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Esmague o Estado! Um Compêndio de Estratégia Libertária Esmague o Estado! Um Compêndio de Estratégia Libertária 1ª Edição Esmague o Estado! Esmague o Estado! Um Compêndio de Estratégia Libertária (Editora Konkin: São Paulo, 2022) 1ª Edição: julho de 2022 Editora Konkin E-mail: contato@editorakonkin.com.br Instagram: @editorakonkin Coordenação Editorial Daniel Miorim de Morais e Gustavo Poletti Kaesemodel Organização Vitor Gomes Calado Tradução e Revisão Alex Pereira de Souza, Daniel Miorim de Morais, Eric Matheus Rodrigues de Souza, Gustavo Poletti Kaesemodel e Vitor Gomes Calado Diagramação Vitor Gomes Calado Capista Raíssa Souza Abreu Agradecimentos Um oferecimento do Instituto Ágora, sua fonte de informação sobre agorismo! Acesse agorismo.com.br e desfrute do portal mais completo e especializado no assunto! Agradecimentos especiais a Miguel Angelo Pricinote, o Agorista Cristão! Licença Todos os direitos de publicação deste livro, em língua portuguesa, que pertencem à Editora Konkin, na forma de lei estão sendo, por intermédio deste, cedidos publicamente, inclusive para venda, impressão e eventuais alterações. No Copywrongs. mailto:contato@editorakonkin.com.br https://agorismo.com.br/ Sumár io Prefácio a Edição Brasileira ............................................................. 8 Aliança Libertária ........................................................................... 15 Apatia – Aliada do Estado .............................................................. 16 Escute, Esquerda ............................................................................ 18 Anarcocentrismo ............................................................................ 22 Divergentes ..................................................................................... 25 Anarcocentrismo - Continuação ..................................................... 28 O Libertarian Party, prós e contras ................................................. 30 Escute, Libertarian Party ................................................................ 38 Ágora versus Arena ........................................................................ 43 Anarco-Sionismo ............................................................................ 47 Estratégia Libertária I ..................................................................... 50 A Contra Campanha de 76 ............................................................. 55 Estratégia Libertária II ................................................................... 59 O Caucus Libertário ...................................................... 60 Objetivo Estratégico da TCL ........................................ 62 Algumas Táticas para a Técnica do Caucus Libertário 63 Os custos da Infiltração Estratégica .............................. 66 Invasores do Estado ........................................................................ 69 O Fim do Movimento Libertário .................................................... 73 O Crescimento da Consciência Libertária .................... 74 A Separação da Cultura Libertária ................................ 76 O Significado de Movimento Libertário ....................... 77 O Fim do Movimento Libertário .................................. 78 A Anarcovila Global ...................................................................... 79 Anarco-Feitiçaria ............................................................................ 84 Apertando os Botões ...................................................................... 88 Nosso Inimigo, O Partido ............................................................... 91 Introdução à Edição de 1987 ........................................ 91 Introdução à Edição de 1980 ........................................ 91 Nosso Inimigo, O Estado .............................................. 92 O Caso pela Consistência ............................................. 93 Nosso Inimigo, O Partido ............................................. 94 O Papel do Ativismo ..................................................... 95 Taticamente Falando ...................................................................... 97 Estratégia Continental NLA – SEK3 ........................................... 100 Manifesto do Novo Libertário ...................................................... 104 Dedicatória ................................................................................... 105 Prefácios ....................................................................................... 106 Tabela de Conteúdos .................................................................... 110 I. Estatismo: Nossa Condição ...................................................... 111 II. Agorismo: Nosso Objetivo ...................................................... 119 III. ContraEconomia: Nosso Meio ............................................... 131 IV. Revolução: Nossa Estratégia .................................................. 145 Fase 0: Sociedade Agorista de Densidade Zero......... 151 Fase 1: Sociedade Agorista de Baixa Densidade ........ 152 Fase 2: Sociedade Agorista de Densidade Média e Pequena Condensação ................................................. 154 Fase 3: Sociedade Agorista de Alta Densidade e de Alta Condensação ............................................................... 155 Fase 4: Sociedade Agorista com Impurezas Estatistas 157 V. Ação! Nossas Táticas .............................................................. 158 Contestações e Réplicas ao Manifesto do Novo Libertário ......... 164 Konkin sobre a Estratégia Libertária ............................................ 165 I. A Alternativa Konkiniana ........................................ 165 II. O Problema da Organização ................................... 170 III. O Problema do “Kochtopus” ................................ 172 IV. O Problema do Partido Libertário ........................ 175 Resposta a Rothbard ..................................................................... 181 Retorno à Babilônia ...................................................................... 197 Resposta a LeFevre ...................................................................... 210 O Novo Altruísmo: Uma Crítica ao Manifesto do Novo Libertário ...................................................................................................... 214 Resposta a Filthy Pierre por S.E. Konkin ..................................... 218 Epílogo ......................................................................................... 222 Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 ................. 223 Antecedentes necessários ............................................ 224 Da história à teoria… .................................................. 229 …e da teoria à prática ................................................. 238 Prefácio a Edição Brasileira Construir essa coleção criou um misto de sensações em todos os seus participantes. Não é uma tarefa fácil, tendo em vista que os textos aqui presentes não estão consolidados em um portal, tal como o Mises Institute. A falta de uma estrutura geral dos agoristas ainda é uma realidade no mundo todo e a maior parte do que foi produzido nas maiores revistas e portais agoristas nas décadas anteriores ainda não foi sequer escaneado. Isso se dá por certo vácuo de publicação criado pelo fato que Konkin criou agoristas aos montes, permeou a cultura geral dos cypherpunks e criptoanarquistas de sua época, com raízes nos argumentos gerais e vigentes até hoje, fez com que verdadeiras e enormes redes de ContraEconomia surgissem, mas falhou em criar algo que Rothbard conseguiuestabelecer: sucessores. Rothbard viveu até os 68 anos, LeFevre até os 74. Konkin apenas até os 56. Essa diferença de 12 anos para Rothbard e 16 anos para LeFevre talvez explique a dificuldade de manter acesas as chamas gerais do movimento agorista. Sem a sensação de que se está no final da vida, é difícil passar adiante. Konkin morreu jovem, talvez porque tenha vivido jovem. Ou talvez, a minha interpretação esteja esquecendo um lado importante da obra de Samuel Edward Konkin III, a ação é individual, intransferível e pessoalíssima. Agoristas são moldados no fogo da oposição, das discussões e principalmente da ação em cada uma das esferas de sua vida, uma expansão contínua da forma do ego que abraça cada traço material que foi afetado por sua personalidade e cada 9 pequeno aspecto de suas vidas e atitude. É sobre tomar controle do rumo de sua própria vida. Assim, só existe espaço no outro como um exemplo, como uma forma de descrição de uma forma geral de agir que se considere adequada, jamais como uma autoridade que possa lhe impor sua própria liberdade. E porque somos diferentes e amamos a diferença, nossa liberdade não pode ser igual. Dessa forma, a própria ideia de um sucessor seria algo com o qual o projeto Konkiniano não seria muito gentil. Mas, mesmo sem um sucessor a vista, Konkin foi capaz de criar uma rede ampla o suficiente para um brasileiro estar falando sobre ele e sobre a expansão de sua obra no Brasil e no mundo. Isso, por si só, é um feito que a maior parte dos seus debatedores ainda não alcançou. A internacionalização de sua obra. Não só isso, Konkin é hoje uma porta de entrada para anarquistas clássicos, panarquistas, mutualistas, anarco-sindicalistas, anarco- individualistas, plataformistas, conservadores, petistas, Bolsonaristas, liberais, Rothbardianos, Georgistas, Hoppeanos, Randianos, Huemerianos, Misesianos, Hayekianos e muitos outros para as “drogas” mais pesadas da esquerda libertária. Se conhecemos o Karl Hess Club (e o próprio Karl Hess), com figuras como Jeff Riggenbach e J. Neil Schulman, se acompanhamos o New Libertarian, se estamos todos ansiosos pelos scans de Victor Koman (que ele viva mais uma centena de anos), é porque Konkin esteve lá. Se conhecemos e traduzimos o Revolução Satoshi de Wendy McElroy, bem como estamos em processo de traduzirmos o Voluntaryist, é porque Konkin nos apresentou. 10 Se temos os comentários sempre sagazes e incríveis de Roderick Long, se temos o Molinari Institute, o Center for a Stateless Society, a Alliance of the Libertarian Left e se podemos ler em recapitulação todo o trabalho de Robert LeFevre, é porque Konkin lutou por isso. Se sabemos quem é Kevin Carson e Gary Chartier, conhecemos o C4SS e figuras como Logan Marie Glitterbomb, é porque Konkin abriu as portas. Se temos os Bleeding Heart Libertarians para, usando um termo que Konkin usaria, nos encher o saco com sua hiper feminização, é culpa do Konkin (não dá para acertar sempre). Se podemos ver os grandes discursos antipolítica de Larken Rose e pudemos ficar ciente da mais perigosa superstição, Konkin foi aquele que mostrou o caminho. Tudo isso só foi possível graças a cada passo que foi dado por Konkin. A criação do Agorismo, o tomar para si o rótulo da Esquerda Libertária, a criação da primeira Aliança da Esquerda Libertária, a luta contra o partido, o apoio a ContraEconomia. Graças a sua capacidade de firmar-se quando não havia aliados, quando eram poucos contra toda a opinião vigente no meio libertário de sua época. Hoje, não menos que milhões de libertários trafegam pelos mais diversos portais da esquerda libertária, vindos de todo o mundo, organizando-se em células com a Freedom Cells, usando Bitcoin e outras criptomoedas, surfando na WEB3, lutando por um mundo mais livre. O que Konkin nos deixou foi incrível e criou uma obrigação de tipo peculiar e diferente. Ele fez de cada um de nós um sucessor. Fez com que cada um de nós tivesse a obrigação de lutar pela sua própria liberdade e pela das pessoas que ama e, assim, embora ainda não haja a estrutura física e logística da famosa direita libertária, deixou uma capilaridade de ser invejada. 11 Para além disso, Konkin nos deu um exemplo de um tipo de princípio que é até estranho no movimento libertário brasileiro que vivemos hoje. Temos uma miríade de estatistas que estão doidos para votar no Bolsonaro, ou no Lula, ou no governador, prefeito e vereador de sua preferência, apenas para evitar o presidente, governador, prefeito e vereador que “traria o caos” do outro lado. Enquanto a discussão americana das décadas de 70/80 era sobre a existência de candidatos libertários, que estavam dispostos a traçar e a desenvolver uma plataforma ancorada na extinção total do estado como um todo, ou ao menos em sua diminuição aguda para uma minarquia1, o que presenciamos é muito, profundamente, mais estatista do que o Libertarian Party jamais conseguiu ser. Ao lermos a discussão de David Nolan e Konkin, tivemos a impressão de que David Nolan, um estatista convicto, pareceria um ultrarradical perto de muitos que se dizem de direita no Brasil. Se Konkin não capitulou diante de figuras muito mais agudas na defesa da liberdade, como David Nolan, Tibor Machan, Nozick e o próprio Murray Rothbard, como podemos nós estarmos em dúvida diante de um cenário com Bolsonaro X Lula? Vote em Ninguém! A faceta maléfica do estado de se ajustar para parâmetros de relativa liberdade para manter o controle no que importa, qual seja a possibilidade de parasitagem universal da sociedade em que se instala, essa faceta ainda nem sequer nos apareceu. E tantos de “nós” já estão caídos. Precisamos aprender com a tradição americana o quanto antes, precisamos desse grau agudo e profundo de defesa da liberdade, mas sem os vícios gerais do Partido e da política partidária como um todo. A fundação da Editora Konkin, do Instituto Ágora, a coleção de livros 1 Curiosamente, esse é um termo cunhado por Konkin, se refere àqueles que defendem um estado apenas para defesa nacional e segurança da propriedade privada. 12 do Konkin que se seguirão, bem como toda tradução da tradição antipolítica que está sendo preparada para as próximas décadas foi a forma que encontramos para absorvermos a influência dessa tradição e nos opormos ao estatismo gritante vigente no movimento libertário brasileiro atual. Como diria Konkin: “Não se esqueça de esmagar o estado. Você se esqueceu ontem e, com certeza, ele ainda está aqui”. O movimento libertário brasileiro vem se esquecendo de esmagar o estado, mas precisa lembrar, vai lembrar. Uma coisa, entretanto, precisa ficar clara. O objetivo geral desse livro já foi alcançado. O estado foi esmagado um pouco mais em cada um de nós que participamos de sua organização. Nossos princípios estão em conformidade com nossa consciência e somos sujeitos de nossa própria história. Essa é a beleza, o encanto geral e final da obra de Samuel Edward Konkin III. Cada indivíduo que afetarmos é um sucesso por si só. Cada pessoa que puder dizer daqui em diante: “sou um agorista!”, é um sucesso estrondoso. Para cada novo participante da Ágora, uma alegria imensa nos cobre. Instituto Ágora 08/07/2022 S E Ç Ã O U M A Aliança Libertária 16 Apatia – Aliada do Estado New Libertarian Notes - Vol. II N° 1 Publicado em 1 de Fevereiro de 1971 Com exceção daqueles que foram radicalizados após se tornarem ativistas na SDS1 e na YAF2, os libertários parecem ter sido um grupo muito passivo. Aqueles que se indignam com a opressão da Escravidão Seletiva (Seguridade Social / Serviço Militar), com o roubo periódico de impostos, com a falsificação contínua da inflação, com a repressão ao uso de maconha edrogas, pornografia e assim por diante, tem sido uma classe notavelmente dócil e quieta. Pode-se esperar isso de um membro da massa ignorante, que embora deseje a liberdade e seus direitos, é intimidado intelectual e filosoficamente por conservadores, socialistas e todo tipo de estatista a acreditar que a satisfação de suas necessidades e a busca de seus valores são más, egoístas, exploradoras, pecaminosas, contrárias à Vontade de Deus, ao bem da classe trabalhadora e/ou à pureza da raça. Mas por que aqueles que têm intelectos autossuficientes, capazes de resistir à onda de doença moral e epistemológica, se contentam em sentar e não "balançar o barco", esperando que sua libertação se dê através de um "outro alguém"? Pelo menos os marxistas afirmam que o estado vai murchar (esta afirmação foi usada por Marx apenas para dividir os adeptos de Bakunin na Primeira Internacional e assim manter o poder de Marx) após uma Revolução. Os apáticos libertários estão esperando que o 1 Students for a Democratic Society (Estudantes por uma Sociedade Democrática) 2 Young Americans for Freedom Samuel Edward Konkin III 17 estado "vá embora" e "não os incomode" sem levantarem um dedo sequer. Algo do nada? Não existe essa coisa de almoço grátis! Mas essa é a própria essência do estado, intervir em todas as atividades sociais e econômicas dos homens. À medida que a resistência diminui, a intervenção aumenta. Os conservadores da FEE3 estavam divididos contra os liberais da ACLU4, os anarcocomunistas contra os anarcocapitalistas, cada um aliado (até o Novo Movimento Libertário) com seu próprio tipo de estatista, suas ações canceladas, enquanto as dos lacaios do estado foram reforçadas. Como dizem os slogans da Gay Lib: "Saiam de seus armários (éticos)". Agite sua bandeira preta, ostente seu cifrão de ouro, ou botão de corrente quebrado, ou qualquer outra coisa, com orgulho. A Libertarian Alliance está aqui, organizada por combatentes da liberdade da esquerda e da direita, e agora apelando ao Centro para o Apoio necessário para Liberdade em Nosso Tempo5-- não o centro político, que é um estatismo totalmente sem princípios (talvez, em alguns aspectos, pior que o fascismo/comunismo), mas o centro apático, que tem sido até agora o hospedeiro vital dos parasitas do estado, nem se preocupando em arranhar os sugadores de sangue (por medo de que a situação se "tornasse pior"?). Resumindo, temos o veículo e precisamos do seu combustível. Dirija conosco pelo caminho para a liberdade ou continue a marchar, respondendo devidamente aos aguilhões do gado, ao longo do Caminho da Servidão de Hayek. 3 Foundation for Economic Education 4 American Civil Liberties Union 5 Center for the Support necessary for Freedom in Our Time! 18 Escute, Esquerda New Libertarian Notes – Vol. 2 N° 4 Publicado em 1 de Maio de 1971 Por que libertarianismo? Por que liberdade? Se você é capaz de fazer essa segunda pergunta, então o assunto não é com você. A questão aqui é se um esquerdista a favor da liberdade deveria olhar ou mesmo lidar com o movimento libertário, a Aliança Libertária. No verão de 1969, o Students for Democratic Society e o Young Americans for Freedom atingiram o seu pico em números, prestígio e moral, apenas para, logo em seguida, racharem, se dividirem e colapsarem para o tamanho dos poucos membros autoritários que permaneceram. Tarde demais para o SDS, o Dr. Murray N. Rothbard escreveu "Ouça YAF" no seu Fórum Libertário que foi distribuído na Convenção de St. Louis, inflamando um Caucus Anarquista, alguns recém-saídos dos expurgos da SDS, que radicalizaram o maior e mais moderado libertário em uma disputa final com o National Office tradicionalista. O Caucus Anarquista que se tornou a Radical Libertarian Alliance e o Student Libertarian Action Movement clamou aos libertários para juntar a New Left que pegou os ideais da Old, anti- imperialista (Isolacionista) e descentralizadora Right. Mas, olhando para os destroços da New Left, eles não podiam deixar de se perguntar: por que não são eles que devem vir até nós? Ah, muitos vieram, se juntando a RLA e a SLAM, tipos que são abertamente anarquistas e violentos revolucionários, como os Black Marketeers infelizes com o prejuízo antiproprietarista e anarco- sindicalistas fugindo dos totalitários em controle nas organizações em controle da esquerda. E quanto ao libertarianismo mainstream? Apenas a pacifista Esquerda parece ter mostrado interesse, talvez intrigados pelo pacifismo de livre mercado de LeFevre e o revisionismo histórico Samuel Edward Konkin III 19 de Liggio, como evidenciado pela matéria da revista WIN sobre libertarianismo. Mas, o que há no Libertarian Centre, até mesmo excluindo os libertários de esquerda da RLA/SLAM, para que estejam ansiando para serem “aceitos” pela Esquerda organizada, e os libertários de direita do FEE e chicaguistas, que continuam a servir a Direita ao darem a eles um brilho moral indevido e até mesmo servindo ao estado, ao aumentar sua eficiência? O que há para se associar com a Libertarian Alliance além de hereges Objetivistas que acreditam que a Ayn Rand não é uma figura divina; ex-conservadores fritando em drogas como economia e filosofia de livre mercado (“praxeology”); liberais que conseguem se dar conta da repressão, corporativismo e do estado de bem-estar social e que recuam de horror para suas origens clássicas e encontram a filosofia libertária que se manteve fiel a essa linha evolucionária; anarquistas radicais que se arrepiam ao serem associados a terrorismo e que traçam sua inspiração a autores de ficção científica como Heinlein, Russell, and Anderson; até mesmo ex-esquerdistas que fugiram da brutalidade moral de vários partidos bolcheviques para a Direita Tradicionalista para encontrarem o mesmo culto a Autoridade Central, agora em nome de Deus. História, e aqueles que ricochetearam de volta para o libertarianismo. Uma gangue bem heterogênea como você pode ver, com nada em comum com exceção da devoção a liberdade, e do laissez-faire como estilo de vida. Veja, Esquerda, veja o movimento no qual você se encontra. Quem é sua vizinhança? Vê algum libertário ou anarquista em algum lugar, ou os estatistas extremos estão reinando em cada lugar? LP? O Bolchevismo Maoísta está aqui, e tomando controle do que sobrou da SDS, CWSA, SWOCO, toda semana um front novo. Você pode coexistir com eles? Pergunte a aqueles que tentaram na SDS. NPAC VS PCPT, quem está lá e quem não está. Tendo que escolher entre a Escute Esquerda 20 SWP Trotskista e a Brezhnevista CP? Essa é a escolha? O que mais tem ali? Uma multidão de estudantes? Mas, ela tem até mesmo representantes libertários da RLA e até mesmo da SIL; é uma organização de um único problema, veículo difícil para descentralização. Voltar para o Peace and Freedom Party? Essa possibilidade já se foi. Com exceção de bolsões na Califórnia, onde a Libertarian Alliance está em grandes números. O Partido Liberal ou Democratas Reformistas? Um abismo de Liberalismo Corporativista, sem nada ao redor a não ser poços de controle central, danças partidárias, terrorismo radical (não, não esqueça do Weatherman), ou recuo para o Establishment subserviente, sugando alguns ossos de reformismo. Dê uma outra olhada naqueles que estão na Libertarian Alliance. Não são do tipo que aceitariam danças de perna, jogar uma bomba ou uma ego-trip sobre poder. Tudo bem, bem-dito, você pode dizer, mas eles ainda são pró-propriedade. Como um esquerdista, eu não posso entender como você pode defender a propriedade e atacar a opressão dos privilégios e a injustiça. Mas nós fazemos por causa, e não apesar, da Propriedade. Por que Zapata liderou uma revolta? Por propriedade, para ganhar de volta a terra daqueles que usaram o estado para a separar dos camponeses. Sea propriedade é um conceito inválido, então o que os nativos- americanos perderam para a classe governante branca? Propriedade não apenas é terra ou aparelhos de TV, é um atributo do indivíduo que o faz soberano. A única base pela qual você pode julgar se um camponês ou trabalhador foi oprimido é pelo Direito de Propriedade que foi violado. Crave outro livro na sua lista de leitura nesse verão: Poder e Mercado por Murray Rothbard, a melhor e última grande escrita para a posição libertária radical do livre-mercadismo. Se sua biblioteca reacionária não a tem, escreva para SIL Services, 400 Bonifant Road, Silver Springs, MD 20904. Diga a eles que a NYULA mandou você, Samuel Edward Konkin III 21 eles vão acreditar em qualquer coisa vindo do nosso grupo. Vejo você no ano que vem? Ou melhor, feliz graduação! 22 Anarcocentrismo New Libertarian Notes - Vol. 2, N° 6 Publicado em 6 de Janeiro de 1972 Os libertários continuam a vir em números recordes da esquerda e da direita do espectro político convencional, mas poucos de seu centro. Muitos libertários estão implorando por ajuda e incentivando os outros a apoiar políticos centristas nos Estados Unidos. Uma proeminente organização libertária começou um ataque constante contra a Libertarian Alliance. Um escritor libertário convida aos divergentes a saírem e a centrarem-se no bom e moderado centro anarquista. Qual é a conexão? As palavras "Esquerda" e "Direita" são conceitos mal definidos, variando com o tempo, ânimo, país e, acima de tudo, com o viés do usuário. Entretanto, sobre o centro não há dúvidas: a não ser que se tenha uma ditadura aberta, é nele onde o poder está. Contrastado a isso, esquerda e direita significam oposição àqueles no poder: anti- establishmentarianismo. Esses não são somente os "de fora" querendo ser "de dentro". A "oposição leal" é parte do centro. Centrismo não é uma ideologia, é mais a falta de uma. A única tentativa de racionalizá-lo foi feita no último século, o argumento sendo o de que se deve buscar o juste milieu. Porque a posição amoral deveria quase sempre estar entre as imorais, se não sempre, nunca foi provado, e a posição pura nunca é discutida agora, exceto por implicação negativa: "É claro, eu não sou um extremista!" Se não se está nos fins (extremos), precisa-se estar no meio (milieu). Deveria ser óbvio que a moralidade pode somente existir em uma posição "extrema". Comprometer um princípio (se movendo para o Samuel Edward Konkin III 23 centro) é tautologicamente imoral. O que então motiva aqueles que juram lealdade ao centro? Precisa ser o Poder, nele mesmo. O centrismo também existe dentro dos movimentos de esquerda e direita. O sentido é tanto de longo prazo – esperança de que esse movimento chegue ao poder – quanto desejo de curto prazo por poder dentro do movimento como líder, ou de se estar próximo à liderança. Esses fanáticos por poder são rapidamente identificados e corrigidos, ostracizados ou expurgados em um movimento pequeno. Mas com o crescimento em números, muitas pessoas se juntando para "estar com ele" e perdidos acerca dos princípios fundamentais, os centristas acabam por florescer. O apelo deles para estar "dentro", para estar "onde está", "ser relevante", para conseguir "ter algo feito, ser efetivo", e "não simplesmente declamar frases vazias e clichês" é Poder! Venha com seu ego e chame a atenção! Os princípios são descartáveis. A conexão se torna clara. Aqueles que buscam a Verdade serão encontrados na Esquerda e na Direita, e, tropeçando pelo Libertarianismo, eles o incorporarão. Um centrista se converter ao libertarianismo é análogo a uma feminista posando na Playboy. Políticos do Centro, tais como Hatfield, McGovern, Proxmire e McCloskey, sem contar os ultra-centristas Nixon, Connally, Muskie ou Kennedy tem valor obviamente zero para os libertários. Um candidato realmente anti-establishment tal como McCarthy ou Ashbrook é outra questão. Seus apoiadores são recrutas veteranos para as Forças da Liberdade, especialmente depois que seus líderes forem esmagados, ou mesmo se vencerem e logo em seguida os traírem. O referido escritor deveria “verificar suas premissas”, e essa frase foi escolhida com malícia. Então e enquanto a organização? Indivíduos se juntando para esconder suas diferenças em um denominador comum inferior, apenas por Poder. "Unidos nós perseveramos!" é imoral e deve ser atacado. Isso, obviamente, era a "Aliança" da RLA com a New Left, e a CRR com os Fora Centristas. Anarcocentrismo 24 O anarcocentrismo permanece condenado aqui, na publicação dedicada a Aliança Libertária. Nossos panfletos têm sempre explicitamente definido Aliança como o trabalho em grupo de indivíduos soberanos sem compromisso. Veja, por exemplo, nosso último artigo de posicionamento "Aliança Libertária". Essa é a única organização moral para libertários (sem estar sob coação). A Aliança é uma tática para a vitória: o centrismo é um rendição (de princípio) diante da luta. Então por que está a Society for Individual Liberty ainda permanece atacando a posição, e, ainda pior, mal representando-a, ao chamá-la de "vale tudo"? Independente da vertente de libertarianismo, vale a pena trabalhar com ela. Por acaso a SIL discorda? Então se ela prefere anarco-objetivistas, que ela se torne uma facção "purista", mas isso a excluiria de liderar o movimento (a não ser que seus argumentos persuadam uma maioria ainda não alcançada), o que é seu aparente objetivo. Agora que o problema está identificado, deixemos a SIL juntar-se a nós em vacinar os outros contra a praga Centrista. Ou teriam seus líderes ficado seriamente infectados? A Pestilência do estado espera lá fora. 25 Divergentes New Libertarian Notes – Vol. 2, N°8 Publicado em 1 de Março de 1972 Frequentemente os libertários se encontram cercados por aqueles que discordam deles dentro do movimento. Em contraste com outros movimentos políticos radicais, o libertarianismo encoraja ideias divergentes e a discussão. "Como você ousa questionar...?" não é uma pergunta libertária (e até mesmo essa afirmação vai ser desafiada pelos libertários). Os partidos socialistas, as religiões, e, não esqueçamos, a seita Randiana, todos tem uma cartilha irredutível definida pelo partido ou por uma revelação divina (normalmente bem longa e raramente consistente) para a qual a ortodoxia é um requisito. Heresia gera requisições de confissão pública e arrependimento, ou então a pena mais severa: a expulsão. A expulsão pode em alguns casos causar a morte de verdade, mas a maioria dos movimentos não tem o poder para executá-la, ou sentem medo de retaliação por não crentes na maioria em volta deles. Normalmente o expulso é excluído de todas as relações com seus antigos camaradas: ele não é mais uma pessoa, ele não existe mais, ele está caído e em desgraça. Deve-se remover o apoio ao herege ou então cair junto com ele. Examinemos a posição específica dos Objetivistas. "Discordar de Ayn Rand é irracional e antivida". Insistir em discordar é perder o apoio de toda a seita. Qual o tamanho das discordâncias entre Ayn Rand e Nathaniel Branden? Qual o tamanho das discordâncias entre Ayn Rand e o açougueiro da esquina, que pode ser um comunista de carteirinha? Ou o farmacêutico liberal? Ou um taxista cristão? Por que Branden, que tem valores mais alinhados com ela do que todos esses, recebe um bloqueio total, enquanto aqueles a quem ela não dá nenhum Divergentes 26 valor a não ser na divisão do trabalho são recebidos apenas com desdém? O tratamento racional aos divergentes pode ser encontrado na resposta a essas perguntas. Primeiro, há aqueles que prometeram viver uma vida de assassinato e pilhagem. Para eles, a bala. Segundo, existem aqueles que mataram e roubaram em violação aos seus antigos valores de vida. Se eusou a vítima, então eles vão ser considerados na primeira categoria até que a restituição seja paga. Terceiro, existem aqueles que apoiam meus agressores (e com isso está incluído não somente aqueles que vendem balas aos que me atacam, mas aqueles que contribuem aos estatistas). Eles são dignos do meu boicote, de toda reprovação sem violência, apesar de que talvez seja necessário fazer negócios com eles. Quarto, existem aqueles que têm valores diferentes, moralidade diferente (mas que falham em agir segundo isso, caso contrário estarão em umas das três primeiras categorias). Eles serão tolerados e apoiados desde que sejam úteis para você. O açougueiro comunista pode oferecer excelentes cortes de carne baratos, mesmo que não seja uma carne "racional". Quinto, e agora vamos falar da categoria de divergente para a qual normalmente o termo é estritamente utilizado, existem aqueles que estão alinhados com você em muitos dos seus valores, mas não em todos. Claramente, você os valorizaria de acordo com o quanto eles concordam com sua concepção de moralidade, com cada valor ponderado pelo seu respectivo nível de importância. Uma mãe emotiva que acabou de gritar com o filho por algum erro que ele cometeu e logo em seguida o abraça para mostrar quão bom ele tem sido parece ter uma epistemologia mais consistente do que a senhorita Rand tem neste caso. Samuel Edward Konkin III 27 Sexto, existem aqueles que concordam completamente com você sobre tudo aquilo que você não pode dar as costas, aqueles que você pode esquecer a carteira na casa deles e não ter de voltar para buscar com pressa e ansioso. Estes você pode esperar que entre em uma discussão quando você tiver esquecido um ponto importante e ter a certeza de que ele vai te complementar, derrotando seu adversário. Não os bajuladores, a não ser que você seja do tipo que gosta de "metafísica social de segundo nível", mas aqueles que no passado lutaram bravamente com você, ponto a ponto, dando tudo para se manter firme, assim como você fez, até que vocês atingiram a situação de concordância presente, conquistada com muito esforço e que não pode ser jogada fora facilmente, sempre pronto para expandir sua tropa. Estes você ama. E como disse Rand para responder quando perguntada se "é possível medir o amor": E como! 28 Anarcocentrismo - Continuação New Libertarian Notes - Vol. 2, N° 9 Publicado em 9 de Abril de 1972 Como defendemos no nosso artigo anterior (Anarcocentrismo), existem alguns estatistas, principalmente grupos de esquerda e direita anti-establishment, que vale a pena nos alinharmos em alguns tópicos e campanhas específicas e que não sejam apenas "centristas de fora". Um caso óbvio é a campanha "Liberte o Nosso Prisioneiro Político" de um determinado grupo. A própria existência dessa campanha é um teste definitivo de quão profundamente um movimento está comprometido a expurgar a classe dominante, tanto os de dentro quanto os de fora. Os "centristas de fora", como por exemplo os seguidores da National Review, vão buscar a liberação de prisioneiros do estado que lhes causem simpatia através dos mecanismos do estado. Edgar Smith mentiu sobre a inocência dele para ganhar a liberdade, mas continuou aprovando o estado. Os anticentristas vão preferir ver o mártir deles se declarado culpado a ver ele aprovar o aparato Estatal e usar os rituais dominantes como mídia para registrar a dissidência. Lembre-se que a política de um libertário ativo é se aliar, e ceder. Assim, se você decidir se juntar a uma frente do CP1 exigindo a libertação de Angela Davis (ou a uma frente do Minuteman exigindo a libertação de Bob de Pugh) tenha certeza de exigir (publicamente, claro) que o grupo vá defender a liberdade do outro. Isso converte a situação em uma posição libertária (liberte TODOS os prisioneiros do estado) e não em uma posição de esquerda ou de direita (liberte 1 Communist Party Samuel Edward Konkin III 29 seletivamente o nosso prisioneiro). Quando você tiver uma aliança entre o CP e os Minuteman, vá para os místicos tentando libertar o Padre Phil Berrigan, a irmã Elizabeth Macallister, Eqbal Ahmed e amigos. E então uma aliança internacional para liberar Simas Kudirka (ponto em que o CP sai deixando claras suas contradições) e Eudolph Heas e os judeus sírios e... Obviamente, se alguém libertar todos os prisioneiros políticos, existiriam apenas prisioneiros de crimes contra pessoas, e não contra o estado. Isso não levaria a anarquia? Laissez faire! AnarcoExpurgo! Uma convenção anarquista internacional neste estágio de desenvolvimento é ligeiramente irritante em suas contradições. Uma que tem uma representação formal com uma denominação tão estatista quanto "país" é com certeza perturbadora. Uma em que votos não são somente encenados, mas obrigatórios, é ultrajante. E uma convenção "anarquista" que expulsa anarquistas porque eles não “representam” os anarquistas em uma denominação arbitrária como “país” é inacreditável e de cair o queixo. Isso tudo aconteceu de verdade, com as vítimas sendo o Cuban Libertarian Movement in Exile2. Você acredita que eles foram expulsos por oposição ao ultra-estatista Castro? O Porco Fidel? Se essa pérfida traição é um exemplo da contradição dos Anarquistas de Esquerda, então sem mais aliança. Se não podemos nos aliar tanto aos Cubanos Libertários quanto aos "Anarquistas Internacionais", então nós removemos nosso apoio aos últimos. Cuba Estará Libre! "IMPOSTO É ROUBO". Defenda-se, 15 de Abril. Já disse o bastante? 2 Movimento Libertário Cubano em Exílio 30 O Libertarian Party, prós e contras Southern Libertarian Messenger - Vol. I, N° 7. Publicado em 1 de Novembro de 1972 (Nota do editor [original]: O Libertarian Party não teve efeito perceptível na eleição, mas sua conquista é, no entanto, notável. Começando do zero, o LP em poucos meses se tornou uma das maiores organizações do movimento, galvanizando centenas na margem indiferente do libertarianismo ao ativismo e atraindo cobertura nacional da imprensa. (Entretanto, o LP tem seus problemas, entre os quais há a crítica de colegas libertários. No interesse de examinar essa crítica, o Southern Libertarian Messenger apresenta as duas cartas abaixo. A primeira é a do Sr. David Nolan, um fundador do partido e atualmente seu Presidente Nacional, escrevendo em resposta a um editorial no New Libertarian Notes [NLN] de agosto de 1972. A segunda carta é do Sr. Samuel Edward Konkin III, editor da NLN, e líder do Movimento de Ação Libertária Estudantil [SLAM] e do Caucus Radical do Libertarian Party [LPRC]. (As cartas formam a primeira parte de uma troca de várias cartas. Por um dólar, cópias xerox da correspondência completa podem ser obtidas do Sr. Konkin em 635 East 11th Street, Apt. 24, New York, NY 10009.) Uma carta aberta ao SLAM Como um dos fundadores do Libertarian Party, achei sua edição de agosto do New Libertarian Notes [NLN] muito interessante e gostaria de oferecer algumas reações a alguns dos comentários nela contidos. Samuel Edward Konkin III 31 Primeiro, achei seus comentários sobre nossa abordagem para alcançar a Liberdade Em Nosso Tempo surpreendentemente justos, considerando as diferenças básicas entre suas visões e as nossas. E, embora certamente não esperemos que você concorde com tudo o que estamos fazendo, esperamos que você continue sendo um adversário “amigável”, em vez de se tornar abertamente hostil aos nossos esforços, como o pessoal de LeFevre tem feito. As diferenças entre o LP e o SLAM existem, a meu ver, em dois níveis. A diferença mais básica, é claro, é que vocês são anarquistas, enquanto nós não somos, pelo menos na maior parte. Cerca de 15% a 25% dos nossos membros são anarquistas, mas o Partido como organização tomou posições que são explicitamente anti-anarquistas,e não temos intenção de mudar nossa posição. (Nós, também, temos nossos princípios.) A diferença secundária é uma de desacordo sobre táticas. Você tende a favorecer uma abordagem radical, ou mesmo revolucionária, enquanto nós favorecemos uma abordagem mais moderada e gradualista. Só o tempo dirá qual abordagem é melhor e, de fato, pode ser que ambas tenham seu lugar. Você diz que nossa abordagem pode afastar “revolucionários” e “libertários que evoluem da esquerda”. E muito possivelmente é assim. No entanto, contrariamos esse ponto afirmando que sua abordagem afastará todos os outros… e achamos que mais pode ser ganho, em termos de reverter o estado, convencendo 51% do povo americano a desmantelar o estado contra os 49% restantes do que convencendo 1% da população a desmantelá-lo contra os 99% restantes. Nós não pedimos que você compre essa linha de raciocínio, mas a apontamos simplesmente para mostrar que há uma lógica consistente por trás de nossa metodologia, assim como há, sem dúvida, por trás da sua. Você diz, com razão, que quem defende aumentar (ou mesmo manter) o atual nível de Poder do estado é um inimigo da liberdade. Eu Escute, Libertarian Party 32 concordo. E o LP certamente não defende tal coisa. Diferimos de você apenas em quão longe, quão rápido e por quais meios defendemos reduzir o estado. Nossa Plataforma de 1972 não exige nenhum aumento do Poder do estado: em algumas áreas (como defesa) ela simplesmente defende uma mudança de prioridades, mas mesmo aí, o efeito líquido seria de menos ação do governo, não mais. (Considerando nosso princípio de defesa especificamente, deve-se notar que pedimos por um sistema de defesa fortalecido apenas para os EUA, ao mesmo tempo em que pedimos um corte drástico — até mesmo uma eliminação efetivo — de nosso compromisso de defender outras nações. Assim, embora seja verdade — como disse a National Review — que um sistema de defesa reforçado de natureza “policial mundial” exigiria mais gastos, o arranjo que defendemos não.) Na maioria das áreas, nossa Plataforma exige a revogação ou abolição imediata das atividades governamentais. Em outros, apenas uma redução substancial. E no final das contas, é — acho que você concordará — um pouco mais explícito e “radical” do que seu antecessor, a Plataforma Temporária. Além disso, devo salientar que, se não é tão “radical” quanto você gostaria, é porque aqueles que mais reclamam e choramingam não escolheram participar da convenção na qual esse foi elaborado. Fomos tão longe a ponto de pedir ao New Banner para que publicasse um aviso pedindo aos anarcocapitalistas que comparecessem e fizessem sua presença sentida, mas eles se recusaram a fazê-lo. Você acusa que nos tornaremos cada vez mais estatistas e propensos a ceder à medida que crescemos, e que colocaremos “pressão” em outras organizações libertárias para “servir aos nossos interesses”. A alegação anterior é pura especulação; todas as evidências até o momento vão contra ela, de fato. Quanto à última — apenas, Samuel Edward Konkin III 33 como iríamos exercer essa “pressão”, mesmo se quiséssemos? Não temos poder sobre nenhum outro grupo. Mais interessante é o fato de que, apesar de suas preocupações expressas sobre este ponto, você não parece ser contra a ideia de um grupo libertário “pressionar” outro per se, pois você diz que a “primeira tarefa” do SLAM no momento é “a organização de um Caucus Radical do PL”. Quem está tentando pressionar quem? Mas, em qualquer caso, não temos nenhuma objeção à sua formação de tal Caucus. Damos as boas-vindas a todos os libertários em nossas fileiras e, pessoalmente, sinto que a presença de um Caucus Radical seria saudável para o Partido, senão por outra razão, serviria como uma contrapressão à influência de semi-libertários que sem dúvida estariam entrando no Partido em números crescentes, à medida que o GOP e os democratas se tornam cada vez mais repulsivos. Eu apenas espero que, quando o Caucus Radical nem sempre conseguir o que quer, não dê meia-volta e tente destruir o Partido, assim brincando nas mãos do verdadeiro inimigo — os Nixons e Humphreys do mundo. Lutar contra nossos amigos — mesmo que amigos marginais — não faz sentido, quando há tantos inimigos comuns. Em qualquer caso, desejo boa sorte e que mantenha as linhas de comunicação abertas. Sinceramente, David F. Nolan Escute, Libertarian Party 34 Prezado Sr. Nolan: Fico feliz que você nos ache justos, e espero que sempre nos encontremos assim. Eu fico admirado com a sua descrição do Pessoal de LeFevre como “abertamente hostil”, já que eles são pacifistas bem conhecidos. Não acredito que sejamos secretamente hostis, e certamente somos criticados abertamente. Os dois níveis que você discerne são ambos precisos, e estou feliz por ter sua admissão (abertamente) de que o Partido é “explicitamente anti-anarquista, e não temos intenção de mudar nossa posição”. Tenho tentado convencer várias pessoas disso, aqui em Nova York, e espero que estejam dispostas a aceitar sua palavra. De fato, nossa posição, como você afirma, irá afastar todos os outros, inicialmente. Gostaríamos de ter uma aliança libertária abrangente para atrair todos para nós por qualquer motivo que fosse, e que todos entrassem na facção de seu gosto. Como meus editoriais apontam, sua presença tornou essa opção não mais possível e, após certa análise, era necessária uma organização para atrair aqueles que você deve necessariamente deixar de fora. Assim o SLAM ressuscitou. Espero que nenhum de nós seja considerado culpado de acreditar que a política de alguém é imutável, e que, de fato, nossos objetivos sejam que ambos de nós convertamos (i.e., que mudemos) as posições das pessoas do mundo para alguma forma de libertarianismo, mesmo que apenas em sua forma mais fundamental — a do me deixe em paz! Eu acho que você está se condenando com suas estatísticas, em que você deseja apenas reverter o estado para 49%. Quando eu era um colega delegado do National Office (“trad”) com você na Convenção Nacional da YAF de 1969, eu desejava ver a eliminação de 99% das atividades do estado (todas, exceto defesa e polícia), e estou chocado ao ver que, na medida em que eu progredi à defesa da eliminação do resto, você na verdade retrocedeu. Como Samuel Edward Konkin III 35 anarquistas, desejamos convencer quantas pessoas forem necessárias para que eliminem 100% do estado. De fato, prossigamos para seu princípio de Defesa. O argumento da National Review NÃO era sobre a natureza de “policial mundial” do sistema de defesa pelo qual advogou em sua sustentação por gastos para uma defesa reforçada, mas para a proteção nuclear dos estados Unidos continentais. Você pode desejar argumentar que eliminar o papel imperialista dos EUA liberará fundos, uma fração dos quais você usaria para aumentar as armas continentais. Pessoalmente, não desejo me envolver nesse tipo de argumento, análogo à economia do bem- estar de McGovern, mas simplesmente afirmo que, na área dada para defesa da área geográfica arbitrariamente delimitada chamada de estados Unidos da América, você aumentaria gastos do estado acima do nível que agora ocupa. Se não é assim, seus membros “semi- libertários” irritados podem querer perguntar a você exatamente onde você discorda dos especialistas em defesa do NR, e eu o deixarei à mercê deles. Não acho que tomar algumas de suas posições na Plataforma Temporária e torná-las insossas ou deliberadamente ambíguas na nova Plataforma constitua em radicalizá-la. Quanto ao seu ataque implícito ao meu “falar, não fazer”, sugiro que verifique seus registros para descobrir que fui listado como delegado à sua Convenção Nacional como “representante” de Nova York. Não pude viajar por falta de recursos financeiros. Eu não estou chorando no ombro de ninguémsobre isso, mas eu acho que suas “reclamações e [seus] choramingos” para mim são injustificados. Estou muito satisfeito em pensar que você votou a dissolução da Convenção e que nisso se juntou novamente com o SLAM, ou mesmo com a LA. Embora o Colorado seja inacessível para todos, exceto para ricos, resistentes ou coloradenses, as convenções estaduais que estão Escute, Libertarian Party 36 por vir devem fornecer a verificação de sua hipótese sobre nossa eficácia. Você já se tornou mais estatista ao selecionar John Hospers como seu candidato presidencial. Segundo minha fonte em sua coletiva de imprensa, Dana Rohrabacher, ele alegou estar 95% de acordo com os conservadores, e quando questionado por Dana como ele poderia conciliar suas posições de defesa e de economia, Hospers afirmou que as econômicas eram apenas teóricas e que ele não esperava que fossem promulgadas. Não mais “pura especulação”, agora um fato absoluto! Quanto à questão da “pressão”, você deveria, eu sugiro, reler no contexto do Editorial. Claramente, eu estava descrevendo a pressão exercida por sua existência e aparente “sucesso”. A pressão sobre os ativistas para defendê-lo quando algo chamado “libertário” for atacado em seus próprios círculos. A pressão para se juntar aos vizinhos ideológicos mais próximos e, se eles estão em um partido, participar nessas atividades pró-partido que se engajam. E quanto aos grupos, que constantemente serão identificados com o Libertarian Party se eles se identificam como “libertários”, para ou defendê-los, ou atacá-los. A “pressão” do Caucus Radical do LP sobre a hierarquia e burocracia do Partido nós seriamente não esperamos: o uso de nós como um contrapeso contra os Birchers, Objetivistas e conservadores em seu meio, eu espero mesmo. A tarefa fundamental do LPRC é alcançar aquelas pessoas que, como você apontou anteriormente, não serão alcançadas pelo SLAM e que não podem mais ser alcançadas pela defunta LA. Em suma, estamos tentando ligar “todos” que são suscetíveis ao libertarianismo radical, porém alcançando mais. Se você deseja configurar um “Caucus Estatista” no SLAM, sinta-se livre. O Partido acabará por ser arruinado, não porque entraremos lá com maças balançando, ou as arquetípicas bombas, ou mesmo por causa de nossa retórica “explosiva”. Não, infelizmente, porque o estado está abolido e se autodestruirá por inutilidade. Não, Sr. Nolan, como eu Samuel Edward Konkin III 37 disse anteriormente de passagem, nós dois participamos da Convenção de St. Louis em 1969. Você permaneceu leal ao National Office, enquanto eu, repelido pela injustiça e expurgos iniciados por esse grupo, fui para o Caucus Libertário, mesmo que envolvesse quebrar um compromisso pessoal com meu amigo, David Keene. Você sabe em que estado está hoje o Young Americans for Freedom. Assim será o destino do Libertarian Party quando começar a demitir comitês estaduais e a desafiar credenciais em alguma convenção em um futuro próximo para impedir que uma potencial maioria de libertários radicais se cristalize. E haverá jovens delegados, como nós há três anos, que serão levados a escolher e, ao escolher, perceberão as consequências necessárias das filosofias opostas, as “ideias que têm consequências”. Do desastre surgirá um novo e vigoroso movimento anarquista em número suficiente para prosseguir na Organização Final. Você pode abortar esse cenário a qualquer momento iniciando a eliminação antecipadamente. Aprove uma proibição contra a adesão de anarquistas, expulse aqueles de nós que estão em Comitês Estaduais ou outras “posições de influência” antes que tenhamos a chance de nos espalhar. Você pode me encontrar no Comitê Executivo do Free Libertarian Party de Nova York, esperando seu machado, e você me faria o favor de cumprir a previsão que fiz aos meus colegas céticos. É claro, você percebe que problema você nos daria. Especialmente quando nós, criaturas malvadas e chifrudas e descontentes “reclamões e choramingões” nos revelamos racionais e munidos de fatos e respostas para as perguntas curiosas dos inocentes que você pode ter levado para o Partido. Lutar contra nossos amigos nunca faz sentido, nem mesmo lutar contra neutros. Lutar contra aqueles em nosso meio que nos entregarão aos nossos inimigos sempre faz sentido. Tenho certeza de que você sente o mesmo. Escute, Libertarian Party 38 Boa sorte, David, e certamente manterei as linhas abertas. Como meus amigos sabem, eu me sentaria com o diabo para uma bebida e uma discussão política. Talvez até com Richard Nixon. Com certeza com David Nolan. Um dos seus na Liberdade, Samuel Edward Konkin Escute, Libertarian Party Escrito em 1974 Por quê? Você pode estar cometendo um grande erro, um do qual você pode se arrepender, um que vai fazer você dizer: “se eu tivesse escutado…” Que erro? Nada é mais importante para você do que alcançar a liberdade, certo? Estou me dirigindo a um libertário, eu presumo. Se não, então me desculpe por incomodá-lo. Por favor, devolva este folheto a quem o entregou para que possa chegar a mais pessoas. Sim, sou um Libertário, e daí? Isso significa que você quer liberdade - e você quer desfrutar agora. Não com ganhos efêmeros a curto prazo. Não o total de votos, que são esquecidos no dia seguinte à eleição. Mas a liberdade duradoura para buscar seus objetivos – sejam eles quais forem – sem intervenção. E você isso quer o mais rápido possível – mas também quer que ela dure. Chegue ao Ponto! Ok, você pode parar a coerção iniciando a violência? É claro que não. Você pode nos proteger contra agressores estrangeiros que vão nos Samuel Edward Konkin III 39 saquear permitindo que “protetores” domésticos nos saqueiem? Absurdo. Você pode eliminar a instituição que monopoliza a coerção (1) jogando seu jogo artificialmente planejado, onde (2) ela faz as regras e as altera à vontade e (3) o único prêmio que ela concede a você é uma parte do saque que você está deveria parar? Obviamente não. Está nos Dizendo que não Podemos Vencer? Enfaticamente não! Nós (libertários) podemos vencer. E um partido político pode ganhar. Mas eles estão lutando batalhas opostas. Um partido político por sua natureza busca o controle da máquina do monopólio da coerção legitimada – o estado. Os libertários buscam abolir o estado. Um partido político não consegue abolir o estado – faz parte da máquina eleitoral – faz parte do estado. A raison d’être [razão de ser] de um partido político é capturar o estado. Qualquer um que tente lhe dizer algo diferente está falando coisas sem sentido. Você está Dizendo que um Partido Político tem de Seguir as Regras do estado? Você entendeu! As regras dele, os brinquedos dele, e dê vinte passos gigantes para trás se você esquecer de dizer: “Posso? Então um “Partido Libertário” é uma Contradição? Certo. E é esse o erro sobre o qual eu estava lhe alertando. Você não está trabalhando para a liberdade ao servir o Partido, mas para a divisão da Torta de Pilhagem dos chefes do Partido Libertário, você sabe, a “Partidarquia”. Então eu Deveria Perder o Interesse? Outro fim de linha. Enquanto você tenta hedonisticamente desfrutar de si mesmo nas brechas de uma economia fascista em crescimento, você não estará fazendo coisa alguma para parar o preenchimento dessas brechas. É claro, há um mercado Negro até Escute, Libertarian Party 40 mesmo na URSS. Mas é isso o que você está disposto a aceitar? Nem mesmo o próprio Harry está. Dê-me uma Alternativa. De que Outro Modo Posso eu Espalhar a Palavra? Há muitas alternativas. É disso que trata um livre mercado. Indivíduos oferecem seus artigos no local aberto de mercado (a Ágora) e o melhor vence. Então é com a venda do libertarianismo – o melhor pacote será vendido. Não está o Partido Alcançando a Mídia? Com que mensagem? “Maisum Partido. *Hmpph* Mais um atrás de meus impostos. E eles tem a ousadia de dizer que querem me libertar. Saiam “pra lá e me deixem ser!” Não sei você, mas essa resposta significa um potencial libertário para mim! E ele está certo. Então qual a sua Oferta Particular? Veja, acreditamos na eficácia da Ágora, certo? Nossa economia é melhor do que a de todos os outros, certo? E nós moralmente escolhemos o Mercado em vez de o Poder, certo? A resposta me encarou por anos antes de eu vê-la e pensar sobre ela, então não se culpe por não ter visto antes. A resposta é o que chamo de ContraEconomia. Os libertários devem passar da teoria econômica para a prática – de praxiologistas a agoristas – na verdade, de ser a fazer! Cada um pode comercializar seus bens e serviços escolhidos. Qualquer coisa, desde leite não regulamentado de fazendas leiteiras agoristas e trabalho não registrado em uma oficina agorista até fabricação clandestina de armas e tráfico de drogas. Libertários contratando outros libertários, comprando/vendendo, poupando e emprestando com outros libertários devem lucrar mais do que os mercadores brancos do estado. Sem impostos, sem licenças, sem barreiras de entrada, sem deduções em folha de pagamento, sem formulários burocráticos irritantemente Samuel Edward Konkin III 41 intermináveis, sem regulamentações ridículas. Em vez disso, essa sobrecarga será traduzida em sonegar, pagar e, finalmente, defender-se contra predadores burocráticos. Na medida em que os contraeconomistas interligados crescem, eles serão servidos por guardas e, eventualmente, por agências contraeconômicas de proteção. Quando a ContraEconomia for maior que a economia sancionada pelo estado, ela financiará proteção adequada contra a pilhagem do estado. Com o seu monopólio quebrado, o estado cessa e apenas uma pequena gangue de ladrões com muitos antigos inimigos permanecerá. Parece bom na Teoria, mas na Prática… É exatamente isso! Por anos os libertários viveram acreditando que tinham as ideias certas, mas não trabalhariam para “chegar lá”. É como querer atingir um orgasmo, mas rejeitar a manipulação sexual como meio de obtê-lo. Assim como você não pode gozar apenas fantasiando, você não pode obter a liberdade e a Ágora sem vivê-la AGORA. Acabe com essa frustração que quebrou ativista libertário após ativista libertário. Isso não é Arriscado? Quantas vezes você já ouviu falar que está chegando o dia em que seremos presos por ter pensamentos libertários? É claro que está, então por que esperar até sermos sobrepujados? Vamos correr nossos riscos agora, e, se formos presos, é por cometer atos libertários! Laissez Faire! Tanta Conversa. O que Você Está Fazendo? Primeiro, as New Libertarian Enterprises são contraeconômicas, fornecendo bens e serviços aos libertários aumentando nossa tribo. Como imprimir este folheto e muitas outras literaturas. E medalhões dos Sons of Liberty, botões, camisetas do Lunar Free State e muito mais, conforme o capital se acumula. E imprimindo a NLN (New Libertarian Notes). Escute, Libertarian Party 42 Em segundo lugar, a New Libertarian Notes está fornecendo uma troca de ideias para os Novos Libertários e mantendo-os entretidos também. Se você ainda não leu, descubra onde está a avant-garde do Novo Libertário. Em terceiro lugar, uma Aliança dos Novos Libertários se formou para fornecer uma frente aberta para se opor ao Estatismo e detê-lo enquanto a ContraEconomia faz sua parte. A NLA (New Libertarian Alliance) providenciará reuniões para contatos para ContraEconomia, distribuição de literatura, panfletagem, interação com a mídia, como refutações editoriais, boicotes e embargos eleitorais, manifestações antiestado, resistência tributária, combate à inflação e até mesmo atividades sociais para manter alta a nossa moral. E você pode ser NLA! Seu próprio capítulo mesmo. Talvez a New Libertarian Enterprises não seja suficientemente eficiente? Tem concorrentes. A NLN não é espirituosa o suficiente? Tem concorrência. E a Aliança dos Novos Libertários? Deixe o mercado decidir. Lance seu poder de compra em seu primeiro ato contraeconômico. Alie-se a nós na luta Por Uma Nova Liberdade. Ou você pode voltar à sua reunião ou convenção e votar, e seguir o procedimento parlamentar, e votar, e indicar alguém, e votar, e fazer campanha para eles (não para o libertarianismo), e votar, e ganhar ou perder uma eleição por diferença qualquer que isso vá fazer, e votar... Não, não é um sonho visionário. Você está apenas acordando depois de um longo pesadelo, e é a luz do sol que está ardendo em seus olhos. 43 Ágora versus Arena Southern Libertarian Review – Vol. 1, N° 4 Publicado em Novembro de 1974 Como o mundo ao seu redor parece para um libertário hardcore? Bem, em geral, parece muito como a todos os outros… embora os defensores da liberdade achem ter uma parcela maior do que sua parcela estatística de idiossincrasia e maluquice. Os libertários se divertem com a comédia, entristecem-se com a tragédia, são adoçados com doces e amargurados com a má sorte. Sim, há rumores de que quando somos cortados, nós também sangramos. Mas há uma diferença que compartilhamos talvez apenas com os devotos teológicos e marxistas. Temos uma estrutura social compreensiva. Quando olhamos para uma história de jornal, integramos os fatos à nossa teoria social e tiramos conclusões. Vemos forças imponentes e poderosas, e varreduras da história. O instruído não-iniciado vê os fatos ao seu redor, mas eles são confusos e não são uma peça. Fazem apenas um sentido limitado e são explicados por teorias ad hoc lidas na coluna de ontem por algum especialista que já esqueceu como os interpretou. Um assassinato? Primeira reação: que trágico! Segunda reação: que insensatez dessa pessoa agir dessa forma. Terceiro pensamento: ele acreditava em tal e tal e, portanto, ou, ele não parecia o tipo de matar alguém, então o pobre homem deve ser louco! É aqui que o libertário radical se afasta de seu semelhante… e não apenas porque não acredita em insanidade. Talvez o libertário termine concordando que o ato foi privado e motivado por capricho de um homem irracional. Mas antes dessa Ágora versus Arena 44 conclusão, ele investigará outras possibilidades — possibilidades de que o ato tenha sido motivado por (talvez não tão esclarecido, mesmo assim) interesse próprio. Ele vai perguntar: cui bono? Bem de quem? As tarifas não são aprovadas por causa da grande crença das massas no “sistema americano” ou no “nacionalismo econômico” — isso é apenas o discurso de vendas. A tarifa do algodão existe porque os plutocratas agrícolas do algodão financiaram o lobby, compraram aqueles que seriam contra e pagaram editores para lançar propaganda e trabalhadores perversos para votar contra aqueles que se oporiam. E fizeram acordos com outros plutocratas que lutam por seus interesses e que controlam seu bloco de legisladores et al. A legislatura do país democrático em questão é então apenas o campo de jogo dos interesses poderosos. Eles conhecem as regras do jogo e, se não jogarem de acordo com elas, levam uma surra. O gladiador pode não sair do ringue e apunhalar César. O sistema político é a arena da classe dominante, da elite do poder, dos Círculos Superiores, da “conspiração” aberta de um estado. Os partidos políticos e suas facções são as ferramentas, as armas simuladas, os contadores no tabuleiro do jogo para os ricos e poderosos. Pregar populismo e sugar os ricos? Tudo bem, transforme-o no Partido Populista e você terá, digamos, os interesses de prata enviando uma torre contra alguns peões do Rei Republicano. Progressismo na sua bagagem? Excelente, os interesses de transporte podem obter “regulamentação” que finalmente resolverá o problemático problema da cartelização em um mercado relativamente livre.E quanto à social-democracia? Bem, as indústrias da “paz” que não estavam recebendo sua “parte” do roubo federal conhecido como Samuel Edward Konkin III 45 “imposto” agora podem expandir seus mercados de bens para o “bem- estar” dos necessitados. Certamente o bolchevismo, o comunismo de estado bruto, é imune ao ganho plutocrático? Pergunte à Pepsi-Cola, que acaba de receber o monopólio da Coca-Cola na URSS em troca do monopólio das vendas e distribuição de vinhos russos. Talvez, se você acabou de ser levado à margem da aceitação dessa terrível verdade sobre o estatismo, você recua horrorizado com a imagem cínica apresentada. “Não há esperança?”, você pergunta. Não pode um Partido dos Libertários escapar do destino que tomou conta de todos os outros, do Whig ao Nazista? (E se você acredita que os nacional-socialistas foram fiéis às suas promessas de campanha, pergunte a um antigo seguidor de Ernst Roehm ou Gregor Strasser.) Não. Sem esperança. Mas por que temos que jogar o jogo em que o outro lado fez as regras e tem todas as peças? Há outro jogo cujas únicas regras são as leis da natureza, cujas regras podemos deduzir do estudo da ciência e da praxiologia. Essas regras não estão sujeitas à legislação caprichosa e ao conflito de interesses, qualquer que seja a interpretação que você preferir. O Mercado continua a funcionar com base na oferta e na procura. E sempre irá. E qualquer um que consiga obter mercadorias com custo relativamente baixo (talvez com riscos altos se houver muita intervenção do estado) para alguém disposto e capaz de pagar um preço relativamente alto ainda fará um lucro. O trabalhador utilmente engajado em satisfazer a produção demandada ganhará seu salário — se aceitar o risco e tomar as precauções necessárias contra roubos. O investidor ainda pode ganhar seu interesse apoiando o empresário e o trabalhador mencionados acima — se ele se proteger contra a inflação causada pelo estado. Ágora versus Arena 46 E aqueles cuja riqueza surgiu e é mantida em desafio ao estado e é ameaçada pela existência do estado serão movidos pelos interesses próprios a destruir seu inimigo — assim como o plutocrata é motivado a manter o sistema. Escolha a arena acima da Ágora, se quiser. Pretendo pegar minhas bolas de gude e ir para casa. E tenho agido assim. 47 Anarco-Sionismo Southern Libertarian Review - Vol. 1, N° 7 Publicado em 1 de Janeiro de 1975 Então agora é Ábaco. Desde os primeiros dias da influência de Ayn Rand sobre o Movimento Libertário, ativistas frustrados desistiram de seus esforços para reformar ou se revoltar contra o estado americano para buscar a Ravina prometida. No início da década de 1960, um grupo composto principalmente por engenheiros e tecnólogos trabalhou em um plano para construir uma nação insular em uma base terrestre rasa do Mar do Norte. A Preform concordou com um governo minúsculo e nominal, um status de porto livre que prosperaria com o livre comércio entre a Grã- Bretanha, a Noruega e a Dinamarca. Indivíduos que estavam na educação e na ação políticas (o LIBERAL INNOVATOR, panfletando a convenção do Cow Palace GOP) desistiram e publicaram o PREFORM-INFORM apoiando os fugitivos. Em seguida, os britânicos apreenderam as estações de rádio piratas que operavam fora de suas águas territoriais. O petróleo foi descoberto no Mar do Norte, e a Grã-Bretanha, a Dinamarca e a Noruega prontamente escavaram o fundo do mar. A multidão Preform ou se reduziu ou entrou em viagens escapistas, como se tornar nômades, trogloditas ou moradores do deserto. Eles buscaram “invulnerabilidade à coerção” — ou vonu — e o PREFORM-INFORM se tornou Vonulife. Recentemente, isso parou, e as aberrações da paranoia voltaram à civilização. Anarco-Sionismo 48 Operação Atlantis Então veio a Operação Atlântida. Mais uma vez, o leito do oceano anarquista era o local, e uma ilha-plataforma era para ser construída no Caribe. Um grupo reunido em Saguerties, NY, assumiu um motel e construiu um barco. Novamente eles publicaram um boletim informativo e iniciaram uma operação de commodities (banco de bens reais) chamada ATCOPS que recebia depósitos de prata. Eles até iniciaram seu próprio sistema monetário, o Deca (10 gramas de prata). O barco afundou e os locais em potencial foram nacionalizados, mas ainda estão se esgotando em Saguerties. Então veio Michael Oliver e seu projeto New Country, que acabou decidindo por um recife de coral do Pacífico chamado Minerva. Talvez a deusa da sabedoria tenha enlouquecido os homens envolvidos por sua arrogância. Assim que os planos concretos foram formados, Oliver se separou do resto. Um individualista ousado que realmente foi ao recife para fotografá-lo e reivindicar por homesteading foi queimado pelos organizadores quando voltou, e o navio que chegou a NY para transportar uma carga de anarco-imigrantes nunca navegou. Ele apenas atracou na doca e vazou. O cômico rei de Tonga então reivindicou Minerva e foi apoiado pelos estados menos engraçados de Fiji e Indonésia. Agora parece que os separatistas das Bahamas de Abaco estão interessados no apoio americano e estão até dispostos a ouvir John Hospers educadamente. Mas seus objetivos são estabelecer um estado próprio. O estado das Bahamas deportou Hospers como um subversivo perigoso e parece pronto para agir para manter seus cidadãos algemados. Samuel Edward Konkin III 49 Pode Funcionar? O vilão de todas essas peças têm sido o estado — sempre pronto para agir contra a abertura de uma sociedade livre em qualquer lugar. Mas às vezes, querido Brutus, não devemos olhar para as estrelas, mas para nós mesmos. Por que a intervenção do estado não foi assumida desde o início? Afinal, eram libertários liderando e organizando esses planos. Não foi a própria frustração com a onipresença do estado que os levou a medidas desesperadas? Por que eles deveriam acreditar que a própria instituição disposta a os acompanhar para casa, em seus bolsos e quartos, de repente ficaria “com as mãos de fora” por que eles cruzaram alguma linha imaginária em um globo? A Revolta de Atlas de Ayn Rand pelo menos enfrentava um estado em ruínas, um que estava se tornando muito fraco e incompetente para encontrar e destruir sua sociedade livre embrionária. É auto consistentemente óbvio que se aqueles que fazem a sociedade estatista funcionar a abandonarem e dedicarem seus esforços a uma sociedade livre, o estado cairá e a área livre funcionará. Mas, sem essas pessoas e condições? A é A, mas suponha que você não tenha A? A própria Ayn nunca apoiou um único novo grupo country, para seu crédito. Minha conclusão é que se os buscadores da terra prometida continuarem a perseguir seu Sião, apesar de um histórico sombrio na prática devido a erros demonstrados na teoria, eles não precisam de Rand, Rothbard ou, nesse caso, Konkin ou Royce. Szasz e Branden podem oferecer uma assistência mais concreta. Quanto a mim, a anarquia começa em casa. 50 Estratégia Libertária I Southern Libertarian Review - Vol. I, N° 11 Publicado em 18 de Maio de 1975 Em seis anos, o Movimento Libertário aprendeu muitas lições. Enquanto a teoria libertária continua a evoluir e crescer, a ideologia básica de 1969 permanece válida. De fato, a teoria libertária reagiu ao estímulo das oscilações e solavancos de estratégias conflitantes. Para que não estejamos condenados a revivê-la, vamos rever nossa história. A partir de dezembro de 1968, a estratégia libertária foi direcionada tanto para influenciar os conservadores quanto para a conversão dos independentes. Era totalmente educacional ou derrotista1. O Rampart College de Robert LeFevre, a FEE de Leonard Read, a FEI2 de Joe Galambos, o NBI3 de Nathaniel Branden, o IHS4 de F.A. Harper e o ISI5 de Frank Chodorov eram todos institutos educacionais. Os VonuLifers,o grupo Atlantis e os Oliveritas estavam procurando uma fuga. Exceto pelo panfleto do LIBERAL INNOVATOR no Cow Palace em 1964, nenhum libertário estava envolvido em uma campanha política, exceto como indivíduos desviantes. Muitos apoiaram Nixon em 1968, mas eram pessoas claramente de tendências conservadoras. 1 Derrotismo, tradução suave derivada do conceito de Retreatism de Robert K. Merton’s. Esse conceito descreve, em poucas palavras, a atitude de ceder terreno diante dos objetivos dominantes de determinada sociedade ou grupo social. 2 The Free Enterprise Institute 3 Nathaniel Branden Institute 4 Institute for Humane Studies 5 Intercollegiate Society of Individualists Samuel Edward Konkin III 51 A própria vitória de Nixon e a venda de seus modestos objetivos libertário-conservadores azedaram esses “individualistas em campanha”. A ascensão da organização ativista como alternativa à campanha política e a aparente possibilidade de revolução da New Left atraíram os ativistas para uma alternativa plausível. Os libertários organizaram um caucus dentro da YAF com resultados que todos conhecemos. Em dezembro de 1968, Rothbard e seu pequeno grupo de libertários radicais — Block, Tuccille, Childs. et al.— migraram para trazer o libertarianismo para o SDS e à New Left. A Radical Libertarian Alliance6 foi formada. Em 1969, a tática de coalizão de direita explodiu em St. Louis. Mas dentro de um mês a tática de aliança com a New Left também se desfez em Nova York. Para surpresa dos líderes do Libertarian Caucus7 e da RLA, o resultado foi a formação de Alianças Libertárias independentes em todo o país, com as organizações centrais da RLA e do SIL8 se tornando apenas “tendências”. A SIL se adaptou, tornando- se um centro de intercâmbio para os moradores mais dispersos. RLA passou brevemente de um grupo revolucionário para um grupo de campanha política no final de 1971, e os Citizens for a Restructured Republic prontamente morreram na campanha de 1972. A graduação nas universidades começou a decair as alianças libertárias baseadas em campi de 1970-72, e as AL começaram a se reimplantar nas comunidades conservadoras. Eventualmente, elas se exibiriam como Clubes de Jantar, Igrejas Libertárias, ou apenas como eventos (por exemplo: NYLA de Gary Greenberg). Essas eram raízes sólidas sendo estabelecidas, mas dificilmente eram como as atividades espetaculares de “sacudir o mundo” do período de 1969-71. 6 Aliança Libertária Radical 7 Caucus Libertário 8 Society for Individual Liberty Estratégia Libertária I 52 Mais escapismo foi oferecido (Minerva, Ábaco) e os educadores continuaram educando. Muitos libertários buscaram atividades de longo alcance mais valiosas, combinando seus negócios ou carreiras profissionais com a defesa libertária: administrando negócios em bases agoristas, fazendo jornalismo, pesquisa acadêmica e até televisão e rádio (Lowell Ponte, Ron Kimberling). Muitos libertários também se voltaram para dentro com incessantes sessões de psicologia e autocrítica em grupo. Esse foi o Movimento como refletido em 1972 em, digamos, NEW LIBERTARIAN NOTES, e que poderia ser reunido a partir de RAP, LIBERTARIAN FORUM, REASON, ACADEMIC ASSOCIATES LETTER, VONULIFE, FREEMAN, SIL NEWS, PACIFIC LIBERTARIAN e muitos boletins locais. Mas em dezembro de 1971, a heresia da campanha política ressurgiu. Para dizer o mínimo, o Seu Amigável Anarcocolunista da Vizinhança dificilmente foi um observador imparcial dessa erva daninha em nosso jardim. Mas, mesmo assim, parecia-me óbvio de onde tirava seu apelo. Primeiro, a necessidade de uma visibilidade pública do “movimento de massa” que carregavam muitos libertários que, de outra forma, eram bastante sólidos na doutrina. E, segundo, havia muitos recém-chegados que não “aprenderam a lição” em 1968 e estavam confusos o suficiente para acreditar que a liberdade pode ser imposta, i.e., “votada”. O Libertarian Party9 deveria ter entrado em colapso tão rápido quanto o CRR, já que seu voto popular estava tão abaixo do número de libertários elegíveis que chegava ao ponto de mostrar sua rejeição e muito mais. 9 Partido Libertário Samuel Edward Konkin III 53 Mas, embora fosse óbvio em NY e na Califórnia, os libertários no resto do país estavam muito dispersos para perceber sua verdadeira força (cerca de 100.000, de acordo com as listas da época, com menos de 10.000 votando em Hospers). Além disso, a rápida confusão eleitoral de Roger MacBride desviou a atenção da esmagadora rejeição do LP. Outros libertários fizeram campanha para Nixon (acredite ou não), McGovern, Schmitz e Spock; e até ouvi falar de um ou dois que votaram em Linda Jenness (trotskista). A maioria dos libertários não votou, e a Liga de Não-Eleitores de Sy Leon obteve excelente cobertura dentro e fora do processo eleitoral. 1973 foi o ano do LP. A oposição mais viável parecia ser uma facção radical dentro do LP, embora isso novamente fosse enganoso. O caucus radical (RC) estava firmemente enraizado na tradição libertária antipolítica e sendo nutrido por todo o Movimento fora do Partido — de LeFevrianos a Brownianos, e até mesmo um simbólico Galambosiano! Assim que uma campanha política real ocorreu em 1973, a desilusão começou e as fileiras do RC começaram a crescer. Muitos partidários simplesmente desistiram imediatamente. O fogo irrompeu nas convenções estaduais e nacionais de 1975 do LP. Na primavera de 1975, apenas os menores partidos estaduais da Costa Leste não haviam sofrido uma grande divisão, algumas “divisões” envolvendo quase todo o partido. Significativamente, aqueles que fugiram eram muitas vezes os principais ativistas, editores de boletins e teóricos. A longa e meticulosa construção de uma sociedade livre por meio de uma ContraEconomia não pode ser realizada por um atalho. Mas, ainda pode-se argumentar, não há como aproveitar esse impulso profundo para fazer campanha publicamente e atrair os novos recrutas que as campanhas de Goldwater/YAF e McGovern atraíram? Não existe uma campanha “pura” que pode obter todos os benefícios da Estratégia Libertária I 54 campanha eleitoral do LP, mas evitar os problemas mortais da organização monopolista, do tropeço do poder e, em última análise, ser um Judas Goat para o estado? Obviamente, não há Ninguém que possamos patrocinar. (próximo mês: Contra-Campanha de 76) 55 A Contra Campanha de 76 Southern Libertarian Review - Vol. 1, N° 12 Publicado em 1 de Junho de 1975 Na última edição, Seu Amigável Anarcocolunista da Vizinhança esboçou os últimos seis anos da história do Movimento novamente, dessa vez focando na estratégia. A falha de todas as táticas usadas até agora, com a exceção da de algum modo árdua abordagem contraeconômica (trabalho duro e todas essas coisas) foi notada, e a heresia do Partido foi apontada como o mais flagrante fracasso. Mas também notada foi a pulsão por exibição por parte de muitos libertários, um desejo por visibilidade em uma Campanha Pública. Realmente, sobre a única coisa positiva que o Partido ao menos reivindicou para si mesmo foi que ele atraiu pessoas através de campanhas públicas (uma reivindicação falsa, de todo modo — o Partido ainda deveria converter uma pessoa que seja, que não seja alguém que obteve suas filiações para as fileiras libertárias de antigos LAers, NBIers e por aqueles conversos-leitores) Vejamos alguns dos problemas envolvidos numa campanha política. Primeiro, o Partido precisa ser um monopólio com indivíduos sujeitando a si mesmos para ou se comprometerem ou venderem-se sem rodeios para se unirem sob um candidato. Por quê? Para dar a ele uma chance de vencer. Por quê? Para tomar posse, é claro. O que nos traz para o próximo problema. Um libertário em posse é outro político com poder para nos oprimir. Ou ele possui o podere evita usá-lo (nos ameaçando) ou o usa (nos coagindo). A Ninguém isso pode ser confiado, claramente. E a quem poderíamos confiar sem sacrificar nossos princípios? Sob quem poderiam os estudantes de Murray Rothbard, Robert A Contra Campanha de 76 56 LeFevre, Ayn Rand, Leonard Read, Joseph Galambos, Karl Hess, Robert A. Heinlein, El Rayo, Natallee Hall, e Harry Browne se unir? Ninguém. Finalmente, que candidato poderiam os libertários recrutar de nossas fileiras com apelo popular o suficiente para trazer grandes números para sua campanha afim de que pudéssemos usar então todos os nossos anseios libertários para os radicalizar? Novamente Ninguém. Olhe para a eleição de 1974 com Republicanos, Democratas, Independentes Americanos, e com os Peace & Freedomers. 62% (5 a cada 8, de acordo com as contagens) votaram em Ninguém. Claramente, ela é a candidata mais popular, a favorita para 1976. Quem? Quem mais? Ninguém, é claro. Olhe para as vantagens dela! (Eu não posso chamar Ninguém de ela, em verdade, visto que não é verdade que Ninguém é mulher, mas também é falso que Ninguém é homem. Então, como uma cortesia para as feministas, eu uso o feminino. Apesar de tudo, quem liga se Ninguém está ofendida?) Ninguém desistiria de seu poder caso fosse eleita. Ninguém está livre de ser um foco de contendas de facções. Ninguém já comanda um amplo suporte vindo do povo. (Testemunhe a breve campanha Vote em Ninguém da NLA1 e as atividades prévias da Liga dos Não-Eleitores para instrução em grande publicidade e quase sem custo). Considerando a seriedade da Cadeira do Presidente, Ninguém seria a favor de uma campanha caprichosa e sagaz para cortejar os cautelosos. Ninguém falharia em seduzir os novos conversos ao Estatismo. E ninguém iria falhar em ter mais um “culto de personalidade” se 1 New Libertarian Alliance Samuel Edward Konkin III 57 desabrochando ao redor dela. Negros e rednecks, feministas e chauvinistas homens, os pobres e os ricos, os fãs e os críticos, ex- liberais e ex-conservadores poderiam todos se identificar de uma vez com Ninguém. Quem mais pode fazer essa afirmação? E, falando em campanha, eu posso vê-la agora. “Ninguém no Congresso estava contra os Impostos em 76! Vote em Ninguém!” (Ótimo por volta do dia 15 de Abril). “Ninguém pode representar seus interesses no governo. Ninguém para Presidente!” “Ninguém merece viver de seu dinheiro suado dos impostos. Ninguém é nosso Homem!” (Ou mulher, pessoa, senciente, coisa…) E lembre-se, caro leitor, Ninguém pode manter mais do que um escritório nos EUA. Ninguém para o Congresso! Ninguém para o Senado! Ninguém para prefeito! Ninguém para governador! Ninguém para vereador… whoops, quase esqueci dos governistas limitados. Antes que eu me empolgue (yeah!) com caprichos, tal campanha está começando neste ano em vários estágios. No dia 4 de Julho, a Contra-Campanha de 76 será anunciada para o movimento libertário. Gostaria de ter uma franquia em sua área? No final das contas, mesmo se tivermos um Comitê de estado em sua área, você poderia sempre estabelecer um Comitê Congressional Distrital, um comitê de condado, uma assembleia de comitê distrital, ou o que quer que seja. Há muito para todos. Tudo o que o Comitê Nacional pede é que se você republicar nossas propagandas em publicações que não cobrimos (ou colocar seus próprios folhetos), você dívida 50-50 conosco. Caso não queira, mandaremos a você uma “carta de autorização” para você mostrar aos estatistas locais sem maiores problemas. Consiga o rápido, o rápido alívio da ansiedade política. Ninguém pode vencer! A Contra-Campanha de 76 pode até mesmo ter uma Convenção de Nomeação Nacional em 1976. O melhor lugar seria em Kansas City, uma semana antes do Dia do Trabalho. Espera-se que uns 10.000 fãs de FS estejam no Hotel Muehlebach para ouvir o convidado A Contra Campanha de 76 58 de honra da Worldcon — Robert Heinlein. Libertários e simpatizantes estarão altamente concentrados lá de todo modo. “Sr. Chairperson, o estado da Virgínia unanimemente nomeia Ninguém para Presidente!” Aplausos, balões, danças. (As feministas podem chamar homens para fazer kick lines, se elas quiserem. Ninguém não ligaria). Naturalmente, algumas credenciais de delegados serão vendidas descaradamente. (Parecem muito como as convenções regulares para mim — Ed.) No final das contas, Ninguém está livre da corrupção. E sendo essa a era de Watergate, ninguém está livre de escândalo e mancha! Aí está você, pessoa hardcore. O problema que postulei no início desta coluna está resolvido. No final das contas, eu não poderia simplesmente fazer escárnio e criticar sem ter um plano de ação positivo. Ninguém esperaria isso de mim! E lembre-se, você pode votar para Ninguém no conforto de seu próprio lar. (Envie seu nome e endereço para o editor desta publicação se você estiver interessado ou em fazer campanha para Ninguém e/ou quiser ser um delegado). 59 Estratégia Libertária II Southern Libertarian Review - Vol. 1, N° 11 Publicado em 1 de Setembro de 1975 Entre a miríade de programas de reforma, revolução, emigração e fuga no subsolo, para as florestas, dentro e sob o oceano e para o espaço sideral, a Libertarian Caucus Technique [Técnica do Caucus Libertário] (LCT) se destaca por uma característica distintiva: foi observada em funcionamento. Este artigo não é uma fabricação completa ou uma tentativa de aplicar outros modos de ação antiestado bem-sucedidos às exigências libertárias. Este artigo, em vez disso, apresenta os princípios subjacentes a uma tática de sucesso já comprovada, de modo que possa ser sistematicamente aplicada e usada quando apropriado e necessário. Como todos os planos que levam à batalha, a LCT pode ser frustrada e as tropas podem se perder no processo. Já que você está lutando pelas mentes, corações e almas dos outros, é isso que você está colocando em risco. A chave para o sucesso de um caucus libertário é a infiltração estratégica. Os termos soam frios e calculados e devem ser assim. A falha em acionar a estratégia no momento apropriado — independentemente dos sentimentos pessoais — estragará a técnica. Não é para os de coração mole. Finalmente, a LCT é judô político. O pivô é a “sanção da vítima”, o ponto vulnerável sempre presente no aparato do estado. Como todas as formas de judô, exige que o oponente venha até você e jogue seu peso. Você simplesmente ajusta a direção de sua trajetória para que ele caia de costas, e não em cima de você. Estratégia Libertária II 60 Isso requer paciência e desapego. O infiltrado estratégico nunca pode forçar o problema, nem pode iniciar uma ação (além de configurar o LC1). Ele precisa sempre responder, reagir aos problemas que a oposição lhe dá. É claro, ele pode ser incrivelmente adepto a descobrir problemas onde outros podem não ter notado. Mas “liderança” que tropeça no ego simplesmente não funciona. O Caucus Libertário A técnica do caucus é um velho truque político, muito mais prevalente na esquerda nos EUA, mas que cruza o espectro em países parlamentares. Um caucus é simplesmente uma reunião de detentores de votos dentro de um bloco eleitoral maior. Um bloco ou coalizão em países parlamentares vota para se manter no poder. Os próprios partidos geralmente usam alguma espécie de caucus, mas geralmente têm caucus internos separados que representam suas fontes ideológicas de força. (Observe como a ideia está próxima da “sanção da vítima”2). O Conservative Party3 da Grã-Bretanha tem um “Monday Club” de direitistas de livre iniciativa que formam um caucus para pressionar o Partido a manter a ideologia diante do pragmatismo. O Labour Party4 tem o Tribune Group que faz o mesmo pela pureza ideológica esquerdista. Os Free Democrats of Germany5 tinham tanto um caucus de esquerda quanto um caucus de direitada National Liberal Action6, embora os líderes deste último tenham desistido e se juntado aos 1 Libertarian Caucus 2 Termo usado corriqueiramente por Ayn Rand e remete ao processo dos explorados não apenas aceitarem calados a exploração, como ainda defenderem e justificarem sua existência através da moral do altruísmo, do sacrifício, do coletivismo. 3 Partido Conservador 4 Partido Trabalhista 5 Democratas Livres da Alemanha 6 Ação Liberal Nacional Samuel Edward Konkin III 61 Christian Democrats7. Os Italian Christian Democrats8 são fortemente dominados por facções, e seu caucus de esquerda busca uma coalizão com os comunistas, enquanto seu caucus de direita contempla os neofascistas. Nos EUA, pode-se pensar em exemplos parlamentares como o Wednesday Club9, o Conservative Study Group10, o Black Democratic Caucus11 e assim por diante. Os Students for a Democratic Society, que eram um grupo abrangente da New Left, estava carregado de vários caucus: Worker- Student Alliance12, Revolutionary Youth Movement13, Anarchist Caucus14, Independent Socialist Caucus15, vários caucus trotskistas e assim por diante. Um caucus tem duas funções: uma para o grupo como um todo, a outra para os membros do caucus. Serve ao primeiro, mantendo a facção caucusada pacificada e parte do grupo, e serve ao segundo, defendendo sua posição na esperança de torná-la a dominante. A primeira função é realista e obviamente funciona, pelo menos por um tempo. A última não é e não funciona. Caucus que capturam o controle temporário dos partidos políticos americanos foram derrotados (William Jennings Bryan pelos populistas, George McGovern pelos radclibs), vendidos (Thomas 7 Democratas-Cristãos 8 Democratas-Cristãos Italianos 9 Clube das Quartas 10 Grupo de Estudo Conservador 11 Caucus dos Democratas Negros 12 Aliança Trabalhador-Estudante 13 Movimento Revolucionário da Juventude 14 Caucus Anarquista 15 Caucus Socialista Independente Estratégia Libertária II 62 Jefferson pelos velhos republicanos, Abe Lincoln pelos Free Soilers), ou ambos (Barry Goldwater pelos conservadores). Em um caso que fala por si só foi a tomada do Peace and Freedom Party16 pela California “Libertarian” Alliance17, onde a CLA acabou com um cadáver. Talvez um grupo simplesmente organizado para assumir um partido fosse bem-sucedido — exceto que tal “Power Caucus” não cumpriria a primeira função de obter a aprovação de algumas vítimas com princípios. Contradição. Para derrotar essa contradição real, a aparente é abandonada. Os estrategistas do Libertarian Caucus entram com o pleno entendimento de que não tomarão o poder. Na verdade, quanto menos influência eles parecem ter, melhor para a estratégia! Objetivo Estratégico da TCL O objetivo [ou meta] dos ativistas libertários é a construção de uma sociedade libertária viável. Uma sociedade libertária viável é uma coleção de indivíduos que possuem as seguintes características: rejeição de todas as reivindicações sobre outras vidas e propriedades, recusa de subjugar seus selves (egos) em um coletivo e aceitação de uma aliança com outros indivíduos que possuam as duas primeiras características para fins de defesa. Qualquer indivíduo em uma sociedade libertária não precisa possuir essas características; mas é necessário que um número suficiente possua para cumprir a meta. Não preciso detalhar o que é óbvio neste ponto: o libertarianismo não pode ser imposto de cima para baixo. A falha em impor o libertarianismo é, de fato, uma medida de sucesso do libertarianismo. Contradição. 16 Partido da Paz e Liberdade 17 Aliança “Libertária” da Califórnia Samuel Edward Konkin III 63 Tais coletivos como partidos políticos e organizações ideológicas relacionadas e grupos de pressão operam contra os objetivos do libertário. Assim, o infiltrado estratégico tem uma vantagem incomparável se for um libertário: ele não teme a destruição do coletivo em que está se infiltrando. Na verdade, ele a acolhe. Com esse ponto em evidência, deve-se salientar que a sobrevivência a curto prazo ou mesmo a médio prazo do grupo infiltrado é uma consequência menor para o infiltrado estratégico do que seu objetivo principal: criar libertários, aumentar suas fileiras de aliados. Portanto, o infiltrado estratégico emprega aquelas táticas que promovem a rejeição da ética coletivista, que encorajam a rejeição do auto sacrifício, e que elevam a consciência dos membros não conscientes para ver com clareza a fraude e a coerção ocultas. Os membros do Partido são submetidos a um trauma em que devem escolher entre alternativas que antes consideravam compatíveis. Em uma dessas crises, o membro rejeitará a adesão ou a aceitará sem maiores reservas. Este último se juntará às fileiras do inimigo. Os primeiros, se expostos ao pensamento libertário ao longo do caminho, podem finalmente elevar sua consciência ao teu nível e se juntar a você, ou trabalhar para teus fins por conta própria. Alguns basicamente entrarão em choque com o trauma e simplesmente irão “apagar”. Eles rejeitam a realidade da escolha, mas não conseguem manter a evasão de que a escolha não é real. Eles desligam seus cérebros. Algumas Táticas para a Técnica do Caucus Libertário As táticas que você usa para criar a LCT são específicas para o grupo em que você está. Claramente, uma tática para uso no Comitê de Mobilização Estudantil Contra a Guerra etc. será diferente de uma usada na John Birch Society. Por outro lado, algumas táticas na Estratégia Libertária II 64 infiltração do Democratic Party18 podem ser aplicáveis à infiltração do Republican Party19. Vamos analisar alguns exemplos históricos e ver o que funcionou. O primeiro caso tentado nunca decolou, ou seja, a infiltração RLA do SDS. O segundo caso, a infiltração RLA da YAF, foi incrivelmente bem-sucedida. Os infiltrados criaram um Anarchist Caucus (AC) para empurrar explicitamente a posição libertária pura e hardcore. No entanto, a ação foi realmente travada no Caucus “Libertário”, onde se encontravam em grande número aqueles que achavam que os libertários poderiam trabalhar com os estatistas conservadores. O “agit-prop20” antes do Con aumentou a consciência do grupo-alvo. A literatura distribuída na Convenção de St. Louis foi uma incitação deliberada aos “Trads” (conservadores tradicionalistas) – The Tranquil Statement da RLA, The Match! do SLAM, e “Listen YAF” de Rothbard no The Libertarian Forum. Rothbard começa explicitamente sua agitação clamando por um Cisma — equivalente a “tomar o high ground” em termos militares. O AC trouxe Karl Hess para falar sob o arco da convenção. Algum Trad chamou a polícia para acabar com a reunião. O AC explorou sua imagem falsa e desafiou Buckley a debater com Hess. Buckley recusou, e o AC agora tinha evidências para apoiar suas alegações de que os conservadores Trads não queriam compromissos com os libertários. Uma deserção da chapa LC para a chapa do Trad National Office foi pega e usada como evidência de que não se podia estar em ambos os campos. 18 Partido Democrata 19 Partido Republicano 20 Agitação-Propaganda Samuel Edward Konkin III 65 Ainda assim, quando a questão surgiu, os Trads estrangularam seus próprios linhas-duras para passar a impressão de uma posição indecisa sobre o alistamento para dar aos LCs esperança de vitória “na próxima vez”. O AC revidou com uma posição dura sobre o alistamento, que na verdade passou pelo comitê com alguma ajuda simpática para se tornar uma plataforma minoritária. Quando ficou óbvio que os delegados estavam dispostos a aceitar um compromisso sobre o cisma, um provocador do AC queimou o que parecia ser seu cartão de convocação. Um ato simples, mas uma contradição com o compromisso que estava sendo votado. A polarização resultante, a divisão da YAF e a formação domovimento libertário moderno são bem conhecidas, mas a infiltração estratégica não é. Algumas das primeiras tentativas feitas por mim mesmo para converter o que observei em St. Louis em uma ciência trouxeram resultados inconclusivos – uma divisão entre os manifestantes antiguerra no Camboja e o Caucus Anarquista em uma Convenção de Jovens Republicanos de Wisconsin. Uma mudança para a Wisconsin Alliance (um novo partido de esquerda) mostrou sinais de dar frutos, mas não pôde ser concluída já que parti para Nova York. Só para manter a prática, separei um capítulo do YIP na UW. Em Nova York, vários grupos antiguerra foram infiltrados, mas com exceção dos War Tax Resistors21, tivemos pouco sucesso. A razão é que não tínhamos identidade comum com aqueles que procurávamos conquistar. Nossas grandes diferenças tornaram quase impossível que o “melhor público” nos visse articulando suas posições de forma consistente, para que os poderosos pudessem parecer mais próximos deles. (Nós conseguimos alguns anarco-esquerdistas em um comício quando começamos um cântico contra um orador trotskista de “Lembre-se de Kronstadt! Trotsky era um açougueiro!”) 21 Resistores de Impostos de Guerra Estratégia Libertária II 66 Depois veio a clássica história de sucesso da infiltração estratégica, a dissolução do Partido “Libertário”. Segui rigorosamente a fórmula acima, com um erro, embora soubesse na época que estava apressando as coisas. Em 1973, o LP emergente havia criado a imagem de um pequeno bando de antipolíticos à margem do movimento, principalmente apagados, coral reefers e pacifistas, impotentes contra os políticos. Dois anos depois, o caucus radical conseguiu restaurar a ala antipolítica do movimento libertário a pelo menos um status igual ao dos políticos (por exemplo, o debate “Essay Review” da Libertarian Review entre Crane e eu), a posição consistente e hardcore foi admitida como estando (ou temida quando não concedida) no lado antipolítico, e os membros do Partido foram expurgados, evitados e atacados por meramente terem se associado ao poderoso e mortal RC e a mim – uma caça às bruxas à tradição clássica. [TO-DO: Devemos vincular com o artigo de LR? —dig.ed.] Os detalhes de como foi feito estão em New Libertarian Notes, especialmente nas edições #32 & #33; Não tenho a intenção de repeti-los aqui. Aqueles que leem esta publicação e vêem os eventos de 1974 na visão de Hr. Royce agora têm a resposta para sua pergunta comum. “Mas o que Konkin queria?” [TO-DO: Definitivamente vincule a NLN quando tiver. — dig.ed.] Os custos da Infiltração Estratégica É preciso escolher entre amigos, que não serão aliados, e aliados que simplesmente não serão bons amigos. Eu fiz, com alguns arrependimentos, talvez. É preciso estar pronto para transformar tudo em sucesso. Quando o “establishment” (chame de National Office, chame de Trads, chame Samuel Edward Konkin III 67 de “Partidarquia” (Partyarchy), chame de chefes —, mas certifique-se de delinear um inimigo claro, forte e visível) derrotar sua questão por mais princípios, acuse-os de repressão. Quando eles aceitarem suas reformas, cobre-os com uma cooptação — e imediatamente aumente sua demanda. O establishment não pode fazer nada certo — o que é, de fato, uma das verdades que você está tentando transmitir. Nunca perca isso de vista — nunca comece a pensar que você tem uma chance de vencer o inimigo, e que eles não podem ser tão maus. Então sua função de caucus está funcionando. Deve-se estar pronto para destruir o que se construiu. Em novembro de 1973, o desastre da campanha de Youngstein engrossou as fileiras do caucus radical antipartidaquista a ponto de eu prever a vitória dos reformadores na próxima convenção na primavera. Assim, renunciei. (Dois anos depois, eles assumiram e expulsaram Rothbard — mas sem os hardcore em suas fileiras.) Pode-se confiar que outros não “se venderão” se organizarem uma “infiltração estratégica”? Bem, se eles tiverem o benefício do suporte vigilante que eu tive no LP, com Andy Thornton, Neil Schulman, Abby Goldsmith e outros do círculo íntimo, talvez. É um risco real. Essa estratégia pode funcionar, digamos, no Partido Republicano? Acho que pode, pelo menos nos níveis mais baixos, onde os idealistas ocupam as fileiras dos batedores de calçada. Não tenho nenhuma inclinação para prosseguir com a estratégia no futuro próximo. Mas para aqueles com constituições fortes, altos graus de controle sobre suas emoções e estômagos fortes para os esgotos políticos, você é bem-vindo às ideias aqui. Deixe-me saber como você faz e podemos comparar as notas. A política, como o grande Frank Chodorov tão bem analisou, é o conflito pela pilhagem que ainda está por vir. Como ele, estou disposto a sujar minhas mãos nesse jogo inescapavelmente podre e imoral; e Estratégia Libertária II 68 mais uma vez como ele, eu gostaria de fazer a recepção do dia em que nosso desprezo e escárnio serão suficientes para lidar com a política. Nesse dia, teremos a sociedade livre pela qual ansiamos. 69 Invasores do Estado Southern Libertarian Review - Vol. 5, N° 2 Publicado em 1 de Abril de 1976 O Partido Libertário é o veículo de uma invasão do estado às fileiras do movimento libertário. Seus defensores, fiéis à necessidade de misticismo e contradição do estado, clamam que o PL é a estratégia prática para obter a sociedade livre; caso contrário, é outra tática, a ser experimentada e testada com outras táticas; na falta disso, é uma ferramenta educacional, para atrair convertidos como um passo para o ativismo contraeconômico hardcore. O PL é o Nenhuma das Opções Acima. É um instrumento vicioso do estado. Para os libertários, é imoral, impraticável, antieconômico, estrategicamente inseguro e praxiologicamente debilitante. O fundamento do estatismo é o misticismo deliberado, calculado para obter a aquiescência dos oprimidos ou “a sanção da vítima”. A fim de obter essa “autoridade”, ou legitimação de ações imorais, cria formas sem sentido para deslumbrar as massas – grande feitiço! Tal era o governo divino dos reis, tal era o nacionalismo, tais eram os imperadores e czares que restauravam a glória morta de Roma. Tal também é o jogo da democracia. A regra é reter para si a violência, mas lutar pelo uso de violência aceitável e legitimada. Aqueles que disputavam as rédeas do poder eram chamados, na Inglaterra hannoveriana, de partidos na disputa. Um partido político, então, é um coletivo cujo propósito primordial e razão de ser é tomar o controle do estado para pilhagem e coerção por sua causa. (Restringir a pilhagem de curto prazo — o liberalismo — é uma possível causa.) Todas as reivindicações do contrário são tolices e mentiras. Invasores do Estado 70 Um “Partido Libertário” é uma pura contradição — se libertário significa anti-coerção e, portanto, antiestado. Aqueles que se juntam abertamente proclamam sua lealdade a uma “gangue secreta de assassinos e ladrões” — derrubando o sigilo. E assim se proclamam imorais. A maioria dos norte-americanos têm uma compreensão inarticulada de que a política é uma tomada de poder nauseante. Cinco em cada oito eleitores rejeitaram-se a usar seu direito a voto em 1974, preferindo não se sujar no jogo. Essas pessoas respondem positivamente a uma imagem do libertarianismo como um veículo para uma Sociedade Sem Política, e ficam confusas e hostis aos apelos para se registrar e votar em uma posição que não acredita em registro nem voto. Além disso, muitos eleitores são coagidos e intimidados a votar pela propaganda forçada pelo estado, lançando culpas injustificadas no eleitor relutante. Os mesmos fundamentos que justificam o recrutamento são ouvidos: “Dever! Honra! País! Salve a Democracia!” Um ataque a essa hipocrisia alivia essas pessoas e as faz olhar favoravelmentepara o movimento que não exige um auto sacrifício tão mesquinho. O PL afasta a grande maioria faminta por uma posição libertária consistente. É, portanto, uma arma prática e extremamente potente — para o estado! Centenas de milhares de dólares são desperdiçados por libertários que doam tempo e tesouros para os cofres inchados do PL. Nem mesmo Nelson Rockefeller poderia pagar os pródigos $6,50 por voto desperdiçados pela Campanha Tuccille para Governador do Partido Libertário Livre de Nova York em 1974. E Rockefeller contrata seus funcionários de campanha. Samuel Edward Konkin III 71 Como um exemplo brilhante de eficiência de mercado, o Partido Libertário é um grande argumento para a burocracia. A última posição dos defensores do PL é afirmar que pelo menos os políticos podem usar o partido como um trampolim para o exterior. Mas, na verdade, o PL obtém essas pessoas apenas quando essas veem o partido se aproximando do poder. Os maquiavélicos profissionais não se importam a quem sua lealdade é devida, apenas com quem pode pagar. Quase todas as fileiras do PL são compostas por idealistas que desconhecem as oportunidades alternativas ativistas, e a grande maioria dos novos convertidos não votaria se o PL não os iludisse a isso. A rotatividade é grande (quase 50% ao ano em Nova York, por exemplo) e a maioria dos ex-membros “Browne-Out”, acabam rejeitando a política e por muitas vezes também rejeitando formas mais frutíferas de ativismo. Assim, o PL ou remistifica o processo estatista ou neutraliza os adversários do estado. Mais uma vez, uma estratégia mais vencedora — para o estado. Pesquisas recentes revisadas na Laissez Faire Review, no Libertarian Forum e na Libertarian Review apontaram a necessidade psicológica de condicionar respostas submissas à autoridade como um pré-requisito para o controle do poder. O PL ensina o “libertário” a submeter sua vontade à coletividade e a executar as decisões a que se opõe pela “vontade da maioria” e pelo “bem do partido”. O procedimento parlamentar lhe ensina a frustração, a confusão e o abandono da organização de mercado. Acordos de bastidores, traições e blocos de poder ensinam-no a sobreviver — em um estado. Nenhuma das atividades do partido é calculada para recompensar a iniciativa, o individualismo ou o risco de lucro. E o PL precisa de um monopólio, pois se é para vencer — a necessidade primordial — não se pode tolerar uma divisão. Assim renasce o coletivismo. Invasores do Estado 72 E assim, no final das contas, o estado permaneceria triunfante caso o partido prosperasse. Já o PL descarta seus idealistas pelos maquiavélicos na parte de trás em sua liderança, em preparação para seu papel. O Partido Libertário está quíntuplamente condenado como invasor do estado, um Cavalo de Tróia, um Saruman, um Judas. Até que nos libertemos, não podemos pregar a libertação de outros sem ganhar legitimamente suas risadas zombeteiras. O Partido Libertário precisa partir — agora! 73 O Fim do Movimento Libertário New Libertarian Weekly – Vol. 3, N° 25 Publicado em 30 de Maio de 1976 O fim do movimento libertário é uma sociedade libertária. Para onde mais um movimento se move além de para seu objetivo? Precisa- se seguir, portanto, que se uma sociedade libertária se formou, o movimento libertário alcançou o seu fim. Ele conseguiu. Este artigo é o início de uma série que o autor planeja distribuir para várias publicações — em vários estilos apropriados — do movimento libertário sobre a direção que esse corpo de pessoas e pensamento precisam seguir para a próxima fase de sua maturidade. Sustentando a série estão os pressupostos: I. A nova sociedade libertária está no presente; II. A nova sociedade libertária precisa ser totalmente autoconsciente tanto para sua plena utilização e prazer quanto para sua autopreservação e crescimento III. A nova sociedade libertária é um bom objetivo, digno de ser alcançado e mantido. Todas essas suposições precisam de verificação; nenhuma é presentemente mantida por libertários, com exceção da última. No entanto, se as duas primeiras forem aceitas, a terceira requer reavaliação. Por quê? Não se está mais falando de um ideal quase utópico “lá fora” que é definido como bom, mas sim de uma entidade real que agora está aberta ao exame e à observação para checarmos se é realmente boa. O próximo artigo na série se preocupará principalmente com a promulgação do segundo pressuposto, a elevação da consciência O Fim do Movimento Libertário 74 libertária em relação à sua própria sociedade. Fará isso demonstrando empiricamente a primeira premissa. Esclarecimentos posteriores e respostas aos desafios completarão o cumprimento dessa segunda premissa. Uma vez que o corpo principal de libertários aceite essas duas premissas no todo ou em parte, a terceira ficará aberta ao debate: “O que fomos capazes de forjar?” Este artigo é um vislumbre do futuro dessa tese — para onde ela levará se e quando for verificada. Ele foi escrito para um público seleto de libertários de vanguarda, altamente “conscientes do movimento”, que devem apreender os argumentos prontamente. Assim, quando a posição for apresentada, ordenada, sequencialmente e minuciosamente para a população em geral de libertários, ela já será antecipada por nossos leitores e eles estarão prontos para seu desdobramento tático. Se alguém seguir a dica do estrategista nisso, esse alguém está fazendo bem. O Crescimento da Consciência Libertária Os primeiros libertários mais primitivos tinham uma consciência excelente. Josiah Warren tentou criar uma comunidade anarquista separada, tanto para mostrar ao mundo quão bem a anarquia funcionava quanto para aproveitar os benefícios de viver na sociedade superior. Por causa da economia defeituosa dos primeiros individualistas, não foi uma melhoria suficiente em relação à sociedade externa e permaneceu inviável. Lysander Spooner apoiou a secessão para criar sociedades libertárias — a secessão dos escravos negros de proprietários brancos, dos brancos do sul de brancos do norte e da sociedade ocidental de cunhagem de prata dos bimetalistas orientais, dominantes em matéria de ouro. Como todos esses movimentos foram esmagados, não se saberá se as comunidades viáveis poderiam ter se separado. Mas é significativo que o próprio Spooner não tenha se separado. Samuel Edward Konkin III 75 Benjamin Tucker abandonou os pensamentos de viver seus valores anarquistas egoístas por um período, tornando-se um crítico social intrometido da sociedade externa e, finalmente, desistindo em desespero e se exilando na França. E com esse ato, o libertarianismo entrou em sua Idade das Trevas. Não é por acaso que Ayn Rand reviveu a moral libertária ao criar — pelo menos no papel — uma comunidade libertária viável na ravina de Galt. É claro, Mises teve que trabalhar a economia, Nock e Chodorov tiveram que manter vivos os insights anarco-individualistas (embora com profundo cinismo) para Rand os ressintetizar. Mas foi Rand quem escreveu um plano, fez os simpatizantes pensarem que poderia realmente funcionar, e o recrutamento disparou. Mesmo antes da separação da direita em 1969, os libertários tentaram viver suas ideias. Um dos projetos mais ambiciosos foi o Preform — uma tentativa de construir uma ravina de Galt em uma ilha artificial no Mar do Norte. O confisco do leito oceânico pelos estados vizinhos quebrou esse grupo, com o núcleo rígido tentando encontrar seu refúgio nos EUA, mas em áreas remotas (Vonulife). Sem um mercado viável e isolamento dos vonuers até mesmo da comunidade libertária, eles se autodestruíram. As buscas anarcosionistas pela prometida ravina continuam a atrair libertários esperançosos para os recifes de coral e antros de jogo do Caribe. Uma vez que esses novos princípios libertários básicosde mercado foram ignorados por esses projetos, eles falham. O que aconteceu em 1969 acrescentou o ingrediente necessário para tornar possível a sociedade libertária aqui e agora. E foi fornecido, ironicamente, por aqueles que são mais frequentemente acusados de fantasiamento escapista. O Fim do Movimento Libertário 76 A Separação da Cultura Libertária Em 1969, na época da cisão de St. Louis, uma cultura sem economia ou filosofia política encontrou um movimento político- econômico sem cultura ou consciência social. Na mesma cidade, no mesmo fim de semana, ocorreram a Convenção dos Jovens Americanos pela Liberdade e a Convenção Mundial de Ficção Científica — com considerável travessia de representantes para lá e para cá. Assim, o Libertarian Caucus chamou seu boletim de TANSTAAFL1 e descreveu o National Office dominado pelos tradicionalistas como “um mago mau”. Foi menos a introdução da FC2 como da fannishness que deu aos libertários uma autoconsciência e coesão rudimentares. E esse agrupamento autoconsciente se dividiu como uma ameba, para formar seu próprio “movimento”. Uma vez que um(a) jovem neófito(a) mergulhou no Movimento Libertário, ele ou ela descobriu que havia etapas progressivas pelas quais passar. Leu romances libertários de FC e objetivistas, ouviu palestras ou fitas deles, pegou a história do movimento e descobriu quem eram os Grandes Nomes, e entrou ou saiu de grupos, clubes, organizações e reuniões sociais. Tudo isso é um paralelo direto com um fandom de FC. E quanto mais “entrar” no Movimento, mais alienado se sentiria com a sociedade externa. Finalmente, a pressão aumentou para que libertários altamente comprometidos escolhessem — tornar-se libertários em tempo integral ou retornar a alguma forma de assimilação com a sociedade externa. A primeira escolha levou ao agorismo, a segunda à política, e a incapacidade de escolher — a tensão de não ver alternativa — levou aos Brown-outs. 1 There is no such thing as free lunch – Não existe essa tal coisa de almoço grátis. 2 Ficção Científica Samuel Edward Konkin III 77 Esses fenômenos merecem — e receberão — uma escrita separada. Estamos, como eu disse, olhando para as consequências da análise, não para a análise em si. O que falta ainda para deduzir a conclusão é definir do que estamos falando. O Significado de Movimento Libertário Muitos libertários rejeitam a própria ideia de serem agrupados em um coletivo. Alguns libertários perfeitamente consistentes e radicais rejeitam até mesmo o rótulo de libertários por causa do medo de serem associados a outros com quem têm pequenas diferenças. Claro que eles podem escolher ser eremitas e podem negar todas as suas ideias para que não possam ser rotulados (exceto como “anti- ideia” — não há como escapar dos rótulos a não ser destruindo a linguagem). Por outro lado, poucos libertários hesitariam em ser “membros (aflitos) da sociedade” aflita. E a sociedade é reconhecida como um conceito plural nos tempos modernos: sociedade americana, sociedade soviética, etc. Alguns falam de sociedade judaica dentro da sociedade europeia, ou sociedade parse dentro da sociedade indiana, e assim por diante. O que define uma sociedade requer muito mais espaço, por isso será deixado para artigos subsequentes. Basta dizer aqui que implica ideias culturais e filosóficas semelhantes (não necessariamente étnicas) e, acima de tudo, a consciência dos indivíduos sociais a que eles pertencem. Com isso em mente, vamos abordar o conceito de “movimento”. Todos os “movimentos” têm um objetivo — transformar a sociedade em que vivem. Quando o fizerem, será uma nova sociedade. A maioria dos movimentos afirma isso explicitamente. Os libertários são os únicos que não tentarão forçar uma mudança completa na sociedade em que estão. Eles deixarão em paz alguns que livremente (e perversamente) optam por rejeitar a O Fim do Movimento Libertário 78 participação na sociedade libertária. Esse, então, é o grande passo na minha lógica. Uma sociedade libertária, exceto pelo mais improvável acidente, coexistirá com sociedades não libertárias. Mas espere — se isso for verdade, onde traçamos a linha? Quantas pessoas o Movimento Libertário precisa alcançar para criar a Sociedade Libertária? 10.000? 100.000? Um milhão? Cem milhões? Os números parses são cerca de cem mil; a maior sociedade coerente (sem contar o domínio sobre sociedades menores) na União Soviética é inferior a cem milhões. Por esses limites, o movimento libertário já ultrapassou o limite inferior! Mas se o Movimento Libertário criou uma Sociedade Libertária, então teve sucesso. Chegou ao seu fim. Está… finalizado. O Fim do Movimento Libertário As implicações da análise esboçada acima começam a chegar em casa. A tarefa final do movimento libertário é completar a conscientização daqueles que se identificam como libertários para pensarem em si mesmos como uma sociedade separada e real. Pelo contrário, essa é a penúltima tarefa. Pois quando essa tarefa for cumprida, o próprio muro de consciência do Movimento Libertário será levantado e ele terá que destruir quaisquer interesses adquiridos, instituições incrustadas e fé equivocada que adquiriu — e precisa destruir a si mesmo. A lógica é inescapável, embora surpreendente. O leitor é convidado a reler este artigo e traçar os passos, e iniciar o debate nas premissas. Como prometido, mais artigos serão publicados nas revistas Movement e NLW — A Primeira Revista Semanal da Nova Sociedade Libertária! 79 A Anarcovila Global Southern Libertarian Review - Vol. II, N° 9 Publicado em 1 de Junho de 1976 Muitas vezes você já ouviu de Seu Amigável Anarcocolunista da Vizinhança (SAAV) a necessidade da ContraEconomia, e de SAAV e outros de seus perigos e riscos inerentes. Desta vez eu vou injetar em você um pouco de sua alegria. Essa anedota é verdadeira, embora eu tenha mexido e omitido um pouco dela por razões de “segurança”. E começa na ContraEconomia. Esta é a Cidade, Los Angeles, Califórnia. Eu trabalho aqui. Eu sou um anarquista. (Preencha com sua própria música.) Domingo, 10 da manhã, eu estava trabalhando em uma brincadeira de “consultor independente” para meu anarco-amigo Leon. Nosso prazo estava se aproximando rapidamente, e nós dois esperávamos que um domingo cheio nos trouxesse de volta ao cronograma. Cheguei cedo e estava produzindo produtividade comercializável. De repente, eu estava sob ataque. Dor. Excruciante. Crescente. Eu tive que parar. Não, não foi o estado desta vez (embora, em última análise, eu suponho, alguém poderia encontrá-lo envolvido em algum lugar!). Não, era aquela velha dor de dente. Ó juventude desperdiçada! Visões de confeites dançavam maliciosamente na minha cabeça, e meu dente batia no ritmo dessa batida selvagem. Claro, o bom anarco-amigo Leon estava preocupado com o meu bem-estar. (Lá se vai o prazo, ele estava pensando.) Então ligamos para L.A. para encontrar um dentista. Em um domingo. A Anarcovila Global 80 Nada. Ligamos em tudo que é lugar. Nada. Com a fé no mercado vacilante, atendemos a uma sugestão de um dos serviços de atendimento de um cara que disse que viria de Glendale, mas isso me custaria… Fomos informados de que a Universidade da Califórnia em Los Angeles e a Universidade do Sul da Califórnia mantinha dentistas de emergência. A UCLA é completamente estatista, então fomos para a USC (que também era muito mais próxima). Leon me deixou e eu perambulei pelos corredores dos doentes, mutilados e hipocondríacos. Diante de tais sofrimentos, me mantive simpático. Metade dos burocratas nunca ouviu falar de dentistas lá, e os doutores (pelo menos usavam jaleco branco, etc.) ficavam apontando novos burocratas. Alguma secretária que aparentava eficiência me disse bruscamente que o dentista não estava lá, que era ummito, e que parasse de desperdiçar meu tempo. Eu o fiz. Fazia meses que não chovia (o que considero chuva) em Los Angeles. Nesse dia estava chuviscando sem parar. Peguei um ônibus de volta para o Leon, ligando para ele durante uma transferência. Ele concordou em ligar para a UCLA. A UCLA confirmou que seu dentista era igualmente mitológico. Agora folheávamos as páginas amarelas, ligando para alguns que anunciavam corajosamente que estavam abertos até tarde e nos fins de semana para emergências. Acho que a bola de cristal deles disse a eles que não haveria nenhum cliente neste domingo. Eles estavam fora. Vejo você na segunda-feira de manhã. Leon, preocupado com o tempo perdido, comprou um paliativo. Eu obedientemente, mas com ceticismo, espalhei benzocaína por toda a área dolorida. Ele jurou que funcionaria e que ele tinha visto pessoalmente funcionar em alguém que havia trabalhado para ele recentemente. Samuel Edward Konkin III 81 Não funcionou. Nada mais estava funcionando. Incluindo eu. “Não tem mais ninguém?” Eu perguntei, resignando-me a uma noite sem dormir, um prazo perdido e a temida antecipação de uma visita ao dentista. (Sim, eu tenho um medo irracional, adorador de caprichos, totalmente infantil, mas um medo paranoico de dentistas.) Ele discou uma última vez, um anúncio que lhe parecia um pouco duvidoso, aberto das 8h às 23h. 7 dias. Parecia muito pouco profissional. Ele não era recomendado pela Sociedade Odontológica da Califórnia, que havia recomendado vários jogadores de golfe anteriormente. “Sim”, disse a voz feminina de mascar chiclete, “o médico vai vê-la na casa dele, mas ele quer que eu diga com antecedência que são 30 dólares.” Certo. Leon me levou para Hollywood, fazendo comentários sobre o bairro relativamente pobre, e que tipo de dentista seria desesperado o suficiente para atender um paciente em uma noite de domingo. Eu sugeri que ele poderia ser um viciado e precisava do pão. Chegamos a uma casa de fachada falsa, a porta foi aberta por controle remoto e “Dr. Jack” nos deixou entrar, para uma casa, um quintal e uma garagem conectada nos fundos. Devíamos ir direto para os fundos. Por todas as paredes havia cartazes denunciando as más qualidades da comida. Folhetos denunciavam a Coca-Cola como veneno e o sorvete como putrefação açucarada. Leon, sendo um californiano nativo, não ficou muito chateado, mas eu gemi. Uma pessoa que segue tendências passageiras em comida. Doc Jack entrou, me fez sentar, olhou na minha boca e enfiou a agulha que nunca será suficientemente maldita. A dor diminuiu. Ele me A Anarcovila Global 82 deu um cartão para preencher e conversou brevemente com Leon sobre literatura. Ele disse que o dente poderia ser salvo por algo chamado terapia de canal radicular. Eu disse que não poderia me importar menos, tenho muitos dentes, mas você é o médico. Apenas mate a dor para sempre. (Acho que estou revelando a profundidade da minha dicotomia mente- corpo aqui. Ah, bem, qualquer coisa por uma história melhor.) Ele tinha uma pilha de diplomas, notei, e Leon comentou que a USC tinha uma boa reputação. Mencionei, enquanto preenchia o cartão, que a Sociedade Odontológica da Califórnia não ajudou em nada a encontrá-lo. Ele disse que desistiu há vários anos. Excelente. Ele olhou em “empregador” onde eu havia escrito “Novas Empresas Libertárias”. “O que há de novo nisso?” ele perguntou. Este charlatão, prestes a massacrar minha única boca, está me questionando? OK. Eu vou agradá-lo. Talvez ele ainda se lembre o suficiente de seu treinamento para me deixar passar. “O que você faz?” ele persistiu. “Trabalho como consultor independente. Estou vestido aqui do Canadá em um trabalho (CENSURADO PELO AUTOR).” Acrescentei desajeitadamente: “É para fins fiscais”. Ele então disse: “Você já ouviu falar do Free Enterprise Institute?” Ah, não, pensei, não me diga que ele gosta de libertários? Ele realmente ouviu falar de nós! “Uh, essa é a organização de Andrew J. Galambos, certo?” Samuel Edward Konkin III 83 “Sim”, ele disse, “eu fiz seis anos de cursos antes de me separar dele, três anos atrás.” Puta anarcomerda! Um anarcodentista! Eu estava tendo meu dente consertado na sempre amorosa ContraEconomia. Então Leon versou com Jack sobre Galambos, enquanto minha boca anestesiada estava estranhamente silenciosa. Doc Jack nos disse que não pagava impostos há quatro ou cinco anos. Considerando que ele recebeu $140 a mais de mim por menos de meia hora de “terapia do canal radicular”, ele é um bom exemplo para todos nós. Ele nos deu um breve ataque sobre o quão softcore a Sociedade Odontológica era em odontologia preventiva (em oposição a restauradora), e eu lhe dei um NLW1 e ele xerocou o BOLETIM LIBERTARIAN SUPPER CLUB que eu estava carregando. Então isso explicava por que ele estava trabalhando aos domingos; ele acreditava no Mercado. Com a fé e a saúde restauradas, saí para voltar ao trabalho. Mas isso me fez pensar. Da próxima vez que algum libertário precisar de mim no mercado, estarei disponível? (Eu fiz uma semana sólida de horas extras e, a propósito, conseguimos tudo. Final feliz.) E você? 1 New Libertarian Weekly 84 Anarco-Feitiçaria Southern Libertarian Review Publicado em 1 de Abril de 1978 “Escolha um anti, qualquer anti.” Isso poderia ser considerado o equivalente libertário de um truque de cartas. No truque de mágica, o objetivo é fazer com que um membro da plateia escolha a carta que você quer, ao mesmo tempo que o deixa escolher qualquer uma que ele quiser. O libertário que tente conseguir um convertido — ou pelo menos um pouco de atenção — pode utilizar seu baralho do mesmo modo. Qual é o truque? O mágico de palco te pede para escolher uma carta, qualquer carta, mas do seu baralho. E o adepto libertário pergunta o mesmo: selecione uma posição “anti” do baralho das Questões Políticas. Então, se o “membro da audiência” diz que é anti-sopa-de- tomate, ou anti-escovar os dentes quatro vezes por dia, o libertário apenas dá de ombros e diz: “Laissez faire”! E então você lembra do fato de que ele deveria escolher uma carta do baralho, e seleciona um “anti” das questões políticas. Anti-busing? Mesmo o libertário mais retardado poderia demonstrar que o estado é responsável pelos ônibus escolares públicos para expiar os pecados da segregação visitados na sétima geração. Antiarmas? Bem, isso pode incomodar alguns libertários malucos por armas, mas o truque, garanto-vos, funciona sempre. Se o seu oponente lhe atirar uma curvada, inverta a sua posição para o apanhar. Experimente isto: Samuel Edward Konkin III 85 “Tenho a certeza de que concordará que não podemos nos livrar de todas as armas pela força. Afinal de contas, quem é que se livrará das armas que estão na mão daqueles que estão a forçar todos os outros a não as ter?” Mas na verdade, há de fato muito mais armas do que as pessoas produziriam livremente se tivessem o seu caminho. E sabe quem tem mais armas — para serem usadas tanto para fins ofensivos como defensivos — para não mencionar gás, aviões, bombas de nêutrons, lasers assassinos, mísseis, tanques e assim por diante?” Desnecessário será dizer que o público está de novo a enfrentar o estado como o obstáculo à satisfação das suas anti-dades. A mesma “posição inversa” pode ser usada quer lhe seja dado anti-sexismo ou anti-feminismo, antipoluição ou antiecologia, antiguerra ou anti-(razão da guerra). Anti-imposto? Você deve ser um cara de sorte para ter alguém assim em sua plateia. Agora, se sou realmente um mágico libertário assim tão bom, deveria ser capaz de frustrar o meu próprio truque. Suponhamos que eu entrei numa sala de estar onde um alegado libertário, tendo apenas lido a primeira metade deste artigo, está a impressionar os convidados com o meu estratagema.Ele é uma espécie de divergentista, por isso assumam que estou aborrecido. Ele decide esfregar as mãos olhando para mim, pedindo-me que caia no meu gambito. “Escolhe um anti, qualquer …”. “Antirrevogação.” Mais do que provável, esse desviante é um anarco-democrata (termo educado para libertários de processos políticos que vão desde os Roycianos fofinhos até aos partidarquistas cuspidores de fogo). Se há uma coisa em que todos os anarco-democratas acreditam, um denominador comum para qualquer libertário que seja o menos brando Anarco-Feitiçaria 86 na política, é o apoio à revogação. Revogação de leis, revogação de impostos, revogação de regulamentos, revogação de cargos (impeachment) — que libertário poderia ser contra isso? Apanhei-o! Mas talvez essa pessoa tenha lido dois terços do caminho através deste artigo e estivesse à espera disso. Suponha, diabolicamente, que ele o atira, de volta a mim, assim: “Digamos, não é você o tipo que inventou esse truque? Sim, é isso mesmo. OK, por que não mostra a nós todos como responder a isso?” Como eu disse, um bom mágico libertário deveria ser capaz de frustrar o seu próprio truque. Um grande feiticeiro libertário deveria ser capaz de contra-atacar X quando essa for usada sobre ele. Por isso, eu responderia assim: “‘Revogar’ significa ‘decretar legislação que retire ou anule outra legislação’. Ou seja, os apoiantes de uma revogação dividem-se em dois grupos: aqueles que ganham com o processamento político posterior e aqueles que apenas querem tirar outra lei das suas costas. Mas muitas, se não a maioria, das leis são vistas como afetando apenas um pequeno grupo de interesse numa sociedade estatal; por conseguinte, para utilizar o processo político para tirar a lei em questão das suas costas, o último grupo precisa dedicar recursos para persuadir os menos preocupados a se auto-organizarem. O primeiro grupo — políticos e seus chacais — lucra ao alocar os recursos e consumir muito. A alternativa é que o último grupo (as vítimas são um bom nome) dedique quaisquer recursos de que disponha para a luta de se proteger ou defender enquanto ignora a lei. Repentinamente, a equação muda. Samuel Edward Konkin III 87 Agora, o peso morto dos despreocupados tem de ser agitado para ganhar recursos e consentir na aplicação dos abolicionistas da lei (contraeconomistas). Finalmente, uma coligação de grupos de revogação, procurando a revogação de várias leis, tem dificuldade em ver o inimigo comum (o estado) e, em vez disso, vê-se a competir pelas mesmas pessoas, pelo mesmo dinheiro, pelo mesmo tempo para a sua revogação particular. Em forte contraste, cada contraeconomista é solidário com todos os outros. ‘O Homem’ é inimigo tanto do contrabandista como da prostituta, do traficante e do bicheiro de rua. Depurar é o crime supremo. A revogação, portanto, perpetua o estado, e mesmo onde ela passa, deixa 99 e 44/100 da opressão e pilhagem. A ação direta da ContraEconomia consome capital apenas para o fim específico desejado, e nunca poderá ser utilizada para sustentar o estado. Cada ato contraeconômico toma do homem do imposto e do regulador, e arrebita o nariz à sua autoridade. E é por isso que os libertários também são Antirrevogação.” E é assim que o truque é feito. Alguns podem o chamar de feitiçaria; eu o chamo de consistência. Para um anti? Ora, você é libertário! Presto! 88 Apertando os Botões The Voluntaryist - Vol. 3, N° 5 Publicado em 1 de Agosto de 1985 Carl Watner parece citar com aprovação Robert LeFevre em contraste com Leonard Read sobre apertar um botão hipotético que acabaria com todos os controles de preços imediatamente. Eu me deparei com uma versão disso quando Murray Rothbard declarou, na Conferência Libertária de 1969 no Hotel Diplomat da Cidade de Nova York, que se lhe oferecessem um botão que eliminasse o aparato do estado no local, ele “aqueceria seu dedo empurrando o botão”. O desafio ousado foi lançado, assim, não apenas para LeFevre, mas para Read. Há dois problemas com a dicotomia apresentada: primeiro, a própria oposição das duas premissas; segundo, a interpretação das hipóteses envolvidas e suas consequências. É muito menos óbvio para mim do que para LeFevre que é preciso, para usar seu termo, abdicar da Abdicação (do poder do estado) para apertar esse botão mágico. Nem Read nem Rothbard se preocuparam em conjecturar como surgiu tal botão. Suponha que um grupo de agoristas de alguma forma conseguiu comprar todo o tempo de rede e da televisão a cabo em uma determinada hora do dia e gastou fundos de publicidade consideráveis para induzir a maioria da população a assistir. Você é colocado diante do botão que rodará a fita de vídeo de um Grabber produzido por George Lucas, que prende o público ao seu assento e faz com que a maioria ouça um novo e aprimorado discurso de John Galt. Ao ouvir as palavras e absorver os visuais, um número suficiente de pessoas deixa seus empregos estatais, se recusa a obedecer às regulamentações e a pagar impostos, e possivelmente defende seus vizinhos caso sejam assediados pelos Samuel Edward Konkin III 89 poucos bandidos do estado restantes. (Os pacifistas podem abandonar a consequência final.) Os agoristas realizaram o arranjo sem violar os direitos de ninguém. A situação é altamente especulativa e, infelizmente, bastante improvável, mas definitivamente possível. Agora temos um caminho razoável para a hipótese de Read aprimorada por Rothbard. Robert LeFevre não apertaria esse botão? Se pelo menos um caso puder ser desenhado em que o Aperto de Botão vs Abdicação não estejam em oposição, então a dicotomia falha. Aqueles que são incapazes de construir outros carecem de imaginação. Agora vamos lidar explicitamente com a interpretação. Suponha que me ofereçam dois botões. Um botão realizará o fim acima com os meios especificados. O outro botão estava ligado à “linha direta” da Casa Branca e sinalizaria minha aceitação da presidência: em apuros desesperados, enquanto o estado está em colapso rapidamente devido à atividade contraeconômica massiva, o Executivo moribundo e o Congresso restante me oferecem poder total (porque parece que sei o que diabos está acontecendo) para salvar a situação da melhor maneira que posso. Estou tão convencido quanto poderia estar de que eles estão dispostos a agarrar qualquer coisa e aceitarão pelo menos meus decretos iniciais. Na verdade, devido à sua experiência com os economistas reformistas de Friedman, eles até esperam que a maioria dos meus ditames envolva a abolição de grandes pedaços do estado, esperançosamente (para eles) salvando alguma coisa. Configurado dessa forma, ainda é muito fácil seguir o caminho moral. Tenho até certeza de que Murray Rothbard apertaria o Botão Um. Então, vamos adicionar mais uma condição para obter um pouco de realismo. Não sabemos como qualquer um dos grupos reagirá. Na verdade, suspeitamos que ainda não fizemos um trabalho preparatório suficiente Apertando os Botões 90 e a população pode gostar do show, mas há uma boa chance de que eles não estejam prontos para o resto do caminho. E se apertarmos o Botão Um, perdemos nossa chance de chegar ao Botão Dois, pois os agentes do estado em mãos reportarão imediatamente nossa “traição”. Por alguma razão, parecemos ter mais certeza de que os estatistas estão em apuros o suficiente para manterem suas promessas desta vez. Agora, qual devemos pressionar? Eu não posso falar por todos os voluntários, mas certamente espero que cada Agorista aqueceria o dedo dele ou dela junto comigo apertando o botão para a Senhora da Liberdade e não para o Tigre do Estatismo. Aperte o botão e abdique. 91 Nosso Inimigo, O Partido Introdução à Edição de 1987 Quando este panfleto foi escrito pela primeira vez, o Partido “Libertário” atingiu o picode aceitação dos eleitores. Recebeu 5% dos votos para governador nas eleições de 1978 na Califórnia e havia grandes esperanças no PL de que o candidato se saísse bem na eleição presidencial nacional de 1980. Ele ficou aquém de 1%; em 1984 o candidato presidencial do PL despencou e as fileiras dos partidarquistas estão atualmente em desânimo. Para o objetivo de impedir seu retorno dos mortos, ou seja, de enfiar uma estaca no coração do PL, este panfleto foi reeditado. Introdução à Edição de 1980 Em 1935, o proto-libertário Albert J. Nock escreveu sua análise seminal da natureza do governo e da sociedade: Nosso Inimigo, O estado. Durante a Idade das Trevas do Libertarianismo (entre a queda de Benjamin Tucker [1908] e a ascensão de Murray Rothbard [1965- 70], os principais pensadores libertários alertaram os que buscam a liberdade contra a participação no processo político, isto é, contra a busca de votos. Nock, seu discípulo Frank Chodorov, H.L. Mencken, Isabel Patterson, Rose Wilder Lane, Leonard Read e Robert LeFevre todos procuraram esclarecer, instruir e possivelmente soar o alarme. Chodorov e LeFevre foram ambos importantes instrumentos ao organizar ativistas libertários — Intercollegiate Society of Individualists (ISI) de Chodorov na década de 1950 e Libertarian Alliance de LeFevre na década de 1960. Todos advertiram contra o apoio a qualquer político sob quaisquer circunstâncias. Nosso Inimigo, O Partido 92 Agora, em 1980, a praga do libertarianismo político, aquele oximoro absurdo baseado na abolição do governo pelo estado, mas aceitando o governo de um partido político – o partidarquismo – chegou ao auge. Nosso principal pensador e ensaísta atual admite que toda atividade partidarquista até hoje foi apenas engano e fracasso. Mas ainda assim o conceito continua vivo. Essa “heresia” autodestrutiva provavelmente perdurará até que o estado seja finalmente abolido da mente do homem, mas pode ser reduzido a uma minoria insignificante sem influência no futuro imediato através de ativismo vigoroso e refutação. Para este fim, para nos poupar de mais vinte anos na Idade das Trevas para a Liberdade, este panfleto foi escrito. Nosso Inimigo, O Estado Para aqueles que ainda perseguem a utopia desesperada do governo “limitado” (minarquia), há pouco de substância a ser dito. Em poucas palavras, o estado é a monopolização da coerção – violência iniciática. Quaisquer atos defensivos são incidentais à sua essência. Para um libertário, tal coerção é a única imoralidade social. (A imoralidade pessoal é o problema do indivíduo.) Portanto, o estado é a monopolização institucional da imoralidade, maldade, altruísmo, irracionalidade e/ou o que quer que você critique em seu sistema de crenças. Tendo chegado até aqui, deve-se perguntar se alguém está amaldiçoado em obedecer a esse monstro até que ele aceite se limitar e se abolir, permanecendo em cumplicidade com sua pilhagem e assassinato (tributação e guerra), ou se deve romper com ele imediatamente (cuidando de suas ameaças óbvias à vida) e daí em diante viver apátridamente. O gradualista, o conservador, o “anarquista filosófico” faz a primeira escolha; o resto seleciona o curso moral. Mas ainda outra escolha deve enfrentar o suposto libertário consistente: tendo escolhido o abolicionismo ao invés do gradualismo, deve-se Samuel Edward Konkin III 93 escolher o mecanismo pelo qual se obtém a sociedade livre. Deve ser o meio político ou o meio econômico — Poder ou Mercado? O Caso pela Consistência Podem os meios inconsistentes com um fim atingir esse fim? A violência pode obter a paz, a escravidão pode obter a liberdade, a pilhagem pode proteger contra o roubo? O estatista que busca a guerra, o recrutamento e a tributação responde que sim. O libertário responde que não. Então, por que um anarquista abolicionista buscará meios políticos para abolir o processo político? O fim do libertário é uma sociedade voluntária onde o mercado substituiu o governo, onde a economia funciona sem política. A finalidade da política é a manutenção, a extensão e o controle do estado — poder. O mercado não está no caminho para o poder, mas no caminho para longe. Consistência para um libertário significa não uma abstração flutuante de filosofia não contraditória, mas uma consistência da teoria com a realidade, da ideologia e da prática, do que deve ser e do que é feito. O cumprimento das leis e dos procedimentos é necessário para a rota política; a psicologia de uma pessoa torna-se sintonizada com o parlamentarismo, procedimento e compromisso, coalizões e traições, falsa apreciação e deslealdade, exaltação pela aprovação efêmera dos outros em vez de suas próprias realizações. Assim, fica-se condicionado aquele que busca viver com sucesso no estado. Perseguindo a anarquia de mercado diretamente por meio da ContraEconomia, a psicologia de uma pessoa se torna sintonizada com cálculos de oferta e demanda, tomada de risco, comércio com aqueles de interesse próprio semelhante — portanto, inerentemente confiável, à habilidade de vendas e ao entusiasmo pela realização pessoal (lucro) e os sentimentos negativos autocorretivos que acompanham a perda. Assim, alguém se auto programa para viver com sucesso — em um mercado. Nosso Inimigo, O Partido 94 O libertário consistente, ou contraeconômico — agorista — não sofre nenhuma das frustrações decorrentes das autocontradições do libertário político — partidarquista. O estado perde por cada livre transação cometida em desafio ou evasão às suas leis, regulamentos e impostos; o estado ganha por cada cumprimento, aceitação e pagamento às suas instituições. Assim, de fato o agorismo cria anarquia e a partiarquia preserva o estado. Nosso Inimigo, O Partido Qualquer partido “libertário” é imoral, inconsistente, a-histórico (veja relatos revisionistas de partidos semelhantes no passado: os Radicais Filosóficos, o Partido da Liberdade, os Solos Livres e muitos outros), psicologicamente frustrante e completamente contraproducente. Pior de tudo, tal PL pode ser o salvador do estado. Suponha, como é o caso em 1980, que a maioria dos cidadãos elegíveis a voto (nos EUA, como acontece) está prestes a não votar. E à medida que a ContraEconomia cresce e a sanção do estado retrocede, o monstro faminto de impostos oscila com a deserção de seus fiscais não pagos e, portanto, o colapso final. O Círculo Superior do estado pode perder seu poder, privilégio e séculos de ganhos ilícitos. Quando de repente o P”L” salta para o resgate. Aqueles que mandariam o coletor de impostos embora agora pagam para manter seu privilégio de voto e seu registro limpo para concorrer a um cargo. Aqueles que violam as leis e evadem os regulamentos agora mantêm o sistema para acabar com isso em um momento posterior e mais conveniente. E aqueles que se esquivam ou se defendem dos fiscais do estado “aceitam o resultado de uma eleição democrática”. Considere o destino de uma agorista heroica que, em um momento anterior de confiança de “companheiros libertários” incautamente falou de suas atividades para serem usadas como exemplo Samuel Edward Konkin III 95 para outros, é entregue por seu mercanteamento negro por um libertário que sente que “a hora não é adequada para a revolução.” Ela é presa por libertários trabalhando no sistema para reformá-lo — como polícia. Ela é encarcerada… por um libertário trabalhando no sistema para reformá-lo — como um carcereiro. Ela é julgada… por um libertário trabalhando no sistema — como juiz. E ela é executada… por um libertário trabalhando no sistema para reformá-lo — como um carrasco. Assim termina a partidarquia em sua conclusão lógica. O Papel do Ativismo O agorista – libertário consistente – tem muitas alternativas para perder tempo ajudando a preservar o estado e seu sistema através da política.Sem dúvida, há recompensas para alguns (embora não para todos) pois o caminho político em que a Elite do Poder jorra recompensas naqueles que cooptam com mais sucesso a oposição e aproveitam o fervor revolucionário para manter pelo menos parte do estado e seus privilégios. Mas o agorista pode ser amplamente recompensado na ContraEconomia tanto no sentido material quanto no pessoal pelas atividades empreendedoras. E há um papel vital para os ativistas agoristas – para essa cadre muito aclamada. Existem dezenas de milhões de contraeconomistas na América do Norte, e ainda mais no mundo em geral. Poucos entendem ou sequer ouviram falar de uma filosofia de vida consistente, moral e que libertaria esses verdadeiros mercantes da culpa residual imposta a eles pelos intelectuais da corte. Ilumine e interligue esses milhões e teremos uma sociedade plenamente consciente, eficaz e em expansão, embutida na estatista defeituosa, desmoronando por causa de guerras, terrorismo, inflação descontrolada e burocracia estupidificante. E logo essa será a sociedade. Esse é o objetivo da cadre agorista revolucionária de praticantes contraeconômicos e teóricos libertários. E o Movimento da Esquerda Nosso Inimigo, O Partido 96 Libertária está trabalhando para construir essa aliança. Junte-se a nós. Ou busque a sociedade livre à sua própria e consistente maneira. Mas não dê nenhuma ajuda ao Nosso Inimigo, O Partido. 97 Taticamente Falando Tactics of the MLL Vol. IV, Número 4 1 de Março de 1988 Por Que Lutamos? Uma recepção calorosa ao nosso novo membro, Terry von Mitchell, antigo Diretor Nacional do Libertarian Party. O entusiasmo de Terry em construir uma célula nos fundos do arquipartidarquista Mike Holmes merece um suporte extra, e a célula da Anarcovila está enviando "munição intelectual" para os "Contra"- Partidarquistas do Texas. Esta nova atividade, combinada com o próximo recrutamento estudantil (veja a próxima edição) me motivou a assumir duas tarefas necessárias já há muito tempo. Um é um manual de Táticas Libertárias de Esquerda, uma lista com breves descrições de todas as táticas vencedoras possíveis para libertários morais desejosos de vencer o estado, isto é, tudo exceto votar e correr para se unir ao estado. Esse manual, provavelmente chamado Táticas Libertárias, vai estar disponível através de um formulário no SNLA#3 e estará na sua caixa de correio em aproximadamente dois meses. (Nota: SNLA#3 vai chegar a todos os membros da MLL automaticamente, como já chega a TMLL. Táticas Libertárias, como o primeiro whitepaper da MLL no ano passado, vai apenas para aqueles ativistas que a requisitarem. Não podemos desperdiçar recursos com pessoas passivas para pagar ou até mesmo passivas para se mexerem e protestarem que deveriam receber de graça). O outro desafio de longa data é responder ao desafio da nossa oposição de esquerda. "Por que vocês (i.e., MLL) lutam no terreno político se vocês são antipolíticos (como nós)?" Até mesmo alguns Taticamente Falando 98 partidarquistas Rothbardianos adquiriram o mínimo de inteligência para entender a importância daquele desafio e seu dano potencial a nossas fileiras caso isso não seja respondido. A questão implica que, enquanto nós podemos ser bem-sucedidos no mercado amplo fora do processo político (e realmente, nós provamos que somos), onde o LP é inerentemente deficiente, nós não podemos vencer no terreno político. Isto é, por sua própria natureza, o Partido Político Especializado em Cooptar Antiestatistas para o Mecanismo Estatal (LP para abreviar) é otimizado para vencer qualquer batalha dentro do processo político - parte do aparato estatal. Assim, já que não podemos vencer essa batalha, por que desperdiçamos recurso nela afinal? Por que lutamos? Com o sério “porém” de que ação "política" é um termo muito ambíguo para se limitar a atividades dentro do estado, reivindicações evasivas de que nossa facção não pode vencer a batalha no terreno político é correta. Mas, como provamos em 1974 em nossa saída à beira da vitória no FLP de Nova York, nós não temos nenhum desejo de ganhar a luta pelo poder estatal. Nós lutamos é para quebrar o domínio do misticismo político sobre a mente dos indivíduos e recrutar aqueles que são tão livres que querem se juntar a ContraEconomia e reforçar nossas fileiras no campo de batalha - como Terry von Mitchell. Para uma imagem mnemônica, imagine nossas tropas no Planalto Elevado da política. Nós somos expostos ao fogo inimigo, aos grandes bombardeiros da mídia do estado jogando Big Berthas de marginalização, suas metralhadoras nos metralhando com o ridículo. Mas nossos pequenos flashes de tiros de contra-ataque são identificados por aqueles na guarda-avançada do exército inimigo (o LP), alguns devolvem tiros, alguns fogem, e alguns desertam para nós. O quanto menos demorarmos para mostrar o portão brilhante ainda oculto para os olhos deles (ocultos pelo estatismo), o portão da entrada para a ContraEconomia, onde eles poderiam recuar em relativa Samuel Edward Konkin III 99 segurança, se recuperar e prosperar, e então aumentar a Ágora, mais rápido eles poderão escolher retornar para nos reforçar, ficar ombro a ombro conosco para resistir a outro avanço dos seus antigos aliados, e então levá-los para o caminho do agorismo também. Nós vamos vencer quando a ContraEconomia engolir a economia, o parasita estatista não tiver mais hospedeiros, e for destruído no último espasmo contrarrevolucionário. O terreno político - no qual nós admitimos que não podemos vencer - terá implodido, deixando suas últimas fileiras completamente indefesas dentro da bem- defendida Ágora, sendo necessário apenas uma pequena limpeza para se abrir as primeiras agências de proteção e a última cadre agorista revolucionária. Finalmente, nós lutamos porque não podemos esperar por aquele dia; cada dia postergado adiciona dezenas de milhões de vítimas ao holocausto em andamento do estado. Então nós Agimos! pela Anarquia e pela Ágora. E é por isso Que Nós Lutamos. – SEK3 100 Estratégia Continental NLA – SEK3 Bem-vindo ao primeiro jornal teórico do Novo Libertarianismo. Houve várias tentativas de publicar um jornal de teoria libertária – o mais conhecido sendo o Libertarian Analysis – e nenhum deles sobreviveu. Há muitas publicações hoje que salvam carreiras acadêmicas, ou que são economia explicada de modo fácil para novatos, ou publicações de interesse geral, ocasionalmente perceptivas e penetrantes, mas permanecem sendo primariamente entretenimento. Tudo isso serve propósitos de mercado, ou elas não existiriam. O libertarianismo é, talvez, muito diverso e pluralista para produzir os tipos de jornais que são abundantes na Esquerda e na Direita com uma estrutura teórica completamente especificada, ajustando conforme a experiência empírica garante, mas principalmente analisando eventos e ideologias concorrentes para mapear uma estratégia para o ativista, para a Cadre, para os membros da célula, ou para o empreendedor. O libertarianismo diz muito pouco (mas de forma correta) sobre coisas demais. Ele define quem é aceito na sociedade (e quem não é) mas não quem está construindo essa sociedade e quem efetivamente a opõe. O Novo Libertarianismo aplica uma lente, estreitando, e até mesmo distorcendo, para antecipar a crítica, mas focando. E muitos ativistas libertários sentiram essa necessidade de foco nos anos recentes e sentiram a atração a falsos caminhos que eles sabem que não levará à Liberdade, mas ao Poder – que apesar disso ainda provê foco e direção. O Manifesto do Novo Libertário foi o primeiro documento que toma o libertarianismo como dado e desenvolve a estratégia que daí se afirma, derivada das implicações e insights do libertarianismo. Como tal ele continha a fraqueza de não ter exemplos anteriorese falhos sobre os quais se edificar e se refinar. Samuel Edward Konkin III 101 Com isso em mente, o Nucleus da Aliança dos Novos Libertários pediu por críticas vindas dos grandes polos do pensamento libertários, esperando que o fogo cruzado arrancasse os erros e sacudisse a estrutura. Os polos, como o autor vê, são mais habilmente representados por Murray Rothbard, Robert LeFevre, Roy Childs, Robert Poole, “Filthy Pierre” (da Libertarian Connection) ou Erwin S. Strauss, e Andrew J. Galambos. Todos esses são polos ou núcleos de órbitas de pensamento e são geralmente aceitos como bastante distintos. Galambos se recusa a dialogar com qualquer outro no movimento, então não foi surpresa receber seu não-reconhecimento. Significantemente, essa é a apropriada resposta Galambosiana e assim a temos. Childs, o intelectual da corte da facção de anarcocentristas cujo dono é Charles Koch, recusou-se a responder diretamente, mas devolveu murmúrios obscuros de segunda-mão de uma desconsideração ainda não esquecida que ele recebeu do autor do NLM anos atrás na New Libertarian Weekly. Essa colocação da personalidade por sobre os princípio é, então, a resposta do “Kochtopus”, e é aceita como sua apta resposta ao NLM. Poole em verdade respondeu a um convite para criticar o NLM e disse que ele encontraria alguém no escritório que poderia querer fazer isso. A burocracia da Reason falhou em vomitar qualquer coisa até a hora da publicação (depois de um aviso de vários meses), e, supõe-se, essa é a resposta apropriada deles ao NLM. Felizmente, o “topo do Movimento” respondeu. Murray N. Rothbard provou novamente que ele nunca está elevado demais para rebaixar a discussão de princípios, nem, como ele indicou em sua primeira nota de rodapé, deixaria afrontas pessoais o deterem. O mesmo espírito e nobreza ideológica é repetível a Robert LeFevre, Filthy Pierre, como o próprio autor, tem uma boa mentalidade de fandom sobre “zuar” outras publicações. Estratégia Continental NLA – SEK3 102 As críticas ao Manifesto do Novo Libertário estão publicadas integralmente; as respostas não estão. Algo tinha de sair nos requisitos de espaço. De todo modo, o Núcleo da NLA vê o NLM como bem- defendido e, na próxima edição, vamos passar para o ataque. Críticas internas dos novos libertários e críticas externas nunca serão fechadas. Então, para continuar o debate, se outros quiserem, a SNLA inaugurará uma coluna de Cartas (em um tipo menor se ela sair do controle) na próxima edição. Escreva livremente! E na próxima edição. Strategy of the New Libertarian Alliance #2, Samuel Edward Konkin III e outros teóricos agoristas e libertários (agora sendo solicitados) irão enfrentar o Marxismo e especialmente o moderno Leninista de Revolução e contrastá-lo ao Modelo Revolucionário Novo Libertário. (A NLA tentará conseguir um representante digno de um grupo purista “Comunista de Esquerda” para participar). Pode-se se reservar uma cópia por $2,95. É muito cedo para garantir a SNLA3 ainda, mas indubitavelmente ela irá portar respostas à publicação do follow-up de mercado de massa de Konkin ao NLM; isto é, Counter Economics, o livro. E mais incursões para o fronte... Samuel Edward Konkin III 103 S E Ç Ã O D O I S Manifesto do Novo Libertário 105 Dedicatória Para Chris R. Tame que me disse: "Não faça do jeito certo, escreva!" Agradecimentos acima de todos a Ludwig von Mises, Murray N. Rothbard, Robert LeFevre, e às fontes deles. 106 Prefácios Prefácio da Primeira Edição Um rascunho do Novo Libertarianismo surgiu durante minha luta com o Partido Libertário no meio da formação dele em 1973, e a ContraEconomia foi primeiro apresentada ao público no Free Enterprise Forum em Los Angeles em fevereiro de 1974. O Novo Libertarianismo tem sido divulgado tanto dentro quanto fora do movimento libertário e em suas publicações, principalmente na revista New Libertarian, desde então. Mais importante, o ativismo descrito aqui (especialmente a ContraEconomia) tem sido praticada pelo autor e seus aliados próximos desde 1976. Muitas "anarcovilas" de Novos Libertários foram formadas e reformadas. Pelo menos uma vez, você não gostaria de ler um manifesto que foi praticado antes de ser pregado? Eu queria. Então fui lá e fiz. Samuel Edward Konkin III Outubro de 1980 Prefácio para a Segunda Edição Uma publicação agorista deveria ser julgada mais severamente no livre mercado. Com certeza, a primeira edição do Novo Manifesto Libertário (NML) foi totalmente vendida e a segunda edição, feita por Samuel Edward Konkin III 107 um novo empreendedor procurando lucrar com a sua ideologia, está aqui, para você leitor. O julgamento do mercado, para minha grande surpresa, é que o NML é a mais bem-sucedida das minhas muitas publicações. No campo das ideias, dois anos é um tempo muito curto. Apesar disso, ataques ao NML começaram em publicações libertárias de centro-esquerda e uma dessas publicações de redes de estudantes criticou severamente alguns membros errantes por desertar para "aquele desmiolado do Konkin" no mês passado. Ensaios e artigos sobre ContraEconomia e agorismo aparecem em mais e mais publicações libertárias que não são de esquerda (não-agoristas, por enquanto). Um sinal altamente encorajador é o aparecimento de muitos empreendedores contraeconômicos na área sul da Califórnia (e alguns espalhados pela América do Norte e até mesmo na Europa) que apoiam e distribuem o NML. Um "parque industrial" agorista tem surgido discretamente em Orange County nesse período entre essas duas edições. Isso é gratificante e não foi aproveitado passivamente. Isso inspirou o autor a continuar o diálogo em duas edições de uma revista teórica baseada no NML, a escrever o ContraEconomia (veja a nota de rodapé 26), e o planejamento de uma magnus opus teórica, como Das Capital foi para o Manifesto Comunista, sem dúvidas a ser intitulado Agorismo. Quanto a continuar praticando o que prego e expandir a prática, eu poderia adicionar ao final do Primeiro Prefácio: E eu ainda estou fazendo isso. Samuel Edward Konkin III Manifesto do Novo Libertário 108 Fevereiro de 1983 Prefácio para a Quarta Edição Samuel Edward Konkin III sugeriu que ao invés de atualizar o Manifesto com novas notas, nós simplesmente o publicássemos da forma que estava, como uma peça histórica de uma teoria viva que continua a crescer até hoje. As únicas mudanças foram a correção de alguns erros de digitação e pequenas mudanças com o objetivo de deixar mais claro alguns pontos, todas feitas pelo editor. O Sr. Konkin se juntou a grande horda anarquista no céu em 23 de fevereiro de 2004, depois de uma curta vida de experimentos teóricos e práticos, viajando o mundo para levar o conceito de agorismo e Novo Libertarianismo para ansiosos ouvintes. Vinte e cinco anos após sua publicação, o Manifesto ainda é um livro de venda fácil. Esta edição sob demanda que está disponível no mundo todo deve continuar a tendência. Com o colapso do coletivismo varrendo o mundo, um colapso trazido pelas consequências econômicas e morais do próprio sistema, as análises do Sr. Konkin são ainda mais impressionantes em sua acurácia. De algum modo, o Novo Manifesto Libertário é mais atual do que nunca. O estatismo sufocou e morreu na União Soviética. As Nações Unidas como um protestado mundial está colapsando em uma desdentada e impotente irrelevância. Vão os habitantes do planeta continuar essa tendência ou precisaremos mover a fronteira do espaço para atingir esse próximo passo na evolução da ação humana? O Movimento da Esquerda Libertária pode ser contactado em agorism.xyz e todas as edições antigas da New Libertarian foram disponibilizadas pela KoPubCo em kopubco.com.Victor Koman - Editor Março de 2006 Samuel Edward Konkin III 109 Manifesto do Novo Libertário 110 Tabela de Conteúdos I. Estatismo: A Nossa Condição Libertarianismo versus coerção. A natureza do estado. Os membros do libertarianismo e a diversidade dentro do Movimento. O estado contra-ataca: antiprincípios. Caminhos e não-caminhos para a Liberdade. Traição e resposta: ação acima de tudo. II. Agorismo: Nosso Objetivo Consistência de fins, meios e de fins e meios. Um retrato da sociedade agorista. Teoria de restituição: compensação, tempo perdido e custo de apreensão; as vantagens inerentes. Definição de Agorismo. Objeções respondidas. III. ContraEconomia: Nosso Meio Micro atividades e macro consequências. Agoristas contraeconômicos com consciência libertária. O propósito da economia do "Establishment". Passo a passo de trás para frente: do agorismo ao estatismo (para fins teóricos). Mercados negros e cinzas: a Ágora inconsciente. Situação da ContraEconomia no "Terceiro", "Segundo" e "Primeiro" mundo e exemplos grosseiros. ContraEconomia está em todos os campos do comércio, mesmo na América do Norte, alguns são exclusivamente contraeconômicos. A universalidade da ContraEconomia e o motivo para tal. Limitações da ContraEconomia e as razões. O papel da intelligentsia e a mídia do Establishment. As falhas da contracultura e a chave para o sucesso. Passos do estatismo para o agorismo e o risco da proteção de mercado. O princípio fundamental da ContraEconomia. O motivo para o inevitável crescimento da ContraEconomia agorista nas comunidades. IV. Revolução: A Nossa Estratégia Contraeconomia autoconsciente o suficiente, mas alguns anseiam por lutar mais e apoiar o esforço. Combatividade inadequada sem estratégia. As fases do agorismo: o crescimento define a estratégia apropriada. Táticas que são sempre apropriadas. Nova Aliança Libertária como uma associação para empreender na Liberdade. A crença libertária é uma limitação das táticas do Novo Libertário. Fase 0: Sociedade Agorista de Densidade Zero. Aumentar a consciência. Fase 1: Sociedade Agorista de Baixa Densidade. Caucus radicais e a esquerda libertária. Combata antiprincípios. Antecipe as crises do estatismo. Fase 2: Sociedade Agorista de Média Densidade e Pouca Consistência. O estado contra-ataca, mas é contido pela contaminação agorista. Fase 3: Sociedade Agorista de Grande Consistência e Alta Densidade. Crise permanente do estatismo. Necessidade de esmagar a ContraEconomia cresce, mas a capacidade para assim fazer cai. Antiprincípios: a grande ameaça. O último ataque do estado: a Revolução. Estratégia também inclui postergar táticas e contrainteligência. A definição correta de Revolução (violenta). Fase 4: Sociedade Agorista com Impurezas Estatais. Colapso do estado e simultânea dissolução da ANL. Casa! V. AÇÃO! Nossas Táticas Lista de algumas táticas. Táticas devem ser descobertas e aplicadas em um contexto. Ativista = empreendedor. Onde estamos no momento (e então). Oportunidades geradas pelo colapso do estatismo da esquerda. Oportunidades geradas pela liquidação do partido. O desafio final. O compromisso e lema do Novo Libertário: Ágora, Anarquia, Ação! Samuel Edward Konkin III 111 I. Estatismo: Nossa Condição Somos coagidos por nossos semelhantes seres humanos. Uma vez que eles têm a capacidade de escolher fazer o contrário, nossa condição não precisa ser assim. A coerção é imoral, ineficiente e desnecessária para a vida e realização humana. Aqueles que desejam ficar deitados enquanto seus vizinhos predam sobre eles são livres para assim escolher; este manifesto é para aqueles que escolhem o contrário: revidar. Para combater a coerção, é preciso entendê-la. Mais importante, é preciso entender pelo que se está lutando tanto quanto contra o que se está lutando. A reação cega vai em todas as direções negativas à fonte da opressão e dispersa a oportunidade; a busca de um objetivo comum foca os oponentes e permite a formação de estratégias e táticas coerentes. A coerção difusa é tratada de forma otimizada pela autodefesa local e imediata. Embora o mercado possa desenvolver negócios de maior escala para proteção e restauração, ameaças aleatórias de violência só podem ser tratadas no local ad hoc.1 A coerção organizada requer oposição organizada. (Um excelente argumento foi feito muitas vezes por muitos pensadores de que tal organização deveria permanecer esquelética, na melhor das hipóteses, ganhando corpo apenas para o confronto real, a fim de evitar a perversão dos defensores a uma agência de agressão.) Coerção institucional, desenvolvida ao longo de milênios com raízes de misticismo e desilusão plantadas profundamente no pensamento das 1 Estou em dívida com Robert LeFevre por esse insight, embora tiremos conclusões diferentes. Manifesto do Novo Libertário 112 vítimas, exige uma grande estratégia e um ponto cataclísmico de singularidade histórica: a Revolução. Tal instituição de coerção — centralizando a imoralidade, direcionando o roubo e o assassinato e coordenando a opressão em uma escala inconcebível pela criminalidade aleatória — existe. É a Máfia das máfias, a Gangue das gangues, a Conspiração das conspirações. Ela assassinou mais pessoas em alguns anos recentes do que todas as mortes na história antes dessa época; roubou em poucos anos recentes mais do que toda a riqueza produzida na história até então; ela iludiu — para sua sobrevivência — mais mentes em poucos anos recentes do que toda a irracionalidade da história até então; Nosso Inimigo, O estado.2 Só no século 20, a guerra matou mais do que todas as mortes anteriores; os impostos e a inflação roubaram mais do que toda a riqueza previamente produzida; e as mentiras políticas, a propaganda e, acima de tudo, a “Educação”, distorceram mais mentes do que todas as superstições anteriores: ainda assim, através de toda a confusão e ofuscação deliberadas, o fio da razão desenvolveu fibras de resistência para serem tecidas na corda da execução para o estado: Libertarianismo. Onde o estado divide e conquista sua oposição, o Libertarianismo une e liberta. Onde o estado obscurece, o Libertarianismo esclarece; onde o estado esconde, o Libertarianismo descobre; onde o estado perdoa, o Libertarianismo acusa. O Libertarianismo elabora toda uma filosofia a partir de uma premissa simples: a violência iniciatória ou a ameaça dela (coerção) é 2 Obrigado, Albert J. Nock, por essa frase. Samuel Edward Konkin III 113 errada (imoral, má, ruim, supremamente imprática etc.) e é proibida; nada mais é.3 O Libertarianismo, conforme desenvolvido até este ponto, descobriu o problema e definiu a solução: o estado vs o Mercado. O Mercado é a soma de toda ação humana voluntária.4 Se alguém age de forma não coercitiva, faz parte do Mercado. Assim, a Economia tornou- se parte do Libertarianismo. O Libertarianismo investigou a natureza do homem para explicar seus direitos decorrentes da não coerção. Seguiu-se imediatamente que o homem (mulher, criança, Marciano, etc.) tinha um direito absoluto a essa vida e outras propriedades — e nenhum direito à vida ou propriedade de outros. Assim, a filosofia Objetiva tornou-se parte do Libertarianismo. O Libertarianismo perguntou por que a sociedade não era libertária agora e encontrou o estado, sua classe dominante, sua camuflagem e os heroicos historiadores que lutam para revelar a verdade. Assim, a História Revisionista tornou-se parte do Libertarianismo. A psicologia, especialmente desenvolvida por Thomas Szasz como contrapsicologia, foi adotada por libertários que buscavam libertar-se tanto da restrição do estado quanto do autoaprisionamento. Buscando uma forma de arte para expressar o potencial de horror do estado e extrapolar as muitas possibilidades de liberdade, o Libertarianismo encontrou aFicção Científica já nesse campo. 3 O Libertarianismo Moderno é melhor descrito por Murray Rothbard em For a New Liberty, que, independentemente de quão recente seja a edição, está sempre um ano ou mais desatualizado. Recomendar até mesmo o melhor texto sobre libertarianismo é como recomendar uma música para explicar a música em todas as suas formas. 4 Obrigado, Ludwig von Mises. Manifesto do Novo Libertário 114 Dos reinos políticos, econômicos, filosóficos, psicológicos, históricos e artísticos, os partidários da liberdade viram um todo, integrando sua resistência com outras em outros lugares, e se uniram à medida que sua consciência se tornou atenta. Assim os Libertários se tornaram um Movimento. O Movimento Libertário olhou em volta e viu o desafio: em todos os lugares, Nosso Inimigo, O Estado; das profundezas do oceano, passando por postos avançados do deserto árido, até a distante superfície lunar; em cada terra, povo, tribo, nação — e na mente individual. Alguns buscaram aliança imediata com outros oponentes da elite do poder para derrubar os presentes regentes do estado.5 Alguns buscaram o confronto imediato com os agentes do estado.6 Alguns buscaram a colaboração com aqueles no poder que ofereciam menos opressão em troca de votos.7 E alguns cavaram em busca de esclarecimentos de longo prazo da população para construir e 5 Radical Libertarian Alliance [Aliança Libertária Radical] (RLA), 1968-1971. 6 Student Libertarian Action Movement [Movimento da Ação Libertária Estudantil (SLAM)], 1968–72, mais tarde reviveu brevemente como um proto- Movement of the Libertarian Left [Movimento da Esquerda Libertária] (MLL). 7 Citizens for a Restructured Republic [Cidadãos por uma República Reestruturada], 1972, formado por membros da RLA desiludidos com a revolução. Samuel Edward Konkin III 115 desenvolver o Movimento.8 Em todos os lugares, uma Aliança Libertária de ativistas surgiu.9 Os Círculos Superiores do estado não estavam dispostos a ceder sua pilhagem e restaurar a propriedade às suas vítimas ao primeiro sinal de oposição. O primeiro contra-ataque veio de antiprincípios já plantados pela corrupta Casta Intelectual: Derrotismo, Retiradismo, Minarquismo, Colaboracionismo, Gradualismo, Monocentrismo e Reformismo — incluindo aceitar cargos de estado para “melhorar” o Estatismo! Todos esses antiprincípios (desvios, heresias, dogmas contraditórios autodestrutivos etc.) serão tratados mais adiante. O pior de tudo é a Partidarquia, o anti-conceito de buscar fins libertários por meios estatistas, especialmente partidos políticos. Um Partido “Libertário” foi o segundo contra-ataque do estado lançado contra os libertários incipientes, primeiro como um oxímoro ridículo,10 depois como um exército invasor.11 8 Society for Individual Liberty [Sociedade pela Liberdade Individual (SIL)], 1969–89 (agora fundida com a Libertarian International [Internacional Libertária] para [formar] a International Society for Individual Liberty [Sociedade Internacional pela Liberdade Individual]). Também o Rampart College (agora extinto) e a Foundation for Economic Education [Fundação para Educação Econômica] e o Free Enterprise Institute [Instituto de Livre Empresa], que existiam antes da explosão populacional libertária de 1969. 9 Mais importante, a California Libertarian Alliance [Aliança Libertária da Califórnia (CLA)], 1969-73. O nome ainda é mantido vivo para patrocínio de conferências, e é usado no Reino Unido. 10 O primeiro Partido “Libertário” foi criado por Gabriel Aguilar e Ed Butler na Califórnia em 1970 como uma concha oca para obter acesso à mídia. (Aguilar, um galambosiano, era firmemente antipolítico.) Até o Partido “Libertário” de Nolan foi ridicularizado e desprezado por pessoas como Murray Rothbard no primeiro ano de sua existência. 11 O Partido “Libertário” que eventualmente se organizou nacionalmente e dirigiu John Hospers e Toni Nathan para presidente e vice-presidente em 1972 foi organizado pela primeira vez por David e Susan Nolan em dezembro de 1971 no Colorado. David Nolan era um membro de Massachusetts da Young Manifesto do Novo Libertário 116 O terceiro contra-ataque foi uma tentativa de um dos dez capitalistas mais ricos dos Estados Unidos de comprar as principais instituições Libertárias — não apenas o Partido — e administrar o movimento como outros plutocratas administram todos os outros partidos políticos em estados capitalistas.12 O grau de sucesso que esses contra-ataques estatistas tiveram em corromper o libertarianismo levou a uma fragmentação da “Esquerda” do Movimento e à paralisação desesperada de outros. À medida que a desilusão crescia com o “Libertarianismo”, os desiludidos buscavam Americans for Freedom [Jovens Americanos pela Liberdade] (YAF) que rompeu com ela em 1967 e perdeu o clímax de 1969 em St. Louis. Permaneceu conservador e minarquista até esta primeira edição. Embora os Nolans fossem bastante inocentes, e outras organizações e candidatos iniciais muitas vezes o fossem, o debate sobre “a Questão do Partido” começou imediatamente. New Libertarian Notes atacou o conceito de Partido “Libertário” na primavera de 1972 e realizou um debate entre Nolan e Konkin pouco antes da eleição (NLN 15). Na campanha presidencial de 1980, os Nolans haviam rompido com a liderança do Partido “Libertário” de Ed Crane e seu candidato Ed Clark, que dirigia uma campanha tradicional de busca de votos e corte de plataforma de alto poder e alto financiamento. 12 Charles G. Koch — bilionário do petróleo de Wichita — por meio de seus parentes, fundações, institutos e centros, havia estabelecido, comprado ou “comprado” o seguinte de 1976 a 1979: Murray Rothbard e seu Libertarian Forum; Libertarian Review (de Robert Kephart), editado por Roy A. Childs; Students for a Libertarian Society [Estudantes por uma Sociedade Libertária] (SLS), dirigido por Milton Mueller; Center for Libertarian Studies [Centro de Estudos Libertários] (CLS) (inclinado a Rothbard) e Joe Peden; Inquiry, editada por Williamson Evers; Cato Institute; e vários Fundos, Fundações e Institutos Koch. Chamado de “Kochtopus” em New Libertarian 1 (fevereiro de 1978), foi atacado pela primeira vez por Edith Efron na publicação libertária conservadora Reason, juntamente com alegações de uma conspiração “anarquista”. O Movimento da Esquerda Libertária se afastou dos delírios anti- anarquistas de Efron e correu para apoiá-la em sua revelação chave do crescimento do monocentrismo no Movimento. Em 1979, o Kochtopus assumiu o controle do Partido “Libertário” (LP) nacional na convenção de Los Angeles. David Koch, irmão de Charles, comprou abertamente a indicação para vice-presidente por US$ 500.000. Samuel Edward Konkin III 117 respostas para esse novo problema: o estado dentro e o estado fora. Como evitamos ser usados pelo estado e sua elite de poder? Isso é, perguntaram eles, como podemos evitar desvios do caminho da liberdade quando sabemos que há mais de um? O mercado tem muitos caminhos para produção e consumo de um produto e nenhum é perfeitamente previsível. Então, mesmo que alguém nos diga como ir daqui (estatismo) para lá (liberdade), como sabemos que esse é o melhor caminho? Alguns já estão desenterrando as velhas estratégias de movimentos há muito mortos, movimentos com outros objetivos. Novos caminhos estão de fato sendo oferecidos — de volta ao estado.13 A traição, inadvertida ou planejada, continua. Não precisa. Embora ninguém possa prever a sequência de passos que infalivelmente alcançará uma sociedade livre para indivíduos de livre arbítrio, pode-se eliminar em um corte todos aqueles que não irão avançar a Liberdade, e aplicar os princípios do Mercado sem hesitar traçará um terreno para a viagem. Não há um Único Caminho, um gráfico de linha reta para a Liberdade, paraesclarecer. Mas há uma família de gráficos, um Espaço cheio de linhas, que levará o libertário ao seu objetivo de uma sociedade livre, e esse Espaço pode ser descrito. 13 Murray Rothbard rompeu com o Kochtopus logo após a Convenção do LP de 1979 e a maioria de seus aliados próximos foram expurgados, como Williamson Evers da Inquiry. O CLS foi cortado do financiamento da Koch. O Libertarian Forum começou a atacar Koch. Rothbard e o jovem Justin Raimondo estabeleceram um novo caucus “radical” (RC) do LP (o primeiro, 1972-74, foi dirigido por progenitores da New Libertarian Alliance [Nova Aliança Libertária] (NLA) como uma tática de recrutamento e uma maneira de destruir o Partido de dentro). Embora Rothbard tenha sido movido a perguntar “Sam Konkin está certo?” Em seu discurso de julho de 1980 em um jantar do RC em Orange County, a estratégia do RC era de reformar o LP usando táticas neomarxistas e da New Left. Manifesto do Novo Libertário 118 Uma vez fixada a meta e descobertos os caminhos, resta apenas a Ação do indivíduo para ir daqui para lá. Acima de tudo, este manifesto clama por essa Ação.14 14 Espero que as edições subsequentes possam omitir esta nota, mas no presente contexto histórico é vital apontar que o libertarianismo não é especificamente para os elementos mais “avançados” ou esclarecidos da América do Norte, talvez tipificados pelo colega consultante computacional, jovem, branco e altamente lido e meio infantil. Somente o mercado mais livre pode elevar o “Segundo” e o “Terceiro Mundo” da pobreza opressiva e da superstição autodestrutiva. As tentativas compulsórias de elevar criticamente os padrões de produção e o entendimento cultural associado causaram retrocesso e regressão: e.g., Irã e Afeganistão. Principalmente, o estado se engajou na repressão deliberada do autoaperfeiçoamento. Mercados quase livres, como os portos livres de Hong Kong, Cingapura e (anteriormente) Xangai, atraíram uma enxurrada de empreendedores altamente motivados e com mobilidade ascendente. O mercado negro incrivelmente bem desenvolvido da Birmânia já administra toda a economia e precisa apenas de uma consciência libertária para expulsar Ne Win e o Exército, acelerando o comércio e aniquilando a pobreza da noite para o dia. Observações semelhantes são possíveis sobre os mercados negros desenvolvidos e os mercados semi-livres tolerados no “Segundo Mundo” da ocupação Soviética, tal como a Armênia, a Geórgia e a ContraEconomia Russa (nalevo). Nota para a segunda edição: A nota anterior ainda é, infelizmente, necessária. Nota para a terceira edição: Com o colapso do comunismo, talvez a necessidade esteja diminuindo, mas a nota ainda está aqui! Samuel Edward Konkin III 119 II. Agorismo: Nosso Objetivo O princípio básico que conduz um libertário do estatismo a uma sociedade livre é o mesmo que os fundadores do libertarianismo usaram para descobrir a própria teoria. Esse princípio é a consistência. Assim, a aplicação consistente da teoria do libertarianismo a cada ação que o libertário individual toma cria a sociedade libertária. Muitos pensadores expressaram a necessidade da consistência entre meios e fins e nem todos eram libertários. Ironicamente, muitos estatistas alegaram inconsistência entre fins louváveis e meios desprezíveis; no entanto, quando seus verdadeiros fins de maior poder e opressão foram entendidos, seus meios se mostraram bastante consistentes. Faz parte da mística estatista confundir a necessidade de consistência entre fins e meios; é, portanto, a atividade mais crucial do teórico libertário expor inconsistências. Muitos teóricos o fizeram admiravelmente; mas poucos tentaram e a maioria falhou em descrever a combinação consistente de meios e fins do libertarianismo.15 15 Para citar o mais espetacular até agora: • Murray Rothbard usará qualquer estratégia política passada para promover o libertarianismo, recorrendo a estratégias cada vez mais radicais quando as anteriores falharem. • Robert LeFevre defende uma pureza de pensamento e ação em cada indivíduo que este autor e muitos outros acham inspirador. Mas ele se abstém de descrever uma estratégia completa resultante dessas táticas pessoais, em parte devido ao medo de ser acusado de prescrever e descrever. Este autor não tem esse medo. O pacifismo de LeFevre também dilui a atração de suas táticas libertárias, provavelmente muito mais do que merecido. • Andrew J. Galambos defende uma posição bastante ContraEconômica (veja o próximo capítulo), mas positivamente afasta recrutas por sua postura anti- movimento e sua tática de organização de “sociedade secreta”. Seu desvio de “propriedade primária”, como o pacifismo de LeFevre, provavelmente também prejudica o resto de sua teoria mais do que se justifica. Manifesto do Novo Libertário 120 Se este manifesto é ele mesmo correto ou não pode ser determinado pelo mesmo princípio. Se a consistência falhar, então tudo dentro é sem significado; de fato, a linguagem é então uma baboseira e sua existência uma fraude. Isso não pode ser super-enfatizado. Caso uma inconsistência seja descoberta nestas páginas, então a reformulação consistente é o Novo Libertarismo, não o que foi encontrado em erro. O Novo Libertarismo (agorismo) não pode ser desacreditado sem que a Liberdade ou a Realidade (ou ambas) sejam desacreditadas, apenas uma formulação incorreta. Comecemos por vislumbrar nossa meta. Como uma sociedade livre se parece, ou pelo menos uma sociedade tão livre quanto podemos esperar alcançar com nosso entendimento presente?16 Sem dúvida, a sociedade mais livre já imaginada é a de Robert LeFevre. Todas as relações entre as pessoas são trocas voluntárias — um ente, o mercado. Ninguém vai ferir o outro ou transgredir de forma alguma. É claro, muito mais do que o estatismo teria que ser eliminado da consciência individual para que sua sociedade existisse. O mais • How I Found Freedom In An Unfree World de Harry Browne, é um guia imensamente popular para a libertação pessoal. Tendo sido influenciado por Rothbard, LeFevre e Galambos, Browne de forma bastante correta — ainda que superficialmente — mapeia táticas válidas para o indivíduo sobreviver e prosperar em uma sociedade estatista. Ele não oferece uma estratégia geral, e suas técnicas se desintegrariam em um sistema ContraEconômico avançado à medida que se aproximasse da sociedade livre. • Um desvio sem porta-voz em particular, mas associado em grande parte à Libertarian Connection, é a ideia de alcançar a liberdade superando o estado com tecnologia. Isso parece ter validade plausível no caso recente do estado norte-americano que decidiu não regular a indústria da informação de crescimento explosivo. Mas se não leva em conta a ingenuidade daqueles que manterão o estatismo enquanto as pessoas o exigirem. 16 Quando nosso entendimento aumenta, supõe-se que podemos alcançar uma sociedade mais livre. Samuel Edward Konkin III 121 prejudicial de tudo para esta sociedade perfeitamente livre é a falta de um mecanismo de correção.17 Basta um punhado de praticantes de coerção para desfrutar de seus saques ilícitos em companhia suficiente para sustentá-los — e a liberdade está morta. Mesmo que todos vivam livres, uma “mordida na maçã”, um retrocesso, lendo a história antiga ou redescobrindo o mal por conta própria, “deslibertará” a sociedade perfeita. A próxima melhor coisa para uma sociedade livre é a sociedade Libertária. A vigilância eterna é o preço da Liberdade (Thomas Jefferson) e pode ser possível ter um pequeno número de indivíduos no mercado prontos para se defender contra agressões esporádicas. Ou um grande número pode reter conhecimento suficiente e capacidade de usar esse conhecimento básico de autodefesa para impedir ataques aleatórios (o aplicante de coerção nunca sabendo quem pode serbem versado em defesa) e eliminar a lucratividade da iniciação sistemática da violência. Mesmo assim, permanecem dois problemas extraordinariamente difíceis para este sistema de “Anarquia com defesa espontânea”. O primeiro é o problema de defender aqueles que estão visivelmente indefesos. Isso pode ser reduzido pela tecnologia avançada para pessoas que são idiotas tetraplégicos (assumindo que isso não será resolvido por tecnologia suficiente) e crianças muito pequenas que requerem atenção constante de qualquer maneira. Depois, há aqueles que por um breve período ficam indefesos e os casos ainda mais raros daqueles que são dominados por iniciadores de violência que desejam testar suas habilidades contra um inimigo provavelmente mais fraco. (O 17 Em The Great Explosion, o escritor de ficção científica Eric Frank Russell postula uma sociedade próxima daquela imaginada por LeFevre. Os Gands pacifistas tinham um mecanismo de correção para indivíduos ocasionalmente aberrantes — os casos “Idle Jack”. Infelizmente, a rejeição falharia no momento em que os coercedores atingissem um “número crítico” para formar uma subsociedade de apoio e autossustentável. Que eles poderiam, é óbvio — eles têm! Manifesto do Novo Libertário 122 último é mais raro simplesmente por causa do alto risco e baixo retorno material sobre o investimento.) Aqueles que não precisam — e não devem — ser defendidos são aqueles que conscientemente escolhem não ser: pacifistas. LeFevre e seus discípulos nunca precisam temer que algum Libertário use métodos que eles consideram repugnantes para defendê-los. (Talvez eles possam usar um botão de “pomba” para reconhecimentos rápidos?) Muito mais importante é o que fazer com o iniciador da violência após a defesa. O caso em que a propriedade de alguém é violada com sucesso e a pessoa não está lá para protegê-la vem prontamente à mente. E, finalmente, embora seja realmente um caso especial o acima, é o da possibilidade de fraude e outras formas de violação de contrato.18 Esses casos podem ser resolvidos pelo primitivo “shoot-out” ou socialmente — isto é, através da intervenção de uma terceira parte que não tenha interesse em nenhuma das duas partes na disputa. Esse caso é o problema fundamental da sociedade.19 Qualquer tentativa de forçar uma solução contra a vontade de ambas as partes viola o princípio Libertário. Portanto, um “shoot-out” que não envolva riscos para terceiras partes é aceitável — mas dificilmente lucrativo ou eficiente ou mesmo civilizado (æsteticamente agradável) exceto para alguns cultistas. 18 A posição de Mises-Rothbard é que a fraude e o descumprimento do contrato (o último pode ser resolvido por cláusulas do contrato, é claro) é em si roubo: de bens futuros. A base do contrato é a transferência de bens presentes (consideração aqui e agora) por bens futuros (consideração lá e então). Todo roubo é iniciação de violência; a força é usada para retirar bens involuntariamente ou para impedir o recebimento de bens ou o pagamento de bens transferidos livremente por acordo. 19 A sociedade, como Mises aponta, existe por causa das vantagens da divisão do trabalho. Ao se especializar em diferentes etapas da produção, os indivíduos encontram a riqueza total produzida maior do que por seus esforços individuais. Samuel Edward Konkin III 123 A solução, então, requer um juiz, “Fair Witness” ou árbitro. Uma vez que um árbitro de uma disputa ou juiz de uma agressão tenha julgado e comunicado a decisão, a execução pode ser exigida. (A propósito, os pacifistas podem escolher a arbitragem sem execução.) O seguinte sistema de mercado foi proposto por Rothbard, Linda e Morris Tannehill e outros; não precisa ser definitivo e pode ser melhorado por avanços na teoria e tecnologia (como este autor já fez). Neste estágio da história, parece ótimo e é apresentado aqui como o modelo de operação inicial. Em primeiro lugar, sempre deixando de fora aqueles que optam por não participar, assegura-se assim proteção contra agressões ou roubos. Pode-se até atribuir um valor à vida em caso de assassinato (ou homicídio culposo) que pode variar desde tirar a vida do iniciador da violência, tirar órgãos substituíveis (dispostos à tecnologia) para restaurar a vida da vítima, até pagar a uma fundação para continuar o trabalho de vida. O que é crucial aqui é que a vítima atribua o valor à sua vida, corpo e propriedade antes do acidente. (Bens trocáveis podem simplesmente ser substituídos à taxa de mercado. Veja abaixo.) A descobre propriedade faltando e informa a companhia de seguros IA. IA investiga (por meio de outra divisão ou por meio de uma agência de detetives separada D). IA substitui prontamente o objeto para A para que a perda de uso do bem seja minimizada.20 D agora pode falhar em descobrir a propriedade faltante. Nesse caso, a perda para IA 20 Neste ponto, devemos introduzir o conceito de Mises de preferência temporal. Bens futuros são sempre descontados em relação aos bens presentes por causa do tempo de uso renunciado. Embora as valorações individuais de preferência temporal variem, aqueles com alta preferência temporal podem emprestar daqueles com menor preferência temporal, uma vez que os de alta preferência pagarão mais aos de baixa preferência do que o valor a que renunciaram. O ponto em que todas essas transações de preferência temporal são compensadas no mercado livre define a taxa de interesse originária ou básica para todos os empréstimos e investimentos de capital. Manifesto do Novo Libertário 124 é coberta pelos prêmios pagos pelo seguro. Observe bem que, para manter os prêmios baixos e competitivos, IA tem um forte incentivo para maximizar a recuperação de bens roubados ou perdidos. (Pode-se ser eloquente a menção sobre a falta de tal incentivo para sistemas de detecção de monopólios, como as forças policiais do estado, e seu horrendo custo social.) Se D descobrir os bens, digamos, em posse de B, e B os devolver livremente (talvez induzido por recompensa), o caso está encerrado. Somente se B reivindicar o direito de propriedade sobre o objeto também reivindicado por A surge o conflito. B mantém a seguradora IB, que pode realizar sua própria investigação independente e convencer IA de que D errou. Caso contrário, IA e IB estão agora em conflito. Neste ponto, as objeções padrão à anarquia de mercado serão levantadas de que a “guerra” entre A e B foi ampliada para incluir grandes companhias de seguros que podem ter divisões de proteção consideráveis ou contratos com companhias de proteção (PA e PB). Mas onde reside o incentivo para IA e IB usarem a violência e destruírem não apenas os ativos de seus concorrentes, mas certamente pelo menos alguns dos seus? Eles têm ainda menos incentivo em uma sociedade de mercado há muito estabelecida; as companhias têm especialistas e capital investido em defesa. Qualquer empresa que investisse em ofensa se tornaria altamente suspeita e certamente perderia clientes em uma sociedade predominantemente Libertária (que é o que está em discussão). Muito barato e lucrativamente, IA e IB podem simplesmente pagar uma empresa de arbitragem para resolver a disputa, apresentando suas respectivas reivindicações e provas. Se B tem uma reivindicação legítima, IA abandona o caso, levando sua pequena perda (em comparação com a guerra!) e tem um excelente incentivo para melhorar sua investigação. Se A tem uma reivindicação legítima, o inverso agora é verdadeiro para IB. Samuel Edward Konkin III 125 Somente neste momento, quando o assunto foi totalmente contestado, investigado e julgado, e ainda B se recusa a entregar a propriedade roubada, é que ocorre violência. (B pode ter sido apenas incomodado por ser notificado da defesa de IB em nome de B, e B pode ter escolhido ignorá-la; nenhuma subpœnæ poderia ser emitidaaté após a condenação.) Mas PB e IB se retiram, e B agora deve enfrentar uma equipe competente e eficiente de especialistas em recuperação de bens roubados. Mesmo que B esteja quase louco em sua resistência neste ponto, ele provavelmente seria neutralizado com o mínimo de alvoroço por uma agência de mercado ávida por uma boa imagem pública e mais clientes — incluindo o próprio B algum dia. Acima de tudo, PA deve agir de forma a não invadir ninguém ou prejudicar a propriedade de outros. B ou IB agora é responsável pela restauração. Isso pode ser dividido em três partes: restituição, preferência temporal e apreensão. A restituição é a devolução do bem original ou seu equivalente de mercado. Isso poderia ser aplicado até mesmo a partes do corpo humano ou ao valor definido sobre a vida de alguém. A preferência temporal é a restituição de tempo de uso perdido e é facilmente determinada pela taxa de interesse de mercado que IA teve que pagar imediatamente para restaurar a propriedade de A. Apreensão é a soma do custo de investigação, detecção, arbitragem e execução. Observe como o mercado funciona para dar a B um alto incentivo para restaurar o saque rapidamente para minimizar o custo de apreensão (exatamente o oposto da maioria dos sistemas estatais) e minimizar os juros acumulados. Finalmente, observe todos os incentivos embutidos para justiça e restauração rápidas e eficientes com um mínimo de alvoroço e violência. Compare isso com todos os outros sistemas em operação; observe também que em partes todo esse sistema foi testado com Manifesto do Novo Libertário 126 sucesso ao longo da história. Apenas o todo é novo e exclusivo da teoria Libertária. Esse modelo de restauração tem sido explicitado de forma tão específica, embora possa ser aperfeiçoado e desenvolvido, porque resolve o único problema social que envolve qualquer tipo de violência. O resto dessa sociedade Libertária pode ser melhor figurado por autores imaginativos de ficção científica com uma boa base em praxiologia (termo de Mises para o estudo da ação humana, especialmente, mas não apenas, economia). Algumas marcas distintivas dessa sociedade — libertária na teoria e livre mercado na prática, chamada agorista, do grego agora, que significa “mercado aberto” — são as rápidas inovações em ciência, tecnologia, comunicação, transporte, produção e distribuição. Um caso complementar pode ser feito para a rápida inovação e desenvolvimento nas artes e humanidades para acompanhar o progresso mais material; também, tal progresso não material seria provavelmente devido à liberdade total em todas as formas de expressão artística não-violenta e à comunicação cada vez mais rápida e completa dela aos destinatários dispostos. A literatura libertária que exalta esses benefícios da liberdade já é um grande corpo e está crescendo rapidamente. Deve-se concluir esta descrição da teoria da restauração lidando com algumas das objeções arcanas a ela. A maioria delas se reduz a desafios para atribuir valor a bens ou pessoas violados. Deixar que o mercado impessoal e a vítima decidam parece mais justo tanto para a vítima quanto para o agressor. Samuel Edward Konkin III 127 Este último ponto ofende alguns que sentem que punição é necessária para o mal em pensamento; a reversibilidade do devido não é suficiente para eles.21 Embora nenhum deles tenha apresentado uma base moral para a punição, Rothbard e David Friedman, em particular, defendem a necessidade econômica da dissuasão. Eles argumentam que qualquer porcentagem de apreensão inferior a 100% permite uma pequena probabilidade de sucesso; portanto, um “criminoso racional” pode escolher correr o risco para seu ganho. Assim, a dissuasão adicional deve ser adicionada na forma de punição. Que isso também diminuirá o incentivo para o agressor se entregar e, assim, diminuir ainda mais a taxa de apreensão não é considerado, ou talvez a punição seja escalada em taxas cada vez mais rápidas para vencer a taxa acelerada de evasão. 21 Murray Rothbard assume a posição mais moderada aqui: ele defende a dupla restauração; isto é, não apenas o agressor deve restaurar a vítima à condição anterior de ileso (tanto quanto possível), mas deve se tornar uma vítima por uma quantia equivalente! Essa duplicação não apenas parece arbitrária, como em nenhum lugar Rothbard fornece uma base moral para a punição, muito menos um “cálculo moral” (à la Bentham). Outros são muito piores ao exigir uma pilhagem cada vez maior do agressor preso, tornando provável que apenas o tolo mais grosseiro que errou momentaneamente se entregaria e, em vez disso, tentaria custar caro a seus perseguidores. Muitos neorrandianos atirariam em uma criança por furtar um doce (Gary Greenberg, por exemplo); outros acorrentaram adolescentes em suas camas para se livrar de transgressões triviais. Isso ainda está escovando a ponta do horror. Uma caricatura de justiça muito maior é proposta por aqueles que não desejam restituir ou mesmo punir brandamente, mas reabilitar o iniciador da violência. Enquanto alguns dos mais esclarecidos entre os reabilitadores aceitariam o trabalho simultâneo de restituição da dívida, eles aproveitariam a delegação do direito de autodefesa da vítima (a base de todas as ações legais) para encarcerar e fazer lavagem cerebral no agressor preso agora indefeso. Não contentes em castigar a pessoa, açoitar o corpo, e talvez até mesmo infligir a relativa misericórdia da cruel tortura física, os reabilitadores buscam a destruição de valores e motivações; isto é, a aniquilação do Ego. Em linguagem mais florida, mas merecida, eles desejam devorar a alma do agressor preso! Manifesto do Novo Libertário 128 Enquanto isto é escrito, a taxa mais baixa de evasão de crimes definidos pelo estado é de 80%; a maioria dos criminosos tem mais de 90% de chance de não ser pego. Isso está dentro de um sistema de punição-reabilitação em que nenhuma restauração ocorre (a vítima é ainda mais saqueada por impostos para sustentar o sistema penal) e o mercado é banido. Não é de admirar que haja um próspero “mercado vermelho” na iniciação da violência não Estatal! Mesmo assim, essa crítica à restauração agorista deixa de notar que existe um fator de “entropia”. O potencial agressor deve contrapor o ganho do objeto do furto à perda do objeto acrescido juros acrescido custo de apreensão. É verdade que, se ele se entregar imediatamente, os dois últimos são mínimos — mas também são os custos para a vítima e a seguradora. Não apenas a restauração agorista é felizmente dissuasiva em uma relação recíproca com a conformidade, mas o custo de mercado do fator de apreensão permite uma medida quantificável precisa do custo social da coerção na sociedade. Nenhum outro sistema proposto conhecido até agora faz isso. Como a maioria dos libertários tem dito, a liberdade funciona. Em nenhum lugar na teoria da restauração agorista os pensamentos do agressor entram em cena. O agressor é assumido apenas como um agente humano e responsável por suas ações. Além disso, o que interessa a qualquer um o que alguém pensa? O que é relevante é o que o agressor faz. O pensamento não é ação; no pensamento, pelo menos, a anarquia permanece absoluta.22 22 Se a telepatia for descoberta e viável na prática, pode pelo menos ser possível investigar o motivo e a intenção; ainda assim, o único uso em um sistema agorista seria para pedidos de misericórdia — misericórdia às custas da vítima. Essa nota de rodapé também é relevante para o parágrafo seguinte, razão pela qual é denotada duas vezes. Samuel Edward Konkin III 129 Se você se encontra sentado em estado de choque ao descobrir que eu quebrei sua janela, você não se importará se eu tropecei e caí enquanto passava ou se eu me envolvi em algum ato de raiva irracional pulando por ela ou mesmo sefoi um plano premeditado para distrair os protetores do outro lado da rua de perceberem um assalto a banco. O que você quer é sua janela de volta pronto (e a bagunça limpa). O que eu acho é irrelevante para sua restauração. De fato, pode ser facilmente demonstrado que mesmo o menor gasto de energia neste assunto é puro desperdício. Motivação — ou motivação suspeita, que é tudo o que podemos saber23— pode ser relevante para a detecção e até para provar a plausibilidade da ação do agressor para um árbitro se houver dois suspeitos igualmente prováveis, mas tudo o que importa para a justiça — como um libertário vê — é que a vítima foi restaurada a uma condição tão idêntica quanto possível à pré-dano. Deixe Deus ou a consciência punir os “pensamentos culpados”.24 Outra objeção levantada diz respeito ao que será feito com os iniciadores da violência que pagaram sua dívida (ao indivíduo, não à “sociedade”) e são “livres” para tentar novamente — com maior experiência. E quanto à reincidência, tão prevalente na sociedade estatista? É claro que, uma vez marcado como agressor, provavelmente será observado mais de perto e pensado primeiro quando um crime 23 N. do E.: Consultar a nota anterior. 24 Uma boa pergunta é: onde a “punição” começou? O conceito é aplicável apenas aos escravos que não têm mais nada a perder a não ser a falta de dor; aos totalmente inúteis, se existirem; e para crianças muito pequenas que são incapazes de pagar pela restauração e são consideradas inadequadamente responsáveis por contrair dívidas. É claro que uma economia primitiva geralmente tinha muitos problemas com racionalidade e tecnologia para fornecer detecção e medição de valor muito confiáveis. Ainda assim, algumas sociedades primitivas, como a irlandesa, a islandesa e a iboa, introduziram sistemas de repagamento para melhorar a vingança — e prontamente evoluíram para quase anarquias. Manifesto do Novo Libertário 130 semelhante for cometido. E embora os campos de trabalho possam ser usados para pagar a restituição em alguns casos extremos, a maioria dos agressores poderá trabalhar em relativa liberdade sob fiança. Assim, nenhuma “instituição de ensino superior criminal” como as prisões estará por perto para educar e encorajar a agressão. A característica distintiva de um sistema de julgamento e proteção altamente eficiente e preciso será que ele ocupará uma fração insignificante do tempo, pensamento ou dinheiro de um indivíduo. Pode-se então argumentar que não retratamos 99% da sociedade agorista. E quanto à eliminação da autodestruição (com a qual o Libertarianismo não lida), exploração e colonização do espaço, extensão da vida, aumento da inteligência, relações interpessoais e variações æstéticas? Tudo o que realmente pode e precisa ser dito é que onde o homem presente deve gastar metade ou mais de seu tempo e energia servindo ou resistindo ao estado, esse tempo-energia (definição fisicista de ação) será utilizável para todos os outros aspectos do autoaperfeiçoamento e o aproveito da natureza. É preciso uma visão cínica da humanidade para imaginar qualquer coisa além de uma sociedade mais rica e feliz. Esse é então um esboço de nosso objetivo e uma figuração detalhada ou foco ampliado do aspecto da justiça e proteção. Temos o “aqui” e o “lá”. Agora para o caminho — a ContraEconomia. Samuel Edward Konkin III 131 III. ContraEconomia: Nosso Meio Tendo detalhado nosso passado e presente estatista e vislumbrado uma visão crível de uma sociedade muito melhor alcançável com a compreensão e tecnologia presentes — nenhuma mudança na natureza humana sendo necessária — chegamos à parte crítica do manifesto: como vamos daqui para lá? A resposta se divide naturalmente — ou talvez não naturalmente — em duas partes. Sem um estado, uma diferenciação no micro (manipulação de um indivíduo por si mesmo e seu ambiente — incluindo o mercado) e no macro (manipulação de coletivos) seria, na melhor das hipóteses, um exercício estatístico interessante com algumas pequenas referências às agências de marketing. Mesmo assim, uma pessoa com uma decência altamente sofisticada pode querer entender as consequências sociais de seus atos, mesmo que não prejudiquem outra pessoa. Com um estado manchando cada ato e sujando nossas mentes com culpa imerecida, torna-se extremamente importante entender as consequências sociais de nossos atos. Por exemplo, se deixarmos de pagar impostos e saímos impunes, quem será prejudicado? Nós? O estado? Inocentes? A análise libertária nos mostra que o estado é responsável por qualquer dano a inocentes que alega que o “egoísta sonegador” tenha incorrido; e os “serviços” que o estado nos “presta” são ilusórios. Mas, mesmo assim, não deve haver mais do que resistência solitária habilmente ocultada ou “abandono”? Se um partido político ou exército revolucionário é inadequado e autodestrutivo para os objetivos libertários, que tipo de ação coletiva funciona? A resposta é agorismo. É possível, prático e até lucrativo empreender grandes parcelas de humanidade longe da sociedade estatista para a Ágora. Esta é, no sentido mais profundo, uma verdadeira atividade revolucionária e será Manifesto do Novo Libertário 132 abordada no próximo capítulo. Para entender essa resposta macro, no entanto, devemos primeiro esboçar a resposta micro.25 A função da pseudociência da economia do establishment, ainda mais do que fazer previsões para a classe dominante (como fizeram os augúrios do Império Romano), é mistificar e confundir a classe dominada sobre para onde sua riqueza está indo e como ela é tomada. Uma explicação de como as pessoas podem manter suas riquezas e propriedades seguras do estado, então, é a economia ContraEstablishment, ou simplesmente ContraEconomia.26 A prática real de ações humanas que evadem, evitam e desafiam o estado é atividade contraeconômica, mas — da mesma maneira descuidada que a “economia” se refere tanto à ciência quanto ao que ela estuda — a “ContraEconomia” sem dúvida será usada. Uma vez que este livro é a própria teoria da ContraEconomia, o que será referido como ContraEconomia é a prática. Mapear e descrever toda ou mesmo uma parte significativamente útil da Contraeconomia exigirá pelo menos um volume completo.27 25 Micro e macro são termos da economia do establishment atual. Enquanto a Contraeconomia é parte do agorismo (até que o estado se vá), o agorismo inclui tanto a Contraeconomia na prática quanto o libertarianismo na teoria. Uma vez que essa teoria inclui uma consciência das consequências da prática Contraeconômica em larga escala, usarei o agorista neste sentido macro e ContraEconômico no sentido micro. Uma vez que a divisão é inerentemente ambígua, alguma sobreposição e intercambialidade irão ocorrer. 26 O termo “Contraeconomia” foi formado da mesma forma que o termo “contracultura”; não significa ciência antieconômica mais do que contracultura significa anticultural. 27 Este volume, Counter-Economics (o livro), está em andamento e será concluído em breve, se o mercado quiser! Nota para a Segunda Edição: O Mercado ainda não está disposto, mas em breve… Nota para a Quarta Edição: Samuel Edward Konkin III morreu antes de completar sua magnum opus, mas a KoPubCo está preparando o que existe de seu manuscrito para publicação em um futuro próximo. Samuel Edward Konkin III 133 Apenas o suficiente será esboçado aqui para fornecer compreensão para o resto do manifesto. Passar de uma sociedade agorista para uma estatista deve ser um trabalho árduo, equivalente a um caminho de alta entropia negativa na física. Afinal, uma vez que se vive e compreende uma sociedade livre e bem administrada, por que desejar-se-ia retornar à coerção sistemática, à pilhagem e à ansiedade? Difundir a ignorância e a irracionalidade entre os conhecedores e racionaisé difícil; mistificar o que já é claramente entendido é quase impossível. A sociedade agorista deve ser bastante estável em relação à decadência, embora altamente aberta a melhorias. Vamos correr para trás no tempo, como um filme em reverso, da sociedade agorista para a atual sociedade estatista. O que esperaríamos ver? Bolsões de estatismo — principalmente contíguos no território, já que o estado exige monopólios regionais — apareceriam primeiro. As vítimas restantes estão se tornando cada vez mais conscientes do maravilhoso mundo livre ao seu redor e “evaporando” desses bolsões. Grandes sindicatos de agências de proteção do mercado estão contendo o estado defendendo aqueles que se inscreveram em um seguro- proteção. Mais importante, aqueles que estão fora dos bolsos ou subsociedades estatistas estão desfrutando de uma sociedade agorista, exceto por um custo mais alto de prêmios de seguro e alguns cuidados quanto ao local para onde viajam. Os agoristas poderiam coexistir com os estatistas neste momento, mantendo uma “política externa” isolacionista, já que os custos da invasão e libertação das subsociedades estatistas seriam superiores aos retornos imediatos (a menos que o estado lance uma última agressão Nota para a Primeira Edição Brasileira: Já se encontra disponível na KoPubCo. Manifesto do Novo Libertário 134 total). Não há, no entanto, nenhuma razão real para imaginar que as vítimas restantes escolherão permanecer oprimidas quando a alternativa libertária for tão visível e acessível. As áreas do estado são como uma solução supersaturada pronta para precipitar a anarquia. Corra para trás mais um passo e encontramos a situação invertida. Encontramos setores maiores da sociedade sob o Estatismo e os menores vivendo o mais agoricamente possível. No entanto, há uma diferença visível: os agoristas não precisam ser territorialmente contíguos. Eles podem viver em qualquer lugar, embora tendam a se associar com seus companheiros agoristas não apenas para reforço social, mas para facilidade e lucratividade do comércio. É sempre mais seguro e lucrativo lidar com clientes e fornecedores mais confiáveis. A tendência é de maior associação entre indivíduos mais agoristas e de dissociação com elementos mais estatistas. (Esta tendência não é apenas teoricamente forte; ela já existe na prática embrionária hoje.) Alguns territórios facilmente defensáveis, talvez no espaço ou ilhas no oceano (ou sob o oceano) ou “guetos” de grandes cidades podem ser quase inteiramente agoristas, onde o estado é impotente para esmagá-los. A maioria dos agoristas, porém, viverá dentro de áreas reivindicadas pelos estatistas. Haverá um espectro do grau de agorismo na maioria dos indivíduos, como existe hoje, com alguns se beneficiando do estado altamente estatista, alguns plenamente conscientes da alternativa agorista e competentes como vivendo livremente até o fim, e o resto no meio com vários graus de confusão. Por fim, voltamos para onde há apenas um punhado que entende o agorismo, a grande maioria percebendo ganhos ilusórios da existência do estado ou incapazes de perceber uma alternativa, e os próprios Samuel Edward Konkin III 135 estatistas: o aparelho de governo e a classe definida pelo recebimento de um ganho líquido da intervenção do estado no Mercado.28 Esta é uma descrição da nossa sociedade atual. Estamos “em casa”. Antes de invertermos o curso e descrevermos o caminho do estatismo ao agorismo, vamos dar uma olhada em nossa sociedade atual com nossa percepção agorista recém-adquirida. Assim como um viajante que volta para casa e vê as coisas sob uma nova luz a partir do que aprendeu em terras estrangeiras e modos de vida, podemos obter novos insights sobre nossas circunstâncias atuais. Além de alguns Novos Libertários esclarecidos tolerados nas áreas estatistas mais liberais do globo (“a tolerância” existe no grau de contaminação libertária do estatismo), agora percebemos outra coisa: muitas pessoas que estão agindo de maneira agorista com pouca compreensão de qualquer teoria, mas que são induzidos pelo ganho material a evadir, evitar ou desafiar o estado. Certamente eles têm potencial. Na União Soviética, um bastião do arqui-estatismo e uma economia “oficial” quase totalmente desmoronada, um gigantesco mercado negro fornece aos russos, armênios, ucranianos e outros tudo, desde comida até conserto de televisão, até documentos oficiais e favores da classe dominante. Como relata o Manchester Guardian Weekly, a Birmânia é quase um mercado negro total com o governo reduzido a um exército, polícia e alguns políticos arrogantes. Em graus variados, isso é verdade para quase todos os Segundo e Terceiro Mundos. 28 Essa classe tem sido chamada de classe dominante, elite do poder ou conspiração, dependendo se a análise vem de um fundo marxista, liberal ou bircher. Os termos serão usados alternadamente para mostrar a semelhança da identificação. Manifesto do Novo Libertário 136 E o “Primeiro” Mundo? Nos países social-democratas, o mercado negro é menor porque o “mercado branco” de transações de mercado legalmente aceitas é maior, mas o primeiro ainda é bastante proeminente. A Itália, por exemplo, tem um “problema” de grande parte de seu serviço público (que funciona oficialmente das 7h às 14h) trabalhando não oficialmente em vários empregos o resto do dia para ganhar dinheiro “negro”. A Holanda tem um grande mercado negro de habitação devido à alta regulamentação desta indústria. A Dinamarca tem um movimento de evasão fiscal tão grande que aqueles nele seduzidos para a política formaram o segundo maior partido. E estes são apenas os exemplos mais grosseiros que a imprensa pôde ou quis cobrir. Os controles cambiais são evadidos de forma desenfreada; na França, por exemplo, supõe-se que todos tenham um grande estoque de ouro e viagens à Suíça para mais do que turismo e esqui são comuns. Para apreciar plenamente a extensão dessa atividade contraeconômica, é preciso ver as economias “capitalistas” relativamente livres. Vejamos os mercados negro e cinza29 na América 29 Enquanto alguns atos coercitivos, como assassinato e roubo, são muitas vezes agrupados no rótulo “mercado negro”, a grande maioria desse “crime organizado” é perfeitamente legítimo para um libertário, embora ocasionalmente desagradável. A máfia, por exemplo, não é um mercado negro, mas um governo sobre parte do mercado negro que coleta dinheiro de proteção (impostos) de suas vítimas e impõe seu controle com execuções e espancamentos (aplicação da lei), e até conduz guerras quando seu monopólio é ameaçado. Esses atos serão considerados mercado vermelho para diferenciá- los dos atos morais do mercado negro, que serão discutidos a seguir. Em suma, o “mercado negro” é qualquer coisa não-violenta que é proibida pelo estado e realizada de qualquer maneira. O “mercado cinza” é usado aqui para significar o comércio de bens e serviços não ilegais, mas obtidos ou distribuídos de maneiras não legisladas pelo estado. Muito do que é chamado de “crime do colarinho branco” se enquadra nessa categoria e a maioria da sociedade sorri para ele. Onde se traça a linha entre o mercado negro e cinza depende em grande parte do estado de consciência da sociedade em que se vive. O mercado vermelho é claramente separável: assassinato é mercado vermelho. Quando o estado Samuel Edward Konkin III 137 do Norte e lembremos que este é o caso de menor atividade no mundo hoje. De acordo com o American Internal Revenue Service, pelo menos vinte milhões de pessoas pertencem à “economia subterrânea” de sonegadores de impostos que usam dinheiro ou troca para evitar a detecção de transações. Milhões guardam dinheiro em ouro ou em contas estrangeiras para evitar a tributação oculta da inflação. Milhões de “estrangeiros ilegais” estãoempregados, de acordo com o Immigration and Naturalization Service. Milhões de outros vendem ou consomem maconha, cocaína e outras drogas proibidas, incluindo laetrile, triptofano, drogas antiaids e outros materiais médicos proibidos. E há todos os praticantes de “crimes sem vítimas”. Além do uso de drogas, há prostituição, pornografia, contrabando, documentos falsos de identificação, jogos de azar e conduta sexual proscrita entre adultos consentidos. Independentemente dos “movimentos de reforma” para obter aceitação política desses atos, a população optou por agir na Ágora — e, ao fazê-lo, está criando uma ContraEconomia. Não para por aqui, no entanto. Desde que o limite de velocidade de 55 mph foi decretado federalmente nos EUA, a maioria dos americanos se tornaram motoristas contraeconômicos. A indústria de caminhões desenvolveu comunicações CB para evitar a aplicação dos regulamentos pelo estado. Para os independentes que podem fazer quatro corridas a 75 mph em vez de três corridas a 55 mph, a direção contraeconômica é uma questão de sobrevivência. O antigo costume de contrabando prospera hoje, desde barcos carregados de maconha e eletrodomésticos estrangeiros com altas proíbe a autodefesa, defender-se contra um criminoso — incluindo um policial — é preto na Cidade de Nova York e cinza em Orange County, Califórnia. Manifesto do Novo Libertário 138 tarifas e caminhões carregados de pessoas de países menos desenvolvidos, até os turistas que guardam um pouco mais na bagagem e não informam aos despachantes alfandegários. Quase todo mundo se envolve em algum tipo de deturpação ou desorientação em seus formulários de impostos, pagamentos não registrados por serviços, comércio não declarado com parentes e posições sexuais ilegais com seus companheiros. Até certo ponto, então, todos são contraeconomistas! E isso é previsível a partir da teoria libertária. Quase todos os aspectos da ação humana têm leis estatais que a proíbem, regulam ou controlam. Essas leis são tão numerosas que um partido “libertário” que impedisse qualquer nova legislação e revogasse rapidamente dez ou vinte leis por sessão não teria revogado significativamente o estado (muito menos o próprio mecanismo!) por milênios!30 Obviamente, o estado é incapaz de obter o cumprimento de seus decretos. Mas o estado continua. E se todo mundo é um pouco contraeconômico, por que a Contraeconomia não suplantou a economia? Fora da América do Norte podemos acrescentar o efeito do imperialismo. A União Soviética recebeu apoio dos países mais desenvolvidos na década de 1930 e grandes quantidades de instrumentos de violência durante a Segunda Guerra Mundial. Ainda hoje, o “comércio” — fortemente subsidiado por empréstimos não reembolsáveis — sustenta os regimes soviético e chinês. Esse capital (ou anticapital, sendo destrutivo de valor) de ambos os blocos, junto com a ajuda militar, mantém regimes no resto do globo. Mas isso não explica o caso norte-americano. 30 Assim, um Partido “Libertário” perpetuaria o estatismo. Além disso, um Partido “Libertário” preservaria o ganho ilícito da classe dominante e manteria o mecanismo de execução e imposição do estado. Samuel Edward Konkin III 139 O que existe em todos os lugares da Terra que permite que o estado continue é a sanção da vítima.31 Cada vítima do estatismo internalizou o estado em algum grau. A proclamação anual do IRS de que o imposto de renda depende do “cumprimento voluntário” é ironicamente verdadeira. Se o contribuinte cortasse completamente o suprimento de sangue, o estado vampiro pereceria impotente, sua polícia e exército não remunerados desertando quase imediatamente, desarmando o Monstro. Se todos abandonassem o “curso forçado” por ouro e commodities em contratos e outras trocas, é duvidoso que mesmo a tributação pudesse sustentar o estado moderno.32 31 Obrigado, Ayn Rand, por essa frase. 32 Embora este tópico seja amplamente abordado na literatura libertária, muitos ainda desconhecem a verdadeira natureza e mecanismo da inflação. Muito brevemente, um aumento geral de preços é apenas a consequência da inflação, que é o aumento da oferta de moeda. Muito mais prejudicial é sua redistribuição de riqueza e seus efeitos colaterais que deslocam a economia. O estado “cria” dinheiro, que é distribuído para a primeira linha de beneficiários — grandes banqueiros, para pagar seus contratantes de guerra/bem-estar — e para o serviço público, a segunda linha de beneficiários. À medida que aumentam os preços com esse poder de compra sem respaldo, todos os outros se veem incapazes de comprar tanto. O aumento não previsto do preço (a inflação antecipada é descontada pelo mercado) sinaliza aos empreendedores que invistam em bens de capital para aumentar a demanda. À medida que o consumo é reduzido devido à redução do poder de compra geral, esses empreendedores descobrem que investiram demais e devem vender com prejuízo, demitir funcionários e liquidar capital — o resultado é uma depressão. O estado é muitas vezes induzido pelo clamor de trabalhadores desempregados e capitalistas quase falidos para aumentar a oferta de moeda novamente para “estimular” a economia; isto é, para criar outro boom ilusório. Infelizmente, esta nova injeção de inflação deve ser antecipada para funcionar; portanto, uma inflação ainda maior deve ocorrer. O ciclo, se continuar, levaria à inflação descontrolada (Alemanha, 1923, é um exemplo clássico) e ao colapso da moeda (“Crack-Up Boom” é a frase descritiva de Mises). Economistas supostamente de livre mercado exortam o estado a “tomar a pílula amarga” da depressão (como um viciado em “peru frio” para não ter overdose) para trabalhar os efeitos da injeção de dinheiro e curar o sistema. Manifesto do Novo Libertário 140 É aqui que o controle estatal da educação e dos meios de informação, seja diretamente ou por meio da propriedade da classe dominante, se torna crucial. Antigamente, o sacerdócio estabelecido tinha a função de santificar o rei e a aristocracia, mistificar as relações de opressão e induzir culpa nos evasores e resistentes. O desestablishment da religião colocou esse fardo sobre a nova classe intelectual (o que os russos chamavam de intelligentsia). Alguns intelectuais, mantendo a verdade como seu valor mais alto (como fizeram teólogos e clérigos dissidentes anteriores), trabalham para esclarecer em vez de mistificar, mas são rejeitados ou insultados e mantidos longe da renda controlada pelo estado e pelas fundações. Assim é criado o fenômeno da dissidência e do revisionismo; e assim é gerada a atitude de Anti-intelectualismo entre a população, que suspeita ou compreende incompletamente a função da Corte Intelectual. Observe bem como os intelectuais anarquistas são atacados e reprimidos em cada estado; e aqueles que defendem a derrubada da atual classe dominante — mesmo que apenas para substituí-la por outra — são suprimidos. Aqueles que propõem mudanças que eliminam alguns beneficiários do estado e acrescentam outros são frequentemente elogiados pelos elementos beneficiados dos Círculos Superiores e atacados pelos potenciais perdedores. Uma característica comum da maioria dos adeptos do mercado negro é a sua culpa. Eles desejam “fazer sua trouxa” e retornar à “sociedade convencional”. Contrabandistas e prostitutas anseiam algum dia pela re-aceitação na sociedade — mesmo quando formam uma “subsociedade” de apoio de párias. No entanto, houve exceções a esse Como pode ser visto, isso é profundamente conservador na manutenção do estatismo. Uma solução muito melhor seria as pessoas abandonarem o dinheiro fiduciário do estado em favor de meios de troca inflacionáveis, como ouro, prata, commodities ou moedas estrangeiras mais duras, a fim de acelerar o colapso. Samuel Edward Konkin III 141 fenômeno deanseio por aceitação: as comunidades religiosas dissidentes dos anos 1700, as comunidades políticas utópicas dos anos 1800 e, mais recentemente, a contracultura dos hippies e da New Left. O que eles tinham era a convicção de que sua subsociedade era superior ao resto da sociedade. A reação de medo que eles geraram no resto da sociedade foi o medo de que eles estivessem corretos. Todos esses exemplos de subsociedades autossustentáveis falharam por uma razão primordial: ignorância de economia. Nenhum vínculo social, por mais bonito que seja, pode superar a cola básica da sociedade — a divisão do trabalho. A comuna antimercado desafia a única lei aplicável — a lei da natureza. A estrutura organizacional básica da sociedade (acima da família) não é a comuna (ou tribo ou tribo estendida ou estado), mas a Ágora. Não importa quantos desejem que o comunismo funcione e se dediquem a ele, ele falhará. Eles podem conter o agorismo indefinidamente com grande esforço, mas quando eles o soltam, o “fluxo” ou “Mão Invisível” ou “marés da história” ou “incentivo ao lucro” ou “fazer o que vem naturalmente” ou “espontaneidade” levará a sociedade inexoravelmente mais próximo da Ágora pura. Por que há tanta resistência à felicidade eventual? Os psicólogos têm lidado com isso desde que começaram sua ciência embrionária. Podemos ao menos dar duas respostas amplas quando se trata de questões socioeconômicas: a internalização de antiprincípios (aqueles que parecem ser princípios, mas na verdade são contrários à lei natural) e a oposição de interesses pessoais. Agora podemos ver claramente o que é necessário para criar uma sociedade libertária. Por um lado, precisamos da educação dos ativistas libertários e do aumento de consciência dos contraeconomistas para a compreensão libertária e o apoio mútuo. “Estamos certos, somos melhores, estamos sobrevivendo de maneira moral e consistente e estamos construindo uma sociedade melhor — para benefício de nós Manifesto do Novo Libertário 142 mesmos e dos outros”, podem afirmar nossos “grupos de encontro” contraeconômicos. Observe bem que os ativistas libertários que não são contraeconomistas praticantes completos provavelmente não serão convincentes. Candidatos políticos “libertários” minam tudo o que dizem (de valor) pelo que estão fazendo; alguns candidatos chegaram a ocupar cargos em agências fiscais e departamentos de defesa! Por outro lado, devemos nos defender contra os interesses estabelecidos ou, pelo menos, diminuir sua opressão o máximo possível. Se rejeitarmos a atividade reformista como contraproducente, como alcançaremos esse resultado? Uma maneira é trazer mais e mais pessoas para a ContraEconomia e diminuir a pilhagem disponível para o estado. Mas a evasão não é suficiente; como nos protegemos e até contra-atacamos? Devagar, mas com firmeza, nos moveremos para a sociedade livre, levando mais contraeconomistas ao libertarianismo e mais libertários à ContraEconomia, finalmente integrando teoria e prática. A ContraEconomia crescerá e se espalhará para o próximo passo que vimos em nossa viagem para trás, com uma subsociedade agorista cada vez maior embutida na sociedade estatista. Alguns agoristas podem até se condensar em distritos e guetos discerníveis e predominar em ilhas ou colônias espaciais. Neste ponto, a questão da proteção e defesa se tornará importante. Usando nosso modelo agorista (Capítulo II), vemos como a indústria de proteção precisa evoluir. Em primeiro lugar, por que as pessoas se envolvem em ContraEconomia sem proteção? A recompensa pelo risco que assumem é maior do que a perda esperada. Essa afirmação é verdadeira, é claro, para toda atividade econômica, mas para a ContraEconomia ela requer ênfase especial: Samuel Edward Konkin III 143 O princípio fundamental da ContraEconomia é trocar risco por lucro.33 Quanto maior o lucro esperado, maior o risco assumido. Observe que se o risco for reduzido, muito mais será tentado e realizado — certamente um indicador de que uma sociedade livre é mais rica do que uma não livre. O risco pode ser reduzido aumentando o cuidado, tomando precauções, reforçando a segurança (fechaduras, estoques, esconderijos seguros) e confiando em menos pessoas de maior confiabilidade. O último indica uma alta preferência por lidar com companheiros agoristas e um forte incentivo econômico que vincula uma 33 Um exemplo de como isso funciona pode ser útil. Suponha que eu desejasse receber e vender um contrabando ou sonegar um imposto ou violar um regulamento. Digamos que eu possa fazer $100.000 por transação. Usando os números do governo sobre a apreensão de criminosos — sempre exagerados em favor do estado simplesmente porque eles não podem saber o quanto a ContraEconomia se safa — encontro uma taxa de apreensão de 20%. Pode-se então descobrir a porcentagem desses casos que chegam a julgamento e a porcentagem daqueles que resultam em condenação mesmo com um bom advogado. Digamos que 25% cheguem a julgamento e 50% resultem em condenação. (Este último é alto, mas vamos lançar os honorários advocatícios envolvidos, de modo que mesmo uma decisão envolvendo perda de custas judiciais, mas absolvição ainda é uma “perda”). Portanto, incorro um risco de 2,5%. Isso é alto para a maioria dos casos reais. Suponha que minha multa máxima seja de $500.000 ou cinco anos de prisão — ou ambos. Excluindo minhas transações ContraEconômicas (certamente não se pode contá-las ao decidir se as faço ou não), posso ganhar $20.000 por ano para perder outros $100.000 enquanto estiver preso. É muito difícil atribuir um valor a cinco anos de encarceramento, mas pelo menos em nossa sociedade atual não é muito pior do que outras institucionalizações (escola, exército, hospital) e pelo menos o contraeconomista não será atormentada pela culpa e remorso. Então eu peso 2,5% de perda de $600.000 ($15.000) e cinco anos contra ganho de $100.000! E eu poderia facilmente me segurar por $15.000 (ou menos) para pagar todos os custos e multas! Em suma, funciona. Manifesto do Novo Libertário 144 subsociedade agorista e fornece um incentivo para recrutar ou apoiar o recrutamento para essa subsociedade. Os empreendedores contraeconômicos têm um incentivo para fornecer melhores dispositivos de segurança, locais de ocultação, instruções para ajudar na evasão e para selecionar clientes e fornecedores em potencial para outros empreendedores contraeconômicos. E assim nasce a indústria de proteção contraeconômica. À medida que cresce, pode começar a fazer seguros contra “rupturas”, reduzindo ainda mais os riscos contraeconômicos e acelerando o crescimento contraeconômico. Em seguida, pode fornecer vigias e áreas de guarda com sistemas de alarme e mecanismos de ocultação de alta tecnologia. Os guardas podem ser fornecidos contra criminosos reais (além do estado). Já muitos bairros residenciais, comerciais e até de minorias empregam patrulhas privadas, tendo desistido da suposta proteção da propriedade pelo estado. Ao longo do caminho, o risco de violação de contrato entre comerciantes contraeconômicos será reduzido pela arbitragem. Em seguida, as agências de proteção começarão a fornecer cumprimento de contratos entre agoristas, embora o maior “executor” nos estágios iniciais seja o estado ao qual cada um pode trair o outro. No entanto, esse ato resultaria rapidamente na expulsão da subsociedade; portanto, será valorizado um mecanismo interno de fiscalização. Nos estágios finais, as transações contraeconomistas com os estatistas serão asseguradas pelas agências de proteção e os agoristas assim protegidos contra a criminalidade do estado.34 34 Provavelmente deve-se notar explicitamente que as empresas podem crescer bastante na ContraEconomia. A existência ou não de “trabalhadores assalariados” em vez de “empreiteiros independentes”para todas as etapas da Samuel Edward Konkin III 145 Neste ponto chegamos ao passo final antes da conquista de uma sociedade libertária. A sociedade está dividida entre grandes áreas agoristas invioláveis e setores estatistas que encolhem rapidamente. Estamos à beira da Revolução. IV. Revolução: Nossa Estratégia Nossa condição tendo sido analisada, nosso objetivo percebido, o mecanismo foi descrito e um conjunto de caminhos foi mapeado. Deveríamos simplesmente ir rumo a ContraEconomia nós mesmos, educar nossos egos no libertarianismo e informar a outros por palavra e por ação de que devemos alcançar nossa sociedade libertária. De fato, isso é suficiente para a maioria das pessoas e o suficiente a ser esperado. Nenhum Novo Libertário deve sequer uma vez repreender contraeconomistas libertários por não fazerem mais, eles são agoristas e chegarão lá em seu próprio tempo. Mas até mesmo esses simples agoristas podem querer contribuir para empreendedores em acelerar o movimento da sociedade agorista desde o estatismo. E outros, percebendo a inflação em crescimento rumo ao colapso econômico ou as nuvens negras da guerra, desejarão que algo seja feito a respeito disso. Finalmente, os contra-ataques do produção é discutível, mas este autor sente que todo o conceito de “trabalhador/patrão” é um resquício do feudalismo e não, como afirma Marx, fundamental. ao “capitalismo”. É claro que o capital-estatismo é o oposto do que o libertário defende. Além disso, mesmo grandes empresas hoje podem se tornar parcialmente ContraEconômicas, deixando uma parte no “mercado branco” para satisfazer os agentes do governo e pagar alguma quantia de impostos e relatar um número simbólico de trabalhadores. O resto do negócio iria (e já costuma fazer) expandir-se para fora dos livros com contratantes independentes que fornecem, prestam serviços e distribuem o produto acabado. Ninguém, nenhum negócio, nenhum trabalhador e nenhum empreendedor precisa ser do mercado branco. Manifesto do Novo Libertário 146 estado que subvertem a subsociedade agorista e atraem os libertários para caminhos falsos devem ser combatidos. Essas tarefas definem o campo para o ativista Novo Libertário. 35 Novamente, para aqueles que desejam apenas viver suas vidas o mais livre possível e se associar com outros que pensam parecido, o libertarianismo contraeconômico é o suficiente. Mais nada é preciso. Mas para aqueles que desejam apoiar de qualquer modo que eles possam esses empreendedores heroicos que se especializam em recrutar para a Ágora, lidam com catástrofes causadas, e combater os estatistas de dentro e de fora, um guia é necessário para selecionar aqueles que estão "fazendo algo que vale a pena" daqueles que estão rodando suas rodas e aqueles que são em verdade contraprodutivos (i.e. contrarrevolucionários) para atingir mais liberdade. E para aqueles, como este autor, que ardem pela liberdade e desejam dedicar-se a essa obra vitalícia, uma estratégia é essencial. O que segue, então, é a Estratégia do Novo Libertário. 36 O ativista Novo Libertário precisa manter em mente que a defesa atual contra o estado é impossível até a ContraEconomia ter gerado os sindicatos de agências de proteção suficientemente grandes para os defender contra o remanescente do estado. Isso ocorrerá somente na "fase de transição" entre os terceiro e quarto passos que levam de volta do nosso estatismo ao agorismo (capítulo 3). 35 Muitos agoristas tais como Pyro Egon desafiaram os Novos Libertários nesse ponto. Para eles, o manifesto até aqui é todo o programa e qualquer “ativismo” adicional é “movimento” e leva inelutavelmente de volta ao estatismo. 36 New Libertarian Strategy é o jornal de notícias do Movimento da Esquerda Libertária — não por coincidência. Samuel Edward Konkin III 147 Cada passo do estatismo ao agorismo requer uma estratégia diferente; táticas irão diferir mesmo dentro de cada passo. Há algumas regras que se aplicarão a todos os estágios. Sob todas as circunstâncias, um novo libertário recruta e educa. Diante de indivíduos conhecidos tipicamente confusos que consideram um ato contraeconômico, incentive-os a fazer isso. Se eles são inteligentes o suficiente e não tendem a jogar o problema de volta a você, explique os riscos envolvidos e o retorno esperado. Acima de tudo, eduque-os através de seu exemplo na medida em que você puder deixá-los saber. Todos os "Libertários de Biblioteca" você sabe, aqueles que professam alguma variante teórica de libertarianismo, mas evitam a prática, devem ser encorajados a praticarem o que eles pregam. Escarneça a inação deles, exalte os primeiros passos hesitantes rumo a ContraEconomia. Interaja com eles mais e mais conforme cresce a confiança na competência e experiência deles. Aqueles já se encontram na ContraEconomia com os quais você se reúne podem ser "deixados livres" na filosofia libertária que você possui, essa crença misteriosa que você sustenta e que lhe mantém tão feliz e livre de culpa. Apareça despreocupadamente se eles fingirem falta de interesse: fique entusiasmado à medida que se tornam mais curiosos e ansiosos para aprender. Engaje-se no Agorismo de si mesmo através de exemplo e de argumento. Controle e programe suas reações emocionais para exibir hostilidade ao estatismo e ao divergentismo, e para exibir entusiasmo e alegria a atos agoristas e aos recuos do estado. A maior parte dessas táticas virá com a rotina, mas você pode checar a si mesmo para polir algumas coisas. Manifesto do Novo Libertário 148 Finalmente, coordene suas atividades com outros ativistas Novos Libertários. Nesse ponto, chegamos à necessidade de táticas e organização de grupo. Muitos honrados libertários argumentam que as estruturas do mercado de negócios, parcerias e de sociedades por ações 37"providenciam toda a organização necessária ou desejável"; salvo talvez para encontros pessoais e socialização. Em um sentido eles estão corretos que todas essas estruturas precisam ser compatíveis com o mercado ou seriam inconsistentes com o agorismo. Em um sentido, eles são culpados de uma falta de imaginação e uma preocupação da forma sobre a substância. Em uma sociedade agorista, a divisão do trabalho e o respeito do si mesmo de cada trabalhador-capitalista-empreendedor provavelmente eliminará a tradicional organização de negócios - especialmente a hierarquia corporativa, uma imitação do estado e não do Mercado. A maioria das companhias serão associações de contratantes, consultores e outras companhias independentes. Muitos podem ser somente empreendedores e possuir assim todos seus serviços, computadores, ofertantes e clientes. Esse modo de operação já está por aí e crescendo nos mais livres segmentos das economias do Ocidente. Assim, associações de empreendedores da liberdade com o propósito de especializar, coordenar e entregar atividades libertárias não é uma violação do mercado e podem muito bem ser ótimas. O nome tradicional para uma junção de unidades soberanas por um 37 Mas não uma "corporação" que é um "indivíduo" fictício criado pelo estado e endossado de privilégios. Alguns privilégios além de subsídios e tarifas são alíquotas especiais, responsabilidade limitada, isenção de regulamentação, licenças e benefícios legais em disputas judiciais. É verdade que eles têm algumas desvantagens, mas nenhuma se compara a um negócio não incorporado do mercado branco. Samuel Edward Konkin III 149 objetivo e que então se desassociam é uma aliança. Assim, a organização para os ativistas Novos Libertários é a Aliança dos Novos Libertários.38 A organização das ANL (ou ANLs) é simples e deve evitar tornar-se em um órgão político ou até mesmo uma organização autoritária. Em vez de oficiais, o que é necessário são táticos (coordenadores locais com competência em planejamentotático) e estrategistas (coordenadores regionais com competência em pensamento estratégico). Um Aliado Novo Libertário não segue um tático ou um estrategista, mas na verdade "compra" seu argumento e especialização. Qualquer um oferecendo um plano melhor pode substituir o planejador anterior. Táticas e estratégia deveriam ser "compradas e vendidas" pelos Aliados tal como qualquer outra mercadoria em modo consistente com o agorismo. Mesmo que esses rótulos sejam emprestados da história militar e correspondam a uma forma de combate, nunca se esqueçam que o confronto físico atual com os impositores do estado deve esperar pela 38 A primeira Aliança de Novos Libertários foi formada, prematuramente em muitos aspectos, por este autor em 1974 a partir de recrutas de um ataque ao “L”P ["Libertarian" Party], de outros ativistas do movimento e alguns contraeconomistas. O mercado mostrou-se menos do que pronto para um crescimento neste negócio e, portanto, a ANL até agora gastou a maior parte de suas energias na construção desse mercado. Qualquer bando de Novos Libertários pode se chamar de Alianças de Novos Libertários sem “autorização oficial”; a maioria certamente desejará coordenar-se com outros grupos da ANL e tentar chegar a um acordo sobre uma estratégia comum, embora as táticas possam diferir das diferentes condições dos Aliados. Manifesto do Novo Libertário 150 geração por parte do mercado de sindicatos de agências de proteção com força o suficiente; todo o resto é prematuro.39 Qual é a estratégia global, estratégia continental, e as táticas locais para um ANL otimamente buscar? Novamente, olhemos aos quatro passos da - ou para - a Ágora desde o Estatismo. Os três primeiros estão mais para divisões artificiais; nenhuma mudança abrupta ocorre do primeiro para o segundo ao terceiro. Como será mostrado, é mais provável que a transição desde o terceiro ao quarto passo seja bem súbita, embora não seja exigido pela natureza da Ágora; em vez disso, a convulsão será causada pela natureza do estado. Em face disso, toda violência, agitação, instabilidade de deslocações são causadas pelo estado - nunca fomentada pelos Novos Libertários. Preste atenção, você que quer ser um paladino da Liberdade: nunca inicie nenhum ato de violência, independentemente de a probabilidade de um resultado “libertário” parecer. Fazer isso é reduzir você mesmo a um estatista. Não há exceções a essa regra. Ou você é fundamentalmente consistente ou não. Um Novo Libertário é 39 Esse modo de organização da ANL funcionou bem para o capítulo de Long Beach que o manteve constantemente em prática. A estratégia regional não foi totalmente "sacudida" pela prática, mas nenhum outro grupo da ANL manteve esse alto nível de Aliados comprometidos que estavam constantemente desenvolvendo e trabalhando nessa teoria. Quanto aos exércitos, deve-se notar que Nerstor Makhno dirigiu um exército de uma maneira bem anarquista com um pequeno núcleo de oficiais e completos voluntários preenchendo as filas quando necessitados ou convencidos da necessidade. Ele lutou contra Vermelhos e Brancos com sucesso na Ucrânia entre 1918 e 1920 até ser superado em números pelos vitoriosos estatistas Vermelhos combinando todos os recursos de um continente contra ele. Samuel Edward Konkin III 151 fundamentalmente consistente e alguém que não é fundamentalmente consistente não é um Novo Libertário.40 Mas usar a análise Novo Libertária, pode-se predizer o provável surto de agressão estatista e aja para impedi-lo por exposição ou até mesmo defender ou evacuar as vítimas. Pode-se também predizer os resultados prováveis de desvios de grupos libertários e evitar as desistências e desastres ou conquistar o respeito por sua previsão e pelo Novo Libertarianismo de potenciais recrutas. Deixe o estado ser o fogo da floresta; as ANLs são os avistadores de fumaça que sabem como ele queima, onde estão os obstáculos para ele, como os ventos da mudança o afetam, para onde as faíscas podem voar, e, finalmente, como extingui-lo. Com isso em mente, rotulemos os passos para a Ágora como quatro fases e delinearemos a apropriada estratégia para cada. Fase 0: Sociedade Agorista de Densidade Zero Nessa fase, a maior parte da história humana, não existem agoristas, somente libertários espalhados ou pensadores proto- libertários e contraeconomistas praticantes. No momento que alguém ler este manifesto e desejar aplicá-lo, teremos nos movido para a segunda fase. Tudo o que pode ser feito na Fase 0 é uma lenta evolução da consciência, desenvolvimento de acertos e erros e muitas dicotomias frustrantes. 40 Nenhuma associação ou credenciais são necessárias ou desejáveis para a ANL. É claro, pode-se fazer uma lista daqueles com os quais se juntar e planejar, e a quem enviar comunicações. Mas não há nada sagrado ou especial sobre tais listas; elas são meramente o juízo de um estrategista ou tático. Não se pode ser expulso da ANL. Ou se é um Novo Libertário ou não, de acordo com as evidências fornecidas por seus atos; todos os outros Aliados devem julgar por si mesmos. Todos os que aceitarem você como um Novo Libertário estarão em Aliança com você; aqueles que te rejeitam não são, embora você possa estar em Aliança com outros. Manifesto do Novo Libertário 152 Até você - o primeiro agorista na situação de Fase 0 - ter adicionado pessoas a seu número, sua única estratégia pode ser aumentar seus números, bem como viver ContraEconomicamente você mesmo. A melhor forma de organização é uma Aliança Libertária na qual você direciona os membros para fora da atividade política (para onde eles cegamente foram buscando alívio da opressão) e focar na educação, publicidade, recrutamento e talvez alguma campanha antipolítica (i.e., "Vote em Ninguém", "Ninguém dos Acima", "Boicote a Eleição", "Não Vote, Isso Só Encoraja Eles!" etc...) para publicizar a alternativa libertária. Uma Aliança Libertária pode se posicionar sobre questões acordadas, mas deve insistir na unanimidade. Somente as posições mais claramente libertárias serão tomadas e você pode sempre vetar um posicionamento divergente. Sempre encoraje tendências rumo a posições "hardcore" (consistentes) e escarneie posições "softcore" (inconsistentes). Fase 1: Sociedade Agorista de Baixa Densidade Os primeiros libertários contraeconômicos aparecem nessa fase e as primeiras sérias cisões no movimento Libertário ocorrem. Visto que poucos libertários são muito consistentes ainda, a divergência correrá descontrolada e tenderá a esmagar o ativismo. Esquemas de "consiga a liberdade logo" do anarco-sionismo (fugir para uma Terra Prometida da Liberdade) até o oportunismo político, seduzirão o impaciente e levarão embora o incompletamente informado. Tudo falhará se por nenhuma outra razão além da Liberdade, essa crescer indivíduo por indivíduo. A conversão em massa é impossível. Há uma exceção - radicalização por ataque estatista contra um coletivo. Mesmo assim, isso exige que os empreendedores da Liberdade tenham informado suficientemente o coletivo perseguido para que eles fiquem coerentemente libertários em vez de se espalharem aleatoriamente ou, pior ainda, fluírem para algum estatismo que não esteja no poder. Essas Crises de Estatismo são espontâneas e previsíveis - mas não podem ser causadas por libertários consistentes morais. Samuel Edward Konkin III 153 A estratégia dos primeiros Novos Libertários é combater antiprincípios que fortificam o estado e dissipam a energia anarquista de forma inútil. A estratégia geral delineada anteriormente se aplica; levar os libertários para a ContraEconomia e fazer com que os agoristas mais ativos levem os contraeconomistas para o libertarianismo. Os proto-Novos Libertários podem trabalhar dentro de organizações e clubes existentes de Libertários como "caucus radicais",grupos de gingers, ou como uma facção de "Esquerda Libertária" em geral. Uma ANL é prematura aqui porque ela ainda não é autossustentável. O que pode ser construído com sucesso - sob qualquer rótulo que pareça condutível para recrutamento - é um Movimento da Esquerda Libertária. Tal Movimento é ele mesmo uma mala misturada de indivíduos de variante "núcleo rígido"41 mas tendem ou estão se movendo rumo ao ideal do Novo Libertarianismo. Até dentro da estrutura do MEL deveria ser des-enfatizado. A maioria dos Novos Libertários serão os mais competentes paras coordenar a planejar, isto é, aqueles de mais alto entendimento e prática de agorismo e maior zelo pela ação naturalmente dirigirão recursos. Cada membro do MEL assim como cada NL aliado, gasta seus próprios recursos e decide se aceita ou não o conselho e o planejamento de um tático ou estrategista, como qualquer empresário faria com qualquer consultor informado. Algumas armadilhas públicas pseudopolíticas serão necessárias para utilizar fóruns públicos e acessos da mídia; também, a maioria das pessoas não entenderá sua organização de mercado a não ser que você a traduza em terminologia pseudopolítica e volte novamente. Nesse ponto, nos estágios tardios da Fase 1 e com um MEL funcionando e grande o suficiente, essa "cadre" hardcore dedicada pode aplicar nivelamento para sacudir grupos maiores de quase-libertários 41 N.T: Hardness of Core Manifesto do Novo Libertário 154 semi-convertidos para bloquear de verdade ações marginais por parte do estado. Esta é uma tática de alto gasto, de “ganho rápido”, mas de baixa rendimento tático de longo prazo e deve ser rara. (Isso será abordado mais tarde; basicamente, evitar a guerra e o extermínio em massa de libertários.) Seguindo todas essas atividades, radicalizando os libertários, e envolvendo a ANL. Isso é tudo que se pode alcançar. Fase 2: Sociedade Agorista de Densidade Média e Pequena Condensação Nesse ponto os estatistas tomam notícia do agorismo. Enquanto antes os libertários poderiam ser manipulados por uma facção regente em detrimento de outra (algum tipo de "competição" antimercado, jogada com eleições e balas em vez de inovação e precificação), agora eles começaram a ser percebidos como uma ameaça. Massacres (prisões em massa) podem até ocorrer, embora isso seja improvável. Lembre-se, a maioria dos agoristas estão embebidos no resto da sociedade e associando-se com eles estão libertários e contraeconomistas parcialmente convertidos. Para chegar a essa fase, toda a sociedade foi contaminada pelo agorismo a um certo grau. Assim é agora possível para os primeiros "guetos" ou distritos de agoristas aparecer e contar com a simpatia do resto da sociedade para restringir o estado de um ataque em massa.42 Essas comunidades, sejam na superfície ou no subsolo, podem agora sustentar a Aliança dos Novos Libertários, a ANL age como uma porta-voz para a Ágora com a sociedade estatista, usando toda chance para publicizar a superioridade da vivência agorista em relação à 42 Aparecimentos prematuros de comunidades agoristas levarão a sua supressão violentamente pelo estado. A ANL precisa defender aqueles que podem ser salvo quando condições históricas são marginais e alertar e evacuar aqueles que estão condenados. Samuel Edward Konkin III 155 habitação estatista e talvez argumentar pela tolerância daqueles com "diferentes modos".43 Nessa fase, a sociedade agorista está vulnerável a regressão estatista da população. Assim, os agoristas, visíveis ou não, têm um alto incentivo para pelo menos manter o nível presente de consciência libertária entre o resto da população. Isso deve ser feito de forma mais especializada pela ANL (um modo de definir quem a ANL é nessa fase), a ANL tem seu sustento e sua missão. Mas, em adição a "defender" a subsociedade agorista, ela pode funcionar rumo a acelerar o próximo passo evolucionário. Fase 3: Sociedade Agorista de Alta Densidade e de Alta Condensação Nessa fase, o estado se move em uma série de crises terminais, de algum modo análogo ao bem conhecido cenário marxista, mas com diferentes causas - nesse caso, causas reais. Felizmente, o potencial de dano fora drasticamente reduzido pela sabotagem dos recursos do estado e corrosão de sua autoridade pelo crescimento da ContraEconomia. 43 Aqueles que ainda estão dentro dos limites da moralidade Novo Libertária para apontar a uma facção dos Círculos Superiores que a existência agorista os beneficia mais do que a outra facção. Embora nenhum estatista possa ser ajudado em pilhagem e assassinato, e mesmo aliar-se a um estatista contra outro consome recursos escassos para o resultado de meramente negociar opressores, o Novo Libertário pode perceber que simplesmente por existir e conduzir negócios usuais, a atividade agorista é relativamente mais prejudicial para um grupo de estatistas do que para outro. Uma boa regra prática para a tática de jogar com os grupos dominantes é garantir que não sejam dedicados mais recursos a ela do que declarações extras baseadas em publicações regulares e exposição na mídia para trabalhos mais importantes...e conversas privadas, se alguém frequenta esses círculos sociais. Essa tática falha quando a sociedade agorista é percebida como muito ameaçadora; então todas as facções estatistas se unem para salvar suas peles. Manifesto do Novo Libertário 156 De fato, conforme os recursos da economia se aproximam da igualdade entre o estado e a Ágora, o estado desembarca em crise. Guerras e inflação descontrolada com depressões e quebras se tornam perpétuas conforme o estado tenta redimir sua autoridade. Pode ser possível reverter seu declínio através da corrupção da Ágora com antiprincípios dedutivos, de modo que a primeira tarefa da ANL é clara: manter vigilância e pureza de pensamento. Nessa fase, a ANL não pode mais sustentar qualquer rótulo ou muito de sua antiga forma. Os Novos Libertários mais motivados se moverão ao suprimento de pesquisa e desenvolvimento para as agências cooperativas agoristas de proteção e arbitragem e finalmente como diretores das companhias sindicais de proteção. A situação agora se aproxima da revolução, mas ainda é reversível.44 Novamente, os Novos Libertários estão na linha de frente de manter e defender ganhos a esse ponto, mas visando a próxima fase. A ANL (agora somente um termo coletivo para os elementos mais preocupados com o futuro) podem acelerar o processo através da descoberta e do desenvolvimento de métodos ótimos de proteção e defesa, ambos por palavra e por ação, para a industriosidade e empreendendo suas inovações. Nessa transição de fase entre 3 e 4 temos a última soltura de violência pela Classe Governante do estado para suprimir esses elementos que as trariam à justiça por todos os crimes passados do estado. Os intelectuais do estado percebem que sua autoridade falhou e tudo estará perdido; as coisas precisam ser revertidas agora ou nunca. A ANL precisa prevenir consciência prematura desse status ou ação 44 Digamos que uma região seja altamente agorista e o resto mais primitivo. Recursos podem ser transferidos pelo estado para esmagar essa ágora prematura e localizada (portanto vulnerável). Isso se aplica para a Fase 2 mais ainda. Samuel Edward Konkin III 157 prematura sobre essa consciência. Essa é o último objetivo estratégico da ANL. Quando o estado solta sua última horda de supressão - e é com sucesso resistida - essa é a definição de Revolução. Uma vez que a realização ocorreu ao ponto que o estado não mais pode pilhar e pagar sua classe parasítica, os impositores mudarão de lado para aqueles melhor capazes de pagá-los e o estado rapidamente implodirá em uma série de enclaves de Estatismo em áreas recuadas - se houver algum.45 Fase 4: Sociedade Agorista com Impurezas Estatistas O colapsodo estado deixa apenas operações de limpeza. Como as companhias de seguros e proteção não veem um estado contra o qual se defender, o sindicato dos protetores aliados entra em colapso na competição e a ANL – seu apoio acabou – se dissolve. Os estatistas apreenderam a restauração salarial e, se viverem o suficiente para quitar suas dívidas, são reintegrados como empreendedores produtivos (Seu “treinamento” vem automaticamente à medida que trabalham para quitar suas dívidas). Estamos em casa (Capítulo 2)! O novo libertarianismo é dado como a base da vida comum e enfrentamos os outros problemas que a humanidade enfrenta. 45 Alguns argumentarão que o estado pode colapsar pacificamente quando os estatistas virem o fim se aproximando. Se os estatistas fossem tão razoáveis sobre não recorrer à força por causa de alternativas de mercado, eles não seriam estatistas. A Revolução é tão inevitável quanto qualquer ação humana pode ser. Manifesto do Novo Libertário 158 V. Ação! Nossas Táticas O capítulo anterior discutiu de passagem algumas táticas. Algumas que foram produtivas para os libertários radicais e para o Movement of the Libertarian Left (MLL), incluem: a infiltração em grupos menos radicais para espalhar algumas sementes apresentando alternativas; confronto de coerção (ou dissidência) através de protestos e rejeição que chamem a atenção; vendas entre amigos no dia a dia; grupos sociais libertários como clubes para a troca de informações, bens e suporte como uma forma de protoágora; e, claro, publicações, palestras, escritos de ficção com mensagens agoristas,46 e atividades educacionais de muitas formas: professores, consultores de negócios, artistas, historiadores revisionistas, economistas agoristas, etc. Táticas de sucesso podem apenas ser descobertas, utilizadas e então repassadas. Aqueles que perceberem condições suficientemente similares ao espaço e tempo em que determinada tática foi utilizada e funcionou, podem a replicar. Mas é sempre um risco: afinal é isso do que se trata o ativismo, um tipo de empreendedorismo, de tentar prever o mercado e atender a demanda. Uma pessoa pode ficar cada vez melhor fazendo boas previsões; isso é o que faz um empreendedor de sucesso. Está tudo no "Ação Humana" de von Mises, se você puder aplicar. Para descobrir o que já foi tentado e o que funcionou e o que falhou, comunicação é indispensável. Se você chegou até essa página e concorda, tendo o desejo de ajudar a resistência ou uma forte necessidade de resistir à coerção, você está pronto para a MEL ou a Nova Aliança Libertária (NAL) existente, dependendo da fase em que estivermos no momento (Capítulo IV). Liberte-se. Aja. 46 E.g., Alongside Night por J. Neil Schulman (Crown, 1979; Ace, 1982; Avon, 1987; SoftServ, 1990; Pulpless, 1999) e suas sequências esperadas. Samuel Edward Konkin III 159 Em que fase nós estamos? Em outubro de 1980 (primeira edição) a maior parte do planeta Terra está na Fase 0. As Ilhas Britânicas, a Austrália e o Canadá se dirigiram substancialmente em direção à Fase 1; A América do Norte está na Fase 1. Apenas no local de maior concentração de libertários hoje, no Sul da Califórnia, estão os primeiros sinais da Fase 2. Assumindo que a situação não se reverta, as primeiras poucas gotas de sociedades agoristas de verdade - anarcovilas - estão formando o núcleo de uma comunidade viável. O Movement of the Libertarian Left existe apenas na Califórnia com alguns poucos núcleos - agentes e células - na Aliança. A New Libertarian Alliance criada anteriormente foi prematura e ainda continua no estágio de embrião (ou núcleo) até que condições objetivas apareçam para a bancar. A MLL teve seu trabalho muito dificultado. Externamente, o colapso da "Esquerda"47 enfraqueceu segmentos competitivos do estado que estão indo em direção à guerra para remistificar suas vítimas rebeldes através do patriotismo. Se apossar das lideranças abandonadas do movimentos do anti-imperialismo, antiguerra e anti-alistamento obrigatório com uma ideologia nova e revigorante se tornou uma oportunidade para que os libertários se transformem na Esquerda. O 47 A Esquerda era originalmente proto-Libertária, como revisionistas históricos como Leonard Liggio apontam. Na Assembleia Francesa, o defensor do livre mercado Frédéric Bastiat se sentou ao lado do anarquista Pierre-Joseph Proudhon. Até hoje marxistas se referem a anarquistas como elementos da "ultraesquerda". O libertário e o marxista eram praticamente iguais no final da Primeira Internacional. Os marxistas e seus imitadores vendidos estiveram em crescimento desde os anos 1890, finalmente perdendo a crença neles mesmo com o colapso da New Left, as invasões da Tchecoslováquia e do Afeganistão pela União Soviética e o Vietnã pela China - a guerra "impossível" entre dois estados marxistas. Manifesto do Novo Libertário 160 MEL precisa competir por essa predominância com a partidarquia e com os elementos monocentristas.48 A plutocracia americana está cambaleante, indo de uma inflação descontrolada para uma depressão e então de volta a inflação - em movimentos cada vez mais intensos - e deixando em pânico muitos homens de negócios, que passaram a considerar muito mais do que apenas as garantias de retorno à estabilidade dos conservadores, mas também alternativas muito mais radicais e até mesmo revolucionárias. Apenas a Esquerda Libertária pode direcionar os empreendedores para uma posição "ideológica" não pragmática. Aqui que estão as nossas oportunidades. Internamente, o "Libertarian" Party entrou em crise com a eleição americana de 1980. A revelação prematura do estatismo inerente da partidarquia pelo flagrante oportunismo de Crane-Clark não gerou oposição apenas da Esquerda, mas da Direita e do Centro também.49 Grandes deserções aparecem diariamente.50 48 Atualmente, Partido “Libertário”, Caucus “Radicais” e Students for a Libertarian Society (SLS) respectivamente. 49 A "Direita" do libertarianismo atual tem princípios, mas muitos dos princípios talhados são antiprincípios: gradualismo, conservadorismo, reformismo e minarquismo. Reason magazine e sua newsletter Frontlines são os principais representantes. O "Centro" inclui Murray Rothbard e seus seguidores, agora organizados nas Primárias "Radicais" do PL, que apoia Clark "criticamente”, i.e., externamente, mas não internamente. Os centristas Rothbardianos se moveram para a esquerda ao abandonar o monocentrismo. [Libertarianismo de direita é um oxímoro. O livre mercado é inerentemente esquerdista.] 50 Murray Rothbard, como mencionado; o Diretor do Conselho do partido da Southern California, Dyane Petersen e outros informaram este escritor sobre a deserção iminente e que haveria mais "liquidação". Vai acontecer. Nota Específica da Segunda Edição: Aconteceu. Um gotejamento constante de desertores do PL adicionaram muitas pessoas ao MLL todos os meses desde então. Pelo menos um novo grupo Libertário de Esquerda, o Voluntaryist, surgiu para competir com os ex-partidarquistas. E Murray Rothbard está construindo, neste momento, a última parte do show pelo controle do PL com o último remanescente do Kochtopus na convenção Samuel Edward Konkin III 161 A falha de alguns reformistas em expulsar o Kochtopous na Convenção de Denver (agosto de 1981) e de acalmar e alinhar os não radicalizados fez o "Libertarian" Party dos Estados Unidos retroceder dramaticamente e gerar milhares de recrutas desiludidos para a MLL e para atividades antipartido e contraeconômicas. Com esse manifesto como um manual e inspiração, estrategistas Novos Libertários podem pesquisar, desenvolver, corrigir e promulgar a Nova Estratégia Libertária e as táticas apropriadas para que as condições apareçam. Muito trabalho é necessário, mas os projetos têm consequências que nenhum trabalho mundanopode oferecer: um fim para os políticos, para os impostos, para o alistamento obrigatório, para a catástrofe econômica, para a pobreza involuntária e para o assassinato em massa da guerra final: a sociedade contra Nosso Inimigo, O estado. A ContraEconomia oferece gratificação imediata para aqueles que abandonam as amarras estatistas. O libertarianismo recompensa aquele que o pratica com mais autolibertação e realização pessoal do que qualquer alternativa imaginável. Mas apenas o Novo Libertarianismo oferece a reforma da sociedade em um modo de vida moral e funcional sem mudar a natureza do Homem. Utopias devem ser descartadas: pelo menos nós temos um vislumbre de como remodelar a sociedade para encaixar o Homem ao invés de o Homem encaixar em alguma sociedade. Que outro desafio tão gratificante pode ser oferecido? para escolher o candidato a presidência do PL, que vai acontecer em setembro de 1983 em Nova York. Nota Específica da Terceira Edição: Continua até hoje. O PL continua a cooptar jovens radicais idealistas, sugar todo o entusiasmo deles, desiludi-los, e então levá-los a uma apatia pessimista. Ou então entregar eles - radicalizados e re-energizados pela frustração - para os braços do agorismo. Manifesto do Novo Libertário 162 Se você escolheu o caminho do Novo Libertário, talvez você queira se juntar a nós no juramento e hino de batalha do "Triplo A" - ou algo parecido - e renovar suas energias com frequência: "Nós testemunhamos a eficácia da liberdade e exaltamos a intrincada beleza da complexidade das trocas voluntárias. Nós exigimos o direito de todo mim a maximizar seu valor sem nenhum limite exceto o de outro eu. Nós proclamamos a era do Mercado sem amarras, a condição natural e apropriada da humanidade, riquezas em abundância, objetivos sem fim ou limite, e significado determinado pelo si-mesmo para todos: Ágora. "Nós desafiamos todos que queiram nos amarrar a se justificar; se falharem em provar uma agressão nossa, iremos quebrar nossos grilhões. Nós trazemos justiça para todos que agrediram alguém [73] , sempre. Nós compensamos todos que sofrem opressão pelo que lhe és de direito. E nós destruímos para sempre o Monstro de todas as Eras, o pseudo monopólio legalizado da coerção, de nossas mentes e da nossa sociedade, o protetor de agressores e criador de injustiças. Isso é, nós esmagamos o estado: Anarquia. "Nós exercemos nossa vontade até os nossos próprios limites, limitados apenas pela moralidade consistente. Nós batalhamos contra os antiprincípios que poderiam exaurir nossa vontade e combatemos todos que nos desafiam corporalmente. Nós não descansaremos e não desperdiçaremos recursos enquanto o estado não for esmagado e a humanidade tiver alcançado seu lar agorista. Queimando com um desejo incansável por Justiça e Liberdade sempre, nós vencemos: Ação! "Ágora. Anarquia. Ação!" Samuel Edward Konkin III, 12 de outubro de 1980 Anarcovila (Long Beach) Samuel Edward Konkin III 163 164 S E Ç Ã O T R Ê S Contestações e Réplicas ao Manifesto do Novo Libertário 165 Konkin sobre a Estratégia Libertária Murray Rothbard, Ph.D. É bom ter o (NLM) de uma forma mais ou menos sistemática para sua avaliação e crítica. Até agora, a visão konkiniana só foi expressa em críticas aleatórias (scattered pot shots) contra seus oponentes, geralmente contra mim.1 Acontece que a situação de Sam Konkin é, sob muitos aspectos, como a dos marxistas. Assim como os marxistas são muito mais convincentes em suas críticas à sociedade existente do que em estabelecer a sua visão tênue e um tanto absurda do futuro comunista, Konkin é muito mais coerente em suas críticas ao movimento libertário existente do que em esboçar sua própria visão agorista positiva. É claro, isso não é por acaso. Primeiro pois é muito mais fácil descobrir falhas nas instituições existentes do que oferecer uma alternativa convincente e, segundo, pois é taticamente mais confortável estar no ataque. I. A Alternativa Konkiniana Nesse caso em particular, Konkin está tentando lidar com o desafio que estabeleci anos atrás aos libertários antipartidários: Ok, qual é a sua estratégia para a vitória da liberdade? Eu acredito que o agorismo de Konkin seja um fracasso total, mas ao menos ele tentou, o que é seu mérito e o coloca à frente de seus confrades antipartidários, 1 Uma de suas críticas (NLM, página 5) é falsa como também ofensiva. Nem eu nem o Libertarian Forum fomos “comprados” por Charles Koch. O Libertarian Forum nunca teve um centavo de fontes externas: desde sua criação, foi inteiramente autofinanciado. E embora minha estadia de dois anos no Cato Institute tenha sido agradável de várias maneiras, eu perdi ao invés de ganhar dinheiro no acordo. Murray N. Rothbard 166 que geralmente recorrem ao jejum, à oração ou a que cada um encontre maneiras de se tornar uma pessoa melhor e mais pacífica, mas nada que sequer comece a responder o problema do poder do estado e o que fazer a respeito. Então antes de comentar as críticas de Konkin às atuais instituições libertárias, eu gostaria de abordar a sua alternativa agorista. Primeiro, há uma falha fatal que não só prejudica a estratégia agorista de Konkin, mas também o permite fugir de todo problema de organização (veja abaixo). É esta visão surpreendente de Konkin de que trabalhar por salários é de alguma forma contra o mercado ou antilbertário e que isso desapareceria em uma sociedade livre. Konkin afirma ser um economista austríaco de livre mercado, e como ele pode dizer que uma venda voluntária de nosso trabalho por dinheiro é de alguma forma ilegítima e não-libertária carece de explicações. Além disso, é simplesmente absurdo que ele pense que, no livre mercado do futuro, o trabalho assalariado desaparecerá. A contratação independente, por mais amável que pareça, é simplesmente totalmente antieconômica para a atividade de manufatura. Os custos de transação seriam altos demais. É absurdo, por exemplo, pensar na fabricação de automóveis conduzida por contratantes autônomos, independentes. Além disso, Konkin claramente não está familiarizado com o fato de que o surgimento do trabalho assalariado foi um enorme benefício para milhares de trabalhadores pobres e os salvou da fome. Se não houver trabalho assalariado – como não havia na maior parte da produção antes da Revolução Industrial –, então cada trabalhador deve ter dinheiro suficiente para comprar seu próprio capital e suas próprias ferramentas. Uma das grandes coisas sobre o surgimento do sistema de fábricas e do trabalho assalariado é que trabalhadores pobres não tinham que comprar seu próprio equipamento de capital; isso poderia ser deixado para os capitalistas. (Assim, veja a brilhante introdução de F.A. Hayek em seu Capitalism and the Historians.) Konkin sobre a Estratégia Libertária 167 A rejeição falaciosa e não-libertária de Konkin ao trabalho assalariado, no entanto, permite que ele faça diversas coisas. Permite que ele apresente uma visão extremamente otimista do potencial escopo do mercado negro. Também explica a sua curiosa negligência do “mercado branco” e seu desprezo a ele como algo sem importância. De fato, embora o mercado negro seja realmente importante na Rússia, Itália, etc., ele é enormemente reduzido em importância frente ao mercado branco, legal. Então a visão konkiniana de instituições de mercado negro crescendo, se defendendo e então se tornando a sociedade anarquista de livre mercado do futuro, colapsa sobre essa base. Observe que os mercados negros estão concentrados ou nas indústrias de serviço ou nas mercadorias que são ambas valiosas e facilmente escondidas: joias, ouro, drogas, barras de doce, meias, etc. Tudo isso é bom, mas ainda não resolve o problema: quem fabricaráautomóveis, aço, cimento, etc. Como eles sucederiam no mercado negro? A reposta é que eles não sucederiam, assim como eles não sucedem na Ágora contratante independente. O ponto é que essas lacunas fatais na visão konkiniana estão ligadas. Ao se concentrar em tais objetos como a maconha como seu paradigma da Ágora – em vez de automóveis, aço, pão de forma, ou o que seja – Konkin é capaz de negligenciar a esmagadora maioria da vida econômica e se concentrar na marginalidade (marginalia). Apenas com esse tipo de negligência ele pode começar a postular um mundo de contratantes independentes ou um mundo de mercados negros. E há outro ponto vital aqui também. Toda a teoria de Konkin fala apenas dos interesses e preocupações das classes marginais que trabalham de maneira autônoma. A grande maioria das pessoas é assalariada em período integral; são pessoas com empregos estáveis. O konkinismo não tem nada a dizer para essas pessoas. Adotar a estratégia de Konkin, portanto, somente nesse campo já serviria como Murray N. Rothbard 168 um beco sem saída para o movimento libertário. Não podemos vencer se não houver possibilidade de falar das preocupações da grande maioria dos assalariados neste e em outros países. É a mesma coisa com a rebelião fiscal, que presumivelmente serve como parte da estratégia agorista. Mais uma vez, é muito mais fácil para alguém que não ganha um salário escapar da declaração de sua renda. É quase impossível para os assalariados, cujos impostos são naturalmente deduzidos desde cima pelo infame imposto de renda sobre folha de pagamento. De novo, é impossível converter os trabalhadores assalariados à ideia de não pagar impostos porque eles literalmente não têm escolha. O desprezo falho de Konkin do imposto como sendo em certo sentido voluntário novamente ignora a situação do assalariado. Receio, de fato, que exista apenas uma maneira de evitar o monstruoso imposto de renda sobre folha de pagamento. Ousaria eu dizer o seu nome? É ação política. Não é por acaso, novamente, que todo espectro do movimento do mercado negro, de rebeldes fiscais a teóricos agoristas, são quase que exclusivamente autônomos. Para repetir a distinção de Konkin, aqueles que participam do mercado negro podem muito bem se beneficiar no sentido micro, mas eles não têm relevância para a “macro” luta pela liberdade e contra o estado. De fato, em uma espécie de mão invisível reversa, eles podem até ser contraproducentes. É possível que o mercado negro soviético, por exemplo, seja tão produtivo que mantenha todo o monstruoso regime soviético vivo e que sem ele o sistema soviético entraria em colapso. Isso não significa, é claro, que eu desprezo ou me oponho às atividades do mercado negro na Rússia; é apenas para revelar algumas de suas características desagradáveis do mundo real. Há outros problemas com o conceito agorista. Eu tendo a ficar do lado do Sr. Pyro Egon em sua disputa com o Konkin; pois o mercado Konkin sobre a Estratégia Libertária 169 negro, se ele se desenvolver, irá se desenvolver por conta própria, e não vejo papel algum para o Sr. Konkin e a Nova Aliança Libertária ou para o envolvimento da Esquerda Libertária. Konkin fala corretamente da divisão do trabalho. Bom, em nenhum lugar a divisão do trabalho se manifesta mais claramente do que em quem tem sucesso no empreendedorismo. Se o mercado negro deve se desenvolver, então os empreendedores bem-sucedidos não seriam teóricos agoristas como o Sr. Konkin, mas empreendedores bem-sucedidos, e ponto. Em que eles precisam de Konkin e seu grupo? Eu sugiro que nada. Há uma dica no NLM de que libertários seriam a priori melhores empreendedores que qualquer outra pessoa porque são mais confiáveis e mais racionais, mas esse absurdo foi derrubado por dura experiência há muito tempo. Os novatos promissores do mercado negro também não precisam que o Sr. Konkin e seus colegas torçam por eles e os libertem da culpa. Novamente, a experiência mostrou que eles se saem bem por conta própria e que incentivá-los a participar das atividades do mercado negro é como exortar patos a nadar. Quando consideramos, então, a importância vital do trabalho assalariado, os mercados negros já estão severamente limitados e o cenário agorista para o objetivo final libertário desmorona. E então há o estágio final em que as agências do mercado negro usam a força para defender transações ilegais, rebeldes fiscais, etc. contra o estado. Embora Konkin não a reconheça como tal, é uma revolução violenta, e é simplesmente uma verdade histórica sem exceção que nenhuma revolução violenta chegou perto de ter sucesso em um país democrático com eleições livres. Então esse caminho também está barrado. E não foi bem-sucedido com frequência mesmo em uma ditadura. O sistema soviético esteve agora oprimindo seus cidadãos por mais de sessenta anos; e houve um extenso mercado negro todo esse tempo. E ainda há o Gulag. Por que o mercado negro não se desenvolveu em uma Ágora konkiniana ou pelo menos deu indícios disso? Murray N. Rothbard 170 Não. Por mais que eu ame o mercado, recuso-me a acreditar que, quando me envolvo em uma transação qualquer de mercado (por exemplo, comprando um sanduíche) ou em uma atividade do mercado negro (por exemplo, dirigindo a 60 milhas por hora), eu avanço um alguns centímetros a revolução libertária. O mercado negro não será o caminho para a liberdade e os teóricos e ativistas libertários não têm função nesse mercado. Acredito que seja por isso que a única atividade real do Sr. Konkin e seus colegas se limite a irritar os membros do Partido Libertário. Essa importunação pode ser um estímulo para a alma de alguns membros do partido, mas dificilmente servirá para satisfazer o compromisso vitalício que os konkinianos têm com a causa da liberdade. Não, o agorismo é um beco sem saída e, para usar um antigo termo stalinista, é “objetivamente contrarrevolucionário”. II. O Problema da Organização Eu agora me viro à crítica do Konkin ao atual movimento libertário, no NLM e outros escritos. Há três tópicos básicos nessa crítica que são inteiramente distintos, mas que Konkin geralmente confunde e mistura. São (1) o problema da organização hierárquica, (2) o problema do “Kochtopus” e (3) o Libertarian Party. Geralmente, Konkin os coloca todos juntos e assim confunde todos esses problemas. Devemos separá-los. Vamos fazê-lo primeiro assumindo, para o propósito do argumento, que não há Partido Libertário e que há simplesmente outras instituições, organizações, institutos, revistas libertárias ou o que for. As reclamações de Konkin desapareceriam se o LP (Libertarian Party) desaparecesse? É claro que não. Pois meio aos seus escritos corre um ataque, não apenas à organização hierárquica, mas à organização per se. Ele é contra sociedades anônimas, porque elas são organizadas hierarquicamente, e parece ser conta todo tipo de organizações voluntárias por motivos parecidos. Ele não apenas se opõe aos salários, ele também quer apenas alianças individuais, e não organizações. Konkin sobre a Estratégia Libertária 171 Primeiro, não há nada de não-libertário ou contra o mercado em uma organização voluntária, sejam sociedades anônimas ou quaisquer outras. As pessoas se organizam porque elas acreditam que podem realizar as coisas de maneira mais eficiente do que através de contratação independente ou alianças ad hoc. E assim elas podem. Então, 1. não são imorais ou não-libertárias; 2. são a única maneira pela qual quase qualquer coisa pode ser realizada, seja ela fabricar automóveis ou montar campeonatos de bridge ou de xadrez. Os grupos flutuantes com afinidade sugeridos por Konkin podem fazer muito pouco, e isso quando apenas um punhado de pessoas está envolvido. Porém, se mais do que um punhado deseja cooperar em tarefas conjuntas, seja naprodução de aço ou de campeonatos de xadrez, uma organização se torna necessária. É claro que organizações criam problemas, e é realmente inútil insistir nelas. Se mais de três ou quatro pessoas desejam engajar em uma tarefa conjunta, então algumas pessoas passarão por cima dos desejos de outras (por exemplo, devemos pintar o escritório de azul ou beje?), e tende-se a haver lutas pelo poder, brigas de facção e todo o resto. Mesmo corporações, que precisam atingir um contínuo teste de lucro, têm esses problemas, e as dificuldades tendem a aumentar em organizações sem motivo de lucro, onde não há feedback instantâneo de lucros e perdas. Então as organizações criam problemas; e daí? O mesmo acontece com a própria vida, ou amizades, relações amorosas, ou o que quer que seja. A maioria das pessoas pensam que as desvantagens valem a pena e são mais que compensadas pelos benefícios de trabalhar e alcançar objetivos comuns. Mas, se não, eles podem sempre abandonar e não pertencer a uma organização; em uma sociedade livre, Murray N. Rothbard 172 eles possuem esse privilégio. E, é claro, aqui estamos falando de organizações voluntárias. Suspeito que o Sr. Konkin e seus colegas não gostam de pertencer a organizações. Que assim seja. Mas aqueles de nós que desejam alcançar vários objetivos continuarão a fazê-lo. E me parece que ao menos temos o direito de reconhecer que não há nada minimamente não-libertário em organização, hierarquia, líderes e seguidores, etc., desde que sejam feitos voluntariamente. Se os konkinianos não conseguem entender esse ponto libertário primordial, então suas bona fides libertárias entrariam seriamente em questão. III. O Problema do “Kochtopus” Konkin também atacou a beneficência de Charles Koch, não apenas por ser pró-PL, mas também porque ele tendeu a adquirir um “monopólio” do movimento. Ainda abstraindo do PL, comecemos por cada um de nós nos colocando no lugar de Koch. Você, digamos, é um multimilionário e se converte ao libertarianismo. Você está empolgado com isso e quer fazer algo para promover a causa. Sendo as coisas como elas são, a principal coisa com que você poderia contribuir é seu dinheiro. O que você deveria fazer? O problema de nos pedir para fazer esse ato da imaginação é que a maioria de nós não consegue se conceber como multimilionário e muitos de nós assumimos a primitiva visão populista de milionários como personagens malvados inclinados à exploração como Fu Manchu. Mas consideremos o caso de nosso multimilionário convertido. Konkin realmente diria que ele não deveria fazer nada, porque isso talvez crie um “monopólio” do movimento? Não queremos converter multimilionários? Não acreditamos que dinheiro é importante para o avanço do movimento? Portanto, certamente é grotesco fazer nosso multimilionário ir embora. Obviamente, devemos agradecer suas contribuições à causa e Konkin sobre a Estratégia Libertária 173 esperar pelo máximo possível. Ok, então você é um multimilionário convertido ao libertarianismo. A quem ou o que você deve dar seu dinheiro? Ora, essa é uma responsabilidade considerável e, como ninguém pode ser onisciente, nosso multimilionário provavelmente cometerá erros ao longo do caminho. Mas tudo o que podemos pedir a ele – ou a nós mesmos – é para que faça o melhor que pode, de acordo com seu conhecimento. O multimilionário, portanto, merece a nossa aprovação, o nosso “bem-vindo à causa”. Em vez disso, o que ele inevitavelmente obtém – sendo a natureza humana como ela é – são reclamações e ataques incessantes. Pois se A, B e C (pessoas ou instituições) recebem sua generosidade, isso inevitavelmente deixa D, E e F ao relento e, seja por inveja e/ou justa indignação pelo caminho errado tomado, D, E e F sem dúvida reclamarão. Para nós, pessoas pobres, pode parecer absurdo dizer que a vida de um multimilionário é difícil e ingrata, mas parece claro que esse é um ponto importante a ser lembrado. Mas há mais a ser dito. Os críticos do multimilionário podem dizer: Ok, é ótimo que ele está dando todo esse dinheiro à causa, mas por que ele tem de controlar tudo? Mas aqui, novamente, você é o multimilionário e deseja fazer o melhor que pode para a liberdade com o dinheiro que você deu. Você não gostaria de ter o controle sobre como seu próprio dinheiro é gasto? Claro que sim. Você teria que ser um idiota para não o fazer e não se importar muito com dinheiro ou com a causa libertária. Há poucos multimilionários que são idiotas. Mas e o “monopólio” de Koch? Aqui o Sr. Konkin deveria ter voltado à sua economia austríaca. Suponha que apenas uma empresa esteja produzindo alumínio. Deveríamos começar a reclamar dela por ser um “monopólio”, ou deveríamos esperar que mais empresas entrem no setor? Claramente o segundo, a menos que o “monopolista” esteja usando o estado para afastar outros competidores, o que, é claro, Sr. Murray N. Rothbard 174 Koch não está fazendo. Pelo contrário. Koch ficaria encantado ao descobrir outros multimilionários convertidos à liberdade e dando dinheiro ao movimento, assim como todos nós. Portanto, a resposta ao problema do “monopólio” de Koch é encontrar uma dúzia a mais de multimilionários libertários. É grosseiramente injusto e falacioso colocar a culpa no monopolista pela sua situação. Eu proponho que Konkin tem sido tremendamente injusto com Charles Koch. A única crítica legítima a Koch não é da existência do “Kochtopus”, mas se o dito “Kochtopus” seguir um caminho errado e equivocado. Da perspectiva antipartidária de Konkin, por exemplo, é perfeitamente legítimo que ele critique a ligação de Koch com o Libertarian Party, mas não a existência da generosidade de Koch per se. Em muito dos escritos de Konkin, entretanto, tem-se a impressão de que simplesmente receber uma concessão ou aceitar um trabalho de Koch é mal per se, ou, de fato, aceitar qualquer emprego estável (pace, Konkin sobre trabalho assalariado). Mas, mesmo que não haja nada imoral ou ilegítimo sobre a existência de um monopólio de Koch no movimento, ele constitui sérios problemas sociológicos. Pois se apenas um homem ou organização constitui ou controla o movimento inteiro, então qualquer erro de ideologia, estratégia ou tática que ele ou ela possa cometer terá graves consequências para todo o movimento. Se uma pequena organização comete um erro, no entanto, as consequências não são tão catastróficas. Aqui está um problema real, que é impossível de se ver como curar, a não ser encontrando uma dúzia a mais de pessoas como Koch. (Certamente, a solução putativa de Konkin para Koch desaparecer do cenário libertário é um “remédio” muito pior que a doença.) A única coisa que posso pensar é tentar convencer Koch a estabelecer instituições diversas e “competidoras” no movimento, da mesma forma que corporações frequentemente estabelecem centros de lucro Konkin sobre a Estratégia Libertária 175 competidores dentro de sua própria organização. (Até certo ponto isso, já está sendo feito, como no caso de uma instituição tão estimada como o Council for a Competitive Economy.) IV. O Problema do Partido Libertário Boa parte da crítica konkiniana ao LP foi confundida com ataques a organização e a “monopólio” per se, e acredito ter mostrado que todo esses criticismos são ou falaciosos ou equivocados – o principal ponto sendo que essas instituições são voluntárias e valem os problemas que inevitavelmente têm, ao menos àqueles que participam delas. Nenhuma dessas instituições são não-libertárias e as dificuldades que elas trazem consigo são os problemas da vida. Voltemo-nos à bête noire de Konkin, o Partido Libertário. Há duas questões importantes a serem resolvidas sobre o PL: 1. ele é mau per se? ; 2. assumindo que não, é uma estratégia legítima ou mesmo necessária para os libertários o adotarem? Assumirei, por enquanto,que um partido político libertário (ou, nesse caso, outras formas de ação política, como lobby) não é mau per se. Mas, se isso é verdade, então todos os argumentos seguidos de Konkin sobre a natureza hierárquica do PL, suas lutas por poder, brigas de facção, etc. não passam de problemas inerentes a todas as organizações. E já lidamos com isso. Mais importante, eu não vejo outra estratégia concebível para a conquista da liberdade além da ação política. A conversão religiosa ou filosófica de cada homem e mulher simplesmente não funcionará; essa estratégia ignora o problema do poder, o fato de que milhões de pessoas têm um interesse manifesto no estatismo e provavelmente não o abandonarão. Revolução violenta não funcionará em um sistema Murray N. Rothbard 176 político democrático. O agorismo konkiniano não é resposta, como eu demonstrei acima. A educação em liberdade é naturalmente vital, mas não é o suficiente; ação também deve ser tomada para reduzir o estado, especificamente para revogar leis do estado, como controle de preços ou imposto de renda sobre folha de pagamento. Ou mesmo como leis da maconha. Apesar da sua extensa não aplicação, sempre há algumas pessoas que são reprimidas, especialmente se a polícia deseja enquadrá-los por outros motivos. Os rebeldes fiscais são admiráveis, mas apenas em termos “micro”; os impostos ainda estão sendo cobrados e os assalariados os pagam. A rebelião fiscal não é uma estratégia para a vitória. Grupos de lobby de questões únicas (por exemplo, organizações contra o serviço militar obrigatório, organizações de contribuintes, grupos a favor do padrão-ouro, etc.) são legais e admiráveis, mas eles não concluem o trabalho, por dois motivos básicos: 1. porque são de questões únicas e, portanto, não podem educar ninguém sobre o libertarianismo de maneira geral; 2. porque não podem realizar o trabalho vital de revogar as leis estatistas. Eles podem apenas pedir a revogação do serviço militar obrigatório, por exemplo; eles não podem realmente fazer a revogação. Por que deveríamos nos eliminarmos desse passo necessário e vital de fazer a revogação? É claro, se alguém acredita com Robert LeFevre que é igualmente imoral revogar assim como impor o serviço militar obrigatório, então a revogação de qualquer coisa está fora de questão. Mas eu diria aleluia para qualquer revogação do estatismo e não me preocuparia com a “coerção” daqueles que gostariam de manter o serviço militar obrigatório e são privados disso. Konkin sobre a Estratégia Libertária 177 Antes da existência do PL, a única revogação poderia ser feita por Democratas e Republicanos e assim libertários engajados nessa forma de ação política tinham que tentar achar o candidato mais libertário, ou melhor, o candidato menos antilbertário. Ao contrário de Konkin, houve partidos políticos no passado, especialmente os séculos XVIII e XIX, que, embora não fossem anarquistas, eram forças admiráveis a favor do laissez-faire. Eles não esmagaram o estado (não era essa a intenção, de qualquer forma), mas alcançaram uma enorme quantidade de liberdade: inauguraram a Revolução Industrial, e todos nós estamos em dívida com eles. Penso no Partido Democrata nos Estados Unidos, os Liberais na Inglaterra, os Progressistas na Alemanha, etc. Historicamente, os partidos políticos liberais clássicos realizaram muito mais pela liberdade humana do que qualquer mercado negro. Mas empiricamente, é claro, nenhum dos principais partidos neste momento valem a pena e assim o Libertarian Party fornece uma alternativa bem-vinda, de realmente nos permitir engajar em ação política libertária. Um Partido Libertário apresenta muitas dificuldades. Primeiro, há a constante tentação de substituir o número de votos por lucros como teste de sucesso, e isso significa a diluição do princípio para apelar ao mínimo denominador comum dos eleitores. A campanha de Clark cedeu a essa tentação com grande entusiasmo. Mas o preço da liberdade é a vigilância eterna, nunca mais que em um partido político libertário. O LP precisa de uma autocrítica contínua e, sim, a crítica konkiniana também. Felizmente, temos agora uma plataforma admirável; agora, uma batalha para que os candidatos do partido se mantenham na plataforma deve ser travada. A batalha contra o oportunismo não será fácil e talvez nem mesmo seja bem-sucedida. Mas o LP é uma instituição valiosa o Murray N. Rothbard 178 suficiente para que a batalha valha a pena. Que é por isso que se necessita do Radical Caucus. E por isso necessita-se de libertários que são estudados em princípios libertários e estão preocupados em mantê-los. Um problema com esse PL em específico é que, em um sentido profundo, ele foi fundado prematuramente: antes de haver ativistas suficientes para fazê- lo funcionar e para educar os recém-chegados. O LP cresceu como Topsy; como resultado, muito estranhamente para um partido ideológico, literalmente não havia instituições dentro do Partido (com exceção do Radical Caucus) envolvidas na educação ou discussão de princípios ou questões políticas. O LP é um dos partidos ideológicos mais estranhos da história; é um partido político ideológico em que a maioria de seus membros não demonstram interesse algum em ideologia ou política. Grupos marxistas geralmente não fundam partidos por um longo período; primeiro, eles criam “formações pré-partidárias” que reúnem a força e o conhecimento para criar um partido normal. Não tivemos tal formação e estamos sofrendo as consequências. Mas aqui está o partido, e temos que nos contentar com o que temos. Então o Libertarian Party é vital, se não necessário, para revogar o estatismo. E, contrário ao calendário de um milênio sugerido por Konkin, um LP militante e abolicionista em controle do Congresso poderia acabar com todas as leis da noite para o dia. Tudo o que seria necessário é vontade. Nenhuma outra estratégia para liberdade pode funcionar. E, mesmo assim, tudo isso empalidece frente ao problema mais importante: O Libertarian Party é mau per se? Votar é mau per se? Minha resposta é não. O estado é um Moloch que nos cerca, e seria grotesco e literalmente impossível funcionar se o negarmos nossa “aprovação” em geral. Não penso que estou cometendo agressão quando eu ando em uma rua pública e subsidiada pelo governo, dirijo em uma estrada Konkin sobre a Estratégia Libertária 179 pública ou subsidiada, ou voo em uma companhia aérea regulada pelo governo. Seria participar da agressão se eu fizesse lobby para que essas instituições continuassem. Eu não pedi por essas instituições, droga, então não me considere responsável se sou forçado a utilizá-las. Da mesma forma, se o estado, pelos seus próprios motivos, nos permite uma escolha periódica entre dois ou mais senhores, eu não acredito que somos agressores se participarmos para votar no senhor mais amigável, ou para votar em pessoas que abolirão ou revogarão a opressão. De fato, acredito que estamos em débito com a nossa própria liberdade para usar tais oportunidades para promover a causa. Coloquemos desta maneira: suponha que éramos escravos no Old South e que, por algum motivo, cada plantação tivesse um sistema em que era permitido aos escravos escolher, a cada quatro anos, entre dois senhores diferentes. Seria mau, e aprovar a escravidão, participar em tal escolha? ,Suponha que um senhor fosse um monstro que sistematicamente torturava todos os escravos, enquanto o outro era gentil, impunha quase nenhuma regra de trabalho, liberava um escravo por ano, ou o que fosse. Pareceria a mim não apenas não agressão votar no senhor mais gentil, mas idiota se não o fizéssemos. É claro, poderia haver muito bem circunstâncias – digamos, quando ambos os senhores são similares – em que seria melhor os escravos não votarem para fazer um protesto visível –mas essa é uma consideração tática e não moral. Votar não seria mal, mas, em tal caso, menos efetivo que o protesto. Mas se é moralmente lícito e não agressivo para os escravos votarem em uma escolha de senhores, da mesma forma que é lícito para nós votarmos pelo que acreditamos ser o menor de dois ou mais males, e ainda mais benéfico votar em candidatos declaradamente libertários. Então aí está. A estratégia konkiniana acaba sendo estratégia nenhuma. Konkin prejudica a eficiência libertária ao criar problemas Murray N. Rothbard 180 morais onde eles não existem: ao indicar como não-libertário ou contra o mercado toda uma série de instituições necessárias para o triunfo da liberdade: organização, hierarquia, trabalho assalariado, concessão de fundos por milionários libertários e um partido político libertário. Konkin é o que costumava ser chamado de “estraga prazeres”: deixe alguma instituição ou organização parecer estar fazendo um bom trabalho pela liberdade em algum lugar e Sam Konkin certamente estará lá para atacá-la moralmente. E, mesmo assim, os escritos de Konkin têm de ser bem-vindos. Porque precisamos de muito mais policentrismo no movimento. Porque ele sacode os partidarquistas que tendem a cair em complacência sem pensar. E especialmente porque ele se preocupa profundamente com a liberdade e pode ler e escrever – qualidades que parecem estar saindo de moda no movimento libertário. Ao menos podemos contar com Sam Konkin para não se unir aos cretinos desmiolados nos comerciais da Clark TV cantando sobre “Um Novo Começo, Amér-i-ca.” E isso já vale muito. 181 Resposta a Rothbard O ataque vigoroso de Murray N. Rothbard é revigorante; não tenho certeza se teria levado a sério minha primeira grande tentativa teórica se não tivesse evocado o Dr. Rothbard em seu vigoroso auge. Afinal, Rothbard e sua visão neorromântica das ideias como super- heróis e vilões quase conflitantes inspiraram e energizaram muitos, se não a maioria, dos ativistas libertários. Eu, com certeza. Tendo sido oferecido uma cadeira de honra, Rothbard veste as luvas de boxe logo de cara: “acredito que o agorismo de Konkin é um fracasso total”. A partir de então, é investir, defender e cortar. Em boa forma, Rothbard, infelizmente, está incontestavelmente sem armas reais. Sua acusação de uma falha fatal — aparentemente a falha fatal — do agorismo é tão irrelevante para a base do agorismo que mal é mencionada en passant e em uma nota de rodapé do New Libertarian Manifesto (nota de rodapé, p. 21). Antes de descartá-lo como uma crítica ao agorismo, deixe-me salientar que um debate real é justificado aqui entre Rothbard (e muitos, muitos outros, com certeza) e eu (e alguns) sobre a validade de contratar alguém. A necessidade disso está em questão (a cibernética e a robótica substituem cada vez mais o trabalho penoso — incluindo a atividade de gerenciamento); a psicologia disso está em questão (vender a atividade pessoal sob a direção e supervisão de outro incentiva a dependência e as relações autoritárias); e o lucro nisso é questionável (apenas as habilidades mais raras — atuação, arte, superciência — chegam perto da recompensa de mercado até mesmo do empreendedorismo de baixo nível). Dito isso, resta que este debate é irrelevante no contexto da validade do agorismo. Certamente, tanto Rothbard quanto eu Samuel Edward Konkin III 182 concordaríamos com a conveniência do aumento de empreendedores em nossa sociedade; certamente nós dois desejaríamos mais empreendedores do libertarianismo. Rothbard simplesmente “deixaria acontecer” (laisser passer), achando misteriosas as origens dos empreendedores. Minha própria experiência é que empreendedores são feitos, não nascem, e não com tanta dificuldade, de modo que “empreender empreendedores” é uma atividade lucrativa. Mas ceteris paribus, como diz o Maestro, mantenhamos constante o número de empreendedores. Como isso afeta o agorismo? Torna difícil converter libertários ao empreendedorismo contraeconômico, mas eles ainda podem (e devem) tornar-se capitalistas e trabalhadores contraeconômicos — até acadêmicos! (George H. Smith abriu caminho para se tornar um filósofo amplamente contraeconômico!). Mas quando estamos falando sobre converter talvez dois milhões de libertários (no presente) à ContraEconomia e quarenta milhões, aproximadamente, de contraeconomistas (já provados terem um forte componente empreendedorial) ao libertarianismo, a perda de alguns milhares de empreendedores extras parece menos do que crucial. Além disso, existe um certo grau de sobreposição entre libertários e contraeconomistas — um alto grau em minhas associações. Mais uma vez, apenas de passagem, minhas próprias observações são que a contratação independente reduz os custos de transação — na verdade, quase os elimina em relação às relações patrão/trabalhador que vão desde o trabalho casual com papelada e registros irritantes até o bem-estar do trabalhador da Krupp em grande escala. Mas essa é uma questão empírica, como diria Mises, nem mesmo para economistas, mas para historiadores econômicos. Porque minhas credenciais austríacas deveriam ser questionadas sobre tal observação é inexplicável — exceto como um ato de intimidação verbal. En garde, então. Resposta a Rothbard 183 E o benefício histórico do trabalho assalariado pode ter sido tão grande quanto a invenção da fralda — mas certamente ensinar a usar o banheiro (neste caso, empreendedorização) não é um avanço ainda mais significativo? Terminada a excursão paralela, voltamo-nos para a Contraeconomia, reconhecidamente a base do agorismo e da Nova Estratégia Libertária. Rothbard acha que a NEL está negligenciando o “mercado branco” — mas há um ponto crucial no qual ele definitivamente não é negligenciado, aqui ou em meus outros escritos Contraeconômicos. O imperativo agorista é transformar o Branco em Negro. Nada poderia ser mais claro. Fazer isso é criar uma sociedade libertária. O que mais uma sociedade libertária pode significar em termos econômicos senão retirar a atividade de mercado do controle do estado? A atividade de mercado que não está sob controle do estado é o mercado negro. A atividade de "mercado" sob o controle do estado é mercado branco e nós somos contra. Para ilustrar, escravos construindo pirâmides são mercado branco. Escravos que fogem, lidam com pedras e ferramentas que roubam e se envolvem em atividades não escravas são mercado negro — e livres até esse ponto. Qual deve ser a visão libertária em relação à construção de pirâmides no mercado branco? Ou, se você acha que pirâmides não existiriam em uma sociedade livre, mas aquedutos sim, qual deve ser nossa novidade em relação à construção de aquedutos no mercado branco vs contrabando de água no mercado negro? Os novos libertários exortam os escravos a ferrarem o aqueduto e irem buscar seus baldes particulares até que os aquedutos possam ser construídos sob acordos voluntários. Rothbard sugeriria mais alguma coisa? A eliminação gradual da construção de aquedutos e, portanto, a eliminação gradual da escravidão? As credenciais abolicionistas de Rothbard não são contestadas, embora meu próprio tratamento em tais assuntos possa me levar ao Samuel Edward Konkin III 184 contrário. Mas um empresário majoritariamente inocente que paga impostos é escravizado nessa medida e certamente o fato de ele ir para o mercado negro se esquivando ou desafiando os impostos (o que funcionar melhor) não significa a emancipação imediata desse escravo? Como Rothbard pode rejeitar qualquer movimento contraeconômico de um marqueteiro branco que tenha menos de 100% de risco de apreensão sem render seu bona fides abolicionista? A lista de serviços e bens contraeconômicos de Rothbard é interessante em um aspecto: de “joias, ouro, drogas, barrasde chocolate, meias, etc.”, apenas uma — drogas — é mencionada no Manifesto. Verdade, Counter-Economics só agora está sendo publicado capítulo por capítulo, mesmo assim, os poucos exemplos que dei eram qualquer coisa exceto algumas poucas indústrias de serviços ou mercadorias facilmente escondidas. Aqui está uma lista, peneirada das páginas 16 e 17, que foram mencionadas: “de comida a conserto de televisão”; um país inteiro “A Birmânia é quase um mercado negro total” — isso de fato inclui a indústria pesada, embora a Birmânia tenha menos do que a indústria pesada da Índia, que é majoritariamente negra; a grande força de “trabalho negro” da Europa Ocidental; habitação na Holanda; evasão fiscal na Dinamarca; evasão de controle de moeda na França; trocas isentas de impostos da “economia subterrânea” nos EUA; “drogas incluindo laetrile e material médico proibido;” “prostituição, pornografia, contrabando, documentos de identificação falsos, jogos de azar e conduta sexual realizada entre adultos consentidos”; transporte rodoviário (a maioria, diga-se de passagem); contrabando em todos os níveis; e desorientação dos reguladores governamentais. Todos esses não são insignificantes, mas, conscientemente ou não, agregam grandes negócios! Automóveis são feitos ContraEconomicamente. Deixe-me contar as maneiras: enviá-los através das fronteiras e evadir impostos ou controles — seja fisicamente ou em papel; trabalho estrangeiro ilegal para produção em linha de montagem; desnatação de peças pela Resposta a Rothbard 185 gerência, pela mão de obra, ou mesmo com conhecimento dos proprietários, que depois passam a produzir carros personalizados; executivos de fábricas de automóveis contratados como “consultores independentes”; design, pesquisa, engenharia, executivos e “consultores” de informática, todos pagos em termos contraeconômicos parciais ou totais; “corrupção” sindical para fazer acordos para evitar regulamentações trabalhistas (estaduais); OSHA e outros inspetores comprados ou desviados; produto “não vendido” baixado do estoque e dos impostos e depois vendido; ... esqueça, não posso contar todas as maneiras. E ao lado de automóveis, aço e cimento têm reputações positivamente desagradáveis — quando se trata de crimes de “colarinho branco”. Mas há um problema de escala aqui. Grandes indústrias cartelizadas podem comprar políticos e obter suas vantagens diretamente do estado. É verdade que qualquer pessoa prestes a ser apreendida pelo estado pode, em verdade deve, se pega, subornar e aplicar “graxa” aos executores do estado. Mas em qual grande indústria altamente competitiva com muitos produtores aptos a efetivamente comprar votos e políticos — e, portanto, apta a ser tentada a usar sua influência política ofensivamente, poderíamos tentar atuar? A grande indústria no sentido cartelizado não é terreno fértil para o apoio libertário, mas sim para os interesses do estado. No entanto, não há necessidade de confundir produção em grande escala com características oligopolistas, como Rothbard parece estar fazendo aqui. Finalmente, enquanto fechamos esta área, Rothbard me acusa de ignorar a classe trabalhadora. Considerando a frequência com que ele foi acusado, pode-se esperar um pouco mais de percepção, se não sensibilidade. O que são encanadores, mecânicos, carpinteiros, soldadores, motoristas, trabalhadores agrícolas, pilotos, atores, contadores, engenheiros, técnicos, assistentes de laboratório, programadores de computador, operadores de digitação, enfermeiros, parteiras, paramédicos e ortomédicos (doutores), vendedores, relações Samuel Edward Konkin III 186 públicas, garçons, garçonetes, escritores, operários, advogados, executivos e todos os tipos de reparadores, se não trabalhadores, cobrindo todo o espectro do proletariado? Todos dessa lista são pelo menos 20% contraeconômicos e muitos são mais de 50%. Se eles não derem o primeiro passo tornando- se contratantes independentes em direção à liberdade econômica, então seu empregador o fará (gorjetas isentas de impostos para garçonetes, trabalhadores ilegais de fábricas ilegais, agentes lidando com atores, escritores e assim por diante). Eu desafio o Dr. Rothbard a encontrar qualquer campo econômico legítimo (que não sirva ao estado) que não possa ser contraeconomizado, dez que não possam ser contraeconomizados sem inovação organizacional ou tecnológica, ou cem que não possam ser contraeconomizados sem ganho significativo em eficiência organizacional e lucro. O “konkinismo” tem muito a dizer a todos que não são estatistas. A afirmação de Rothbard de que a ação política é superior e preferível à desobediência civil na redução da taxa é uma distorção incrível da história vinda de quem me converteu ao revisionismo. Nunca houve uma única revogação de tributação ou corte significativo (exceto alguns menores nos últimos anos para fins de ajustes keynesianos e agora lafferianos “menos recebe mais”) que não resultou da recusa em massa de pagar ou da ameaça de tal desobediência. Além disso, a ação política resultou em mudanças na base tributária e maior pilhagem total – como o famoso e espetacular desastre da Proposta 13 aqui na Califórnia. O acordo de Rothbard com Pyro Egon é desagradavelmente rejeitado pelo Sr. Egon, que me informa que o que ele vê como minha “atividade política” (NLA, MLL) não gerará mais empreendedores, mas que os empreendedores são de fato “criáveis”. Rothbard, em correspondência posterior, acrescentou que acredita que os Resposta a Rothbard 187 empreendedores nascem e não são feitos — ou pelo menos não são criáveis. “Empreendedores de sucesso não serão teóricos agoristas como o Sr. Konkin, mas empreendedores de sucesso. O que eles querem com Konkin e seu grupo?” Que tal: “Empresários de sucesso não serão teóricos econômicos como o Dr. Rothbard, mas homens de negócios de sucesso. O que eles querem do Dr. Rothbard?” Ou “engenheiros de sucesso não serão teóricos da física como o Dr. Einstein...” Ou, “escritores de sucesso não serão instrutores de inglês como o professor Strunk...” Eu preciso falar sobre a falácia de Rothbard? A posição de Rothbard sobre libertários sendo dicotomizados de empreendedores é absolutamente monstruosa para mim. “Libertário” não tem nada a ver com o que se diz, mas com o que se faz. Portanto, um libertário deve ser mais confiável e ter uma compreensão mais racional do mercado ou ele/ela não é um libertário, independentemente do que eles professem de maneira sedutora. Esta é a base para o meu jornalismo investigativo, pelo qual o Dr. Rothbard me elogia. E, no geral, encontro nele a mesma falta de óculos pretos, apresso-me a acrescentar. E que experiência pessoal ou estudo acadêmico leva Rothbard a concluir que os contraeconomistas pré-libertários se saem bem sem os agoristas “para animá-los e libertá-los da culpa”. Minha experiência pessoal me leva exatamente à conclusão oposta — e cancelei cheques de contribuição e cartas de agradecimento para provar isso. Resumindo, qualquer planeta que o bom doutor esteja descrevendo em contraste com minha ContraEconomia com certeza não é a Terra. A afirmação de Rothbard de que a revolução violenta (que outro tipo poderia existir contra uma classe dominante — ele gostaria de mencionar um establishment que desceu pacificamente?) nunca teve sucesso na história distorce a linguagem ou a história. Ou ele está dizendo que nenhuma revolução foi libertária o suficiente para triunfar Samuel Edward Konkin III 188 sem que suas contradições a derrubem (verdade, mas então irrelevante para trazê-la como precedente) ou ele está dizendo que nenhum grupo derrubou uma classe dominante usando meios democráticos de opressão. Este último não é apenas falso, mas uma inversão direta da história. Quase todas as revoluções de alguma forma bem-sucedidasna história recente derrubaram armadilhas precisamente democráticas: VI. Revolucionários americanos versus os democráticos imperialistas britânicos; VII. Revolucionários jacobinos versus a assemblee burguesa; VIII. Revolucionários liberais contra a Duma do Czar (março de 1917); IX. Revolução bolchevique contra os liberais e social- democratas (novembro de 1917); X. A falange contra a República Espanhola (1936); XI. Os sem camisa de Perón contra o parlamento argentino; XII. Frente de Libertação Nacional do Vietnã versus o parlamento sul-vietnamita (pelo menos até perto do fim); XIII. Derrubada popular do regime democraticamente eleito de Allende (com Pinochet cooptando a revolução para os militares); XIV. A recente derrubada do presidente de El Salvador democraticamente eleito, mas de direita, por uma junta “popular” centrista Essa lista não é exaustiva. A afirmação de que a “revolução violenta” só teve sucesso em “países democráticos com eleições livres” estaria mais próxima do alvo, e é frequentemente usada pela América Latina como justificativa para golpes preventivos. Todos os grupos revolucionários acima têm suas credenciais abertas à questão libertária, com certeza — mas quem não tem até agora? Para encerrar esta questão paralela, ou Rothbard está dizendo que todas as quedas “violentas” de estados não foram uma revolução Resposta a Rothbard 189 porque eles não eram libertários (nesse caso o caso libertário não foi experimentado) ou ele está historicamente errado. Rothbard tem a audácia de exigir que eu separe o libertarianismo dos contraeconomistas porque os últimos não precisam disso — e então se vira e pergunta porque os contraeconomistas russos não se condensaram em ágoras. A ação humana é ação de vontade; sem empresários do libertarianismo, não será vendida. Mesmo assim, minha estimativa da cena soviética coincide com a de vários dissidentes russos, de que a Rússia é um barril de pólvora esperando para explodir. A situação polonesa, é claro, se encaixa perfeitamente no paradigma agorista, até os trabalhadores contraeconômicos sendo cooptados pelo sindicato Solidariedade, tipo partidarquia. Rothbard, portanto, falha em fazer qualquer argumento substantivo contra a ContraEconomia e, portanto, a estratégia agorista. Ele atira em periféricos e distorce a linguagem ou a história para defender seu caso. Ainda assim, nosso desacordo me parece em grande parte um mal-entendido e, mais ainda, um mal-entendido de fatos verificáveis, não de teoria especulativa. Isso não é surpreendente, pois — que eu saiba — compartilhamos a mesma premissa e métodos analíticos. Considerando que adotei o meu a partir dele, é ainda menos surpreendente. A crítica de Rothbard ao Novo Libertarismo parece se basear em ver pontas de icebergs e descartar as vastas bases. Ele vê apenas um por cento da economia pensada como “mercado negro” e não os 20- 40% da economia que a Receita Federal vê como “subterrâneo” e o dobro disso para compor toda a Contraeconomia que a Receita ignora como irrelevante para a tributação. É preciso um libertário, educado por Rothbard e outros, para perceber uma característica comum e somar o todo antiestatista. E o mesmo pode ser dito da visão de Rothbard sobre minhas atividades e as centenas de outros Novos Aliados Libertários ao redor Samuel Edward Konkin III 190 do mundo. A pequena, mas justificada atenção que prestamos aos seus poucos desvios parece-lhe proeminente e isso é compreensível. A quantidade um pouco maior de críticas públicas que temos ao Partido Libertário e outras atividades nas quais ele está mais interessado, seja em nossas publicações ou em fóruns públicos, é o que mais lhe interessa e permanece com ele. As 10.000 pessoas que eu estimo, sendo conservador nos números, que se autodenominam libertárias após contato primário ou secundário comigo e com meus aliados hardcore que ele nunca conheceu, portanto, são invisíveis. A rede de negócios contraeconômicos vieram ao encontro desses e, portanto, é invisível. A rede de negócios contraeconômicos que estamos nutrindo meticulosamente e os milhões de dólares cumulativamente trocados “invisivelmente” também são compreensivelmente invisíveis para ele também. Eu, pelo menos, não vejo nenhuma barreira real para a convergência (“reagrupamento” como diriam os marxistas) entre Rothbard e seu “centro anarquista sóbrio, são e anarquista” e nós “dissidentes ultra esquerdistas”. A crítica restante de Rothbard realmente não é tão pertinente ao próprio Manifesto, embora componha a maior parte de seu artigo. No entanto, de certa forma, é a crítica mais reveladora a mim pessoalmente, pois vicia seu elogio à minha capacidade de escrever, quando obviamente devo ter falhado em me comunicar de maneira eficaz. A maioria de suas críticas a mim são interpretações errôneas da última parte, e vou apenas listar e negá-las quando urgentes. Claro, a questão partidária é outro problema inteiramente. O Novo Libertarismo tem uma preferência organizacional. Outras formas de organização podem então ser consideradas não-Novo Libertárias, mas não necessariamente “não libertárias” ou não agoristas. O que a Nova Estratégia Libertária busca é otimizar a ação para levar a uma sociedade Nova Libertária da forma mais rápida e limpa possível. As atividades que levam à dependência autoritária e à aceitação passiva Resposta a Rothbard 191 do estado são subótimas e desaprovadas; ações que são individualistas, empreendedoras e organizadas pelo mercado são vistas como ótimas. Com isso constantemente na consciência do leitor (as páginas 22, 23 e 24 do NLM são um longo aviso sobre este ponto!), é óbvio que não há questões morais (além da autoestima individual) envolvidas na organização e hierarquia. (Meu “juntar todos eles” que Rothbard condena pode ser considerado integração de conceitos por outros.) Em nenhum lugar me opus a sociedades anônimas (veja a página 23 novamente onde elas são especificamente afirmadas). Depois que escrevi o NLM, configurei exatamente uma dessas como dono da revista New Libertarian. Presumo que ambos continuamos a nos opor à perversão estatista das sociedades anônimas em corporações de responsabilidade limitada. Eu nunca sugeri “grupos de afinidade flutuantes”. Se o Dr. Rothbard estabelecer uma Aliança Libertária geral que não gere candidatos e não se envolva em estatismo, eu vou oferecer uma adesão de cem anos imediatamente. Eu o exorto a me tirar desse ponto. Vejo menos problemas na organização do que Rothbard e posso ver facilmente que algumas organizações não têm nenhum. Há um pouco de ironia na defesa espirituosa de Rothbard do “Kochtopus” uma vez que ele passou por sua própria deserção, mas vou deixar isso passar. Eu tenho que mencionar sua secessão e oposição a ela porque isso, efetivamente, encerra minha principal objeção e eu então a considero relativamente inofensiva e concebivelmente precisando de minha defesa em um futuro próximo, à medida que o coro da oposição aumenta. Na medida em que meus primeiros ataques são responsáveis pela desmonopolização do Movimento, sou grato. Para que conste, meu objetivo em chamar a atenção de forma tão espetacular para o monocentrismo em torno do dinheiro de Koch como fiz foi um aviso. Muitos novos libertários pensam que apenas tirar Samuel Edward Konkin III 192 dinheiro do estado leva à dependência e ao controle. É verdade que não é imoral no sentido libertário se tornar o escritor ou ativista do colo de um bilionário, mas dificilmente serve à imagem ou substância do movimento e, portanto, não é novo libertário. Eu sabia que o resto da esquerda atacaria os libertários por serem uma ferramenta de plutocrata (como Mother Jones acabou fazendo) e tomei medidas para mostrar a existência de diversidade e independência. Sem intenção, eudiria que funcionou. Concordo com toda a defesa de Rothbard de libertários milionários e tenho alguns (não multimilionários, com certeza) em aliança comigo. A solução dele para aumentar a concorrência no Movimento é e foi a minha solução. No entanto, duvido que fazer Koch competir consigo mesmo seja uma resposta viável; até Rothbard parece hesitante em sugerir isso. O fato de eu ser “injusto com Charles Koch” requer um pouco de cuidado semântico. Nunca dei a entender que Charles Koch estivesse pessoalmente motivado a fazer qualquer coisa. Qualquer um que jogasse milhões no Movimento com tão pouco de julgamento na compra de instituições teria produzido os mesmos resultados. Vou aceitar a palavra de Rothbard e LeFevre — que o conhecem pessoalmente — de que Koch é um cara legal. Que ele lucre ricamente e fuja do estado para sempre! (Mas que ele nunca compre outro político). E que ele contribua com o conteúdo de seu coração para qualquer libertário ou organização libertária (salve o LP). Puxa, que grande ação é quando um pobre ativista como eu pode ser tão generoso com um bilionário do petróleo! Mas irei além de Rothbard em meu reconhecimento voluntário das características pessoais positivas do Kochtopus. Roy Childs pode ser mal-humorado e implacável às vezes, mas ele é uma pessoa divertida e erudita de gosto superior, não mais dissidente do que o Dr. Rothbard. Jeff Riggenbach continua sendo um amigo, associado e as Resposta a Rothbard 193 vezes aliado, mesmo trabalhando em tempo integral para a Libertarian Review de Koch. Joan Kennedy Taylor, Victoria Vargas, Milton Mueller — quem deixei de fora? — só tive contatos agradáveis com todos eles. Até Ed Crane (sim — a bête noire de Rothbard) me concede uma risada por minuto com um aperto de mão pronto e um gracejo rápido que serve a Liberdade da forma que ele vê melhor para ele e para o Movimento. Que nenhum de nós jamais se afunde no ad hominem. Finalmente, o Partido Libertário. Rothbard diz que vai “assumir por enquanto a ideia de que um partido político libertário ... não é mal per se”. Eu me pergunto até que ponto ele estaria aberto a assumir que o estado não é mau per se e depois continuar a discussão de alguma legislação, vamos ver onde isso o leva. Parece levar à maravilha da revogação das leis. Agora, a perspicácia histórica de Rothbard parece tê-lo falhado novamente. Desde quando o estado revogou qualquer coisa das Leis do Milho ao imposto sobre a propriedade suburbana, a menos que tivesse autoridade para manter essa lei? Primeiro vem a zombaria contraeconômica, depois a desobediência civil em massa, depois a ameaça de insurreição e só então a revogação. Não, eu não concordo com LeFevre que é imoral revogar o projeto (assumindo que LeFevre diria exatamente isso), mas é imoral apoiar políticos para nos oprimir porque eles podem aliviar uma opressão. Por todo o dinheiro, tempo e energia necessários para eleger um político bom em uma ou algumas questões, quantos poderiam ser libertados diretamente e quanto seu risco de apreensão seria reduzido em sonegação de impostos, sonegação de projetos, sonegação de regulamentos e assim por diante? Nem você precisa exortar os sonegadores a contribuir para uma causa nobre, mas simplesmente oferecer — e alguns vendem isso por taxas exorbitantes! — instruções sobre como fazer a detecção de batidas e vê-los fazer isso... Libertando-se, não sendo libertado por outra pessoa. Samuel Edward Konkin III 194 Os votos são os “lucros” de um partido político. Um partido é um órgão do estado cujo objetivo explícito é disputar o controle do estado e cujo objetivo oculto é cooptar apoio da vítima. O número de votos dita o número de funcionários eleitos com sucesso e sua parcela de poder e pilhagem, assim como o número daqueles que ainda aceitam a legitimidade e a possível utilidade do estado. Crane e a Campanha Clark estavam apenas agindo de acordo com sua natureza enquanto partidarquistas. Como Frank Chodorov poderia ter dito: “A maneira de se livrar dos vendidos em empregos no LP é se livrar de empregos no LP”. Vamos assumir aqueles partidos políticos que Rothbard agora considera admiráveis. É claro que os democratas não foram tão amáveis em Conceived in Liberty quando, como os republicanos de Jefferson, lutaram contra os antifederalistas e cooptaram a oposição à Constituição. Jackson, o agente da derrota da Nulificação; Van Buren, o arquétipo da política do chefe; Polk, o imperialista antimexicano; ou Pierce e Buchanan, os defensores da escravidão: irão redimir esse começo contaminado? E os liberais britânicos foram condenados por Rothbard por liderar os defensores da Liberdade na defesa do Império e da Guerra Mundial. Nem os minarquistas moderados — muito menos os muitos anarquistas de então — da época tinham qualquer utilidade para democratas ou liberais. Esses reformadores minarquistas estavam então no Free Soil Party nos EUA e no Philosophic Radical Party na Grã- Bretanha, respectivamente. Seria sem tato de minha parte lembrar ao Dr. Rothbard quem inventou o Caucus Radical e depois o descartou quando não serviu para nada além de fins “objetivamente contrarrevolucionários”, então vou pular esta seção. “Um LP militante e abolicionista no controle do Congresso” levanta a questão – como ele chegou lá? Como poderia chegar lá? O Resposta a Rothbard 195 cenário de George Smith parece muito mais plausível. De fato, o LP estará no poder durante os estágios finais da revolução agorista para alertar nossos aliados marginais e prender os incautos com novilíngua “libertária”. O LP será colocado no poder assim que os Círculos Superiores precisarem disso. Não tenho dúvidas de que o Dr. Rothbard será o primeiro a notar e denunciar a colaboração. Você pode imaginar escravos em uma plantação sentados votando em senhores e gastando sua energia em campanhas e candidatos quando poderiam estar indo para a “ferrovia subterrânea”? Certamente eles escolheriam a alternativa contraeconômica; certamente o Dr. Rothbard os encorajariam a fazê-lo e não seriam seduzidos a permanecerem na fazenda até que o Partido Abolicionista dos Mestres de Escravos fosse eleito. O fato de Rothbard me caracterizar como um "destruidor" é realmente surpreendente para mim, considerando todas as organizações e publicações libertárias que construí e apoiei — mais do que qualquer outra pessoa, exceto o próprio Dr. Rothbard, de Wisconsin a Nova York e Califórnia, e em quase todos os estados, província e país neste globo. Devo listar todos os grupos libertários que não foram submetidos a ataques morais por mim? Que tal todos os supper club libertários em Los Angeles e Nova York? A Society for Individual Liberty, Society for Libertarian Life, as antigas California Libertarian Alliance e Texas Libertarian Alliance, a British Libertarian Alliance, a conferência anual Future of Freedom, a Southern Libertarian Conference. Ah, isso é ridículo. Sim, parei de bater na minha esposa — mesmo não sendo casado. As únicas coisas que destruí são os destruidores do nosso movimento outrora livre de partidos, a defesa da partidarquia e o comprometimento do libertarianismo em geral. Rothbard está alegando que ele desviou os olhos daqueles que estavam saindo de “The Plumb Line” por que eles poderiam estar Samuel Edward Konkin III 196 fazendo um bom trabalho? Concluindo, Rothbard e eu continuamos a lutar pelas mesmas coisas — e contra as mesmas coisas. Espero que continuemos lutando do nosso jeito, alcançando aqueles que o outro perdeu. E mais, espero que possamos reduzir nosso tempo e energia gastos em lutar uns contra os outros para liberar recursos contra o inimigo comum. Não deixarei que nenhuma mão estendida seja deixada de lado. Se os Novos Libertários e os Centristas Rothbardianos devem dedicar algum tempo àsnossas diferenças (“engajar-se no Diálogo Revolucionário”), que seja esse tempo devotado primeiro a entender um ao outro — como esta troca é dedicada — e então a resolver as diferenças. Ah, e então que o estado e sua elite de poder estremeçam! 197 Retorno à Babilônia Robert LeFevre O New Libertarian Manifesto, de Samuel Edward Konkin III, fica aquém de suas aclamações literárias e falha, pelo menos no meu julgamento, em soar um toque de clarim para a causa libertária. Isso não implica falta de valor ou significado. As trinta e uma páginas de letras pequenas têm mérito definido em vários lugares e aqui e ali lampejos de sabedoria iluminam uma passagem. O autor deve ser elogiado por sua apreensão clara dos princípios econômicos e sua devoção aos procedimentos de mercado na medida em que os persegue. Essa é a grande conquista que emerge da chamada "Old Left" e esperançosamente sinaliza um crescente retorno à sanidade para aqueles que, em tempos anteriores, sofriam de hemorragia interna, mas cuja "cura" era o nivelamento sem sentido de todos e de tudo na sociedade que conseguiu, apesar das probabilidades, continuar a se manter à tona. A dedicação de Konkin ao que ele chama de táticas agoristas transmite a substância de sua posição. Significa, em suma, que os indivíduos libertários são capazes de agir agora dentro de um contexto de livre mercado, se não permitirem que o medo do governo os iniba completamente. Essa posição merece ser aplaudida até que o som ecoe e eu sinceramente dou meu apoio a ela. Uma palavra de cautela deve ser inserida. O Manifesto de Konkin não é o lugar apropriado para tais palavras de aconselhamento e minha adição inclui uma crítica a esse documento. Mas já é hora de dizer alguma coisa, e este parece ser um lugar apropriado para dizê-lo. Robert LeFevre 198 Se as empresas agoristas devem causar o impacto que merecem, os empresários libertários terão que fazer um trabalho melhor do que seus concorrentes que já estão no campo. Até agora, eles não estão fazendo isso. A vantagem de preço e a chance de evitar o estado por meio da evasão fiscal não substituem a integridade. Muitos que aparecem como empresários agoristas enganaram ou traíram seus clientes. Na verdade, eu pessoalmente achei necessário ser especialmente cuidadoso ao lidar com certa pessoa que se diz libertária. Com demasiada frequência, o autointitulado libertário demonstrou falta de preocupação até mesmo com a honestidade fundamental. Muitos já experimentaram essa falta entre os profissionais de marketing convencionais e mais do mesmo não é útil. Embora eu não subscreva pessoalmente a prática, muitos possíveis clientes das empresas agoristas descobrem, para seu desânimo, que, se forem enganados pelo patrocínio do mercado negro, uma ação legal contra seus fornecedores está fora de questão. As empresas agoristas não podem ter sucesso sem construir a confiança do cliente. As pessoas que são persuadidas a comprar simplesmente por causa de um sentimento de companheirismo filosoficamente, perdem tanto o sentimento quanto a filosofia quando confrontadas com deturpação, má qualidade e engano sem recurso. De fato, o mérito de qualquer filosofia é descoberto pelo caráter de seus adeptos. Nesse sentido, fica claro que muitos que se dizem libertários estão apenas empregados na obtenção de coloração protetora. O que o precede, embora não seja uma crítica ao Manifesto, abre a porta. O mortal comum, considerando a condição em que nos encontramos; dominada e coagida pelo estado por todos os lados, tendeu insensivelmente a equiparar toda a legislação governamental à repressão. Mas o governo é um polvo de muitos tentáculos. Há uma Retorno à Babilônia 199 série de leis nos livros do estado condenando a desonestidade, a representação falsa e a violência. São ações que devem ser reprimidas; mas, é claro, reprimidas pela disciplina e determinação do indivíduo. Quando a desobediência ao governo é recomendada per se e ad hoc, é uma questão simples para o indivíduo concluir que a desonestidade, a representação falsa e a violência são formas aceitáveis de conduta, uma vez que o estado está "sempre" errado. Há milhares que falham em fazer a distinção de que, embora o estado esteja errado em seus métodos e procedimentos em todos os casos, os fins ostensivamente buscados podem muito bem ser desejáveis e necessários. O Manifesto está falhando nesse ponto. Quebrar uma lei não é um ato virtuoso per se, mas o Manifesto faz parecer que sim. Assim, pode ocorrer que algumas mentes simplistas, pensando em obstruir o estado, concluam que qualquer ação que tomem que viole algum ucasse do governo é louvável. O estado tem sido muito mais inteligente do que muitos supõem. Misturou a virtude e a não-virtude em suas demandas. Mas tem usado todos os seus instrumentos de propaganda para fazer com que os leigos e os simplistas acreditem que tudo o que é moralmente correto é exigido pelo estado. Assim, a lei e a moral estão inextricavelmente entrelaçadas. Violar a lei tornou-se imoral; obedecê-lo, moral. Não é necessariamente o caso. O objetivo de um determinado decreto deve ser examinado quanto ao seu caráter intrínseco. Com o estado, devemos lidar constantemente com fins e meios. Os meios do estado são corrosivos e viciosos sem exceção. Os libertários estão entre aqueles que supostamente têm a perspicácia necessária para determinar a diferença entre fins e meios. Robert LeFevre 200 Assim, eles devem ser capazes de praticar a autodisciplina pela demonstração aberta de que são mais honestos do que aqueles que são honestos apenas porque o estado parece compeli-los. De fato, essa confusão decorrente de meios inadequados empregados para alcançar fins desejáveis pode ser a razão mais profunda pela qual o estado não pode atingir seus objetivos. É nesse ponto que o Manifesto atinge seu maior pico. A explicação de Konkin sobre o uso obrigatório de meios desejáveis para atingir os fins desejáveis é esplêndida. Ele defende a consistência. É o cerne de sua oposição a supostas atividades "libertárias" como o ativismo dos partidos políticos. Uma das principais objeções que devo fazer diz respeito à posição assumida no Manifesto sobre a restauração e/ou restituição, após a prática de um crime. Embora eu afirme rapidamente que a explicação de Konkin é lúcida e breve, ela não condiz com sua insistência na harmonia entre fins e meios. Se cada ser humano individual tem direito à sua própria vida e propriedade, segue-se que nenhum indivíduo tem direito à vida ou propriedade de qualquer outro. Em seu zelo por satisfazer os desejos daqueles que se dizem vitimizados, Konkin apresenta um argumento, ora brilhante, ora sofista, no qual parece que o indivíduo que tem direitos sobre sua própria vida e propriedade, perde esses direitos se e quando viola o limite de propriedade de outro. Se tal conclusão for válida, segue-se que as únicas pessoas que têm direitos são aquelas que não violam os limites da propriedade. Se essa proposição for aceita, então o conceito de direitos se aplica apenas a um número limitado de pessoas e é baseado em seu comportamento e não em sua natureza como seres humanos. Agora, o núcleo fundamental em torno do qual orbita a noção de direitos é que o conceito deve ser aplicado universalmente ou será sem Retorno à Babilônia 201 significado. Se o conceito de direitos deve ser delimitado, aplicando-se apenas àquelas pessoas que se comportam de uma maneira específica, então temos um conceito de privilégio e não um conceito de direitos. Se aceitarmos a noção de privilégio como o núcleo de nossa estrutura social, estamos, imediatamente, retornando ao feudalismo. Somente aqueles que se comportam como o Senhor dita, têm o privilégio de viver. O Senhor tem o direito "divino" deeliminar os outros, já que eles não tinham direitos próprios em primeiro lugar. Mas Konkin perde pouco tempo com essas sutilezas. Em vez disso, ele faz parecer que o criminoso não apenas perdeu seus direitos, mas que sua vítima ganhou direitos sobre ele e, assim, a vítima em grande medida torna-se proprietária e possuidora do criminoso e pode dispor dele de acordo com os desejos da vítima, talvez amenizados pelos apelos de uma seguradora de terceira parte ou outro árbitro. Esse é o argumento do Estatista. Mas tendo denunciado o estado nos termos mais específicos e conclusivos, Konkin agora abraça os procedimentos do estado como uma grande virtude. Embora seja errado que o estado reivindique a vida ou a propriedade de alguém porque ninguém é propriedade do estado, é totalmente aceitável que a vítima reivindique a restituição e a restauração às custas do criminoso. De fato, Konkin descreve a restituição e a restauração como um imperativo moral. Mas isso é o que o estado diz. Em seguida, citando Rothbard e os Tannehill como pioneiros nessa área, Konkin nos oferece um parágrafo que repito aqui na íntegra para que seu caráter possa ser julgado. "Em primeiro lugar, sempre deixando de fora aqueles que optam por não participar, a pessoa se mantém segura contra agressão ou roubo. Pode-se até atribuir um valor à vida em caso de assassinato (ou homicídio culposo) que pode variar desde a tomada da vida do iniciador da violência até a retirada de órgãos substituíveis (dispostos à Robert LeFevre 202 tecnologia) para restaurar a vida, ao pagamento a uma fundação para continuar o trabalho de sua vida. O que é crucial aqui é que a vítima atribua o valor de sua vida, corpo e propriedade antes do acidente. (Bens trocáveis podem simplesmente ser substituídos ao preço de mercado. Veja abaixo.)" Se entendi essa proposta, a vítima de um crime ganha um direito de propriedade, não apenas sobre a propriedade do criminoso, mas, dependendo da natureza do crime, sobre a pessoa da vítima e até mesmo a vida da vítima. Além disso, e com base no que aconteceu antes, bem como na citação usada, é moralmente obrigatório que a vítima receba de volta mais do que lhe foi tirado. É essa margem que é vista como um impedimento contra crimes futuros. De alguma forma, nessa conjuntura, gostaria que Konkin estivesse menos familiarizado com a ficção científica. Eu sou levado de volta aos meus dias de infância e às maravilhosas histórias de Edgar Rice Burroughs, mais particularmente seu clássico Mastermind of Mars com Ras Thavas e seu protagonista, Vad Varo. O Manifesto nos convidou a viajar no tempo em um esforço para reconhecer a magnificência de uma sociedade verdadeiramente libertária. Achei surpreendentemente fácil de obedecer. Pelos argumentos apresentados, não estou apenas voltando à minha adolescência e ao Warlord of Mars, sou arrastado de volta à Babilônia e a um déspota oriental chamado Hamurabi. O que o Manifesto chama de sociedade libertária existia naquela época, cerca de 3.800 anos atrás. Não havia polícia. Ela foi inventada no século 19 por Sir Robert Peel na Grã-Bretanha. Hamurabi, como se viu, tinha uma espécie de agência de restituição/restauração. Os historiadores geralmente concordam que Retorno à Babilônia 203 poderia ser denominado o princípio de “um olho por um olho; um dente por um dente.” Enquanto o Manifesto nos convida a viajar tanto para trás quanto para frente no tempo, o resultado que vejo nos leva de volta à Babilônia e lá estamos encalhados. Não teremos apenas “um olho por um olho; um dente por um dente.” Teremos fígado por fígado; baço por baço, um rim, coração ou vesícula biliar por sua contraparte. A menos que eu seja grosseiramente incapaz de entender as palavras empregadas, vejo aqui uma câmara de horrores tão brutal e hedionda que, em comparação, a cremalheira e o parafuso de dedo de Torquemada se tornam um puxa-puxa e manicure. Mas deixe-me deixar o sadismo de lado por um momento e considerar as consequências de tal sistema. Dado esse conceito como um modus vivendi, milhões de pessoas desejarão se tornar vítimas! Crimes que não ocorreram podem ser encenados. Evidências incriminatórias podem ser plantadas. Na verdade, eu posso imaginar escolas conduzidas por vários Fagins engajados em encorajar a perpetração de pseudo-agressão. As possibilidades são infinitas. Que maneira maravilhosa de levar um inimigo à ruína. Acuse-o de ter imposto um dano a você. Tome cuidado para comprar algumas testemunhas e plantar um pouco de evidência, e você terá um negócio lucrativo. De fato, como a classe criminosa no Egito, você pode permitir-se ser mutilado e tornado grotesco. Isso garantirá esmolas generosas e uma boa vida. Estamos agora de volta a Shakespeare e ao Mercador de Veneza. Afinal, o pedido de Shylock foi o cumprimento de seu vínculo. E isso seria garantido no que o Manifesto chama de sistema “libertário”. Nesse estranho sistema, Antonio morrerá sob a faca, e o sangue derramado, embora não mencionado no vínculo, constituirá "lucro" para a vítima; que dissuasivo marginal. Robert LeFevre 204 Para compensar isso, o Manifesto e seus apoiadores terão que escrever uma série de leis elaboradas que identificam, definem e especificam um crime pretenso como um crime em si. Excluindo a semântica, o que torna tal procedimento diferente daquele de todos os estados existentes? Se tal procedimento não for seguido, teremos cada seguradora engajada em preencher cada contrato com letras miúdas sobre o que é e o que não é crime, conforme estabelecido pelos diretores dessa empresa. Vejo pouco mérito na competição pela brutalidade. De fato, essa tem sido a ruína de quase todos os esforços feitos por supostos anarquistas, dos quais tenho conhecimento. Eles condenam o estado. Eles vilificam o estado. Eles o escoriam. Será abolido. E no lugar disso, eles nos dizem que teremos um sistema no qual precisamente os mesmos remédios são buscados por processos que incluem o uso da violência e a violação das mentes, corpos e propriedades dos homens. Mas não vamos chamar isso de estado! Será uma Seguradora. Ou uma Companhia de Proteção. Ou um Ragu de Retaliação de Restauração, Restituição. Infelizmente, ainda há mais. Foi-me dito (página 10, parágrafo 3), “Somente neste ponto, quando a questão tiver sido totalmente contestada, investigada e julgada, e ainda B recusar a entregar a propriedade roubada, é que a violência ocorreria”. Se dermos uma olhada no mundo real, descobriremos que se B (o agressor) não deseja ser um contestante e se recusa a ser investigado, a coerção deve ser empregada muito antes do julgamento ser proferido. Se B não permitirá a entrada em sua casa, onde a vítima alega ter visto sua propriedade roubada, então, para verificar a alegação, deve-se usar a força para obter a conformidade de B. Mas e se, de fato, B não for culpado de nada, exceto que ele se parece com o agressor, ou que o que supostamente foi roubado tinha Retorno à Babilônia 205 uma duplicata que B adquiriu honestamente? Então encontramos um inocente, procurando manter sua privacidade e fazer seus negócios pacificamente, vitimado por uma empresa de investigação apenas para satisfazer os desejos de A, que, na verdade, pode até não ter experienciado um ato de roubo, mas deseja destruir a credibilidade de B. A verdadeira natureza de B não pode ser determinada antes de uma investigação. E uma contestação, e um julgamento. Mas essas coisas não podem ser obtidas sem coerção, se B não estiver em conformidade. O culpado concebivelmente sempre não estaria em conformidade. Mas muitos inocentes também não estariam. Ou a conformidade será lei? Sugere-se que possamos ter campos de prisioneiros para os recalcitrantes (mas não prisões) e que aqui e ali podemos sempre matar a pessoa que, (éalegado) ela mesma, cometeu algum ato de assassinar. Não é um caso claro de pedir os fins para justificar os meios? Parece que sim, momento em que acenamos em despedida à consistência. Acho difícil chegar a uma escala de dólares por meio da qual possamos estabelecer um preço para a vida, ao consentimento da intimidade e ao não sequestro. De fato, e pelas razões que Konkin apresentou, acho difícil, se não impossível, chegar a um valor em dólares, mesmo para propriedade roubada. Um único dólar tem um valor diferente para diferentes pessoas, dependendo de suas escalas relativas de valor, para dólares, bens e serviços. Assim, como Konkin mostra corretamente, os juízos de valor entram e a restituição e a restauração devem ser arbitrariamente impostas como um impedimento. Na verdade, essa parece ser a razão principal para pedir mais do que uma mera restauração ou restituição. Como seria impossível chegar a uma condição idêntica à que antecedeu Robert LeFevre 206 o crime, então o erro é provável de ser cometido, mas deve ser feito em benefício da vítima. Essa insistência em estabelecer direitos de propriedade sobre o autor de um crime parece ignorar o fato de que, ocasionalmente, um crime pode ser cometido por causa de condições financeiras precárias. Tais condições sempre serão manifestas em qualquer mundo de recursos limitados e seres humanos imperfeitos. Enquanto a "Old Left" tentou fazer parecer que todo crime surgiu da pobreza (absurdo em sua face), o fato é que alguns crimes sempre foram causados pela privação. Se uma pessoa está morrendo de fome, ela provavelmente roubará, mesmo que tenha que infligir danos físicos a um espectador inocente no processo. Eu não tolero o roubo por causa desse fato. Qualquer ato de roubo é um ato ilícito. Independentemente da motivação. Mas não vejo nada no Manifesto que leve em consideração tal possibilidade. O criminoso é um criminoso; a vítima é uma vítima. Uma rosa, é uma rosa. Konkin foi generoso e gracioso no Manifesto em relação à minha própria posição, pelo que lhe agradeço. Além disso, ele está pelo menos parcialmente correto ao afirmar (nota de rodapé, página 7) “O pacifismo de LeFevre também dilui a atração de suas táticas libertárias, provavelmente muito mais do que merecido.” Confirma-se que minha posição tende a afastar muitos. Que eu mereço mais é um ponto discutível. Mas nunca tomei uma posição com o objetivo de torná-la popular. Em todas as declarações que fiz tentei ser consistente com a verdade e com a definição fundamental da liberdade humana. Não pedi seguidores. Encontrei meu próprio caminho e não privaria uma única pessoa da alegria que pode experimentar ao encontrar o seu. Konkin está correto quando observa na mesma nota de rodapé que: “Ele (LeFevre) se abstém de descrever uma estratégia completa Retorno à Babilônia 207 resultante dessas táticas pessoais, em parte devido ao medo de ser acusado de prescrever e descrever.” A estratégia que eu repetidamente avancei não parece, nem parecerá, ser uma estratégia para aqueles que insistem em ação de grupo. Eles não podem conceber uma estratégia que mereça esse nome até que as pessoas sejam de alguma forma soldadas a um grupo. - - A estratégia que ofereci anda de mãos dadas com as táticas que também recomendo. É o mesmo procedimento individual que ajuda cada indivíduo a retirar-se sem violência dos tentáculos nauseantes e agarradores de todos os estados. Embora reconhecidamente não possa ser feito instantaneamente nem perfeitamente, pode ser alcançado por aqueles que desejam alcançá-lo. Não peço desculpas por suas imperfeições. As empresas agoristas também não são perfeitas, e nunca serão. A humanidade não produz espécimes perfeitos. Finalmente, chego ao que considero uma segunda inconsistência no Manifesto. Encorajado pelo convite do autor, deixe-me apontar para ele. Ao passar pelas várias fases que a imaginação de Konkin retratou, chegamos finalmente à transição entre a fase 3 e 4. Konkin vê esse período como inevitavelmente violento, em total traição aos próprios princípios que ele afirma defender. “A revolução é tão inevitável quanto qualquer ação humana pode ser”, é a afirmação da nota de rodapé de Konkin. Então, no final, independentemente de meios pacíficos, devemos jogar fora os princípios agoristas de autorrealização e matar os estatistas como o único caminho para uma sociedade livre. Konkin reconhece que há argumentos contra essa visão. Pessoalmente, acredito que é a origem filosófica de Konkin em áreas de centro-esquerda que o leva a se apegar a essa posição. Robert LeFevre 208 As principais razões que eu gostaria de oferecer que, em minha opinião, alteram significativamente a “inevitabilidade” que ele vê, relacionam-se ao método que ele usa para promover as causas agoristas e a natureza do capitalismo em todas as formas, incluindo a agorista. Ao empregar o método educacional um a um, o ressurgimento gradual da livre iniciativa avançará tão rapidamente quanto nossa capacidade de educar o tornar possível. Assim, os princípios do livre mercado nunca são impostos, são aprendidos e comprovados por quem aprende e prática. Um mercado desinibido é muito mais lucrativo e confortável do que um mercado inibido. A afirmação de que “Estatistas” aderirão ao estatismo negligencia a realidade de uma característica principal de todos os Estatistas. Eles também buscam o lucro. Eles buscam aplausos, reconhecimento e conforto. À medida que os princípios agoristas se desdobram e se ampliam pela adição de praticantes dedicados, mover- se nessa direção torna-se expediente. Todos os estatistas são dados à conveniência e buscam o terreno elevado. Haverá uma tendência natural para os estatistas mais ambiciosos e mais capazes se moverem nessa direção. Para ter sucesso em qualquer tipo de livre mercado, agorista ou convencional, é preciso fazer investimentos de capital. Ninguém com capital investido pode arcar com os riscos de destruição e alienação de capital decorrentes da guerra. E, neste contexto, tome nota: todas as guerras são inspiradas pelo estado. Mas elas são invariavelmente dirigidas contra outro estado, não contra os políticos do estado local. Políticos não conduzem guerra. Eles fazem a guerra encorajando o conflito que os mantém fora de perigo. Parte do “capital” do político é a sanção que obteve de seus próprios compatriotas, e parte consiste em sua pose de superinteligência que deve ser protegida pelo sacrifício Retorno à Babilônia 209 de outros. Ele se arriscará mais pelo conflito violento do que se movendo em direção à livre iniciativa. Estou encantado por ver o Manifesto de Konkin e posso aplaudi- lo em geral por sua posição de respeito à consistência, objetivo e método. Minhas objeções, se compreendidas, podem aumentar seu impacto. Acredito que terá e merece ter uma influência convincente sobre os membros da “Old” esquerda. Aqui, sua sintaxe e suas passagens às vezes roxas podem muito bem ser fundamentais em vários casos. Desejo-lhe bem e ao seu autor. Robert LeFevre, outubro de 1980 210 Resposta a LeFevre Uma característica da posição de LeFevre que é frequentemente negligenciada são todas as inovações que ele introduziu à filosofia libertária. O princípio pacifista faz com que ele encontre métodos engenhosos de garantir proteção, defesa e a fuga de agressões. Alguns dos melhores seguidores ou estudantes que se mantêm verdadeiros à sua posição fundamental: Richard Radford, Caroline Roper-Deyo, Linda Abrams, Sy e Riqui Leon e Harry Browne me vem à mente, demostram o mesmo tipo de engenhosidade e tendência à inovação. Nós libertários que se autodefendem podemos tolerar um monte de inconvenientes por sermos atormentados por nossas tendências violentas ou por nossa retórica a favor do valor daquela pesquisamotivada pelo pacifismo. O quanto menos nos prendermos ao peso da autodefesa, melhor; poderia algo ser mais próximo de um "bem universal"? Dado tudo isso, LeFevre merece ser respondido. De fato, não responder diretamente aos ataques dele como muitos teoristas libertários optaram por fazer, é uma forma de condescendência que ele certamente não merece. Francamente, eu considero a posição dele obstinadamente errada, considerando toda a evidência que ele teve de enfrentar. Mas não tem nada desprezível ou baixo sobre ele. Colocar o princípio pacifista na mente de alguém parece ter o efeito de ingerir uma droga psicoativa. Flashes de insights brilhantes e inovações e invenções de outra forma inimagináveis resultam, mas na maioria das vezes o que vem é uma visão distorcida da realidade. Tudo é deformado na visão direta do observador, apesar de fazer perfeito sentido para o psiconauta. Ainda, com tempo e observações, a lógica interna para a deformação é perceptível para o observador. Resposta a LeFevre 211 Passando pela parte de apreciação mútua da resposta de LeFevre - e nós concordamos em muitas coisas - chega-se à crítica. É claro, é pressuposto que alguém leu o Manifesto do Novo Libertário antes de ler isso, mesmo assim, uma tradução do "fator deformador" de LeFevre não pode ajudar alguma saída. Primeiro, tanto quanto ensinar libertários sobre integridade e tendo certeza de que não estou dizendo a eles para violar a lei natural, eu não acredito que um libertário possa ler o NML e pensar de outra maneira. Talvez algum não-libertário consiga ver algo como um chamado indiscriminado para "violação da lei", mas claramente não sou aquele para alcançar estes uma habilidade de racionalização tão ruim. Talvez nós precisemos de anarcoterapistas para aqueles que o cérebro derreteu por overdose de estatismo? E enquanto eu devo ter sido queimado tão frequentemente quanto LeFevre em transações com alegados libertários, eu preparei "white lists" apropriadas de tipos de venda não confiáveis. À medida que whitelisting é desenvolvido pela ContraEconomia, a taxa de enganação deve cair rapidamente. Eu considero as queimaduras que experimentei como custos de fundação da Ágora. O argumento de LeFevre sobre a ação legal estar fora de questão após uma queima no mercado negro soa estranho. Claramente, ação legal está fora de cogitação para LeFevrianos em qualquer mercado, seja branco, cinza ou negro. De fato, apesar de não LeFevrianos no geral, Novos Libertários urgem por soluções reconstituintes e defensivas completamente fora do sistema legal do estado em todas as circunstâncias. Ninguém seria capaz de te ameaçar com tanta agressão quanto o estado; chamar o estado para eliminar um assaltante é como chamar o Satã para exorcizar um demônio. Nossa bifurcação no caminho aparece quando LeFevre enxerga "boas leis" nos livros do estado, e isso combina com sua afirmação posterior que agoristas precisariam de um sistema legal para impor a Samuel Edward Konkin III 212 restauração de propriedade. O que ele parece falhar em perceber nos Novos Libertários e na maioria dos outros libertários anarquistas é que nós objetamos à nacionalização das "empresas de justiça" pelo estado. Não existem leis que o estado poderia ter em comum com uma agência do mercado porque a última precisa legislar com a execução estatista escrita na lei. Restauradores e protetores do mercado seguirão a Lei Natural, que é descoberta como qualquer outro fenômeno na natureza, através da observação e a resposta natural - ou ótima entre várias - aplicada. Mais para frente, ouvimos um hino à autodisciplina: ouvir, ouvir. Agora quando LeFevre contesta minha consistência, ele parte para a retaliação. Ele afirma que eu aceito o direito de uma pessoa à vida e propriedade para então negá-la ao agressor. Mas se eu entregar a propriedade da vítima para o agressor - quando eu poderia restitui-la - então eu estaria violando a minha consistência. Pelo que entendo, o agressor abriu as fronteiras de sua propriedade (e não estamos falando apenas de "terras") e abriu passagem para a propriedade roubada, que não está dentro dos seus próprios limites, que eu fecho novamente depois de recuperar o item perdido. O agressor escolheu voluntariamente seguir esse caminho. A vítima não consentiu com nada. Se a vítima negligenciou a recuperação de qualquer dos seus bens, eu tenho o direito delegado para assim fazer. A aprovação do agressor é dada à vítima no momento que o ataque é iniciado pela vontade do agressor. LeFevre escolhe olhar para o mundo pelos olhos irracionais do agressor que deseja iniciar sua ação e ficar livre das consequências. Eu não tenho nenhuma intenção de falsificar a realidade para os iniciadores de violência. Talvez ele possa evitar a apreensão pelo roubo ou ser levado pela correnteza como alguém que pula de um penhasco; mas assim como a consequência natural da gravidade é cair para a morte, a consequência natural da invasão é a restituição. Resposta a LeFevre 213 Para deixar claro onde LeFevre e eu discordamos, eu não vejo nenhum direito do agressor sendo violado por uma ação de restituição. Se alguém soca uma pedra e sangra, o direito de alguém é violado? A mesma lei natural se aplica àqueles que podem e se defendem com sucesso. . 214 O Novo Altruísmo: Uma Crítica ao Manifesto do Novo Libertário Por Erwin S. (Filthy Pierre) Strauss Tenho pouca discordância com a visão básica de sociedade apresentada em seu Manifesto do Novo Libertário: “um sistema contraeconômico avançado (aproximando-se) da sociedade livre”. Também concordo que a própria “sociedade livre” seria instável pelas razões que você dá no parágrafo 2 da página 8. No entanto, à medida que a atividade pró-agorista se estende de ações individuais, empresas comerciais, etc., para a busca explícita de uma grande estratégia por meio de um "Movimento" continental surge um problema. Em algum momento, a ligação entre o que um indivíduo coloca na atividade (em termos de recursos escassos, como trabalho ou dinheiro) e o que o indivíduo pode esperar obter (em termos de maior liberdade) começa a se romper. As atividades mais amplas do “Movimento” lidam cada vez mais com bens públicos. Os benefícios de “um sistema contraeconômico avançado à medida que se aproxima da sociedade livre” serão usufruídos tanto por aqueles que não contribuíram com recursos escassos para sua realização quanto por aqueles que o fizeram. Portanto, é difícil justificar racionalmente fazer tal contribuição, que envolveria incorrer em um custo significativo em troca (na melhor das hipóteses) de um aumento microscópico no valor esperado para si mesmo de um bem (aumento da liberdade) a ser recebido no futuro. Parece-me que as pessoas que provavelmente contribuirão para tal “Movimento” serão aquelas motivadas pelo altruísmo. Ou seja, serão aqueles que estão interessados em viver suas vidas para o bem dos outros. Em outras palavras, serão aquelas pessoas que estão dispostas a deduzir os custos incorridos por eles mesmos contra os benefícios conferidos a outras pessoas, como se esses benefícios O Novo Altruísmo: Uma Crítica ao Manifesto do Novo Libertário 215 tivessem sido conferidos a si mesmos. Esta é uma boa definição econômica de altruísmo. Ora, eu mesmo não me oponho categoricamente ao altruísmo. Reconheço que os genes e/ou valores culturais profundos incorporados em mim evoluíram em certos contextos. Esses contextos selecionavam genes e/ou valores que gratificavam seu portador por buscar determinados objetivos. Esses objetivos incluem coisas como comer alimentos doces, copular com membros do sexo oposto — e promover os interesses de outros portadores dos mesmos genes e/ou valores (por exemplo, altruísmo). Reconheço que esses objetivos podem, em geral, ser contráriosao meu interesse próprio racional no contexto atual. No entanto, até certo ponto, a política mais eficaz para mim pode ser relevar esses valores, se isso puder ser feito a um custo razoável. No entanto, à medida que aumentam os escassos recursos dedicados a tal apaziguamento, chega-se a um ponto em que quanto mais se releva esses valores mais se paga um preço excessivo por valores psicológicos efêmeros. Nesse ponto, é hora de parar com essas indulgências e começar a trabalhar buscando objetivos mais substanciais. No entanto, sou categoricamente contra a contradição lógica. Você se coloca como categoricamente oposto ao altruísmo (por exemplo, em “Our Enemy, The Party”, você chama isso de imoralidade — embora seja imoralidade pessoal, em vez da imoralidade social com a qual você a agrupa, desde que não envolva coerção). Mas no Manifesto, você diz que se inclui entre aqueles “que anseiam pela Liberdade e desejam se dedicar ao trabalho dessa vida” (página 22). Mas a Liberdade não existe no abstrato; ela é usufruída por pessoas específicas. O conjunto dessas pessoas por cuja liberdade você tanto deseja ou não contém ninguém além de você mesmo, ou contém outras pessoas. Se o primeiro, então sua declaração anterior na página 22 se aplica: "Para aqueles que desejam apenas viver suas vidas o mais livre possível, [...] o libertarianismo contraeconômico é suficiente. Não é necessário nada mais." Mas você quer mais. Portanto, você deve ansiar Erwin S. (Filthy Pierre) Strauss 216 por uma Liberdade a ser desfrutada pelos outros. Em outras palavras, você está preparado para gastar seus recursos escassos para garantir um valor aos outros. Esta é nossa definição básica de altruísmo novamente. O apelo ao altruísmo também é proeminente nos lançamentos de seus cupons do Movimento da Esquerda Libertária. Em “Our Enemy, The Party”, você recebe “doações de encorajamento” e me pede para “expressar minha aprovação de seu trabalho” por meio de contribuição financeira. No Manifesto, você pede às pessoas que “expressem apoio material para a Ação MLL!” Todos estes referem-se a doações para a MLL além da taxa de adesão, sem nada a ser entregue pela MLL em troca. Um tom altruísta semelhante emerge de grande parte de sua obra. Tudo isso cria um problema de inconsistência de meios e fins. É improvável que um Movimento apoiado por meios altruístas busque consistentemente uma sociedade libertária. De fato, sem o guia do lucro, é improvável que os apoiadores de tal Movimento persigam consistentemente qualquer objetivo de longo prazo. Historicamente, tais Movimentos gravitam em torno do Manifesto retumbante, do comício emocionante e de outras formas de ação que proporcionam gratificação emocional imediata — em vez de formas de ação que levam a mudanças substanciais de longo prazo. Suas atividades ao longo da última década parecem ter seguido essas linhas. Das opiniões que você discute, a minha é a que mais se aproxima daquelas que você cita na nota na página 7 para Harry Browne — e, claro, as da Libertarian Connection. No entanto, Browne exagera ao denunciar a ação cooperativa, adotando uma visão da natureza humana de um quadrinho borscht-belt: toda esposa é uma megera irritante, todo parceiro de negócios é um sanguessuga, etc. A ação cooperativa pode ser muito vantajosa se alguém escolher os coparticipantes com prudência e definir o relacionamento com cuidado. O fato de Browne não oferecer “nenhuma estratégia geral” para a mudança social não é O Novo Altruísmo: Uma Crítica ao Manifesto do Novo Libertário 217 uma crítica mais válida do que a reclamação de um cristão de que o ateísmo não oferece vida após a morte, ou a reclamação de um estatista de que o anarquismo não oferece um estado benevolente. A questão não é oferecer essas coisas, é claro, mas entregá-las. Resumi acima porque não acho que a busca de sua grande estratégia resultará em uma sociedade libertária — e ainda mais porque não é um uso eficaz dos recursos escassos da maioria das pessoas. O processo de “flanquear o estado com tecnologia”, como você resume a posição da Connection, não é uma receita para sentar-se e esperar que esse flanqueamento aconteça. Em vez disso, sugere cursos de ação contraeconômicos que podem ser seguidos para lucrar durante e após o declínio do estado — e, incidentalmente, para acelerar esse declínio. Sua invocação infundada da "engenhosidade" dos estatistas para confundir essas abordagens parece derrotista para mim. Será preciso muita engenhosidade, por exemplo, para impedir a disseminação de armas de destruição em massa. O resultado dessa disseminação dificilmente será puro libertarianismo, mas quase certamente soará a sentença de morte para o estado como o conhecemos — se o estado não sucumbir antes disso. —Erwin S. “Filthy Pierre” Strauss. Março de 1981 218 Resposta a Filthy Pierre por S.E. Konkin Embora o terceiro polo do libertarianismo representado pela Libertarian Connection possa não ter existido há tanto tempo quanto Rothbard e LeFevre, para alguém que entrou no Movimento durante a Grande Conversão de 1969 como eu, as três estrelas da Connection — “Skye D'Aureous”, “Natalee Hall” e “Filthy Pierre” — eram uma visão quase tão estabelecida e respeitada quanto. Até certo ponto, a posição da Connection difere de ambas e é claramente independente. Além disso, os Connectors são geralmente mais orientados para o futuro, fortemente voltados para inovações tecnológicas e de mercado. De fato, se Rothbard procura nos levar a revolução para a Liberdade e LeFevre nos pacificar lá — simplificações grosseiras, com certeza — os Connectors querem nos inovar lá. Desde que “Skye” e “Natalee” passaram a fazer um excelente trabalho nessa área sob seus nomes reais, Filthy Pierre tornou-se editor da APA libertária e o mais próximo de um porta-estandarte e porta-voz que o ponto de vista ultra individualista da Connection tem. Para começar, tenho orgulho de Pierre concordar com a “visão” do Novo Libertário. Embora eu tenha sido pouco influenciado diretamente pela Connection e seus colaboradores, tendo lido apenas uma edição antes dele se tornar editor (que foi após a publicação do NLM), algumas de suas melhores ideias sem dúvida se infiltraram na tradição geral do movimento e eu reconheço com gratidão qualquer uma que inspirou as apresentações mais originais e inovadoras do New Libertarian e do New Libertarian Manifesto do caso libertário. Então, vamos verificar nossas poucas diferenças. Resposta a Filthy Pierre 219 Pierre está vigilante contra a recoletivização do Movimento Libertário em um estado potencial. Ouça, ouça: ele é bem-vindo para ser um cão de guarda pago permanente nas páginas de New Libertarian, SNLA ou onde quer que seja. Eu também temo uma possível ocorrência e vejo isso já acontecendo sob o disfarce do PL. Mas temo que ele veja altruísmo onde nenhum foi planejado e, eu afirmo, nenhum está presente. Descartando uma questão secundária, considero “bens públicos” um problema para os economistas de Chicago se debruçarem — como teólogos contando anjos em alfinetes. Pierre oferece o serviço que eu estava procurando ao solicitar críticas. Ele descobriu uma área que não só não era clara em expressar, mas que eu ainda não havia percebido que era um problema. Meus agradecimentos à sua contribuição para a clareza da causa. O que deixei claro é que há liberdade pessoal e liberdade para uma sociedade em geral — incluindo a si mesmo. O comentário de Pierre sobre Browne — com o qual concordo quase totalmente! — confirma isso. O que falhei em tornar claro é que tornar a sociedade mais livre tem recompensas imediatas na redução do risco. Assim, julga-se o quanto uma contribuição para a atividade agorista reduz os riscos contraeconômicos e contribui de acordo. À medida que passamos pelasetapas descritas no Manifesto, as vantagens tornam-se mais tangíveis e óbvias se mais difusas, mas ressalto que o P&D agorista será transferido para indústrias específicas para seu lucro e/ou redução de custos — especialmente seguros e proteção. Onde Pierre vê vários graus de “altruísmo”, vejo investimentos de curto, médio e longo prazo na melhoria do ambiente ao redor — investimentos que não se chocam, mas são complementares ao investimento em liberdade e segurança pessoais. Eu poderia me importar menos com “altruísmo genético” e sua indulgência. Samuel Edward Konkin III 220 Pierre coloca o dedo na estática semântica gerada pelo uso de termos evoluídos na política para fins de ativismo agorista e espero vê- lo trabalhando ainda mais com os Novos Libertários no desenvolvimento de rótulos alternativos e mais claros e na popularização deles (minha conhecida propensão para a neologização — cunhar novas palavras — é impelida precisamente para alcançar essa clareza semântica e libertar nossa linguagem de associações impróprias). A disseminação geral e a comercialização de armas de destruição em massa podem estar chegando, mas não consigo ver como isso terá o efeito crítico de abolir o estado. Um debate mais aprofundado sobre esta questão (aberto no New Libertarian Weekly) pode ser justificado. —Samuel Edward Konkin III, 1º de Maio de 1981 S E Ç Ã O Q U A T R O Epílogo 223 Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 Entrevista com o Ícone Libertário Samuel Edward Konkin III (SEK3) Conduzida por _wlo:dek & michal Publicado em 1 de Janeiro de 2002 Você não conhece SEK3 e intitula-se um libertário? Bem, na verdade — e infelizmente —, Sam precisa de uma introdução. Embora ele seja bem conhecido entre todos os libertários da turma de 69 que estavam lá antigamente, ele é praticamente desconhecido entre aqueles que eram jovens demais para participar do movimento inicial. Até certo ponto, ele é o culpado disso. Durante o início dos anos 90, quando a maioria dos jovens ativistas foram apresentados ao Libertarianismo, Sam fez uma pequena pausa do Movimento Libertário. Mas agora ele está de volta, e com tudo. Mas então, quem diabos é Samuel E. Konkin III? Quem é John Galt? Foi preciso um livro inteiro para responder a essa pergunta. Quanto a Sam — Libertário original, que ganhou o seu L maiúsculo nas ruas da Batalha de St. Louis. Editor de “The Agorist Quarterly“, “New Isolationist“, “Frefanzine” e muitas, muitas outras publicações libertárias, agoristas, anarquistas, e anti-intervencionistas, das quais a mais conhecida é a “New Libertarian“, publicada desde 1970 e aclamada pelo Sr. Libertário (vulgo Murray N. Rothbard) como a principal revista “de alcance” em Neste Movimento Nosso. Em 1980, ele deu um grande salto com o seu “New Libertarian Manifesto“, aplaudido por Robert LeFevre pela sua “posição respeitosa quanto à consistência, ao objetivo e ao método” (disponível online). Para promover o Libertarianismo, Sam financiou o Movimento da Esquerda Libertária, o Agorist Institute e o Clube Karl Samuel Edward Konkin III 224 Hess. Também organizou conferências acadêmicas, aulas, seminários e reuniões. Assim, Sam tornou-se um modelo para heróis libertários fictícios criados por L. Neil Smith (“The American Zone”), Victor Koman (“Kings of the High Frontier”) e J. Neil Schulman (“Alongside Night”). OK, agora que você viu a ponta do iceberg, não me deixe enrolá-lo por mais tempo. Vá em frente. Antecedentes necessários P: Antes de iniciarmos a entrevista, gostaria de lhe pedir que definisse um termo que irá aparecer muitas vezes durante esta discussão e que, como muitas pessoas pensam, é um sinônimo. Na sua opinião, o que é Libertarianismo? SEK3: Libertarianismo é outro termo para Anarquista de Livre Mercado, embora inclua frequentemente simpatizantes menos rigorosos, como os minarquistas. A palavra originalmente era usada pelos pensadores livres em relação à religião para significar aqueles que acreditavam no livre arbítrio em detrimento do determinismo (que não é uma associação tão ruim para nós) e depois tornou-se um eufemismo para os anarquistas europeus do século XIX. Foi reavivado por Leonard Read na década de 1940 para significar aqueles liberais clássicos que se recusaram a juntar-se ao resto do Movimento Liberal para se tornarem estatistas de esquerda moderada, e que tinham se juntado em grande parte à coligação da Old Right dos EUA contra um tipo de liberal, fazendo fronteira com o fascista, New Deal. Com a eleição de Eisenhower e a morte de Robert Taft, a coligação da Old Right desintegrou-se. Buckley puxou os conservadores pró-estado para a sua Nova Direita, enquanto Murray Rothbard reuniu os isolacionistas (não-intervencionistas na política externa) Libertários em aliança com a New Left. Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 225 Rothbard, sediado em Nova Iorque, tornou-se anarquista em 1950 e definiu de maneira coerente a posição hardcore. Robert LeFevre conseguiu o mesmo na zona oeste dos Estados Unidos. P: Infelizmente, muitas pessoas associam o Libertarianismo ao Libertarian Party. Algumas pessoas acreditam mesmo que foi a primeira organização a definir o libertarianismo. Você poderia esclarecer isso? SEK3: Em 1969, tanto o SDS como os Young Americans for Freedom separaram-se em seus próprios nichos. Os libertários “de direita” da YAF juntaram-se aos anarquistas de livre mercado da SDS numa conferência histórica em Nova Iorque durante o fim de semana do Dia de Colombo, convocada por Murray Rothbard e Karl Hess. Em Fevereiro de 1970, vários ativistas, trabalhando para Robert LeFevre, organizaram uma conferência ainda maior em Los Angeles na USC, que incluiu Hess, o ex-presidente da SDS Carl Oglesby e quase todos os grandes nomes do Movimento até esse momento. Participei em ambos, bem como da Convenção YAF em St. Louis, antes. Após a conferência de L.A., Alianças Libertárias de campus surgiram em todo o país. Organizei pessoalmente cinco em Wisconsin durante 1970 e uma dúzia no estado de Nova Iorque (Nova Iorque e arredores) de 1971-73. A primeira campanha “real” do Libertarian Party foi a candidatura de Fran Youngstein para Presidente da Câmara (da cidade de Nova Iorque) em 1973, e foi a única campanha em que os anti-políticos (o que os europeus chamariam de antiparlamentares) libertários trabalharam com anarquistas que abraçaram o oferecimento de cargos políticos (a quem dei o nome de partidarquistas). Nessa altura, o Movimento Libertário já tinha crescido da “sala de Murray” (e da Escola da Liberdade, de LeFevre, mais tarde a Rampart College) para milhares em 1970, para dezenas de milhares em 1971 e para centenas de milhares (alguns no estrangeiro, como na Samuel Edward Konkin III 226 Grã-Bretanha e Austrália) em 1972. A taxa de crescimento acentuada do Movimento nivelou-se com o aumento da visibilidade do Partido. P: É verdade que alguns ativistas começaram o primeiro capítulo do Libertarian Party como uma piada? SEK3: Ed Butler, editor da Westwood Village Square dos anos 60, tornou-se um libertário em 1970. Juntamente com os antipolíticos libertários Gabriel Aguilar (um galambosiano) e Chris Shaefer (LeFevriano), ele registrou o nome “Libertarian Party” na Califórnia para gozar do processo eleitoral por um ano inteiro antes de David Nolan ter a sua festa de Natal de 1971, onde anunciou seriamente a criação do Libertarian Party. A propósito, Murray Rothbard e muitos outros recusaram-se a levar a sério o partido de Nolan durante a campanha Hospers-Nathan. Teria desaparecido sem deixar rastro se o eleitor presidencial Nixon Roger MacBride não tivesse saltado a cerca e votado em Hospers em vez de Nixon no Colégio Eleitoral (que é quem na realidadedecide o presidente nos Estados Unidos). Walter Block, que era um candidato raro do Libertarian Party concorrendo a um cargo inferior em Nova Iorque, em 1972, dirigiu sua campanha humoristicamente para a Assembleia Estatal, colocando autocolantes de para-choques que diziam “Block para a Desassembleia”. P: Quando a França estava sob ocupação, havia um costume de raspar as cabeças das mulheres que colaboravam com os alemães. Quais “libertários”, exceto os do Libertarian Party, você acha que deveriam receber o mesmo tratamento? SEK3: Honestamente, gosto da sua metáfora de libertários como maquis ou Resistência. No entanto, existem duas grandes diferenças, e não me refiro à forma como tratamos os nossos inimigos. Primeiro, não estamos a viver parasitariamente da economia do inimigo, mas a construir uma melhor “clandestinamente”; segundo, somos autorizados pelo estado (força de ocupação) a discutir e recrutar Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 227 publicamente (pelo menos por agora). Suspeito que este último caso deixará de existir no momento em que nos tomarem como uma séria ameaça. P: Algumas pessoas tornam-se libertários depois de lerem os romances de Ayn Rand; um livro de Heinlein ou de Rothbard converteu alguns. Como você se converteu ao libertarianismo? SEK3: O livro de Heinlein The Moon is a Harsh Mistress me apresentou pela primeira vez o conceito (“anarquista racional”). Quando descobri que Bernardo de la Paz se baseava numa pessoa real (Robert LeFevre), levei-o a sério. Progredi através da direita canadense e depois americana através de Frank Meyer (que, até à sua morte em 1970, tentou uma síntese de conservador e libertário, chamada “Fusionismo”) e Ludwig von Mises (que se autodenominou liberal até à sua morte em 1973, aos 92 anos de idade; conheci-o durante os seus últimos três anos). Ambos me levaram de formas diferentes a Rothbard, mas ele estava a ser manchado como pró-comunista naqueles dias de Guerra do Vietnã pelo seu isolacionismo militante. O passo final foi dado por um anarquista anticomunista do livre mercado chamado Dana Rohrabacher na Convenção de St. Louis YAF. Era um ativista carismático do campus, radicalizado por Robert LeFevre que lhe proporcionou um pequeno financiamento para viajar pelo país com o seu instrumento e canções populares de campus em campus, convertendo os capítulos do YAF em Alianças Libertárias e capítulos do SIL. Infelizmente, mais tarde ele caiu na política, mas não no LP. O bilionário libertário Charles Koch apoiou-o em duas campanhas primárias fracassadas dos republicanos, e depois de Rohrabacher ter sido um tempo o autor de discursos de Ronald Reagan, ele recebeu a sua recompensa de um lugar seguro na Câmara dos Representantes do Condado de Orange, nos EUA. Ainda hoje se Samuel Edward Konkin III 228 encontra em funções, com uma antiguidade crescente. Há poucos assuntos em que ele ainda seja libertário, certamente menos do que, digamos, Ron Paul detém. Mas em 1969-71, Dana Rohrabacher foi o ativista libertário mais bem sucedido e mais amado, e, na minha opinião, não teria havido um Movimento sem ele. E ele foi um grande amigo meu até ter ultrapassado a linha com a sua campanha para o Congresso. P: A propósito, o que pensa de Ron Paul? Muitos dos partidarquistas confrontados com argumentos voluntaristas contra a política eleitoral apontam para ele e perguntam: “Olhe para Ron, pensa realmente que ele está a destruir o movimento libertário”? Como responderia a essa pergunta? SEK3: Ron Paul pertence, em muitos aspectos, a uma outra era. O seu antepassado ideológico mais próximo foi o congressista Iowa H.R. Gross nos anos 60 e 70, e o favorito de Rothbard, o congressista Howard Buffett do Nebraska nos anos 50. Pode-se ir até o Antepassado Original que se separou dos republicanos de Thomas Jefferson no início do século XIX, John Randolph de Roanoke, Virgínia. A Câmara dos Representantes dos EUA, com 435 membros, parece ser capaz de tolerar cerca de um em qualquer tempo, talvez como um bobo da corte, ou talvez como um exemplo solitário do que a Câmara deveria fazer em teoria. Note-se que nunca há dois ao mesmo tempo. Note-se também que eles têm de operar dentro do oligopólio bipartidário. E, finalmente, note que Paul NÃO teve a coragem de se juntar à democrata afro-americana de esquerda Barbara Lee na votação contra a resolução de habilitação da Câmara dos EUA que permitiu a George III (Bush II) enredar uma Declaração de Guerra (contra quem? que estado inimigo?), embora tenha sido um defensor mais consistente das liberdades civis e econômicas depois dessa votação do que Lee. Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 229 Finalmente, Paul é demasiado independente para sequer viajar num pacote com o “Republican Liberty Caucus”, a última de quatro tentativas para construir um bloco de voto conservador e de núcleo mole no Partido Republicano como alternativa à futilidade de outros partidos. Da história à teoria… P: Muitos libertários procuram o nascimento do movimento libertário na convenção dos Jovens Americanos pela Liberdade em St. Louis. O senhor foi um dos participantes, poderia dizer-me o que aconteceu lá? SEK3: As principais questões da década de 1960 para a juventude americana foram a Guerra do Vietnã e sua conscrição, a legalização das drogas e a liberdade de protestar. Os libertários concordaram com a New Left (SDS, etc.) em todas estas questões e os conservadores tradicionais (“trads”), que controlavam a YAF, opuseram-se. O primeiro presidente da YAF, Bob Schuchman, era um libertário, razão pela qual eram chamados de os Jovens Americanos pela Liberdade e não, digamos, “Jovens Conservadores”, embora a maioria dos membros se tenha identificado com William F. Buckley e a National Review. Assim, muitos jovens libertários foram atraídos pelo YAF. No início de 1969, os Trads iniciaram purgas contra outros direitistas, não apenas Libertários; Objetivistas, racistas, nazis de armário, Wallacites e tradicionalistas radicais católicos romanos, os “Rad Trads” foram todos expulsos onde quer que tivessem controle. Na Costa Leste e na Califórnia, havia principalmente capítulos libertários e esses apareceram em St. Louis na Convenção Nacional para lutar pelas suas credenciais. Os Trads abandonaram a sua abordagem “Conservadorismo com uma Face Libertária” e permitiram apenas cerca de 200 delegados libertários (dos quase 1000 antes das Samuel Edward Konkin III 230 purgas, talvez 500 teriam sido libertários ou outros opositores do Gabinete Nacional). Alguns, como eu, tinham sido selecionados pelo futuro presidente nacional David Keene como apoiadores leais, mas depois mudaram de lado quando abordados por Rohrabacher e Don Ernsberger da Pensilvânia YAF (mais tarde fundador da SIL) com as histórias do que se estava a passar. Jared Lobdell (ainda um grande amigo meu) tentou forjar um compromisso sobre o projeto chave (alistamento obrigatório). No entanto, durante os procedimentos após o relatório da sua comissão, um delegado anarquista Rothbardiano (um de muito poucos, menos de 20) botou fogo no que parecia ser uma cópia Xerox do seu rascunho de cartão. O Gabinete Nacional (David A. Keene e Jim Farley liderando a votação) ganhou facilmente e os libertários foram expurgados da YAF. Mas houve variações de estado para estado. Por exemplo, no Wisconsin (onde eu estava então baseado), fui de certa forma protegido da purga pela minha proximidade com Keene e Lobdell. E Dana Rohrabacher veio ao Wisconsin para fazer campanha por David para o Senado do estado (Keene perdeu), mas na realidade subverteu o capítulo de Madison UW. Três de nós partiram sozinhos e juntaram-se a três YIPpies em finais de 1969 para formar a Aliança Libertária da Universidade de Wisconsin. Mashouve dezenas, se não centenas, de histórias como esta nos campi de toda a América do Norte. Cada universidade teve uma Aliança Libertária (ou capítulo SIL) no Outono de 1970; durante os quatro anos seguintes, houve duas ou mais grandes Conferências Libertárias por ano na Costa Leste (Nova Iorque ou Filadélfia) ou na Costa Oeste (Los Angeles), todas antecedendo o Partido “libertário”. P: Num dos primeiros números do New Libertarian Notes, você teve uma discussão com David Nolan sobre a moral por detrás da Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 231 candidatura ao cargo acusando-o de trair os ideais libertários, mas alguns meses mais tarde juntou-se ao Libertarian Party de Nova Iorque. Foi uma súbita mudança de opinião ou tentou simplesmente destruir o partido por dentro? SEK3: Na verdade, isso não ocorreu TÃO cedo no início da nossa publicação. Estava na edição 17, em 1972, e fez com que a NLN fosse expulsa do Laissez Faire Books porque “ousei” comparar a nossa troca com a de Lysander Spooner e do Senador Thomas Bayard na década de 1870. Ed Clark, o presidente fundador da LP de Nova Iorque (antes de se mudar para a Califórnia) entregou o Free Libertarian Party (foi chamado assim porque o Partido Liberal de Nova Iorque ameaçou processar a LP por confundir a votação) a Jerry Klasman. Jerry convidou-me para me juntar ao Conselho Executivo da FLP. Quando lhe disse que não acreditava no Partido e que iria trabalhar para o seu desaparecimento, ele disse “Está bem”. Em 1973 fui reeleito com o mais alto voto de qualquer candidato, mas não consegui trazer nenhum dos membros restantes do Partido Radical Caucus para o cargo. (O mais próximo disso foi a minha então namorada e mais tarde brevemente a minha primeira noiva, Nona Aguilar). Em 1974 estávamos, em aliança com os reformadores do Upstate contra a máquina “Anarcocentrista” de Manhattan, prontos a ganhar o controle do FLP. A última coisa que queríamos (no RC) era tomar o poder político, por isso eu e alguns dos mais duros (admito, alguns dos meus camaradas foram tentados a ficar e tentar tomar o poder) recusámo-nos a entrar na sala de convenções e a votar. Sentámo-nos lá fora e vendemos NLNs. Basicamente, eu tinha expressado as contradições internas da partidarquia. Exigi simplesmente que a LP aplicasse à sua própria estrutura as mesmas tácticas de descentralização e de enfraquecimento da autoridade que desejava fazer ao estado. Rothbard e Gary Samuel Edward Konkin III 232 Greenberg lideraram os centralistas que argumentaram que a LP tinha de ter uma cadre disciplinada e um mínimo de brigas internas (isto é, debate e dissidência). Estranhamente, a minha abordagem parecia apelar mais aos libertários do que a sua táctica leninista. Murray Rothbard, vendo o caos que já não conseguia controlar, com frustração, apontou-me através da porta aberta do salão de convenções e disse: “Será ele a única outra pessoa que compreende o que se passa aqui?” Antes de saímos do FLP, tínhamo-nos tornado Delegados da Convenção Nacional de Dallas, pelo que decidimos experimentar táticas lá. Aliei os nossos delegados do Radical Caucus aos delegados do desafiante Eric Scott Royce (a quem chamamos o caucus da Reforma), contra a Máquina Nolan. Mas Nolan já tinha perdido o controle para Ed Crane, que ganhou facilmente. Nessa altura, o Radical Caucus (com exceção de duas vira-casacas) saiu da LP para sempre, e levamos conosco alguns dos reformadores, incluindo Royce, que escreve para as minhas publicações até aos dias de hoje. P: Em 1971, você coorganizou a “Freedom Conspiracy’s Columbia Libertarian Conference” durante a qual teve uma discussão com Milton Friedman. Qual foi a razão da discussão? SEK3: O tio Miltie respondeu a perguntas, mas apenas a perguntas escritas. Por isso, escrevi num cartão 1. Teve alguma coisa a ver com a passagem da retenção na fonte do imposto de renda? 2. Em caso afirmativo, lamenta-o? 3. Em caso afirmativo, fá-lo-ia novamente? Para meu espanto (e aqui dou-lhe crédito), ele leu o cartão e respondeu de forma direta. Para espanto do seu público (aparentemente pensava que eram conservadores, não libertários cada vez mais radicais), Friedman respondeu . . . Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 233 1. Sim, foi durante a Segunda Guerra Mundial que ele teve a ideia, a fim de angariar dinheiro para o estado mais rapidamente, em nome do esforço de guerra. 2. Não, ele não se arrependeu, uma vez que a guerra era justificada. 3. Sim, pela mesma razão, ele faria de novo. Friedman perdeu quase todos na audiência depois disso, e o Friedmanismo foi esmagado para sempre no Movimento Libertário de 1971. Ludwig von Mises e o seu aluno Murray Rothbard, bem como a Escola Austríaca reina sem qualquer contestação até ao dia de hoje. P: Desde essa conferência, muitos libertários rejeitam frequentemente a escola de Chicago e a economia neoclássica como sendo impossíveis de reconciliar com as ideias libertárias. Algumas pessoas afiliadas a ela ainda são anarquistas (i.e. D. Friedman ou B. Caplan). Não acha que eles estão a ser um pouco duros demais? SEK3: Não. Rothbard provou que os economistas da Escola de Chicago são simplesmente especialistas em eficiência para o estado. Os piores casos foram os “Chicago Boys” chilenos que serviram Augusto Pinochet e os israelitas que trabalharam para o Sionista Revisionista (ou seja, fascista) Menachem Begin. P: Quando viveu em Nova Iorque nos anos 70, teve oportunidade de participar nas noites de discussão na casa da Sra. e do Sr. Rothbard? SEK3: Sim e apreciei-as imensamente. Embora o Movimento já se tivesse expandido a partir da “Murray Rothbard’s Living Room”, era ainda o lugar mais “dentro” para estar no Movimento inicial. P: Como sabemos, a natureza de Rothbard era um pouco desordenada e ele disse muitas coisas que causaram uma cisão no movimento libertário. Como foi a sua colaboração com ele? Samuel Edward Konkin III 234 SEK3: Na verdade, Rothbard raramente foi responsável por cisões pessoais; ele era bastante afável. A sua maneira de falar era, descrevi-a na NLN, como Woody Allen, mas com um domínio da economia. (Allen, a propósito, é um anarquista, embora não de livre mercado.) Originalmente, recusou-se a levar o LP a sério, por isso, quando o fiz, recorri em grande parte aos ataques de princípios de LeFevre à política. Rothbard já tinha escrito ensaios antipolíticos antes, por isso fiquei surpreendido por ele ter abraçado o LP durante a campanha de Fran Youngstein. Talvez ele pensasse que era um novo método para trazer jovens profissionais, especialmente mulheres atraentes como Fran e as suas amigas. (Youngstein trabalhou para a IBM.) Nessa altura, dividimo-nos ideologicamente, embora nunca tenha sido tão pessoal como, digamos, Rand e Branden, LeFevre e Sy Leon, ou Galambos e Jay Snelson. Rothbard opôs-se ativamente ao desenvolvimento de um culto da personalidade. Ele continuou a escrever para mim quando pedi, e reunimo-nos numa aliança anti- Kochtopus em 1980, após a desastrosa campanha Clark. Apoiei-o quando Crane retirou a parte de Murray no Instituto Cato, expurgando-o efetivamente, ao oferecer-lhe ações na revista New Libertarian. E, como mencionei anteriormente, tornou-se conselheiro fundador do Instituto Agorista em 1985. Correspondemos durante as eleições de 1990 (ele tinha quebrado permanentemente com a LP em 1988, perseguindo uma nova aliança Paleoconservadora) e depois, novamente, após o meu divórcio em 1992 até à sua morte em 1995. P: Há quem afirme que o falecido Rothbard abandonou não só o movimento libertário, mas também a própria teoria libertária. Poderia esclarecer isso? SEK3: Murray Newton Rothbard, Ph.D., deixou sempre a si próprio a latitude máxima tanto na estratégia como na tática, enquanto Esmagandoo estado por diversão e lucro desde 1969 235 se agarrava ao que ele chamou “A Linha de Prumo” do libertarianismo ortodoxo. É verdade que ele terminou a sua vida tentando reconstruir a aliança da Old Right da sua juventude de Paleoconservador e “paleolibertario”, mas ele insistiu que não cedeu nenhum terreno nos princípios libertários. Desde a sua aceitação da anarquia em 1950 até à sua expulsão da National Review em 1957, ele fez parte da Direita. Mas foi expulso por se juntar às frentes populares antinucleares largamente dirigidas pela Esquerda, e acusou a “New Right” de abandonar o anti- imperialismo e aceitar o Grande Governo como necessário para combater o comunismo (mal porque era . . . Grande Governo). Foi expulso dos Objetivistas, embora ele próprio fosse ateu, por se recusar a pressionar a sua esposa a desistir do seu Cristianismo Protestante. Trabalhou entusiasticamente para a New Left durante os anos 60, saindo apenas quando se tornou óbvio que os anarquistas tinham sido expulsos da SDS e de todas as organizações importantes, deixando variantes do maoísmo e do stalinismo a lutar pelo controle de grupúsculos cada vez menores. Considerou apoiar um Republicano Liberal (geralmente um anátema tanto para os Libertários como para os Conservadores), Mark Hatfield, para Presidente em 1972, até que Hatfield se retirou. Embora tivesse trabalhado com democratas antiguerra de preferência até então, acabou por apoiar Nixon em detrimento de McGovern. Ele opôs-se ao Libertarian Party desde a sua fundação, mas principalmente por razões estratégicas: considerou-o “prematuro” nesta fase da história do Movimento. Quando o abraçou depois de ver uma popularidade superficial entre muitos dos seus amigos ativistas, tentou moldá-lo no seu conceito de Partido Libertário: uma Cadre altamente disciplinada sobre o modelo leninista. Esse modelo era pouco atrativo para 90% dos membros do LP (e uma percentagem ainda maior dos que estão fora do partido, claro) e quando o seu candidato foi rejeitado em 1988 (depois de perder), notou Tom Samuel Edward Konkin III 236 Fleming a organizar os Paleoconservadores e juntou forças com eles, chegando ao ponto de se tornar o conselheiro econômico do seu candidato, Pat Buchanan, em 1992. Morreu antes das eleições de 1996, e sem Rothbard, Buchanan abandonou o mercado por um protecionismo desenfreado e quase escolheu uma socialista negra como candidata. P: Em 1975, decidiu mudar-se de Nova Iorque para a Califórnia, precedendo uma viagem de três semanas. Há lendas que se espalham por essa viagem. Pode dizer-me algo sobre isso? SEK3: Foi como se saísse de uma obra de Jack Kerouac e qualquer coisa menos em linha reta. Quatro de nós e os pertences que podíamos levar, estávamos enfiados num Toyota. Embora eu não gostasse de conduzir, quando chegámos ao Oregon (disse que não estava em linha reta), os restantes estavam tão cansados que todos concordaram que eu devia dar uma volta. Por isso atravessei todo o Oregon em cerca de três horas e eles nunca mais me pediram para conduzir. Paramos em Louisville, Kentucky, para a primeira RiverCon (uma convenção de ficção científica) e visitamos o mais conhecido fã da ficção científica libertária a essa altura, Richard E. Geis, em Portland, Oregon. Perdemo-nos no condado de Marin durante o seu período mais escamoso (retratado no romance e filme, Serial, perfeitamente) e conduzimos por toda a costa ocidental até L.A. onde Dana Rohrabacher nos encontrou apartamentos. Nenhum de nós voltaria a passar por isso, mas todos o recordamos como um Rito de Passagem e, pelo menos para mim, o momento decisivo de deixar a mentalidade dos anos 60 e finalmente entrar nesse longo período amorfo desde 1975 até à queda do Muro de Berlim em 1990. Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 237 P: Depois de ter chegado à costa ocidental, mudou-se com um grupo de pessoas para a chamada Anarchovillage. Pode explicar o que se esconde sob esse nome? SEK3: Pessoas diferentes tinham objetivos diferentes. Em primeiro lugar, era um “recurso de trabalho” para rodar o Novo Libertário semanalmente (sim, ouviu bem, todas as semanas, exceto duas para 101 edições) de Dezembro de 1975 a Janeiro de 1978. Havia 10 apartamentos e uma casa, e no nosso auge tínhamos 8 deles e a casa ocupada por libertários. Dois escritores conservadores de SF também lá viviam, um mudou-se deliberadamente para estar conosco. Um antigo ativista Quaker SDS que se tinha escondido ali para escrever SF descobriu que nós tínhamos mudado para lá e juntou-se a nós. Nenhuma mulher tinha os seus próprios apartamentos, mas algumas visitaram muito e algumas mudaram-se para lá com homens diferentes, por vezes sequencialmente. Uma em particular percorreu 90% de nós antes de se mudar. E tivemos até um tipo gay simbólico, embora não o tenhamos descoberto durante vários anos (a mulher mais promíscua, mencionada acima, deixou-o de fora); era o gerente do apartamento e amigo de Dana Rohrabacher que nos arranjou originalmente o apartamento. P: O Libertário Contemporâneo parece estar muito pouco ligado à contracultura. Algo me diz que nem sempre foi assim… SEK3: Hmm. Não tenho a certeza de como responder a isso. Tanto quanto posso dizer, o que resta da Contracultura é quase inteiramente libertário. A mais recente “cultura alternativa” dos geeks do ciberespaço não é apenas libertária, mas sim agorista. A contracultura hippie tinha princípios libertários não reconhecidos (ver Em Louvor da Decadência de Jeff Riggenbach) e ativistas libertários de Kerry Thornley, talvez o primeiro “Libertário de Esquerda” (editor Samuel Edward Konkin III 238 do Inovador Liberal), o sempre-direita Dana Rohrabacher abraçou-o de bom grado. O fandom de ficção científica, outra grande cultura alternativa, passou do libertário não reconhecido (Heinlein, Anderson) a aceitá-lo ou criticá-lo explicitamente como demasiado dominante. Talvez esteja a insinuar que o atual Movimento Libertário não é inteiramente contracultural e que costumava ser mais? Na verdade, é mais ou menos a mesma divisão entre aqueles que abraçam largamente a cultura existente (como Rothbard, tão direto como pode imaginar) e aqueles que abraçam alternativas, embora as ofertas alternativas se tenham expandido consideravelmente. Se alguma coisa pode ser dita, eu diria que a rejeição da cultura predominante é maior do que nos anos 60, mas menos evidente. Caras (e agora garotas) que de fato trabalham num escritório empresarial, depois voltam para casa para fumar droga, conversam online com subversivos, assistem às suas convenções de “estilo de vida alternativo” aos fins de semana, e que viram as lapelas dos ternos para mostrar um botão de bandeira negra preso ali, são comuns. Esta atitude de “balançar para os dois lados” é certamente posterior aos anos 60 e bastante comum entre os nossos pessoal mais jovem. …e da teoria à prática P: Durante as décadas de 60 e 70 muitos Libertários cooperaram com grupos da esquerda radical, Karl Hess foi membro dos Panteras Negras e dos Students for a Democratic Society, Rothbard cooperou com M. Bookchin no clube de jantar anarquista da esquerda-direita de Nova Iorque. Os contatos entre estas pessoas romperam muito depressa, por quê? SEK3: Casos muito diferentes. Rothbard e Bookchin caíram por causa da rivalidade entre jovens novos recrutas, mas enfatizaram as diferenças ideológicas. Os Panteras Negras e SDS basicamente desfizeram-se deixando Hess para trás, mas Karl continuou a trabalhar com a Esquerda muito depois das convenções de 1969 e foi filiado no Institute for Police Studies (IPS) até ao seu falecimento. Mas no final Esmagando o estado por diversão e lucro desde 1969 239 dos anos 80 ele reativou as suas ligações libertárias, e convidámo-lo em 1985 a juntar-se ao