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SP 1.5 – Várias pedras no caminho SISTEMA RENAL E A HOMEOSTASE Os rins têm como principal função realizar a homeostase dos líquidos corporais, ou seja, o controle hidroeletrolítico, ajustando as quantidades normais de água e íons no organismo, por meio de vários processos fisiológicos. As reações químicas do corpo humano precisam acontecer em condições adequadas, como temperatura ideal a 36,5°C e pH entre 7,35 e 7,45. Além disso, os rins precisam manter a osmolaridade sanguínea em torno de 300 mOsm/l para que o metabolismo ocorra normalmente. MANUTENÇÃO DA COMPOSIÇÃO IÔNICA OU EQUILÍBRIO IÔNICO DO SANGUE O sódio (Na+) é o principal eletrólito do líquido extracelular (LEC) e o potássio (K+) é o principal eletrólito do líquido intracelular (LIC). Outros eletrólitos, como o cálcio (Ca2+), o fosfato (PO4–) e o cloreto (Cl–), também são importantes para o metabolismo. Os rins conseguem controlar a quantidade desses íons por meio da reabsorção de eletrólitos do sangue e da sua retirada em excesso pela urina. CONTROLE DA SEDE OU REGULAÇÃO DA OSMOLARIDADE Os rins interferem no comportamento da sede e, desse modo, a quantidade de água ingerida é diluída pelos líquidos corporais, alterando as concentrações iônicas, com o intuito de manter a osmolaridade sanguínea relativamente constante, próxima ao valor de 290 a 300 miliosmóis por litro (mOsm). AJUSTE DA VOLEMIA A volemia é quantidade de LEC presente no sangue e nos tecidos. Como se estudou na fisiologia cardiovascular, alterações na volemia implicam alterações na pressão arterial (PA). Como regra: diminuição da volemia, diminuição da PA; aumento da volemia, aumento da PA. De fato, fica evidenciado que existe uma integração entre o sistema cardiovascular e os rins para manter a PA dentro dos padrões normais. Quando ocorre grande perda de volemia, por exemplo, no exercício físico (suor) e em hemorragias, em que a tendência é cair a PA, os rins retêm líquidos no sangue, evitando mais perdas de líquidos na urina, favorecendo o aumento e a estabilização da PA. Já nos casos de excesso de ingestão de alimentos, comidas e bebidas, os rins liberam grande quantidade de líquidos na urina, também com a intenção de estabilizar o possível aumento causado pela grande entrada de alimentos (comidas e bebidas) e consequente aumento da volemia. ESTABILIDADE DO PH A regulação homeostática, ou seja, do equilíbrio do pH sanguíneo, é um desafio para as funções renais. Quando o pH do LEC torna-se ácido, os rins liberam íons H+ na urina e conservam bicarbonato no plasma. Quando ocorre alcalose, os rins excretam bicarbonato na urina e retêm H+. EXCREÇÃO (REMOÇÃO) DE RESTOS DO METABOLISMO CELULAR E DE SUBSTÂNCIAS ESTRANHAS Pela urina, os rins conseguem eliminar tudo o que não tem função ou não é útil, como medicamentos, toxinas, corantes etc. Algumas reações químicas do metabolismo são muito frequentes, dando origem a grandes quantidades de resíduos, tais como: a desaminação dos aminoácidos dá origem a amônia e ureia; o catabolismo da hemoglobina dá origem à bilirrubina; a decomposição do fosfato de creatina (músculo) dá origem à creatinina; o catabolismo dos ácidos nucleicos dá origem ao ácido úrico. Amônia, ureia, bilirrubina, creatinina e ácido úrico são substâncias que os rins lançam na urina, como forma de excreção, limpeza, desses detritos inúteis ao organismo. AUXÍLIO NO CONTROLE DA GLICEMIA Os rins podem ajudar na manutenção do nível de glicose no sangue por sua capacidade de desaminar o aminoácido glutamina, utilizando-o para a gliconeogênese (produção de nova molécula de glicose), liberando-a na corrente sanguínea. PRODUÇÃO DE HORMÔNIOS Os rins produzem três tipos de hormônios endócrinos: eritropoetina, renina e calcitriol. A eritropoetina é produzida nos rins, lançada no sangue e alcança as células-tronco, para que elas se diferenciem em hemácias (eritrócitos ou glóbulos vermelhos). A renina atua na regulação da pressão arterial e faz parte do sistema renina-angiotensina-aldosterona. O calcitriol, a forma ativa da vitamina D3, participa do equilíbrio (homeostase) do cálcio corporal MECANISMO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR Existem três fatores principais que filtram o sangue, levando água e várias substâncias dissolvidas para dentro do néfron: • Pressão hidrostática do sangue • Pressão osmótica ou coloidosmótica do sangue • Pressão hidrostática na cápsula de Bowman. A pressão hidrostática do sangue é uma força gerada pelo coração que empurra água e demais substâncias dissolvidas no sangue, passando pela barreira de filtração até chegar à cavidade (lúmen) da cápsula de Bowman. Já a pressão coloidosmótica é uma força oposta à pressão de filtração, pois atua em sentido contrário, ou seja, essa pressão transporta água e substâncias do néfron (cápsula de Bowman) de volta para o capilar glomerular. Isso ocorre graças às grandes quantidades de proteínas plasmáticas, principalmente a albumina, mas também globulinas e fibrinogênio. Finalmente, a pressão hidrostática na cápsula de Bowman também é contra a filtração e carrega a água e suas substâncias dissolvidas de volta da cápsula para o capilar. A cápsula de Bowman tem formato parecido ao de uma chave de boca; trata-se, portanto, de um compartimento fechado, estreito e sem capacidade de expansão. É possível medir as três pressões no corpúsculo renal: • Pressão hidrostática do sangue (PHS) = 55 mmHg • Pressão osmótica ou coloidosmótica do sangue (PO) = 30 mmHg • Pressão hidrostática na cápsula de Bowman (PHCB) = 15 mmHg. A pressão efetiva de filtração (PEF) representa a pressão total que realmente promove a filtração e é determinada pela seguinte equação: PEF = PHS - (PO + PHCB) PEF = 55 - (30 +15) PEF = 10 mmHg A quantidade de água e de substâncias filtradas para dentro da cápsula de Bowman, por unidade de tempo, é chamada de taxa de filtração glomerular (TFG). Em média, a TFG nos homens é de 125 ml/min e 105 ml/min nas mulheres, chegando a aproximadamente 180 l/dia. A cada hora, os rins filtram todo o sangue 2,5 vezes. A TFG pode ser controlada por três fatores: • Regulação dos próprios rins da TFG • Inervações do sistema nervoso autônomo • Ações hormonais. MECANISMO DE SECREÇÃO NAS REGIÕES TUBULARES No túbulo contorcido proximal, ocorre a secreção de: ácido (H+), ureia, amônia, sais biliares, oxalatos, uratos e catecolaminas. A secreção de ácido (H+) já foi discutida anteriormente no transporte antiporte (Na+ - H+). A desaminação, remoção do grupo amino, de vários aminoácidos dá origem à amônia (NH3). A amônia é um lixo tóxico; as células do fígado, os hepatócitos, fazem a sua conversão em uma substância menos tóxica, a ureia. Tanto a ureia quanto a amônia são secretadas na parte do túbulo renal. Dentro das células do túbulo contorcido proximal, ocorre a desaminação (remoção do grupo amino) do aminoácido chamado glutamina. Essa reação dá origem a uma molécula de amônia (NH3) e uma de bicarbonato (HCO3–). Esse bicarbonato sai da célula do túbulo proximal por difusão facilitada na membrana basolateral e segue em direção ao sangue. Já a amônia tende a se ligar com o íon H+ e formar um íon amônio (NH4+). Esse íon amônio (NH4+) consegue substituir o íon H+ no antiporte (Na+ - H+) e, com isso, ele consegue ser secretado para o lúmen do néfron. MECANISMO DE REABSORÇÃO NAS REGIÕES TUBULARES Após o filtrado glomerular entrar nos túbulos renais, ele passa por túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal, túbulo coletor e o ducto coletor, antes de ser excretado. Nesse processo algumas substâncias são seletivamente reabsorvidas nos túbulos de volta para o sangue enquanto outras são secretadas, do sangue para o lúmen tubular. Para que a substância possa ser reabsorvida, ela vai ser primeiramente transportada para o líquido intersticial renal, através das membranas epiteliais tubulares, e adiante voltar para o sangue através da membrana dos capilares peritubulares.Assim a reabsorção de água e de solutos vai incluir várias etapas de transporte (transportes ativos - primário e secundários; passivos-osmose, difusão simples e facilitada; e pinocitose ou passivo) através do epitélio tubular, como exemplo, água e solutos que podem ser transportados, tanto pelas membranas celulares (via transcelular) quanto pelos espaços juncionais entre as junções celulares (via paracelular). Depois dessa absorção, a água e os solutos serão transportados para o sangue através das paredes dos capilares peritubulares (ultrafiltração), que é mediada por forças hidrostáticas e coloidosmóticas. Esses capilares possuem comportamento similar com o das extremidades venosas da maioria dos outros capilares, porque tem-se força efetiva de reabsorção, que move o líquido e os solutos do interstício para o sangue. O transporte ativo primário recebe esse nome porque é ligado diretamente à fonte de energia, como exemplo, a hidrólise de trifosfato de adenosina (ATP). Esse processo vai relacionar a hidrólise do ATP com o movimento do soluto contra o gradiente eletroquímico. Como exemplo de mecanismo a Bomba de Na+ - K+, envolvida na reabsorção ativa de sódio pela enzima sódio-potássio ATPase e ocorre em grande parte dos segmentos do túbulo. Assim, a reabsorção que resulta dos íons sódio do lúmen tubular para o sangue acontece em três etapas: Na primeira, o sódio vai se difundir pela membrana luminal (apical) para dentro da célula a favor do gradiente eletroquímico estabelecido pela enzima Sódio-Potássio ATPase. Na segunda etapa, o sódio é transportado em sentido contrário do gradiente de concentração estabelecido pela enzima Sódio-Potássio ATPase. Na terceira e última etapa, o sódio, a água e outras substâncias serão reabsorvidos para os capilares peritubulares (local de ultrafiltração). O transporte ativo secundário acontece quando duas ou mais substâncias exercem interação com proteína específica de membrana e ambas serão transportadas pela membrana. Quando uma das substâncias é difundida (ex: Na+) pelo gradiente eletroquímico e a energia liberada será usada para mover outra substância (ex: glicose) contra seu gradiente. Ou seja, como no exemplo, a glicose vai ser reabsorvida sem gasto energético, mas sendo de forma secundária ao transporte ativo de sódio (bomba de Na+ - K+). INFLUÊNCIA NO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO Para a sobrevivência das células, é fundamental que haja uma regulação precisa do volume dos líquidos corporais e da osmolaridade plasmática. A água é responsável por cerca de 60% do peso corporal, estando dois terços dela no compartimento intracelular e um terço no compartimento extracelular. O sódio é um importante constituinte do compartimento extracelular e o maior determinante da osmolaridade, assim como do volume do líquido extracelular. Portanto, a quantidade de sódio nos líquidos corporais deve ser mantida dentro de estreitos limites de variação para assegurar um funcionamento ideal de inúmeros processos fisiológicos. Para a manutenção dessas quantidades de água e de sódio, o indivíduo lança mão de comportamentos específicos, como uma seletiva aquisição (procura) e ingestão de água, quando há uma diminuição desta no organismo, tradicionalmente definida como sede, e a ingestão de sódio em resposta a uma depleção de sódio, chamada de apetite ao sódio e que contribui para repor as necessidades de sódio do organismo. O balanço entre perda e ganho de água e de solutos osmoticamente ativos determina o grau de hidratação dos compartimentos hídricos corporais (meio intra e meio extracelular). Em virtude dos dois tipos de desidratação, há dois tipos de sede: extracelular e intracelular. A primeira ocorre em situações como hemorragia, diarreia, vômito e depleção de sódio, quando ocorrem redução unicamente do volume do líquido extracelular e aparecimento de hipotensão, caracterizando assim a “desidratação extracelular”. Esse tipo de sede muitas vezes é acompanhado de apetite ao sódio. Por sua vez, a sede intracelular surge quando a concentração extracelular de sódio aumenta, promovendo o transporte de água das células para o espaço extracelular. Essa sede decorre de efeitos hiperosmóticos, como ingestão ou sobrecarga de solutos osmoticamente ativos ou, ainda, por privação hídrica. O aumento do consumo de sódio na alimentação pode causar um excesso de solutos. Quando a concentração extracelular de sódio aumenta, há uma elevação na pressão osmótica efetiva do compartimento extracelular, promovendo uma redução do volume de água das células, caracterizando assim a “desidratação intracelular”. A desidratação pode ser absoluta, quando há perda de água dos compartimentos celular e extracelular, como acontece na privação de água; ou relativa, se existir apenas uma perda de água celular, que se difunde para o líquido extracelular, como ocorre na ingestão ou sobrecarga de solutos osmoticamente ativos. Em situações como hemorragia, diarreia, vômito e depleção de sódio, ocorre redução unicamente do volume do líquido extracelular, caracterizando assim a “desidratação extracelular”. É importante ressaltar o aparecimento de dois tipos diferentes de sede em função da desidratação ocorrida. A sede extracelular, muitas vezes acompanhada de apetite ao sódio, visa à reposição do volume do líquido extracelular, induzida por diminuição do volume do líquido extracelular (hipovolemia) e aparecimento de hipotensão. A sede intracelular visa ao restabelecimento da osmolaridade em níveis menores, induzida por uma desidratação intracelular decorrente de efeitos hiperosmóticos. A privação hídrica pode desencadear os dois tipos de desidratação, provocando não apenas sede, mas também ingestão de sódio em seres humanos e animais. Embora os dois tipos de desidratação sejam experimental e clinicamente separáveis, é comum a ocorrência simultânea de ambas, principalmente durante a privação hídrica. O apetite ao sódio também ocorre em humanos, em situações como administração de diuréticos acompanhada de dieta hipossódica, hemodiálise e gestação. Nessas situações de aumento da ingestão de sódio, há um ponto em comum, que é a diminuição do volume plasmático e consequente hipovolemia. A preferência ao sódio também aparece no ser humano quando da administração de diuréticos acompanhada de dieta hipossódica, hemodiálise e gestação. As situações que aumentam a ingestão de sódio apresentam um fator comum: a diminuição no volume plasmático (hipovolemia). Na situação de hipovolemia, ocorre a ativação do sistema hormonal renina-angiotensina-aldosterona, o qual é um importante sistema hormonal ativado em situações de hipovolemia. A renina, uma enzima proteolítica produzida nos rins, atua sobre o substrato plasmático, o angiotensinogênio (uma proteína globular sintetizada no fígado), produzindo em nível plasmático um decapeptídio, a angiotensina I (ANG I). A ANG I, sob ação da enzima conversora da angiotensina (ECA) localizada especialmente nos endotélios da circulação pulmonar, produz um octapeptídio ativo, chamado de angiotensina II (ANG II). Além dos fatores humorais (osmolaridade, concentração de sódio, hormônios) agindo em circuitos encefálicos que facilitam a ingestão de água e de sódio, informações dos barorreceptores arteriais, receptores de volume e receptores de baixa pressão chegam ao tronco encefálico e também contribuem para controlar a ingestão de água e sódio. Os mecanismos de correção da tonicidade dos fluidos corporais são tão eficientes que o aumento de 1 a 2% da osmolalidade plasmática ou da tonicidade do meio extracelular pode iniciar respostas neuroendócrinas e comportamentais que conduzem à manutenção de água corporal, especificamente no meio intracelular. Os mesmos tipos de resposta são desencadeados por redução de 10% do volume do meio extracelular, da pressão arterial ou de ambos, sugerindo que os mecanismos controladores do volume do meio extracelular sãomenos sensíveis que aqueles que o fazem em relação ao volume do meio intracelular. Assim, mamíferos podem regular o volume e a osmolalidade de seus fluidos corporais em resposta a estímulos gerados no meio tanto intra quanto extracelular. Esses estímulos são detectados por duas categorias de neurônios sensitivos: osmorreceptores (neurônios sensíveis à alteração da osmolalidade plasmática e à concentração de sódio) e mecanorreceptores (neurônios sensíveis à variação de volume e pressão intravascular). As informações geradas por esses estímulos são transmitidas ao convergirem para áreas específicas no sistema nervoso central (SNC) capazes de promover uma resposta integrada. Quando essas áreas específicas recebem essas informações e são estimuladas, diferentes respostas são geradas para: • Induzir sede e apetite ao sódio, ou ambos os comportamentos • Alterar atividade do sistema nervoso autônomo simpático • Ativar o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) • Promover a secreção de arginina vasopressina (AVP) e ocitocina (OT) pela glândula neuro-hipófise e de peptídios natriuréticos pelo coração. A conjunção das ações de todos esses fatores agindo nos sistemas cardiovascular e renal promovem respostas de correções no balanço de sódio e/ou água INFLUÊNCIA NO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE Uns dos maiores desafios do organismo humano é lutar diariamente contra as alterações nas quantidades plasmáticas dos íons H+ (ácido). É necessário manter a homeostase do pH ou o balanço acidobásico em condições normais para não afetar o funcionamento do sistema nervoso e as estruturas das proteínas intracelulares. Nos líquidos corporais humanos estão diluídas várias substâncias químicas que podem ser classificadas em ácidas, neutras ou alcalinas (básicas). Praticamente 65% da massa corporal é composta por líquidos (pessoa adulta). Esses líquidos devem manter sua homeostase em uma faixa ideal de pH, levemente alcalino, em torno de 7,35 a 7,45. Contudo, manter esse padrão não é fácil, visto que há vários tipos de líquidos corporais em comunicação uns com os outros, sofrendo influência do meio, como a alimentação diária. Os líquidos corporais são divididos em: LIC, LEC, linfa, plasma e líquido cefalorraquidiano (craniossacral). Tanto a acidose quanto a alcalose podem causar sérios problemas ao metabolismo. As proteínas, as enzimas e os canais iônicos de membrana são as estruturas celulares mais afetadas, com alterações em suas estruturas tridimensionais. Na alcalose, o sistema nervoso fica muito excitado, o que provoca convulsões, tremores, contrações sustentadas (tetania). Na acidose, o sistema nervoso torna-se muito inibido, causando confusão, desorientação e coma, podendo levar ao óbito. O metabolismo sente as alterações do pH de diversas maneiras, como pela entrada de substâncias ácidas, tais como: • Alimentação rica em ácidos graxos (gorduras) e muita carne (proteína S aminoácidos). Além disso, açúcar branco, farinha de trigo, frituras, alimentos aditivados e industrializados, congelados, bebidas gasosas etc. • Ácido láctico proveniente da contração muscular • Cetoácidos, caso a pessoa seja diabética (descompensada) • A principal fonte de produção de H+, o gás carbônico (CO2) do metabolismo celular: CO2 + H2O 4 H2CO3 4 H+ + HCO3– (gás carbônico e água formam ácido carbônico, que se dissocia em ácido e bicarbonato). Quando disponíveis essas quatro possibilidades descritas, o pH é alterado, a homeostase é comprometida e o organismo rapidamente inicia o processo de restabelecimento do equilíbrio acidobásico. Para isso, o corpo humano dispõe de um verdadeiro exército com três linhas de defesas: sistemas-tampão, exalação do gás carbônico e excreção renal de H+. A primeira e a segunda linhas de defesa não removem o (H+) do organismo, mas atuam de maneira rápida e precisa, anulando os seus efeitos ácidos (pH baixo). O principal mecanismo de remoção do excesso de (H+), que constitui a terceira linha de defesa, são os rins. No entanto, sua ação é relativamente lenta, agindo em horas ou por vários dias. PRODUÇÃO DA URINA E SUA COMPOSIÇÃO PRODUÇÃO A produção de urina começa com o processo chamado FILTRAÇÃO. O sangue que chega pela arteríola aferente entra no capilar glomerular e, como a membrana do glomérulo é muito permeável a vários solutos (com exceção de proteínas plasmáticas e células do sangue), é filtrado, à semelhança do que ocorre quando coamos café no papel de filtro. O filtrado segue dentro do túbulo renal e o sangue que "sobrou" segue, pela arteríola eferente que continua como capilar peritubular em paralelo ao túbulo renal. O filtrado segue dentro do túbulo renal e é modificado tanto em composição como em osmolaridade, conforme as necessidades do organismo. O processo de REABSORÇÃO serve para tomar de volta a maioria de solvente e de soluto filtrados. Aproximadamente, 99% de sódio e do plasma filtrado serão reabsorvidos. Mais adiante, ocorre SECREÇÃO que serve para eliminar produtos indesejáveis ao organismo (excretas, excesso de íons, drogas metabolizadas, etc). No duto coletor, o balanço final de água é realizado, e o produto final é finalmente excretado na forma de urina. Assim, depois de os túbulos renais processarem quase 180 litros de sangue diariamente, apenas 1,5 litro de urina são excretados diariamente. COMPOSIÇÃO A urina é composta aproximadamente por 95% de água e 2% de ureia. Nos 3% restantes, podemos encontrar fosfato, sulfato, amônia, magnésio, cálcio, ácido úrico, creatina, sódio, potássio e outros elementos. OXALATO DE CÁLCIO Os cristais de oxalato de cálcio são estruturas que podem ser encontradas em urina de pH ácido ou neutro, sendo muitas vezes considerado normal quando nenhuma outra alteração é identificada no exame de urina e quando não existem sinais ou sintomas associados, podendo nesse caso estar relacionada à diminuição do consumo de água durante o dia ou dieta rica em cálcio e oxalato. Esses cristais possuem formato de envelope e são identificados através da análise microscópica da urina durante o exame de urina tipo 1, também chamado de EAS. Além do cristal de oxalato de cálcio, outros cristais podem ser identificados na urina, como cristal de fosfato triplo, leucina ou de ácido úrico, cuja causa deve ser identificada e tratada. INSUFICIÊNCIA RENAL: TIPOS E AS CAUSAS A insuficiência renal é a condição em que os rins perdem a sua capacidade para filtrar o sangue e eliminar substâncias que podem ser tóxicas para o organismo, como ureia ou creatinina. A alteração no funcionamento dos rins pode acontecer devido à desidratação, sepse ou lesão nos rins por presença de pedra nesses órgãos. TIPOS A insuficiência renal pode ser classificada em dois tipos, de acordo com a velocidade com que há perda do funcionamento dos órgãos: • Insuficiência renal aguda: há uma rápida redução da função renal com sintomas que surgem de forma súbita; • Insuficiência renal crônica: há perda gradual da função dos rins, levando a sintomas que se agravam ao longo do tempo. Geralmente acontece como complicação de outra doença. A insuficiência renal nem sempre tem cura e, por isso, em alguns casos, o tratamento pode incluir hemodiálise ou transplante de rim para melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar. PRINCIPAIS CAUSAS A insuficiência renal pode acontecer como consequência de algumas situações que a curto, médio ou longo prazo podem prejudicar o funcionamento dos rins, sendo as principais: • Diminuição da quantidade de sangue no rim, devido a desidratação, mau funcionamento dos rins ou pressão baixa; • Lesão dos rins, devido a pedras nos rins ou substâncias tóxicas como medicamentos; • Interrupção da passagem de urina, causada por aumento da próstata ou presença de tumor. • Sepse, em que bactérias conseguem chegar ao rim e outras parte do corpo, podendo causar danos ao órgão; • Doença policística renal, que é caracterizadapela presença de vários cistos no rim, podendo prejudicar o seu funcionamento; • Uso de medicamentos e suplementos proteicos em excesso, pois podem causar danos ao órgão ou interferir em uma de suas funções; • Síndrome hemolítico-urêmica, que é uma doença causada por uma toxina produzida por algumas bactérias e que resulta em lesão dos vasos sanguíneos, anemia hemolítica e perda progressiva da função renal As pessoas que possuem maiores chances de desenvolver insuficiência renal são aquelas que são diabéticas ou hipertensas e que não seguem o tratamento adequado indicado pelo médico. Além disso, antecedentes familiares de problemas renais ou pessoas que já passaram por algum transplante antes ou possuem mais de 60 anos de idade também têm mais chance de desenvolver esta doença. REGULAÇÃO DO SISTEMA URINARIA NO CONTROLE DOS COMPARTIMENTOS HÍDRICOS CORPORAIS Em condições normais, ocorrem trocas diárias de líquidos e solutos entre o organismo e o ambiente externo, e também entre os diferentes compartimentos corporais. Mesmo assim, o organismo procura sempre manter constante a relação entre o volume total dos líquidos corporais e as concentrações de soluto. Dessa forma, é importante que exista também uma relação entre o ganho e a perda de volume de líquido diário. Cerca de 200mL de água são adquiridos com a oxidação de carboidratos por dia. Além disso, um adulto consome cerca de 2100mL de água por dia, totalizando 2300mL. Estas são as principais fontes de água do organismo. Cerca de 700mL de água são perdidos por dia, por evaporação no sistema respiratório, e por difusão através da pele. Como não temos controle sobre esta perda, ela é denominada perda insensível de água. A perda por difusão da pele é minimizada pela camada de células cutâneas cornificadas, ricas em colesterol. Quando se perde esta camada, por exemplo após uma queimadura, a evaporação pode aumentar até 10 vezes, chegando a 3–5 litros por dia. Além disso, outros mecanismos, como a perda de líquidos através de suor e pelas fezes, auxiliam no balanço entre o consumo e a perda de água do organismo. Todo o restante da excreção de água é realizado pelos rins. Se houver a necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica mais concentrada. Havendo excesso de água no corpo, a urina fica menos concentrada. Este balanço é realizado com a maior ou menor reabsorção de água nos túbulos renais. O principal regulador do equilíbrio hídrico no organismo é o hormônio antidiurético (HAD), que é liberado pela hipófise e promove a retenção de líquido, concentrando a urina. O cérebro que comanda a nossa vontade de beber é informado se a quantidade de líquido no plasma está baixa. Os quimiorreceptores detectam se o sangue está muito concentrado e informam ao hipotálamo que a hipófise tem que ser ativada. Isto é feito através dos neurônios supra-ópticos que fazem com que a hipófise libere hormônio anti-diurético (HAD). Este atua na última parte do nefron aumentando a absorção de água e concentrando a urina. Observem que os barorreceptores quando detectam uma queda na pressão arterial atuam através da mesma região hipotalâmica, induzindo a liberação de HAD. O aumento da volemia (volume de líquido no sangue) leva a uma aumento da pressão arterial. Curiosidade -> o álcool inibe a produção de HAD e portanto facilita a formação de grandes volumes de urina; a ingesta de grande quantidade de líquido também favorece a formação de grandes quantidades de urina. Portanto, quando se toma cerveja, que é ingerida em grandes volumes e contem álcool há uma grande necessidade de urinar. Nos casos em que precisamos aumentar a volemia (volume de líquido no sangue), o organismo ainda tem mais uma ferramenta – as glândulas suprarrenais liberam aldosterona, hormônio que leva à reabsorção de sódio e, portanto, de água. DIÁLISE A diálise é um processo de filtração do sangue utilizado para eliminar o excesso de líquidos e as substâncias tóxicas provenientes do metabolismo das células e da ingestão de alguns alimentos acumuladas no organismo do paciente portador de insuficiência renal avançada, aguda ou crônica. É uma forma de terapia que substitui o funcionamento dos rins, utilizada em situações em que os rins perderam a sua capacidade de filtração. MEDLAB O QUE É URINÁLISE? É um teste laboratorial simples, não invasivo e de baixo custo, pode rapidamente fornecer valiosas informações a respeito do trato urinário e de outros sistemas corporais e pode excluir ou incluir patologias no diagnóstico diferencial quando complementado com outros exames, como: avaliação bioquímica, histórico e exame físico. QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DOS RINS? Formação da urina, controle da volemia, controle glicêmico, eliminação de excretas - ácido úrico, ureia, urobilina, manutenção do equilíbrio ácido-base, manutenção da pressão arterial e função endócrina - eritropoietina, calcitriol e renina. QUAL A FÓRMULA DA EXCREÇÃO? Excreção = filtração - reabsorção + secreção. QUAL A FILTRAÇÃO, REABSORÇÃO E EXCREÇÃO DE UM RIM ADULTO SAUDÁVEL? • Filtração: 180 L/dia; • Reabsorção: 178 L/dia; • Excreção: 0,5 a 2L/dia. QUAL A COMPOSIÇÃO DA URINA? Água (95%), substâncias orgânicas, substâncias inorgânicas, hormônios, vitaminas, medicamentos e sedimento urinário: células, cristais, muco e bactérias. QUAIS SÃO AS SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS E INORGÂNICAS QUE FAZEM PARTE DA COMPOSIÇÃO DA URINA? QUAIS OS COMPONENTES PLASMÁTICOS FILTRADOS, REABSORVIDOS E EXCRETADOS POR DIA? COMO É FEITO O PROCEDIMENTO DA COLETA DA URINA? O recipiente tem que ser um frasco limpo e seco com tampa (coletor universal) e a amostra, preferencialmente, a primeira urina da manhã (mais concentrada). Primeiro lava as mãos → higienizar a região genital → descartar o primeiro jato de urina → coletar aproximadamente 02 dedos de urina → desprezar o restante da urina no vaso sanitário → fechar o frasco coletor e levar imediatamente ao laboratório. QUAIS SÃO AS ETAPAS DA URINÁLISE? Exame físico, exame sedimentar e exame químico. COMO É FEITO O EXAME FÍSICO? Analisa a cor, o odor, a transparência, a densidade ou densidade relativa (DR). DE ACORDO COM A COLORAÇÃO, QUANDO ESTÁ NORMAL E QUANDO ESTÁ ALTERADA? Normal: amarelo-citrino a amarelo âmbar claro. Alteradas mais comuns: incolor, castanho, avermelhada, enegrecida, azulada, esverdeada, branco leitoso. QUAIS SÃO AS CONSIDERAÇÕES PARA ANÁLISE DO ODOR? O odor não é mais uma característica que é conferida no laboratório. O cheiro característico da urina (sui generis) é atribuído aos ácidos orgânicos voláteis que a amostra contém, com o envelhecimento da amostra o odor torna-se amoniacal. O odor da urina pode ser alterado pela influência de medicamentos. QUAIS SÃO AS CONSIDERAÇÕES PARA ANÁLISE DA TRANSPARÊNCIA? A urina normal e recente apresenta um aspecto límpido. As causas mais comuns de turvação são: leucócitos, hemácias, células epiteliais, bactérias, leveduras. COMO É FEITO A ANÁLISE DA DENSIDADE? O valor da DR correlaciona-se de maneira aproximada à osmolaridade que varia conforme a ingestão de água e solutos, o estado das células tubulares e a influência do ADH (DR da urina: 1,018 +/- 0,003). Pode ser medida pelo urodensímetro, refratômetro ou fita reagente. COMO É FEITO O EXAME QUÍMICO? A tira reagente é a técnica mais utilizada na detecção de substâncias químicas na urina. COMO É FEITO O EXAME SEDIMENTAR? O sedimento da urina refere-se aos sólidos depositados (sedimentados) no fundo do tubo contendo amostra de urina após centrifugação. TBL CONTROLE DE PA • O sangue flui de acordo com o gradiente de pressão o Das regiões de pressão elevada para regiões de pressão mais baixa • Coração → vasos sanguíneos o Pressão mais alta devido à contração → pressão mais baixa devido ao atrito da parede dos vasos • Quanto mais o sangue se afasta do coração há uma tendência maior da pressãodiminuir • A pressão na artéria aorta sempre será mais elevado do que a pressão comparada nas veias cavas (inferior e superior) PRESSÃO (GRADIENTE DE PRESSÃO) - MAIOR PARA MENOR • Aorta • Artérias • Arteríolas • Capilares • Vênula • Veias • Veia cava ESTRUTURA DOS VASOS • Viscosidade do sangue • Diâmetro dos vasos sanguíneos • Constituição dos vasos sanguíneos • Contração do coração • Artéria → elasticidade o Túnica externa (adventícia) (tecido conectivo) → mais delgada que a túnica média o Túnica média (camada de músculo liso e tecido elástico) → mais espessa nas artérias o Túnica íntima (endotélio) • Veia → complacência o Túnica externa (adventícia) (tecido conectivo) → camada mais espessa o Túnica média (camada de músculo liso e tecido elástico) → mais delgada nas veias • Túnica íntima (endotélio) → válvula semilunar MECANISMOS DE AJUSTES DE PRESSÃO RÁPIDOS OU LONGOS CONTROLE RÁPIDO DE PA Atividade autonômica • Formulação reticular • Ajuste rápido de PA Sistema nervoso parassimpático • Vasodilatação Sistema nervoso simpático • Vasoconstrição Reflexo barroceptor • Centro de controle cardiovascular bulbar • Barorreceptores carotídeos e aórticos → alteração na pressão sanguínea • Neurônios parassimpáticos • Neurônios simpáticos • Aumento da adrenalina → aumento de PA • Centro de controle cardiovascular no bulbo o Neurônios simpáticos (NA) → receptores beta1 nas células auto excitáveis → aumento do influxo de Na+ e Ca2+ → aumento da velocidade de despolarização → aumento da frequência cardíaca o Neurônios parassimpáticos (Ach) → receptores muscarínicos nas células autoexcitáveis → aumento do efluxo de K+; influxo de Ca2+ → diminuição da hiperpolarização da célula e velocidade de despolarização → diminuição da frequência cardíaca Retorno venoso • O sistema de valvas do coração e das veias assegura que o sangue flua em apenas um sentido Fluxo venoso • As válvulas auxiliam o fluxo venoso contra a gravidade • As válvulas se fecham, impedindo que o fluxo sanguíneo retorne • O sangue dos membros inferiores alcançam a região superior do corpo CONTROLE DE LONGO PRAZO DA PA • Favorece a manutenção da pressão num período de tempo maior • Sistema renina - angiotensina - aldosterona • Afetar o diâmetro da arteríola aferente HISTOLOGIA ANATOMIA