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ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DE PRODUTO E ECO DESIGN UNIASSELVI-PÓS Autoria: Ronei Tiago Stein Indaial - 2021 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jairo Martins Jóice Gadotti Consatti Marcio Kisner Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S819a Stein, Ronei Tiago Análise de ciclo de vida de produto e eco design. / Ronei Tiago Stein – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 128 p.; il. ISBN 978-65-5646-428-2 ISBN Digital 978-65-5646-429-9 1. Desenho industrial. - Brasil. 2. Aspectos ambientais. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 577 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco design? ............................................................................9 CAPÍTULO 2 Formas de promover a ACV e eco design ................................51 CAPÍTULO 3 Gestão e Engenharia do Ciclo de Vida (GECV) .......................93 APRESENTAÇÃO Durante séculos o homem vem fazendo uso dos recursos ambientais para seu sustento e, em troca, ele acaba devolvendo poluição e contaminação. Como consequências, tem-se enormes impactos ambientais negativos. Conforme ressalta Schwanke (2013), esse modelo, denominado sistema aberto, depende de um suprimento contínuo e inesgotável de matéria e energia que, depois de utilizada, é devolvida ao meio ambiente. Para que tal modelo possa ter sucesso, as seguintes premissas teriam de ser verdadeiras: • Suprimento inesgotável de energia. • Suprimento inesgotável de matéria. • Capacidade infinita do meio de reciclar matéria e absorver energia. No entanto, sabe-se que essas premissas não são verdadeiras e, diariamente, uma grande quantidade de resíduos é gerado ao redor de todo o mundo. Estimativas apontam que, em média, cada pessoa gera diariamente 1,2 kg, o que totalizada 1,4 bilhão de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) anualmente em nível mundial (SENADO FEDERAL, 2014). O uso descontrolado de recursos naturais (animais, florestais, minerais, energéticos, dentre vários outros), faz com que haja uma super exploração, colocando em risco o Planeta Terra. Ou seja, atualmente o homem vem tirando recursos em uma velocidade muito superior ao que o ambiente consegue repor. Como exemplo, podemos citar as florestas ao redor de todo o mundo que vem perdendo espaço para o desenvolvimento econômico. Mesmo que ainda tenhamos um longo caminho a percorrer buscando o desenvolvimento mais sustentável, cada vez mais, as indústrias, empresas, governos e a população de modo geral, estão se conscientizando dos impactos ambientais causados pelas atividades humanas. Por diferentes razões, como pressões de órgãos reguladores, pressões por parte dos consumidores, pressões internacionais, maior conscientização ambiental, dentre outros, o setor produtivo vem gradativamente incorporando ações no sentido da utilização racional dos recursos naturais, promovendo a redução dos resíduos, redução de custos de fabricação e do controle dos impactos negativos ao meio ambiente, buscando dessa forma, promover um desenvolvimento mais sustentável. Existem distintas maneiras das empresas se tornarem mais sustentáveis e neste material não se tem o objetivo de esgotar as formas de promover a sustentabilidade, devido às particularidades de cada empresa, porém, apresentar formas e caminhos para tal. Um dos caminhos para promover um processo produtivo mais sustentável é através da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). No Brasil, a gestão ambiental surgiu principalmente na década de 90. Inicialmente, grandes empresas e multinacionais começaram a implantar sistemas de gestão ambiental. No entanto, com o passar do tempo, a gestão começou a ser incorporada por médias e pequenas empresas, dos mais diferentes setores e áreas. De maneira resumida, um SGA visa avaliar e controlar os impactos ambientais decorrentes do processo produtivo, visando minimizar estes impactos. O conceito de SGA engloba desde atividades complexas, como substituir atuais fontes de energia não renováveis por renováveis; realizar o reaproveitamento de água em uma grande empresa mineradora, até atividades simples, como educar os colaboradores sobre a importância de separar corretamente os resíduos gerados. No SGA são analisados todos os setores e segmentos de uma determinada empresa, visando diminuir os impactos ambientais e reduzir ao máximo o desperdício. Para garantir tal façanha, é necessário, por exemplo, Avaliar o Ciclo de Vida (ACV) dos produtos, desde a compra da matéria-prima até o final de vida do produto. Outra forma de promover uma produção mais sustentável e que ao mesmo tempo pode estar englobada dentro de um SGA é o eco design, que tem como objetivo fazer uso de materiais renováveis na produção. O eco design é utilizado especialmente na etapa de concepção de novos produtos, visando à conformidade com princípios da sustentabilidade. Desta forma, uma das temáticas do eco design é promover a reciclagem e reaproveitamento dos materiais após o final de vida do produto. Este material está dividido em três capítulos, sendo que no Capítulo 1 serão apresentadas formas de implantar um Sistema de Gestão Ambiental e as normas regulamentadoras. Serão expostos conceitos sobre a avaliação do ciclo de vida de produtos, eco design e sua importância para promover a sustentabilidade. No Capítulo 2 serão abordadas as formas, etapas e cuidados necessários para promover a Análise do Ciclo de Vida, desde a cadeia produtiva até a disposição final do produto. Visto que o mercado comprador está cada vez mais exigente, compreenderemos a relação do produto com a criação de um design mais sustentável (eco design). Por fim, no Capítulo 3, compreenderemos a importância da logística reversa para o correto funcionamento da Análise do Ciclo de Vida. O avanço tecnológico pode ser uma grande aliada das empresas para gerenciar seus resíduos sólidos, analisar o ciclo de vida de produtos e promover o eco design. Logo, a produção sustentável é uma garantia de sobrevivência das empresas. CAPÍTULO 1 Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco design? A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Analisar os impactos ambientais causados pela produção e geração de resíduos. • Debater a importância da Gestão Ambiental e normas regulamentadoras. • Apresentar a importância do ciclo de vida dos produtos em empresas. • Explicar o que é eco design e sua importância para promover a sustentabilidade. 10 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design 11 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Visto que a população mundial vem aumentando e, em contrapartida, os recursos ambientais vêm se esgotando, já que muitos não são renováveis, é fundamental que as empresas se preocupem com a sustentabilidade. O sistema econômico em que vivemos tem alterado progressivamente as relações entre os recursos materiais, energéticos e humanos. Simultaneamente, o impacto da produção industrialsobre o ecossistema aumenta de forma exponencial. A preocupação crescente dos impactos ambientais gerados pela provisão de bens e serviços à sociedade tem sido indutora do desenvolvimento de novas ferramentas e métodos que visam auxiliar na compreensão, controle e redução dos impactos ambientais. A Análise do Ciclo de Vida (ACV), uma dessas ferramentas, considera o impacto ambiental ao longo de todo o ciclo de vida do produto: desde a extração das matérias-primas necessárias à produção ao uso e à disposição final do produto. A ACV é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos ambientais associados à produção de determinado produto. ACV encoraja as indústrias a, sistematicamente, considerarem as questões ambientais associadas aos sistemas de produção (insumos, matérias-primas, manufatura, distribuição, uso, disposição, reuso e reciclagem). A ACV é uma das etapas que são realizadas dentro de um Sistema de Gestão Ambiental. Não há processo de produção de um bem sem haver geração de impactos ambientais negativos. Além da ACV, existem outras formas que buscam a redução dos impactos ambientais e, dessa forma, promover a sustentabilidade, como a produção mais limpa, eco eficiência e eco design. Todas elas têm como enfoque principal promover boas práticas operacionais; substituição de materiais; mudanças na tecnologia; redução do consumo de recursos; redução dos impactos ambientais; melhoria do valor do produto ou serviço. Portanto, o foco principal deste capítulo está centrado na ACV e eco design, que são formas de suma importância para promover a análise dos impactos ambientais negativos dentro de uma organização/empresa, garantindo maior sustentabilidade do processo produtivo. 12 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Existe uma grande diferença entre impactos e aspectos ambientais. Os impactos ambientais estão vinculados com a degradação ambiental, sendo que esta ocorre, segundo o IBAMA (1990), quando se tem uma ou mais das seguintes situações: • A vegetação nativa e a fauna nativa foram destruídas, removidas ou expulsas. • Ocorre remoção da camada fértil do solo. 2 IMPACTOS AMBIENTAIS NA CADEIA PRODUTIVA Todas as pessoas têm direito a um ambiente equilibrado e livre de contaminação. Conforme Barbosa (2014, p. 100) O meio ambiente é tratado em nossa Constituição como um direito fundamental, como também um elemento integrante da própria ordem econômica. Os modelos de produção são baseados na livre iniciativa, na livre concorrência e na apropriação privada de bens, mas também devem observar o desenvolvimento sustentável. Barsano, Barbosa e Viana (2014) mencionam que o desenvolvimento tecnológico industrial, bem como a busca desenfreada de riquezas naturais e a falta de um planejamento de recuperação do meio ambiente acarretaram um grande apanhado de consequências negativas ao meio ambiente. Cada vez mais as autoridades e a população de modo geral vêm se preocupando com a questão ambiental, buscando empresas e produtos mais sustentáveis. De olho nesse cenário, as empresas estão buscando diminuir seus impactos ambientais, visando, além de melhorar sua imagem perante a sociedade, diminuir desperdícios e aumentar os lucros. Quando falamos de impactos ambientais, estamos falando das alterações causadas no ambiente, devido às atividades humanas. Todas as atividades exercidas pelo homem ocasionam impactos ambientais, os quais podem ser positivos e/ou negativos. Contudo, na grande maioria dos casos, os impactos ambientais negativos prevalecem, como a geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas, impactos na fauna e na flora, lançamento de efluentes industriais em recursos hídricos, aumento/alteração no trânsito local, entre outros. 13 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 • Tem-se alterações na qualidade e regime de vazão do sistema hídrico. Já o aspecto ambiental é definido como sendo o mecanismo através do qual uma ação humana causa um impacto ambiental, ou seja, as ações humanas causam efeitos ambientais, que por sua vez, produzem impactos ambientais. No quadro a seguir apresentamos de forma prática a diferença entre aspectos e impactos ambientais. QUADRO – DIFERENÇA ENTRE ASPECTO E IMPACTO AMBIENTAL Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental Lavagem de roupa Consumo de água Redução da disponibilidade hídrica Lavagem de louça Lançamento de água com detergentes Contaminação e eutrofização de mananciais Transporte de carga Emissão de ruídos e au-mento do tráfego Incômodo aos vizinhos, maior fre- quência de congestionamentos e aumento da poluição atmosférica Armazenamento de combustível Risco de vazamento Contaminação do solo e água (su- perficial ou subterrânea) FONTE: Adaptado de Sánchez (2008) Barbosa (2014, p. 53) descreve que: Os impactos ambientais causados por setores produtivos são inúmeros, principalmente na área industrial de bens de consumo e matéria-prima. A degradação ambiental, a poluição e o uso insustentável dos recursos naturais podem desestabilizar o meio ambiente e trazer grandes danos à saúde pública e laboral; portanto, é necessário que se tenha uma metodologia específica, que permita a avaliação dos impactos negativos que possam causar e a implementação de impactos positivos que agreguem valores aos seus produtos, aos seus clientes e ao atendimento dos aspectos legais. Chehebe (1997) menciona que todo o produto, não importa de que material seja feito (madeira, vidro, plástico, metal, vidro ou outro elemento), provoca um impacto no ambiente, seja em função do seu processo produtivo, das matérias- primas que consome ou então devido ao seu uso ou disposição final. 14 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Imagine a seguinte situação: Carlos, gestor ambiental, foi contratado por uma empresa de consultoria ambiental para atuar no assessoramento ambiental dentro de empresas. Em seu primeiro trabalho, o profissional precisa vistoriar uma oficina mecânica para o atendimento de condicionantes de licença ambiental. Ao chegar no local, Carlos depara-se com um ambiente de aspecto sujo, com manchas de óleo pelo piso, peças jogadas pelos cantos e tonel com óleo direto no piso. Além disso, constatou que os funcionários não possuíam os devidos equipamento de segurança (EPIs) e o dono do estabelecimento reclamava do processo, das exigências por parte do órgão ambiental e do baixo fluxo de clientes. Desta forma, Carlos propôs ao dono do estabelecimento uma mudança completa na oficina, baseada na limpeza do local, na renovação de pintura, na colocação de caixa de madeira para estocagem de peças com óleo, no treinamento e no acompanhamento dos funcionários. O objetivo foi obter mais qualidade de vida, atividade e um local adequado para a colocação do tonel, assegurando que essas ações, além de atenderem às exigências do órgão ambiental, fariam a oficina crescer economicamente. As mudanças foram feitas na oficina e, de fato, a clientela retornou ao local. Levando em consideração o desenvolvimento sustentável, por que você acha que Carlos teve êxito nesse processo? Promover o crescimento econômico e social é fundamental. Porém, o homem precisa encontrar maneiras de promover esse crescimento de forma sustentável, respeitando o ambiente. Logo, a avaliação de impactos ambientais é fundamental para garantir um ambiente mais saudável para as atuais e futuras gerações, analisando todos os impactos ambientais (principalmente os negativos) que uma determinada atividade ou serviço possa ocasionar. 15 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 3 GESTÃO AMBIENTAL: CONCEITOS E IMPORTÂNCIA Em se tratando da definição de gestão ambiental,Rosa, Fraceto e Moschini- Carlos (2012) descrevem que existe uma certa confusão sobre o significado do termo “Gestão Ambiental” e, da mesma forma, muitos autores têm atribuído a ele diferentes conceitos. Segundo Philippi, Roméro e Bruna (2004), a gestão ambiental consiste na análise e tomada de decisões, as quais analisam as diferentes variáveis ambientais de um sistema/empresa. Essa tomada de decisão consiste em escolher as melhores opções por parte dos líderes do sistema, buscando encontrar as melhores soluções para diminuir os impactos ambientais. Existem alguns itens básicos que devem ser considerados na gestão ambiental. Veja quais são eles na figura a seguir. FIGURA 1 – PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL FONTE: Adaptado de Dal Forno (2017) Analisando a figura anterior, percebe-se que a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental tem como objetivo central reduzir os impactos ambientais causados por determinada empresa, proporcionando uma produção mais sustentável. A gestão ambiental está relacionada a diferentes iniciativas, podendo ser aplicada em diferentes tipos de empresas (indiferentemente do 16 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design ramo de atuação ou do seu porte), analisando os problemas ambientais que elas ocasionam. Segundo Barbieri (2004), qualquer proposta de gestão ambiental inclui, no mínimo, quatro dimensões: 1. Espacial: que se refere à/ao área/setor que a gestão ambiental será implantada. 2. Temática: refere-se às questões ambientais que deverão ser analisadas na gestão ambiental. Como exemplos, podemos citar a geração de resíduos, emissões atmosféricas, efluentes industriais, redução de desperdício, dentre outros. 3. Institucional: relativa aos agentes que tomaram as iniciativas de gestão, ou seja, quem será responsável por implantar, analisar e organizar as ações de gestão ambiental dentro da empresa. 4. Filosófica: trata da visão de mundo e da relação entre o ser humano e a natureza. Imagine a seguinte situação: uma empresa presta consultoria ambiental para empresas e, em determinado cliente, verificou a geração de grande quantidade de resíduos sólidos que poderiam ser reciclados em suas atividades diárias, porém, nada é feito. Caso você fosse o responsável pelo setor de meio ambiente da empresa, quais são os recursos disponíveis para solucionar o problema? É importante mencionar que para a gestão ambiental deve analisar a estrutura organizacional da empresa, realizar atividades de planejamento, definir responsabilidades e práticas que serão implantadas e analisar os processos e recursos necessários para desenvolver a gestão ambiental. Aliado a isso, a empresa deverá traçar formas de implementar as melhorias na área ambiental, além de analisar criticamente todos os setores e processos da empresa (TINOCO; KRAEMER, 2011). Mas atenção, os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) não são obrigatórios, ou seja, não há legislações que obrigue uma empresa a desenvolver e implantar o SGA. Entretanto, cada vez mais, o comércio internacional vem estabelecendo (como condição de comercialização de produtos e serviços) a certificação formal dos fornecedores em gestão ambiental. 17 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 Qualquer empresa pode implantar uma SGA, sem necessariamente, seguir o padrão de normas regulamentadoras, como ISO, BS 7750 e Emas. Porém, as empresas que visam implantar um Sistema de Gestão Ambiental podem se basear nas normas ISO 14.000 (a mais comumente empregada), a qual apresenta ferramentas, diretrizes e critérios para obter resultados positivos. Com foco na discussão acerca da importância do Sistema de Gestão Ambiental, indicamos que assista às lições apresentadas no seguinte vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=TBTyJNokg7k&t=387s>. Além de reduzir os impactos ambientais, existem outros benefícios que um SGA pode trazer para uma empresa? A resposta é sim e, segundo Tinoco e Kraemer (2011), os benefícios podem ser divididos em três categorias: economia de custos (redução do consumo de água, energia e outros insumos; reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes; redução de multas e penalidades por poluição); incremento de receita (aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos; aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência; linhas de novos produtos para novos mercados; aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição); e benefícios estratégicos (melhoria da imagem institucional; renovação da carteira de produtos; aumento da produtividade; alto comprometimento do pessoal; melhoria nas relações de trabalho; melhoria da criatividade para novos desafios; melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas; acesso assegurado ao mercado externo; melhor adequação aos padrões ambientais. Para implantar um SGA, deve-se identificar todos os aspectos pertinentes a atividades, produtos e serviços da empresa em questão e os impactos significativos que a empresa poderá provocar no meio ambiente. Para isso, é necessário analisar as legislação e outros instrumentos legais e normativos em vigor; os aspectos ambientais; a análise das práticas e procedimentos de gestão ambiental já realizados pela empresa; e avaliar os incidentes/acidentes prévios (JABBOUR; JABBOUR, 2013). Basicamente, gestão ambiental refere-se às atividades relacionadas ao ambiente e que determinarão a política ambiental, juntamente com os objetivos traçados pela empresa e suas responsabilidades (SHIGUNOV NETO; CAMPOS; SHIGUNOV, 2009). 18 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design 3.1 IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) As empresas estão cada vez mais preocupadas em reduzir custos, melhorar os processos, diminuir desperdícios, estar adequadas às normativas e passar para a sociedade uma imagem de respeito ao meio ambiente. Para isso, é fundamental que as empresas invistam no Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que tem como objetivo a formalização dos procedimentos operacionais, realizando um monitoramento constante e incentivando melhorias continuamente. A norma ISO 14.000 apresenta caminhos, direções e objetivos que o SGA deve seguir. A ISO 14.000 é constituída por um grupo de 28 normas para a padronização na gestão ambiental (TIBOR; FELDMAN, 1996; SCHWANKE, 2013). No quadro a seguir apresentamos um pequeno resumo das famílias de normas NBR ISO 14.000. QUADRO 1 – PRINCIPAIS NORMAS DA SÉRIE ISO 14.000 ISO 14001 – Sistema de Gestão Am- biental (SGA) – Especificações para implantação e guia ISO 14023 – Rotulagem Ambiental – Testes e Metodologias de Verificação ISO 14004 – Sistema de Gestão Am- biental – Diretrizes Gerais ISO 14024 – Rotulagem Ambiental – Guia para Certificação com Base em Análise Mul- ticriterial ISO 14010 – Guias para Auditoria Ambi- ental – Diretrizes Gerais ISO 14031 – Avaliação da Performance Am- biental ISO 14011 – Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Audito- rias ISO 14032 – Avaliação da Performance Ambi- ental dos Sistemas de Operadores ISO 14012 – Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de Qualificação ISO 14040 – Análise do Ciclo de Vida – Princípios Gerais ISO 14020 – Rotulagem Ambiental – Princípios Básicos ISO 14041 – Análise do Ciclo de Vida – In- ventário ISO 14021 – Rotulagem Ambiental – Ter- mos e Definições ISO 14042 – Análise do Ciclo de Vida – Análise dos Impactos ISO 14022 – Rotulagem Ambiental – Simbologia para Rótulos ISO 14043 – Análise do Ciclo de Vida – Mi- gração dos Impactos FONTE: Adaptado de Dias (2019) Para pôr em prática as medidas de correção dos impactos ambientais, é fundamental que as empresas (por meioda alta direção) criem uma política ambiental e que ela seja colocada em prática por intermédio do Sistema de Gestão Ambiental (BATALHA et al., 2008). 19 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 A elaboração de um SGA envolve, pelo menos, cinco etapas básicas que são apresentadas e descritas na NBR ISO 14.001 (ABNT, 2004b): política ambiental; planejamento; implementação e operação; verificação e ação corretiva; e análise crítica. Em face da importância de esclarecer como implantar um sistema de gestão ambiental em uma empresa, indicamos que assista ao seguinte vídeo no YouTube: https://www.youtube.com/ watch?v=PHFLHWeDlIE. Em relação à política ambiental, é fundamental que ela seja “mantida como informação documentada; ser comunicada na organização e estar disponível para as partes interessadas” (ABNTa, 2004). Mas o que seria exatamente a política ambiental? Os líderes da empresa (no caso a Alta Direção: diretores, gerentes, engenheiros, administradores, dentre outros) devem: identificar a escala e os impactos ambientais das atividades, produtos e serviços realizados pela empresa; criar objetivos ambientais, ou seja, o que a empresa busca atender e quais os padrões máximos; estar comprometido em realizar ações que visam proteger o meio ambiente. Ou seja, a política ambiental visa realizar uma análise ambiental da empresa, analisando todo o processo produtivo, setores/áreas, transporte, logística, fornecedores, dentre outros, buscando identificar impactos ambientais negativos e formas de evitá-los/minimizá-los, sempre em uma tentativa de melhoria contínua. Somente com a implantação da política ambiental, em que são analisados todos os setores da empresa e todos os impactos ambientais causados, é possível encontrar formas/maneiras de diminuir ou, até mesmo, eliminá-los. Em relação à etapa de planejamento, deve-se identificar todos os aspectos ambientais e avaliar seu impacto no meio ambiente (confira o quadro intitulado Diferença entre aspecto e impacto ambiental no qual apresentamos a diferença entre aspecto e impacto ambiental). Muitas vezes, para poder minimizar ou eliminar determinado impacto ambiental, é necessário providenciar os meios humanos, tecnológicos e financeiros para a implementação e o controle do sistema (TINOCO; KRAEMER, 2011). 20 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Uma ferramenta muito utilizada por empresas para implantação de um SGA é o ciclo PDCA (sigla para Plan, Do, Check, Action – planejar, executar, verificar, atuar). Essa é uma ferramenta de gestão, representando o caminho a ser seguido para que as metas estabelecidas possam ser atingidas. Para saber mais sobre essa importante ferramenta de gestão, leia o Capítulo 3 da obra intitulada Métodos PDCA e DMAIC e suas ferramentas analíticas, de autoria de Cristina Werkema, 2012. Por exemplo, imagine que determinada empresa vise investir no reuso de água para fins menos nobres (irrigação, lavagem de veículos, limpeza de piso). Logo, provavelmente haverá necessidade de realizar alteração no sistema de tratamento de efluentes. Isso acarretará custos financeiros, mão de obra especializada e treinada, alterações no sistema hidráulico da empresa (deve ser identificado que a água de reuso é apenas para fins de limpeza/irrigação e não deverá ser consumida), dentre outros. Logo, é essencial realizar um planejamento prévio, elaborando um orçamento, analisado as finanças da empresa, o tempo de retorno do investimento, treinar colaboradores, dentre outras ações. Na fase de implementação e operação, coloca-se em prática as ações que foram traçadas na política ambiental e planejamento. Nessa fase, colaboradores devem ser treinados/educados, tecnologias mais limpas devem ser adotadas, dentre outros. É fundamental que os responsáveis de cada setor/área coloquem em prática as ações que visam reduzir os impactos ambientais. Na etapa de verificação e ações corretivas, a empresa deve definir, estabelecer e manter procedimentos de controle e medida das características chaves de seus processos, que possam ter impacto sobre o ambiente. Ao mesmo tempo, a responsabilidade pela análise de não conformidades e pela implementação de ações corretivas e preventivas deve estar devidamente documentada, assim como todas as alterações daí resultantes. Todos os registros ambientais, incluindo os respeitantes às formações e auditorias, devem estar identificáveis e acessíveis (TINOCO; KRAEMER, 2011). Por fim, tem-se a fase de análise crítica, na qual a alta direção reverá o SGA e avaliará a adequabilidade e eficácia dele. A análise crítica deve ser documentada em um processo que deverá ser devidamente documentado. Cabe mencionar que o SGA é cíclico e não quer dizer que a política ambiental da empresa não possa ser alterada. Com o tempo, novas legislações surgem, novas tecnologias são lançadas no mercado, modificações externas podem ocorrer etc., sendo essencial atualizar a política ambiental. 21 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 3.2 PRINCÍPIOS DA GESTÃO AMBIENTAL A gestão ambiental baseia-se em diferentes princípios. Quando falamos de princípios em SGA, estamos falando dos itens básicos que devem ser abordados nesses sistemas. De modo geral, o SGA busca promover a sustentabilidade. Contudo, para um empreendimento ou empresa ser considerado sustentável, este deve levar em conta as cinco dimensões de sustentabilidade, as quais são descritas por Campos (2001, p. 33) da seguinte maneira: ● Sustentabilidade social: que se entende como a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres. ● Sustentabilidade econômica: que deve ser alcançada através do gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. ● Sustentabilidade ecológica: que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem. ● Sustentabilidade espacial: que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural–urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. ● Sustentabilidade cultural: incluindo a procura por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área. Para cada uma dessas formas de sustentabilidade, deve-se levar em consideração alguns princípios, os quais são fundamentais para que a gestão ambiental na empresa possa ser implantada de forma eficaz. Acompanhe no quadro a seguir os dezesseis princípios básicos que regem a gestão ambiental. QUADRO 2 – PRINCÍPIOS PARA PROMOVER A GESTÃO AMBIENTAL Princípios da gestão ambiental 1 – Prioridade corporativa 9 – Pesquisa 2 – Gestão integrada 10 – Princípio da Precaução 3 – Melhoria do processo 11 – Fornecedores e Contratadas 4 – Educação e treinamento 12 – Preparação e Atendimento a Emergências 5 – Avaliação Prévia 13 – Transferência de Tecnologia 6 – Foco nos Produtos e Serviços 14 – Contribuição para o Esforço Comum 7 – Informação ao Consumidor 15 – Abertura às Precauções 8 – Instalações e Operações 16 – Conformidade e Divulgação FONTE: Adaptado de Donaire e Oliveira (2018) 22 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Os princípios apresentados no quadro anteriortêm como objetivo central diminuir os impactos ambientais causados pela empresa. Vejamos a seguir a definição de cada um desses princípios. 1. Prioridade corporativa: não basta apenas ter a intenção de investir em um sistema de gestão ambiental, é fundamental também implantar a gestão ambiental. Para isso, a empresa deve criar uma política ambiental, traçando objetivos, metas, analisando resultados etc., sempre buscando uma melhora contínua. 2. Gestão integrada: a gestão ambiental deve ser aplicada, preferencialmente, em todos os setores da empresa, visando diminuir/ eliminar o desperdício e realizar uma melhora dos insumos/matéria- prima. 3. Melhora do processo: cada setor/área da empresa deve ser analisada de forma isolada, a fim de melhorar o processo produtivo. Isso porque os diferentes setores podem apresentar particularidades e, dessa forma, deve-se analisar o processo de produção de cada setor e, caso necessário, realizar melhorias neles. 4. Educação e treinamento: é fundamental que a empresa realize treinamentos e informe todos os colaboradores sobre os objetivos e metas traçados na política ambiental. Muitas vezes são necessários treinamentos específicos em determinado setor/área. 5. Avaliação prévia: é necessário avaliar a atual situação da empresa, analisando os impactos ambientais que ela ocasiona, quais são os setores/áreas mais críticas, locais mais propícios a sinistros etc. 6. Foco nos produtos e serviços: a empresa deve avaliar os produtos e/ ou serviços destinados ao mercado. Para isso, deve-se avaliar o tipo de embalagem, processo produtivo, riscos ao consumidor etc., sempre buscando melhorá-los. 7. Informação ao consumidor: uma empresa preocupada com o meio ambiente melhora sua imagem perante a sociedade/mercado, logo, a empresa deve investir no marketing verde. É importante informar ao cliente/consumidor quais são as atividades realizadas pela empresa, visando diminuir os impactos ambientais. 8. Instalações e operações: muitas vezes, a fim de melhorar o processo produtivo, as empresas devem investir em melhorias nas instalações e no próprio processo produtivo. Para isso, a empresa deve levantar os custos necessários para garantir uma gestão ambiental eficaz. 9. Pesquisa: a empresa deve constantemente realizar uma análise crítica dos processos produtivos, instalações, produtos, setores etc. Para isso, é importante estar atento às novidades que surgem no mercado, seja em relação à tecnologia, a produtos, legislações etc. 23 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 10. Princípios da precaução: nenhuma empresa está livre de sofrer algum tipo de sinistro/acidente, porém, é fundamental investir em formas/ tecnologias para evita-los. É importante criar um Plano de Gerenciamento de Riscos, no qual são apresentados os riscos relacionados a cada setor/área e formas de precavê-los. 11. Fornecedores e contratadas: é importante que as empresas terceirizadas, as quais realizam ou fornecem algum tipo de serviço/produto/matéria- prima, também tenham uma preocupação com o meio ambiente, respeitando legislações ambientais em vigor e, se possível, implantando um sistema de gestão ambiental. 12. Preparação e Atendimento a Emergências: é fundamental saber quem são os responsáveis por cada setor/área da empresa que devem ser avisados, caso ocorra algum tipo de emergência. Além disso, deve-se saber os procedimentos padrões para evitar que o acidente se alastre. Para isso, recomenda-se que sejam realizados treinamentos entre os colaboradores, para prepará-los para casos de acidentes. 13. Transferência de Tecnologia: em muitos casos, além de investir em melhorias nas instalações e operações, as empresas necessitam investir em novas tecnologias, seja para otimizar o processo produtivo, reduzir desperdício, melhorar o uso de matéria-prima ou até mesmo reduzir custos. 14. Contribuição para o Esforço Comum: todos os colaboradores devem estar cientes da política ambiental traçada pela empresa e devem trabalhar juntos para que os objetivos e metas sejam alcançados. 15. Abertura às Precauções: a empresa precisa querer melhorar suas atividades e estar ciente que, em muitos casos, é necessário investir financeiramente para obter melhores resultados. 16. Conformidade e Divulgação: a implantação de um sistema de gestão ambiental é cíclico, ou seja, de tempos em tempo, deve-se analisar se realmente os objetivos e metas estão sendo atendidos, se os setores/ áreas estão operando de acordo com a política ambiental traçada etc. Caso seja verificada alguma não conformidade, medidas devem ser tomadas. Donaire e Oliveira (2018) apresentam alguns passos básicos que as empresas devem seguir, a fim de obter a excelência ambiental: 1. Desenvolver e publicar uma política ambiental (conforme já mencionado anteriormente). 2. Estabelecer metas e continuar a avaliar os ganhos. 3. Definir claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e de cada um dos colaboradores. 4. Divulgar interna e externamente a política, os objetivos e as metas e responsabilidades. 24 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design 5. Obter recursos adequados. 6. Educar e treinar o pessoal/funcionários e informar os consumidores e a comunidade. 7. Acompanhar a situação ambiental da empresa e fazer auditorias e relatórios. 8. Acompanhar a evolução da discussão sobre a questão ambiental. 9. Contribuir para os programas ambientais da comunidade e investir em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental. 10. Ajudar a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc. Logo, a implantação de um SGA visa diminuir os impactos ambientais causados pelo processo produtivo de uma empresa, garantindo maior sustentabilidade. Não existe uma “receita de bola” que possa ser adotada em todas as empresas, visto que, uma determinada ação/atividade pode ser eficaz em determinada empresa, mas não necessariamente será eficiente em outra. Cada empresa apresenta suas próprias particularidades, sendo necessário analisar o processo produtivo, instalações, capital financeiro, objetivos e metas, dentre outros e, somente então, traçar uma política ambiental. As empresas que tenham interesse em implantar um SGA podem fazer uso da própria mão de obra e conhecimento interno da empresa (caso seja possível), ou então contratar empresas e profissionais especializados em SGA. 4 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA (ACV) DE PRODUTOS Em média, cada pessoa gera, diariamente, cerca de 800g a 1kg de “lixo”, totalizando, mundialmente, 1,4 bilhão de toneladas (estimativa) de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) anualmente. Cabe mencionar que desta quantidade de resíduos, a metade é oriunda dos 30 países mais ricos do mundo (SENADO FEDERAL, 2021). Mas, se os números já parecem assustadores, estima-se que a quantidade de resíduos (indiferentemente do tipo de resíduo) tende a aumentar nos próximos anos, podendo chegar a 2,2 bilhões de toneladas em 2030. Se a humanidade não mudar seus hábitos, essa quantidade poderá chegar a 4 bilhões de toneladas em 2050 (SENADO FEDERAL, 2021). 25 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 É essencial realizar a gestão dos resíduos sólidos, que consiste em um conjunto de ações que direta ou indiretamente resolvem (ou então minimizam) o problema dos resíduos sólidos. Esse processo envolve coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final dos rejeitos (BECHARA et al., 2013). Porém, não podemos confundir as expressões rejeitos e resíduos. • Resíduo: todo material que apresenta potencial de reciclagem, reuso ou reaproveitamento. Estes materiais devem serencaminhados para centrais de reciclagem e beneficiamento. • Rejeitos (popularmente denominado de “lixo”): material que não pode ser reciclado/reaproveitado. Estes materias devem ser encaminhados para locais apropriados, como os aterros sanitários ou incineradores, dependo da classificação de periculosidade. Mas como é possível reduzir a quantidade de resíduos? Uma das maneiras é através da Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos. Conforme ACV Brasil (2021, p. 21), essa é uma “técnica que estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais (positivos e negativos) ao longo da vida de um produto ou serviço, desde a extração da matéria-prima até a destinação final”. Mihelcic et al. (2018) mencionam que a ACV deve levar em conta: o desempenho ambiental de um produto; processo ou sistema; aquisição de matérias-primas até o refino desses materiais; a manufatura; e o uso e gerenciamento quando o produto chega ao fim de vida. Para uma melhor compreensão, na figura a seguir, apresentamos um exemplo prático, indicando os estágios comuns do ciclo de vida de um celular, desde sua produção até seu final de vida. Os materiais que não podem ser reciclados, remanufaturados e reutilizados, devem ser encaminhados para disposição final. É importante investir no reuso dos materiais, pois dessa forma, menos recursos naturais são extraídos da natureza, diminuindo os impactos ambientais. 26 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design FIGURA 2 – ESTÁGIOS COMUNS DO CICLO DE VIDA DE UM APARELHO CELULAR FONTE: Mihelic et al. (2018, p. 11) Chehebe (1997) descreve que a ACV é uma técnica que visa à avaliação dos aspectos e dos impactos potenciais associados a um determinado produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias- primas elementares que entram no sistema produtivo, até a disposição do produto final. Logo, a ACV é a parte da gestão ambiental que avalia produtos e processos. A partir da ACV é possível identificar e evitar falhas na questão ambiental e, assim, encontrar soluções que buscam minimizá-las ou eliminá-las, assim como eventuais impactos ambientais, até mesmo diminuir a quantidade de materiais/ rejeitos gerados. A ACV envolve distintas etapas, como do redesenho dos processos, treinamento de colaboradores, otimização dos recursos e matérias- primas utilizados na produção e uso de tecnologias mais eficientes (ALVES, 2016). Manzini e Vezzoli (2002) mencionam que a análise do ciclo de vida de produtos deve levar em consideração o design dos produtos. É fundamental promover um eco design (assunto que será discutido logo a seguir) na ACV, visando diminuir os impactos ambientais. Conforme a ABNT NBR ISO 14040 (2009), existem alguns estágios básicos que envolvem a análise do ciclo de vida, sendo eles: a extração de matéria-prima; o transporte até a fábrica; a transformação da matéria-prima; o transporte ao centro de consumo; a utilização do componente; manutenção; e reuso/reciclagem/descarte. Na figura a seguir apresentamos as fases do ciclo de vida dos produtos. 27 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 FIGURA 3 – ESTRATÉGIAS E FASES DO CICLO DE VIDA FONTE: Manzini e Vezzoli (2002, p. 106) Manzini e Vezzoli (2002) apresentam as fases necessárias para uma correta análise do ciclo de vida de um determinado produto: • Pré-produção: está relacionada à etapa de obtenção da matéria-prima, dos recursos necessários para confecção/construção de determinado produto, do transporte dos recursos e da transformação dos recursos em materiais e energia. Ou seja, nessa fase a ACV deve analisar a fonte dos recursos necessários, buscando preferencialmente utilizar materiais renováveis e recicláveis. • Produção: está relaciona à toda a etapa de transformação dos materiais, dos processos de montagem e do acabamento. É importante investir em processos produtivos mais sustentáveis e limpos. • Distribuição: momento da embalagem do produto, do seu transporte e, em alguns casos, do armazenamento. É importante investir em uma logística de distribuição eficaz, visando promover a redução de custos no transporte. 28 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design • Uso: período de uso ou consumo do produto por meio dos consumidores, que podem necessitar de manutenção, reparo ou substituição de partes. Como exemplo prático, podemos citar os veículos, em que, de tempos em tempos, é necessário realizar manutenções, muitas vezes havendo necessidade de trocar peças. • Descarte: etapa em que o produto ou suas partes podem ser reaproveitados, reciclados ou descartados. Apenas os materiais que não podem ser reciclados/reaproveitados (rejeitos) devem ser encaminhados para aterros sanitários, incineradores, dentre outras formas de disposição final. Para uma ACV eficaz, é imprescindível respeitar algumas regras e tomar alguns cuidados, tais como: minimização e redução dos recursos e energia utilizados. Essa estratégia está voltada para todas as fases do ciclo de vida; seleção de processos, materiais e fontes de energia com maior eco- compatibilidade; otimização da vida dos produtos, ou seja, projetar produtos que durem mais tempo, reduzindo a distribuição e o descarte; extensão da vida dos materiais que compõem o produto, valorizando e promovendo o reuso e reaproveitamento após o descarte; facilidade de desmontagem e separação das partes do produto, auxiliando o reuso após o descarte. Infelizmente, nem sempre é possível minimizar os impactos ambientais negativos diretamente na “fonte”, logo, Alves (2016) menciona que é necessário investir em tratamentos e destinação adequada dos resíduos sólidos ou efluentes, o chamado controle de “fim de tudo”, uma vez que não há uma preocupação em realizar o reuso e reciclagem de materiais, bem como, reduzir os impactos ambientais. Logo, essa ação contrasta com a “produção mais limpa (P+L), que visa reutilizar ao máximo os materiais, diminuindo a extração/retirada deles da natureza. Para um melhor entendimento, acompanhe o quadro a seguir, que apresenta a diferença entre as técnicas de “fim de tudo” e “produção mais limpa”. QUADRO 3 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS TÉCNICAS DE “FIM DE TUDO” E A “PRODUÇÃO MAIS LIMPA” Característica Técnicas de “fim de tudo” “Produção mais limpa” Abordagem peculiar Reação Ação Resíduos, efluentes e emissões Controlados por meio de eq- uipamentos de tratamento. Ocorre a prevenção di- reta na fonte. Evita-se o uso de matérias-primas potencialmente tóxicas. Matérias-primas, água e energia Não se preocupa com o seu uso eficiente. Promove o seu uso efici- ente. 29 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 Um restaurante gera diariamente cerca de 50kg de resíduo orgânico. Atualmente o proprietário destina esse material para a coleta seletiva municipal, sendo o material destinado para o aterro sanitário municipal. Um determinado dia, o proprietário pediu ao fornecedor de legumes e hortaliças se ele não poderia recolher esse material, a fim de utilizar como adubo nas culturas agrícolas. Em relação a essa atitude, ela pode ser considerada como uma forma de análise do ciclo de vida do produto? Problemas ambientais São resolvidos com o auxílio da tecnologia disponível. Todos na organização são responsáveis por sua solução, indepen- dentemente do nível hi- erárquico ou cargo que ocupa. Etapa em que ocorre a proteção ambiental Atua após o desenvolvimen- to de processos e produtos. Atua como parte inte- grante da formulação dos processos produtivos e do desenvolvimento dos produtos. Característica da proteção ambiental Assunto para especialistas em meio ambiente. Assunto e tarefa de to- dos na empresa Custos Acarretacustos adicionais para as empresas Ajuda a reduzir custos, pois alia aspecto ambi- ental ao econômico FONTE: Adaptado de SENAI (2003 apud ALVES, 2016, p. 103) O professor Aldo Roberto Ometto, da Engenharia da Produção da USP de São Carlos, fala sobre a avaliação do ciclo de vida e como esta técnica pode suportar a eco inovação por meio da engenharia e gestão do ciclo de vida. Logo, indicamos que você assista às lições apresentadas no vídeo do YouTube, disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=LSR6w14aWVE>. 30 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design A ACV ajuda ainda na identificar oportunidades de melhoramento dos aspectos ambientais considerando as várias fases de um sistema de produção (ex.: produção, uso, disposição etc.); na tomada de decisão, por exemplo, no estabelecimento de prioridades ou durante o projeto de produtos e processos, podendo levar à conclusão de que a questão ambiental mais importante para uma determinada empresa pode estar relacionada ao uso de seu produto e não as suas matérias-primas ou ao processo produtivo; como parte do processo para avaliar a seleção de componentes feitos de diferentes materiais; na avaliação de performance ambiental (ex.: indicadores associados aos produtos). FONTE: Adaptado de Chehebe (1997, p. 13-14). Compreender e analisar os impactos ambientais nas empresas nem sempre é uma decisão fácil. Requer toda uma avaliação completa do ciclo de vida dos produtos envolvidos que pode ir da análise das matérias-primas consumidas, aos sistemas de produção e transporte e à própria utilização do produto estudado (CHEHEBE, 1997). No exemplo citado anteriormente, o proprietário voltou sua atenção apenas para um aspecto parcial do problema, no caso o uso das toalhas de papel. Ao buscar outras alternativas, o proprietário foi obrigado a estender sua análise para fora dos limites de sua empresa. 4.1 VANTAGENS DA ACV A ABNT NBR ISO 14.040/2009, norma que trata da avaliação do ciclo de vida de produtos e apresenta as vantagens que as instituições/empreendimentos possuem ao implantarem a ACV: Identificação de oportunidades para a melhoria do desempenho ambiental de produtos em diversos pontos de seus ciclos de vida; o nível de informação dos tomadores de decisão na indústria e nas organizações governamentais ou não governamentais (visando, por exemplo, ao planejamento estratégico, à definição de prioridades ou ao projeto ou reprojeto de produtos ou processos), a seleção de indicadores de desempenho ambiental relevantes, incluindo técnicas de medição, e o marketing (por exemplo, na implementação de um esquema de rotulagem ambiental, na apresentação de uma reivindicação ambiental ou na elaboração de uma declaração ambiental de produto) (ABNT, 2009, p. 6). 31 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 No quadro a seguir, apresentamos alguns exemplos de onde a análise do ciclo de vida de produtos pode ser adotada dentre de uma empresa e as formas de desenvolver melhorias. QUADRO 4 – EXEMPLOS DE SETORES/ÁREAS QUE PODEM ADOTAR A ACV E EVENTUAIS MELHORIAS Projeto de produtos O projeto para desenvolver determinado produto deve levar em consideração as implicações ambientais dos diversos estágios do ciclo e vida. Essa análise do ci- clo de vida pode ser usada para dar apoio a decisões que digam respeito à composição de um componente específico do projeto. Energia A análise do ciclo de vida pode ser utilizada para avaliar o perfil ambiental de suas operações não ger- adoras de energia, incluindo consumo de materiais e manutenção. Produção de materiais A análise do ciclo de vida pode servir para orientar ações futuras da empresa e obter uma avaliação de performance em relação, por exemplo, a indicadores internacionais. Compra de materiais A análise do ciclo de vida pode ser útil para decidir quais matérias-primas comprar, visando gerar menos impactos ambientais. Manufatura Os fornecedores podem fornecer aos consumidores perfis ambientais dos produtos finais baseados nos dados de suas próprias atividades, seus materiais e uso de energia, visando influenciar os consumidores de seus produtos. Transporte A análise do ciclo de vida permite analisar o perfil ambiental de operações de transporte. Além disso, é possível prever o reuso ou reciclagem de embal- agens. FONTE: Chehebe (1997, p. 17) 4.2 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) De modo geral, a produção mais limpa (P+L) consiste em realizar ajustes no processo produtivo, a fim de reduzir a emissão e geração de resíduos sólidos. Nascimento, Lemos e Mello (2008) mencionam que esses ajustes podem ser pequenas reparações na situação atual da planta empresarial, compra de novas tecnologias (simples ou complexas) ou então, na troca de todo o sistema 32 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design As mudanças nos processos de fabricação devem objetivar a redução de todo tipo de perda durante a etapa de produção. Isso é possível ser realizado através de: • Boas práticas operacionais: envolvem atividades de planejamento e controle da produção, gestão de estoques, organização do local de trabalho, limpeza, manutenção de equipamentos, estudos destinados a evitar acidentes de trabalho, coleta e separação de resíduos, padronização de atividades, elaboração e atualização de manuais e fichas técnicas, treinamento de pessoal, entre outros. de produção. Essa escolha vai depender de empresa para empresa, sendo necessário avaliar a produção de cada empresa de forma isolada. A P+L ao longo do tempo teve sua evolução para PCS (Produção e Consumo Sustentável) que inclui também o conceito de produção de baixo carbono. No vídeo disponível em: < https://www.youtube. com/watch?v=egchEt18ma8>, são apresentados alguns pontos que devem ser respeitados na P + L. Hansen et al. (2000, p. 42) mencionam que a P + L é “a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada, preventiva e aplicada a processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência global e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente”. Boyle (1999) menciona que a P+L tem como objetivo reduzir desperdícios, respeitar normas/legislações ambientais e promover tratamento dos resíduos gerados, visando, dessa forma, a minimização de custos. Corriqueiramente, as empresas devem: Repensar o projeto de seus produtos de forma a considerar o uso de matérias-primas que sejam facilmente recicláveis e ou/ reutilizáveis após a vida útil do produto e que possam reduzir a geração de resíduos durante a fabricação (ALVES, 2016, p. 104). 33 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 • Substituição de materiais: avaliação e seleção de materiais para reduzir ou eliminar materiais perigosos nos processos produtivos ou a geração de resíduos perigosos, por exemplo. • Mudanças na tecnologia: são promovidas inovações nos processos produtivos visando à redução de emissões e perdas, podendo ser de pequeno impacto, como mudanças nas especificações do processo ou a aquisição de novos equipamentos e instalações, alterações no layout e outros componentes do processo. FONTE: ALVES, R. R. Administração verde: o caminho sem volta da sustentabilidade ambiental nas organizações. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Mas como é possível promover a P+L? Um exemplo é pela conservação da água que pode ser realizada por redução da demanda da água, melhoramento do seu uso ou redução das perdas e desperdícios (TOMAZ, 2001). O reuso de água promove uma redução do volume de água potável e, consequentemente, tem-se uma redução do efluente final. Mas, atenção, o reuso deve ser adotada no momento em que as características do efluente disponível sejam compatíveis com os requisitosde qualidade exigidos para a finalidade de sua aplicação (MIERZWA; HESPANHOL, 2005). A P+L tem como objetivo evitar a geração de resíduos, a identificação, quantificação, tratamento e disposição final. Entretanto, a WBCSD (2015) menciona que a P+L deve promover a eco eficiência que, por sua vez, apresenta os seguintes objetivos centrais: 1. Redução do consumo de recursos: minimizar o uso de energia, materiais, água e solo, buscando facilitar a reciclagem e a durabilidade do produto. 2. Redução do impacto ambiental: busca minimizar as emissões atmosféricas, descargas líquidas (efluentes), eliminação de desperdício e proliferação de substâncias tóxicas; e impulsionar o uso sustentável de recursos renováveis. 3. Melhora do valor do produto ou serviço: fornece maiores benefícios aos clientes, através da funcionalidade e flexibilidade do produto, ofertando serviços adicionais e apenas o que, de fato, os clientes necessitam. A mesma necessidade deve ser satisfeita com menos materiais e menor uso de recursos. 34 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design 4.3 LOGÍSTICA REVERSA Conforme menciona Alves (2016, p. 113) A produção de um bem qualquer representa apenas uma etapa do ciclo de vida de um produto, que ainda deve chegar ao consumidor para, posteriormente, ter uma destinação final. Para que esse novo bem chegue ao consumidor, é necessário estabelecer atividades de logística, e para que ele tenha uma destinação correta, é preciso estabelecer atividades de logística reversa. As atividades da logística reversa estão relacionadas com o destino adequado de produtos e embalagens, de forma que respeitem o meio ambiente. Leite (2009) e Pereira, Boechat e Tadeu (2011) mencionam que a logística reversa em empresas tem como vantagens/objetivos: • Aumento da competitividade: a cobrança pela produção mais sustentável, por parte dos consumidores/governo/cenário internacional, faz com que a imagem de determina empresa melhore. • Promover a limpeza de estoque: evita-se que haja compra de materiais/ recursos sem necessidade, ou mesmo, que ocorra o desperdício de materiais. • Garantir o respeito às legislações em vigor: as legislações estão constantemente sendo alteradas. Com a implantação de uma logística reversa, diminui-se o risco de não atender a determina legislação, ou então, de ocorrerem acidentes que possam causar prejuízos ambientais. • Promover a valorização econômica: a logística reversa diminui o desperdício e promove o reuso/reciclagem de materiais. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), a logística reversa é descrita como: Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010, s.p.). Vale e Souza (2014) mencionam que a logística reversa deve envolver o processo de planejamento, implantação e controle de um fluxo de materiais, de produtos em processo, de produtos acabados e de informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, por meio de canais de 35 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 distribuição reversos. O propósito da logística reversa é recuperar valor, além de garantir o descarte de forma apropriada dos materiais que não podem ser recuperados/reciclados. Esses mesmos autores mencionam a importância do conceito de entropia. Na extração, os elementos materiais encontram-se concentrados e, à medida que são transformados em produtos, vão se dissipando e se espalhando geograficamente. Na logística direta, os processos atuam como sistemas abertos porque interagem com o meio organizacional (logística interna) e com o ambiente externo (logística externa). Dessa forma, o sistema passa de uma menor para uma maior entropia. No sentido inverso, a logística reversa também é um sistema aberto, porém, é necessário diminuir a entropia, ou seja, reordenar e concentrar aquilo que foi dissipado ou “espalhado” pelo processo anterior (no caso a entropia negativa). Para um melhor entendimento, veja a figura a seguir na qual apresentamos a diferença entre a entropia direta e reversa. FIGURA 4 – ENTROPIA NAS LOGÍSTICAS DIRETA E REVERSA FONTE: Vale e Souza (2014, p. 20) 36 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Existe uma grande diferença entre logística reversa e logística verde. • Logística reversa: preocupa-se com o fluxo reverso de materiais e produtos tanto no pós-venda como no pós-consumo. • Logística verde: ocupa-se da avaliação e minimização dos problemas ambientais associados às atividades de logística empresarial. A logística verde se preocupa com os aspectos e impactos ambientais causados pela atividade logística, que pode trazer ganhos ambientais, pois tem como finalidade o desenvolvimento sustentável. Tanto a logística reversa quanto a logística verde se preocupam com a reciclagem, com a remanufatura e com as embalagens reutilizáveis (VALE; SOUZA, 2014, p. 21). Acompanhe na figura a seguir a diferença entre logística reversa e logística verde. Ou seja, a logística direta está preocupada em levar os materiais/produtos até o consumidor final, sem necessariamente estar preocupada com os impactos ambientais na cadeia produtiva. Diferentemente da logística reversa que tem o objetivo de coletar e reaproveitar os materiais dentro da cadeia produtiva. Segundo Leite (2009), existem diversas possibilidades de logística reversa de produtos, que podem: retornar ao fornecedor; ser revendidos; ser vendidos no mercado secundário: como usados, seminovos, salvados, recondicionados, renovados e remanufaturados; ter os materiais recuperados; ser reciclados; ser dispostos no aterro sanitário: neste caso, apenas materiais que não podem ser reciclados/recuperados, seja devido ao grau de periculosidade, falta de tecnologias disponíveis ou os custos econômicos serem elevados. 37 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 FIGURA – COMPARAÇÃO ENTRE LOGÍSTICA VERDE E LOGÍSTICA REVERSA FONTE: Vale e Souza (2014, p. 21) A logística reversa tem grande importância econômica, legal, ambiental e de competitividade. As empresas acompanham e investem na gestão do ciclo de vida de seus produtos e serviços, posto que os avanços tecnológicos possibilitam o lançamento de novos produtos de forma ágil e constante (PEREIRA; BOECHAT; TADEU, 2011). De acordo com a Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), Art. 33, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos agrotóxicos, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e EEE (equipamentos eletroeletrônicos) são responsáveis por implantar um sistema de logística reversa. Ou seja, os fabricantes desses produtos são os responsáveis pelo recolhimento dos resíduos, não cabendo ao poder público a destinação desses materiais. Conforme descreve Barbosa e Ibrahin (2014), para o correto gerenciamento dos resíduos sólidos, é essencial caracterizar e classificar os diferentes tipos de resíduos. Para isso, deve-se seguir a NBR 10004 (ABNT, 2004b), que apresenta os seguintes cuidados necessários: saber a origem do resíduo, o estado físico, o aspecto geral, cor e odor, grau de heterogeneidade, denominação do resíduo, estado físico, processo de origem, atividade industrial, constituinte principal, destinação (aterro de resíduo perigoso, não perigoso) ou o tratamento térmico a ser adotado (compostagem, incineração, coprocessamento). 38 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design 5 ECODESIGNDe modo geral, o ecodesign é um método de desenvolver produtos, buscando reduzir os impactos ambientais ao longo do processo produtivo, gerando produtos e processos mais eficientes e sustentáveis. O termo ecodesign é relativamente novo, que surgiu nos anos 90, nos Estados Unidos, após as indústrias eletrônicas buscarem formas de reduzir o desperdício de material e os impactos ambientais. A discussão acerca dos danos ambientais, causados pelo desenvolvimento de artefatos, gerou mudanças no âmbito projetual, que consequentemente, fomentaram o surgimento de uma nova categoria de produtos, os produtos ecologicamente orientados, que buscam reduzir os prejuízos ambientais causados no decorrer de todo o ciclo de vida (ARRUDA; FERROLI; LIBERLOTTO, 2018, p. 90). Borchardt et al. (2008) descreve que o ecodesign atualmente integra os programas de gestão ambiental. Dependendo da bibliografia consultada, o termo ecodesign pode ser substituído por design ambiental, design verde, design ecológico, design ambientalmente consciente ou lifecycle design. O ecodesign pode ser realizado de distintas formas, dependendo do processo produtivo, produto a ser fabricado, recursos disponíveis, dentre outros. A título de saber um exemplo prático de como incorporar o ecodesign, indicamos que você assista às lições apresentadas no vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=9U6hFv-uTRc>. Projetar de acordo com uma lógica de redução do material significa fabricar um produto com quantidades optimizadas de materiais e de energia. A redução no uso de material tem como vantagens: permitir a proteção dos recursos naturais, graças a uma utilização cuidadosa dos materiais trabalhados; reduzir as emissões/poluentes para o ambiente. O ecodesign busca evitar o uso de diferentes materiais, visto que, quanto maior a quantidade de materiais a ser utilizada, maior a dificuldade em relação aos processos de reciclagem e deposição final. O ecodesign deve prever que os objetos/produtos serão reciclados, e, para isso, precisam ser desmontados. É importante facilitar o reconhecimento dos materiais, de modo que todos os 39 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 componentes, mesmo os constituídos por diferentes materiais, possam ser reciclados e reutilizados. Segundo Centralsul (2017), o ecodesign deve promover o reaproveitamento de materiais (ou seja, novos produtos devem ser feitos preferencialmente a partir do reaproveitamento de novos produtos); deve haver uma preocupação na escolha do material (preferencialmente escolher materias com baixo impacto ambiental, que apresentem menos compostos poluentes); apresentar durabilidade (um maior tempo de vida útil diminui o acúmulo de “lixo”); eficiência energética (poupar energia durante o processo de fabricação causa menos impactos ambientais). Carvalho e Mano (2019) descrevem que os processos e métodos dos materiais renováveis partem do descarte de um material ou de partes de um produto. Quanto mais fácil for a desmontagem e a extensão de vida desses materiais, maiores são as possibilidades de renovação de novos materiais. Borchardt et al. (2008) descrevem que o ecodesign deve analisar os impactos ambientais presentes em todas as etapas de um produto. Essas etapas envolvem a fabricação, embalagem, troca de peças e fim de vida. Quando o produto chega no fim da sua vida útil, a reciclagem e reaproveitamento devem prevalecer. Na figura a seguir apresentamos algumas características que devem ser levadas em consideração no ecodesign. FIGURA 5 – CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS NO ECODESIGN FONTE: O autor Quando o produto é descartado, significa que ele perdeu sua funcionalidade, ou que está quebrado/avariado, ou não consegue mais cumprir sua função. 40 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Contudo, um novo sentido de uso é atribuído a ele: um uso que comporte as condições de descarte do material. Os materiais renováveis são uma boa forma de exercer as práticas sustentáveis no design de interiores. São materiais que promovem a extensão do ciclo de vida de outros produtos, porém com pouco consumo energético e de forma simples e prática, visto que não contempla processos industriais e de transformações (CARVALHO; MANO, 2019). O estudo do ecodesign foca no ciclo de vida de um produto, buscando a redução dos impactos em toda a cadeia e a sustentabilidade. Uma ferramenta muito utilizada é o Programa 5Rs, que são apresentados por Alkimim (2015): • Reduzir, mediante hábitos de consumo, a geração de resíduos. • Reutilizar materiais a fim de evitar que novos materiais se tornem resíduos. • Repensar, ou seja, colocar a mão na consciência, é fundamental. Será que realmente precisamos adquirir determinado produto? Será que esse produto ou material pode ser substituído por outro mais sustentável? • Reciclar, por meio de processos artesanais ou industriais, a fim de transformar materiais usados em novos produtos. • Recusar materiais que possuam alto risco de contaminação ambiental ou empresas que não se preocupam com o ambiente. O eco design deve levar em consideração: Práticas Detalhamento Escolha de materiais de baixo impacto am- biental Observar os itens descritos: • Reduzir o consumo de materiais ao longo da vida do produto (produção e uso). • Usar matéria-prima o mais próximo de seu es- tado natural; evitar a mistura de materiais não compatíveis que impede a separação dos com- ponentes na reciclagem. • Utilizar materiais que geram menos poluentes no processo de produção, durante o uso e na reciclagem ou no descarte. • Usar materiais não tóxicos nas etapas de pro- dução, uso, reciclagem ou descarte. • Usar materiais reciclados ou que requerem menos energia na fabricação. • Utilizar materiais que possibilitem a reutilização/ reaproveitamento de componentes. 41 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 Práticas Detalhamento Projetos voltados à simplicidade/ modular- idade Formas mais simples, visto que geralmente possuem um custo de produção menor, uma vez que utilizam menor quantidade de material, maior facilidade de montagem e desmontagem; criam produtos cujas peças possam ser substituídas em caso de defeito, sem que ocorra a ne- cessidade de trocar todo produto; observar a facilidade de acesso aos componentes. Incineração de resídu- os É a forma menos interessante de recuperação de resídu- os, mas é ainda uma solução para países nos quais o espaço para aterros é restrito. Deve-se garantir os limites aceitáveis de substâncias perigosas. Redução do uso de energia • Uso de energia na produção: os programas de redução do consumo energético destacam-se por serem fáceis de implementar e afetarem di- retamente a redução dos custos operacionais; usar equipamentos mais eficientes em termos energéticos, dimensionados apropriadamente ao uso e usar facilidades naturais como a ilumi- nação natural e a exaustão eólica. • Redução de energia na distribuição: de modo a se considerar a energia consumida na cadeia de distribuição dos produtos, desde a aquisição de matéria-prima até a entrega ao consumidor final. • Redução de energia durante o uso do produto: desenvolver produtos que possuam dispositivos para a redução do consumo energético, tais como motores mais eficientes e mecanismos que desligam equipa- mentos não utilizados ou que regulem a potência de acordo com a demanda. Uso de formas de en- ergia renováveis Um dos pressupostos do desenvolvimento sustentável é o uso de formas de energia que utilizem recursos ren- ováveis, como a solar, a eólica e a hidroelétrica, substi- tuindo as que usam recursos não renováveis, como os combustíveis fósseis. Produtos multifuncio- nais A extensãoda vida útil de um produto contribui significa- tivamente para a eco eficiência (um produto durável evita a necessidade de fabricação de um substituto). 42 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Práticas Detalhamento Recuperação de em- balagens A aplicação desta prática prevê que as embalagens pos- sam ser reaproveitadas, seja na reutilização, seja na re- ciclagem. A utilização de produtos com refis é um bom exemplo de reutilização de embalagens. Não utilização de sub- stâncias perigosas Eliminar do processo produtivo todas as substâncias que possam ocasionar algum dano à saúde dos funcionários da indústria, dos consumidores e ao elemento humano que faz a desmontagem do produto para a reciclagem. Preferir a utilização de produtos à base de água, princi- palmente, nos solventes, adesivos e tintas, para a substi- tuição de produtos à base de hidrocarboneto. Prevenção de aci- dentes As práticas de prevenção de acidentes devem ser apli- cadas no projeto do produto e em produtos já existentes. FONTE: Borchardt et al. (2008, p. 345) Calijuri e Cunha (2013) apresentam dez regras básicas para que o ecodesign seja eficiente: 1. Não utilizar substâncias tóxicas e/ou buscar substituí-las por produtos naturais e com baixo risco à população e ao meio ambiente. 2. Minimizar o consumo de energia e recursos na fase de produção e transporte. 3. Fazer uso de características estruturais e materiais de alta qualidade, a fim de minimizar o peso dos produtos. Mas, atenção, não pode interferir na flexibilidade, resistência a impactos ou outras prioridades funcionais. 4. Minimizar o consumo de energia e recursos na fase de uso, especialmente para produtos com os aspectos ambientais mais significativos nessa fase. 5. Promover reparos e atualizações, especialmente para produtos dependentes de sistemas, como celulares, computadores e outros eletroeletrônicos. 6. Promova vida longa, especialmente para produtos com impactos ambientais significantes fora da sua fase de uso. 7. Investir em melhores materiais, tratamentos de superfície ou arranjos estruturais para proteger o produto de sujeira, corrosão e desgaste, assegurando, dessa forma, maior vida útil ao produto. 8. Organizar atualizações, reparos e reciclagem por meio de facilidade de acesso, identificação das partes, módulos, pontos de ruptura e manuais. 9. Promover a atualização, reparo e reciclagem, usando poucos materiais, simples, reciclados e não misturados, com as ligas metálicas. 43 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 Veja a seguir dois exemplos de empresas que investem no ecodesign. 1. Philips: aspirador de pó concebido segundo critérios de ecodesign, cuja composição é de 50% de plástico pós-consumo e de 25% de polímeros de origem vegetal renovável. Dessa forma, o produto se destaca em relação ao critério de reciclagem. Em outro caso, a empresa oferece uma solução em diagnóstico por imagem baseada em um produto remanufaturado. Neste, o cliente submete seu equipamento Philips antigo à empresa, que se encarrega de devolvê-lo à condição de novo por meio da remanufatura. Dessa forma, recursos naturais e energia deixam de ser consumidos e resíduos sólidos gerados, contribuindo também para a redução na emissão de CO2. 2. Hewlett Packard (HP): a empresa possui três programas de prioridades: eficiência no consumo de energia – reduzir a necessidade de energia na fabricação e uso dos produtos; inovação de materiais – reduzir a quantidade de materiais usados nos produtos e desenvolver materiais que tenham um impacto ambiental menor e valor maior em seu fim de vida; e projeto para reciclagem – projetar o equipamento de modo a facilitar a atualização e/ou reciclagem. FONTE: CALIJURI, M. C.; CUNHA, D, G, F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologias e gestão. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 10. Utilizar a menor quantidade possível de elementos de junção e, quando necessário, fazer uso de parafusos, adesivos, soldas, parafusos de pressão, travas geométricas, de acordo com o cenário de ciclo de vida. O ecodesign visa substituir produtos antes construídos com materiais não renováveis, por materiais renováveis. Como exemplos, podemos citar o bambu, que é um produto versátil e possui características importantes para justificar seu consumo por meio de um pensamento sustentável. Uma das características do bambu é seu rápido crescimento, comparado a outras plantas. Além disso, sua madeira é resistente e flexível, o que faz com que seja utilizado em diferentes produtos, como na construção civil, utensílios domésticos, tábuas, móveis, dentre vários outros. 44 Análise do Ciclo de Vida de produto e eco design Um exemplo prático de ecodesign é são as embalagens de isopor que vem sendo substituídos por materiais naturais como fécula de mandioca ou batata e resíduo fibroso (SCHMIDT, 2006). O tempo de decomposição desses materiais é muito pequeno, chegando a cerca de um mês, em comparação com as bandejas tradicionais de isopor (que podem levar mais de 400 anos). Atualmente, já existem no mercado diversas empresas que vêm investindo em produtos biodegradáveis. Apesar dessas iniciativas estarem crescendo ao redor do planeta, a humanidade ainda tem um longo caminho a trilhar visando promover uma produção mais sustentável e reduzir o uso dos recursos naturais. 6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES O SGA está baseado na sustentabilidade, uma vez que busca diminuir impactos ambientais, como a menor geração de resíduos, consumo de água ou energia. Em relação às vantagens econômicas, ao implantar um SGA, a empresa verifica todas as possíveis falhas/desperdícios, podendo tomar medidas para corrigir esses problemas, sem mencionar que a imagem do empreendimento é melhorada perante a sociedade, o que pode fazer com que as vendas dos produtos aumentem. A sociedade também sai ganhando ao consumir produtos com melhor qualidade de uma empresa preocupada e engajada em diminuir os impactos ambientais. Cada vez mais a sociedade (clientes/consumidores) busca consumir produtos que agridam menos o ambiente. A gestão ambiental tem como enfoque a redução dos impactos ambientais, com menor geração de resíduos, diminuição do uso de água, fontes de energia mais limpa, tecnologia que agrida menos o ambiente, dentre outros. Sempre com uma visão de melhoria contínua, ou seja, uma vez implantado um SGA (Sistema de Gestão Ambiental), é fundamental que a empresa verifique constantemente formas de melhorar e impactar menos o ambiente. Logo, no primeiro subtópico apresentamos a importância, etapas, fases e vantagens de se implantar um sistema de gestão ambiental, visando diminuir os impactos ambientais. Na segunda seção, exploramos os conceitos relacionados aos impactos ambientais negativos causados pelos processos produtivos. Além disso, apresentamos os atributos que devem ser analisados visando eliminá-los ou diminuí-los. A análise do ciclo de vida (ACV) dos produtos é uma maneira eficiente de promover um processo produtivo mais eficiente. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é regida pelas normas ISO 14040. Dentre as vantagens da ACV para as organizações/empresas, podemos citar a 45 Qual a importância da Análise do Ciclo de Qual a importância da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e do eco Vida (ACV) e do eco designdesign?? Capítulo 1 identificação de oportunidades de melhoria nos aspectos ambientais dos produtos (nas várias fases do seu ciclo de vida); reduzir o consumo de água e energia; diminuir a geração de resíduos; reduzir os custos dentro do processo, avaliar a utilização de máquinas e equipamentos; gerenciar outras atividades ambientais referentes ao processo industrial; dentre outros. No entanto, não basta apenas realizar a ACV, deve-se investir em pesquisas visando fazer uso de materiais renováveis,
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