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1 2 3 1ª edição Brasília – DF 2010 Maristella Miranda Ribeiro Gondim (in memorian) Selma Alves Passos Wanderley Dias 4 D a D o s I n t e r n a c I o n a I s D e c a t a l o g a ç ã o n a P u b l I c a ç ã o ( c I P ) c e n t r o D e I n f o r m a ç ã o e b I b l I o t e c a e m e D u c a ç ã o ( c I b e c ) Dias, selma alves Passos Wanderley. caderno de ensino e aprendizagem : língua portuguesa 5 / selma alves Passos Wanderley Dias. – brasília : ministério da educação, secretaria de educação continuada, alfabetização e Diversidade, 2010. 180 p. : il. -- (Programa escola ativa) 1. educação no campo. 2. língua portuguesa. 3. Programa escola ativa. I. Dias, selma alves Passos Wanderley. II. mattos, maria célia elias. III. título. IV. série. Isbn: 978-85-7994-026-2 cDu 373.3(1-22) Coordenação Geral de Educação do Campo – CGEC/SECAD/MEC sgas Quadra 607, lote 50, sala 104 ceP: 70.200-670 – brasília - Df (61) 2022- 9011 coordenacaodocampo@mec.gov.br e Q u I P e e D I t o r I a l armênio bello schimidt eliane alves de melo eliete Ávila Wolff Ivanilde oliveira de castro rosimar da silva feitosa soares costa sisley cíntia lopes rocha Viviane costa moreira Wanessa Zavareze sechim a s s e s s o r I a P e D a g Ó g I c a aurelice lopes Queiroz ana maria morais angélica maria frazão de souza elaine maria augusto azevedo eliane alves de melo Karla giane cruz Vighi maria de fátima da costa saraiva sisley cíntia lopes rocha Viviane costa moreira P r o J e t o g r Á f I c o andré carvalho & Iluminura Design D I a g r a m a ç ã o Paulo Henrique alves castelo branco e guilherme teles D e s I g n d e P e r s o n a g e n s estevan gracia I l u s t r a ç Õ e s edson farias r e V I s ã o Denise goulart 5 6 neste livro, você vai encontrar ícones que indicam como a atividade deve ser realizada. Veja: reúna-se com um colega ou uma colega. Passe as folhas de seu livro para descobrir esses desenhos. Fale o que eles indicam. leItura atIVIDaDe em casa atIVIDaDe no caDerno atIVIDaDe coletIVa atIVIDaDe em PeQuenos gruPos atIVIDaDe InDIVIDual atIVIDaDe em DuPla atIVIDaDe InDIVIDual com o eDucaDor atIVIDaDe em DuPla com o eDucaDor reDação / ortografIa 77 índice UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4 UNIDADE 5 CALEIDOSCÓPIO 11 LINGUAGEM, LINGUAGENS! MUITAS FALAS! 59 ASPECTOS REGIONAIS 87 AQUARELA BRASILEIRA 121 PASSAREDO 143 8 RELEMBRE! Sua página de abertura é uma explicação e um convite à leitura. Aceite! Você vai amar como fez no livro 4. Releia o texto: AULA DE LEITURA. 8 9 Aula de Leitura a leitura é muito mais do que palavras. Quem quiser parar pra ver pode até se surpreender: 1 vai ler nas folhas do chão se é outono ou verão; 2 nas ondas soltas do mar, se é hora de navegar; 3 e no jeito da pessoa, se trabalha ou se é à toa; 4 na cara do lutador quando está sentindo dor; 5 vai ler na casa de alguém o gosto que o dono tem; 6 e no pelo do cachorro se é melhor gritar socorro; 7 e na cinza da fumaça o tamanho da desgraça; 8 e no tom que sopra o vento se corre o barco ou vai lento; 9 e também na cor da fruta, e no cheiro da comida, 10 e no ronco do motor, e nos dentes do cavalo, 11 e na pele da pessoa, e no brilho do sorriso, 12 vai ler nas nuvens do céu, vai ler na palma da mão, 13 vai ler até nas estrelas e no som do coração. uma arte que dá medo é a de ler um olhar, pois os olhos têm segredos difíceis de decifrar. aZeVeDo, ricardo. Dezenove poemas desengonçados. são Paulo: Ática, 1998, p. 41-42. 1010 11 Unidade 1 caleIDoscÓPIo 11 12 Convivendo com Textos a primeira unidade do livro 5 que você vai começar a ler, oferece-lhe textos poéticos, narrativas que falam de medos, desentendimentos, algumas brincadeiras, quadrinhos e outros mais, como num caleidoscópio. Descubra por quê. Para iniciá-la... um livro! Papo de Pato • Você já leu este livro? bartolomeu campos Queirós, o autor, passa genialmente1 pela prosa e pelo verso. 1 leia o texto! Pense! Imagine! • Descubra o jogo jogado, o brinquedo com as palavras: 1 - com genialidade, com muita criatividade A arranjos sentidos novos novas palavras 13 Papo de Pato o pato com penas tem pena do pato sem pena. Pato com penas é penado. Pato sem penas é pelado. Pato não fala. Pato bate papo. (fragmentos) 14 o papo do pato penado é de pena do frio do pato pelado. o papo do pato pelado é de pena do calor do pato penado. o pato penado nada. o pato pelado... nada de pena! 15 o pato pelado pega na pena e escreve ao pato penado: Caro P enado Até pet eca tem pen a. É um p ecado eu ser d espena do. Quero apenas umas p enas. Abraço s, Pelado 16 o pato penado lê com pena a carta do pato pelado. a mãe despena — pena por pena — um lado do pato penado. o pai empena — pena por pena — um lado do pato pelado. Duas metades peladas e somadas são um pato inteiro pelado. Duas metades penadas e somadas são um pato inteiro penado. era um pato penado irmão de um pato pelado. agora o pato penado é igual ao pato pelado. QueIrÓs, Bartolomeu Campos. Papo de Pato. bH. formato.89 17 2 conheça mais sobre bartolomeu campos Queirós. • aprecie a beleza literária, a leveza e o toque de simplicidade dado pelo escritor ao escrever sobre si mesmo. Não tenho lugar. Nasci tantas vezes, em vários tempos e em muitas cidades: Papagaio, Pará de Minas, Pitangui, Divinópolis. Daí eu não ter também idade. Hoje vivo antigo em Belo Horizonte, onde preparo os meus vôos. Gosto de viajar, mas não gosto de voltar. Caminhar sobre caminho andado é perder tempo. Sempre — e no início por intuição — reconheci a infância como tempo de liberdade, de criação, de afeto. Então, buscar o meu olhar infantil para escrever tem sido o meu mais difícil trabalho. Tenho alguns livros publicados. Escrevo muito, mas publico pouco. Sou paciente com a escrita, os amigos, os trabalhos. Já recebi muitos prêmios Por ser assim, cada dia fica mais difícil escrever. Cada prêmio vem acompanhado de mais responsabilidade. Hoje tenho apenas duas atividades: a escrita e a educação. São dois trabalhos que se não forem feitos criativamente não representam nada. bartolomeu campos Queirós 3 converse com seus colegas , que outros livros vocês leram? Que outos autores vocês conhecem? 18 B Pensando e Compreendendo Textos 1 comente com os colegas de grupo e com o educador o texto que bartolomeu escreveu sobre ele mesmo. Vamos, agora, bater um papo sobre PAPO DE PATO? 2 ouça, primeiro, uma nova leitura do texto feita pelo educador. 3 Veja só o título: bartolomeu muda uma letra e a palavra muda de sentido. • escreva em seu caderno quais letras foram trocadas? Papo vira Pato vira Papo quer dizer Pato quer dizer Papo de Pato Pa o de Pa o 19 4 Pense! Descubra e escreva no caderno! significados diferentes para a mesma palavra: 5 Procure, no texto, frases em que as palavras: papo - pato - pena - nada - pata tenham o sentido a ou b acima. • escreva frases para os significados que não aparecem no texto. A) pato a) b) B) papo a) b) C) pena a) b) D) nada a) b) E) pata a) b) 20 observe Discuta Pergunte : bater um papo = conversar no tambor = na porta = a porta = o bife = palmas = ovos = o pé = teimar o que fez a ação de bater ficar diferente? Você já ouviu falar em “bater na cangalha para o burro entender”? • Pesquise outros significados usando bater. • bata um papo com seus colegas e confirme tudo isso com o educador. 7 no texto você encontra três sentidos (significados) diferentes para a palavra pena , usados pelo autor. Desenhe-os em seu caderno. como você descobriu os significados? a seta ( ) indica onde você vai escrever: uma legenda ou uma explicação, rótulo ou etiqueta. (desenho) (legenda) 21 • bartolomeu apresenta mais um outro sentido para pena. 8 o Pai Pato e a mãe Pata fazem duas operaçõesmatemáticas: • Identifique-as, no texto: Qual foi o resultado dessas operações? • explique-as. o que isso tem a ver com o final da história? 9 e a peteca? o que ela está fazendo no texto? • Discuta com seus colegas. =pena por pena uma a uma uma por uma adição ou soma e subtração agora o pato penado é igual ao pato pelado. 22 Produzindo Textos 1 releia a página 15. o pato pelado escreveu ao pato penado: um bilhete? um convite? uma carta? • Justifique a sua resposta. 2 ajude Penado! responda por ele. Pelado escreveu para Penado. Penado precisa responder. • antes de responder, discuta com seus colegas de grupo: Por que Pelado escreveu para Penado? Qual é o problema de Pelado? o que ele espera de Penado? Você acha que ele deve responder? Por quê? como deverá ser a resposta de Penado? como ele poderá fazer isso? 23 • escolha: o melhor tipo de texto para fazer isso, a melhor forma para a resposta e comece. 3 Participe do debate sobre os textos produzidos no seu grupo. • comente o texto dos colegas. • ouça comentários sobre seu texto. • faça modificações, substituições ou acrescente algo, se necessário. • Verifique se há correções a fazer. 4 Peça ao educador que aprecie seu trabalho. • ouça as recomendações e explicações do educador. Conhecendo sua Língua 1 no jogo com as palavras bartolomeu troca letras e sílabas. • reproduza o quadro no caderno e complete-o. • Discuta essas modificações com seu educador. Palavra Palavranovamudançasignificado significado novo Pelado despela penado pena l por n + des + em 24 1 observe as terminações ADO ou ADAS. muitas palavras, no texto, terminam assim. essas e outras terminações iguais rimam, repetem-se. • Identifique outras rimas no texto. lembre-se de visitar o Cantinho da Leitura! escolha um livro para ler em casa. 2 Invente rimas. • se quiser, faça versos (cada linha de um poema). faça quadras: 4 versos ou 4 linhas rime os versos assim: • experimente! Jogue com as palavras! • escreva um bilhete enviando esses versos para alguém. 2 leia, expressivamente para sua família, a história do Papo de Pato. 3 leia o livro que tirou no Cantinho da Leitura. C APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. 1º verso com o 3º verso, 2º verso com o 4º verso, ou 1º com o 2º e 3º com o 4º. 25 A Convivendo com Textos outro poema! outro poeta! e o pato? será o mesmo? Você conhece esse poema? Já cantou essa música? O PATO Vinicius de morais 1 ouça a leitura feita pelo educador. 2 leia junto com seus colegas. o conjunto MPB4 canta esse poema no disco Arca de Noé. Você encontrará esse poema e outros de Vinícius de Moraes em várias publicações. Procure e aprecie. • Você conhece outra música de Vinícius de moraes? • cante, se souber. lá vem o Pato Pata aqui, pata acolá lá vem o Pato Para ver o que é que há. o Pato pateta Pintou o caneco surrou a galinha bateu no marreco Pulou do poleiro no pé do cavalo levou um coice criou um galo comeu um pedaço De jenipapo ficou engasgado com dor no papo caiu no poço Quebrou a tigela tantas fez o moço Que foi pra panela. 26 Pensando e Compreendendo Textos 1 Participe do comentário sobre os dois textos que você já leu: Papo de Pato e O Pato. • Identifique semelhanças e diferenças nesses dois textos entre: - a sua forma de apresentação; - os patos (pelado, penado e pateta); - o jogo com as palavras; - o brinquedo com as rimas; - a função dos textos (para que servem); - as emoções e os sentimentos que provocam; - outras... • Qual texto mais lhe agradou? Por quê? 2 Você notou que, nos dois textos, além da rima, há um ritmo, uma cadência, uma melodia? 3 cante novamente O Pato! • repare como o canto acentua o ritmo! o canto pode ser acompanhado por palmas. experimente. B 27 1 além do jogo com as palavras, você pode fazer outros. • É um jogo de formar pares. Você pode casar palavras com palavras ou com desenhos. É um jogo de cartas. • uma das cartas é ímpar, não faz par com nenhuma outra e quem fica com ela, ao final, perde o jogo. 2 como fazer as cartas a) recorte, em papel mais grosso, pelo menos 20 cartas iguais, no tamanho 4 x 8 cm ou outro que queira. b) escreva palavras, desenhe, pinte ou cole papel colorido, só de um lado (na frente), formando desenhos. o outro lado (costas) fica sempre limpo. faça cartas iguais, duas a duas. apenas uma das cartas não tem par. Sugestões: De desenhos: De palavras: • com essas cartas você pode brincar dois jogos: jogo de pares e jogo de memória. • Discuta no seu grupo como esses dois jogos são jogados: semelhanças, diferenças, regras (instruções). depenado pegou na pena sem penas escreveu 28 3 agora, com seus colegas, escreva as regras (instruções) dos jogos. Vocês podem se subdividir em 3 grupos: um escreve as regras do jogo de pares, o outro escreve as regras do jogo da memória, o terceiro faz a revisão dos textos produzidos, fazendo alterações, completando-os, se for necessário. • cada item da instrução de jogo pode ser indicado com números ou letras do alfabeto. • as instruções devem ser escritas numa folha de papel ou cartão e colocadas na mesma caixa, onde serão guardadas as cartas do jogo. 4 Verifique se tudo deu certo. • troque de instruções no seu grupo. • Jogue o jogo do qual você não participou na elaboração das regras. • Veja se as instruções estão claras: - se precisam ser modificadas - se há algo a ser acrescentado - se algum item deve ser eliminado ou substituído. • considere também a forma de apresentação das regras e se o registro escrito necessita de correção. conte com a colaboração de seu educador(a) • Divulgue seu jogo para colegas de outras séries. 29 Conhecendo sua Língua 1 observe os quadros com palavras que rimam ou têm elementos comuns. 2 escolha, invente, procure outras rimas que você possa usar: • Para formar quadrinhas rimadas e ritmadas ou trava-línguas ou, até, parlendas. Escolha um livro e leve para ler em casa. bela - ela vela - amarela amar - rafaela olhar - maré ama - manuela palha - calha bolha - rolha telha - molha folha - ralha olha - falha luar - raul - lua - rua sua - azul - voar - tua 30 1 leia, para alguém de sua família, os dois textos: Papo de Pato e O Pato. 2 comente os dois textos: • tipo de texto, • função (para que servem), • semelhanças e diferenças, • outros... • Peça a opinião dessa pessoa sobre os dois textos confronte a sua opinião com a dela e conte as opiniões apresentadas por colegas na sala de aula. • Discuta sobre a veracidade dos textos: realidade? fantasia? Por quê? 3 se houver patos no seu quintal (terreiro), roça ou onde você mora, observe esses animais. • Imagine tudo que os textos contam acontecendo com eles. Veja-os como sendo o Penado, o Pelado e o Pateta. De acordo com o comportamento observado dê a eles outros nomes que lhe parecerem adequados. anote se quiser. • conte, na escola, como foi essa atividade. 4 leia o livro que trouxe da escola. C 31 5 mais uma brincadeira para você. empilha-desempilha empilhe dez latas vazias. corra até um ponto determinado. Vire-se e... Já! atire a bola na pilha. ganha quem derrubar mais latas. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. 32 A Convivendo com Textos Você tem medo de alguma coisa? um medo? um medinho? um medão? • comente isso com seus colegas. era uma vez uma mãe... que tinha medo de lagartixa. no resto, era uma valente: ficava sozinha, cantava no escuro, tomava sopa quente. era mesmo corajosa: enfrentava barata, discutia com o chefe, tomava injeção toda prosa. De bicho de pena e de bicho de pêlo, ela gostava muito. filho dela podia ter cachorro, gato, coelho, periquito, curió, canário, porquinho-da-índia. nem que fosse tudo ao mesmo tempo, ela não se incomodava, até animava, mais ainda, inventava. Peixe e jabuti,também, ela deixava como ninguém. e tinha aquário redondo com peixe vermelho e tinha varanda vermelha com jabuti redondo. se os filhos descobrissem macaco de asa, ela era capaz de deixar em casa. se para uma vaca encontrassem lugar, não ia ser ela quem ia atrapalhar. se na área um cavalo coubesse direito, a meninada ia logo dar jeito, e ela na certa ia achar bem perfeito. mas sapo? minhoca? Perereca? camaleão? nem queria saber. Disfarçava e ia se esconder. MÃE COM MEDO DE LAGARTIXA 33 os filhos explicavam: — mamãe, que é que tem? um bicho tão bonzinho, não faz nada, olha aí! ela olhava, mas não gostava. e aqueles lagartinhos nas pedras-do-sol? — um bichinho à-toa, mãe, deixe de ser boba! mas aí ela era boba. tão boba que no caminho da praia, pelo meio do matinho, ia pisando forte e falando alto, fazendo barulho só para assustar os lagartinhos — que saíam correndo, morrendo de medo de uma mulher tão grande e barulhenta. mas o medo maior era o que a mãe tinha de lagartixa. — um perigo dentro de casa! Pode atacar a qualquer instante! — atacar, mãe? Que idéia! — ria antônio. — Que gracinha, mãe. olha aquela lagartixa lá no alto da parede — mostrava João. — É mesmo, branquinha e transparente, de cabeça em pé. Parece filhote de jacaré — dizia luiza. não adiantava, ela não gostava. um dia, resolveram pregar uma peça nela. na saída da escola, tinha um vendedor de bala, estalinho, pirulito e brinquedo. brinquedos gozados: baratas e aranhas de plástico, lagartixas de mentirinha. compraram duas e levaram para casa. Puseram uma na gaveta, outra na prateleira, ao lado. Quando ela chegou do trabalho e foi mudar a roupa, foi um susto. Quer dizer, primeiro foi um: — ai! me ajudem! antônio! luiza! João! Depois foram dois sustos: — Depressa! Vem cá todo mundo! os meninos foram correndo. e viram a mãe tremendo. — uma lagartixa horrorosa! subiu pelo meu braço 34 e correu para a gaveta! e tem outra medonha ali na prateleira... Pelo amor de Deus, vocês peguem esses bichos horríveis, que eu não agüento nem ver! os meninos se olharam enquanto ela saía: — e lagartixa de brinquedo sobe pelo braço? — será que tem alguma de verdade? olharam bem. não tinha. só as mesmas, de brinquedo. e ela com tanto medo! Que mãe fiteira! e ainda por cima inventadeira... foram rir dela, numa grande gozação: mas chegaram na sala e não riram. Porque o que ela falou foi assim: — Que bom que vocês estavam em casa. Vocês são tão corajosos... fico tão orgulhosa de meus filhos que não têm medo e tomam conta de mim... e, sentada no sofá, abraçou os três ao mesmo tempo, fehou os olhos, encostou a cabeça neles feito menina pequena. e eles se olharam e entenderam. todo mundo tem seu medo, cada um tem seu segredo. Quem parece sempre forte, no fundo é meio sem sorte: tem que agüentar bem sozinho, sem ajuda nem carinho: — a mãe é que nem a gente. e gente se assusta, chora, ri, fala, inventa, conta, grita e cochicha. e pode até ter medo de lagartixa. • Participe da leitura dialogada do texto. escolha com os colegas: o narrador (aquele que lê a narração da história); três crianças para as falas: de antônio, de João e de luiza. • Participe, também, da avaliação dessa leitura: expressão, pronúncia e entonação. macHaDo, ana maria. Alguns medos e seus Segredos. rio de Janeiro: nova fronteira, 1984. 35 B Pensando e Compreendendo Textos Quando você leu o texto, encontrou alguma palavra cujo significado não compreendeu muito bem? 1 retire essa dúvida consultando o dicionário. • releia o trecho onde está cada palavra e verifique se o significado encontrado é adequado ao sentido no texto. • registre essas palavras, com seu significado, no glossário que você começou a fazer quando trabalhou com o livro 4. 2 Discuta. • o que é medo? • Por que as pessoas têm medo? Isso é bom ou ruim? • o sentir medo pode trazer conseqüências? Quais? • Você é medroso? conhece alguém que seja? conte como é essa pessoa. • É possível acabar com determinados medos? como? Dê exemplos. • Você acha que há pessoas que não têm medo algum? Dê sua opinião sobre isso. • e você? tem algum medo escondido? • Você falaria sobre isso? a que você atribui esse medo? 3 comente: a) um dia os meninos da história resolveram pregar uma peça em sua mãe. • o resultado foi o que eles esperavam? Por quê? b) os meninos da história chegaram a uma conclusão. • Qual foi essa conclusão? c) existem outras conclusões que podem ser tiradas do texto. Pense e descubra quais. • liste-as no caderno, confira e discuta com os colegas. 36 relembre ou invente um caso acontecido com você ou outra pessoa por causa de um medo. • comente no seu grupo: Que caso é esse? onde esse fato aconteceu? Quem estava envolvido? o que o medo provocou? como as pessoas envolvidas saíram da situação provocada pelo medo? como se sentiram depois? o medo continuou ou foi superado? Por quê? como? antes de registrar o caso, por escrito, lembre-se: Para que você vai escrever esse texto? onde vai registrá-lo? Quem vai ler esse texto? como você vai divulgá-lo? Para isso é preciso considerar que: a) um texto deve ter uma organização coerente e completa entre as idéias e as palavras que você selecionar para registrá-lo; b) essa coerência depende de como você vai combinar, ligar e seqüenciar as palavras e as frases que expressarão as idéias que selecionou; c) além disso, você deverá cuidar do registro correto das palavras, da pontuação e da apresentação do texto. 37 • Produzido e registrado, o texto deve sofrer uma revisão cuidadosa: Você deverá verificar: - se o seu objetivo foi atingido; - como isso aconteceu; - se seu texto está claro e coerente; - se o provável leitor terá facilidade em compreendê-lo; - se há alguma modificação a ser feita: substituição, correção, transposição, etc... • Depois disso, troque de texto com outras duplas e apresente-o ao educador. ouça suas explicações e orientações. • exponha o seu texto no mural à frente de sua sala de aula para que ele possa ser lido por outras pessoas. Conhecendo sua Língua Você leu um texto em prosa, um texto narrativo. observe que a autora — ana maria machado — usa, em todo ele, o recurso das rimas, o que é mais comum no texto em versos. ao usar rimas, ela conseguiu um efeito sonoro muito interessante. 1 faça uma nova leitura do texto, procurando identificar as rimas usadas. • Depois faça, oralmente, o seguinte jogo: a) um aluno lê em voz alta “era uma valente, tomava sopa”... b) outro aluno completa rapidamente: “quente”. • ganha um ponto quem completar com a rima em primeiro lugar. 38 • continue o jogo, identificando outras rimas em todo o texto (pelo menos 10 diferentes). c..... D..... etc. • o jogo continua enquanto perdurar o interesse.` • ganha o jogo quem fizer mais pontos. 2 no texto Mãe com Medo de Lagartixa você encontra várias palavras com x. Você sabia? o x tem vários sons: observe: 3 Quando você escreve, tem usado o X com esses sons? lembra-se de algumas palavras com essa característica? Qual ou quais? • registre essas palavras no seu caderno. Procure outras. faça frases com algumas delas. lagartixa deixava peixe som de ch som de sexplicavam • outros sons do x: próximo som de ss crucifixo som de cs X S 39 APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C comente com seus familiares o texto que você leu: Mãe com medo de lagartixa. • será que alguém conhece outra história sobre medo? • Quais são os medos mais comuns? comente-os 40 A Convivendo com Textos • Você tem um cachorrinho ou algum animal de estimação? samba é um cachorrinho, personagem de vários livros de maria José Dupré. o texto que você vai ler conta um episódio interessante, acontecido em Diamantino, no interior de mato grosso. a dona do cachorrinho samba fora visitar sua irmã que era freira na missão existente no lugar. os dois viveram muitas aventuras.Você vai conhecer uma delas. Preste atenção à leitura para que, ao final, você possa responder a estas perguntas: Para que D. benedita comprou a galinha? Que aconteceu quando ela matou a ave? Qual foi a reação de D. teté quando soube do achado? Qual a sua opinião sobre o acontecido? explique-a. caso você não saiba o significado de algumas palavras do texto, tente descobri-lo pelo sentido (ou contexto). se não conseguir, anote-as em seu caderno, organizando uma lista das palavras que devem ser procuradas no dicionário. faça isso após a primeira leitura. Que problema! 41 A Moela da Galinha o dia amanheceu e a cidade se movimentou. crianças iam para as aulas da missão, mulheres faziam compras no mercado, os homens cavacavam pensando em ficar ricos de repente. a dona do cachorrinho olhava tudo na rua movimentada assistindo ao despertar da cidade dos diamantes. o dia prometia ser quentíssimo, como todos os outros. Dona benedita passou e disse: bom dia — para a dona do samba. o cachorrinho ao lado da dona levantou as orelhas e pensou que Dona benedita devia ser boa pessoa, estava sempre na missão conversando com as Irmãzinhas e logo à chegada deles mandara uns abacates do quintal para sua dona. movimentou-se todo e agitou a cauda de alegria; sentado na janela ao lado da dona, via os que passavam e acompanhava-os com os olhos por muito tempo. Dona benedita levava uma cesta no braço e dentro da cesta uma 42 galinha: conversou um pouquinho com a dona, agradou o cachorrinho e contou que seu marido estava de cama e ela ia preparar uma canja com a galinha que comprara de Dona teté, outra senhora que morava nas redondezas. Despediu-se e entrou em sua casa, vizinha da missão. o sol batia em cheio nas ruas de Diamantino. a dona disse: — Vamos dar uma volta antes que o calor aumente. Venha sambinha. samba pulou de contente e foi correndo buscar a trela. a dona prendeu-a no pescoço dele e saíram os dois. as crianças da cidade já haviam entrado para as primeiras aulas. a dona e o samba deram voltas por vários quarteirões e já iam voltando quando viram uma aglomeração na porta da casa de D. benedita. uma mulher falava em voz alta, mais alta que as outras que estavam por ali. ela perguntava a todos ao redor se tinha ou não razão. a dona do samba quis saber o que havia. na porta da casa, Dona benedita suava por todos os poros e respondia também quase gritando. ao ver a dona de samba, dirigiu-se a ela: — Diga, dona, se eu não tenho razão. faz uma hora comprei uma galinha aqui da dona teté. a senhora viu quando passei, até conversei um pouco e agradei o cachorrinho. Pois bem: matei a galinha para fazer a canja pra meu marido que anda com febre. encontrei dentro da moela uma pedrinha insignificante, um brilhantinho à-toa. mostrei para as vizinhas e elas foram correndo mexericar; agora Dona teté veio dizer que o brilhante é dela. — É mesmo, gritou dona teté. Vendi a galinha mas não vendi o brilhante. — mas o brilhante estava dentro da galinha, fazia parte da bichinha, portanto é meu, não é, dona? 43 Havia um grupo a favor de dona benedita e outro contra, dependia das respectivas simpatias porque o caso era muito difícil de ser resolvido. a dona do samba disse francamente que não podia dar opinião, nunca antes enfrentara semelhante situação. — não sei de nada, sei que a senhora vai me entregar o brilhante... insistiu dona teté. — eu entregar? respondeu dona benedita — a senhora está muito enganada! comprei a galinha, não comprei? Paguei a galinha, não paguei? então a galinha é minha por dentro e por fora. — Vendi a galinha sem brilhante por dentro porque se eu soubesse que tinha brilhante não venderia nem para o Presidente da república. tá? eu não vendi a pedra. as vozes se alteavam, as duas mulheres estavam quase se estapeando quando mais gente foi ajuntando e a rua ficou toda cheia de povo. o bate-boca continuava cada vez mais forte. o cachorrinho samba nunca vira nada igual. e se as duas mulheres começassem a brigar feio, a dar bofetadas uma na outra? a dona olhava rua acima e rua abaixo, não havia polícia naquela cidade? era um caso tão complicado que ela não sabia mesmo que conselho dar. Dona benedita era muito simpática, será que não poderia ajudar Dona benedita? o marido dela apareceu na janela da casa e seu rosto estava tão amarelo como mamão maduro. estava com febre e podia ter uma recaída por causa da discussão. Que fazer? • converse com seus colegas: quem tem razão? DuPrÉ, maria José. O cachorrinho Samba entre os Índios. são Paulo: ed. nacional. 44 B Pensando e Compreendendo Textos 1 Discuta com seu grupo as questões iniciais, sugeridas para a leitura do texto. 2 esse texto pode ser dividido em cinco partes. Primeira parte: do início até “o dia prometia ser quentíssimo como todos os outros”. Segunda parte: de “D. benedita passou” até “nas ruas de Diamantino”. Terceira parte: de “a dona disse” até “casa de D. benedita”. Quarta parte: de “uma mulher falava em voz alta” até “continuava cada vez mais forte”. Quinta parte: de “o cachorrinho samba” até o final. a) marque as partes no texto de modo que elas fiquem bem visíveis, mas que você possa desmarcá-las para seu colega que vai usar o livro no próximo ano. b) Dê um título adequado a cada uma: reproduza o quadro no caderno. 3 Pense e faça o que se pede. a) Identifique o objetivo de D. benedita ao comprar uma galinha. registre-o, com suas palavras. Primeira parte: Segunda parte: Terceira parte: Quarta parte: Quinta parte: 45 b) Pode-se dizer que as vizinhas de D. benedita eram fofoqueiras? Por quê? c) Qual foi a conseqüência disso? d) a dona de samba ficou preocupada com a briga porque: - teve medo de D. benedita e D. teté se machucarem; - o caso era complicado e ela não sabia resolvê-lo; - o marido de D. benedita apareceu na janela. (escolha a melhor resposta). e) na briga, D. teté e D. benedita gritavam seus motivos (argumentos) para ficar com o diamante. liste esses motivos (argumentos). acrescente outros, se quiser. f) a quem você daria razão? a D. benedita? a D. teté? Justifique a sua resposta. g) Desenhe o quadro com os balões de fala vazios. Preencha-os. troque com os colegas. Discuta. Prenda no mural os mais interessantes 4 algumas das frases abaixo estão contando fatos verdadeiros. outras são opiniões. leia todas com atenção. escreva F à frente dos fatos e O à frente das opiniões. explique o motivo de marcar F ou O. • D. benedita merecia ficar com o brilhante. • samba sabia buscar a trela. • D. teté teve razão em reclamar o brilhante. • D. benedita era boa pessoa. • o marido de D. benedita estava doente. 5 “Os homens cavacavam pensando em ficar ricos de repente”. a frase acima quer dizer que: • os homens trabalhavam muito. • os homens esperavam encontrar cavacos. • os homens eram sonhadores. Justifique. 46 6 a dona de samba era uma pessoa prudente. Podemos afirmar isso porque ela: • não quis entrar na briga; • teve medo de o marido de D. benedita piorar; • não quis chamar a polícia. Justifique. 7 samba pulou de contente e foi correndo buscar a trela. Você acha que a autora conseguiu expressar bem a alegria do cachorrinho? Justifique sua opinião e desenhe o cachorrinho trazendo a trela. 8 Proponha a seu grupo as seguintes perguntas: a) o verdadeiro motivo da briga na história que você leu seria o fato de ter sido encontrada uma pedrinha na moela da galinha? b) achar uma pedrinha na moela da galinha é um fato normal ou fora do comum? Por quê? c) Qual foi, então, o motivo da briga? 9 em dupla, faça leituras em voz alta, um para o outro (a e b alternadamente). comente cada leitura: a) leia o trecho que descreve o despertar de Diamantino. b) leia o trecho que conta o motivo da briga. a) leia o trecho que conta a reação das pessoas que assistiam à briga. b) leia o trecho que conta a preocupação de samba e de sua dona. a e b. leia o trecho que você achou mais interessante. 10 Participeda mímica ou da dramatização das seguintes situações: a) D. benedita comprando a galinha. b) D. benedita encontrando o brilhante. 47 c) D. benedita contando o achado para as vizinhas. d) as vizinhas fofocando com D. teté. e) a reação de D. teté. f) a discussão e o envolvimento da dona do cachorrinho samba. 11 continue como no primeiro exemplo. Preste atenção! a) D. benedita fez canja de galinha. samba achou canja buscar a coleira. b) as irmãzinhas moravam na Missão. a missão das irmãzinhas era ajudar as pessoas necessitadas. c) samba usava uma trela para passear. a dona de samba não deu trela para D. teté. d) os homens cavacavam à procura de brilhantes. os olhos de D. benedita estavam brilhantes de raiva. D. benedita fez sopa de galinha. samba achou fácil buscar a coleira. as irmãzinhas moravam . a das irmãzinhas era ajudar as pessoas necessitadas. samba usava uma para passear. a dona de samba não deu para D. teté. os homens cavacavam à procura de os olhos de D. benedita estavam de raiva. - Você observou como algumas palavras podem ter significados diferentes? - Você seria capaz de pensar em outro exemplo de palavra que tenha essa peculiariedade (característica)? Demonstre. 48 Produzindo Textos Hoje você vai produzir um texto um pouco diferente. Você não vai registrá-lo por escrito, apenas oralmente. 1 leia! Participe! Produza! a) Discuta com seus colegas e com o educador o que é um júri. b) organize um júri para julgar “o caso da moela da galinha”. Você vai precisar de colegas para representar: • as queixosas: D. teté e D. benedita; • o advogado de D. benedita; • o advogado de D. teté; • o juiz que vai dar a sentença; • as testemunhas: a dona do samba e as vizinhas; • os jurados que vão dizer com quem está a razão; • o oficial de justiça que vai coordenar os trabalhos. c) Prepare com os colegas e o educador o ambiente para o júri. • Pense e prepare a sua fala, de acordo com o personagem que você vai representar. anote os pontos mais interessantes, para consulta, se necessário. e) realize o júri simulado (de faz-de-conta). 2 como vocês decidiram “o caso da moela da galinha?” 3 compare a solução dada por vocês com a seqüência da história, como foi narrada pela autora, no texto que vem à página 51: comente, depois, sua opinião sobre o final da história. “TUDO SE ACALMA” 49 Conhecendo sua Língua 1 continue a trabalhar em dupla, sempre usando seu caderno. enriqueça seu vocabulário: a) coloque as seguintes palavras em ordem alfabética: cavacar - redondezas - insignificante - mexericar - respectivas - enfrentar - semelhante - estapeando - bofetadas - alteavam. (considere a 1ª letra, depois a 2ª, a 3ª ...) b) Procure, no dicionário, os significados dessas palavras e escreva-os adiante de cada uma no seu glossário. c) escolha 3 dessas palavras e escreva uma frase para cada uma. Pesquise Procure saber para que serve a moela da galinha e por que ela precisa comer pedrinhas. combine com seus colegas um meio de conseguir uma moela de galinha para que vocês possam abri-la e observar seu conteúdo. 50 1 comece a sua pesquisa em casa. • Informe-se sobre a moela da galinha. • anote todas as informações que você conseguir com a sua família ou outras pessoas. • se for possível, arranje uma moela de galinha. • leve tudo para a escola e contribua para a pesquisa proposta. • o texto fala em diamantes (tantos que o nome do lugar é Diamantino) e em brilhantes. Qual a relação de diamantes com brilhantes? • faça uma pesquisa sobre: diamantes, brilhantes, carbono, minas, lapidação, comércio, pedras famosas e zonas que produzem diamantes, vários outros aspectos que você vai encontrar conhecendo mais sobre diamantes. Você vai ficar supreso e orgulhoso de seu país. • Procure e anote. Você se lembra daquelas fichas de Informação que fez no trabalho com o Livro 3? faça algumas sobre esse assunto. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C 51 Convivendo com Textos como será que acabou a confusão do diamante? TUDO SE ACALMA Do livro: O Cachorrinho Samba entre os Índios, de maria José Dupré. o povo à volta murmurava, já estavam formando os partidos: pró e contra. Parecia um espetáculo no meio da rua. alguns homens que passavam pararam para ver no que daria a briga. nesse instante surgiu um capangueiro: é o homem que compra diamante de garimpeiro para vender nas cidades grandes. a primeira coisa que ele fez foi pedir o diamante para verificar o valor. Dona benedita entrou na casa dela, gritou com o marido que voltasse para a cama e trouxe a pedrinha enrolada num lenço. Desenrolou com cuidado e mostrou para o capangueiro. este examinou bem a pedra, virou e revirou na palma da mão e ofereceu uma boa quantia para ser dividida entre as mulheres. nova discussão começou. É meu, não é seu, é meu, não é seu. e se a galinha não tivesse moela? mas tinha moela e A 52 moela abrilhantada. a dona do samba, que ouvia tudo de um lado, disse a dona benedita que aceitasse a oferta do capangueiro e a divisão. se não aceitasse, ficariam ali o dia e a noite, outro dia e outra noite e nunca chegariam a um acordo. se aceitasse, tudo acabaria bem. Dona benedita fungou e disse que, se o velho não estivesse doente, isso não ficaria assim, iria até o juiz, até o Presidente da república, mas, enfim... — levaria muitos anos até que o caso terminasse, disse a dona do cachorrinho. a senhora não aproveitaria o dinheiro, perderia tempo e se aborreceria muito. — a senhora tem razão, o melhor é aceitar. mas fico doente quando me lembro que o brilhante é só meu e ela quer a metade do dinheiro. o capangueiro aproveitou a calma do momento, pôs a mão no bolso e tirou um maço de notas. Dividiu tantas para Dona teté, tantas para Dona benedita. Pegou a pedrinha e sumiu no fim da rua. as duas mulheres recomeçaram a discutir rodeadas de assistentes. Quase se pegaram novamente. Dona benedita começou a dizer que, se não fossem as vizinhas faladeiras, novidadeiras, enredeiras, a burra da Dona teté não ficaria sabendo... ah, para que Dona benedita foi chamar Dona teté de burra? a outra avançou com unhas e dentes para Dona benedita. alguns homens que estavam por ali separaram 53 as duas briguentas e disseram que não valia a pena, agora que estavam com o dinheiro na mão, era aproveitar. o marido de Dona benedita apareceu outra vez na janela, cada vez mais amarelo. Dona benedita gritou com ele, fosse para a cama, queria recaída? a dona do samba aconselhou que nada disso adiantava, que as duas estavam muito nervosas, o melhor era fazerem as pazes. Dona benedita dissera a palavra burra sem querer. foi só nesse instante que apareceu um guarda da polícia. tudo se acalmou e o grupo começou a se dispersar. tudo por causa da moela da galinha. a dona do cachorrinho voltou para a missão e comentou com samba: — samba, o negócio aqui em Diamantino é muito sério aparecem brilhantes e brigas com muita facilidade. até é divertido. Precisaria um salomão hoje aqui, não acha? samba abanou o toco do rabo, entendeu tudo, menos o salomão de que ele nunca ouvira falar. • e você sabe quem é esse salomão que a dona do cachorrinho falou? • a solução encontrada por vocês foi parecida com a solução do texto? salomão? ?? ? 54 B Pensando e Compreendendo Textos 1 agora você já sabe como terminou o “caso da moela da galinha” no livro O Cachorrinho Samba entre os Índios. Você e seus colegas realizaram um Júri simulado e também chegaram a uma conclusão. será que a decisão foi legal, isto é, foi a decisão de um juiz de verdade se o caso tivesse ido a um julgamento? Você poderia convidar um advogado para vir à sua sala de aula e dar um parecer sobre o caso. seria interessante entrevistá-lo, você não acha? • Pode acontecer quevocê não encontre um advogado disponível. convide, então, alguém que, por sua posição, possa desempenhar esse papel. Para isso será preciso: a) escolher o advogado. Pode ser um amigo, o pai ou o irmão de um colega, um advogado conhecido na cidade ou que more perto da sua comunidade; b) convidar a pessoa escolhida. Pode-se fazê-lo por telefone, por carta ou através de um comitê. marcar o dia, a hora e o local; c) preparar adequadamente o local; d) determinar alunos para receber o convidado, apresentá- lo e agradecer, no final, a sua colaboração; Observação: as perguntas a serem feitas devem sempre ser selecionadas anteriormente e apresentadas junto com o convite, para que o entrevistado possa pensar no melhor modo de respondê-las. e) escolher um líder para coordenar a entrevista; f) avaliar a entrevista. conte com a colaboração do educador. 55 2 observe as seguintes divisões do texto: 1ª de O povo à volta... até daria a briga. 2ª de Nesse instante... até para o capangueiro. 3ª de Este examinou... até entre as mulheres. 4ª de Nova discussão... até abrilhantada. 5ª de A dona do Samba... até metade do dinheiro. 6ª de O capangueiro aproveitou... até fim da rua. 7ª de As duas mulheres... até ficaria sabendo... 8ª de Ah, para que a Dona... até recaída? 9ª de A dona do Samba... até moela de galinha. 10ª de A dona do cachorrinho... até ouvira falar. 3 reúna-se com seus colegas de grupo. a) Identifique as dez partes no texto. b) leia cada uma delas e converse com o grupo, identificando: - o fato acontecido ou em acontecimento; - o seu desenrolar ou seu desenvolvimento ou sua dinâmica; - quantas ou quais personagens participam da situação focalizada; - o que dizem ou fazem esses personagens, isto é, falas e ações. c) escolha o melhor modo de passar, na dramatização, as falas com entonação, timbre, melodia e ritmo adequados ao falante, às posturas ou atitudes, aos sentimentos dos personagens envolvidos. d) Determine a marcação, isto é, quando, como e onde entram os personagens. e) combine, participe e apresente a dramatização de cada parte. e aí? como foi? faça a avaliação com seus colegas focalizando a clara compreensão do texto. 56 Produzindo Textos 1 comente com seus colegas de grupo como foi o júri que fizeram na sala de aula. • anote, em papel à parte, cada fato, na ordem em que ele aconteceu, sem entrar em detalhes. 2 Decidam, juntos, quem irá registrar o relato por escrito. 3 Participe dessa produção: escrevendo o texto ou auxiliando na organização das idéias, que poderá ter essa seqüência: a) dia, horário e local onde aconteceu o júri; b) objetivo do júri simulado; c) participantes: representantes (crianças) das autoridades e assistentes; d) registro dos fatos, na ordem em que aconteceram; e) conclusão do júri; a linguagem desse texto deve ser simples, objetiva, sem detalhes desnecessários. as falas dos representantes das autoridades não devem ser registradas em forma de diálogo, mas narradas. Por exemplo: o advogado de defesa disse que... 4 Participe da revisão do texto. • Verifique: - se o objetivo da produção foi atingido; - se há coerência na organização das idéias; - se a linguagem e o vocabulário estão adequados ao tipo de texto; - se o texto está compreensível para o leitor; - se é preciso modificar alguma coisa; - se são necessárias outras correções. 57 5 aguarde a avaliação, pelo educador, do texto produzido. Depois exponha-o no mural da escola para que todos possam tomar conhecimento da atividade realizada por vocês. Conhecendo sua Língua • acompanhe a avaliação que o educador fará do relato que vocês produziram. • com o texto reescrito, no quadro de giz, ele fará comentários e dará explicações necessárias quanto as dúvidas surgidas, modificações e correções a serem feitas no trabalho. • Participe ativamente! 1 Pesquise Quando o livro Cachorrinho Samba entre os Índios foi escrito, o estado de mato grosso ainda não tinha sido dividido. Indique essa divisão atualmente: em qual dos estados localiza-se Diamantino? (uma pista: a missão fica no alto Xingu, use o mapa.) 2 “samba entendeu tudo menos o salomão de que ele nunca ouvira falar.” e você? entendeu? se não, descubra quem foi salomão e por que foi citado no texto. anote e conte para seus colegas. mato grosso estado: capital: estado: capital: 58 1 converse em sua casa, com amigos, vizinhos, parentes, comunidade... alguém sabe de algum caso de disputa (desentendimento de qualquer tipo, e como terminou? a) escute atentamente (e até anote, se achar necessário) e, na próxima aula, conte para os seus colegas. converse sobre o assunto. compartilhe esses casos. 2 Peça ajuda para encontrar na bíblia, no livro dos reis, a narração da sabedoria de salomão, rei dos judeus, ao julgar a disputa de duas mulheres que se diziam mães da mesma criança. (observação: a fonte original dessa história é a bíblia, mas esse texto pode ser encontrado em outros livros ou revistas.) a) leia ou escute a leitura ou narração desse fato. b) Produza um texto contando essa história. selecione o vocabulário adequado. organize as palavras na frase e as frases no texto, de modo que as idéias pensadas por você formem um todo coerente. não se esqueça de fazer a revisão. C 59 Unidade 2 lInguagem, lInguagens! muItas falas! 59 60 Convivendo com TextosA a linguagem tem muitas falas! • Você sabe contar histórias? todas as noites, o pai de mateus reconta uma história, inventa outra, fantasia casos de sua infância. numa dessas noites ele contou a história de madalena, ou melhor, mandalena. madalena, de manhã, mandava “os minino istudá”. os meninos estudavam. madalena, meio-dia, mandava “os minino armuçá”. os meninos almoçavam. madalena, de tardinha, mandava “os minino quietá”. os meninos quietavam. madalena, já escuro, mandava “os minino deitá”. — e os meninos deitavam, né, pai? — o mateus emendou. — É claro que deitavam. Quem é que tinha coragem de desobedecer ordem da madalena? tudo que ela mandava, os três meninos faziam. tanto foi que eles acabaram botando nela o apelido de mandalena. Já vou, mandalena! só um minuto, mandalena! sim senhora, mandalena... — Ô pai, esses meninos eram você, o tio ernesto e a tia lica? — não, mateus, claro que não. É só uma história que eu 61 estou contando. são três meninos inventados, nem nome tinham... os três obedeciam tudo, sem piscar. e não era de medo não, que a madalena era esmirradinha, não assustava ninguém. era respeito. Pros meninos, a baixotinha era a maior autoridade da casa. Desobedecer o pai? Às vezes. a mãe? De vez em quando. a madalena? Jamais. no fundo, até gostavam de obedecer: era feito um jogo, uma brincadeira. Pra conferir se as ordens eram cumpridas, a madalena ficava sempre atrás de uma porta, de uma janela, de uma árvore. os meninos nunca adivinhavam o esconderijo, mas sabiam que ela estava por perto, sempre, infalível. De vez em quando um resolvia desobedecer. Pra quê? não se sabe de onde vinha o aviso da madalena. uma tábua rangia, nhec!, uma janela batia, plaf!, um galho caía. no bosque, eles se camuflavam nas plantas, mas não tinha serventia: um bem-te-vi olhava do alto dum galho e cantava “vão deitá!”. a madalena mesma nunca aparecia. nem precisava: bastava o aviso. nhec, plaf!... os três davam um grito assustado e voltavam mais que depressa a fazer o que deviam. e ninguém arriscava desobedecer de novo. sabiam que, se viesse um segundo aviso, um segundo barulho, nossa senhora! — o que acontecia se viesse o segundo aviso, pai? — ninguém sabia, ninguém nunca soube. mas com certeza devia ser algum castigo horroroso. — entendi... Você tem certeza absoluta que esses três meninos não eram você, o tio ernesto e a tia lica? — Já falei que não, mateus, que insistência! fecha os olhos, puxa a coberta, deixa eu acabar a história... um dia, a madalena mandou “os minino istudá na biblioteca”. eles foram, é claro. mas antes ela segurou o mais novo pelo braço, comfirmeza, até doeu um pouco, e pediu: — fala aí de novo esse lugar onde cês vão istudá. Parece 62 que ocê falou diferente de mim... — bi-bli-o-te-ca. e o irmão emendou, só de brincadeira: — né não, madalena. É bisbilhoteca. bis-bi-lho-te-ca. — bis-bi-lho-te-ca? sei... os meninos saíram correndo, que já era tardezinha. mas, de noite, quando voltaram, não viram a mandalena, nem ouviram recado nenhum. acredita que ela ficou sentida com a brincadeira? logo ela, que nunca bisbilhotou “nem os patrão nem os minino”... no dia seguinte, a madalena acordou bem cedinho, arrumou as trouxas, mandou recado pra gente, rabiscado na sua letra tremida: “agora chega de orde, vou me mandá mundo afora, vou mandá tudo pro ar”. mandou recado pra gente, eu disse. me entreguei. mas o mateus já estava dormindo, não assistiu ao meu choro de saudade. também não escutou o resto da história: que os meninos continuaram obedecendo como antes, mesmo sem a madalena. De manhã, iam “istudá”. meio-dia, iam “armuçá” De tardinha, iam “quietá”. Já escuro, iam “deitá” nenhum dos três tinha coragem de desobedecer. Porque os avisos, esses continuaram. era uma tábua que rangia sozinha, uma janela que batia, um galho que caía, um bem-te-vi. e quem era doido de arriscar o segundo aviso? antunes, leo. Conversa para Boy Dormir. belo Horizonte: Dimensão, 1995. • Você gostou dessa história? comente com seu grupo. • Vocês conhecem alguém igual a madalena? Quem? fale sobre essa pessoa. 63 B Pensando e Compreendendo Textos madalena - mandalena 1 observe e discuta com seus colegas. - Qual é a diferença que aparece na segunda palavra? - Por que o apelido mandalena? - Por que os meninos não desobedeciam à madalena? - o que será que acontecia quando um dos meninos resolvia desobedecer? 2 reproduza o quadro em seu caderno. Preencha-o: o que madalena mandava fazer? o que os meninos faziam? madalena meninos De manhã meio-dia De tardinha À noite 3 o menino mais novo é o pai de mateus e o irmão é o tio ernesto. essas afirmações estão corretas? • Procure, no texto, as pistas que permitem dizer isso e explique por quê 64 4 confira no dicionário e registre no caderno: Biblioteca e Bisbilhotar Biblioteca • Por extensão - o que seria bisbilhoteca? - Por que madalena não gostou da brincadeira? Bisbilhotar Bisbilhoteca Você sabe o nome dessa brincadeira? trocaDIlHo. 65 o aurélio(1) diz que trocadilho é: s.m. 1. jogo de palavras parecidas no som e diferentes no significado e que dão margem a equívocos. 2. emprego de expressão ambígua(2). • a nossa língua Portuguesa permite uma grande variedade de trocadilhos. • em geral, eles são usados para brincadeiras, em situações de humor e para temperar a conversa de amigos e companheiros. Anedotinhas, como: o que o peixinho falou para a peixinha? nada. • Discuta essas possibilidades e apresente outras: a corda acorda graça graça cavá-lo cavalo barata barata como o que vejo vejo o que como • compare a referência bibliográfica da página 62 com as da página 88. observe boy e boi. boy é uma palavra inglesa para menino (lê-se bói). • comente a relação dos títulos dos livros com os respectivos textos, o trocadilho, a quebra de clichê(3), a criatividade, a inteligência, a invenção. (1) - nome carinhoso para o dicionário — Descubra por quê. (2) - com duplo significado (3) - uma frase ou expressão que é muito usada e repetida sempre a mesma 66 1 com seus colegas de grupo: • identifique outros trocadilhos; • invente trocadilhos; • use trocadilhos contando casos ou anedotas. 2 Madalena foi embora sentida com a brincadeira. em nome dos meninos da história, escreva uma carta ou passe um telegrama para madalena, pedindo desculpas pela brincadeira. Você já aprendeu, ao trabalhar o livro 4, a escrever cartas e passar telegramas. relembre essas instruções antes de decidir qual tipo de texto você vai usar. 3 Produza o texto que escolheu. • releia o que escreveu e verifique se ele está de acordo com as instruções para esse tipo de texto. • apresente seu trabalho para os colegas e para o educador(a) Produzindo Textos Conhecendo sua Língua a escola é onde você aprende a ler, a escrever e a falar a língua Portuguesa, na variante ou modalidade padrão. Vai precisar dela em muitas situações. 67 Coloquial? Palavrinha esquisita, não? Vem de colóquio, que significa conversação, palestra entre duas ou mais pessoas. esse modo de falar — linguagem coloquial — é o mais comum, próprio do cotidiano, do dia-a-dia. as palavras usadas são simples, comuns. a linguagem coloquial admite (permite) gírias, regionalismos (expressões de uma região), expressões populares (né, pra quê, ocê), despreocupação gramatical (mandá, deixa eu). os falantes são mais próximos, mais íntimos. 2 observe, relendo: ...acabaram botando nela o apelido de mandalena • se fosse na linguagem formal, a palavra botando seria substituída por colocando. ou, então, a frase poderia ser mais sintética (resumida), com menos explicações, assim: ...apelidaram-na de Mandalena. o texto madalena apresenta várias formas de língua Portuguesa, em diferentes situações: 1 observe, no texto, a linguagem coloquial do mateus e do pai do mateus 3 leia o quadro e depois complete: uma tábua rangia , ! uma janela batia , ! um galho caía ! 68 nhec, nhec... plaf! representa, imita o barulho da tábua. representa, imita a queda do galho. representa, imita o batido da janela. as palavras que imitam o barulho (som) das coisas são chamadas: ONOMATOPÉIAS. essas palavras “temperam” a frase e são muito usadas em histórias em quadrinhos. 4 Descubra de que são essas onomatopéias: • nhec • plaft • glub...glub... • rec, rec... • toc, toc • tic-tac • splash! • boooom!!! • zzzzzz... • fom! fom! • bué, bué... • dim, dom... • nhac, nhac... • crec, crec... • rá, rá, rá... • plim, plim. • chuááá...chuááá • tichibum! • booommm! chiiiiiiiiiii! 69 5 escolha algumas dessas onomatopéias, e represente-as através de desenhos, exponha num varal na sua sala. 6 agora invente e desenhe uma história em quadrinhos usando onomatopéias e arquive no Cantinho de Leitura da sua sala. 7 Descubra outros sons onamatopaicos. • Pesquise nas revistas em quadrinhos. • anote os que achar mais interessantes. • use-os sempre que houver oportunidade. • se quiser, pode recortar ou ilustrar as situações e montar um cartaz para o mural da classe, com a contribuição dos colegas. Quantas são as letras do nosso alfabeto? 26 uma obra famosa de guimarães rosa? Qual a última letra do nosso alfabeto? grande sertão Veredas. 70 2 Você notou que, nem sempre, se compreende bem uma variante de língua? • comente isso com pessoas de sua família. • conte o que aprendeu sobre variantes lingüísticas. • mostre, no texto, exemplos de variante coloquial. 3 leia as cenas 1 e 2 para essas pessoas. • não deixe de ler a explicação dada pelo dono da fazenda. • Veja se as falas dos lavradores foram compreendidas pelas pessoas de sua família. • Pesquise outras situações de variantes coloquiais. • escreva-as ou desenhe-as. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C 1 DIVIrta-se com estas cenas de linguagem e.. linguagens! cena 1 cena 2 — licença, patrão! o dotô tem pó pá tapá taio? — o quê???, diz o médico. — ah, doutor! ele quer saber se o senhor tem pó cicatrizante para colocar no talho — o corte do dedo — explica o dono da fazenda. — Viche! Óia só! o outro, assustado: — minha nossa! Qui taio! — e agora? Que sangrera! 71 Convivendo com TextosA • Você conhece algum contador de casos na sua comunidade? • converse sobre isso com seus colegas. olavo romano é um grande contador de casos característicosde várias regiões de minas e que são registrados em seus livros. o que você vai ler, agora, é do livro Casos de Minas. o texto narra um fato acontecido, ou melhor, um “causo” de um menino que se expressava usando a linguagem da escultura em madeira, transformando, com canivete, pedaços de pau em obras de arte. ao mesmo tempo você encontrará outras linguagens: linguagem produzindo linguagem. são deliciosas expressões regionais inventivamente construídas por determinados grupos de pessoas. Vamos deixá-las grifadas no texto para que você melhor aprecie. não só a poesia fala! não só o corpo fala e diz... Há pessoas muito talentosas, capazes de fazer a madeira, o mármore, o barro, a pedra, a argila e outros materiais falarem. É a arte pelas mãos! Outra forma de linguagem! • acompanhe a leitura do educador(a) 72 LIÇÃO DE ARTE no sertão do carinhanha, quase divisa com a bahia, um menino vivia com um pedaço de pau e canivete na mão. uns tempos depois o povo do lugar se espantava com sua arte. Era de ver a perfeição de onça, tatu, jacaré, saracura, todo tipo de animal nas mais diferentes posições e tamanhos. assombro maior é que ele mal desenhava o nome. aquelas artes, tinha aprendido sozinho, sem ao menos um prático pra ensinar. sô nominato, do correio, homem dado a leituras e filosofias, não entendia aquilo. um dia quis conhecer o método ou a técnica usada pelo pequeno artista. este se espantou com a questão. Não sabia patavina de métodos e técnicas, coisas muito complicadas pra cabeça dele. Ia só pegando e fazendo o que dava na idéia, era muito mais simples. sô nominato encabulou. mandou até encomendar pelo reembolso uns livros especializados, leu muito sobre o assunto, vivia falando daquilo o tempo todo. o menino, sem saber pra que lado ficava o rabo do “a”, continuava trabalhando lá do jeito dele, cada dia fazendo uma coisa mais bonita. mas com uma dificuldade agora.Cortar a peça, não tinha nada não. A questão era aturar o homem do correio com seu palavreado novo, tirado de livro, tanta pergunta, especulando sobre os tais métodos e as malditas técnicas. o menino foi ficando espantado e meio com medo porque nunca havia pensado naquele tipo de coisa e o velho andava uma fera. um dia sô nominato, vendo uma garça que só faltava sair voando de tão perfeita, encantoou o autor: — então, já tem resposta pra minha pergunta? 73 — não senhor. acho que não. — mas isso é uma grossa besteira. Você acha, por acaso, que existe alguma coisa no mundo sem explicação? tudo na vida tem explicação. tem ou não tem? — Sei não, sô Nominato. não entendo disso não. — então vamos combinar o seguinte: conta como é que você faz. o menino, mesmo não entendendo direito porque podia ser tão importante ter de explicar as coisas, fez um enorme esforço para encontrar a resposta. ficou calado, olhou a garça de madeira na mão, concentrou o pensamento e disse, mostrando com gestos: — É bem fácil. Pego o pedaço de pau e fico vendo o bicho que eu quero. — e aí? — perguntou o velho aflito. — aí eu tiro o resto com o canivete. romano, olavo. Casos de Minas. rio de Janeiro: Paz e terra, 1982 , p. 141-2 1 Discuta com o grupo: • Você sabe fazer algum trabalho artesanal como o menino do texto faz? • Você conhece alguem que faz algo do tipo? 74 Pensando e Compreendendo TextosB em que transformava a madeira Qual a reação do povo atitude do sô nominato reação do menino local Quem vivia lá o que fazia com quê 1 use essas fichas como ponto de partida para o comentário oral sobre o texto. 2 Discuta com seus colegas e o educador o sentido das expressões destacadas no texto. • compare-as com outros modos de dizer a mesma coisa. sentiu as diferenças? os efeitos que têm certos arranjos de palavras para expressar certas idéias? essas mesmas idéias são expressas diferentemente em sua região? como? 3 responda no seu caderno: o que você entendeu ao ler? “Há pessoas muito talentosas, capazes de fazer a madeira, o mármore, o barro, a pedra, a argila e outros materiais falarem.” Por que o menino, o artesão, foi ficando espantado e meio com medo? explicar como esculpia os animais foi fácil ou difícil para o menino? Por quê? Qual era a grande dúvida de sô nominato? como sô nominato procurava saber das coisas? Qual era a diferença entre o saber de sô nominato e o saber do menino? • Procure no texto as duas frases que mostraram para sô nominato como era que o menino fazia suas esculturas e copie-as no seu caderno. 75 Produzindo Textos — Você já usou as suas mãos para construir ou transformar alguma coisa? — usou caixas, pedras, madeiras, barro, argila, papel, plantas ou outros materiais para essa criação? 1 Pense nisso e registre, por escrito, essa sua atividade: — o que levou você a construir algo? — como você se preparou para isso? — Quais emoções e sentimentos passaram por você durante a atividade? — o que você fez? — como se sentiu quando terminou o seu trabalho? — alguém se interessou por ele? — alguém fez algum comentário sobre ele? Qual foi? — Você ainda tem essa obra? — o que pensa dela hoje? 2 escreva sobre isso lembre-se das orientações já dadas a você sobre produção de textos: - pelo educador(a); - no livro 4; - neste livro 5 (Páginas 38 e 110) • terminado o seu trabalho, faça aquela revisão, também já conhecida por você. • leia o texto para os colegas do seu grupo. Ouça a leitura dos textos dos colegas. • Participe dos comentários feitos, no grupo sobre essas produções. 76 • faça mais alguma reformulação no seu trabalho se julgar necessário. • entregue-o ao educador(a) • aguarde mais essa avaliação Conhecendo sua Língua • no texto lição de arte, você encontrou algumas dessas palavras: • métodos • próximos • íntimos • fábula • página • árvore • técnicas • prático • observe o acento usado nessas palavras. Descubra o porquê desses acentos. (Para isso identifique: o número de sílabas de cada palavra e a sílaba mais forte de cada uma.) 77 1 leia o texto Lição de Arte para pessoas de sua família. • leia, também, o texto que você produziu. • comente os dois textos com essas pessoas. ouça os comentários delas. 2 Procure, em livros, revistas ou jornais, palavras acentuadas pelo mesmo motivo das que pesquisou na sala de aula. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C 78 Convivendo com TextosA Do artesão mineiro que talhava a madeira vamos ao paraibano — mestre Vitalino, que modela o barro. Passando por Vila rica dos séculos 18 e 19, hoje ouro Preto, encontraremos o aleijadinho com seu drama e sua arte em pedra-sabão. atravessando o oceano atlântico e voltando no tempo, chegaremos à Itália do século 16, de miguel Ângelo e de sua arte em pedra mármore. Por fim encontraremos outro tipo de poesia, na arte pela palavra, igualmente belos na fala do poeta “clássico” e urbano e do poeta “espontâneo” do Vale do Jequitinhonha. 1 leia: texto a Mestre Vitalino mestre Vitalino, grande oleiro(1) do agreste, transportou para o barro motivos da vida rural e do cotidiano (dia-a-dia) do homem do campo e do folclore nordestino. seu trabalho de cerâmica é de grande beleza. as suas representações plásticas (figuras de barro) mais conhecidas são: o casamento, a vaquejada, a família no trabalho, a velha tirando pulga, o bicho de pé do velho, o violeiro, os (1) - quem trabalha com o barro antes de iniciar as leituras dos textos, acompanhe o educador, que vai mostrar a você, no mapa ou globo terrestre, onde ficam esses lugares. • Você gosta de ler? o que você costuma ler? 79 dançarinos, o homem brigando com o lobisomem, o palhaço de circo e outros. cada figura tem uma história contada por Vitalino, numa linguagem própria em que ele acentua as dificuldades, o humor, a malícia e a graça do seu povo. texto b texto c Aleijadinho Miguel Ângelo antônio francisco lisboa, o aleijadinho (1730-1814) nasceuem Vila rica, hoje ouro Preto. foi um gênio universal, escultor, artesão, entalhador, santeiro e arquiteto. ele foi vítima de uma doença muito grave que deformou suas mãos e mutilou seus dedos. era conduzido por escravos que lhe amarravam nas pontas do antebraço o cinzel e outros instrumentos de trabalho. suas obras, no estilo barroco, são encontradas nas igrejas de ouro Preto, mariana, caeté, tiradentes e são João del rei, dentre outras. michelangelo buonaroti foi escultor, arquiteto, poeta e engenheiro militar italiano (1475-1564). miguel Ângelo foi o primeiro grande escultor moderno. esculpia peças em mármore com grande perfeição. contam que, quando ele terminou de esculpir a estátua de moisés, ela ficou tão perfeita, tão perfeita, que ele disse para ela: 80 — Parla! (essa palavra em italiano quer dizer: fala!) michelangelo, quando perguntado como escolhia o mármore e as estátuas a esculpir, respondia: — a estátua está presa no mármore. eu a vejo e só o que faço é libertá-la, burilando-a. (buril = instrumento de corte do escultor) 2 aprecie os poemas! a) De carlos Drummond de andrade: “era uma vez um aleijadinho, não tinha dedo, não tinha mão, raiva e cinzel, lá isso tinha, era uma vez um aleijadinho, era uma vez muitas igrejas com muitos paraísos e muitos infernos, era uma vez são João, ouro Preto, mariana, sabará, congonhas, era uma vez muitas cidades e o aleijadinho era uma vez” (trecho de “o vôo sobre as Igrejas” de carlos Drumond de andrade, sobrecapa de aleijadinho, o Homem o Mito, suplemento Pedagógico. mg, ano VIII, bH. fev, 1989, n.62) b) De um poeta do Vale do Jequitinhonha, Dio cunha: “um arco de lua nova na janela desse céu e paixões aqui na terra são mistérios lá do céu tão longe desse chão estão minhas dores me faço um violeiro Para entender o segredo sou do jogo cego tição 3 converse com seu grupo • Quem conhecia estes autores? • De qual texto vocês gostaram mais? Por quê? • De qual poema vocês gostaram mais? Por quê? sou das asas de uma ave Que não voltou sou das areias de ouro Que o vento inda não soprou”. 81 Pensando e Compreendendo TextosB Você leu três textos, com mais exemplos da linguagem do artista plástico (no caso, escultores). Pôde perceber como eles passam as suas mensagens, como mostram a sua experiência de vida e a sua visão de mundo. em todas as linguagens mostradas nesses textos, existe um ingrediente principal: arte! criatividade! toque de gênio! 1 através do comentário, da troca de idéias e informações, da comparação. Penetre nesses textos e descubra sua riqueza em diversos aspectos (volte sempre ao texto). 1º comparando os três escultores entre si: Mestre Vitalino - Aleijadinho - Miguel Ângelo • o tipo de arte que desenvolvem; • o material que usam; • o que representam em sua arte; • a sua atemporalidade. 2º comparando os três escultores com o menino do sertão do carinhanha: • em que a arte desse menino difere da arte de mestre Vitalino, de aleijadinho e de miguel Ângelo. 3º comparando a fala do menino, — É bem fácil. Pego o pedaço de pau e fico vendo o bicho que eu quero. aí eu tiro o resto com o canivete. 82 com a fala de miguel Ângelo: — a estátua está no mármore, eu a vejo e só o que faço é libertá-la, burilando-a. o que você acha? Houve uma cópia ou as mesmas coisas podem acontecer com os homens em tempos e lugares diferentes? os dois fatos são verdadeiros? 4º comentando o trabalho artístico de cada escultor: • o humor, a malícia e a graça das peças de cerâmica do mestre Vitalino; • o gênio barroco do aleijadinho e a dificuldade para esculpir suas imagens; • a perfeição das peças de mármore esculpidas por miguel Ângelo. o que você conclui? 2 Procure no dicionário o significado de buril, para que você entenda melhor o sentido de burilando-a. 3 comente o sentido das expressões: “motivos da vida rural” “acentuava as dificuldades” “gênio universal” “escultor moderno” “militar italiano” 83 Produzindo Textos Pesquise sobre outras linguagens 1 Participe da escolha: artesão? escultor? poeta? violeiro? pintor? repentista? outros? ou todos eles juntos? • Decida com os colegas de grupo. 2 Procure informações: ... em enciclopédias, ... jornais ou revistas, ... almanaques ou folhetos, ... com pessoas de sua família, vizinhos, amigos e também com o educador e pessoas da comunidade. 3 selecione as informações: as que você julgar mais importantes. registre-as, por escrito, em folhas separadas. 4 colecione as folhas onde registrou as informações, para fazer um álbum. ... ilustre-as com fotos, gravuras ou desenhos; ... faça uma capa bem bonita, bem enfeitada; ... costure; amarre ou cole; prenda com fita crepe ou cole uma tira de papel mais grosso. Você pode,também, grampear as folhas ou inventar outro modo de prendê-las. 84 • antes de terminar o álbum, não se esqueça de fazer revisão dos textos escritos e as modificações que forem necessárias. apresente o trabalho para o educador(a). Conhecendo sua Língua 1 nos textos lidos você encontrou várias palavras com som nasal. algumas delas: mão - artesão - complicadas andava - campo - perfeição contam - encabulou - reembolso • Você pode observar que esses sons nasais do quadro são marcados ora por ão, ora por m, ora por n. 2 com seu grupo, retire do texto mais palavras com som nasal. agrupe-as da seguinte maneira: ão – m - n • observe e responda: — Quando se usa ão? — Quando se usa m? — Quando se usa n? (atenção para as formas como cantaram e cantarão, escreveram e escreverão.) • Dê exemplos: 85 • continue: as sílabas com som nasal podem aparecer em qualquer posição nas palavras? Quando é que o som nasal aparece marcado pelo til ( ˜ )? o til ( ˜ ) aparece apenas na situação indicada? • Pesquise isso, consultando o dicionário. Você seria capaz de registrar as conclusões a que chegou? faça isto. 3 Você já descobriu por que as palavras que se seguem são acentuadas? cerâmica, plásticas, última, séculos, mármore, Ângelo, número, mônica. 4 observe, agora, este outro quadro de palavras. algumas foram retiradas dos textos que você leu. • Preste atenção às que são acentuadas. • Descubra o porquê do uso do acento. uma dica: Verifique o número de sílabas e identifique a sílaba. • você • jogo • cipó • arte • pequi • fubá • mapa • texto • café • angu • sabará • saci • maré • catimbó • forte • poderá • urubu 86 1 releia, em casa, em voz alta os textos dos escultores. • Peça a alguém que avalie sua leitura. • comente os textos lidos com essa pessoa. • Dê notícias do álbum sobre arte e peça colaboração. 2 Procure em livros ou revistas palavras que tenham os casos de acentuação trabalhados. seja você também um artesão do barro! use, também, essa linguagem! represente, no barro, a sua visão de mundo (como você vê as coisas). coloque no seu trabalho o que você pensa, sente e aprecia. Siga estas instruções: a) misture terra e água (barro, argila). b) modele os bonecos, cenas, objetos, animais, santos, o que você quiser representar. Dê asas à sua imaginação. c) coloque para secar ao sol ou, se possível e se você souber, leve ao forno. aguarde o resultado! • se você for do nordeste poderá enriquecer as feiras, como a de caruaru, com seu trabalho. • se você for do Vale do Jequitinhonha ou de outras regiões, poderá também divulgar o seu trabalho. • se no lugar onde você mora acontecerem feiras, poderá contribuir com seu trabalho. • se quiser, poderá, também, pintar o seu trabalho. Poderá ainda ofertá-lo, como presente, para alguém de sua escolha. C APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. 87 0 400 Km Unidade 3 asPectos regIonaIs 87 88 Convivendo com TextosA Você lê ou ouve histórias antes de dormir? Quais? • leia a história com seus colegase educador. “Duda, antes de dormir, conversa com rosa. — lembro de uma dessas histórias que você aprendeu com sua mãe e que ela já tinha escutado da mãe dela, lá no maranhão. falava de um boi misterioso, não era? rosa espreguiçou-se, tomou ares de narrador e começou a contar a HISTÓRIA DE UM REI MAL-ASSOMBRADO. — era uma vez um jovem rei chamado D. sebastião. Valente e decidido, sonhava ficar famoso e ser glorificado em todos os recantos do mundo. reuniu, um dia, muitos navios e se lançou ao mar com um grande exército, para lutar contra os mouros, inimigos dos cristãos. seus soldados perderam a batalha e o rei nunca mais foi encontrado. sumiu. uns diziam que estava escondido em algum lugar e que em breve retornaria vitorioso à sua terra; outros achavam que havia sido arrebatado para o céu. o certo é que ele veio parar nas praias do maranhão e lá, na época de são João, transforma-se num grande touro, todo iluminado, coberto de pedras preciosas, com uma enorme estrela brilhante na testa. seus chifres são de ouro maciço e os olhos reluzem como brasas. muita gente conta que viu esse touro assombrado galopando desabalado pela beira-mar, pregando susto nos pescadores e nas famílias que moravam por aquelas bandas”. esPIrIto santo, antônio carlos do. Histórias para boi dormir. recife: bagaço, 1996. Consulte um globo ou mapa-múndi e localize: Portugal na europa; a África; na américa do sul, o brasil e, nele, o maranhão. Essa é a geografia do boi. Dom sebastião, rei de Portugal (1554-1578), organizou e comandou uma expedição contra os mouros, na África. morreu na batalha de alcácer-Quibir 89 B Pensando e Compreendendo Textos Você observou que esse texto é uma lenDa? logo, é uma tentativa fantasiosa de explicar um fato, um fênomeno real. 1 com seus colegas de grupo, separe, no texto, o que é realidade e o que é fantasia. • Participe, depois, dos comentários: a) em relação à realidade, descubra: — Quem era esse rei D. sebastião? — De onde ele era rei? — Qual era a sua relação ou a de seu reino com o brasil? b) em relação à fantasia, responda: — Quem é o touro? Justifique. — Você acha isso possível? Por quê? — o que você acha que tem a ver a época de são João com o aparecimento do touro? comente. 2 leia e observe: pregando susto nos pescadores pregando prego na parede pregando mentiras pregando sermões na igreja Discuta os significados de pregando. 3 explique a comparação: reluzem como brasas 4 faça duas comparações diferentes, no seu caderno: reluzem como como brasa 90 5 leia este outro texto: Pedro apareceu falando de um colega novo: um boi voador. É claro que ninguém acreditou. todos achavam que era bobagem. — bobagem, nada. Você está achando que meu colega novo não é assim? mas é... adivinhe só. o que é, o que é, que tem chifre e tem rabo, voa para tudo quanto é lado, é negro como a noite mais profunda, e cheio de fl ores, estrelas, pedacinhos de espelhos que brilham? — não sei, diga logo. — É um boi voador. — ah, bom, fez ela... e onde é que você já viu um boi voador? — no meu colégio hoje entrou um. É meu colega novo. mas eu já tinha visto um igual a ele, só que pequenininho, na sala da tia guguta. a mãe começou a entender e tratou de explicar a Pedro: — aquele boi não é voador, está pendurado ali só para enfeitar. É uma cópia da fantasia que os homens usam para dançar nas festas do bumba-meu-boi. acho que seu tio trouxe do maranhão ou do Piauí. e então ele entrou voando, leve e lindo, brilhando e reluzindo. um maravilhoso boi Voador, boi bumbá em todo seu esplendor. negro como a noite mais profunda e cheio de estrelas, fl ores e brilhos de beleza. e enquanto ele voava as franjas coloridas de seu manto dançavam com o vento. e tudo em volta aparecia nele por um momento. e os espelhinhos de sua garupa estrelada faziam uma festa de gala, refl etiam cada pessoa e cada coisa da sala. e cada um, brotando no brilho antigo, voava uma voltinha com o boi manso e antigo.” macHaDo, ana maria. O Menino Pedro e seu Boi Voador. rio de Janeiro: Paz eterra, 1979. 91 Produzindo Textos se você se encontrasse com esse touro, à beira-mar ou na beira de um rio, o que faria? • conte isso para nós. 1 Discuta, antes, com o seu colega: — onde vocês estariam? — o que estariam fazendo? — como o boi apareceu? — como ele era? — o que sentiram ao ver o boi? — o que fizeram? — e o boi, o que fez? — Vocês conseguiram o seu objetivo? — e o boi conseguiu o que queria? — como tudo terminou? — como vocês se sentiram depois do ocorrido? 2 registre o que vocês pensaram. 3 façam, depois, a revisão do texto produzido. consulte as orientações já apresentadas a você, neste livro (páginas 38 e 100/101). ouça o educador (a). 92 Conhecendo sua Língua 1 observe as palavras e compare-as: misterioso mistério famoso fama vitorioso vitória Qual a diferença? o que faz a diferença? conclusão. • forme outras palavras com oso (sufixo) e dê o significado. escreva no seu caderno e apresente para seus colegas e educador(a) 93 C 1 comente com pessoas de sua família os textos lidos em sala de aula. • faça uma leitura oral de um dos textos para essas pessoas. • Peça que elas avaliem a sua leitura. 2 converse sobre o boi focalizado nos textos. • reúna mais informações sobre a história desse boi. • registre-as, por escrito, e leve para a escola. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. 94 Convivendo com TextosA • comente com seus colegas. Você já dormiu ouvindo música alta ou barulhos de alguma festa? onde? Quando? Que festa? Já pensou em dormir ouvindo, não muito longe, a música e altos sons característicos de uma representação do bumba-meu-boi? Difícil, não? Você quer participar ou assistir? também o Duda... DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES a lua surge, esplendorosa, por entre as montanhas, destacando a silhueta do velho casarão do engenho. um engenho que, em outros tempos, fora dos mais afamados da Zona da mata pernambucana. Hoje, desativado, ou como se diz, de “fogo-morto”, vive do plantio da cana que antes moía e agora apenas fornece para uma usina de açúcar da região. Vive, também, das lembranças que provocava nos mais velhos, lembranças daquela movimentação intensa nas épocas de colheita e moagem e das animadas festas 95 de junho. Vive, ainda, da alegria que oferece a crianças como Duda, neto do proprietário, que ali vem todos os anos passar as férias, envolvendo-se em mil e uma aventuras, junto com os filhos dos moradores que lá ainda permanecem. naquele momento, num dos muitos quartos do andar superior e já em roupas de dormir, ele tagarela com a criada, que reclama: — eta, seu Duda! Parece que essa vai ser uma daquelas noites de serão, hein? esse sono chega ou não chega? Duda, sentado na cama, com o cobertor até a cintura, responde de braços cruzados e cara amarrada: — ah, rosa, tenha santa paciência. Quem é que pode dormir com esse bumba-meu-boi rolando lá fora a noite toda? o vento, de fato, trazia dos lados da vila, uma voz de mulher, acompanhada pelo som inconfundível da rabeca, essa espécie de violino rústico, que já teve presença obrigatória em tantos folguedos populares. o bombo e o pandeiro marcavam o ritmo daquela toada, que era a chamada de mateus e bastião, figuras saltitantes e brincalhonas, que dão início à apresentação. De cara pintada e folgadas roupas de estampa berrante, deviam àquela hora estar dançando nas pontas dos pés ou distribuindo inofensivas bordoadas na roda de espectadores, com suas bexigas de boi cheias de ar. era o que se podia imaginar ouvindo a mistura de gritos e gargalhadas que vinham se juntar à música. esPÍrIto santo, antônio carlos do. Histórias para Boi Dormir. recife: bagaço, 1996 • consulte o dicionário, se houver necessidade. 96 • Você já foi a uma festa que tinha um bumba-meu-boi? • comente com os colegas: - onde; - quando; - quem estava lá; - o queaconteceu; - as músicas tocadas, etc. 97 B Pensando e Compreendendo Textos 1 releia a frase abaixo. substitua o que está destacado por palavras que conservem o mesmo significado. • um engenho que, em outros tempos, fora dos mais afamados da Zona da mata pernambucana. 2 leia e observe as expressões. • comente o seu significado. engenho desativado engenho de “fogo-morto” 3 Pense e responda: • Por que “fogo-morto”? explique. Você se lembra das expressões: Sentido próprio? Sentido figurado? aplique-as a fogo morto. 4 agora, observe: cara amarrada a ilustração mostra o verdadeiro significado dessa expressão? a expressão está registrada no texto em seu sentido próprio ou no sentido figurado? 98 5 releia as expressões, também encontradas no texto: noites de serão presença obrigatória estampa berrante santa paciência rolando lá fora folguedos populares inofensivas bordoadas • Identifique as que têm: sentido próprio e sentido figurado. • consulte o texto, se precisar. • Peça ajuda ao educador. 6 escreva as afirmações abaixo na coluna a que pertencem dentro do quadro. faça isto no caderno. Duda estava com sono. o menino assistia ao bumba-meu-boi. mateus e bastião dançavam. o engenho era antigo. uma mulher fantasiada tocava pandeiro. falso Verdadeiro • acrescente mais três afirmações em cada coluna. 99 Produzindo Textos “Durma-se com um Barulho Desses” começa assim: a lua surge, esplendorosa, por entre as montanhas, destacando a silhueta do velho casarão do engenho. 1 lua e poeta são uma dupla inseparável. algumas amostras para você. aPrecIe! VÁRZEA Pela várzea verde-moita sob as cortinas da noite, pulam sapos de contentes, grilos mostram finos dentes. chegam todos serelepes para a festa que promete. Vagalumes – lamparinas – conduzem os convidados. Vento sopra numa flauta treme-treme de bambu. Pernilongos tisiquinhos são violinos em surdina. lá nos altos Dona lua sem sorrir e sem chorar. enquanto isso bailareco das acácias – saias brancas de papel – animado continua até a vinda do sol. lIsboa, Henriqueta. O Menino Poeta, rio de Janeiro: bedeschi, 1943, p. 35-36. 100 NO MUNDO DA LUA Martins D’Alvares lá vai a lua… lá vai! boiando… como um limão que flutua e eu fico de cá, pensando: Que haverá dentro da lua? mas a lua nem escuta… fura uma nuvem. se esconde. surge e se põe a me olhar será que de “esconde- esconde” ela está me convidando Para brincar? e a lua continua... lá vai andando. lá vai... ninguém a está segurando… Por que é que a lua não cai? FÉRIAS Que noite escura! Que breu! cadê a lua? Pegou carona no rabo do cometa, foi brilhar noutro planeta. amarante, Wânia. Arco-íris. belo Horizonte: miguilim, 1983 101 Ouça a leitura dos poemas pelo educador. • Participe da leitura em grupo. 2 forme com seus colegas outros grupos. • cada grupo vai ensaiar a apresentação de um dos poemas, em jogral: Você sabe o que é um jogral? Jogral é um coro falado. ele pode ser organizado de várias maneiras: a) em uníssono: todos falam (ou lêem) o poema juntos, como se fosse uma só voz; b) grupos alternados: cada grupo fala (ou lê) uma parte do poema; c) alternância de voz e coro: um coro de vozes fala (ou lê) partes do poema, outras partes são faladas (ou lidas) por apenas uma voz (solista). • Peça ajuda do educador, na organização e no ensaio desse jogral. 3 marque o dia da apresentação e convide outros colegas e educadores da escola. o coro falado, se bem ensaiado, é tão bonito como um coro cantado. Participe da avaliação da apresentação. 102 4 Você leu, apreciou e apresentou, em jogral, poemas que falam da lua. — Você gosta de observar e apreciar a lua, nas noites do lugar onde você mora? Faça isso por alguns dias. • observe bem a lua! forma e cor. o céu (cenário onde ela está). se há estrelas e como elas se apresentam. se há mais alguma coisa nesse cenário: o quê, como. como está o cenário na terra: a noite (agradável, fresca, fria, quente...); as árvores; sons noturnos; barulho ou vozes de animais... o vento... 5 Depois de alguns dias de observação, pense sobre o que viu e, com um colega, faça uma descrição de uma noite de lua. 6 terminada a produção, faça a revisão do texto com seu colega. Verifique: - se o objetivo da produção foi atendido (fazer uma descrição de uma noite de lua); - se as idéias estão seqüenciadas numa ordem lógica (coerência); - se essas idéias estão bem organizadas nas frases; - se o vocabulário está adequado; - se o texto está claro, não confuso; 103 Conhecendo sua Língua 1 no texto lido você encontrou esses nomes que são dos personagens da história: Duda, Rosa, Mateus e Bastião • brinque, chamando esses nomes. • chame: o Duda. Du...da! a rosa. Ro...sa! o mateus. mate...us! o bastião. bastião...ão! observe a sílaba onde você demorou mais na pronúncia. Du Ro te ão - se as palavras estão concordando, umas com as outras, nas frases; - se a pontuação usada está correta; - se não há palavras com problemas de grafia; - se o leitor (provável) vai compreender bem o texto; - se há modificações, deslocamentos de idéias, substituições ou transformações a serem feitas; - se você está satisfeito com o seu trabalho de produção. entregue esse trabalho ao educador. aguarde comentários, explicações e/ou sugestões. estas silabas são chamadas de sílabas tônicas são as sílabas mais fortes das palavras. 2 experimente: chame os seus colegas. Identifique a sílaba mais forte de cada nome — a sílaba tônica. escreva esses nomes no caderno e pinte a sílaba tônica. 104 3 Veja! Duda Rosa Mateus Bastião • estas palavras dão nomes a pessoas. • Há também palavras que dão nomes a coisas, objetos, lugares, sentimentos, animais... casa, caderno, árvore, saudade, amor, nordeste, boi, festa, lembranças, sudeste, centro-oeste... • comente essas palavras com seu educador e colegas: para que servem, sua importância, como e quando são usadas, como se diferenciam em relação a outras, sua origem, características, etc. 4 observe a pontuação usada no texto. explique: • Por que foram usados: ? : ! - Voce se lembra da turminha do campo? Pois faça o mesmo com seus nomes. Desenhe as carinhas também. 105 C 1 leia, em casa, os poemas sobre a lua. • Peça a alguém que aprecie sua leitura. 2 chame os nomes das pessoas de sua família e da turminha do campo, para identificar a sílaba tônica. • escreva esses nomes no caderno: pinte as sílabas mais fortes, as sílabas tônicas. 3 não se esqueça de apreciar a lua no céu. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. 106 Convivendo com TextosA Você já assistiu ou participou de uma representação do bumba-meu-boi? Quando? onde? como foi? • comente com seus colegas e o educador. saiba melhor o que é o bumba-meu-boi por meio desta leitura. são “flashes” de um bumba-meu-boi. • leia: o bumba-meu-boi é um espetáculo popular nordestino que reúne religiosidade, drama e comédia a um só tempo. antigamente era encenado nas festas de natal até santos reis. com o tempo, realçou mais suas brincadeiras,suas comédias, passando a ser folguedo até de carnaval. mas nunca perdeu sua idéia central, o eixo da sua dramaturgia religiosa e pastoril em torno da vida, da morte e da ressurreição do boi. o espetáculo folclórico bumba-meu-boi aparece em todas as regiões brasileiras, com outros nomes e caracterizações. Pesquise, registre, ilustre e apresente para sua comunidade no Dia das Conquistas 107 Curiosidade o bumba meu boi é uma festa do folclore do brasil. em cada lugar ela é um pouco diferente e tem até outros nomes: - Boi bumbá, no Pará e amazonas; - Boi de Mamão, em santa catarina; - Boi-calemba, em recife e rio grande do norte; - Boi de Reis; de Matraca ou Boi-bumbá, no maranhão; - Três Pedaços, em alagoas;- Folguedo do Boi, no rio de Janeiro, cabo frio - Boi-surubi, no ceará; - Boizinho ou Boi de Jaca, em são Paulo; - Mulinha ou Boi-da-manta, em minas gerais; - Rancho do Boi, na bahia; - Bumba-meu-boi, em Pernambuco e alagoas. 3 comente com seus colegas e educador(a): • como é a festa do bumba-meu-boi no lugar onde você mora? 4 Você observou que fizemos uma viagem pela cultura nordestina? agora, com a ajuda e a orientação do seu(a) educador(a), faça uma pesquisa dos seguintes aspectos típicos de sua região: - falares - Danças - folguedos - culinária (receitas) - lendas - literatura - artesanato - músicas - costumes - outros aspectos que considerar importantes. 108 5 Discuta, no grupo, como será o roteiro da pesquisa, forme comitês. Distribua um aspecto para cada comitê. • Quando a pesquisa estiver concluída, organize uma bela exposição para apreciar e aprender. • Pode também por em prática tudo que foi estudado por meio de uma feira regional, com barraquinhas diversas, onde os visitantes poderão encontrar amostras de produtos regionais, artesanato em geral, culinária (receitas, degustação), trajes típicos, músicas, livros e textos literários, etc. Programe essas apresentações, expondo um cartaz com data e horário.combine com o educador. 109 maIor, mário souto. Comes e Bebes do Nordeste. recife: bagaço, 1995 1 lendo o texto que se segue, além de conhecer mais sobre a língua, você vai aprender a fazer uma comida muito gostosa e muito usada no nordeste. • Você gosta de carne-de-sol? leia. (use o dicionário, se precisar): texto1 Carne de Sol a carne-de-sol é um dos pratos mais típicos do nordeste rural. assim como no sul, os estancieiros, nas charqueadas, abatem suas reses em grande escala, transformando-as em mantas de carne salgada, para não se deteriorarem enquanto são estocadas. exportadas e consumidas, os fazendeiros nordestinos usam processo quase semelhante em relação à carne-de- sol, também conhecida como carne-do-sertão, em menor escala, com menos sal e, conseqüentemente, sem suportar uma estocagem prolongada como a do charque. É encontrada nas feiras e algumas cidades são conhecidas por seu modo de prepará-la, como campina grande e guarabira, na Paraíba. mas, você sabia que pode fazer sua carne-de-sol em casa? tome um pedaço de contra-filé, sem lavar, que tenha uma parte de gordura; lave e, em seguida, dê uns talhos verticais; tempere com sal e pimenta-do-reino e bote no sol durante um dia, virando quando o lado exposto ao sol estiver escuro. antes de assar lave-a ligeiramente e estará pronta para ser passada na grelha ou numa frigideira com óleo e uma rodela grossa de cebola. come-se a carne-de-sol com feijão verde, farofa branca, de jerimum ou de batata doce. fica uma beleza. B Pratos típicos de sua região. Pesquise 110 1 explique o significado de salgadinhos. • outros salgadinhos: e a sua receita? Você tem uma? fatias de pão com patê(1) lombo torresmo queijo com ervas (1) - pasta feita com carne amassada e temperada (frango, fígado, presunto, etc) Pedaços pequenos de carne-de-sol e de mandioca ou aipim fritos são salgadinhos muito apreciados. 111 2 troque receitas de outros salgadinhos com seus colegas. Observe: João comprou uma manta de carne-de-sol. João cobriu-se com a manta. Complete: manta de carne-de-sol = manta = 4 outro prato típico do nordeste é a galinha de cabidela. A galinha de cabidela é um prato famoso no nordeste Prato dominical, preparado com muito cuidado e carinho para ficar ainda mais gostoso. Receita Ingredientes: uma galinha de capoeira gorda, de preferência uma galinha de pescoço pelado, uma cebola picada, uma colher de sopa de coentro e cebolinha bem picados, uma de banha, outra de manteiga e sal a gosto. no sul, a galinha de cabidela é conhecida como galinha ao molho pardo. na linguagem popular, cabidela é roupa de casemira, velha, já surrada. maIor, mário souto. Comes e Bebes do Nordeste. recife: bagaço, 1995, p. 105. 112 5 se você fosse vender carne-de-sol ou charque (descubra a diferença) - como escreveria um anúncio para isto? - como faria uma propaganda? 6 leia e descubra a diferença. comente no seu grupo. 7 faça também a propaganda de produtos da sua região. 113 1 mostre para quem cozinha em sua casa: o texto da carne-de-sol; a receita da galinha de cabidela. • comente com essa pessoa os dois textos. Você notou que eles são um pouco confusos para servir como uma receita? será que alguém que não sabe cozinhar conseguiria fazer essas duas comidas? 2 releia esses textos. • reescreva-os, transformando-os num texto-instrução, que facilite a execução das receitas. Você já sabe escrever esse tipo de texto. • se tiver dúvidas, consulte as receitas encontradas no Cantinho da Leitura. C 114 A os cantores de viola, os repentistas, por meio de versos improvisados, “traziam notícias de terras distantes, dos engenhos de açúcar, fazendas, povoados do sertão e cantavam, também, narrativas de velhas épocas que a memória popular foi conservando”. com o passar do tempo, esses versos foram impressos em folhetos de 16 x 11,5 cm, com 8 a 16 páginas, em papel jornal. eram vendidos como textos de literatura de cordel, que durante um século foi o único tipo de leitura e o principal veículo de informações para milhões de pessoas semi-isoladas na vastidão nordestina”. Literatura de cordel 115 Zé lanceiro era um boneco inventado por romeu para, nos dias de festa, se transformar em mateus, mas, por causa de ciúmes, quase que ele morreu. acontece que o lanceiro teve de se apaixonar por uma tal catirina e achou que ia casar. não pensava que uma briga tudo podia mudar. Durante o correr do ano, catirina acompanhava Zé lanceiro com seu bloco, tudo pra ele ajeitava. ele era, dessa maneira, o que um dia ela sonhara. Durante o correr do ano, catirina acompanhava Zé lanceiro com seu bloco, tudo pra ele ajeitava. ele era, dessa maneira, o que um dia ela sonhara. catirina amava o frevo e Zé lanceiro, também; quando o carnaval chegava, quem dava conta de quem? se perdiam um do outro, ninguém pensava em ninguém. Zé lanceiro, bem na frente, ia pedindo passagem, os caboclinhos seguindo tal qual alguma miragem, o povo todo assistindo àquela bonita imagem. ferreIra, elita. Zé Lanceiro e Catirinha. recife: bagaço, 1996 (fragmentos). a história é verdadeira e muito feliz termina; quem comprar este folheto vai ter sorte em sua sina para amar e ser amado, tal lanceiro e catirina. a sua roupa brilhava como se fosse o luar; a lança, toda de fita, quando dançava no ar, traçava desenhos lindos no céu daquele lugar. Depois, saíram dançando ao som daquele congado, nunca mais se arriscariam brincar, os dois, separados. mil promessas se fariam, mesmo depois de casados. se puder leia o livro para apreciar melhor todo o cordel texto I - Zé Lanceiro e Catirina É um cordel com elementos do auto do Bumba e do Maracatu. leia algumas estrofes: leia os textos e comentes com seus colegas e educador. 116 • releia esta estrofe: A sua roupa brilhava como se fosse o luar a lança, toda de fita, quando dançava no ar, trançava desenhos lindos no céu daquele lugar. • tente imaginar a cena. • represente-a de algum modo: desenho; dança; dramatização; modelagem do boneco Zé lanceiro; vestimenta ou caracterização de um boneco com a lança enfeitada de fita e a roupa brilhante. • escolha outra estrofe para representar com a colaboração de colegas. • as estrofes que contam a briga não aparecem no texto. suponha o que aconteceu. • escreva ou comente com seus colegas. texto II - Baile No Sereno cantador canta tristeza, canta alegria também. É de sua natureza cantar o mal e o bem. Pois ele tem dentro dele o canto que o canto tem... Por isso, se o mar secar, se cobra comprar sapato, se o cachorro virar gato, se o mundo puder falar, se a chuva chover para cima, se barata for grã-fina, Quando o embaixo for em cima, cantador vai se calar. rocHa, ruth. Boi,Boiada, Boiadeiro são Paulo: Quinteto, 1995. 117 texto III - Os Fios das Histórias • ouça, agora, a leitura feita pelo educador. — Você sabe o que é XaXaDo? — É uma dança típica do nordeste. Pode-se dizer que é um sapateado de alpercatas, alpargatas ou sandálias de couro dos vaqueiros cearenses. mas, de repente, vi uma cor brilhar... Que linda cor! era um fio amarelo, cheio de luz. e, puxado pelo fio, apareceu um boneco, desses que são manipulados. era uma marionete! o boneco, muito alegre, fez uma curvatura e se apresentou, dançando: — muito prazer! meu nome é Xaxador! e... tem que tem-tem, vem que é tantã, xaxadinho puxa o fio da aranha tecelã! Xaxadinho, xaxadeiro, quem entrar neste xaxado, ou é boi ou boiadeiro, ou é um cabra da peste, coronel lá do nordeste, ou é valente e maneiro, xaxado bem brasileiro! Do meu passo ninguém ganha, pois no pé do meu compasso vem surgindo a dona aranha! tem que tem-tem, vem que é tantã, xaxadinho puxa o fio da aranha tecelã! • Vamos dançar o xaxado? ortHof, sylvia. A Gema do Ovo. são Paulo: ftD, 1988 118 Pensando e Compreendendo TextosB 1 Programe, com o educador e colegas, a releitura dos três textos. Literatura de Cordel — um colega lê o texto que introduz a literatura de cordel; outros lêem, cada um, uma estrofe do texto Zé lanceiro e catirina. algumas crianças podem dramatizar o texto ou fazer mímica durante a leitura. Baile no Sereno — um grupo selecionado faz a leitura do poema em uníssomo (todos de uma vez) depois de ouvir uma leitura feita pelo educador. Os Fios das Histórias — uma colega lê o primeiro parágrafo do texto. Você ou outro colega lê a parte do Xaxador. 2 selecione, com seus colegas de grupo, palavras cujo significado deixa dúvidas. • Procure os significados no dicionário. • Inclua essas palavras no seu glossário. 3 comente as características dos três textos. • saliente semelhanças e diferenças. 4 comente os aspectos folclóricos dos textos: • origem e região; • compare com o folclore da sua região; • se você for da região do xaxado, compare-o com o folclore de outras regiões. • relacione outras danças parecidas com o xaxado, da sua ou de outras regiões. 5 Você conhece outras danças da sua região? • e desafios, você já assistiu a algum? • comente isto com colegas e educador. 119 Produzindo Textos Dance o xaxado! 4 reserve com seu educador e colegas um momento para vocês dançarem o xaxado. • tente dançar. Pode ser assim: batendo os dois pés ao mesmo tempo, falando os versos e marcando o ritmo com palmas. 2 escreva uma carta: para nós (autoras deste livro), dizendo se estamos ensinando a dançar o xaxado de maneira correta. explique para nós, na carta, como é essa dança. Você já escreveu muitas cartas, desde o trabalho com o livro 1. • sabe como é, não? Nosso endereço: cePemg - av. carandaí 863 funcionários - ceP: 30130-060 belo Horizonte - minas gerais Conhecendo sua Língua 1 o xaxador se apresentou, dizendo: — muito prazer! meu nome é Xaxador! — se você fosse apresentado a alguém, o que diria? — como isso se faz no lugar onde você mora? • comente, com seus colegas de grupo, maneiras diferentes de fazer essa apresentação. • Você pode simular uma situação semelhante na sala de aula. • combine com seu educador. • Pense em ocasiões diferentes quando a apresentação é necessária. 120 1 comente o xaxado com pessoas da família. • Dance com eles, se possível. 2 Peça a alguém que lhe fale sobre outras danças nordestinas. • escreva o nome dessas danças no caderno, explicando como são dançadas. 3 na escola, organize com os colegas uma coleção de danças do nordeste. coloque no Cantinho da Leitura. Participe da confecção de um álbum, bem ilustrado por todos, sobre danças do nordeste. lembre-se de fazer o mesmo para outras regiões brasileiras, principalmente a sua. este álbum deve fazer parte do acervo da biblioteca. 4 leia o livro que retirou do Cantinho da Leitura. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C Unidade 4 aQuarela brasIleIra 121 122 Convivendo com TextosA — Você gosta do samba, do frevo e do maracatu? Qual a experiência que você tem em relação a esses ritmos? • troque-a com seus colegas. Depois... • leia: assim como no nordeste, cada região brasileira apresenta características que lhe são peculiares (próprias), como usos, costumes, comidas, danças, linguagens... tudo isto faz parte do folclore de uma região. o folclore de cada região é parte do folclore brasileiro, ou seja, do nosso país, o brasil. o nosso folclore é muito rico, em todos os aspectos. uma das festas folclóricas, que acontecem em todas as cidades brasileiras e é conhecida mundialmente, é o carnaval. Durante o carnaval, o brasil se enche de turistas do mundo inteiro. eles se distribuem pelo rio de Janeiro, por são Paulo e pelo nordeste, pela fama e beleza dessa festa em cada um desses lugares, bem como outras localidades. Qual é a sua? carnaval, festa popular! o carnaval é uma festa popular que acontece em muitos lugares do mundo. o carnaval, também, em cada lugar, tem suas características. 123 no brasil é famoso e atrai muitos turistas. — Você sabe por quê? Leia e descubra! Viva o Carnaval! o carnaval brasileiro é um dos mais bonitos do mundo. Há carnaval em muito canto, como em recife, no rio de Janeiro, em olinda. um dos carnavais mais conhecidos é o carioca. em parte isso acontece porque no rio de Janeiro desfilam, na semana de carnaval, as maiores escolas de samba do país. a primeira escola de samba brasileira foi a Deixa falar, fundada no bairro carioca do estácio, em 1929. naquela época, as escolas desfilavam assim: na frente vinha o abre alas; depois a diretoria ou comissão de frente; uma ala de pastoras, todas vestidas de baiana; a baliza e a porta- bandeira; a academia, com coro masculino e bateria. agora as escolas são mais complicadas. cresceram muito, têm novas fantasias e novos personagens. num desfile de escolas a gente assiste a um espetáculo completo, como se fosse uma ópera ambulante: música, canto, dança, cenários e figurinos. 124 todo ano cada escola seleciona um tema do folclore ou da História do brasil para apresentar na avenida. o tema é o enredo daquele ano. Dele vão sair as fantasias, os cenários e os carros alegóricos. a história do tema será narrada pelo samba-enredo. a escola pode escolher, por exemplo, como tema o circo tem gente que vai se fantasiar de palhaço, tem gente que vai de bailarina, de equilibrista, um carro alegórico pode trazer o leão e seu domador... a escola encena vários aspectos circenses e o samba-enredo vai falar dos grandes palhaços e dos belos circos no brasil. no carnaval de 1987, por exemplo, a escola de samba mangueira escolheu como tema a vida do grande poeta carlos Drummond de andrade. suas poesias e seus contos foram vividos por toda a escola. embora hoje em dia muita gente se deixe fascinar pelo luxo das fantasias e dos enfeites que uma escola apresenta, as coisas mais importantes de um desfile são: a bateria, composta por vários ritmistas que tocam instrumentos diferentes, como agogôs, taróis, surdos, tamborins, pandeiros; o mestresala e a porta-bandeira que conduzem a bandeira da escola e exibem uma dança muito especial e graciosa; os passistas, que, embora nunca tenham aprendido a dançar, sabem fazer uns passos que muito bailarino não sabe fazer; e os compositores, autores de sambas que toda a gente canta durante o ano inteiro. Comente com seus colegas como é o carnaval na sua comunidade. Troque informações. m. Júlia goldwasser. museu Hist. da cidade do r. de Janeiro 125 B Pensando e Compreendendo Textos 1 Procure, no dicionário, o significado das palavras que você não compreendeu bem. • releia o texto identificando nele os significados encontrados. • Inclua essas palavras no seu glossário. 2 comente com os colegas e com o educador.Por que a autora comparou o desfile de uma escola de samba com uma ópera ambulante ? 3 faça frases, explicando o que é: 4 o que é, para você, o mais importante numa escola de samba? Por quê? 5 Você conhece muitas músicas de carnaval? — Quais? • comente com seus colegas. 126 uma das músicas de carnaval mais antigas e famosas é o abre-alas, de chiquinha gonzaga. • leia a letra: Ó abre-alas que eu quero passar! eu sou da lira não posso negar. Ó abre-alas que eu quero passar! • se você não sabe a música, pergunte a alguém que possa lhe ensinar. Depois, cante! 127 leia e cante com seu educador e colegas: mÁscara negra tanto riso, oh, quanta alegria mais de mil palhaços no salão. arlequim está chorando pelo amor da colombina, no meio da multidão. foi bom te ver outra vez está fazendo um ano, foi no carnaval que passou. eu sou aquele Pierrô que te abraçou e te beijou, meu amor. na mesma máscara negra que esconde teu rosto, eu quero matar a saudade. Vou beijar-te agora, não me leve a mal hoje é carnaval... Pesquise e cante outras músicas de carnaval. Que tal formar um bloco carnavalesco? seja criativo! Máscara Negra é uma marcha-rancho considerada um dos clássicos do carnaval brasileiro. foi composta por Zé Keti e Pereira matos, dois grandes e famosos carnavalescos. marcHa-rancHo é uma marcha de andamento lento, composta para ser cantada pelos rancHos (tipo de bloco carnavalesco). Zé Keti e Pereira matos. 128 mais informações, para você, sobre o carnaval! Zé Pereira – o carnaval tem personagens que, mudem-se os tempos e as ideologias, continuam os mesmos. o primeiro é, sem dúvida, o Zé Pereira, que deu nome a um grupo carnavalesco que, enfrentando as mudanças, continua vivo em ouro Preto. uma figura imensa, de fortes bigodes lusitanos(1), grande barriga que, ao dançar, sacode a pança. Rainha do Carnaval – a primeira rainha do carnaval “organizado” brasileiro foi eleita em 1933, no rio de Janeiro. antes, porém, o carnaval pernambucano, herdeiro de tradições centenárias, sempre teve, no maracatu, a sua rainha ginga, descendente direta das rainhas do congo e das festas de reinado do rosário. Há que se ter princesas, que dancem e mexam com o corpo e com a mente dos foliões. Rei Momo – gordo obrigatoriamente tem que ser o rei momo, símbolo que lembra o deus baco, romano, mexendo a barriga enquanto bebe um odre(2) de vinho e tenta beliscar uma vestal(3). Simbolos do carnaval (1).(2).(3) - o dicionário é seu amigo. confira. 129 Clovis – nos carnavais de antigamente, ainda lembrando o entrudo(1), havia os “clovis, personagens mascarados que andavam pelas ruas das cidades, jogando água nas pessoas, correndo atrás delas e lhes passando medo. Havia “clovis” em muitas cidades de minas, como Itabira por exemplo. Hoje é raro achá-los. Pierrô, Colombina, e Polichinelo – os três surgiram na “commédia del’arte” européia pós-medieval. o Pierrô sempre apaixonado pela colombina que, no entanto, está de olho no Polichinelo, no escaramouche ou no valentão matamouros e até no terrível rodomonte. todos vestindo roupas clássicas. a colombina de branco, o Pierrô de azul, o escaramouche de vermelho, o Polichinelo de amarelo e assim por diante. a música brasileira encontrou nestes personagens muitos motivos de inspiração. Confete e serpentina – Do mesmo modo, quando se fala em carnaval, há que se pensar em outras imagens não humanas. um deles o confete, “pedacinho colorido de saudade”, surgido no carnaval de 1892, mesmo ano em que era introduzida a serpentina. (1) - consulte seu amigo dicionário. 130 Lança perfume – outro produto, praticamente existente só na lembrança de alguns, é o lança- perfume. ele surgiu no carnaval de 1906, substituindo a bisnaga do entrudo. famoso no carnaval brasileiro foi o lança perfume rodouro, proibido, como outros produtos semelhantes na década de 60. Hoje, usar lança-perfume, importado principalmente da argentina, dá cadeia, por causa do seu potencial alucinógeno. mas houve um tempo em que “carnaval só se brincava com lança-perfume na mão”. estaDo De mInas. Espetáculo. belo Horizonte, 10 de fevereiro de 1997, p. 3. Portas-bandeira e Mestre-sala – as escolas de samba produziram novos tipos. cada uma delas tem que ter uma porta- bandeira e um mestre- sala, uma comissão de frente, destaques, uma bateria com seu mestre e uma ala de baianas. todos definitivamente incorporados ao imaginário carnavalesco. 131 Produzindo Textos 1 Produza um texto contando como é o carnaval no lugar onde você mora. 2 antes de escrever o seu texto, participe do debate com colegas: - o carnaval é comemorado em sua comunidade? • onde: - em espaços improvisados? - em escolas? - em clubes? - nas ruas? - em praças? - em outros lugares? • como: - bailes? - grupos? - blocos? - escolas de samba? - com fantasias? de que tipo? - com roupas adaptadas? - com roupas comuns? - como é feita a ornamentação para a festa? - Quem participa? - o que é usado na ornamentação? - Quais cores prevalecem? 132 - como as músicas são cantadas? - sem acompanhamento? - acompanhadas: - por orquestras? - por conjuntos? - só por baterias? - outros? - Quem participa dos bailes ou brincadeiras? - o que se sente numa festa dessas? - Qual a maior emoção? - o que, de bom, o carnaval nos traz? - outras... - e o seu carnaval? como é? • esgotado o debate, em grupo ou com um colega, produza o seu texto. lembre-se dos cuidados necessários a uma boa produção de texto, relativos a preparação, execução, revisão e apreciação. 3 faça a revisão do texto produzido: • se o objetivo da produção foi atingido; • se há algo a ser modificado, substituído, retirado ou acrescentado; • se há correções a fazer. • após a avaliação feita pelo educador, reserve seu texto para uma utilização posterior. 133 Conhecendo sua Língua 1 Você conhece esses instrumentos? agogô tamborim pandeiro tarol surdo — Você sabe tocar algum deles? — explique como é ou descubra. — brinque de Ditado com essas e outras palavras. (Informe-se com o educador) 134 2 Já pensou? com criatividade e sucata, você pode construir esses instrumentos. • faça isso com seus colegas. • forme uma bateria na escola. • ensaie. • treine bastante. • Depois, você e seus colegas podem fazer apresentações na escola e na comunidade. 3 busque mais informações sobre o carnaval no lugar onde você mora. Identifique semelhanças e diferenças do carnaval em diferentes lugares do brasil. 4 organize, com seus colegas e ajuda do educador, um álbum sobre o carnaval. Inclua no álbum: • informações que você coletou na pesquisa, • textos que encontrou neste livro, • o texto que você produziu sobre carnaval, • fotos, gravuras e ilustrações. coloque o álbum sobre o carnaval no Cantinho da Leitura. Pesquise 135 1 converse em casa sobre o carnaval na sua região: • Pergunte sobre o carnaval atual e o de antigamente. • anote as semelhanças e as diferenças dos carnavais em diferentes lugares. • Procure conhecer um ou dois sambas ou marchas mais antigos que ficaram famosos. • Peça à pessoa que lhe deu as informações que dite as letras das músicas para você. Peça, também, se possível, que ela verifique se você escreveu “corretamente”. 2 releia para alguém de sua família o texto informativo sÍmbolos Da folIa, do jornal Estado de Minas. • escreva uma frase que explique cada um desses símbolos. C apresente ao educador suas atividades 136 Convivendo com TextosA Você já sabe o que é um samba-enredo? Leia. o texto que se segue é um samba-enredo. observe como é diferente de outras letras de música que são poemas. Isso acontece porque o objetivo do samba-enredo é contar uma história que foi escolhida para ser o tema-enredo daquele ano. a letra do samba vai, assim, explicando todas as alas, todos os quadros e carros alegóricos que aparecem no roteiro da apresentação e que representam partes da história-tema. 137 Leia.AQUARELA BRASILEIRA Vejam esta maravilha de cenário É um episódio relicário Que o artista num sonho genial escolheu para este carnaval e o asfalto como passarela será a tela do brasil em forma de aquarela Passeando pelas cercanias do amazonas conheci vastos seringais no Pará, a Ilha de marajó e a velha cabana do timbó caminhando ainda um pouco mais Deparei com lindos coqueirais estava no ceará, terra de Irapuã De Iracema e tupã fiquei radiante de alegria Quando eu cheguei na bahia bahia de castro alves Do acarajé Das noites de magia do candomblé Depois de atravessar as matas do Ipu assisti em Pernambuco a festa Do frevo e do maracatu brasília tem o seu destaque na arte, na beleza e arquitetura feitiço de garoa pela serra são Paulo engrandece a nossa terra Do leste por todo o centro-oeste tudo é belo e tem lindo matiz e o rio dos sambas e batucadas Dos malandros e mulatas De requebros febris brasil, estas nossas verdes matas cachoeiras e cascatas De colorido sutil e este lindo céu azul de anil emolduram a aquarela do meu brasil. • cante com os colegas. sIlas De olIVeIra (Irmãos Vitale) 138 1 explique o que é um samba-enredo. 2 releia novamente o texto. use o dicionário se precisar. escreva ao lado do nome de cada estado brasileiro a(s sua(s) característica(s), indicada(s) no samba-enredo. amazonas Pernambuco Pará goiás ceará são Paulo bahia rio de Janeiro 3 releia o texto: a cara do carnaval. • compare as características do carnaval em algumas cidades do brasil. a) cidade: b) marca registrada: (o mais importante.) c) características: d) local onde acontece: e) blocos: f) onde o carnaval é mais caro, onde é mais barato? — o que você fez para descobrir isso? g o que você leu motivou-o a ir a algum desses lugares? Pensando e Compreendendo TextosB 139 — se você fosse passar o carnaval fora de onde você mora, qual cidade escolheria? — Por quê? 4 escreva o nome do estado onde fica cada cidade: olinda, recife, salvador, ouro Preto, Diamantina, são João Del rei, florianopólis, Porto alegre, brasília e Parintis. 5 como os jornais de seu estado têm noticiado o carnaval? • Pesquise; recorte; cole em papel grosso e coloque no mural ou no cantinho de leitura. 140 Produzindo Textos escolheu uma cidade onde passar o carnaval? • escreva, então, uma carta para a Prefeitura (secretaria de turismo ou de cultura ou outra) dessa cidade, pedindo mais informações sobre o carnaval nesse lugar. • mostre sua carta ao educador, antes de enviá-la. Conhecendo sua Língua 1 no texto da página 137 você encontrou várias palavras acentuadas: • releia: • timbó • goiás • Pará • ceará • acarajé • candomblé • relicário • dicionário • glossário • cenário • episódio • Você já sabe explicar o motivo da acentuação dessas palavras. 2 agora, leia: Por que essas palavras são acentuadas? • Pesquise, discuta isso com seus colegas de grupo e confirme com o educador. 141 1 leia os textos sobre carnaval nas cidades de minas, Pernambuco e bahia para pessoas de sua família. 2 Peça a essas pessoas que façam comentários sobre esses carnavais. 3 se você fosse se fantasiar no próximo carnaval, que fantasia escolheria? • Desenhe e pinte essa fantasia, bem bonita. 4 Produza um texto, descrevendo essa fantasia, nos mínimos detalhes. • leve seu trabalho para a sala de aula e apresente-o para o educador e colegas. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C 142 Unidade 5 PassareDo 143 144 Convivendo com TextosA bicho-pássaro, bicho-homem e... seus combinados Você sabe o que é constituição? 1 Procure essa palavra no dicionário e comente com colegas e com o educador. 2 Você já sabe o que é uma fábula. (recorde em comentários com colegas.) a que vai ler é a de uma sociedade de pássaros — caturama — e que tem coisas importantes a nos ensinar. será que aprenderemos? caturama é uma palavra indígena que quer dizer “o que há de ser bom” e também “terra boa”. nesse fabuloso país de passarinhos, pardais ambiciosos tranformaram-se em gaviões predadores. mas os passarinhos fizeram uma revolução, expulsaram os gaviões ditadores e resolveram elaborar uma constituição democrática de direitos iguais. eis o que fizeram: 3 leia o texto, silenciosamente. (boca fechada, sem vocalização ou movimento com lábios.) • não interrompa a leitura caso alguma palavra não seja bem compreendida. Marque, levemente, essa palavra com lápis. • Você já sabe o que fazer. Discutir com os colegas, educador, perguntar para pessoas da sua comunidade e consultar o dicionário. 145 Texto A A CONSTITUIÇÃO DE CATURAMA toda tarde havia uma grande reunião na mangueira. era uma festa! todos cantavam, davam sua opinião, traziam suas idéias. claro que às vezes ninguém se entendia, pois todos piavam ao mesmo tempo! só que “— bico calado!” era uma ordem que não se ouvia mais em caturama... as fêmeas exigiram que os machos também ajudassem a chocar os ovos, o que deu muita discussão! mas elas acabaram convencendo os de cabeça mais dura. — tem certas coisas que não são mesmo para macho fazer. — concordo! Dizer uma besteira dessas, por exemplo, não fica bem para nenhum macho. os filhotinhos também piaram, e bem alto: 146 — Queremos que as nossas escolas nos ensinem logo a voar. chega de ficar só aprendendo quem descobriu caturama, por que minhoca não tem osso, que é proibido ciscar na grama ou que todo gavião é um colosso! Depois de alguns meses e muitos debates, ficou pronta a constituição de caturama. um documento muito bonito! — bem-feitinho porque não teve nenhum come-dorme, que só põe o nome no fim do trabalho — lembrou a cambaxirra. a constituição de caturama era simples e curta como o canto da maioria dos passarinhos. seus artigos eram sete, como as cores do arco-íris. Por sugestão de um véu- de fogo, que não era muito fã de matemática, eles não receberam numeração. a constituição de caturama era bela, sonora e preciosa como as quinze manhãs do ano em que o uirapuru cantava, construindo seu ninho. e ninguém precisou decorá-la, pois o que ela dizia era o dia-a-dia de caturama, “o que há de ser bom”. 147 Artigos da Constituição de Caturama nenhum pássaro será mais que o outro. todos, machos e fêmeas, grandes e pequenos, pretos, brancos, azuis, verdes, vermelhos, marrons e amarelos voarão por onde quiserem e sempre respeitarão o direito maior, que é o de todos. nossos líderes não cortarão as asas de ninguém e só tomarão decisões de acordo com a vontade da maioria. a mata pertence a todos, e ninguém será o único dono de uma fruta, uma minhoca ou um remanso sequer. uma parte das terras, onde hoje só existem capinzais, receberá sementes de caju, goiaba, pitanga, jambo, sapoti e jabuticaba, para que todos possam saborear essas deliciosas frutas da nossa terra. a segurança de caturama é a segurança de toda a passarada, e cada passarinho é responsável por ela, estando obrigado a comunicar a todos a presença de estilingues, alçapões e gaviões. os ninhos são sagrados, invioláveis e qualquer um poderá construir o seu, no galho que bem entender. os gaviões que ainda restam em nosso meio têm o direito de voltar a ser pardais. os periquitos verdes, livres da função de tomar conta dos outros, não cabiam em si de tão alegres. e gritavam em revoada a grande lição que a vida ensina sempre: — somos todos iguais, mas todos diferentes! e é isso que nos deixa contentes! Discuta o texto com os colegas e com o seu educador. Você conhece alguma constituição como essa? alencar, chico. Passarinhos e Gaviões; Uma Fábula da Constituinte. são Paulo: moderna, 1986. p. 32-39 Texto B 148 Pensando e Compreendendo TextosB 1 retire do texto as palavras que você marcou. • Discuta e descubra com os colegas o significado delas, sempre consultando o texto. • se ficar alguma dúvida, consulte o dicionário. ajuste o significado ao sentido do texto. 2 Incluaessas palavras no seu glossário. 3 releia o texto, novamente e em silêncio, sem interrupções (paradas). 4 Há muito o que conversar sobre esse texto: • reconte a fábula com a ajuda de colegas. atenção para os itens sugeridos abaixo: a) constituição de... b) Quem eram os constituintes. c) como eram as reuniões. d) reivindicações. e) onde se realizavam as reuniões. f) Quando. g) Duração. h) Processo usado. 5 leia os sete artigos da constituição de caturama. • Pense, discuta sobre cada um deles e diga o mesmo, de preferência, com uma só palavra. se ao mesmo artigo aplicar-se uma outra palavra, acrescente. 149 alguns exemplos de palavras: democracia fraternidade igualdade justiça segurança liberdade participação propriedade (direito de) responsabilidade trabalho cidadania soberania 6 os filhotinhos piaram: Queremos que as nossas escolas nos ensinem logo a voar. a) explique o que significa voar para um pássaro. b) e para os filhotinhos dos homens, a que corresponderia o voar? — Por quê? c) o que significa, na constituição de caturama, não cortar as asas de ninguém? localize o artigo e comente. 7 Há um outro motivo diferente da sugestão do véu-de- fogo para não numerar os artigos da constituição de caturama. Qual é? 8 Por que no antigo regime de caturama os periquitos verdes tinham a função de tomar conta dos outros? — o que eles representam? 9 releia, na página 147, a referência bibliográfica da fábula que você leu. • encontre e explique o nome do livro onde está essa fábula. 10 Você percebeu qual é a moral da fábula e o que ela quer ensinar? • Discuta isso. 150 o brasil, em 5 de outubro de 1988, através dos deputados e senadores, reunidos em assembléia constituinte, votou a reforma de sua constituição. 11 comente com colegas e o educador. o que a constituição de caturama tem a ver com a constituição do brasil? atenção! não vale dizer que ambas são constituições. É óbvio, não? além disso, você deve ter percebido que caturama, claramente, é o brasil. • no texto há uma pista que indica isso. Tente descobrir. Peça ajuda, se não conseguir. mais dicas: Há, nessa unidade, outros textos que reforçam essa identificação. • Descubra neles os pontos que mostram isso. 12 agora você vai ler um texto com o preâmbulo (apresentação, introdução) e o Título I da Constituição da República Federativa do Brasil (princípios fundamentais). 151 • É uma apresentação inicial, mas não é necessário que você entenda tudo. É uma aproximação, o começo, um início de conhecimento, pois todos os cidadãos precisam conhecer a Constituição do País. • Você vai dar apenas um passo, mas como “toda caminhada ou uma grande jornada começam sempre com um passo”... • lendo este texto, você terá uma idéia do conteúdo de nossa Constituição. • além de tudo isso, você poderá estabelecer melhor comparação entre as duas constituições (caturama (suposta) e brasil (real). • Você vai fazer isso em conjunto com seus colegas e com a colaboração do educador; um ajuda a outro, democraticamente. • compare os artigos de uma e de outra e tire suas conclusões. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PREÂMBULO nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em assembléia nacional constituinte para instituir um estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte constItuIção Da rePÚblIca feDeratIVa Do brasIl. PreÂmbulo Texto C 152 Título I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º a república federativa do brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito federal, constitui-se em estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição. Art. 2º são Poderes da união, independentes e harmômicos entre si, o legislativo, o executivo e o Judiciário. Art. 3º constituem objetivos fundamentais da república federativa do brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento social; III - erradicar a pobeza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º a república federativa do brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; arts. 1º a 4º 153 III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os estados; VI - defesa da paz; VII - soluição pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao facismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão e asilo político. Parágrafo único. a república federativa do brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da américa latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. • essa constituição tem 9 títulos, divididos em capítulos, seções e artigos (245), além de atos dos Dispositivos constitucionais transitórios (70 artigos). • ouça as explicações do seu educador sobre isso. 13 observe a estruturação do texto sobre a constituição brasileira. consulte o dicionário e/ou o educador. 154 Produzindo Textos 1 Por que não elaborar, você e seus colegas, combInaDos (normas) para a sua classe ou para a escola? • Isso se você achar que existem necessidades as quais esses combinados poderiam resolver ou viabiliazar. não é bem uma constituição, mas ... claro que é discutível e negociável. afinal,são combinados. • Discuta todas as sugestões, escolha e redija esses combinados. • exponha-os no mural da classe ou da escola e cumpra. Conhecendo sua Língua 1 leia a informação sobre o uirapuru, tirada de uma enciclopédia. Uirapuru. s.m. - ornit. ave passeriforme, piprídea; porte pequeno; bico, curto e alargado; asa e cauda curtas. os machos ostentam plumagem colorida. Habita as matas e alimenta-se de frutos e insetos; ninho, em geral, redondo...... comprimento, cerca de 12 cm; plumagem de cor parda; cabeça vermelha; fronte e garganta amareladas; peito e ventre vermelhos; coxas brancas a fêmea é verde com a garganta e o ventre amarelados. ocorre na amazônia, brasil, na Venezuela e guianas chamado, também, Uiramiri. (Enciclopédia Brasileira Merito. Vol. 20.) Texto D 155 2 reproduza o quadro no caderno e preencha-o. onde habita como vive Quando canta característica do canto outro nome e algumas características UIRAPURU 3 explique esta frase do texto a: constituição de caturama: a constituição de caturama era bela, sonora e preciosa como as quinze manhãs do ano em que o uirapuru cantava construindo seu ninho. 4 observe no texto informativo da enciclopédia (uirapuru) a abreviatura s. m. . Peça explicações ao educador. • Você já vem fazendo isso desde o trabalho com o livro 4. toda vez que consultar o dicionário procure saber o que significam as abreviaturas antes de cada palavra. o uirapuru e muitos outros pássaros brasileiros estão na música Passaredo, de chico buarque e francis Hime. 156 4 leia PASSAREDO chico buarque e francis Hime ei pintassilgo oi pintarroxo melro uirapuru ar chega e vira engole o vento saíra, inhambu foge asa branca Vai patativa torjo, tuju, tuim Xô tiê sangue Xô tiê fogo Xô rouxinol sem fim some coleiroanda trigueiro te esconde colibri Voa macuco Voa viúva uitiariti bico calado toma cuidado Que o homem o homem vem aí (bis) ei quero-quero oi tico-tico anum, pardal, chapim Xô cotovia Xô ave-fria Xô pescador-martim some rolinha anda andorinha te esconde bem-te-vi Voa bicudo Voa sanhaço Vai juriti bico calado, muito cuidado o homem vem aí (bis) • ouça a leitura desse poema/canção pelo seu educador. • leia o poema silenciosamente. • Pense: Você concorda com a mensagem dos autores? Por quê? se pudesse, o que você diria a um pássaro? • Participe dos comentários sobre o poema. como você o liga aos outros textos? Texto E 157 Há aspectos comuns entre esses textos? • Há um pássaro que aparece em três textos (a, D, e). Qual é a sua importância em cada texto? e as diferenças? (tipo de texto e assunto). • aprenda a cantar essa canção. • Dê sugestões para um coro falado e participe dele com seus colegas. 5 o arranjo ou a combinação das palavras na frase criam expressões novas que se popularizam (ficam populares, comuns). essas expressões passam, então, a ser usadas no dia-a- dia pelo povo. no texto da constituição de caturama há algumas bem interessantes. Você as conhece? Já usou alguma? • explique-as. come-dorme bico calado! nenhum pio! dia-a-dia quer dizer 6 Você sabia que um modo de formar palavras em nossa língua materna é pelo acréscimo de sílabas, com determinado signifi cado, antes ou depois da palavra principal? antes prefixo depois sufixo 158 • complete as lacunas, formando outras palavras: árvore que dá: caju goiaba pitanga jambo sapoti jabuticaba laranja manga pequi cacau • Pense no seu significado. Identifique o sufixo. Qual a relação que esse sufixo estabeleceu entre a palavra de origem (árvore) e a palavra derivada? conclusão: 8 releia: os periquitos verdes, livres da função de tomar conta dos outros, não cabiam em si de tão alegres. e gritavam em revoada a grande lição que a vida ensina sempre:— somos todos iguais, mas todos diferentes! e é isso que nos deixa contentes! 159 • observe a palavra revoada. Procure no dicionário os significados de: revoada e revoar estas palavras são palavras compostas? Por quê? o que mostra isto para você? De qual palavra elas se originam? o que significa o prefixo re? um desafio para você • releia este artigo da constituição de caturama: a mata pertence dono de todos, e ninguém serão único uma fruta, uma minhoca ou um remanso qualquer. • observe a palavra remanso. Procure seu significado no dicionário. Pode-se dizer que essa palavra é também uma palavra composta? Que a palavra principal é manso e o prefixo é re? • Justifique sua resposta. explique o que precisou fazer para descobrir essa resposta. E então? Qual é uma conclusão importante que se pode tirar? 160 1 leia, em casa, os textos trabalhados na sala de aula. • comente-os com pessoas de sua família. 2 Procure em jornais, revistas ou no próprio livro palavras compostas por prefixos ou sufixos. • liste-as e leve para a escola. 3 leia o livro que retirou do Cantinho da Leitura. APRESENTE AO EDUCADOR SUAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE MÓDULO E PEÇA QUE ELE REGISTRE SEU PROGRESSO NA FICHA DE CONTROLE DE PROGRESSO. C 161 Convivendo com TextosA Hoje mais do que nunca, os direitos do homem têm sido a grande preocupação da humanidade. Por esse motivo, o seu cumprimento vem sendo exigido pelos povos de todas as nações. sua presença é obrigatória nas diferentes constituições. na verdade, os direitos do homem são a base de todas elas. • Você já trabalhou com isso nos textos: constituição de caturama e constituição federativa do brasil. • agora vai apreciar outra abordagem do tema, ou seja, outra maneira de tratar desse assunto: a poética. nessa abordagem, o poeta lida com os sentimentos, com a emoção, num arranjo criativo com as palavras, conduzindo a resultados mais profundos e duradouros que os conseguidos por uma informação técnica ou um texto formativo. Leia e comente com o educador(a) e colegas. thiago de mello, poeta e cantador, caboclo do amazonas, nascido em barreirinha, dá o seu recado. o seu recado é o da esperança e de fé no homem. o seu recado é o do amor. com estatutos do Homem, seu canto foi ouvido mundo afora, traduzido que foi em diversas línguas: 162 ESTATUTOS DO HOMEM Artigo 1 fica decretado que agora vale a verdade. que agora vale a vida e que de mãos dadas trabalharemos todos pela vida verdadeira. Artigo 2 fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. Artigo 3 fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Artigo 4 fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palavra confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. § o homem confiará no homem como o menino confia em outro menino. Artigo 5 fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. o homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa. 163 Artigo 6 fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de outrora. Artigo 7 Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da caridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo. Artigo 8 fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor. Artigo 9 fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu amor, mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura. Artigo 10 fica permitido a qualquer pessoa, a qualquer hora da vida, o uso do traje branco. Artigo 11 fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã. Artigo 12 Decreta-se que nada será obrigado nem proibido. tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela. § só uma coisa é proibida: amar sem amor. 164 Artigo 13 fica decretado que o dinheiro não poderá mais comprar o sol das manhãs vindouras. expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou. Artigo fica proibido o uso da palavra liberdade final a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. a partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, ou como a semente do trigo, e a sua morada será sempre o coração do homem. Discuta o estatuto com seus colegas e seu educador. mello, thiago de. Estatutos do Homem. são Paulo: martins fontes, 1997. 165 B Pensando e Compreendendo Textos Planeje uma apresentação do texto lido, com o educador e colegas, sobre os estatutos do Homem. Veja sugestões: 1 Depois de uma primeira leitura, feita por você e colegas, acompanhados pelo educador, o texto poderá ser lido novamente, em uníssomo (todos juntos) por um grupo de alunos. outro grupo fará uma pantomima, à medida que a leitura for acontecendo. ou 2 alguém, capaz de ler com expressividade, fará a leiturade todo o texto. ou 3 cada aluno lê um direito (artigo). • Ouça com atenção. Sinta. • comente em seguida. Procure os elementos, os arranjos, as ligações, as sugestões que fazem a beleza do texto. • aprecie e deixe essa beleza fluir. 4 um jogral poderá ser organizado com todos da classe. • um fundo musical dará um toque de beleza à apresentação, ou • uma coreografia feita por alguns alunos ou as duas coisas juntas. 166 • também uma iluminação colorida pode dar grande efeito: luzes que se acendem e se apagam ou lanternas (cobertas com papel colorido de várias cores) percorrendo o palco ou as mesmas lanternas acendendo e apagando e sendo retiradas aos poucos do foco. • Prepare, com seus colegas, sob a orientação do educador, com antecedência, a apresentação desse trabalho. 167 Produzindo TextosC • Participe dos depoimentos orais sobre a leitura e/ou apresentação do texto: Estatutos do Homem. • com as carteiras posicionadas em semicírculo, cada aluno: ... falará de suas emoções, ... dará suas impressões e opiniões sobre o texto de thiago de mello, ... comentará sobre os direitos do homem, de um modo geral, relacionando-os ao momento atual. Conhecendo sua Língua • com seus colegas de grupo encontre, no texto, os artigos que mais lhe chamaram atenção pelo arranjo com as palavras. • Identifique os recursos que o poeta usou para conseguir a beleza poética nesse arranjo. • comente e ouça o educador(a). 1 leia para as pessoas de sua família os textos: • constituição de caturama, • Passaredo e • estatutos do Homem. 2 ouça a opinião dessas pessoas sobre esses textos. 3 comente com elas a relação que você encontrou entre esses textos. 4 convide-as, se possível, a fazer um jogral de algum dos textos. • escolha a melhor forma. 168 ÚLTIMO ATO E, PARA TERMINAR! — QUE TAL FAZER TEATRO? 169 Convivendo com TextosA Você se lembra da mãe com medo de lagartixa? a mãe de Pluft, também tem um medo: medo de gente! Por que será? o texto que se segue é parte de uma peça de teatro de maria clara machado. leia: PLUFT, O FANTASMINHA (Ao abrir o pano, a Senhora Fantasma faz tricô, balançando- se na cadeira, que range compassadamente.Pluft, o Fantasminha, brinca com um barco. Depois larga o barco e pega uma velha boneca de pano. Observa-a por algum tempo.) Pluft — mamãe!... Mãe — o que é, Pluft? Pluft — (sempre com a boneca de pano) mamãe, gente existe? Mãe — claro, Pluft, claro que gente existe. Pluft — mamãe, eu tenho tanto medo de gente! (Larga a boneca.) Mãe — bobagem, Pluft. Pluft — ontem passou lá em baixo, perto do mar, e eu vi. Mãe — Viu o que, Pluft? Pluft — Vi gente, mamãe. só pode ser. três. Mãe — e você teve medo? 170 Pluft — muito, mamãe. Mãe — Você é bobo, Pluft. gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente. Pluft — mas eu tenho. Mãe — se seu pai fosse vivo, Pluft, você apanharia uma surra com esse medo bobo. Qualquer dia destes eu vou te levar ao mundo para vê-los de perto. Pluft — ao mundo, mamãe?!!! Mãe — É, ao mundo. lá em baixo, na cidade... Pluft — (Muito agitado vai até a janela. Pausa.) não, não... não. eu não acredito em gente, pronto... Mãe — Vai sim, e acabará com estas bobagens. são histórias demais que o tio gerúndio conta para você. (Pluft corre até um canto e apanha um chapéu de almirante.) Pluft — olha, mamãe, olha o que eu descobri! o que é isto?! Mãe — seu tio gerúndio trouxe do mar. (Pluft fora de cena continua a descobrir coisas, que vai jogando em cena: panos, chapéus, roupas, etc.) Pluft — (Sempre remexendo, descobre um espartilho de mulher.) e isso, mamãe (aparecendo), que é isso? ele trouxe isto também do mar? (Coloca o espartilho na cabeça e passeia em volta da mãe.) Pluft — Por que tio gerúndio não trabalha mais no mar, heim, mamãe? Mãe — Porque o mar perdeu a graça para ele... Mãe — Pluft, chega de remexer tanto nas coisas. Pluft — (Larga o espartilho no chão e passeia na cena à procura do que fazer.) Vamos brincar, tá bem? finge que eu sou gente. (Veste-se de fraque e de cartola.) 171 Mãe — (Sem vê-lo) chega de fazer desordem, meu filho. Você acaba acordando tio gerúndio. (Ela olha para o baú.) Pluft — (Pé ante pé, chega detrás da cadeira da mãe e grita.) uuuuh! (A mãe leva um grande susto e deixa cair as agulhas e o tricô.) eu sabia que você também tinha medo de gente. Peguei! Peguei! Peguei mamãe com medo de gente... macHaDo, maria clara. Pluft, o fantasminha. in Teatro. rio de Janeiro: agir, 1975. 2 Participe da leitura dialogada do trecho da peça. • repita a atividade enquanto houver interesse trocando sempre os papéis. • Dramatize essa cena. a diferença entre teatro e dramatização é que a dramatização é espontânea, sem papéis decorados e admite improvisações. • comente com seus colegas ou seus amigos as diferenças encontradas entre a leitura dialogada, a dramatização do texto e a sua representação teatral (teatralização, teatro). 172 Pensando e Compreendendo TextosB 1 Informação Peça teatral atos cenas÷ Às vezes há: introdução ou prólogo, entre atos e apoteose (final). 2 Você leu uma das cenas da peça Pluft, o fantasminha. _ consulte o texto, observe e responda: a) — Quais são os personagens em cena? (— observou que sempre antes de suas falas seus nomes são escritos?) b) o texto da peça começa com um trecho em parênteses: ( ) leia e responda: Por que esse trecho? — Para quê? c) Há vários outros trechos entre parênteses ( ) • leia-os e conclua: Qual é a sua importância? Por que são escritos com outro tipo de letra? 3 escreva no caderno e risque o que está sobrando. Pluft é um: fantasma menino fantasma-menino fantasminha 173 4 Você sabe dizer qual é a relação entre a boneca e a pergunta de Pluft? 5 comente com seus colegas. • Procure as causas e compare com situações de sua vida diária. • encontre semelhanças e diferenças em: medo de Pluft reação da mãe atitude de Pluft 174 Produzindo Textos aprenda mais um pouco sobre teatro. 1 releia o trecho da peça de teatro de maria clara machado. a) numere, de leve, as falas. comece com 1 e termine com 27, de Pluft. b) Inverta as falas 3, 4, 5, 12, 25 e 27, de fantasma, para um menino de verdade e uma mãe de verdade. c) escreva essas falas, formando um novo diálogo. (não copie o que está entre parênteses.) 2 Programe com seu grupo a apresentação desse trecho da peça de Pluft, o fantasminha. • Participe da escolha dos papéis (personagens). • ensaie bem a peça. • observe: a) as falas expressão, ritmo, entonação, timbre da voz, adequados aos personagens e à situação. b) as narrações posição dos personagens e movimentação conforme o que está nos parênteses (...) do texto. c) o cenário o local onde acontecem os fatos, o ambiente, a decoração, os objetos que aparecem. d) o figurino roupa dos personagens. • Participe da apresentação da peça • Participe da avaliação da apresentação da peça. — como foi? — podia melhorar? — precisa mudar alguma coisa? 175 — qual a reação da turma? — qual grupo encenou melhor a peça? 3 Desenhe e pinte: • o chapéu do almirante • o espartilho • o fraque • a cartola Você poderá usá-los na peça. 1 leia novamente a cena de Pluft. • responda: a) qual a graça do texto? b) onde Pluft mora? (identifique pelo texto) 2 Pense no humor (graça) das falas: — se seu pai fosse vivo... — eu não acredito em gente, pronto. — eu sabia que você também tinha medo de gente. 3 observe: Pluft — Por que tio gerúndio não trabalha mais no mar, hein, mamãe? Mãe — Porque o mar perdeu a graça para ele... InVente um motivo, um fato acontecido com o tio gerúndio que justifi que o diálogo do quadro e produza um texto. aPresente para seus colegas, na escola. leia os dos colegas também. escolha o melhor. 176 1 Para o seu prazer, leia outra cena da mesma peça. (antes leia essa explicação): A menina Maribel é seqüestrada por três marinheiros e levada para uma casa abandonada onde vivem Pluft e sua mãe. Lá ela é amarradaem uma cadeira e deixada enquanto os seqüestradores vão à cidade. Pluft entra na sala e vê a menina e fica com medo (de gente). A menina Maribel vê o fantasminha e também fica com medo. Mas como são crianças (gente, fantasma) curiosas, vão se observando, perdendo o medo e começam a conversar: Maribel (tensa) — como é que você se chama? Pluft (tenso) — Pluft. e você? Maribel — eu sou maribel. Pluft — Você é gente, não é? Maribel — sou. e você? Pluft — eu sou fantasma. Maribel — fantasma mesmo? Pluft — É. fantasma mesmo. mamãe também é fantasma. Maribel (relaxando) — engraçado, de você eu não tenho medo... Pluft — nem eu de você. engraçado... Mãe (de dentro) — Pluft! Pluft — É minha mãe. com licença. Que é mamãe? Mãe (de dentro) — com quem é que você está falando? Pluft — com maribel. Mãe — com quem? Pluft (gabando-se) — ora, mamãe, com gente... com maribel. Maribel — mas sua mãe também é fantasma? C 177 se você gostou dessa peça e quer conhecê-la todinha, peça à educadora ou a outra pessoa para arranjar o livro de maria clara machado, Teatro, da editora agir. e... terminando! mais uma receita para você! CANTINHO DA LEITURA receita para escolher um livro Ingredientes: Você, sua sensibilidade e o Cantinho da Leitura modo de fazer: entre no Cantinho da Leitura. escolha os livros que desejar. misture bem os assuntos. sente-se confortavelmente, olhe as capas, leia prefácios e, se tiver tempo, um capítulo. leve para casa o que mais gostou. Quando acabar a leitura, devolva-o sem estragos. convide um amigo para visitar o Cantinho da Leitura. Você não vai deixá-lo sem os prazeres de ler, não é mesmo? 178 POSFÁCIO - como foi a sua viagem? - estrada limpa, sem acidentes de percurso? ou precisou fazer algumas paradas para recuperação ou abastecimento? - encontrou barreiras? trechos interrompidos? Desvios? - Perdeu-se algumas vezes pelo caminho? mas o reencontrou? - Precisou da ajuda da turminha do campo? - malas e bagagens pesadas, extraviadas (perdidas), porém recuperadas? De toda essa aventura, chegou lá: ao país do PoDerler? se está nesta página, sabemos que sim. PARABÉNS! agora, você tem: a FORÇA, o PODER, a CHAVE! Pode ler, abrir quaisquer portas e janelas e trilhar os caminhos que preferir. SEJA FELIZ! 179 180