AULA 7 - CURVA ABC

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ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE MANUFATURAS E SERVIÇOS 1/5 
LCFG 2008/09-AOMS-04-1 
 
MÉTODO ABC 
O método ABC – a curva ABC 
Este método, bastante empregado na linguagem corrente da gestão dos estoques, é um 
instrumento de planejamento que permite ao gerente orientar seus esforços em direção aos 
resultados mais significativos para sua organização. Sua utilização não se restringe à área de 
materiais, servindo a todas as funções em que pretenda utilizar a seletividade como instrumento 
de definição da aplicação de esforços. 
É baseado nas conclusões de Pareto1 que, ao estudar a distribuição de renda entre a 
população do sistema econômico em que vivia, estabeleceu um principio, segundo o qual, o 
maior segmento da renda nacional concentrava-se em uma pequena parcela da população, 
enquanto a maioria desta absorvia a menor parte da mesma renda. 
Nos últimos 50 anos, a partir dos esforços iniciais da General Electric americana, o 
princípio de Pareto tem sido adaptado ao universo de materiais, particularmente à gerência de 
estoques, com o nome de Classificação ABC. 
O fundamento do método é aplicável a muitas situações onde seja possível estabelecer 
prioridades: uma tarefa a cumprir é mais importante que a outra, uma obrigação é mais 
significativa que a outra, de modo que a soma de algumas partes dessas tarefas ou obrigações de 
importância elevada representam, provavelmente, uma grande parcela das obrigações totais. 
Pode-se fazer uma Classificação ABC por peso, por volume, por tempo de reposição, por 
valor de demanda, por inventário, por custo unitário, por aquisições realizadas e, assim por 
diante. 
Consideremos o método ABC aplicado aos estoques. Neste caso, podemos afirmar que, 
na maior parte das organizações, os estoques apresentam, em média, a seguinte distribuição em 
termos de quantidade e valor (tabela 1): 
Classe % itens % do valor total dos estoques
A 10 75 
B 25 20 
C 65 5 
Total 100 100 
Tabela 1 
A estratificação apresentada poderá variar de empresa para empresa. Porém, o que 
desejamos deixar bem claro é a existência, em qualquer organização, dos três estratos (A,B,C) 
com suas características de distribuição "quantidade x valor" claramente definidas. 
 
1 Economista italiano (1842-1923) 
Os dados relativos às classes A, B e C podem ser representados por uma curva, conforme 
mostramos (figura 1) a seguir. 
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%
 a
cu
m
ul
ad
a 
de
 v
al
or
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7
5 
 
 
 
 
 
 
95
 1
00
 
C
B 
A
 
 
 10 35 100 
% acumulada de itens 
Figura 1 
Podemos inferir que uma pequena economia obtida em relação aos materiais da classe A 
deverá ser mais significativa que uma grande redução de custos em materiais da classe C. Desta 
forma, as decisões do gerente de estoques deverão, sempre que possível, ser dirigidas para os 
benefícios decorrentes da boa gestão para os materiais da classe principal. 
A obtenção da curva ABC para estoques poderá ser feita a partir de dois fatos geradores: 
inventário dos materiais existentes ou previsão de demanda para determinado exercício. 
Nos dois casos, a metodologia a ser utilizada deverá ser a mesma, conforme o seguinte 
roteiro: 
1. obtenção de relação dos itens com seus valores totais correspondentes 
2. tabulação 
3. elaboração da curva 
4. separação em classes A, B e C 
Relação dos itens 
A partir do inventário físico ou da previsão de demanda, multiplicamos a quantidade de 
cada item por seu custo unitário e obtemos o valor da existência ou do consumo provável. Este 
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processo poderá eventualmente ser empregado para grupos de materiais em vez de itens, na 
medida em que aqueles representem materiais com grande afinidade de consumo e valor, e o 
relacionamento item a item se torne repetitivo e oneroso. 
No entanto, o procedimento usual é voltado para o levantamento por item de material. 
Tabulação 
Com os dados da relação colocados em ordem decrescente de valor, elaboramos uma 
tabela que fornecerá os percentuais de itens e de valores correspondentes para a obtenção da 
curva. Na tabela 2, a seguir, apresentamos um exemplo da sistematização proposta. 
Elaboração da curva ABC 
Os pares de dados referentes à percentagem acumulada em quantidade de itens e valores 
são plotados um a um, ou em intervalos representativos da curva formada. Os pontos assim 
encontrados permitem o traçado da curva ABC, conforme vemos na figura 1. 
Separação em classes A, B e C 
Será feita com base no princípio de que a classe A deverá abranger o menor número de 
itens correspondente ao maior valor possível. A relação média de 10 por cento de itens para 75 
por cento em valor é apenas um ponto de referência, pois caberá ao gerente de estoques definir 
os intervalos de sua conveniência. 
De um modo geral, podemos identificar na curva ABC dois pontos de inflexão bem 
nítidos, que deverão corresponder aos limites de A para B e de B para C. 
Na realidade, não há uma regra única e definitiva para se conseguir a melhor separação 
de classes. O importante é não esquecer que materiais sujeitos a estoque distribuem-se 
nitidamente quanto à relação item x valor de consumo, em parcelas (A, B e C) com 
características muito peculiares. Convém à direção da Gerencia de Materiais explorar todas as 
possibilidades dessa estratificação, para aumentar a razão custo x benefício em sua empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ordem Item Valor Valor Acumulado % Acumulada 
 R$ R$ Itens Valor 
01 201-2 228.000, 228.000, 2 22,8 
02 192-1 168.000, 396.000, 4 39,6 
03 730-0 136.000, 532.000, 6 53,2 
04 419-1 114.000, 646.000, 8 64,6
05 312-3 76.000, 722.000, 10 72,2 
06 901-2 30.000, 752.000, 12 75,2 
07 229-3 26.000, 778.000, 14 77,8 
08 529-1 18.000, 796.000, 16 79,6 
09 404-9 17.000, 813.000, 18 81,3 
10 837-1 16.000, 829.000, 20 82,9 
11 636-2 15.500, 844.500, 22 84,5 
12 107-7 13.500, 858.000, 24 85,8 
13 519-8 13.000, 871.000, 26 87,1
14 239-1 12.000, 883.000, 28 88,3 
15 694-2 10.500, 893.500, 30 89,4 
16 330-5 10.000, 903.500, 32 90,4 
17 814.6 9.500, 913.000, 34 91,3
18 492-1 8.000, 921.000, 36 92,1 
19 249-8 7.500, 928.500, 38 92,9 
20 707-0 6.000, 934.500, 40 93,5 
21 375-8 4.500, 939.000, 42 93,9 
22 911-2 4.000, 943.000, 44 94,3 
23 397-6 3.800, 946.800, 46 94,7 
24 531-2 3.600, 950.400, 48 95,0 
25 278-9 3.500, 953.900, 50 95,4 
26 641-0 3.400, 957.300, 52 95,7 
27 569-2 3.200, 960.500, 54 96,1 
28 817-4 2.800, 963.300, 56 96,3 
29 494-2 2.700, 966.000, 58 96,6 
30 276-2 2.600, 968.600, 60 96,9 
31 599-1 2.200, 970.800, 62 97,1
32 215-3 2.100, 972.900, 64 97,3 
33 989-0 1.900, 974.800, 66 97,5 
34 847-1 1.700, 976.500, 68 97,7 
35 339-0 1.680, 978.180, 70 97,8
36 193-Í 1.660, 979.840, 72 98,0 
37 102-2 1.650. 981.490. 74 98,1 
38 452-9 1.600. 983.090. 76 98.3 
39 661-2 1.580. 984.670. 78 98,5 
40 234-4 1.800. 986.170, 80 98,6 
41 759-2 1.470. 987.640. 82 98,8 
42 990-0 1.460. 989.100, 84 98,9 
43 849-2 1.420. 990.520. 86 99,1 
44 761-9 1.400. 991.920. 88 99,2 
45 643-3 1.380. 993.300. 90 99,3 
46 434-3 1.370, 994.670, 92 99,5 
47 799-5 1.360, 996.030, 94 99,6 
48 597-4 1.340, 997.370, 96 99,7 
49 253-2 1.330, 998.700, 98 99,9 
50 909-6 1.300, 1.000.000, 100 100,0 
 1.000.000, 
Tabela 2 
 
 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE MANUFATURAS E SERVIÇOS 5/5 
LCFG 2008/09-AOMS-04-1Apresentamos, a seguir, no quadro 1 exemplos de aplicação do método ABC a algumas 
atividades da Administração de Material, principalmente àquelas voltadas ao Controle de 
Estoques. 
Ao leitor, recomendamos ampliar este quadro com suas próprias sugestões quanto à 
melhor forma de aplicar os princípios do ABC. 
Atividade Classe A Classe B Classe C 
Análise do 
comportamento da 
demanda e do tempo de 
ressuprimento 
Alta freqüência 
Ex. Bimestral 
Média freqüência 
Ex: Semestral 
 
Baixa freqüência 
Ex: Anual 
 
Determinação dos 
estoques de segurança 
Cálculo rigoroso 
c/estudos sobre o 
custo de falta 
Cálculo flexível c/boa 
margem de segurança
Cálculo bastante 
generoso c/grande 
margem de segurança 
Sistemas de controle de 
estoques 
Revisões periódicas Quantidades fixas Duas gavetas ou duas 
caixas 
Rotação dos Estoques Elevado coeficiente 
de rotação (p/as 
características da 
empresa) 
Médio coeficiente de 
rotação 
Baixo coeficiente de 
rotação 
Inventário Físico Alta freqüência 
Ex: trimestral 
Média freqüência 
Ex: semestral 
Baixa freqüência 
Ex: anual 
Freqüência anual de 
ressuprimentos 
Elevada Média Baixa, de preferência 
única 
Cadastro de 
Fornecedores 
Pesquisa sistemática 
p/a seleção de novas 
fontes 
Menor rotação de 
fornecedores. 
Acompanhamento 
menos rigoroso da 
evolução dos preços 
Baixa rotação de 
fornecedores. 
Baixo nível de 
acompanhamento dos 
preços 
Análise de Valor Primeira prioridade p/ 
desenvolvimento dos 
estudos 
Segunda prioridade Terceira prioridade 
Quadro 1 
 
 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA: 
 
SILVA, Renaud Barbosa da. Administração de material: teoria e prática. Rio de Janeiro: 
Associação Brasileira de Administração de Material, 1981.