defesa, as perguntas da defesa antecederão às do Ministério Público e do assistente de acusação.- Jurados também reperguntam, mas por intermédio do Juiz presidente. - Após ouvidas as testemunhas, consultar as partes acerca da possibilidade de dispensá-las de imediato ou se pretendem que permaneçam até o fim dos debates, para eventual reinquirição. - Verificar necessidade de acareações. 11. Leitura de peças (somente as que se refiram a provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis). 12. Interrogatório do réu. - Advertência ao réu de que tem o direito constitucional de permanecer calado, mas se trata do momento próprio de dar a sua versão dos fatos às pessoas que irão proferir o julgamento. - Partes pergunta diretamente. Inicia-se pelo MP. III. DEBATES 13. Palavra ao Ministério Público e à defesa. Tempo: uma hora e meia para cada. 14. Réplica e tréplica: uma hora. - Havendo mais de um acusador ou defensor, devem combinar a distribuição de tempo. - Mais de um acusado: duas horas e meia de debates e duas horas de réplica e tréplica. - Atentar para o art. 478: Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: I - à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II - ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. - A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado (art. 480). - Apartes: doravante serão regulamentados pelo Juiz Presidente, e poderão durar até três minutos, que serão acrescidos ao tempo do aparteado (art. 497, inciso XII). 15. Findos os debates, verificar se desejam reinquirir testemunhas ou diligências. 16. Indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos (art. 480, § 1º). 17. Ler quesitos e indagar das partes se têm requerimentos a fazer. Explicar brevemente aos jurados os significados de cada quesito. IV. JULGAMENTO E ENCERRAMENTO 18. Julgamento em sala secreta. Observar arts. 482 a 491 do Código de Processo Penal. O resultado não será identificado. O quarto voto pelo SIM ou pelo NÃO encerra a votação do quesito. 19. Leitura da sentença e encerramento da sessão. “Declaro encerrados os presentes trabalhos relativos à ____ sessão da ____ reunião periódica do corrente ano de __________, do Tribunal do Júri Popular desta comarca. Preleções e agradecimentos finais”. CURSO DE DIREITO UNIDADE NITERÓI COORDENAÇÃO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES PROFESSORA VALQUIRIA C. PALADINO PROJETO JÚRI SIMULADO ASSUNTO: RELATÓRIO DA ATIVIDADE ACADÊMICA COMPLEMENTAR- JÚRI SIMULADO -DESENVOLVIDA COM OS ALUNOS DE DIREITO NELA INSCRITOS, EM 11/10/2011, TERÇA-FEIRA . CASO CONCRETO: FERA DA PENHA RECURSOS: DVD- LINHA DIRETA RESUMO DO CASO EM ESTUDO Neyde Maria Lopes (Rio de Janeiro, 2 de março de 1937), que ficou nacionalmente conhecida como "A Fera da Penha", é uma mulher que nos anos 60 foi acusada e condenada a 33 anos de prisão em regime fechado por sequestrar, assassinar e incendiar uma criança de 4 anos nos fundos do Matadouro da Penha, no bairro de mesmo nome no subúrbio do Rio de Janeiro. Começou em 1959, quando Neyde, à época com 22 anos de idade, conheceu Antônio Couto Araújo, e apaixonou-se por ele em plena Central do Brasil. Por cerca de 3 meses inteiros eles se encontravam. Mas logo ela acabou descobrindo por intermédio de um amigo que Antônio era casado e pai de duas crianças. Sabendo disto, ela exigiu que ele abandonasse a esposa e filhas para ser somente dela. Vendo que Antônio não abandonaria sua família, Neyde traçou outra tática: resolveu aproximar-se da família de seu amado. Fingindo ser uma velha colega de colégio de Nilza Coelho Araújo, esposa de Antônio, Neyde conquistou a confiança desta e assim passou a visitar e conviver moderadamente, apesar da recusa de Antônio. A verdade é que Neyde não suportava sentir-se como sendo "a outra" na vida de Antônio e como este não se entregaria integralmente, ela decidiu tramar sua vingança contra o amante. A futura assassina viu em Tânia Maria Coelho Araújo, a "Taninha", de apenas 4 anos, filha mais velha do casal, o alvo perfeito para sua vingança. No dia 30 de junho de 1960, Neyde telefonou para a escola onde Taninha estudava e, dizendo-se Nilza, disse que não poderia ir pegar a filha, por isso mandaria uma vizinha (no caso, Neyde) apanhá-la. E foi exatamente o que aconteceu. Naquela mesma tarde, quando Nilza foi levar o lanche da filha, ficou sabendo de tudo e sondou a polícia, apesar de nem sequer imaginar que fosse Neyde quem tivesse levado a menina. Neyde ficou andando sem rumo com Taninha com cerca de 5 ou 6 horas por várias ruas, até que ao cair da noite ela passou na casa de uma amiga, no bairro da Penha, e por fim numa farmácia para comprar um litro de álcool. Então, às 20 horas, ela conduziu a menina ao galpão dos fundos do Matadouro da Penha, executou a menina com um único tiro na cabeça e pôs fogo em seu cadáver, antes de ir embora tranquilamente. Dias depois, presa, ela negou todas as acusações em um longo interrogatório de mais de 12 horas, mesmo tendo de confrontar fisicamente os pais da vítima e outras testemunhas. Mas, tempos depois, em desabafo com o radialista Saulo Gomes, confessou com frieza e calculismo todos os detalhes do crime, o que acabou lhe rendendo popularmente a alcunha de "A Fera da Penha", o que dura até hoje. Foi condenada a 33 anos de prisão, mas após cumprir 15 anos por bom comportamento, ganhou a liberdade. Hoje, vive sozinha na Zona Norte do Rio de Janeiro e, segundo seus vizinhos, conversa pouco e tem como único passatempo assistir televisão. A história de Neyde Maria Lopes foi retratada em um dos episódios do programa Linha Direta, a qual foi assistida pelos participantes dessa atividade. METODOLOGIA Primeira Parte: Caso Concreto (vídeo) Segunda Parte: Debate e Produção de peças de defesa e acusação (em grupo) Terceira Parte: Júri Simulado AVALIAÇÃO DO RESULTADO O Júri Simulado do CASO DA FERA DA PENHA, realizado em 11 de outubro de 2011, das 15h30 às 17h30, na sala 1303, sob orientação da professora Valquiria C. Paladino, em uma atividade acadêmica complementar, com alunos de diversos períodos, permitiu um maior contato dos acadêmicos com a dinâmica de atuação em um caso concreto, uma vez que o Júri Simulado foi produzido a partir do estudo de um caso real. No decorrer da atividade, percebeu-se que a simulação é algo muito importante na construção do conhecimento porque submete os participantes às particularidades do caso e busca célere de solução ao problema apresentado. Dessa forma, o acadêmico associa a teoria já estudada às circunstâncias reais de aplicação e com necessária resolução imediata da situação. Além disso, o acadêmico de Direito normalmente tem facilidade de comunicação e, àqueles que se acuam e ficam intimidados só de imaginar que o futuro exercício profissional lhe exigirá, por vezes, o falar em público, a exposição de ideias, uma atividade como o Júri Simulado é relevante porque serve de verdadeiro laboratório. Por fim, a atividade superou as expectativas, houve empenho de todos acadêmicos de Direito inscritos e envolvidos e o trabalho foi muito importante porque permitiu uma “viagem” no mundo do Direito, ficando muito próximo da realidade e proporcionou um enriquecimento jurídico. Muito mais que um incentivo, sentiu-se que essa atividade é de fundamental importância, pois os alunos experimentam o clima de atuar em um Tribunal do Júri, gerandooportunidade de aprendizagem no Direito Penal e tornando-os mais aptos para desempenhar tarefas idênticas em casos reais, colocando em prática o que aprendem na teoria. Professora Valquiria C. Paladino ANEXO FOTOS DA ATIVIDADE
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