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Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 1 DIREITO ADMINISTRATIVO Poderes da Administração Material feito predominantemente pela resoluções de questões de concursos (método de estudo reverso). Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 2 Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 3 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO CONCEITOS INICIAIS Conceito de Carvalho Filho: Conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins. Apesar de se chamar poder, na verdade é um poder-dever, tendo em vista que é uma prerrogativa irrenunciável da Administração Pública para benefício da coletividade. Portanto, não é uma faculdade. Características dos poderes administrativso: Poder-dever: deve ser exercido, não é uma faculdade. Instrumental: para alcançar a finalidade pública. Irrenunciável: administração não pode dispor. O poder da administração (abstrato) materializa-se-á com a prática de um ato administrativo. Poder administrativo Poder político Prerrogativa da Administração Pública para alcançar o interesse público. Relacionados aos elementos estruturais do estado. Estão relacionados com o exercício da função do O Judiciário (JUD) e o Legislativo (LEG) possuem esses poderes em suas funções atípicas, ou seja, de administrar. São as prerrogativas típicas do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário elencadas na CF. Poder regulamentar é função típica do Poder Executivo. Não funções atípicas, o LEG e JUD têm poder normativo, mas não regulamentar. PODERES EM EMPÉCIE Poder Vinculado Poder Discricionário Está sujeito aos critérios definidos em lei. Não tem discirionariedade. O agente não aprecia aspectos concernentes à oportunidade, conveniência, interesse público, equidade. O legislador já o fez. Controle judicial incide apenas sobre os aspectos vinculados do ato (competência, finalidade e forma). Segundo entendimento do STF os atos discricionários são sindicáveis pelo Poder Judiciário somente no que se refere à competência, à forma e à finalidade. A lei, ao atribuir determinada competência, deixa alguns aspectos do ato para serem apreciados pel agente publico diante do caso concreto, essa análise chama-se mérito administrativo. Fundamento: impossibilidade de o legislador catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa exige. Os limites da discricionariedades encontram-se na lei e nos princípios, em especial, proporcionaldiade e razoabilidade. O agente poderá analisar os aspectos relativos à conveniência e oportunidade. O Poder Judiciário não pode julgar o mérito de um ato administrativo discricionário, apenas no que diz respeito à sua adequação com a lei. Discrionariedade Arbitrarieade O administrador deve eleger entre algumas condutas a que melhor se adeque ao caso concreto. A pretexto de agir discricionariamente, atua fora dos limites da lei ou em direta ofensa a esta. Elementos do ato administrativo que são vinculados: competência, finalidade e forma. Elementos do ato administrativo que podem ser discricionários: motivo e objeto (conteúdo). Exemplos: emissão de licença, concessão de aposentadoria, admissão, homologação. Exemplos: decreto expropriatório, peRmissão, autoRização, Renúncia Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 4 NULIDADE REVOGAÇÃO Não há juízo de discricionariedade. Gera efeitos ex tunc (retroagem como se o ato nunca tivesse existido). Ex tunc (retroage). Pelo juízo de conveniência e oportunidade o ato pode revogado; Gera efeitos ex nunc (ou seja, não retroage). Ex nunc (nunca retroage). CONVALIDAÇÃO OU SANEAMENTO CONCEITO: supressão do vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. ELEMENTOS: Competência: se o ato for praticado por agente incompetente, admite-se a convalidação, que nesse caso recebe o nome de ratificação. Se for competência exclusiva não pode ser convalidado. Finalidade: não é possível convalidar. Forma: convalidação é possível se a forma não for essencial à validade do ato. Motivo: não é possível convalidar. Objeto ou conteúdo: não é possível convalidar, mas é possível converter por um outro ato. CONVALIDÁVEIS Competência, desde que não excluvia. Forma, desde que não essencial. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 5 PODER HIERÁRQUICO Palavras chaves: ordenação, coordenação, controle e correção. Dentro do próprio órgão. Decorre do poder hierárquico: delegar e avocar funções. O Poder Hierárquico é característica que integra a estrutura das pessoas jurídicas da Administração Pública, sejam os entes da Administração Direta ou Indireta. É o de que dispõe a Administração para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores de seu quadro de pessoal. A submissão hierárquica tem os seguintes objetivos: ordenação, coordenação, controle e correção. Do poder hierárquico decorrem algumas prerrogativas: Delegar e avocar atribuições; Dar ordens; Fiscalizar; Rever / revisar atividades de órgãos inferiores; Ordenação, coordenação, correção e controle dos atos administrativos internos; Aplicação da teoria da encampação em mandado de segurança; Editar atos normativos internos; Possibilidade de anular atos ilegais ou de revogar os inconvenientes e inoportunos, com base na Súmula 473/STF. O poder hierárquico não se verifica em determinadas expressões do Poder Público, como é o caso da repartição constitucional de competências legislativas entre os entes da Federação, de modo que uma lei federal não valerá mais nem menos que uma lei municipal. A hierarquia é uma característica exclusiva ao exercício da função administrativa. No Legislativo e no Judiciário, a hierarquia concerne apenas as atividades atípicas administrativas, ou seja, quando o LEG ou o JUD delega funções administrativas a um servidor, fiscaliza um contrato administrativo firmado, aplica sanções aos servidores, autoriza férias, etc. Quanto ao poder de punir atente-se que decorre de forma mediata do poder hierárquico e de forma imediata do poder disciplinar, no que concerne às pessoas com alguma espécie de vínculo com a Administração Pública. Se não há vínculo e há a punição, podemos estar diante do poder de polícia. PODER DE PUNIR Com vínculo Sem vínculo Se liga MEDIATAMENTE ao poder hierárquico. Se liga IMEDIATAMENTE ao poder disciplinar. Poder de polícia. O poder de polícia tem como destinatários todos os particulares submetidos à autoridade do Estado, não se aplicando aos vínculos formados em relação de sujeição especial com o poder público. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 6 Não podemos confundir o poder hierárquico, existente dentro de uma pessoa jurídica, com o que a doutrina chama de tutela administrativa, supervisão ministerial ou controle ministerial (decore esses sinônimos). Veja abaixo: Poder hierárquico Supervisão / Controle ministerial / Tutela administrativa Poder existente dentro do próprio órgão. Pode existir poder hierárquico dentro de órgão da Administração Direta. Pode existir poder hierárquico dentro de órgão da AdministraçãoIndireta. Está relacionado ao poder dentro do próprio órgão. No entanto, não existe poder hierárquico da Administração Direta sobre a Indireta. Nem o contrário. Poder exercido pelos Administração Direta sobre órgãos e entidades pertencentes à Administração Pública Indireta. Não existe subordinação hierárquica da Administração Direta sobre a Indireta. Cabe recurso hierárquico impróprio para o respectivo Ministério supervisor. Recurso hierárquico impróprio é o recurso interposto contra a decisão de dirigente de entidade da Administração indireta, para a autoridade a que está vinculada, na Administração direta”. Ainda, como consequência da aplicação do poder hierárquico, é importante o estudo dos institutos abaixo: Delegação Avocação A delegação é a transferência temporária de competência administrativa de seu titular a outro órgão ou agente público subordinado ou não. Se houver subordinação ocorre a delegação vertical. Se ocorre fora da linha hierárquica é delegação horizontal. Pode ser revogada a qualquer tempo. Movimento centrífugo (centro para fora). o ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que continua competente cumulativamente com a autoridade delegada. Lei 9.784/1999 Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. NÃO PODEM SER OBJETO DE DELEGAÇÃO: Edição de atos de caráter normativo; Decisão de recursos administrativos; Matérias de competência exclusiva. ANORADEX A autoridade hierarquicamente superior chama para si a competência de um órgão ou agente subordinado. Pressupõe hierarquia e subordinação. Movimento centrípeto (fora para dentro). Só ocorre avocação vertical (tem que haver hierarquia). Não existe avocação horizontal. Lei 9.784/1999 Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 7 PODER DISCIPLINAR Apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas com vínculo com a Administração Pública. É discricionário, interno e não permanente. O Poder Disciplinar é o instrumento disponibilizado à Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, sendo a abertura do processo administrativo que marca o início do exercício do poder disciplinar e o fim do exercício do Poder Hierárquico. No exercício do poder disciplinar, o administrador possui certa margem na escolha da sanção disciplinar a ser aplicada ao agente público faltoso, juízo esse, via de regra, imune ao controle jurisdicional. Atente-se que não há possibilidade de escolha entre punir e não punir, isso é vinculado, caracterizada a infração há o dever de punir, a discricionariedade está relacionada ao tipo de penalidade a ser aplicada ou o quantum (intensidade) a ser aplicado (quantos dias de suspensão, por exemplo). Portanto, é parte vinculado e parte discricionário. Para apurar a eventual transgressão, abre-se um processo administrativo em que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa. Se a trnasgressão é de servidor público, abre-se uma sindicância ou um processo administrativo disciplinar - PAD. O fato de o servidor está na inativa (licenciado, afastado, aposentado) não impede a propositura do PAD. Em se tratando de particulares com vínculo com a Administração Pública, abre-se um processo regido pela lei que disciplina o vínculo, por exemplo, processo de licitação. Assegura-se, de igual forma ao PAD, o contraditório e a ampla defesa. Quando ao poder de punir, não se esqueça. PODER DE PUNIR Com vínculo Sem vínculo Se liga MEDIATAMENTE ao poder hierárquico. Se liga IMEDIATAMENTE ao poder disciplinar. Poder de polícia. O poder de polícia tem como destinatários todos os particulares submetidos à autoridade do Estado, não se aplicando aos vínculos formados em relação de sujeição especial com o poder público. Exemlos do poder disciplinar: Punir internamente as infrações funcionais de seus servidores; Punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante algum vínculo específico, contrato administrativo, por exemplo. Aplicação de multa a sociedade empresária em razão de descumprimento de contrato administrativo celebrado por dispensa de licitação; Um tenente da Marinha do Brasil determinou que um grupo de soldados realizasse a limpeza de um navio, sob pena de sanção se descumprida a ordem. Nesse caso, o poder a ser exercido pelo tenente, em caso de descumprimento de sua ordem, é disciplinar e deriva do poder hierárquico. No que tange às penitenciárias e prisões, temos algumas considerações especiais: PODER DE POLÍCIA PODER DISCIPLINAR Se ocorrer no momento da fiscalização, vistorias, revistas dos presos e instalações. Quando o detendo é punido em procedimento administrativo, com a finalidade de aplicar-lhe as penas previstas na LEP. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 8 PODER NORMATIVO Poder conferido á Administração Pública de expedir normas para disciplinar as matérias não privativas de lei. As normas são abstratas, de preceitos secundários e alcance geral. O poder regulamentar é uma espécie do gênero poder normativo. Segundo a lição de Miguel Reale, podem-se dividir os atos normativos em originários e derivados: Poder normativo Originário / primário Poder normativo Derivado / secundário Emanados de um órgão estatal em virtude de competência própria, outorgada imediata e diretamente pela Constituição, para edição de regras instituidoras de direito novo. Retiram seu fundamento na CF. Exemplos: leis. Têm por objetivo a explicação ou especificação de um conteúdo normativo preexistente, visando à sua execução no plano da praxis. Retiram seu fundamento nas leis e indiretamente na CF. Exemplos: decreto. Poder normativo inclui todas as diversas categorias de atos abstratos, tais como: Decreto ou regulamento executivo; Decreto ou regulamento autônomo; Regimentos, instruções, deliberações, resoluções e portarias. Alguns entendem que não há distinção entre poder normativo e regulamentar. Tratam como sinônimos. No entanto, é preferível essa distinção, tendo em vista que o Poder Legislativo e Poder Judiciário possuem poder normativos em suas funções atípicas de administrar, o que não ocorre com o poder regulamentar, típico e exclusivo do Executivo. Veja algumas assertivas consideradas corretas: O poder regulamentar é aquele que permite a edição de atos administrativos normativos, como os regulamentos, regimentos, portarias e decretos. Regimentos, instruções, deliberações e portarias enquadram-se no poder regulamentar do poder público, para editarem atos administrativos gerais e abstratos, ou gerais e concretos, expedidos para dar fiel execução à lei. PODER REGULAMENTAR Poder do chefe do Executivo para editar normas complementares à lei, para sua fiel execução. Em regra, não pode inovar no ordenamento jurídico. Emanam normas, ou seja, atos com efeitos gerais e abstratos. É função típica do Poder Executivo. É uma das formas pelas quais se expressa a função normativa do Poder Executivo. Pode ser definidocomo o que cabe ao Chefe do Poder Executivo da União, dos Estados e dos Municípios, de editar normas complementares à lei, para sua fiel execução. O poder regulamentar consiste na possibilidade dos chefes do Executivo de explicarem e detalharem as leis para a sua correta execução ou de expedirem os decretos autônomos sobre matéria ainda não disciplinada em lei. Os princípios da segurança jurídica e da isonomia, que informam o poder normativo ou regulamentar, preveem que a administração pública imprima previsibilidade aos seus comportamentos, regulamentando pela edição de atos normativos infralegais, de forma abstrata e vinculante, os temas em relação aos quais a lei não foi específica. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 9 Decreto ou regulamento executivo Decreto ou regulamento autônomo Complementa a lei ou, nos termos do artigo 84, IV, da Constituição, contém normas “para fiel execução da lei”; Não pode estabelecer normas contra legem ou ultra legem. Não pode inovar na ordem jurídica, criando direitos, obrigações, proibições, medidas punitivas. Ninguém é jobrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, conforme artigo 5º, II, da CF/88. Previsão Constitucional: Art. 84. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Estabelece normas sobre matérias não disciplinadas em lei. Não completa nem desenvolve nenhuma lei prévia. Pode inovar na ordem jurídica. Hipóteses taxativas na CF/88. Previsão constitucional: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; Exemplos de poder regulamentar: O Chefe do Executivo de um estado federado editou decreto alterando a composição de um órgão colegiado para fins de reduzir seu número de integrantes. O decreto passou a exigir, ainda, que as decisões do referido colegiado fossem submetidas ao titular da secretaria à qual está vinculado, para homologação. O Decreto nº 29.921/18, editado pelo Prefeito Municipal de Salvador, regulamenta os dispositivos da Lei Municipal nº 8.915/15 e dispõe sobre a Política Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e institui o Cadastro Municipal de Atividades Potencialmente Degradadoras e Utilizadoras de Recursos Naturais - CMAPD, no Município. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 10 PODER DE POLÍCIA Atividade da administração pública que limita ou condiciona interesses privados em detrimento do interesse público. Pagamento do poder de polícia é feita por taxa (espécie de tributo). Atributos do poder polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. DAC. Ciclos do poder de polícia: ordem, consentimento, fiscalização (preventivo) e sanção (repressivo). Indelegável, em regra. CONCEITO Amplo Restrito Toda e qualquer atuação restritiva do Estado, abrangendo tanto os atos do Poder Executivo, como também do Legislativo. Atividade administrativa concreta que se consubstancia no poder de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade. Atividade estatal restritiva dos interesses privados, limitando e condicionando a liberdade e a propriedade individual em favor do interesse público. É o mecanismo de frenagem para conter os abusos individuais. Intervenções gerais e abstratas, como os regulamentos, ou concretas e específicas, como autorizações e licenças, do Poder Executivo, destinadas a limitar o interesse individual em favor do público. CONCEITO LEGAL – CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. O fundamento, portanto, do poder de polícia é a supremacia do interesse público, um dos pilares da Administração Pública. Os direitos fundamentais funcionam como contraponto ao exercício do poder de polícia, limitando‐ o. Todas as pessoas federativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem, em tese, atribuição para exercer o Poder de Polícia, a ser realizado, entretanto, nos limites das suas respectivas competências. O exercício do poder de polícia pelo Estado enseja a cobrança pela sua prestação. Essa cobrança dar- se-á pelo pagamento de taxa. Lembre-se que a taxa é uma espécie tributária. É um tributo. Não confunda com preço público ou tarifa. Poder de polícia paga-se por taxa. Nos ternos do CTN: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 11 PODER DE POLÍCIA ORIGINÁRIO PODER DE POLÍCIA DERIVADO Exercido pela administração DIRETA. Exercido pela administração INDIRETA. Somente pessoas jurídicas de direito público. Autarquias próprias, autarquias fundacionais, autarquias profissionais e autarquias reguladoras. Apresentamos agora as principais distinções cobradas em provas entre poder de polícia e outros institutos. Vejamos Poder de polícia Serviço publico É uma atividade negativa em relação ao cidadão. Impõe, em regra, uma obrigação de não fazer. Limitação administrativa ao uso da liberdade e da propriedade. Excepcionalmente o exercício do Poder de Polícia pode determinar uma obrigação de fazer. Exemplo: determinar que famílias desocupem área sujeita à inundação. É uma atividade positiva. Oferecimento de comodidade material diretamente ao administrado. Poder de policia Poder da polícia Atribuição da administração pública. Fiscalização, limitação de direitos do particular em prol do interesse público. Polícia Militar e Polícia Civil também têm poder de polícia. Atribuição dos órgãos de segurança pública. Preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e das coisas. Recai sobre crimes e contravenções. Pode ser Judiciária (investigativa e repressiva). Exercida pela PC e PF. Administrativa (ostensiva). Exercida pela PM. Polícia Administrativa Polícia Judiciária Exercida sobre atividades privadas, bens, direitos ou atividades. Ela desempenhada por órgãos administrativos de caráter fiscalizador, integrantes dos mais diversos setores de toda a administração pública. Incide diretamente sobre pessoas, é executada por corporações específicas (a polícia civil e a Polícia Federal e ainda, em alguns casos, a polícia militar, sendoque esta última exerce também a função de polícia administrativa). Rege-se pelo Direito Administrativo Rege-se pelo Direito Processual Penal. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA As medidas de poder de polícia que envolvem limitação de direitos e garantias devem garantir o prévio contraditório e ampla defesa. No entanto, em situações urgentes que ponham em risco a segurança ou a saúde pública, ou quando se tratar de infração instantânea surpreendida na sua flagrância, o contraditório e a ampla defesa podem ser postergados ou diferidos para momento posterior. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 12 PUNIÇÃO Quando o particular desobedece as normas regulamentadoras impostas pelo poder de polícia, a Administração pública pode utilizar-se de meios diretos e indiretos de coerção. Essa possibilidade de punir o particular não se confunde com o poder disciplinar. PODER DE PUNIR Com vínculo Sem vínculo Se liga MEDIATAMENTE ao poder hierárquico. Se liga IMEDIATAMENTE ao poder disciplinar. Poder de polícia. O poder de polícia tem como destinatários todos os particulares submetidos à autoridade do Estado, não se aplicando aos vínculos formados em relação de sujeição especial com o poder público. FORMAS DO PODER DE POLÍCIA Administração Pública exerce tal poder, dentre outras formas, por meio de atos administrativos com características preventivas, com o fim de adequar o comportamento individual à lei, como ocorre na autorização. No entanto, também exercita esse poder de forma repressiva. Poder de polícia preventivo Poder de polícia fiscalizador Poder de polícia sancionador ou repressivo Quando a administração pública elabora atos normativos de alcance geral que definem regras de segurança. Fiscaliza o cumprimento do ato normativo. Atos administrativos e operações materiais. Aplicação da sanção. PREVENTIVO PREVENTIVO REPRESSIVO Atos normativos Atos concretos Atos concretos Legislativo e Executivo, em regra. Executivo, em regra. Executivo, em regra. Cabe nos demais poderes na função atípica administrativa. Cabe nos demais poderes na função atípica administrativa. Cabe nos demais poderes na função atípica administrativa. Exemplos: Licença; Decreto sobre o regulamento de determinada profissão; Lei strictu sensu, isto é, emanada do Poder Legislativo, criando limitação administrativa. Exemplo: Fiscalização regular da vigilância sanitária; Fiscalização pelos agentes de trânsito. Exemplo: Interdição de atividade; Apreensão de mercadorias deterioradas. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 13 CARACTERÍSTICAS OU ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA DAC Discricionariedade Autoexecutoriedade Coercibilidade ou imperatividade É a regra. Exceção: emissão de licença que é ato vinculado. Portanto, tanto pode ser discricionário (regra), como vinculado. Possibilidade que tem a Administração de, com os próprios meios, por em execução as suas decisões, sem precisar recorrer previamente ao Poder Judiciário, de forma direta ou indireta. Para alguns autores a autoexecutoriedade divide-se em exigibilidade e executoriedade. Existem em 2 situações: Quando a lei expressamente prevê; Situações de urgência, mesmo quando não expressamente prevista em lei. É indissociável da autoexecutoriedade. Só é autoexecutório porque dotado de força coercitiva Significa que o particular terá que obedecer independentemente da sua vontade. Obriga todos a observarem os seus comandos, podendo, inclusive, usar a força, caso necessário para vencer eventual recalcitrância. INDEPENDE DA ANUÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO. INDEPENDE DA ANUÊNCIA DO ADMINISTRADO. AUTOEXECUTORIEDADE Exigibilidade Executoriedade Possibilidade que tem a AP de tomar decisões executórias sem depender do JUD. AP usa meios indiretos de coação. Está presente em todas as medidas de polícia. Exemplo: aplicação de multas, não concessão de licenciamento do veículo enquanto não forem pagas as multas de trânsito. Realiza diretamente a execução forçada, usando, se for o caso, da força pública. AP usa meios diretos de coação. Não está presente em todas as medias de polícia. Exemplos: dissolve uma reunião, apreende mercadorias, interdita uma fábrica, construir calçada. Autoexecutório Exigibilidade Executoriedade Independe do JUD. Independe do JUD. Meio indireto de coerção. Aplicação de multa. - Meio direto de coerção. Apreensão, interdição EXI GI BILIDADE. Meio Indireto. EXE CU TORIEDADE CD MEIO DIRETO. C perto do D. Não está presente em todos os atos de polícia. Está presente em todos os atos de polícia. Não está presente em todos os atos de polícia. No que tange a multa, atente-se ao seguinte. A aplicação da multa decorre do poder de polícia, no entanto, a cobrança pelo pagamento não configura prerrogativa da Administração Pública. Devendo ser feita via judicial. Aplicação de multa Cobrança de multa Exigibilidade Intervenção do Poder Judiciário. Não confunda atributos do poder de polícia com atributos dos atos administrativos. ATRIBUTOS Poder de polícia DAC Atos administrativos PITA Discricionariedade Autoexecutoriedade Coercibilidade Presunção de legitimidade Imperatividade Tipicidade Autoexecutoriedade Autoexecutoriedade não está presente em todos os atos de polícia. Imperatividade e autoexecutoriedade não estão presentes em todos os atos administrativos. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 14 CICLOS DE POLÍCIA O exercício ao poder de policia compreende fases distintas, denominadas de ciclos de polícia: ordem, consentimento, fiscalização e sanção. "CICLO DE POLÍCIA" (FASES DA ATIVIDADE DE POLÍCIA) Ordem ou legislação Consentimento Fiscalização Sanção Referente a legislação do poder Executivo e Legislativo que estabelecem limites e condicionamentos ao exercício de atividades e uso de bens. Sempre deve estar presente e é a fase inicial de qualquer ciclo de polícia, em virtude do princípio da legalidade. É a anuência prévia da administração, quando exigida. Não está presente em todo ciclo de polícia. A administração pública verifica o adequado cumprimento das ordens de polícia ou a existência (quando exigida) de consentimento de polícia. Caréter preventivo. É a atuação administrativa coercitiva, aplicando ao particular infrator uma sanção ou praticando procedimentos acautelatórios, cujo objetivo maior é evitar danos à coletividade. Caráter repressivo. Requisitos expressos no CTB para obter CNH. Expedição da CNH. Agente de trânsito e PRF. Multa de trânsito por dirigir sem CNH. Normas que regulam a fiscalização sanitária. Expedição de alvará de licença ou autorização. Agentes sanitários. Multa e auto de interdição do estabelecimento. EXEMPLOS DE PODER DE POLÍCIA Concessão de licença para instalação e funcionamento de um estabelecimento comercial; Verificação de irregularidade cometida pelo particular fiscalizado por transgressão à legislação específica, e lavraturas da notificação, auto de infração e intimação; Apreensão de veículos pela autoridade administrativa competente, em virtude de transporte coletivo irregular; Aplicação de uma multa a restaurante que infringiu normas ligadas à proteção da saúde pública; Interdição de um estabelecimento comercial, por desrespeito à licença concedida; Alvará de licenciamento que pode ocorrer por licença ou autorização; Programa de restriçãoao trânsito de veículos automotores, em esquema conhecido como rodízio de carros, desapropriação. Quanto à licença e autorização, tecemos algumas distinções essenciais: LICENÇA AUTORIZAÇÃO Ato vinculado Não precário. Uma vez atendidas as exigências legais pelo interessado, deve a administração concedê-la, sendo direito subjetivo do particular a sua obtenção. Ato discrionário Precário (resulta da liberalidade da Administração, e por isso não geram direitos adquiridos para o particular, podendo ser revogados a qualquer tempo pelo Poder Público). LICENÇA – VINCULADO AUTORIZAÇÃO - DISCRICIONÁRIO ATENÇÃO: A desapropriação não pode ser considerada exercício do poder de polícia. Vejamos os argumento: 1. O poder de polícia condiciona ou restringe o uso e gozo de direitos, bens e atividades em prol do interesse público, e a desapropriação é a única modalidade de intervenção do Estado na propriedade que retira o direito do particular. 2. O procedimento de desapropriação não pode ser imposto administrativamente pela Administração Pública. Ou é pela via negocial ou judicial. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 15 DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA A doutrina majoritária entende que o poder de polícia não pode ser exercido por particulares (concessionários ou permissionários de serviços públicos) ou entidades públicas regidas pelo direito privado, mesmo quando integrantes da Administração indireta, a exemplo das empresas públicas e sociedades de economia mista. Portanto, a regra é a indelegabilidade do poder de polícia às pessoas jurídicas de direito privado, por constituir prerrogativa típica do Estado (jus imperii) e só pode esse pode ser exercida. Atente-se que o exercício do poder de polícia pode ocorrer através da Administração Direta ou Indireta. Em se tratando da Administração Indireta, teremos duas situações. ADMINISTRAÇÃO DIRETA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA PJ DIREITO PÚBLICO PJ DE DIREITO PRIVADO São titulares do poder de polícia. Podem delegar para a Administração Indireta, desde que pessoas jurídicas de direito público. A delegação é feita por lei específica. Pode exercer o poder de polícia. Não poder exercer o poder de polícia, como regra. Autarquia (INSS); Fundação autárquica (FUNAI); Autarquias profissionais (CRM) - A fiscalização não se enquadra como subordinação de viés trabalhista. Autarquias reguladoras (ANA, ANVISA) Empresas pública Sociedade de economia mista Posição da jurisprudência: STF STJ Apesar de o exercício do poder de polícia ser restrito às entidades regidas pelo direito público, particulares podem auxiliar o Estado em seu exercício. Exemplo: instalação de radares eletrônicos (pardais). Ainda, “somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. Poder de polícia é indelegável, exceto: Atos preparatórios: instalação de radar. Atos executórios (atividade material sucessiva): guinchos e demolições. Ne verdade, não é bem uma delegação, já que a pessoa privada está sob ordens da Administração Pública. Portanto, o poder de polícia, por ser atividade exclusiva do Estado, não pode ser delegado a particulares , mas é possível sua outorga a entidades de Direito Público da Administração Indireta, como as agências reguladoras (ANA, ANEEL, ANATEL, etc.), as autarquias corporativas (CFM, CFO, CONFEA, etc.) e o Banco Central. Jurisprudencialmente, é possível afirmar que a delegação é possível em sua dimensão fiscalizatória e de consentimento. Portanto: DELEGABILIDADE - PODER DE POLÍCIA Ordem ou legislação Consentimento Fiscalização Sanção Indelegável Delegável Delegável Indelegável. Por ser um tema recorrente em prova e considerando o posicionamento de algumas bancas, colaciona assertivas das bancas. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 16 ASSERTIVAS CONSIDERADAS CORRETAS: O poder de polícia delegado é limitado aos termos da delegação e se caracteriza por atos de execução. Ainda que não lhe seja permitido delegar o poder de polícia a particulares, em determinadas situações, faculta-se ao Estado a possibilidade de, mediante contrato celebrado, atribuir a pessoas da iniciativa privada o exercício do poder de polícia fiscalizatório para constatação de infrações administrativas estipuladas pelo próprio Estado. O poder de polícia não poderá ser delegado às concessionárias, no âmbito das parcerias público-privadas. O poder de polícia pode ser delegado em sua dimensão fiscalizatória a pessoa jurídica de direito privado integrante da administração pública. O poder de polícia se caracteriza, entre outras coisas, por ser indelegável, restritivo e não indenizável. O poder de polícia é indelegável a pessoas jurídicas de direito privado por envolver prerrogativas próprias do poder público, insuscetíveis de serem exigidas por particular sobre o outro. Caso uma empresa privada seja contratada, mediante prévia e regular licitação, para a colocação de radares medidores de velocidade de veículos automotores no trânsito de uma cidade, tal fato não seria ilegal. Já que não há delegação do poder de polícia propriamente dito, sendo indelegável pelo Estado, somente, a edição da norma de polícia e de aplicação de sanções. Poderá ser delegado, mediante lei específica, a entes da Administração indireta. O regular exercício de poder de polícia pela Administração pública admite delegação à iniciativa privada de alguns aspectos, a exemplo das atividades meio, que não afetam direitos diretamente. A execução de alguns atos decorrentes do poder de polícia pode ser delegada por lei. ASSERTIVAS CONSIDERADAS ERRADAS: O poder de polícia é indelegável (CESPE). O poder de polícia é indelegável, somente podendo ser exercido pela Administração Pública direta. O Poder de Polícia é indelegável, de modo que, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, não pode ser transferido a entidade integrante da administração pública indireta. Em se tratando da posição do STF, temos o seguinte. Em regra, é indelegável, no entanto, atos materiais preparatórios ou posteriores, que são mera execução de atos administrativos decorrentes dos poderes regulamente exercidos pela Administração Pública, podem ser delegados. DELEGABILIDADE - ATO MATERIAL DE POLÍCIA Preparatório Posterior Preparam o ato do poder de polícia. Exemplo: instalação de radar. São posteriores ao exercício do poder de polícia. Exemplo: contratação de empresa para remover família de uma área de risco. CONTROLE DO PODER DE POLÍCIA O poder de polícia, como prerrogativa da Administração Pública, sujeita-se aos mecanismos de controle interno e externo. Quando a própria Administração avalia os critérios de legalidade e regularidade da aplicação do poder de polícia, seja de ofício ou por requerimento de eventual prejudicado, diz-se que o controle é interno. Nesse caso a administração poderá revogar ou anular o ato. O controle externo é realizado pelo Judiciário no que tange aos critérios de legalidade, não podendo adentrar no mérito do poder de polícia quando houver discrionariedade do ato, salvo situações de flagrante arbitrariedade. Nesse caso, trata-se somente de nulidade do ato. Portanto, a atuação da Administração pública está sujeita a controle interno e externo, sob diversos aspectos. O controle dos atos e medidas praticados pela Administração no exercício do poder de polícia envolve verificação, pelo Poder Judiciário, do cumprimento de garantias individuais, a exemplo do princípio da ampla defesa e do contraditório, ainda que sejam diferidosem situações de urgência CONTROLE INTERNO CONTROLE EXTERNO Pela própria Administração. Pode gerar a revogação ou nulidade do ato. Controle amplo. Pelo Judiciário, em especial, quanto à ilegalidade. Pode gerar a nulidade do ato. Controle restrito. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 17 PRESCRIÇÃO DO PODER DE POLÍCIA As disposições abaixo estão relacionados à aplicação da prescrição no exercício no poder de polícia em âmbito federal. Nos termos da Lei 9.873/1999: Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. § 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. Art. 1o-A. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por infração à legislação em vigor. Art. 2o INTERROMPE-SE a prescrição da ação punitiva: .Art. 2o-A. INTERROMPE-SE o prazo prescricional da ação executória: Art. 3o SUSPENDE-SE a prescrição durante a vigência: I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital; II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato; III - pela decisão condenatória recorrível. IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II – pelo protesto judicial; III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor; V – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. I - dos compromissos de cessação ou de desempenho, respectivamente, previstos nos arts. 53 e 58 da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994; O disposto acima não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária. Os Estados e Municípios tem autonomia para disciplinar a matéria, no entanto, quando não existir legislação local específica, aplica-se as disposições do Decreto 20.910/1932. Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. O Decreto citado não regula a prescrição intercorrente. O que não impede que Estados e Município o façam. Prescrição ordinária 5 anos Prescrição intercorrente 3 anos Se for crime, é o prazo de prescrição do crime. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 18 VÍCIOS DE PODER Uso do poder Abuso do poder Utilização normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere. Conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa ou implicitamente traçados na lei. ABUSO DE PODER: Ocorre quando a autoridade, embora competente, ultrapassa o limite de suas atribuições ou desvia das finalidades administrativas. É gênero. Abuso de poder Excesso de poder Desvio de poder/ finalidade Pressupõe ser o agente competente para a prática do ato. Todo abuso de poder é ilegal, portanto passível de correção: Autotutela pela própria Administração (de ofício); Por pedido de eventuais prejudicados; Pela via judicial (mandado de segurança, por exemplo). Nem toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se reveste de ilegalidade. Abuso de poder é uma espécie de ilegalidade (gênero). Todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio de poder, mas sendo por excesso de poder, pode ser convalidado. O abuso de poder pode caracterizar crime de abuso de autoridade (lei 13.869/2019), mas não necessariamente, não sempre. Abuso de poder (ilícito administrativo) Abuso de autoridade (ilícito penal) Semelhança Pressupõem o uso anormal da competência; Pressupõem o uso anormal da competência; Implicam a prática de conduta ilícita; Implicam a prática de conduta ilícita; Geram nulidade do ato; Geram nulidade do ato; Ensejam responsabilidade da autoridade. Ensejam responsabilidade da autoridade. Diferença Tipificação aberta; Tipificação fechada. Ilícito que repercute na esfera administrativa; Alcança o âmbitos civil, penal e administrativo; O abuso de poder pode ser abuso de autoridade. O abuso de autoridade será abuso de poder. Abuso de poder (nas duas formas) pode ocorrer de forma: Dolosa; Culposa; Comissiva (ação): Omissiva (omissão específica): A doutrina minoritária entende que não há abuso de poder omissivo. Outra doutrina minoritária entende que só pode existir omissão no desvio de poder. Mas é posição minoritária, mínima. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 19 Abuso de poder Excesso de poder Vício de competência ou atuação desproporcional. O agente público exorbita de suas atribuições. Atua fora dos limites de sua competência. O excesso de poder, por ser vício de competência, admite convalidação, exceto se a competência for exclusiva. Desvio de poder / finalidade É vício na finalidade do ato. Chamado de vício ideológico ou vício subjetivo. É um defeito na vontade que contamina o elemento da finalidade. Pratica o ato com finalidade diversa da que decorre implícita ou explicitamente da lei. Dentro de sua competência, mas afasta-se do interesse público. Age dentro dos limites de sua competência, mas o faz para alcançar fim diverso do previsto. Não admite convalidação. É conduta mais visível nos atos discricionários. É mais díficil a obtenção de prova. Existem muitas questões que cobram simplesmente qual o gênero e quais as espécies. Decore isso bem. Eu decorei assim: AED = abuso excesso e desvio) EXEMPLOS Excesso de poder Desvio de poder Policial penal que utiliza de força desproporcional, amarrando detentos com uma corda, a qual causou lesões contusas em ambos os detentos. Promotor de justiça que procede à apreensão de documentos sem ordem judicial. Delegado de polícia, além de prender aquele que cometeu ilícito penal, tortura o preso. Ato de um administrador público que, ao punir um servidor, impusesse a este uma pena física (que obviamente não estaria prevista em lei). Fiscal no aeroporto que pede para o passageiro retirar toda a roupa em público para fazer a revista. Promotor de justiça que realiza fiscalização de cargos em comissão para retaliação do Prefeito, seu antigo desafeto. Projeto de urbanização, em verdade, que tinha por objetivoo incremento de liquidez dos imóveis pertencentes ao prefeito. Prefeitura do Município “X” desapropria um imóvel apenas porque o proprietário é um desafeto do Prefeito. Transfere Beltrano da Silva, um funcionário público ocupante do cargo de médico clínico geral, para uma região da periferia, carente de serviços médicos, como forma de vingança por este ter sido o namorado de sua esposa. Normalmente quando fala em desafeto e vingança é desvio de poder. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 20 JURISPRUDÊNCIA APLICÁVEL – PODERES SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Súmula Vinculante 38 - STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. Súmula Vinculante 41: O serviço de iluminação pública NÃO pode ser remunerado mediante taxa. Súmula 419-STF: Os municípios tem competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis federais válidas. Súmula nº 646 – STF: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. RE 658570 – STF: É constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas. ADI 2998: CTB pode exigir a quitação do pagamento dos tributos, encargos e multas como condição para que o veículo possa circular. ADI 2998: Resolução do CONTRAN não pode estabelecer penalidades, devendo as sanções ser previstas em lei em sentido formal e material. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Súmula 19 - STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União. Competência para horário comercial Competência para horário bancário Município União Súmula 312: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. Súmula 434: O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito. O CTB prevê, no entanto, a opção do infrator de não apresentar defesa e reconhecer a infração. Nesse caso terá um desconto de 40% no valor da multa. Ou seja, paga por 60% do seu valor. Portanto, terá 2 opções: Abre mão do recurso e paga com desconto de 40%. Paga sem o desconto, o que não impede entrar com recurso depois. Art. 284. (...) § 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação eletrônica, se disponível, conforme regulamentação do Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem recurso, reconhecendo o cometimento da infração, poderá efetuar o pagamento da multa por 60% (sessenta por cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, até o vencimento da multa. § 2º O recolhimento do valor da multa não implica renúncia ao questionamento administrativo, que pode ser realizado a qualquer momento, respeitado o disposto no § 1º. Súmula 467: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. Súmula 510-STJ: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está condicionada ao pagamento de multas e despesas. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 21 JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ DIREITO ADMINISTRATIVO – PODER DE POLÍCIA EDIÇÃO 82 1) A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia, em razão da inafastabilidade do controle jurisdicional. 2) O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios, quando não existir legislação local específica, é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo inaplicáveis as disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à Administração Pública Federal Direta e Indireta. 1. O Superior Tribunal de Justiça entende que, em casos de ação anulatória de ato administrativo ajuizada em desfavor da Coordenadoria Estadual de Proteção de Defesa do Consumidor, em decorrência do exercício do poder de polícia do Procon, é inaplicável a Lei n. 9.873/1999, sujeitando-se a ação ao prazo prescricional quinquenal previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932. 2. O art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 apenas regula a prescrição quinquenal, não havendo previsão acerca de prescrição intercorrente, apenas prevista na Lei n. 9.873/1999, que, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não se aplica às ações administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios, em razão da limitação do âmbito espacial da lei ao plano federal. 3) Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. (Súmula n. 467/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA 324) 4) A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio ambiente concede ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o licenciamento seja do município ou do estado. Competência para o licenciamento não se confunde com competência para fiscalizar decorrente do poder de polícia, portanto, União, Estados, DF e Municípios podem exercer o poder de polícia em áreas cuja a licença foi realizada por outro ente federativo. 5) Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, já que não se confunde a competência para licenciar com a competência para fiscalizar. 6) O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON detém poder de polícia para impor sanções administrativas relacionadas à transgressão dos preceitos ditados pelo Código de Defesa do Consumidor - art. 57 da Lei n. 8.078/90. 7) O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal - CEF por infração às normas do Código de Defesa do Consumidor, independentemente da atuação do Banco Central do Brasil. 8) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da delegação do poder de polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo, não podendo ser considerada relação de trabalho e, por consequência, não está incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista. 9) Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 22 10) É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização e funcionamento quando notório o exercício do poder de polícia pelo aparato administrativo do ente municipal, sendo dispensável a comprovação do exercício efetivo de fiscalização. 11) Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas intrinsecamente ao serviço prestado pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a regularidade desses equipamentos. 12) É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários decorrente do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliários - CVM, visto que os efeitosda Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata e se prolongam enquanto perdurar o enquadramento da empresa na categoria de beneficiária de incentivos fiscais. 13) Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa, tendo em vista que o seu pagamento é compulsório e decorre do exercício regular de poder de polícia.
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