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EDUCAÇÃO INCLUSIVA E PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8975 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CARVALHO, Tereza Cristina de. Educação Inclusiva e Prática Psicopedagógica. Tereza Cristina de Carvalho. Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 196 p. “Graduação - EaD”. 1. Educação 2. Inclusão 3. Psicopedagogia. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Waléria Henrique dos Santos Leonel Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Piera Consalter Paoliello Design Educacional Kaio Vinicius Cardoso Gomes e Ivana Cunha Martins Revisão Textual Nágela Neves da Costa Ilustração Bruno Pardinho Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 370.152 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-525-8 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universida- de, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atua- mos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o in- telectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professo- res e equipe que produzem a cada dia uma inova- ção, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamen- te para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Marin- gá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quin- tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mu- dam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Dra. Tereza Cristina de Carvalho Doutora em Educação, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Marília (SP), na linha de Educação Especial. Mestre em Educa- ção pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Presidente Prudente (SP). Graduada em Pedagogia pela UNITOLEDO, Araçatuba (SP). Especialista em Formação de Professores para Potencializar a Inclusão pela UNESP, Campus de Presidente Prudente (SP). Psicopedagoga pela UCESP, Araçatuba (SP). Atualmente, é Pedagoga do Estado do Paraná, atuando no Núcleo Regional de Educação de Maringá e Professora do Curso de Pedagogia a Distância da Unicesumar, Maringá (PR). Tem experiência na Educação Básica, atuando como professora, Coordenadora Pedagógica e Diretora da Educação Básica. Também tem experiência na área da Educação Especial (Processo Educacional e Inclusivo de Pessoas com Autismo) e na Formação Continuada Colaborativa. Experiência em Educação a Distância e em cursos de Pós-graduação, na área da Educação e da Educação Especial. http://lattes.cnpq.br/0397457113408873 http://lattes.cnpq.br/0397457113408873 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA Caro(a) aluno(a), estar aberto a novos conhecimentos é muito importante, quando pensamos em seguir em nossa profissão, por isso, compartilho, com muito carinho, o conteúdo deste livro. Vale lembrar que você terá contato com uma proposta inicial, e a instrumentalização das ações apresentadas são apenas um caminho a ser seguido, mediante um universo de recursos a serem utilizados. O direcionamento proposto, neste livro, tem o intuito de promover um diálogo a respeito do trabalho do psicopedagogo em clínicas e escolas, a fim de reafirmar a importância desse profissional, nesses dois espaços, e que os dois se complementam. Diante desse pressuposto, você estudará, na primeira unidade, concepções importantes a respeito da deficiência, do seu desenvolvimento e do seu processo de aprendizagem. Na segunda unidade, você compreenderá como a prática psicopedagógica pode ser encami- nhada na Educação Inclusiva; como o planejamento do processo de ensino e aprendizagem na perspectiva inclusiva pode ser realizado; como o psicopedagogo pode auxiliar a prática no Atendimento Educacional Especializado e, por fim, você compreenderá como o currículo pode ser adequado e organizado para atender os alunos com deficiência. Na terceira unidade, você estudará algumas concepções importantes a respeito da deficiência e acessibilidade, para refletir sobre a criação de novas políticas de promoção à Saúde e à Educação, e estudará alguns recursos e equipamentos de Tecnologia Assistiva que propiciam ou ampliam as habilidades funcionais das pessoas com deficiência. Na quarta unidade, você compreenderá como ocorre a articulação do trabalho, realizado pela escola, com o processo inclusivo dos estudantes deficientes e o trabalho psicopedagógico. Além disso, verá como a ação em colaboração, entre o docente, aluno e psicopedagogo, pode ser realizada, focando no desenvolvimento dos aspectos educacionais, emocionais, sociais e psicológicos. Enfim, na última unidade, você vivenciará uma experiência diferenciada, a partir de estudos de caso que contemplará o processo avaliativo das deficiências estudadas, durante esse percurso. Caro(a) aluno(a), após apresentar para você o caminho que seguirá nesta disciplina, espero que se apaixone ainda mais pela psicopedagogia clínica e institucional. Por isso, desejo que o conteúdo estudado propicie novas formas de compreender o trabalho do psicopedagogo. Bons estudos! ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você afixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO ALUNOS COM DEFICIÊNCIA: ESPECIFICIDADES, DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM 08 ACOMPANHAMENTO PSICOPEDAGÓGICO COMO PRÁTICA DE INCLUSÃO 52 82 AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NAS PRÁTICAS ESCOLARES INCLUSIVAS 113 ORIENTAÇÃO DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO NA ESCOLA INCLUSIVA 140 PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS INCLUSIVAS: ESTUDO DE CASO DE ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA 168 CONCLUSÃO 1 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA: ESPECIFICIDADES, desenvolvimento e aprendizagem PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Conceituação e Terminologia da Deficiência • Os Aspectos do Desenvolvimento das pessoas com Deficiência • Possibilidades de Aprendizagem das pessoas com Deficiência. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer os aspectos conceituais e terminológicos das deficiências • Compreender os Aspectos do Desenvolvimento das pessoas com Deficiência • Estudar as possibilidades de Aprendizagem das pes- soas com Deficiência. PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), você estudará, nesta unidade, concepções importantes a respeito da deficiência, do desenvolvimento e do processo de aprendiza- gem. Assim, poderá conhecer o que acomete este público e o que poderá realizar, enquanto estratégia psicopedagógica, no processo de aprendiza- gem destas pessoas, seja ela educacional, comportamental, seja social etc. Na sistematização do percurso da unidade, apresentaremos, em linhas gerais, o conceito e a terminologia de algumas deficiências, evidenciando aspectos relacionados ao processo de desenvolvimento e aprendizagem das pessoas que fazem parte do público-alvo da Educação Especial. Estudare- mos, ainda, as especificidades da pessoa com deficiência e as características predominantes que implicam em seu desenvolvimento. Abordaremos, também, os caminhos percorridos pelo deficiente in- telectual, visual, surdo, físico e múltiplo no processo de aprendizagem. É importante, porém, ressaltar que, apesar de esclarecer os aspectos relacio- nados à aprendizagem, sabe-se que cada caso apresenta suas particularida- des, e as concepções abordadas, neste material, não são as únicas a serem seguidas. É fundamental que você, enquanto futuro psicopedagogo, busque outras fontes de pesquisa, e a trajetória construída, aqui, leve-o(a) a novos patamares, principalmente, em relação à sua construção teórica e prática bem como profissional, pois não há uma receita pronta, e cada ser humano é único, por isso a sua aprendizagem dependerá do direcionamento e da abordagem utilizada. Desse modo, caro(a) aluno(a), tudo o que for proposto, neste material, em termos de conhecimento, você poderá utilizar para encontrar caminhos que possibilitem uma prática psicopedagógica eficiente. Você, enquanto psicopedagogo, poderá dialogar com outros profissionais para realizar um trabalho pautado na dialogicidade. Boa leitura e bom estudo! U N ID A D E 1 10 1 CONCEITUAÇÃO E TERMINOLOGIA da deficiência Caro(a) aluno(a), primeiramente, precisamos conhecer quem são os estudantes com deficiência, que fazem parte do público-alvo da Educação Especial, para podermos iniciar as reflexões a respeito do que foi proposto, neste livro didático. É necessário, porém, reconhecer que tanto na área da pesquisa quanto da prática existem inúmeras inconsistências em relação aos conceitos empregados para de- finir deficiência. Esses variam muito dentro do que é preestabelecido, enquanto modelo médico e social, isso, por vezes, impossibilita ou inviabiliza a aplicação e a utilização do conhecimento desenvolvido para este fim. Portanto, identificamos a importância de esclarecer o conceito de deficiência, utilizando documentos importantes, em nível nacional e internacional. Deficiência De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, um órgão das Nações Unidas (UNICEF), as causas relacionadas às deficiências, no Brasil, são muito específicas e relacionam-se à falta de nutrição das mães e das crianças, doenças infecciosas, acidentes e ocorrências anormais na fase pré-natal e pós-natal. Se- gundo Honora e Frizanco (2008), outras variáveis influenciam, negativamente, a ocorrência da deficiência, como os problemas sociais, violência, acidentes, nível U N IC ES U M A R 11 DEFICIÊNCIA SURDOCEGUEIRA SURDEZ DEFICIÊNCIA FÍSICA NEUROMOTORA DEFICIÊNCIA VISUAL DEFICIÊNCIA INTELECTUAL DEFICIÊNCIA AUDITIVA DEFICIÊNCIA FÍSICA DEFICIÊNCIA MULTIPLA Figura 1 - Organização das deficiências/ Fonte: a autora. Descrição da Imagem: o organograma mostra as deficiências e a relação entre elas.. socioeconômico baixo, falta de cultura, uso indiscriminado de drogas, exclusão e abandono social. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que em tor- no de 10% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência, como a visual, auditiva, física, intelectual, múltipla bem como os transtornos globais do desenvolvimento e a superdotação ou altas habilidades. Para Coll, Palacios e Marchesi (1995), a definição utilizada para explicar a defi- ciência, na maioria das vezes, relaciona-se a fatores sociais, culturais e educacio- nais. Segundo os autores: “ A deficiência não é uma categoria com perfis clínicos estáveis, sendo estabelecida em função da resposta educacional. O sistema educa-cional pode, portanto, intervir para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com algumas características “deficitárias” (COLL; PALACIOS; MARCHESI, 1995, p. 12). Além dos dados estatísticos e da literatura que apresenta fatores associados à compreensão ou definição de deficiência, o Brasil utiliza, também, alguns docu- mentos nacionais e internacionais para explicar a deficiência, dentre eles está a Convenção nº 159, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aprovada pelo Decreto Legislativo nº 51, de 1989, ratificada em 1990 e promulgada por meio do Decreto nº 129 de 1991, que define, em seu Art. 1º, as pessoas com deficiência: “todas [...] cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido U N ID A D E 1 12 a uma deficiência de caráter físico ou mental devidamente comprovada” (ORGA- NIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1983, on-line). O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei n° 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integra- ção da Pessoa Portadora de Deficiência e estabelece uma classificação específica para diferenciar o que vem a ser deficiência, deficiência permanente e incapaci- dade. A Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade e Saúde (CIFIS) (1993) propõe uma classificação da conceituação de deficiência que pode ser aplicada a vários aspectos da saúde e da doença, sendo um referencial unifi- cado para a área. Essas classificações são conceituadas como: International classification of im- pairments, disabilities, and handi- caps - ICIDH (1993) Política Nacional para a Integra- ção da Pessoa Portadora de Defi- ciência (1999) Deficiência: perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia,defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Repre- senta a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no órgão. Deficiência: toda perda ou anorma- lidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômi- ca que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Desvantagem: prejuízo para o indi- víduo, resultante de uma deficiência ou uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de papéis de acordo com a idade, sexo, fatores sociais e culturais. Caracteriza-se por uma discordância entre a capacidade individual de realização e as expec- tativas do indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização da deficiência e relaciona-se às dificulda- des nas habilidades de sobrevivência. Deficiência Permanente: aquela que ocorreu ou se estabilizou duran- te um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos. U N IC ES U M A R 13 A seguir, ouça um podcast sobre Mudança de Terminologia. conecte-se Incapacidade: restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade para desempenhar uma atividade considerada normal para o ser huma- no. Surge como consequência direta ou é resposta do indivíduo a uma deficiência psicológica, física, sensorial ou outra. Representa a objetivação da deficiência e reflete os distúrbios da própria pessoa, nas atividades e com- portamentos essenciais à vida diária. Incapacidade: uma redução efetiva e acentuada da capacidade de inte- gração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informa- ções necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Quadro 1 - Classificação de Deficiência / Fonte: adaptado de World Health Organization (1993) e Brasil (1999). O Decreto nº 3.298/1999 foi atualizado pelo Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Este considera, em seu Art. 1º, § 1o, que a “[...] pessoa portadora de de- ficiência, além daquelas previstas na Lei nº 10.690, de 16 de junho de 2003, são aquelas que possuem limitações ou incapacidade para o desempenho de ativida- de” (BRASIL, 2004, on-line), como as que apresentam deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla. Já o Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de 2001, que promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, define deficiên- cia como “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social” (BRASIL, 2001, on-line). A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência da ONU sugere, em seu Art. 1º, que pessoas com deficiência são: “ [...] aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza fí-sica, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2009, on-line). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6353 U N ID A D E 1 14 O Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011, que institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver sem Limite, sugere em seu Art. 2º que: “ [...] pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua par- ticipação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2011, on-line). A Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, estabelece, em seu Art. 2º, que: “ [...] pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participa- ção plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015, on-line). É importante, porém, esclarecer que além desses documentos, há outros que se complementam, utilizados para se atualizarem ou para modificarem algumas nomenclaturas. Seguiremos, desse modo, com as definições das deficiências que fazem parte do público-alvo da Educação Especial. Deficiência Intelectual O primeiro embate, ao retratar a deficiência intelectual, refere-se à nomenclatura, conhecida pela abreviação D.I., a forma correta de nomeá-la, pois já foi tida como retardo mental, excepcional, retardado, deficiente, entre outros. A Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994a) propõe uma nova forma de nomear o público com deficiência, intitulando-o como “pessoa com deficiência” ou “pessoa com deficiência intelectual” para aquelas com deficiência cognitiva. U N IC ES U M A R 15 Descrição da Imagem: mãe ensinando o filho com um tablet, em uma mesa com alguns brinquedos de montar, Lego, a criança está prestando atenção e olhando em direção ao tablet. A Deficiência Intelectual atinge de 3% a 4% das crianças e caracteriza-se por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual quanto no com- portamento adaptativo. Para saber mais acesse: conecte-se Segundo Associação Americana de Psiquiatria (2003), a Deficiência Mental ini- cia-se antes dos 18 anos de idade e define-se como um funcionamento intelectual inferior à média, com QI aproximado de 70 ou abaixo, com déficits ou prejuízos concomitantes no funcionamento adaptativo atual em pelo menos duas destas áreas: comunicação, cuidados pessoais, vida doméstica, interação social e inter- pessoais, uso de recursos da comunidade, independência, aptidão acadêmica, trabalho, lazer, saúde e segurança. Figura 2 - Mãe ensinando o filho com um tablet https://www.youtube.com/watch?v=W1qVdKTtStA U N ID A D E 1 16 Em relação às causas da deficiência intelectual, as pesquisas sugerem uma varie- dade de fatores, como os genéticos, congênitos ou adquiridos, com as principais sendo: a síndrome de Down, a alcoólica fetal, a neurocutâneas, a de Rett, a do X-frágil, as malformações cerebrais, a Intoxicação por chumbo e a desnutrição proteico-calórica. De acordo com o item “d” do inciso I, do parágrafo 1º do Decre- to nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, a deficiência mental é caracterizada por: “ [...] funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 1. co- municação; 2. cuidado pessoal; 3. habilidades sociais; 4. utilização dos recursos da comunidade; 5. saúde e segurança; 6. habilidades acadêmicas; 7. lazer; e 8. trabalho [...] (BRASIL, 2004, on-line). Para Mafra (2008, p. 57): “ Indivíduos com deficiência intelectual apresentam dificuldades em assimilar conteúdos diversos e atender às demandas da sociedade em comunicação, cuidados pessoais, competências domésticas, ha- bilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho, dentre outros. De acordo com Ferreira (2014), as características mais evidentes da deficiência intelectual são: falta de concentração e memorização; dificuldades em solucionar problemas e interagir com o outro; dificuldades de compreender e falar, estas geralmente pela falta de estímulos. Deficiência Visual Em relação à deficiência visual, o conceito modificou-se, ao longo da história. A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu, em 1980, uma classificação a respeito da deficiência visual baseada, somente, na medida da acuidade visual e U N IC ES UM A R 17 do campo periférico (MARTÍN; RAMIREZ, 2003). Atualmente, o padrão mais utilizado é a classificação proposta pela Classificação Estatística Internacional das doenças e problemas relacionados à saúde. De acordo com o CID – 10 (1993), a deficiência visual classifica-se como: • Visão subnormal ou baixa visão quando o valor da acuidade visual corrigida no melhor olho é menor de 0,3 e maior ou igual a 0,05, ou o campo visual é menor de 20 graus, no melhor olho com a melhor correção óptica; • Cegueira quando estes valores se encontram abaixo de 0,05, e cam- po visual menor que 10 graus; • Pacientes cujo campo visual encontra-se entre 5 e 10 graus do ponto de fixação (cegueira); • Pacientes com campo visual até 5 graus em torno do ponto central de fixação, serão considerados na categoria 4 (cegueira) mesmo que a acuidade visual central não esteja comprometida (ORGANIZA- ÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1993, on-line). O Decreto Federal nº 5296, de 2 de dezembro de 2004, reafirma a classificação proposta pelo CID -10 sobre a deficiência visual, estabelecendo que é: “ [...] cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (BRASIL, 2004, on-line). O Manual de Atendimento Educacional Especializado, realizado pelo MEC em par- ceria com a Secretaria da Educação Especial e a Secretaria de Educação a Distância, estabelece como uma das definições de deficiência visual, a baixa visão, considerada: U N ID A D E 1 18 Descrição da Imagem: cantor cego conhecido como Ray Charles encostado em um piano preto. “ [...] ambliopia, visão subnormal ou visão residual, sendo complexa devido à variedade e à intensidade de comprometimentos das fun-ções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a execução de tarefas e o desempenho geral (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 16). A deficiência visual é caracterizada por um comprometimento total ou parcial da capacidade visual de um olho ou de ambos, não corrigida com a utilização de lentes ou de intervenção clínica ou cirúrgica. Ela é causada de duas formas: Congênita: quando há má formação ocular ou doenças oculares hereditá- rias, como o glaucoma. Adquirida: quando ocorre traumas oculares, degeneração senil de córneas ou mutações associadas à hipertensão arterial ou ao diabetes, descolamento de retina, catarata. Um exemplo disso é o cantor e compositor Ray Charles. Figura 3 - Cantor e pianista Ray Charles / Fonte: Wikimedia Commons (2018, on-line). U N IC ES U M A R 19 Para Oliveira e Marques (2005), em torno de 20% das crianças, em período esco- lar, apresentam algum indicativo de alteração ocular cujas causas são inúmeras, como biológicas, sociais ou ambientais. A demora no diagnóstico causa variados danos no desempenho escolar e na socialização. Deficiência Auditiva A Deficiência Auditiva é considerada quando o sujeito perde, parcial ou total- mente, a capacidade de identificar sons, causada por má-formação genética, lesão na orelha ou na formação do aparelho auditivo. A Surdez, desse modo, relaciona- -se a todo sujeito que apresenta uma total ausência da audição, ou seja, que não ouve nada, e considera-se parcialmente surdo aquele que apresenta capacidade de ouvir de maneira funcional, com ou sem prótese auditiva. De acordo com o fascículo I da série Deficiência Auditiva, produzido pelo Ministério da Educação, em parceria com a Secretaria da Educação Especial: “ Denomina-se deficiência auditiva a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva (BRASIL, 1997, p. 31). Para o Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas por- tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência auditiva é aquela que apresenta “perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz” (BRASIL, 2004, on-line). Perret e Batshaw (1990) sugerem que a deficiência auditiva é caracterizada pela diminuição da capacidade de compreensão normal dos sons, por isso, surdo é aquele cuja audição não atua de maneira correta no dia a dia e aquele que apresenta audição reduzida conse- gue ter uma vida normal, utilizando prótese auditiva ou não. Para a Secretaria de Educação Especial (2006), existem dois tipos de problemas auditivos: U N ID A D E 1 20 Descrição da Imagem: músico mundialmente conhecido como Beethoven com uma partitura em mãos, um lápis e o olhar no horizonte. “ [...] aquele que afeta o ouvido externo ou médio causando dificul-dades auditivas condutivas, geralmente tratáveis e curáveis, aquele que envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo e chama-se surdez neurossensorial, que é aquela que pode se manifestar em qualquer idade, desde o pré-natal até a idade avançada (BRASIL, 2006a, p. 31). De acordo com o caderno “Saberes e Práticas da Inclusão: desenvolvendo com- petências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos”, desenvolvido pelo Ministério da Educação em Parceria com a Secretaria de Educação Especial (2006b), sobre o período de aquisição, a surdez pode ser dividida em dois grandes grupos: Congênitas, quando nasce surdo; Adquiridas, quando perde a audição no decorrer da vida, como o músico Beethoven. Figura 4 - Beethoven compondo / Fonte: Wikimedia Commons (2019a, on-line). U N IC ES U M A R 21 Quanto à etiologia, que é quando a surdez pode ser causada, ela se divide em: • Pré-natais: surdez provocada por fatores genéticos e hereditários, doenças adquiridas pela mãe na época da gestação [...], e exposição da mãe a drogas ototóxicas [...]. • Perinatais: surdez provocada mais frequentemente por parto pre- maturo, anóxia cerebral (falta de oxigenação no cérebro logo após o nascimento) e trauma de parto (uso inadequado de fórceps [...].). • Pós-natais: surdez provocada por doenças adquiridas ao longo da vida, como: meningite [...]. Além do uso de medicamentos ototó- xicos, outros fatores também tê relação com a surdez, como avanço da idade e acidentes (BRASIL, 2006b, p. 15-16). Além disso, a surdez por ser uma perda sensorial, prejudica a comunicação, po- dendo alterar a qualidade da relação da criança com o meio, dificultando ou impedindo o desenvolvimento, dependendo do grau da perda auditiva que apre- senta. Dentre eles está: • Surdez leve: a criança é capaz de perceber os sons da fala; adquire e desenvolve a linguagem oral espontaneamente; [...]. • Surdez moderada: a criança pode demorar um pouco para de- senvolver a fala e linguagem; apresenta alterações articulatórias (trocas na fala) por não perceber todos os sons com clareza; tem dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos; são crianças desatentas e com dificuldade no aprendizado da leitura e escrita. • Surdez severa: a criança terá dificuldades em adquirir a fala e lin- guagem espontaneamente; poderá adquirir vocabulário do contexto familiar; existe a necessidade do uso de aparelho de amplificação e acompanhamento especializado. • Surdez profunda: a criança dificilmente desenvolverá a lingua- gem oral espontaneamente; só responde auditivamente a sons muito intensos como: bombas, trovão, motor de carro e avião; frequente- mente utiliza a leitura orofacial; necessita fazer uso de aparelho de amplificação e/ou implante coclear, bem como de acompanhamen- to especializado(BRASIL, 2006b, p. 17). U N ID A D E 1 22 Figura 5 - A escritora, filósofa, conferencista e ativista so- cial norte-americana Helen Keller, que ficou surdo-cega aos 19 meses. Ela se tornou um símbolo da luta pelos direitos das pessoas com deficiência / Fonte: Wikimedia Commons (2019b, on-line). Descrição da Imagem: na fotografia, vemos a escritora Helen Kel- ler, com um arranjo de flores nas mãos, sentada em uma cadeira. Conseguimos, neste momento, ter mais clareza a respeito do grau da perda audi- tiva e da sua divisão, do mesmo modo o trabalho psicopedagógico será pautado, também, nesse grau de comprometimento. Deficiência Múltipla A Deficiência Múltipla, como apresentada pela escritora, conferencista e ati- vista social norte-americana Helen Keller, que era surda e cega, é apontada, na Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994b) e no documento Subsí- dios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial: área de Deficiência Múltipla (BRASIL, 1995), como uma “[...] associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiência primárias (mental/visual/auditiva/física) com comprometimento que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa” (BRASIL,1995, p. 17). Em 2019 foi para a Câmara dos Deputados um PROJETO DE LEI que descaracte- riza os pressupostos anteriormente adotados pelo Ministério da Educação relacionados à caracte- rização da surdocegueira como sendo uma defi- ciência múltipla. De acordo com esse Projeto Lei nº 2.260, de 2019, que institui o Dia Nacional da Pessoa com Surdocegueira, a mesma é considera- da como condição de deficiência única (BRASIL, 2019), porém o documento ainda está em votação. Em 2006, o livro Saberes e Práticas da Inclusão: dificuldades acentuadas de apren- dizagem, que trata a respeito da deficiência múltipla, sugere que “[...] o termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o con- junto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social” (BRASIL, 2006c, p. 11). Esse mesmo documento aponta, ainda, que: U N IC ES U M A R 23 Descrição da Imagem: deficiente físico, em uma cadeira de rodas, admira o pôr do sol de braços abertos, com céu avermelhado em tons de laranja e pássaros ao fundo. “ [...] não é o somatório dessas alterações que caracteriza a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas (BRASIL, 2006c, p. 11). Para Carvalho (2000a, p. 47), a deficiência múltipla é uma: “ [...] expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiência que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social. Para o Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, a deficiência múltipla é aquela em que há associação de duas ou mais deficiências (BRASIL, 2004). Segundo Silva (2011), a deficiência múltipla pode decorrer de acidentes ou doenças, não ocor- rendo apenas por fatores relacionados à gestação e ao momento do nascimento. Deficiência Física Figura 6 - Deficiente físico em uma cadeira de rodas admira o pôr do sol U N ID A D E 1 24 A deficiência física pode ser entendida como uma insuficiência, decorrente de um comprometimento ou de uma falta de capacidade, que anula ou impede o funcionamento motor, causando alterações ortopédicas e/ou neurológicas. O livro Saberes e Práticas da Inclusão: Dificuldades de comunicação e sinalização - Deficiência física (BRASIL, 2006a), produzido pelo Ministério da Educação, declara que a deficiência física: “ [...] refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema osteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo(s) segmento(s) corpo- ra(is) afetado(s) e o tipo de lesão ocorrida (BRASIL, 2006a, p. 11). O mesmo documento sugere que as causas da deficiência física são inúmeras, entre elas distinguem-se: • Paralisia Cerebral: por prematuridade; anóxia perinatal; des- nutrição materna; rubéola; toxoplasmose; trauma de parto; sub- nutrição. • Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral. • Lesão Medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca; acidentes de trânsito; mergulho em águas rasas; trau- matismos diretos; quedas; processos infecciosos; processos degene- rativos. • Malformações congênitas: por exposição à radiação; uso de dro- gas; causas desconhecidas. • Artropatias: por processos inflamatórios; processos degenerati- vos; alterações biomecânicas; hemofilia; distúrbios metabólicos e outros (BRASIL, 2006a, p. 11). U N IC ES U M A R 25 De acordo com o item “a” do parágrafo 1º do inciso 1º do Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mo- bilidade reduzida, a deficiência física é a: “ [...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresen-tando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, mo- noparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adqui- rida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam difi- culdades para o desempenho de funções (BRASIL, 2004, on-line). De acordo com a Biblioteca Virtual de Saúde do Ministério da Educação, Brasil (2020), a deficiência física pode ser: U N ID A D E 1 26 Além disso, a Deficiência Física é vista como uma insuficiência do funcionamento físico ou motor. Este é acometido, geralmente, por problemas que ocorrem no cérebro, ocasionando um mau funcionamento ou a paralisia dos membros infe- riores e ou superiores. O termo neuromotora refere-se às deficiências ocasionadas por lesões nos centros e vias nervosas que coordenam os músculos, tendo como causa: as infecções ou lesões ocorridas em qualquer época da vida, por uma de- generação neuromuscular cujas manifestações exteriores se constituem por uma fraqueza muscular, paralisia ou falta de coordenação (PARANÁ, [2021]). Portanto, a deficiência física-neuromotora pode ocorrer devido a um acidente vascular cerebral, mais conhecido como AVC ou acidente vascular encefálico, conhecido como AVE; por hidrocefalia; lesão medular espinhal; espinha bífi- da, atrofia muscular espinhal; distrofia muscular; amputação e paralisia cerebral (BRASIL, 2006a, on-line). Ainda, essa deficiência pode comprometer os membros inferiores ou superiores e ou o tronco, por isso, cada um deles apresenta uma característica específica, como: • Monoparesia: quando afeta um membro. • Hemiparesia: quando um dos lados do corpo é afetado. • Diparesia: quando os membros superiores apresentam melhor funcio- namento do que os inferiores. • Triparesia: quando três membros são afetados. • Paraparesia: quando apenas os membros inferiores são afetados. • Tetraparesia: quando os quatro membros estão igualmente afetados. Caro(a) aluno(a), após conhecermos um pouco melhor a respeito das deficiências bem como suas especificidades, conheceremos, agora, os aspectos do desenvol- vimento das pessoas com deficiência. U N IC ES U M A R 27 2 OS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO das pessoas com deficiência Caro(a) aluno(a), para iniciar esta aula, abordaremos algumas concepções a res- peito do desenvolvimento das pessoas com deficiência, iniciando pela intelectual. É importante, no entanto, ressaltar quea abordagem proposta apresenta algumas ideias e pontos de vista a respeito de uma parte do desenvolvimento, porém é ne- cessário lembrar que esse tema é bastante complexo e que perpassa por inúmeros caminhos do desenvolvimento humano. Em sua linha de pesquisa, Mantoan (2001) propôs responder se a via educacional seria a diretriz do processo de desenvolvimento daqueles que apresentam deficiência intelectual e se poderiam se favorecer dos processos educacionais, de modo a cons- truir estruturas lógicas do pensamento. Ela concluiu que houve uma melhora no de- sempenho das pessoas com deficiência intelectual sujeitas ao processo de solicitação do meio escolar que favorecia o desenvolvimento do raciocínio operatório. Para Mantoan (2001, p. 86), a pessoa com deficiência intelectual “é capaz de construir sua inteligência, na medida em que a solicitação do meio escolar desen- cadeia o processo de [...] desenvolvimento cognitivo”. Ainda, ela ressalta que em um processo educacional que propicia a construção do conhecimento, a pessoa com deficiência intelectual “[...] apresenta avanços cognitivos manifestados pelo acesso a períodos de desenvolvimento cognitivo progressivamente mais evoluí- dos e por condutas adaptativas cada vez mais complexas e objetivas, frente aos desafios do meio” (MANTOAN, 2001, p. 86). U N ID A D E 1 28 Para Vygotsky (1998) cuja base teórica assenta-se no histórico-cultural do de- senvolvimento humano, o homem se constitui a partir de suas relações com o outro social. Desse modo, ao interagir com o outro social e cultural, a criança sai de seu estágio mais elementar e orgânico, para assumir um estado superior do pensamento e do desenvolvimento psicológico, entendendo que o ambiente em que está inserido é significativo para o seu desenvolvimento e, consequentemente, o desenvolvimento é concernente com a qualidade de suas interações vivenciadas em seu meio sociocultural. Assim, para Vygotsky (1998), o aprendizado propicia o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, fazendo com que aqueles processos internos que, ainda, não foram estimulados, sejam estimulados ou amadurecidos, como grandes possibilidades de desenvolvimento. Essa estimulação só ocorre a partir da relação da criança com o seu ambiente cultural, e esse processo engendra dois tipos de desenvolvimento: aquele relacio- nado aos processos já conquistados (desenvolvimento real) e aquele que poderá ser conquistado com o apoio de outras crianças mais experientes da cultura (de- senvolvimento potencial). Esse auxilio, em que há uma mediação estabelecida em um espaço social é chamado de zona do desenvolvimento proximal, pois é o lugar social onde se estabelece a interação entre os sujeitos (VYGOTSKY, 1998). Vamos retratar, agora, o desenvolvimento da pessoa com deficiência visual que começa a se estruturar, conforme relata Cunha e Enumo (2003), desde o nascimen- to, por meio das habilidades de exploração e das influências do seu ambiente. Para Cunha, Enumo e Canal (2006), uma das principais dificuldades que a pessoa com deficiência visual encontra em seu desenvolvimento está relacionada à lacuna na assimilação dos estímulos, causada pela ausência da percepção visual. Além disso, a percepção visual é o meio de disseminação e de acesso às informações, que, mais tarde, serão utilizadas para a construção das representações do sujeito sobre o mundo. É importante ressaltar, no entanto, que, mesmo que a visão seja um dos meios mais importantes para o acesso à informação, não significa que a visão seja a única maneira de acessar à informação. Batista (2005) e Figueira (1996) relatam que o tato contribui de maneira significativa para o desenvolvimento da pessoa com de- ficiência visual, mesmo reconhecendo que o sistema sensorial háptico não substitui o visual. O tato, segundo Batista (2005), propicia a percepção da temperatura, da textura, da forma e das relações espaciais dos objetos, podendo ser um importante recurso para o desenvolvimento dos processos cognitivos relacionados à apropria- U N IC ES U M A R 29 ção do conhecimento. Além disso, auxilia a medir, de maneira sutil, a distância e as relações espaciais, viabilizando a locomoção no espaço e a integração com o meio. Perpassando pelos sistemas sensoriais íntegros remanescentes da pessoa com deficiência visual, os pesquisadores entendem que a audição é outro sentido que propicia o desenvolvimento desse público. De acordo com Figueira (1996), a capacidade de presumir a distância é um sentido subjetivo, que precisa ser de- senvolvida desde as primeiras horas de vida para que a localização e a noção de distância adquiram objetividade. Ainda, o sentido da audição, segundo Figueira (1996), possibilita o acesso aos sons que estão ao redor, informando a pessoa com deficiência visual sobre as variações encontradas a sua volta e os perigos que a circundam. Em relação ao desenvolvimento cognitivo desse público, a linguagem é considerada, por Cunha e Enumo (2003), como o principal meio de acesso ao conhecimento do que não se pode enxergar e que permite a comunicação. Em relação à linguagem, sobretudo a fala dos primeiros anos de vida, ela é considerada uma maneira muito significativa de estabelecer as interações sociais e tem um papel fundamental na mediação de todo o seu processo de aprendi- zagem (OLIVEIRA; MARQUES, 2005). Pensemos sobre o desenvolvimento das pessoas com Deficiência Auditiva. É necessário ressaltar que há uma grande diferença no desenvolvimento da linguagem e da comunicação da criança que apresenta perda auditiva, antes dos 2 anos, para aquela que fica surda após ter adquirido a linguagem. Para Redondo e Carvalho (2000), é fundamental saber em qual momento se instalou a surdez para, assim, sistematizar estratégias de estimulação para cada caso. Além disso, é importante obter algumas informações para auxiliar esse processo, como: ■ se a surdez se instalou antes ou depois do nascimento, ou durante o parto; ■ se foi detectada nos primeiros anos de vida, e em que fase isso aconteceu; ■ qual o grau da perda auditiva – leve, moderada, severa ou profunda; ■ se a criança recebeu atendimento especializado (e foi indicada a utilização de aparelho de amplificação sonora individual); ■ como a audição foi estimulada, desde o início; ■ qual a reação da família e que tipo de assistência ela recebeu; ■ se a surdez está ou não associada a outra deficiência, ou a problemas de saúde (REDONDO; CARVALHO, 2000, p. 10). U N ID A D E 1 30 Ainda, algumas crianças com surdez podem adquirir e desenvolver a linguagem oral, por meio da fala, ao se comunicar; e aquelas que apresentam linguagem oral mínima deve utilizar outras maneiras para se comunicar, como a escrita ou linguagem de sinais. Além disso, podem desenvolver a leitura orofacial, que é a leitura labial e a fisionômica. É necessário lembrar que mesmo quem utiliza aparelho auditivo, geralmente, faz leitura labial, para compreender melhor a fala do outro, pois apesar de ser uma capacidade inata a todas as pessoas, somente as que apresentam perda auditiva desenvolvem essa habilidade de maneira mais efetiva (REDONDO; CARVALHO, 2000). De acordo com Redondo e Carvalho (2000), é fundamental abordar alguns aspectos do desenvolvimento da lingua- gem de uma criança surda: “ [...] em toda sua variedade e em todas suas possibilidades, dando um papel significativo às funções comunicativas que ela realiza com suas próprias expressões e ao vínculo comunicativo que ela estabelece com o outro (adulto ou criança). Para a criança, não é importante apenas ‘falar algo’, mas ser capaz de utilizar a linguagem para transmitir diferentes intenções, como pedir, afirmar, perguntar etc. (REDONDO; CARVALHO, 2000, p. 31). Enfim, para que o desenvolvimento da pessoa com surdez seja eficiente, é neces- sário utilizar recursos adequados de comunicação, como sinais sem restrições, expressões faciais e corporais e a língua de sinais. Em relação ao desenvolvimentoda pessoa com Deficiência Múltipla, tra- çaremos algumas concepções consideradas importantes nesse processo. Então, o desenvolvimento de crianças entre zero a três anos de idade que apresentam deficiência múltipla, assim como as outras na mesma faixa etária, encontram-se receptivas aos estímulos do meio. Nesse sentido, Vygotsky (2009) ressalta que os recursos de percepção e interação com o meio propiciam a compreensão da realidade por meio das brincadeiras. O brincar, para Vygotsky (2009), é conside- rado a primeira relação que exige interação social, como forma de compreender o meio em que vive. Para Carvalho (2000a), com o desenvolvimento das capacidades e habilidades das crianças com deficiência múltipla, as limitações são reduzidas de maneira considerá- vel, uma vez que a sua autonomia aumenta conforme sua interação com o ambiente, U N IC ES U M A R 31 assim, a criança inicia o processo de autoconhecimento e de interpretação do mundo por meio da imitação e da interação com aqueles com os quais se relaciona. O desenvolvimento das crianças com deficiência múltipla, de quatro a seis anos, ocorre de maneira normal, porém, de acordo com Carvalho (2000b), a ma- neira como a criança se desenvolve dependerá de condições individuais, sociais e ambientais. Além disso, a criança com deficiência múltipla pode apresentar causas e efeitos diversos, dependendo de sua própria condição, personalidade e seu comportamento. Desse modo, é importante levar em consideração que a variação, que pode ocorrer, está diretamente ligada ao grau de comprometimento da deficiência e da sua amplitude. Por isso, a necessidade de terem o contato social com pessoas, objetos e situa- ções, o mais cedo possível, para conseguirem sistematizar o pensamento, de modo a compreenderem e aprenderem com a sua realidade, pois aprendem convivendo com suas condições individuais de desenvolvimento e, assim, constroem conhe- cimento. Porém, nada disso é possível se não receberem a assistência adequada para desenvolverem suas potencialidades, minimizar os efeitos causados pela deficiência e prevenir outras que possam se relacionar (CARVALHO, 2000b). Para Vygotsky (2009), a criança consegue imitar apenas aquilo que se en- contra próximo de sua competência intelectual, por meio da interação com o outro. Desse modo, essa etapa em que a criança realiza com maior ou menor êxito alguma ação, em conjunto ou sozinha, determina o seu desenvolvimento. Para Carvalho (2000b), é preciso considerar algumas questões no processo de desenvolvimento da criança com deficiência múltipla, como: ■ A condição física, que pode estar comprometida ou não, por causa de sua saúde. ■ Os movimentos corporais e a mobilidade que podem estar alterados ou se encontrem limitados, quando a deficiência física estiver relacionada. ■ A dificuldade na exploração do ambiente e na formação de conceitos de- corrente das deficiências sensoriais, como no caso da cegueira ou surdez. Por isso, a intervenção educacional é vista como uma estratégia que propicia o desenvolvimento infantil, pois requer a utilização de mecanismos cognitivos da criança no decorrer da construção do conhecimento (CARVALHO, 2000b). Agora, retrataremos o desenvolvimento da pessoa com deficiência física. Para Godói, Galasso e Miosso (2006), o desenvolvimento da pessoa com deficiência U N ID A D E 1 32 física ocorre da mesma maneira que ocorre com uma pessoa sem deficiência, a diferença está apenas nas fases do desenvolvimento e no tempo cronológico, pois o desenvolvimento da pessoa com deficiência física ocorre mais tarde, devido ao seu ritmo na execução de suas ações. De acordo com o Ministério da Educação: “ No processo de desenvolvimento, uma das coisas que diferencia um bebê com deficiência física de outro, é que ele, pela impossibilidade de deslocar-se para explorar espontânea e naturalmente o meio, passa a ter privações de experiências sensoriais. Justifica-se, então, a importância da intervenção em estimulação precoce dessa criança, favorecendo com que ela tenha uma relação rica com o outro e com o meio (SCHIRMER et al., 2007, p.19). Além disso, o ambiente em que o deficiente físico será inserido deverá ser de- safiador para o seu desenvolvimento, a plasticidade neural demonstra que o ser humano é ilimitado, por isso, quanto mais desafios fizerem parte do cotidiano educacional, mais e melhor responderá, desenvolvendo habilidades perdidas ou que nunca se desenvolveram (SCHIRMER et al., 2007). O ambiente escolar deve ser o meio mais importante que fará com que o aluno com deficiência física permaneça e tenha êxito em seu desenvolvimento, que seja encorajado em suas ações e relações, pois a deficiência física pode até dificultar a realização de atividades de forma convencional, mas nunca deverá ser o fator determinante que excluirá a pessoa de se relacionar com o mundo. Complemento a ideia sobre o ambiente escolar, ele é o local que promove grandes desafios de aprendizagem que auxiliam no desenvolvimento das pessoas defi- ciência, incluindo as com deficiência física. Por isso, de acordo com Brasil (2007): “ Privar uma criança ou um jovem dos desafios da escola é impedi-los de se desenvolverem. Não podemos aprisionar a nossa concepção equivocada de limitação. O estudo da plasticidade neural vem nos demonstrar que o ser humano é ilimitado e que, apesar das condi- ções genéticas ou neurológicas, o ambiente tem forte intervenção nesses fatores. Quanto mais o meio promove situações desafiadoras ao indivíduo, mais ele vai responder a esses desafios e desenvolver habilidades perdidas ou que nunca foram desenvolvidas. Se pro- pusermos situações de acordo com a limitação da criança, ela não encontrará motivos para se sentir desafiada (BRASIL, 2007, p. 18). U N IC ES U M A R 33 3 POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM das pessoas com deficiência A escola é local considerado fundamental para o desenvolvimento da aprendiza- gem do estudante com deficiência, porém é importante ressaltar que o trabalho multidisciplinar e a atuação de profissionais de diferentes áreas auxiliarão muito nesse processo, justamente pelo fato de que a responsabilidade do desenvolvi- mento do estudante precisa ser partilhada. A escola tem sua responsabilidade, a equipe multidisciplinar e os profissionais de áreas específicas têm sua e a família também tem a sua responsabilidade. É fato, e a própria literatura relata que, quan- do há um trabalho em colaboração entre todos os envolvidos, o desenvolvimento da pessoa com deficiência é muito mais significativo. Caro(a) aluno(a), neste momento, estudaremos o processo de aprendizagem das pes- soas com deficiência intelectual. É fato que, ainda, há uma concepção equivocada a res- peito do processo de aprendizagem das pessoas com deficiência intelectual, atribuindo a elas uma educação voltada para o desenvolvimento da autonomia e independência. Neste caso, é necessário que se tenha a definição do papel de cada pessoa que fará o processo de interação com esse deficiente, além de definir o papel da escola, que deverá primeiramente se despir de suas concepções preestabelecidas U N ID A D E 1 34 em relação à deficiência para propiciar condições de aprendizagem não apenas para o deficiente intelectual mas para todos os deficientes que estiverem incluídos no ensino comum. Para Fierro (2004, p. 205), algumas aprendizagens: “ [...] em especial de autonomia, as crianças costumam adquirir por meio de uma aprendizagem casual e espontânea, mas para crian-ças com deficiência é necessário a cooperação da escola para que a aprendizagem seja mais eficaz, ou seja, um complementar o outro em benefício do desenvolvimento do deficiente. Mantoan (1989) é uma das pesquisadoras mais importantes do Brasil no que diz respeito à construção da inteligência de alunos com deficiência intelectual. Em suas pesquisas, baseadas no referencial piagetiano, conseguiu comprovar que os deficientes intelectuais constroem estruturaslógicas, condições essas necessárias para a sistema- tização de ideias sobre o mundo. Ainda, de acordo com essa autora, os resultados dos testes realizados com esse público demonstram que “[...] são capazes de construir sua inteligência, do mesmo modo que as pessoas normais, ou seja, são capazes de se beneficiar de procedimentos educacionais que têm por base a abstração, processo pela qual se estrutura o conhecimento” (MANTOAN, 1989, p. 69). Já em relação à deficiência intelectual grave ou profunda, Pan (2008) relata que devido aos danos cerebrais, o direcionamento será voltado para área psicológica e social. Ela relata que: “ [...] o conceito de mediação em que a inteligência deixa de ser con-cebida como interno e individual. A autora destaca as contribuições de Vygotsky no qual o sujeito com deficiência intelectual pode se beneficiar, apropriando-se do conhecimento por meio da mediação dos instrumentos da cultura e da zona de desenvolvimento proxi- mal, ou seja, tudo aquilo que o indivíduo pode fazer com o auxílio de terceiros e que irá realizar sozinho com o passar do tempo, o que Vygotsky conceitua como Zona de Desenvolvimento Real, em outras palavras, o contato com a cultura, faz com que o sujeito se modifique (PAN, 2008, p. 67). U N IC ES U M A R 35 Desse modo, é importante pontuar que cada estudante apresenta um ritmo de aprendizagem diferente, e aqueles que apresentam deficiência intelectual não é diferente, por isso, justificar que a construção de conhecimento do estudante com deficiência intelectual está relacionada à sua “limitação” não cabe mais como argumento. Desse modo, é necessário identificar as potencialidades do estudante e propiciar atividades que possibilitem fortalecer as potencialidades identificadas, considerando sempre aquilo que o estudante apresenta de conhecimento prévio e sua maneira individual de aprender. Por isso, é necessário que o docente: 1. conheça o aluno, sua família, suas características e seus interesses particulares, seu meio social e seu processo de aprendizagem (difi- culdades e potencialidades); 2. trabalhe coletivamente ao possibilitar entre si e os alunos siste- mas de cooperação, podendo compreender melhor as dificuldades de aprendizagem de cada estudante; 3. valorize as diferenças por meio de planejamento de estratégias de ensino que considerem as diferentes formas e ritmos de apren- dizagem e que possibilitem a construção coletiva do próprio co- nhecimento; 4. vise a aprendizagem significativa ao articular o interesse do edu- cando com o saber que já possui (HILÁRIO, [2021], p. 17). Levando em consideração tais aspectos, é importante sugerir algumas estratégias que poderão potencializar o processo de aprendizagem dos estudantes com defi- ciência intelectual. Ainda, é importante desenvolver atividades ou projetos que le- vem em consideração a vida cotidiana dos estudantes, evidenciando suas habilida- des e potencialidades. Além disso, as atividades propostas precisam ser detalhadas e descritas de maneira calma e contínua para melhor compreensão e aprendizagem. Quanto à aprendizagem dos aspectos sócio afetivos, é fundamental que a pro- posta de trabalho seja a partir de atividades em grupos que envolvam situações cotidianas e valorizem a comunicação, a relação interpessoal e os cuidados pessoais, fundamentais para fortalecer a autonomia da pessoa com deficiência intelectual. U N ID A D E 1 36 É fato que o número de matrículas de pessoas com deficiência na Educação Básica vem crescendo significativamente nos últimos anos. Nesse sentido, você acredita que a Educa- ção Básica tem condições de absorver esse público, ofertando uma Educação com equi- dade de condições? pensando juntos Em relação ao processo de aprendizagem das pessoas com deficiência visual, ele ocorre, por meio da audição e do tato, considerados por Ochaíta e Rosa (1995, p. 184) “[...] o sistema sensorial mais importante que a pessoa cega possui, para conhecer o mundo, é o sistema háptico ou tato ativo”. A pessoa com deficiência visual utiliza outros sentidos, como a audição, o tato e a linguagem, para aprender e construir novos conhecimentos. Para Sá, Campos e Silva (2007, p. 16), o sistema háptico é o tato ativo, constituído por: “ [...] componentes cutâneos e sinestésicos, através dos quais impres-sões, sensações e vibrações detectadas pelo indivíduo são interpre-tadas pelo cérebro e constituem fontes valiosas de informações. As retas, as curvas, o volume, a rugosidade, a textura, a densidade, as oscilações térmicas e dolorosas, entre outras, são propriedades que geram sensações táteis e mentais importantes para a comunicação, a estética, a formação de conceitos e de representações mentais. O tato ativo se revela de maneira intencional. A partir do toque, o sujeito consegue obter informações externas, porém o tato passivo é o meio que o sujeito recebe as informações externas de forma não intencional, como o calor e o frio. É importante ressaltar que os processos psicológicos da leitura e da escrita tátil são diferentes dos da leitura e da escrita visual. A leitura realizada por meio do tato ocorre com as pontas dos dedos, deslizando-os com movimentos horizontais, a fim de reconhecer os pontos das letras. Assim, o processo é realizado com cada letra, pressupondo uma grande carga de memória. O principal meio de assimi- lação, apreensão e compreensão do mundo da pessoa com deficiência visual é a mão. Para Sá (2008, p. 35) “[...] a leitura tátil, por meio do braille, é [...] o único caminho que permite a interação leitor/texto, pois via tato a mensagem passa direto do texto para o leitor”. U N IC ES U M A R 37 Descrição da Imagem: uma pessoa usando o braille para ler um livro. A leitura tátil, como o braille, possibilita, por meio dos movimentos das mãos, o conhecimento da grafia das palavras, sinais de pontuação e proporciona uma maior independência. Embora não existam todas as publicações transcritas para esse sistema nem um acervo dinâmico e amplo disponível em todas as situações e ambientes, pela singularidade e opção de cada um, outras alternativas de leitu- ra são usadas por elas. Em relação à linguagem, Laplane e Batista (2009, p. 178) afirmam que é por meio da linguagem: “ [...] o mundo, desconhecido, aparentemente inacessível, incompreen-sível e potencialmente ameaçador e hostil pode transformar-se em algo a ser explorado, compreendido e apropriado. A linguagem con- densa as relações sociais e confere sentido à experiência humana. A linguagem é muito importante para a pessoa cega, principalmente durante o período escolar em que se comunicará com outras pessoas, demonstrará suas necessidades, compartilhará suas vivências com os colegas, se expressará e ma- nifestará seus sentimentos. Nesse sentido, Oliveira (1997, p. 43) ressalta que: Figura 7 - Dedos passando sobre uma folha com escrita em braille U N ID A D E 1 38 “ [...] a linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. A compreensão das relações entre pensamento e linguagem é, pois, essencial para a compreensão do funcionamento psicológico do ser humano. Ainda sobre a linguagem, Vygotsky (2000, p.11) afirma que é: “ [...] antes de tudo, um meio de comunicação social, de enuncia-ção e compreensão. Também na análise, que se decompunha em elementos, essa função da linguagem se dissociava da sua função intelectual, e se atribuíam ambas as funções à linguagem como se fossem paralelas e independentes uma da outra. Por isso, a linguagem para a pessoa cega será a maneira como compreenderá o mun- do real e o imaginário, por meio do pensamento e da linguagem, que possibilitará o entendimento do mundo sem o sentido da visão. O processo de ensino e de apren- dizagem do estudante com deficiência auditiva é bastante desafiador e dependerá de inúmeras questões, principalmente aquelas relacionadas à escolarização em si. Segundo Redondoe Carvalho (2000), a pessoa Surda estabelece uma relação com o mundo exterior por meio de sinais e expressões faciais, que devem ser com- preendidos pelos pais e docentes, que precisam estimulá-la a expressar seus desejos e necessidades. Para Coll, Palacios e Marchesi (2004, p. 190), independente da área: “ [...] deve-se dar mais ênfase aos procedimentos de aprendizagem, e não tanto à acumulação de informação. Tanto para os alunos surdos como para os ouvintes é importante desenvolver o desejo de saber, o interesse pela busca de informação, o gosto pela leitura e a satisfação pela resolução de um determinado problema. Ainda, para Coll, Palacios e Marchesi (2004), há quatro princípios que devem ser levados em consideração quando há um trabalho voltado para o ensino e a aprendizagem da pessoa surda: U N IC ES U M A R 39 1. Favorecer atividades específicas para os estudantes. 2. Organizar as atividades de aprendizagem em pequenos grupos. 3. Propiciar o desenvolvimento de tarefas diversas aos estudantes. 4. Utilizar métodos visuais de comunicação. É importante ressaltar que a pessoa surda, assim como a ouvinte, desenvolverá suas habilidades se forem estimuladas, por isso, é fundamental que, ao se comu- nicar com uma pessoa surda, fale de frente para ela e devagar, para que ela possa visualizar seu rosto e suas expressões, pois essa ação facilita a leitura labial e a compreensão do que está querendo externalizar. Para a pessoa surda a aprendizagem da língua portuguesa é um dos maiores desafios por sua complexidade, por isso, o docente deverá recorrer a recursos di- versificados, que propiciem a compreensão do todo. Além disso, a pessoa surda, apresenta grande percepção visual, que deve ser explorada por meio de atividades que tenham ligação com essa capacidade, como: jogos, desenhos, brincadeiras de faz de conta e histórias infantis (REDONDO; CARVALHO, 2000) auxiliando-as na aquisição da linguagem e na aprendizagem de conceitos e regras da linguagem oral. Ainda, para facilitar a aprendizagem da pessoa surda, é necessário que a pro- posta de trabalho seja realizada em duas línguas, a primeira em Libras e a segunda em Língua Portuguesa. Lopes (2007) ressalta que para os surdos: “ Viver em uma condição bilíngue implica viver concomitantemente numa condição bicultural. A convivência surda, tanto com a comuni-dade surda quanto com a comunidade ouvinte, imprime traços iden- titários distintos nos sujeitos surdos, pois estes partilham de formas específicas, ora como surdos, quando estão na comunidade surda, ora como não-ouvintes, quando estão entre ouvinte (LOPES, 2007, p. 66). U N ID A D E 1 40 Para Guarinello (2007, p. 45-46) a proposta bilíngue: “ [...] é considerada uma abordagem educacional que se propõe a tornar acessível à criança surda duas línguas no contexto escolar. De fato, estudos têm apontado que essa proposta é a mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como natural e se baseia no conhecimento dela para o ensino da língua majoritária, preferencialmente na modalidade escrita. Complementando as concepções supracitadas, Bernardino (2000, p. 29 ressalta que: “ [...] a língua é considerada importante via de acesso para o desen-volvimento do surdo em todas as esferas do conhecimento, propi-ciando não apenas a comunicação do surdo com o ouvinte, mas também com o surdo, desempenhando também a função de suporte do pensamento e de estimulador do desenvolvimento cognitivo e social. O Bilinguismo considera que a língua oral não preenche todas essas funções, sendo imprescindível o aprendizado de uma língua visual-sinalizada desde tenra idade, possibilitando ao sur- do o preenchimento das funções linguísticas que a língua oral não preenche. Assim, as línguas de sinais são tanto o objetivo quanto o facilitador do aprendizado em geral, assim como do aprendizado da língua oral. Por isso, é importante que os profissionais que atuam, diretamente, com a pessoa surda compreendam o processo de ensino e de aprendizagem e as ferramentas que podem viabilizar o desenvolvimento da comunicação, do pensamento e dos aspec- tos cognitivo e social desse público, para que possam atuar de maneira plena na sociedade. Muitas pessoas com deficiência física apresentam comprometimentos motores, de locomoção, de manipulação e de exploração de objetos e da linguagem oral, dificultando ou impedindo o processo de construção de conhecimento. Silva, Castro e Branco (2006), no entanto, ressaltam que independentemente do quadro clínico ou a causa da deficiência física, é fundamental que se investigue as características individuais, físicas, sociais, psíquicas, emocionais, cognitivas de cada estudante com deficiência física. Além disso, é imprescindível acompanhar U N IC ES U M A R 41 Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com defi- ciência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. Fonte: Comitê de Ajudas Técnicas (2008 apud BRASIL, 2009, p. 9).. conceituando o desenvolvimento das atividades dessas pessoas para compreender como inte- ragem com o meio e a sua independência para o ser, o fazer e o conviver. Em relação à educação, o profissional precisa encontrar meios que propiciem ao estudante com deficiência física tudo aquilo que os outros estudantes vivenciam. Ele deve movimentar-se e se deslocar mesmo que de maneira distinta dos outros. Para Schirmer et al. (2007), é fundamental conhecer o tipo da deficiência física, pois para cada caso há uma estratégia de ensino, um recurso didático ou uma ferramenta adequada para propiciar a aprendizagem e o desenvolvimento do estudante. Além disso, o estudante com deficiência física só aprenderá se houver circunstâncias adequadas para sua locomoção, comunicação, bem-estar e segurança. Por isso, em relação ao estudante com deficiência física, a acessibilidade ocorre por meio da disponibilidade e da implementação das Tecnologias Assistivas (TA) como componente que possa trazer uma equivalência de oportunidades de aprendizagem. A adaptação dos recursos pedagógicos é fundamental para favorecer a interação do estudante com deficiência física. Para Manzini e Deliberato (2007), o manuseio e a aprendizagem são inseparáveis, quando pensamos na elaboração de recursos pedagógicos para os estudantes que apresentam, por exemplo, alterações motoras, principalmente nos membros superiores. Para Manzini (1999, p.17): “ [...] o recurso pedagógico adaptado deve assumir três características, a saber: ser manipulável, concreto e ter objetivo pedagógico. Dessa forma, a definição que estamos adotando de recurso se assemelha mais a um estímulo concreto que possa ser manipulável. Além dis- so, esse estímulo deverá ter uma finalidade, ou seja, deverá a esse estímulo ser atribuída a finalidade pedagógica. U N ID A D E 1 42 O uso da TA contribui para que o estudante com deficiência física tenha a opor- tunidade de aprender e interagir com seus pares no meio social e educacional. Para Barnes e Turner (2001), alguns recursos de TA que precisam estar presentes no contexto educacional são: ■ As adaptações em mobiliário, transporte, em recursos pedagógicos para aprendizagem, em atividades da vida diária e de recreação; arquitetônicas. ■ Equipamentos para mobilidade. ■ Comunicação alternativa e suplementar. ■ Dispositivos computacionais, entre outros. Para que haja a efetivação das condições de aprendizagem do estudante com deficiência física, a articulação do trabalho entre profissionais de diferentes áreas é fundamental para que as necessidades do estudante sejam atendidas e que a aprendizagem ocorra com qualidade. A deficiência múltipla pode acarretar associação deoutras deficiências, que pode variar de acordo com o número, a natureza, o grau e a abrangência; e os efeitos dos comprometimentos influenciam diretamente nos processos de aprendizagem: “ Os alunos com deficiência múltipla podem apresentar alterações significativas no processo de desenvolvimento, aprendizagem e adaptação social. Possuem variadas potencialidades, possibilida- des funcionais e necessidades concretas que necessitam ser com- preendidas e consideradas. Apresentam, algumas vezes, interesses inusitados, diferentes níveis de motivação, formas incomuns de agir, comunicar e expressar suas necessidades, desejos e sentimentos (BRASIL, 2006, p.13). U N IC ES U M A R 43 O processo de desenvolvimento e aprendizagem das pessoas com deficiência múltipla engloba “uma ação coletiva maior, por meio da intersetorialidade, com uma responsabilidade social compartilhada” e a articulação entre educação, saúde e assistência social (BRASIL, 2006c, p.12). Em relação aprendizagem, é necessário acompanhar as necessidades dos estudantes que não estão relacionadas ao âmbito escolar, mas que influenciam no processo de desenvolvimento da aprendizagem: “ Na perspectiva das pessoas com múltiplas deficiências [...] a lesão não pode ser desconsiderada, assim como o atendimento médico e o processo de reabilitação, que parece ter sido desconsiderado ou não explicitado nas políticas atuais de educação inclusiva e na abordagem social (BENTES et al., 2009, p. 66). Desse modo, é importante refletir sobre a maneira como os estudantes com deficiência múltipla podem ter não apenas a acessibilidade dentro do espaço escolar, mas que o acesso, também, seja real e que viabilize o desenvolvimento de sua aprendizagem a partir de estratégias, recursos e intervenções que estejam de acordo com suas necessidades educacionais. Recursos de comunicação alternativa e ampliada, por exemplo, contribuem com o processo de ensino e aprendizagem e, consequentemente, com o desen- volvimento educacional e social dos estudantes com deficiência múltipla que apresentam dificuldades na linguagem oral. Souza (2013) reforça que o processo de ensino e aprendizagem para estudan- tes com deficiência múltipla deve ser articulado com um currículo que favoreça ações que tenham sentido e significado e que propicie a construção de uma rede conceitual cognitiva, motora, afetiva e linguística. Caro(a) aluno(a), vimos a necessidade da mediação das experiências de aprendizagem no ambiente escolar, por meio da intervenção e estimulação ade- quada, assim como das atividades de estimulação precoce, para que de fato esse público seja beneficiado. Além disso, a prática pedagógica adequada é imprescin- dível para oportunizar o desenvolvimento das potencialidades de cada estudante. U N ID A D E 1 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), há uma grande preocupação, por parte de pesquisadores e pro- fissionais de diversas áreas, em relação ao processo de desenvolvimento global dos estudantes com deficiência, à sua apropriação do conhecimento de mundo e, principalmente, ao processo de aprendizagem. Por isso, nesta unidade, estudamos concepções importantes em relação às deficiências bem como características e peculiaridades desse público, além de entender um pouco melhor como o de- senvolvimento e a aprendizagem estão interligadas. Nesse sentido, foi fundamental que você, enquanto futuro psicopedagogo clínico e institucional que atuará com esse público, tenha estudado as especificidades des- se público para compreender a relação com o processo de aprendizagem, podendo refletir a respeito dos caminhos que poderá viabilizar o processo de aprendizagem. É importante ressaltar que você pôde compreender e refletir, também, a respeito das especificidades das pessoas com deficiência que fazem parte do público-alvo da Educação Especial, com suas características individuais e peculiares, e que o seu desenvolvimento é um aspecto importante, que afeta os processos de ensino e de aprendizagem. Ainda, foi possível entender como esse público aprende a partir de suas pecu- liaridades, e que a aprendizagem é um direito adquirido, podendo ser sistematiza- da por meio de ações que identificam as habilidades e direcionam as defasagens de maneira individual, voltando-se para as necessidades de cada indivíduo. Enfim, esperamos, caro(a) aluno(a), que as leituras tenham favorecido a sua com- preensão a respeito das pessoas com deficiência, que fazem parte do público-alvo da Educação Especial. Ressaltamos, ainda, que a partir dessa concepção inicial você po- derá refletir sobre o processo educacional e inclusivo dessas pessoas, cabendo a você, enquanto profissional, cooperar com a construção de novos saberes e de novas formas de ensinar e de aprender para auxiliar a escola, docentes e responsáveis nesse processo. 45 na prática 1. O Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, afirma que a deficiência intelec- tual é caracterizada por “um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas”. Desse modo, analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que corresponda às áreas de habilidades adaptativas: I - Lazer, Trabalho. II - Saúde e segurança, Habilidades acadêmicas. III - Habilidades sociais, Utilização dos recursos da comunidade. IV - Comunicação, Cuidado pessoal. É correto o que se afirma em: a. I. b. I e II. c. III e IV. d. II, III e IV. e. I, II, III e IV. 2. A literatura aponta que a surdez pode ser dividida em dois grandes grupos: Con- gênitas, quando nasce surdo; Adquiridas, quando perde a audição no decorrer da sua vida. Quanto à etiologia, que é quando a surdez pode ser causada, elas se dividem. Desse modo, analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que corresponda à essa divisão: I - É aquela que apresenta perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um deci- béis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. II - Pré-natais: surdez provocada por fatores genéticos e hereditários, doenças ad- quiridas no período gestacional ou por exposição da mãe a drogas ototóxicas. III - Perinatais: surdez provocada com mais frequência por parto prematuro, por falta de oxigenação no cérebro logo após o nascimento e trauma de parto, como a utilização inadequada de fórceps. IV - Pós-natais: surdez provocada por doenças adquiridas ao longo da vida, como: meningite, pela utilização de medicamentos ototóxicos, ou causada pela idade avançada, bem como por acidentes 46 na prática É correto o que se afirma em: a. I. b. I e II. c. III e IV. d. II, III e IV. e. I, II, III e IV. 3. A deficiência física pode ser entendida como uma insuficiência, decorrente de um comprometimento ou de uma falta de capacidade, que anula ou impede o funciona- mento motor, causando alterações ortopédicas e/ou neurológicas. De acordo com a Biblioteca Virtual de Saúde do Ministério da Educação (2019), a deficiência física pode ser (assinale a alternativa correta): a. Temporária, Recuperável e Definitiva. b. Recuperável, Definitiva e Compensável. c. Definitiva, Temporária e Compensável. d. Temporária, Recuperável, Definitiva, Compensável. e. Compensável, Temporária, Definitiva e Alicerçada. 4. De acordo com Coll, Palacios e Marchesi (2004), há quatro princípios que devem ser levados em consideração quando há um trabalho voltado para o ensino e a aprendi- zagem da pessoa surda. Em relação à pessoa surda, analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que corresponda a esses quatro princípios: I. Propiciar a utilização de óculos, lupas e lunetas especiais. II. Utilizar Comunicação Alternativa e suplementar. III. Propiciar o desenvolvimento de tarefas diversas aos estudantes. IV. Utilizar métodos visuais de comunicação. 47 na prática É correto o que se afirma em: a. I. b. I e II. c. III e IV. d. II, III e IV.e. I, II, III e IV. 5. O uso da Tecnologia Assistiva contribui para que o estudante com deficiência física tenha a oportunidade de aprender e interagir com seus pares no meio social e educacional, por isso, alguns recursos de TA precisam estar presentes no contexto educacional. Em relação às Tecnologias Assistivas que precisam estar no contexto educacional, assinale a alternativa correta: a. Equipamentos de higiene pessoal. b. Celulares para comunicação. c. As adaptações em mobiliário. d. Livros em braille. e. Aparelhos multiuso. 48 aprimore-se PSICOPEDAGOGIA E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Nos dias atuais, a inclusão de alunos com Deficiência Intelectual ainda é um amplo desafio, pois a instituição escolar contemporânea foi esquematizada para atender um perfil único de aluno, entretanto, hoje, encontramos estudantes muito diversifi- cados. No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da Educa- ção Inclusiva, garante acesso ao ensino regular a alunos com deficiências diversifica- das: intelectual, física, surdos, cegos, com transtornos globais do desenvolvimento e a alunos com altas habilidades/superdotação, desde a educação infantil até a edu- cação superior: “ A sociedade inclusiva já começou a ser construída a partir de algumas experiências de inserção social de pessoas com deficiência, ainda na década de oitenta. Em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, modificações pequenas e grandes vêm sendo feitas em setores como escolas, empresas, áreas de lazer, edifícios e espaços urbanos, para possibilitar a participação plena de pessoas deficientes, com igualda- de de oportunidades junto à população geral (SASSAKI, 1998, p. 8). Segundo Blanco (2003, p.72), “ao se discutir inclusão, não estamos apenas repetindo um termo ou um conceito, mas historicamente o termo inclusão nos remete as pes- soas que foram aprisionadas em hospícios ou que acabaram em uma fogueira para salvar a alma de um corpo deficiente”, como ocorreu na Idade Média. A sociedade vivencia um processo de Inclusão, ela procura se adaptar para po- der incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais 49 aprimore-se e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seu papel na sociedade. A inclusão social institui então, “um processo de dois lados na qual as pessoas ainda excluídas, e a sociedade, buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos” (SASSAKI, 1997, p. 41). É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularida- des, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos: “ A educação inclusiva pode ser definida como a prática da inclusão de todos – independentemente de seu talento, deficiência, origem so-cioeconômica ou cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde as necessidades desses alunos sejam satisfeitas (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 21). A instituição escolar é um ambiente multicultural, diversificado, que atende um pú- blico com objetivos, ideologias e necessidades diferenciadas. Enfim, essa é uma ca- racterística própria, que acolhe indivíduos com aspectos múltiplos, sejam religiosos, políticos, sociais, entre muitos outros. A escola é responsável pela transformação do indivíduo, o que corresponde a um conjunto de alterações comportamentais que se tem por aprendizagem (NETO, 2018, p. 81-92) Para Cunha (2015, p. 153), “[...] em sala de aula, há inúmeras vozes que se cruzam, quando todos os alunos contribuem com seus pensamentos de forma a construir um diálogo, através do qual se pode colher assim os frutos do conteúdo abordado”. Fonte: Bertolde e Larchert (2019, p. 101-102). 50 eu recomendo! Deficiência Mental e Deficiência Intelectual em debate Autor: Kátia Regina Moreno Caiado (org.). Editora: Navegando Publicações Sinopse: esse livro apresenta uma série de discussões e debates, suscitados por meio do tema “Deficiência Mental e Deficiência In- telectual em debate”, além de apresentar inúmeras experiências de pesquisa, buscando encontrar uma articulação entre a pes- quisa e os temas vividos e investigados pelos estudiosos que se encontram em diferentes universidades, mas que compartilham de uma mesma perspectiva, a de que a escola deve ser um espaço de reinvenção permanente. livro Os sinos de Anya Ano: 1999 Sinopse: em 1949, uma mulher cega chamada Anya, sempre, cui- dada por sua mãe, coleciona sinos, para fugir de sua solidão, po- rém sua situação fica muito difícil quando sua mãe morre. Com uma idade mais avançada e sozinha, Anya faz amizade com o entregador, um menino de 12 anos, chamado Scott. Ele é visto como muito lento, mas é revelado tempos depois que tem disle- xia, um distúrbio de aprendizagem que não era compreendido na época. A partir dessa aproximação, Anya ensina braille a Scott, que aprende, rapidamente, e os dois tornam-se amigos muito próximos. filme 51 eu recomendo! Homenagem a Stephen Hawking, por sua brilhante contribuição com a ciência, por estabelecer uma teoria da cosmologia explicada pela união da teoria geral da relatividade e da mecânica quântica. Apre- sentava esclerose lateral amiotrófica (ELA), que o levou a falecer no ano de 2018. https://www.youtube.com/watch?v=3rjtLaUJopE conecte-se Documentário dramatizado em três partes sobre a vida e obra de Ludwig van Bee- thoven, que começou a ficar surdo, ainda, jovem e, mesmo assim, tornou-se um grande nome da música de todos os tempos. O documentário foi produzido pela BBC da Inglaterra. O documentário está legendado em português. Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=XEIv9nWAniQ&t=403s Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=AHBgNzDBQdQ Parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=F2vEfKm4F98 conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=3rjtLaUJopE https://www.youtube.com/watch?v=XEIv9nWAniQ&t=403s https://www.youtube.com/watch?v=AHBgNzDBQdQ https://www.youtube.com/watch?v=F2vEfKm4F98 2 ACOMPANHAMENTO PSICOPEDAGÓGICO como prática de inclusão PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A prática psicopedagógica na Educação Inclusiva e no Atendimento Educacional Especializado • O Planejamento do Ensino e a Aprendizado na Perspectiva Inclusiva • A organização do currículo e suas adequações para atender os alunos com deficiência. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Compreender a prática psicopedagógica na Educação Inclusiva e no Atendimento Educacional Espe- cializado • Entender como ocorre o Planejamento do Ensino e Aprendizado na Perspectiva Inclusiva • Conhecer a organização do currículo e suas adequações para atender os alunos com deficiência. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade, você compreenderá como a prática psi- copedagógica pode ser encaminhada na Educação Inclusiva; como o pla- nejamento do processo de ensino e aprendizado na perspectiva inclusiva pode ser realizada; como o psicopedagogo pode organizar a sua prática no Atendimento Educacional Especializado e, por fim, você compreenderá como o currículo pode ser adequado e organizado para atender os alunos com deficiência. Na sistematização do conteúdo desta unidade, apresentaremos, em li- nhas gerais, concepções a respeito da articulação da prática psicopedagógi- ca na Educação Inclusiva, buscando identificar os caminhos desse processo dentro da escola. Estudaremos, também, como a escola estabelece o plane- jamento do ensino e da aprendizagem de acordo com a perspectiva inclu- siva, levando em consideração o papel do psicopedagogo nesse processo. Compreenderemos como a prática psicopedagógica é articulada ao atendimento educacional especializado, para oportunizar igualdade de condições a todos, conforme estabelecem as legislações que regem a Edu- cação brasileira. Ainda, abordaremos a organização curricular e suas adap- tações para atender, de maneira coerente, osestudantes com deficiência. Por isso, propomos a você a análise de cada caso e que utilize recursos que possa auxiliar o estudante na escola, pois, às vezes, o que é viável educa- cionalmente para um estudante não será para outro, simplesmente pelo fato de que não há uma receita pronta e cada ser humano é único e a sua aprendizagem também dependerá de inúmeros direcionamentos ou de diferentes profissionais. Assim, diante do que você estudará, será possível refletir sobre os en- caminhamentos que viabilizará um fazer psicopedagógico muito mais eficiente. É importante lembrar, no entanto, que o seu trabalho deve ser realizado em colaboração com o docente e com outros profissionais dentro do âmbito escolar para que seja reverberado. Boa leitura e bom estudo! U N ID A D E 2 54 1 PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA e no atendimento educacional especializado Caro(a) aluno(a), iniciaremos esta unidade, abordando como ocorre a prática psicopedagógica na Educação Inclusiva e no Atendimento Educacional Espe- cializado. Então, compreenderemos, inicialmente, como a Educação Inclusiva se estabeleceu no país e como o Atendimento Educacional Especializado foi siste- matizado pela legislação nacional. A partir dessa compreensão, entenderemos como a prática psicopedagógica apresenta uma relação direta com a Educação. Por meio da legislação nacional e de documentos internacionais, o nosso país reestruturou o seu sistema de ensino, e criou políticas educacionais inclusivas, que viabilizaram a educação das pessoas com deficiência. A Constituição Federativa do Brasil de 1988, que é a lei maior do país, consolida a Educação Especial em seu Art. 227, inciso II, propondo a: “ [...] criação de programas de prevenção e atendimento especiali-zado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação (BRASIL, 1988, on-line). U N IC ES U M A R 55 Além disso, estabelece em seu Art. 208, inciso III, que o dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de “[...] atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino [...]” (BRASIL, 1988, on-line, grifo da autora). No ano seguinte, a Lei nº 7.853 de 24, de outubro de 1989, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para In- tegração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), estabelece em seu inciso I, referente à área da Educação, que: “ [...] a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-es-colar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios [...] (BRASIL, 1989, on-line). Com a Declaração de Salamanca, em 1994, foram definidos os princípios, as po- líticas e as práticas na área da Educação Especial, com isso, norteou os debates a respeito da Educação Especial no país, e com outros países endossou “a perspecti- va de escolarização inclusiva, apoiando o desenvolvimento da educação especial como parte integrante de todos os programas educacionais [...]” (BRASIL, 1994, p. 1). A Lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, também, sofreu grande influência da Declaração de Salamanca (1994), deixando claro, em seu Artigo 58, os aspectos referentes à Educação Especial: “ Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a mo-dalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de edu- cação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições es- pecíficas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular (BRASIL, 1996, on-line). U N ID A D E 2 56 O Decreto nº 3.298, de 1999, regulamentou a Lei nº 7.853/89, dispondo sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, e propõe em seu § 1º do Art. 24 que “a inclusão, no sistema educacional, da educação espe- cial como modalidade de educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades de ensino [...]” (BRASIL, 1999, on-line). Dois anos depois, o Congresso Nacional aprova a Lei nº 10.172, de janeiro de 2001. Esta, por sua vez, aprova o Plano Nacional de Educação, configurando-se em mais um marco importante na história da Educação, pois, além de fazer um diagnóstico nacional sobre como a Educação Especial se encontrava naquele dado momento, estabeleceu diretrizes e traçou objetivos e metas a serem cum- pridas em um prazo de 10 anos. Nesse mesmo ano, aprovou-se a Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, instituindo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educa- ção Básica, propondo em seu Art. 3º a seguinte definição de educação especial: “ [...] por educação especial, modalidade da educação escolar, enten-de-se um processo educacional definido por uma proposta pedagó-gica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organi- zados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da edu- cação básica (BRASIL, 2001b, on-line). Em 2008, homologou-se a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, e, com isso, redefiniu-se e reestruturou-se algumas con- cepções, evidenciando o trabalho que deveria ser realizado na Educação Especial. Desse modo, estabeleceu-se alguns objetivos, dentre eles: “ [...] assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, trans-tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdo-tação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade U N IC ES U M A R 57 de educação especial desde a educação infantil até a educação supe- rior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mo- biliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008, on-line). Um ano depois, aprovou-se, por meio da Resolução CNE/CBE nº 4, de 2 de outubro de 2009, as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Um docu- mento específico que explica o que é o atendimento educacional especializado e determina como ele será organizado. Então, seu Art. 2º propõe que: “ [...] o AEE tem como função complementar ou suplementar a for-mação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua apren- dizagem (BRASIL, 2009, on-line). Em 2010, a Resolução CNE/CEB n° 04, de 13 de julho de 2010, define as Dire- trizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica e estabelece, em seu Art. 29, que “a EducaçãoEspecial é modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte integrante da educação regular, devendo ser prevista no projeto político-pedagógico da unidade escolar” (BRASIL, 2010, on-line), e, no § 1º, que: “ [...] os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habi-lidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multi- funcionais ou em centros de AEE da rede pública ou de institui- ções comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (BRASIL, 2010, on-line). U N ID A D E 2 58 As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Fonte: Brasil (2008). explorando Ideias Em 2013, a Lei 12.796, de 04 de abril, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, propondo em seu inciso III do Art. 4º que o Atendimento educacional especializado será “[...] gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e moda- lidades, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2013, on-line). Em 2014, o Plano Nacional de Educação estabeleceu metas para a Educação Especial e Inclusiva a serem cumpridas nos próximos 10 anos, por isso, a meta 4 propõe dois objetivos, sendo: “ Matricular todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos com deficiên-cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação e; ofertar atendimento educacional especializado para todos esses alunos - preferencialmente em escolas comuns e garantir todo o sistema educacional inclusivo, salas de recursos multifuncio- nais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conve- niados (OBSERVATÓRIO DO PNE, [2021], on-line). Em 2018, a Lei nº 13.632 altera o § 3º do Art. 58 da Lei nº 9.394, de 1996, estabele- cendo “a oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida [...]” (BRASIL, 2018, on-line). U N IC ES U M A R 59 Durante o processo de consolidação da Educação Especial como modalidade, o Atendimento Educacional Especializado foi assegurado como um recurso impor- tante para as pessoas com deficiência, tendo como objetivo viabilizar o ensino e a aprendizagem desses estudantes que fazem parte do PAEE. O objetivo principal foi eliminar as barreiras que inviabilizam o processo educacional dos estudantes do público-alvo da Educação Especial. Esse atendimento, geralmente, ocorre no contraturno do ensino comum, em que o estudante possui matrícula, com o objetivo de eliminar as barreiras para que haja a participação integral dos estudantes do público-alvo da Educação Especial. De acordo com o Art. 3º do Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a Educação Especial e o atendimento educacional especializado, são objetivos do AEE: I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagó- gicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendi- zagem; e IV – assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino (BRASIL, 2011, on-line). De acordo com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Aten- dimento Educacional Especializado na Educação Básica (2009), o AEE deve ser realizado a partir de algumas etapas, sendo elas: U N ID A D E 2 60 Identi�car as necessidades dos estudantes com de�ciência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação; Desenvolver um Plano de trabalho, propondo serviços de acessibilidade; Elaborar materiais por meio de recursos e estratégias que sejam acessíveis para os estudantes; Obter e conhecer materiais de apoio, como softwares, recursos e instrumentos tecnológicos, mobiliários, recursos ópticos, entre outros; Acompanhar a utilização de materiais na sala de aula do ensino comum; Orientar os docentes do ensino comum, bem como os familiares dos estudantes a utilizarem materiais e recursos; Promover formação continuada aos docentes do AEE e do ensino comum, por meio da colaboração. 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º Ao dialogar com a legislação brasileira, percebemos que as conquistas foram construídas ao longo dos anos, adequando-se a partir das necessidades emergen- tes. Portanto, ao se estabelecer enquanto modalidade e propiciar o atendimento educacional especializado, faz-nos buscar o papel da psicopedagogia neste uni- verso único. Para isso, precisaremos compreender como a prática psicopeda- gógica é constituída, e articular esses dois universos em um caminho propício para o suporte às pessoas com deficiência. Assim, sabemos que a Psicopedagogia, enquanto campo de conhecimento humano, é influenciada por inúmeras cor- rentes teóricas, que, por sua vez, estão diretamente relacionadas à aprendizagem. U N IC ES U M A R 61 A psicopedagogia passou a ter evidência no país por volta dos anos de 1970, quando surgiu a necessidade de atender crianças com distúrbios na aprendizagem, consi- deradas sem aptidão para estar em um sistema educacional formal. Por isso, com- preender a individualidade de cada pessoa, diante do aprender, faz da Psicopeda- gogia um campo de conhecimento bastante vasto e necessário na escola. Assim, quando falamos a respeito da prática Psicopedagógica como estratégia no processo de ensino e aprendizagem, precisamos entender como é essa articu- lação com a Educação Especial, a partir da perspectiva inclusiva. É importante, no entanto, salientar que a prática psicopedagógica apresentar a função preven- tiva e terapêutica e, na escola, precisa ser sempre articulada com coordenadores pedagógicos, orientadores, docentes, equipe diretiva, Educação Especial etc. Para Fagali (2002, p.10), o trabalho psicopedagógico na escola: “ [...] tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagó-gicos integrando o afetivo e cognitivo, além da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento. No processo preventivo, a prática psicopedagógica abrange a orientação dos docentes para identificarem suspeitas e atuarem com as necessidades dos es- tudantes do público-alvo da Educação Especial, pois esse profissional poderá, a partir dos indicativos descritivos da escola: identificar mudanças, variações ou perturbações no processo de ensino desse público; envolver-se na prática da escola com o intuito de favorecer o processo de integração entre docentes e outros profissionais para que possam trocar experiências e vivências; possibili- tar momentos de orientação e diálogo a respeito de estratégias que atendam às características individuais ou grupais. A prática psicopedagógica, de acordo com as concepções de Weiss (2000), precisa levar em consideração o indivíduo como um ser global, constituído por aspectos orgânico, cognitivo, afetivo, social e pedagógico. Desse modo, é impor- tante salientar que cada indivíduo deve ser valorizado a partir de suas habilidades, respeitando as suas especificidades. Para Rotta (2006), os problemas de aprendi- zagem perpassam, inicialmente, pelo conceito de aprendizagem, pois: U N ID A D E 2 62 “ [...] não há dúvida de que o ato de aprender se passa no sistema nervoso central, onde ocorrem modificações funcionais de suas condutas, que dependem do contingente genético de cada indiví- duo, associadoao ambiente onde esse ser está inserido (ROTTA, 2006, p. 112). Além disso, é necessário construir uma relação direta com o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes com deficiência, podendo interferir ou não nele, já que a forma como o indivíduo organiza os vínculos com o conhecimento, ou como o conhecimento é apresentado a esse indivíduo, também tende a determi- nar a relação indivíduo/objeto/conhecimento. Por isso, o psicopedagogo precisa ter um olhar mais amplo em relação ao processo de aprendizagem, pois ele consegue identificar o indivíduo como um todo, já que ana- lisa os aspectos físico, cognitivo, social e emocional de maneira interligada e relacional. Por isso, a prática psicopedagógica no âmbito escolar é primordial, pois ele não tem apenas o papel de identificar os indicativos para problemas na aprendiza- gem no geral, mas o de orientar docentes do ensino comum e articular uma ação colaborativa com os docentes da Educação Especial, para juntos identificarem a origem orgânica, psicológica ou ambiental desses problemas. Nesse sentido, Fernández (2001, p. 93) salienta que “[...] a intervenção psi- copedagógica está direcionada a abrir espaços de autoria de pensamento não só para crianças a quem atende, mas também para os adultos (pais e professores) que têm funções instrutivas”. Porém, de acordo com Tanamashi (2003, p. 43): “ [...] o psicopedagogo não é um mero resolvedor de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da constru- ção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico. U N IC ES U M A R 63 Desse modo, é de fundamental importância que esse profissional seja valorizado, respeitado e compreendido no espaço escolar, pois ao articular a sua prática com a Educação Especial especificamente, pode em colaboração com ela direcionar procedimentos adequados para o atendimento educacional especializado. Isso porque o seu olhar vai além da proposta pedagógica e institucional, e sua inter- venção pode contribuir para que os estudantes com deficiência avancem em seu processo de aquisição de conhecimento e melhorem ou modifiquem seu comportamento, já que a sua prática utiliza diferentes áreas do conhecimento. Além disso, o psicopedagogo na equipe multidisciplinar terá a possibilidade de desenvolver um trabalho em conjunto com os docentes e demais profissionais da escola, a individualidade dos casos bem como as necessidades do processo inclu- sivo, direcionando o trabalho pautado em ações que atenda à essas necessidades na sala de aula e, se for o caso, no Atendimento Educacional Especializado. Por isso, a prática psicopedagógica na escola contribui com o processo de construção da aprendizagem, organizando também a atuação da escola em parceria com a família, a fim de promover o desenvolvimento da aprendizagem de cada indivíduo. Além disso, a aprendizagem dos estudantes com deficiência dependerá, em grande parte, de uma proposta de trabalho docente inclusiva, seja ela na sala de aula do ensino comum, seja ela na sala de recursos multifuncionais. Por isso, é preciso pensar sobre as práticas pedagógicas propiciadas e vivenciadas na escola, pois terão grande influência sobre o processo de aprendizagem, já que o equilíbrio é fundamental para obter resultados positivos e duradouros. Caro(a) aluno(a), abordamos, até aqui, alguns aspectos sobre a prática psicope- dagógica e sua relação com a modalidade da Educação Especial, a partir de uma perspectiva política, para que você pudesse compreender como ocorre a inclusão dos estudantes com deficiência no AEE. É importante, no entanto, que você se aprofun- de, estudando outros documentos e leis nacionais e internacionais que estabelecem os direitos das pessoas com deficiência, pois enquanto psicopedagogo, você precisa estar ciente dos direitos dessas pessoas para realizar o seu trabalho com segurança e orientar aqueles que necessitam de informações a respeito de seus direitos. U N ID A D E 2 64 2 O PLANEJAMENTO DO ENSINO E O APRENDIZADO na perspectiva inclusiva Caro(a) aluno(a), continuaremos essa jornada, agora, refletindo sobre o planeja- mento do ensino e da aprendizagem a partir da perspectiva inclusiva. A inclusão escolar consiste em ações inclusivas realizadas no interior da escola, de modo que todas as pessoas tenham acesso ao ensino, de maneira igualitária e sem nenhum tipo de discriminação. Nesse sentido, o principal foco da inclusão escolar é a oferta e o acesso às pessoas com necessidades educacionais especiais (PNEE), que, geralmente, apresentam algum tipo de deficiência. A inclusão escolar pressupõe o acesso dos estudantes com necessidades educa- cionais especiais na sala de aula comum, compartilhando as mesmas experiências e aprendizados com seus pares. Isso ganha maior evidência a partir da Política da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, que estabelece caminhos claros e específicos para o atendimento a ser realizado com esse público. A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional - LDBEN, conhecida como Lei nº 9.394/96, estabelece em seu Art. 59 que “[...] os sistemas de ensino assegu- rarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” dentre outras questões, “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas ne- cessidades [...]” (BRASIL, 1996, on-line), propondo desse modo que a Educação seja delineada dentro de uma perspectiva inclusiva. A Resolução nº 02/2001, que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educa- ção Especial na Educação Básica, foi outro documento que recomenda, em seu U N IC ES U M A R 65 Art. 2º, que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para a educação de qualidade para todos” (BRASIL, 2001b, on-line). Para Ainscow e Ferreira (2003), a inclusão tem como objetivo apoiar a Edu- cação para Todos. Desse modo, o propósito é de que todos os estudantes tenham um local para construir o conhecimento científico e se desenvolver, enquanto pessoa. A inclusão, ainda, sugere que todos os estudantes possam usufruir de um ambiente escolar que seja comum para todos, para que possam aprender juntos. Nesse sentido, é necessário pensar sobre inúmeros aspectos em relação à esco- la inclusiva, por exemplo, a disponibilidade de serviços especializados que possa propiciar o ensino que seja igual para todos, independentemente das caracterís- ticas individuais dos estudantes. A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, tem como objetivo “assegurar a inclusão escolar de alunos do público-alvo da educação especial, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino” (BRASIL, 2008, on-line). Tendo esse documento como diretriz, entende-se que o objetivo é a reestruturação do ensino comum, de modo a atender com mais eficiência a todos os estudantes do público-alvo da Educação Especial. Ainda, é importante ressaltar que a Educação, a partir da perspectiva inclusiva, é bem diferente da educação tradicional, em que os estudantes é que precisavam se adaptar a ela, nesse novo modelo de escola é ela quem deve se adaptar às necessi- dades e especificidades do estudante, objetivando não somente a sua permanência na escola, mas que o seu processo de ensino e aprendizagem seja contemplado de maneira igualitária e satisfatória. Desse modo, a educação na perspectiva inclusiva, apresenta como um de seus obstáculos ofertar educação de qualidade para todos. Pensando a respeitodas particularidades que esses estudantes apresentam, é necessário salientar que cada um apresenta características próprias, estas o tor- nam único, com um padrão de aprendizagem e de interesses muito específicos, tornando-se um grande desafio para a escola atuar com toda essa diversidade, na tentativa de estruturar uma nova maneira de ensinar e de aprender que possa eliminar seu viés segregacionista e atender a todos, sem exceção nesse processo. De acordo com Ainscow (1998), a escola inclusiva é aquela voltada para o currículo, em que há a possibilidade de relacionar os aspectos específicos e prá- ticos, como as estratégias, recursos e métodos, considerados fundamentais para U N ID A D E 2 66 Alunos com Deficiência Intelectual devem ter um plano de ensino diferencia- do? Se sim, como esse plano deve ser feito? Qual a importância dele? Acesse o vídeo e saiba mais conecte-se a implementação de uma escola inclusiva. Levando em consideração os aspectos supracitados, é necessário que os docentes do ensino comum em colaboração com a Educação Especial e a equipe multidisciplinar atendam o currículo, organizando- -o por meio de um planejamento direcionado para os alunos do público-alvo da Educação Especial, nesse caso, os alunos com deficiência. Então, para iniciarmos o diálogo a respeito desses aspectos, compreenderemos o planejamento. Para Libâneo (2012, p. 222), o planejamento escolar consiste em “uma atividade de reflexão acerca de nossas opções e ações [...]” enquanto prática docente, articula- do ao processo de ensino e de aprendizagem. Ainda, Libâneo (2012) ressalta que o planejamento docente considera “o quê”, “por que” e “para que” ensinar, além de defi- nir para quem e com o que ensinar, conteúdos, metodologias, objetivos, recursos etc. Libâneo (2013), ainda, afirma que, diante do contexto da Educação Especial e Inclusiva, o docente precisa compreender que o planejamento é uma ação com propósito e que não deve fazê-lo alheio à realidade em que se encontra. O pla- nejamento do trabalho com os estudantes com deficiência requer um compro- metimento maior do docente e precisa ser realizado pensando nas necessidades de seu aluno. Além disso, o planejamento no contexto educacional requer uma ação sistemática do que se pretende, e a realidade deve ser a primeira questão a ser levada em consideração quando se planeja. Compreender o contexto em que está inserido é fundamental para o desenvol- vimento do trabalho pedagógico eficiente, principalmente quando há uma pers- pectiva inclusiva, pois o “[...] planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação” (LIBÂNEO, 2013, p. 245). Para Melo e Urbanetz (2008), outra questão que precisa ser evidenciada, du- rante o planejamento do trabalho a ser realizado com os estudantes com defi- ciência, é a dinamicidade, pois em Educação o trabalho é voltado para os seres humanos que perpassam por inúmeros momentos históricos, distintas necessi- dades e demandas. Neste contexto, o docente pode buscar o auxílio da equipe https://www.youtube.com/watch?v=NOrudP95jOc U N IC ES U M A R 67 multidisciplinar ou o psicopedagogo para auxiliá-lo nas alterações do seu plano a fim de atender seus alunos. O plano deve ser claro, com objetivos específicos, e ser adaptado conforme a necessidade de cada caso. Além da dinamicidade, é importante falar sobre a articulação entre plane- jamento e avaliação no processo de planejamento. Luckesi (2010) pontua que a avaliação da aprendizagem ocorre após o planejamento, pois só é possível avaliar a partir do que foi corretamente planejado e executado. Desse modo, para que a avaliação realizada aos estudantes do público-alvo da Educação Especial possa ser eficaz, o planejamento deve ser realizado em conjunto e debatido na escola, assim como as adaptações curriculares e as formas de avaliação (CONDERMAN; BRESNAHAN; PEDERSEN, 2009). A relação entre planejamento, avaliação e adequação é bastante estreita du- rante o processo educacional dos estudantes do público-alvo da Educação Es- pecial, pois as estratégias e os recursos serão planejados e atualizados de acordo com o progresso do estudante, dessa maneira, o tempo do planejamento, nesses casos, poderá ser variável, sendo que os que ocorrerem em curto prazo podem ser mais úteis, visto as possíveis mudanças que podem ocorrer nesse período. Além disso, a escola como um todo precisa compreender a importância de adequar e readequar seu planejamento de acordo com as necessidades dos alunos, utilizando instrumentos para identificar potencialidade e ajustar a sua prática a fim de atender esse público. Além disso, o estudante com deficiência, por exem- plo, tem características muito particulares diferente dos outros na construção da aprendizagem curricular específica para a sua idade, o que sugere recursos pedagógicos e metodológicos educacionais específicos (BRASIL, 2006). Além do planejamento e sua adequação, é necessário que o docente possa, durante o processo educacional, assumir a função de mediador desse processo, realizando as devidas intervenções durante as atividades diárias e avaliações a serem realizadas durante o ano letivo, em que não tenha autonomia para desen- volver sozinho, por meio da mediação das informações e do conhecimento. A mediação, de acordo com Feuerstein (1988), é necessária para produzir uma aprendizagem significativa, pois apresenta uma “intencionalidade e uma recipro- cidade, em que o mediador interage com o sujeito, selecionando, interpretando e interferindo no processo de construção do conhecimento” (TURRA, 2007, p. 303). Porém é importante salientar que, em um processo de planejamento na Educação cuja perspectiva é inclusiva, a mediação deve ser conjunta e colaborativa, propi- ciando ao docente do ensino comum e ao da Educação Especial, juntamente com U N ID A D E 2 68 a equipe multidisciplinar, encontrar possibilidades para o desenvolvimento edu- cacional e funcional do estudante com deficiência. No entanto essa ação precisa ser contínua, com acompanhamento permanente, e que haja uma reflexão em conjunto a respeito dos avanços, dificuldades e retrocessos do estudante, conside- rando a sua individualidade, seu modo de agir, pensar e aprender. Sobre o trabalho em conjunto, é necessário mencionar que essa forma de atuação dentro da escola ganhou muito mais força, após a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), que determinou que a Educação Especial, dentre outras atribuições, deveria propiciar uma ação mais abrangente no espaço escolar; direcionar e sistematizar grupos de apoio para realizar formações continuadas; detectar serviços e recursos, além de produzir práticas que visam à colaboração. O trabalho colaborativo possibilita a ação entre os docentes do Ensino Co- mum, os da Educação Especial e de diferentes especialistas, a fim de trocar co- nhecimentos e resolver questões relacionadas à aprendizagem e ao comporta- mento, sendo visto como um modelo de trabalho que visa apoiar a inclusão dos estudantes do público-alvo da Educação Especial no sistema de Ensino Comum (CAPELLINI, 2004). A relação das ações e estratégias didático-pedagógicas entre o Ensino Comum e a Educação Especial favorece práticas educacionais colabo- rativas (ROLDÃO, 2007; DAMIANI, 2008; MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011). Pelo fato de o trabalho colaborativo objetivar o trabalho em equipe, de maneira mais integradora, exige que: “ [...] todos os membros da equipe estejam simultaneamente impli-cados e comprometidos com o sucesso do projeto em que estão envolvidos. As finalidades são comuns a todos os elementos e há uma constante avaliação do processo, podendo, através do feedback recebido, voltar-se atrás e reestruturar o desenvolvimento desse mesmo processo. A responsabilidade é coletiva e interativa, na me- dida em que todos os elementos da equipa assumem o compromisso departicipar e de conduzir todo o processo de modo a atingir as metas estabelecidas, à partida, através da negociação e da reflexão conjunta (NOGUEIRA, 2012, p.141). U N IC ES U M A R 69 A partir das concepções apresentadas, você acredita que o psicopedagogo consegue pro- por um planejamento individualizado para os estudantes com deficiência que estudam no ensino comum, sem o auxílio da escola? pensando juntos Desse modo, podemos compreender que o docente sozinho não consegue aten- der a todas as diversidades que chegam a ele. O trabalho colaborativo nos mostra que é possível desenvolver um planejamento muito mais adequado e eficiente quando realizado em conjunto. Caro(a) aluno(a), você acompanhou como o planejamento pode ser proposto e delineado. Ainda, pôde compreender como o trabalho em conjunto, colaborativo e articulado entre os profissionais pode fazer a diferença, quando o trabalho é realizado a partir de uma perspectiva inclusiva. U N ID A D E 2 70 3 ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO E SUAS ADEQUAÇÕES para atender os alunos com deficiência Ao pensar sobre a organização curricular dos estudantes com deficiência que frequentam o Ensino Comum articulado à Educação Especial, é importante compreender a organização do Atendimento Educacional Especializado e como as ações propostas, nesse ambiente, podem favorecer a adaptação curricular na dimensão da inclusão. O primeiro passo é desenvolver uma proposta curricular que seja coerente e que viabilize ao estudante com deficiência acesso ao currículo, seguindo alguns quesitos: “ [...] avaliação pedagógica no processo de ensino e aprendizagem, inclusive para a identificação das necessidades educacionais espe-ciais e a eventual indicação dos apoios pedagógicos adequados; [...] condições para reflexão, ação e elaboração teórica da educação in- clusiva, com protagonismo dos professores, articulando experiência e conhecimento com as necessidades/possibilidades surgidas na relação pedagógica, inclusive por meio de colaboração com insti- tuições de ensino superior e pesquisa (BRASIL, 2001b, p. 48). U N IC ES U M A R 71 Nesse sentido, há um tripé que precisa ser evidenciado, que é o docente do ensino comum, o da Educação Especial e a equipe multidisciplinar (em que o psicope- dagogo se enquadra). O docente do ensino comum precisa garantir o acesso ao conhecimento formal e sistematizado bem como o aprendizado aos estudantes com deficiências. O docente da Educação Especial deve garantir o desenvolvi- mento curricular, orientação e acompanhamento aos docentes e discentes. À equipe multidisciplinar cabe garantir que o docente do ensino comum esteja realizando seu trabalho, na sala de aula, a partir de uma ação em conjunto com o docente da Educação Especial, que, por sua vez, deve realizar um trabalho que frutifique e apresente resultados, tanto na sala de aula comum como na especial. Assim, a adequação ou readequação curricular precisa ser realizada em equi- pe, a partir da individualidade de cada um. Portanto, o Conselho de Educação do Distrito Federal propõe em sua Resolução nº 01, de 11 de setembro de 2012, que: “ A estruturação do currículo e da proposta pedagógica para atender às especificidades dos estudantes com necessidades educacionais especiais, deve observar a necessidade constante de revisão e ade- quação à prática pedagógica nos seguintes aspectos: I - introdução ou eliminação de conteúdos, considerando a condição individual do estudante; II - modificação metodológica dos procedimentos, da organização didática e da introdução de métodos; III - flexibilização da carga horária e da temporalidade, para desenvolvimento dos con- teúdos e realização das atividades; IV - avaliação e promoção com critérios diferenciados, em consonância com a proposta pedagógi- ca da instituição educacional, respeitada a frequência obrigatória (BRASIL, 2012, on-line). Nesse sentido, compreendemos que o currículo deve ser o mesmo, porém com as devidas adequações a fim de atender os alunos do público-alvo da Educação Especial. Moreira e Baumel (2001) reafirmam essa concepção de que o currículo precisa ser pensado a partir de uma perspectiva inclusiva pautada na realidade, com atendimento que seja eficiente, por isso, a adequação do currículo precisa ser vista com seriedade, pois as modificações no planejamento, na proposta das U N ID A D E 2 72 atividades e das avaliações precisam ser voltadas para as necessidades e especifici- dades dos estudantes. Por isso, as adequações do currículo, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares (1998), podem ser vistas como: “ [...] estratégias e critérios de situação docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras pe-culiares de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de ne- cessidades dos alunos na escola” (BRASIL,1998, p.15). Ainda, os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares (1998) propõe três níveis de adaptações: no âmbito do projeto pedagógico (currículo escolar): referem- -se a medidas de ajuste do currículo em geral, que nem sempre pre- cisam resultar em adaptações individualizadas. As ações adaptativas visam a flexibilizar o currículo para que ele possa ser desenvolvido na sala de aula e atender às necessidades especiais de alguns alunos. no currículo desenvolvido na sala de aula: o foco é na organiza- ção e nos procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como fazer, a organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva participação e integração do aluno, bem como a sua aprendizagem. no nível individual: o foco é na atuação do professor na avalia- ção e no atendimento do aluno. Compete-lhe o papel principal na definição do nível de competência curricular do educando, bem como na identificação dos fatores que interferem no seu processo de ensino-aprendizagem (BRASIL, 1998, p. 25). Segundo o livro Saberes e Práticas: Recomendações de Escolas Inclusivas (BRASIL, 2006), elaborado pelo Ministério da Educação, as adaptações curriculares consistem: U N IC ES U M A R 73 “ [...] possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adequação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de amplia- ção, para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas circuns- tâncias, as adequações curriculares implicam planificação pedagógica e ações docentes fundamentadas em critérios que definem: o que o aluno deve aprender; como e quando aprender; que formas de organi- zação do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; como e quando avaliar o aluno (BRASIL, 2006, p. 61). Esse documento, oriundo do Ministério da Educação, deixa claro que a adaptação do currículo é direito subjetivo. Assim, a Resolução nº 02/2001, do Conselho Nacional de Educação, propõe em seu Art. 8º que escolas do ensino comum precisam se organizar para sustentar as: “ [...] flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o sig-nificado prático e instrumental de conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diversificados e processos de avalia- ção adequados ao desenvolvimento de estudantes que apresentam necessidades educacionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico da escola, respeitada a frequência obrigatória (BRASIL, 2001b, on-line). De acordo com os documentos oficiais, as adaptações são ajustes que precisam ocorrer no currículo, a partir do que o aluno apresenta enquanto conhecimento, por meio de sua organização, dos objetivos e conteúdos, do processo avaliativo, dos procedimentos didáticos, da temporalidade e das metodologias. Desse modo,é necessário que o trabalho seja realizado em conjunto com o professor da Educação Especial e com a equipe multidisciplinar, para viabilizarem ações que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes com deficiência por meio das adaptações curriculares. U N ID A D E 2 74 Ao levar em consideração esses aspectos, é evidente a necessidade de um olhar diferenciado da psicopedagogia no processo de ensino e aprendizagem da pessoa com deficiência (ALMEIDA JÚNIOR, 2012). No entanto o fazer psicopedagó- gico precisa ultrapassar a ideia genérica do processo de adequação curricular e de inclusão, propiciando condições para que o indivíduo com deficiência tenha uma vida educacional plena. Como o trabalho do psicopedagogo na escola permeia o processo preventivo e terapêutico das dificuldades de aprendizagem, desse modo, a compreensão da aprendizagem vai além do entendimento sobre a deficiência em si, já que é fundamental que haja a articulação entre o fazer pedagógico e a dificuldade da aprendizagem na construção de conhecimento científico. Além disso, para que a Educação Inclusiva seja realmente eficiente, é funda- mental que haja um trabalho em conjunto entre equipe multidisciplinar, Educa- ção Especial, ensino comum, professores e coordenadores, para pensar a adap- tação do curricular de modo que o estudante com deficiência tenha sucesso em sua vida acadêmica. Nesse sentido, Medeiros (2013, p. 8) salienta que para “[...] promover a edu- cação inclusiva, além de trabalhar com o professor capacitando-o para o seu dia a dia, o psicopedagogo também pode atuar auxiliando pais a compreenderem melhor o processo de inclusão”. Assim, a atuação do psicopedagogo poderá auxiliar a quebrar paradigmas dentro do ambiente escolar e colaborar em todos as frentes de trabalho, com pais, familiares, outros profissionais, Secretaria de Educação, Educação Especial, professores, coordenadores e gestores, a fim de promover o sucesso da inclusão dos estudantes com deficiências no ensino comum. Apesar de todas as sugestões em relação ao currículo, somente uma avaliação cautelosa, realizada por uma equipe multidisciplinar, poderá identificar as reais necessidades dos estudantes bem como as adaptações que poderão favorecer a sua aprendizagem. Além disso, as adaptações devem ser revistas, repensadas e reorganizadas, a medida em que os estudantes vão alcançando os objetivos pro- postos para que a aprendizagem seja realmente significativa para todos. Por isso, caro(a) aluno(a), você pôde compreender de maneira mais clara os possíveis caminhos que o(a) levarão a algumas possibilidades adaptativas que, com certeza, auxiliará o processo de ensino e aprendizagem de seus alunos e tornará a escola ainda mais inclusiva. U N IC ES U M A R 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), estudiosos de diversas áreas têm se unido para pensar em ações que viabilizem o processo educacional e inclusivo dos estudantes com deficiên- cia. Por isso, nesta unidade, estudamos concepções importantes em relação à prática psicopedagógica na Educação Inclusiva e no Atendimento Educacional Especializado, ao planejamento do Ensino e Aprendizado na Perspectiva Inclu- siva e à organização do currículo e suas adequações para atender os alunos com deficiência para que haja condições de atendê-los de maneira equitativa. Foi possível compreender que o Atendimento Educacional Especializado é um direito adquirido, que potencializa o processo de aprendizagem, por meio da siste- matização de ações que identificam habilidades e potencialidades, e que direciona as defasagens de maneira individual. Ainda, pode entender a relação entre a prática psicopedagógica na educação inclusiva e o atendimento educacional especializado, já que o psicopedagogo necessita compreender as necessidades dos estudantes do ensino comum e como articulá-lo à Educação Especial, ao seu atendimento e ao AEE. Entendemos como o planejamento do ensino e aprendizagem na perspectiva inclusiva precisa ser desenvolvida em colaboração entre os profissionais da escola para que juntos possam encontrar o melhor caminho para esse processo. Estuda- mos, também, a respeito do currículo e como as adaptações curriculares podem auxiliar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes com deficiência, pois é fundamental que você enquanto futuro psicopedagogo que atuará com esse público conheça caminhos que viabilizem o processo educacional e inclusivo, e trabalhe a partir das potencialidades individuais. Enfim, esperamos, caro(a) aluno(a), que as leituras tenham favorecido na compreensão sobre a temática proposta, porém podemos ressaltar que, ainda, não foi encontrado um único caminho a ser seguido no que diz respeito à apren- dizagem desse público em específico. 76 na prática 1. O Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, que trata sobre a Educação Es- pecial, estabelece alguns objetivos para o Atendimento Educacional Especializado. BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Dispo- nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611. htm. Acessado em: 5 maio 2021. Analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que corresponda aos objetivos propostos para o AEE, segundo esse Decreto. I - Prover sala de aula especial no ensino regular e garantir que tenha uma pro- fessora especializada para atender os estudantes com deficiência na sala de aula especial. II - Garantir a transversalidade das ações da Educação Especial no ensino regular. III - Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem. IV - Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II. III e IV. e) I. II. III e IV. 2. De acordo com o que foi estudado nesta unidade, Brasil utilizou leis nacio- nais e documentos internacionais para reorganizar o seu sistema de en- sino, bem como para elaborar políticas educacionais inclusivas, que pu- dessem favorecer o processo educacional das pessoas com deficiência. Nesse sentido, qual das leis a seguir NÃO faz parte dos documentos utilizados para o propósito apresentado? 77 na prática a) Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008. b) Resolução CNE/CBE nº 4, de 2 de outubro de 2009. c) Lei 12.796 de 04 de abril de 2013. d) Resolução CNE/CEB n° 04, de 13 de julho de 2010. e) Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. 3. Conforme vimos, as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendi- mento Educacional Especializado na Educação Básica (2009) organizaram o AEE a partir de algumas etapas. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponda às etapas proposta pelas Diretrizes sobre o AEE. I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. II - Identificar as necessidades dos estudantes com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. III - Desenvolver um plano de trabalho, propondo serviços de acessibilidade. IV - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 4. Estudamos sobre o planejamento do trabalho a ser desenvolvido com os estudantes com deficiência e, para essa reflexão, utilizamos como um dos teóricos que abor- dam essa temática, Libâneo (2012). Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponda às concepções de Libâneo (2021) quanto ao planejamento. I - O planejamento consiste em organizar um atendimento individual preestabe- lecido para todos os estudantes, independentemente de suas condições, pois esse é apenas o primeiro passo do processo. 78 na prática II - O planejamento é um meio para se programar as ações docentes,mas é tam- bém um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. III - O planejamento escolar consiste em uma atividade de reflexão acerca de nossas opções e ações. IV - O planejamento docente considera “o quê”, “por que” e “para que” ensinar, além de definir para quem e com o que ensinar, conteúdos, metodologias, objetivos, recursos. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 5. Sobre o planejamento, vimos que é uma ação que precisa ser contínua, com acom- panhamento permanente, e que tenha uma reflexão a respeito dos avanços, dificul- dades e retrocessos do estudante. Portanto, o planejamento é algo que o docente realiza de que maneira? Nesse sentido, assinale a alternativa correta: a) O docente deve realizar o planejamento a partir do contato direto com estudante, pois é sua responsabilidade fazê-lo. b) O docente deve realizar o planejamento com a equipe multidisciplinar e com os docentes da Educação Especial da escola. c) O docente deve realizar o planejamento em conjunto com a secretaria da saúde, pois é o órgão responsável por apoiar nesse processo. d) O docente deve fazer o planejamento, consultando o google para entender qual caminho deve seguir. e) O docente deverá realizar o planejamento com os próprios estudantes, anali- sando e realizando os encaminhamentos pautado apenas em suas observações. 79 aprimore-se CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICOPEDAGOGO O Código de Ética tem o propósito de estabelecer parâmetro e orientar os profissio- nais da Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios que regem a boa conduta profissional e instituir diretrizes para o exercício profissional. A atualização do Códi- go de Ética é prevista para que se mantenha em conformidade com as expectativas da categoria profissional e da sociedade. Capítulo I – Dos Princípios: ARTIGO 1º A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e ação interdisciplinar em Educação e Saúde com diferentes sujeitos e sistemas, quer sejam pessoas, gru- pos, instituições e comunidades. Ocupa-se do processo de aprendizagem conside- rando os sujeitos e sistemas, a família, a escola, a sociedade e o contexto social, histórico e cultural. Utiliza instrumentos e procedimentos próprios, fundamentados em referenciais teóricos distintos, que convergem para o entendimento dos sujeitos e sistemas que aprendem e sua forma de aprender. Parágrafo 1º - A intervenção psicopedagógica é da ordem do conhecimento, re- lacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os pro- cessos de aprendizagem, as dificuldades e as possibilidades dos sujeitos e sistemas. Parágrafo 2º - A intervenção psicopedagógica ocorre com diferentes sujeitos e sistemas, quer sejam pessoas, grupos, instituições e comunidades, considerando os processos de aprendizagem e seus contextos, em situações de pesquisa, de atendi- mento clínico e /ou institucional. ARTIGO 2º A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza-se de recursos próprios para a compreensão do processo de aprendizagem dos sujeitos e sistemas com vistas à intervenção. 80 aprimore-se ARTIGO 3º A atividade psicopedagógica tem como objetivos: - propor ações frente aos processos de aprendizagem e suas dificuldades; - contribuir para os processos de inclusão escolar e social; - realizar pesquisas científicas no campo da Psicope- dagogia; - mediar as relações interpessoais nos processos de aprendizagem com vistas à prevenção de dificuldades e/ou à resolução de conflitos. ARTIGO 4º O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e ela- borar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas. Capítulo II – Da Formação: ARTIGO 5º A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso de pós-graduação em Psicopedagogia, ministrados em instituições de educa- ção superior devidamente reconhecidas e autorizadas por órgãos competentes, de acordo com a legislação em vigor. Fonte: ABPP ([2021], on-line). 81 eu recomendo! Docência, psicopedagogia e inclusão: motivações, contextos e perspectivas Autor: Rosângela Lopes Borges e Marcos Fernandes Sobrinho (org.). Editora: CRV Sinopse: este livro traz contribuições a respeito da prática do- cente fundamentada em teorias psicopedagógicas e baseada no compromisso com esse profissional, orientada por um conjunto de princípios, propiciando a reflexão sobre temas centrais, à formação e ao exercício profis- sional relacionado à docência, à psicopedagogia e à inclusão. Desse modo, as concepções são apresentadas em três partes, sendo a primeira voltada para os aspectos motivacionais da docência; a segunda voltada para a psicopedagogia em diferentes contextos da escolarização e, por fim, a terceira parte que aborda a inclusão social e educacional. livro Gaby - Uma História Verdadeira Ano: 1987 Sinopse: filha de refugiados europeus no México nascida com paralisia cerebral que afetou o corpo, mas não a mente, Gaby é encorajada pelos pais e pela babá a jamais desanimar com a defi- ciência. Ela vai à universidade e se torna uma aclamada escritora. filme Alunos com Deficiência intelectual devem ter plano de ensino diferen- ciado? A psicopedagoga Luciana Brites explica nesse vídeo se os alunos com deficiência intelectual precisam ter um plano de ensino diferencia- do e se tiverem que ter, como esse plano deve ser estruturado e qual a importância dele no processo educacional desse público em específico. conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=NOrudP95jOc 3 AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS nas práticas escolares inclusivas PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Deficiência e acessibilidade • Recursos e equipamentos de Tecnologia Assistiva • Tecnologias Assistivas na escola. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Estudar a deficiência e a acessibilidade • Conhecer os recursos e equipamentos de Tecnologia Assistiva • Conhecer as Tecnologias Assistivas na escola. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), iniciaremos uma nova etapa dessa trajetória. Nesta uni- dade, você estudará algumas concepções importantes a respeito da de- ficiência e acessibilidade, para refletir sobre a criação de novas políticas de promoção à saúde e à educação, já que, pensando no trabalho psico- pedagógico, os temas estão, muitas vezes, interligados. Outro conteúdo pertinente proposto foi estudar os recursos e equipamentos de Tecnologia Assistiva a fim de conhecer aqueles que propiciam ou ampliam as habili- dades funcionais das pessoas com deficiência, melhorando as condições de acessibilidade na sociedade. Você compreenderá a necessidade dos recursos de Tecnologias Assisti- vas e entenderá a sua importância para o favorecimento da aprendizagem das pessoas com deficiência, uma vez que a escola deve ser um espaço de atendimento de todos, favorecendo a diversidade e aberta às diferenças. Você compreenderá, também, que as Tecnologias Assistivas são recursos inclusivos e que podem ser vistos no dia a dia, por isso, é tão importante que o psicopedagogo, juntamente com profissionais de outras áreas, possa fomentar o desenvolvimento desses recursos. Além disso, as Tecnologias Assistivas contribuem de maneira bastante sig- nificativa para o progresso educacional das pessoas com deficiência, pois ao ser incorporada na prática docente, por exemplo, seja na sala de aula, seja na sala de recursos multifuncionais, proporciona mais segurança e autoconfiança ao aluno, podendo ser decisivo para o seu progresso pessoal e educacional. Assim, a partir do que você estudará no percurso dessa unidade, será possí- vel compreender qual será o seu papel enquanto psicopedagogo nesse processo. Nesse sentido, é necessário ressaltar que o seu trabalho será realizado de ma- neira articulada com outros profissionais, tanto no âmbito institucional quanto no clínico.Por isso, estude, pesquise, busque e fortaleça os laços profissionais! U N ID A D E 3 84 1 DEFICIÊNCIA E ACESSIBILIDADE Olá, caro(a) aluno(a), iniciaremos mais uma etapa dessa trajetória sobre a Educação Inclusiva e Práti- ca Psicopedagógica. Agora, estudaremos a respeito da deficiência e acessibilidade. Deficiência e acessi- bilidade estão interligadas na maior parte dos ca- sos, pois há inúmeras formas e meios de se ofertar a acessibilidade. Nesse sentido, a acessibilidade é um termo que foi ampliado, ao longo dos anos, e pode apresentar uma variedade de definições. Desse modo, selecionamos algumas delas para que você possa compreender o seu significado e buscar ou- tras definições em seus estudos posteriores. Manzini (2008) salienta que o termo acessibi- lidade foi utilizado, pela primeira vez, pelo Projeto de Lei 4767\98. Esse Projeto Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da aces- sibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Araújo (2009) relata que, historicamente, a aces- sibilidade surgiu em meados da década de 40, como Sugestão de acessibili- dade para pessoas com deficiência visual 1. Nunca a segurar e puxar pelo braço. Para guiar uma pessoa com deficiência visual ofereça seu antebraço para que ela segure. Orien- te-a para obstáculos como meio fio, degraus, buracos e outros. 2. Evite deixar a pessoa falando sozinha. Ao chegar e sair de um ambiente, avise-a. 3. Para explicar direções, seja o mais objetivo possível. Informe sobre obstáculos pelo percurso e indique as distâncias em metros ou passos. 4. Se em restaurantes, por exemplo, não houver cardá- pio em Braille, leia e informe os preços. U N IC ES U M A R 85 uma maneira de caracterizar a condição de acesso das pessoas com deficiência, por meio dos serviços de rea- bilitação física e profissional, além disso, era retratada como condição de mobilidade e de eliminação das barreiras arquitetônicas e urbanísticas, como forma de propiciar o acesso a edifícios e aos meios de transporte. A Constituição Federal de 1988, em seu inciso II do parágrafo 1º do Art. 227, afirma que o Estado propiciará o “[...]acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preceitos e obstáculos arquite- tônicos[...]” (BRASIL, 1988, on-line). A própria Or- ganização das Nações Unidades (ONU) estabelece, por meio da Resolução 48/96, de 20 de dezembro de 1993, encaminhamentos a respeito da acessibilidade: “ Os Estados devem reconhecer a importância fundamental da acessibilidade no processo de realização da igualdade de opor- tunidades em todas as esferas da sociedade. Para as pessoas com deficiências de qualquer espécie, os Estados devem:(a) criar pro- gramas de ação destinados a tor- nar acessível o meio físico, e; (b) adotar medidas para garantir o acesso à informação e à comuni- cação (ONU, 1993, on-line). Em 1998, o inciso I do Art. 2º do Projeto de Lei 4767\98, define acessibilidade como sendo: “ [...] possibilidade e condição de alcance para utilização com se-gurança e autonomia, dos espa- ços, mobiliários e equipamen- tos urbanos, das edificações, 5. Ao guiar uma pessoa com deficiência visual para uma cadeira, direcione suas mãos por trás do encosto, informe ainda se a cadeira tem braços ou não. 6. Se estiverem em um local com falas transmitidas por microfone, ou em shows, informe sempre a direção onde está a pessoa que está falando, caso contrário, a pessoa cega não saberá a localização de quem está falando. Cartilha sobre deficiência e acessibilidade. Disponível em: https://crpsc. org.br/public/images/bole- tins/V4%20-CARTILHA%20 SOBRE%20DEFICIE%c- c%82NCIA%20E%20ACESSI- BILIDADE.pdf Sugestões de acessibili- dade para pessoas com deficiência auditiva 1. Fale claramente em velocidade normal, tomando cuidado para que a pessoa surda enxergue a sua boca. 2. Não grite. Fale com um tom de voz habitual, a não ser que lhe peçam para aumentar a voz. 3. Seja expressivo. As pessoas com deficiência auditiva podem não ouvir as mudanças sutis do tom da sua voz, indicando sarcasmo ou seriedade. 4. Se a pessoa é falante de Libras, busque utilizar esta língua. 5. Caso haja o acompanha- mento de um intérprete, fale sempre diretamente à pessoa com deficiência auditiva. https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB U N ID A D E 3 86 dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 1998, on-line). No ano de 2000, a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, apresen- ta, em seu inciso I do Art. 2o, a mesma definição para acessibilidade proposta pelo Projeto Lei 4767/98, modificada quinze anos depois, pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 que apresenta como redação para o inciso I do Art.2º, da Lei 10.098/00 que: “ [...] acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para uti-lização, com segurança e auto- nomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edifica- ções, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sis- temas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso públi- co ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiên- cia ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2015, on-line). Já no ano de 2004, o Decreto 5.296, de 2 de de- zembro, que regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendi- mento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e 6. Em conversa, mantenha contato visual; se você dispersar seu olhar, a pessoa poderá pensar que a conver- sa acabou. 7. Chame sua atenção ao iniciar uma conversa, sinali- zando ou tocando-lhe em seu braço. 8. O importante é comuni- car-se; se você não entender o que a pessoa está falando, peça que repita. Se mesmo assim não conseguir enten- der, peça que escreva. 9. Ao planejar um evento, procure utilizar recursos de acessibilidade (intérprete, legenda em tempo real, legendas), utilize os avisos visuais. Se for exibir um filme, providenciar um script ou um resumo do filme, evitando apresentar peças que não contenham legenda. Cartilha sobre deficiência e acessibilidade. Disponível em: https://crpsc. org.br/public/images/bole- tins/V4%20-CARTILHA%20 SOBRE%20DEFICIE%cc%82N- CIA%20E%20ACESSIBILIDADE. pdf Sugestões de acessibili- dade para pessoas com deficiência física 1. Garantir a acessibilidade arquitetônica. Espaços com rampas de acesso, elevado- res, calçadas sem desnível, portas largas, sinalização hori- zontal (piso tátil), delimitação de espaço para cadeirantes, cadeiras adaptadas para pes- soas grandes ou pequenas, maçanetas de fácil manuseio. Pessoas em cadeira de rodas https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIBhttps://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB U N IC ES U M A R 87 critérios básicos para a promoção da acessibilida- de das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, complementa a definição do Projeto Lei 4767\98, trazendo como definição para o termo acessibilidade: “ [...] condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de defi- ciência ou com mobilidade re- duzida (BRASIL, 2004, on-line). Durante muitos anos, no entanto, apesar da regula- mentação proposta pela legislação a respeito da aces- sibilidade, não havia o cumprimento das propostas à diversidade e aos indivíduos que necessitavam de adequações específicas para atuarem na sociedade com equidade. Nesse sentido, Guimarães (2002, p. 4) salienta que a acessibilidade é “[...] fruto de de- cisões e de um posicionamento intelectual baseado na compreensão global de problemas que atingem a todos e, para os quais, estão todos despreparados”. O direito à acessibilidade de pessoas com de- ficiência foi regulamentado no Brasil, pela Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas, por meio da Norma Brasileira 9050, que estabeleceu como acessibilidade: “possibilidade e condição de alcan- ce, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mo- biliário, equipamento urbano e elementos” (ABNT, 2015, on-line). Em 2005, Sassaki sugere algumas 1. Se quiser oferecer ajuda, pergunte antes e, de forma alguma, insista. 2. Nunca se apoie na cadeira de rodas. Ela é como exten- são do corpo da pessoa. 3. Não tente apoiar seu joelho ou pé na cadeira de rodas para subir algum desnível, pergunte ao cadeirante como proceder. 4. Se a conversa for demorar, é de bom tom sentar-se a fim de permanecer sempre no mesmo nível do olhar do usuário da cadeira de rodas. 5. Para evitar que a pessoa perca o equilíbrio e caia para frente, vá sempre: de costas para descer rampas e degraus; de frente para subir rampas e degraus. Pessoas com dificuldade na marcha 1. É importante não ter pressa. Acompanhe o ritmo da marcha da pessoa com deficiência e, se necessário, faça caminhos adaptados em calçadas niveladas. Evite os “corta caminhos” alternativos. Pessoas com dificuldade de movimentação dos mem- bros superiores 1. Se disponha a ajudar em algumas atividades cotidianas de acordo com a demanda da pessoa com deficiência, como abrir embalagens, abrir e fe- char bolsa, carteira, direcionar objetos para que a pessoa possa fazer uso, segurar alguns materiais e carregá-los quando necessário; 2. De maneira geral, ajudar, enquanto mediador das interações da pessoa com U N ID A D E 3 88 definições para acessibilidade de acordo com algu- mas especificidades, sendo elas: ■ Acessibilidade arquitetônica: sem barrei- ras ambientais físicas em todos os recintos in- ternos e externos da escola e nos transportes coletivos; ■ Acessibilidade comunicacional: sem bar- reiras na comunicação interpessoal (face-a- -face, língua de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual etc.), na comunicação escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braile, textos com letras ampliadas para quem tem baixa visão, notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicação virtual (aces- sibilidade digital) ■ Acessibilidade metodológica: sem barrei- ras nos métodos e técnicas de estudo (adap- tações curriculares, aulas baseadas nas inte- ligências múltiplas, uso de todos os estilos de aprendizagem, participação do todo de cada aluno, novo conceito de avaliação de apren- dizagem, novo conceito de educação, novo conceito de logística didática etc.), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. baseada em participação ativa) e de educação dos filhos (novos métodos e técnicas nas relações familiares etc.). ■ Acessibilidade instrumental: sem barrei- ras nos instrumentos e utensílios de estudo (lápis, caneta, transferidor, régua, teclado de computador, materiais pedagógicos), de atividades da vida diária (tecnologia assisti- va para comunicar, fazer a higiene pessoal, vestir, comer, andar, tomar banho etc.) e de deficiência e as barreiras encontradas nas atividades cotidianas. Cartilha sobre deficiência e acessibilidade. Disponível em: https://crpsc. org.br/public/images/bole- tins/V4%20-CARTILHA%20 SOBRE%20DEFICIE%cc%82N- CIA%20E%20ACESSIBILIDADE. pdf Sugestões de acessibilidade para pessoas com deficiên- cia intelectual 1. Primeiramente, é impor- tante compreender que a deficiência intelectual se apre- senta em diferentes níveis, variando muito de um sujeito a outro. Desta forma, é equi- vocado generalizar a condição das pessoas com deficiência intelectual e estabelecer pa- drões fixos, sendo necessário analisar caso por caso. 2. Acima de tudo, a pessoa com deficiência intelectual deve ser tratada com respeito e dignidade. Cumprimente-a com a cordialidade que você concede a qualquer pessoa. 3. Dirija-se a ela sempre respeitando as fases da vida e de acordo com a idade. Não trate adultos e adolescentes de maneira infantilizada, como se fossem crianças. 4. Seja atento e paciente ao ouvi-la. Respeite o seu tempo de aprendizagem e o seu modo de se expressar. 5. Fale de forma simples, coerente e descomplicada, utilizando um vocabulário que facilite a sua compreensão. 6. Se necessário, utilize exemplos práticos e concretos em suas explicações e repita https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB U N IC ES U M A R 89 lazer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.). ■ Acessibilidade programática: sem barrei- ras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em regulamentos (institu- cionais, escolares, empresariais, comunitários etc.) e em normas de um geral. ■ Acessibilidade atitudinal: através de pro- gramas e práticas de sensibilização e de cons- cientização das pessoas em geral e da convi- vência na diversidade humana resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereóti- pos e discriminações (SASSAKI, 2005, p. 23). Para Leite (2007), falar sobre a acessibilidade é im- prescindível, pois sem ela o indivíduo não consegue usufruir de seus direitos de ir e vir e de utilizar to- dos os bens e serviços que lhes são conferidos como cidadão, como o direito à educação, saúde, ao tra- balho, ao lazer, conforme estabelece a Constituição Federal de 1998. Mesmo na atualidade, é necessário pensar que a acessibilidade precisa ser vista além da possibilida- de de o indivíduo com deficiência usufruir espaços físicos com segurança e autonomia. É importante buscar a ressignificação desse conceito e enten- der que a sociedade e as políticas públicas devem oferecer a esse indivíduo autonomia para se sentir cidadão e confortável diante dos recursos e tecnolo- gias assistivas e de acessibilidade propiciados a ele, já que a busca vai além da igualdade de condições. Para Moraes (2007, p. 29), “[...] a acessibilidade é vista como um meio de possibilitar a participação das pessoas nas atividades cotidianas queocorrem quantas vezes for preciso. Você também pode abordar temas mais complexos, dividin- do-os em partes mais simples e ir trazendo a complexidade gradativamente. Outra dica é utilizar recursos visuais para complementar a explicação. Cartilha sobre deficiência e acessibilidade. Disponível em: https://crpsc.org.br/ public/images/boletins/V4%20 -CARTILHA%20SOBRE%20 DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20 ACESSIBILIDADE.pdf https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB https://crpsc.org.br/public/images/boletins/V4%20-CARTILHA%20SOBRE%20DEFICIE%cc%82NCIA%20E%20ACESSIB U N ID A D E 3 90 no espaço construído, com segurança, autonomia e conforto”. Em 2009, por meio do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto, que promulga a convenção internacional so- bre os direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, estabelece em seu Art. 9º, alguns enca- minhamentos a respeito da acessibilidade, propondo medidas, conforme segue: “ A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao trans- porte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tan- to na zona urbana como na rural (BRASIL, 2009, p. 31). Para Fortuna (2009, p. 15), o conceito de acessibilidade é entendido como: “ [...] a resposta física que passa pelas seguintes questões: Como posso chegar até o prédio X? Como entrar e me movimentar dentro daquele prédio Y? Como me movimentar entre os pi- sos e entrar nos cômodos? Como utilizar as instalações do banheiro? Como sentar no ônibus, sem a observância da lei dos obesos? Como pagar os impostos no banco em fila única, mesmo sendo paraplégico? Sou cego, como me locomover neste quarteirão?, entre outras. Nesse sentido, Duarte e Cohen (2010, p. 87) ressaltam que a sociedade precisa, de maneira geral, pensar, apropriar-se e estabelecer formas específicas de abordar a acessibilidade: “ A acessibilidade plena será atingida a partir de uma postura urbana e atitudinal que reavalia a própria noção de deficiência. Esta, por muito tempo, esteve associada a fatores individuais, ou seja, as pessoas com deficiência deveriam se adaptar ao meio. Em nosso entender, são os espaços que devem ser consi- derados ‘deficientes’ quando não se adaptam a todas as pessoas. U N IC ES U M A R 91 Para compreender um pouco melhor a respeito do Estatuto da Pessoa com Deficiência, acesse: conecte-se Ainda, sobre a acessibilidade, Barcellos e Campante (2012, p.177) salientam que é considerado um direito instrumental, já que a partir dela há o acesso aos outros direitos: “ [...] é o mecanismo por meio do qual se vão eliminar as des-vantagens sociais enfrentadas pelas pessoas com deficiência, pois dela depende a realização dos seus demais direitos [...]. A acessibilidade, nesse sentido, é uma pré-condição ao exercí- cio dos demais direitos por parte das pessoas com deficiência. Sem ela não há acesso possível às pessoas com deficiência. Por isso a acessibilidade é tanto um direito em si quanto um direito instrumental aos outros direitos. Em 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, aprovado por meio da Lei nº 13.146, de 6 de julho, estabelece em seu Art. 53 que: “A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de for- ma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social” (BRASIL, 2015, on-line). É fundamental pensar na acessibilidade em todos os seus aspectos para que o indivíduo com deficiência tenha a possibilidade de ser visto e respeitado dentro da sociedade, por isso, a acessibilidade precisa ser compreendida como funda- mental para a eliminação das barreiras sociais, que inviabilizam o pleno exer- cício de direitos por parte das pessoas com deficiência. Além disso, é por meio do acesso que esse grupo em específico pode se inserir na sociedade e exercer o seu papel. Nesse sentido, Barcellos e Campante (2012, p. 177) afirmam que a acessibilidade também tem a função combatente em relação às barreiras sociais, descrevendo-a como: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/554329/estatuto_da_pessoa_com_deficiencia_3ed.pdf U N ID A D E 3 92 “ [...] a adoção de um conjunto de medidas capazes de eliminar todas as barreiras sociais - não apenas físicas, mas também de informação, serviços, transporte, entre outras - de modo a assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, às condições neces- sárias para a plena e independente fruição de suas potencia- lidades e do convívio social. Além da compreensão a respeito da acessibilidade, não podemos deixar de abor- dar o Desenho Universal que tem uma relação direta com esse movimento de oferta de condições para o acesso de quaisquer produtos ou espaços dentro da sociedade. Nesse sentido, o inciso IX do Decreto 5296/04 também traz, além do conceito de acessibilidade, o de Desenho Universal, necessário para a constru- ção de uma sociedade mais inclusiva, justamente por articular acessibilidade à Tecnologia Assistiva. Neste Decreto, Desenho Universal é estabelecido como: “ [...] uma concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes ca-racterísticas antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou solu- ções que compõem a acessibilidade (BRASIL, 2004, on-line). Conforme a “Carta do Rio” (2011, on-line), elaborada na Conferência Interna- cional sobre Desenho Universal “Projetando para o Século XXI”, o objetivo do Desenho Universal é: “ [...] atender às necessidades e viabilizar a participação social e o acesso aos bens e serviços a maior gama possível de usuários, contribuindo para a inclusão das pessoas que estão impedi- das de interagir na sociedade e para o seu desenvolvimento. Exemplos desses grupos excluídos são: as pessoas pobres, as pessoas marginalizadas por uma condição cultural, social, éti- ca, pessoas com diferentes tipos de deficiência, pessoas muito obesas e mulheres grávidas, pessoas muito altas ou muito bai- xas, inclusive crianças, e outros, que por diferentes razões são também excluídas da participação social. U N IC ES U M A R 93 Acesse o QR-CODE ao lado e obtenha o conteúdo sobre Os sete princípios do Desenho Universal.. conecte-se Somente com os direitos respeitados e efetivação das políticas públicas, que es- tabelecem normas, regras e direitos de acessibilidade, é que o indivíduo poderá ter autonomia, direito específico das pessoas com deficiência, após os direitos fundamentais propiciados a todos os indivíduos, já que sem acessibilidade esses indivíduos não conseguem usufruir dos demais direitos. Caro(a) aluno(a), conseguimos traçar algumas linhas gerais a respeito da aces- sibilidade e deficiência e concluímos que a acessibilidade tem como objetivo maior garantir a autonomia e a eliminação das barreiras que impedem o exercício dos direitos estabelecidos pela legislação, além de tornar possível a inclusão das pessoas com deficiência, de maneira plena na vida em sociedade. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6354 U N ID A D E 3 94 2 RECURSOS E EQUIPAMENTOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA Caro(a) aluno(a), iniciaremos a segunda parte dessa trajetória,abordando nesse mo- mento, concepções a respeito das Tecnologias Assistivas (TAs). Esse termo, de acordo com Bersch (2017), surgiu nos Estados Unidos em torno dos anos de 1988, cujo objetivo era incluir estudantes com deficiência no meio social, por meio de recursos que viabi- lizassem essa inclusão. Na literatura, não há muitas diferenças quanto ao conceito de Tecnologia Assistiva, e ela está presente no ISO. A ISO, cujo nome em inglês é International Organization for Standardization, traduzindo, significa: “Organização Internacional para Padronização”, porém a sigla segue o nome em inglês, é uma organização que foi criada em 1946, com sede em Genebra, na Suíça. O objetivo dessa organização é desenvolver e propor normas que sejam utilizadas por todos os países do mundo. É importante salientar que além das normas ISO, que estabelecem a classificação dos produtos, há outras definições que incluem dentro do conceito de Tecnologia Assistiva, recursos e serviços. Sobre recursos e serviços, para Bersch (2017, on-line): “ Os Recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabricado em série ou sob medida utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência.Os Serviços são definidos como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a selecionar, comprar ou usar os recursos acima definidos. U N IC ES U M A R 95 A legislação brasileira também estabelece em seus documentos a sua compreensão a respeito de ajudas técnicas. O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, por exemplo, define no inciso V do Art. 8º que: “ [...] ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tec-nologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobili- dade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida [...] (BRASIL, 2004, on-line). Ainda, sobre as Tecnologias Assistivas, Manzini (2005, p. 82) propõe que: “ [...] estão muito próximos do nosso dia-a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um apa- relho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez mode- rada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência. Em 2007, o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), instituído pela Portaria nº 142, de 16 de novembro, propõe em sua VII reunião realizada em dezembro daquele ano, o conceito para Tecnologia Assistiva, como sendo: “ [...] uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (REUNIÃO DO COMITÊ DE AJUDAS TÉCNICAS, 2007, on-line). Segundo o Comitê de Ajuda Técnicas (2009), a definição mais assertiva a respeito das Tecnologias Assistivas e utilizada em todo território nacional é que a: U N ID A D E 3 96 “ Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característi-ca interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcio- nalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL, 2009, p. 58). Em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) ou Estatuto das Pessoas com Deficiência, sancionada pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, estabeleceu a mesma definição utilizada pelo Comitê de Ajudas Técnicas. De acordo com o inciso III do Art. 3º da LBI (2015), ajudas técnicas ou Tecnologia Assistiva são: “ Produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e par-ticipação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2015, on-line). Para García e Instituto de Tecnologia Social (2017), ainda, é necessário ressaltar que as Tecnologia Assistiva, denominado de “ajudas técnicas” ou “produtos de apoio”, apresenta uma diferença bastante significativa em relação ao conceito de tecnologia, remetendo-a às especificidades temáticas ou setoriais, como: tecnologia digital, tecnologia mecânica, eletrônica, entre outras. A literatura ressalta que a Tecnologia Assistiva é o resultado da evolução tecnológica aplicada nas áreas conhecidas como mobilidade alternativa, por exemplo: andadores, cadeira de rodas, adaptação postural para carteira escolar, adaptação de atividades esco- lares, e para a utilização de computadores, Comunicação Alternativa e Ampliada, aces- sibilidade em ambiente internos e externos, adequação de equipamentos de recreação e no transporte (BERSCH, 2017; PELOSI, 2007). A International Organization for Standardization - ISO 9.999:2002 e a ISO 9.999:2007 apresentam onze classes de produtos de Tecnologias Assistivas, porém na versão de 2002 eram conhecidas como Ajudas técnicas e, em 2007, conhecidas como Produtos de Apoio. Desse modo, segue a classificação e a diferença das especificações nas duas versões: U N IC ES U M A R 97 Classe Especificação ISO 9999:2002 Clas- se Especificação ISO 9.999: 2007 3 Ajudas para tra- tamento clínico individual. 4 Produtos de apoio para trata- mento clínico individual. 5 Ajuda para treino de capacidades. 5 Produtos de apoio para treino de competências. 6 Órteses e próteses. 6 Órteses e próteses. 9 Ajudas para cuida- dos pessoais e de proteção. 9 Produtos de apoio para cuida- dos pessoais e de proteção. 12 Ajudas para mobili- dade pessoal. 12 Produtos de apoio para mobili- dade pessoal. 15 Ajudas para cuida- dos domésticos. 15 Produtos de apoio para ativida- des domésticas. 18 Mobiliário e adapta- ções para habitação e outros locais. 18 Mobiliário e adaptações para habitações e outros edifícios. 21 Ajudas para a comu- nicação, informação e sinalização. 22 Produtos de apoio para comuni- cação, informação. 24 Ajudas para o ma- nejo de produtos e mercadorias. 24 Produtos de apoio para manu- seamento de objetos e disposi- tivos. 27 Ajudas e equipamen- tos para melhorar o ambiente, ferramen- tas e máquinas. 27 Produtos de apoio para melho- ria do ambiente, máquinas e ferramentas. 30 Ajudas para a Re- creação. 30 Produtos de apoio para ativida- des recreativas. Quadro 1 - Classes de Produtos de Tecnologia Assistiva, segundo classificação ISO 9999:2002 e ISO 9.999: 2007 / Fonte: International Organization for Standardization (2002; 2007). U N ID A D E 3 98 É importante ressaltar, porém, que, no contexto educacional, as classes mais utilizadas das Tecnologias Assistivas são as 18, 21, 24, 27 e 30. Além das categorias e classe de Tecnologias Assistivas utilizadas pela ISO, utilizaremos também como ilustração para compreender as categorias de Tecnologias Assistivas, a classificação proposta por Bersch (2017, on-line), conforme segue: Descrição: Colher e garfo. Talheres para de�cientes físicos. Especializado em borracha silcon preta. Auxílio para a vida diária Descrição: Prancha de comunicação alternativa, com imagens que representam o que está escrito, por exemplo, há o rosto de uma menina com aparência de dor e acima dela há a palavra: DOR. CAA (CSA) Comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa Descrição: As mãos de uma pessoa utilizando o computador com recurso de acessibilidade para de�ciente visual. Recursos de acessibilidade ao computador Descrição: As mãos de uma pessoa usando um relógio digital no braço esquerdo e um celularmão direita utilizando sistema de controle por comando por meio desses recursos. Sistemas de controle de ambiente Descrição: Caminho de rampa de concreto com corrimão de aço inoxidável com sinal de de�ciência para pessoas com de�ciência de apoio cadeira de rodas. Projetos arquitetônicos para acessibilidade Descrição: uma pessoa caminho com uma prótese de perna na perna direita. Órteses e próteses Descrição: Uma mulher de costas sentada em uma esteira com as pernas cruzadas olhando o horizonte em um local aberto com um corretor de postura. Adequação Postural Descrição: Uma mulher em pé de costas em uma sala com paredes brancas de costas com um corretor de postura. Adequação Postural Descrição: Homem com de�ciência visual utilizando bengala para se guiar pelos azulejos táteis na rua. Auxílios para cegos ou com visão subnormal Descrição: A metade do rosto de mulher com foco no aparelho auditivo que ela está usando. Auxílios para surdos ou com dé�cit auditivo Descrição: Um carro vermelho com a porta do motorista aberta e um homem em uma cadeira de rodas ao lado da porta dando a entender que o carro tem acessibilidade para ele dirigir. Adaptações em veículos Descrição: Imagem de uma cadeira de roda isolada no fundo branco. Auxílios de mobilidade U N IC ES U M A R 99 Figura 1 - Categoria de Tecnologia Assistiva / Fonte: adaptada de ARASAAC ([2021], on-line)1 e Uninassau ([2021], on-line)2. Descrição: Colher e garfo. Talheres para de�cientes físicos. Especializado em borracha silcon preta. Auxílio para a vida diária Descrição: Prancha de comunicação alternativa, com imagens que representam o que está escrito, por exemplo, há o rosto de uma menina com aparência de dor e acima dela há a palavra: DOR. CAA (CSA) Comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa Descrição: As mãos de uma pessoa utilizando o computador com recurso de acessibilidade para de�ciente visual. Recursos de acessibilidade ao computador Descrição: As mãos de uma pessoa usando um relógio digital no braço esquerdo e um celular mão direita utilizando sistema de controle por comando por meio desses recursos. Sistemas de controle de ambiente Descrição: Caminho de rampa de concreto com corrimão de aço inoxidável com sinal de de�ciência para pessoas com de�ciência de apoio cadeira de rodas. Projetos arquitetônicos para acessibilidade Descrição: uma pessoa caminho com uma prótese de perna na perna direita. Órteses e próteses Descrição: Uma mulher de costas sentada em uma esteira com as pernas cruzadas olhando o horizonte em um local aberto com um corretor de postura. Adequação Postural Descrição: Uma mulher em pé de costas em uma sala com paredes brancas de costas com um corretor de postura. Adequação Postural Descrição: Homem com de�ciência visual utilizando bengala para se guiar pelos azulejos táteis na rua. Auxílios para cegos ou com visão subnormal Descrição: A metade do rosto de mulher com foco no aparelho auditivo que ela está usando. Auxílios para surdos ou com dé�cit auditivo Descrição: Um carro vermelho com a porta do motorista aberta e um homem em uma cadeira de rodas ao lado da porta dando a entender que o carro tem acessibilidade para ele dirigir. Adaptações em veículos Descrição: Imagem de uma cadeira de roda isolada no fundo branco. Auxílios de mobilidade Descrição da Imagem: imagens com suas respectivas descrições a respeito dos recursos de Tecnologias Assistivas. Conforme pudemos entender e verificar, as Tecnologias Assistivas têm como um de seus objetivos desenvolver recursos de assistência às pessoas para gerar autonomia e independência. Complementando essa concepção, Lauand (2005, p. 30) sugere que: “ No sentido amplo, o objeto da tecnologia assistiva é uma ampla variedade de recursos destinados a dar suporte (mecânico, elétrico, eletrônico, computadorizado, etc.) às pessoas com deficiência física, visual, auditiva, mental ou múltipla. Esses suportes podem ser, por exemplo, uma cadeira de rodas [...], uma prótese, uma órtese, e uma série infindável de adaptações, aparelhos e equipamentos nas mais diversas áreas de necessidade pessoal (comunicação, alimentação, transporte, educação, lazer, esporte, trabalho, elementos arquitetô- nicos e outras). Levando em consideração os aspectos apresentados pelas Tecnologias Assistivas, iden- tificamos que na área educacional tem se tornado cada vez mais presente, propiciando inúmeras condições e possibilidades nos processos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes com deficiências. Conforme Bersch (2006, p. 92) relata, a utilização das Tecnologias Assistivas aplicadas à educação “[...] vai além de simplesmente auxiliar o aluno a ‘fazer’ tarefas pretendidas. Nela, encontramos meios de o aluno ‘ser’ e atuar de forma construtiva no seu processo de desenvolvimento”. U N ID A D E 3 100 Você sabia que os recursos e serviços de TA não precisam ser necessariamente onerosos ou de difícil elaboração e acesso, pois ideias simples podem ser utilizadas para produzir recursos com baixo custo? pensando juntos Desse modo, a escola precisa se organizar para ofertar os serviços de Tecnologias Assis- tivas, que de acordo com o Ministério da Educação: “ No desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, as ajudas técnicas e a tecnologia assistiva estão inseridas no contexto da educa-ção brasileira, dirigidas à promoção da inclusão dos alunos nas escolas. Portanto, o espaço escolar deve ser estruturado como aquele que oferece também os serviços de tecnologia assistiva (BRASIL, 2006, p. 19). Portanto, vimos que esses recursos são bastante utilizados para melhorar a vida das pes- soas com deficiência, propiciando condições para terem uma vida produtiva em todos os aspectos de suas vidas. Ainda, as TAs têm como objetivo avaliar, selecionar e auxiliar no manuseio do equipamento direcionado, assegurando a funcionalidade específica para cada caso e implementando a sua utilização em diferentes ambientes. Nesse sentido, as Tecnologias Assistivas são vistas como recursos que possibilitam a integração das pessoas na vida em sociedade, na escola, no trabalho e nas relações interpessoais. U N IC ES U M A R 101 3 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA ESCOLA Caro(a) aluno(a), estudaremos, neste momento, a importância e necessidade das Tec- nologias Assistivas na Educação. Nesse sentido, precisamos pensar em alguns aspectos relacionados ao estudante com deficiência. Primeiramente, pensar sobre a sua necessida- de e quais os recursos ou equipamentos são fundamentais para atender a especificidade desse estudante e como auxiliará no processo educacional, já que o planejamento das adequações e adaptações serão importantes nesse processo. O grande desafio, porém, é desenvolver ferramentas e equipamentos que promova a integração entre tecnologia, estudante, escola e as políticas de acessibilidades. Na área da educação, as Tecnologias Assistivas precisam atender aos estudantes com deficiência, por meio de recursos e serviços, cujo objetivo primordial é propiciar condi- ções necessárias para a aprendizagem, pois ao participarem do processo de aprendizagem, assistido por recursos voltados para as suas necessidades, poderão cumprir os objetivos educacionais propostos e, consequentemente, estarão incluídos no ambiente educacional. Nesse sentido, Rocha (2013, p. 30) ressalta que a Tecnologia Assistiva “quando utili- zada por serviços capacitados pode garantir o acesso ao conteúdo escolar e o desenvol- vimento de habilidades fundamentais para todo o processo de ensino e aprendizagem”, permitindo dessa maneira a inclusão. Além disso, as Tecnologias Assistivas na escola têm como objetivo organizar e orientar a utilização de recursos e/ou práticas que possam aumentar, expandir ou ampliar as habilidades e perceber potencialidades dos alunos com deficiência, auxiliando desse modo comos desafios educacionais. Portanto, para Mantoan (2005, [s. p.]): U N ID A D E 3 102 “ O desenvolvimento de projetos e estudos que resultam em aplicações de natureza reabilitacional tratam de incapacidades específicas. Ser-vem para compensar dificuldades de adaptação, cobrindo déficits de visão, audição, mobilidade, compreensão. Assim sendo, tais aplicações, na maioria das vezes, conseguem reduzir as incapacidades, atenuar os déficits: Fazem falar, andar, ouvir, ver, aprender. Mas tudo isto só não basta. O que é o falar sem o ensejo e o desejo de nos comunicarmos uns com os outros? O que é o andar se não podemos traçar nossos próprios caminhos, para buscar o que desejamos, para explorar o mundo que nos cerca? O que é o aprender sem uma visão crítica, sem viver a aventura fantástica da construção do conhecimento? E criar, aplicar o que sabemos, sem as amarras dos treinos e dos condi- cionamentos? Daí a necessidade de um encontro da tecnologia com a educação, entre duas áreas que se propõem a integrar seus propósitos e conhecimentos, buscando complementos uma na outra. Complementando tais concepções, Radabaugh (1993) ressalta que, enquanto para as pessoas sem deficiência, a tecnologia faz com que tudo seja mais fácil, para aquelas com deficiência a tecnologia torna tudo muito mais possíveis. Por isso, Bersch (2006, p. 31) afirma que: “ Fazer TA na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para que o aluno realize o que deseja ou precisa. É encontrar uma estra-tégia para que ele possa “fazer” de outro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação, a partir de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comu- nicação, mobilidade, escrita, leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais escolares e pedagógicos, exploração e produção de temas através do computador etc. É envolver o aluno ativamente, desafian- do-o a experimentar e conhecer, permitindo assim que construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de ator. Assim, ao ser propiciado à pessoa com deficiência a possibilidade de ser integrada no processo de ensino e aprendizagem, por meio das Tecnologias Assistivas, o objetivo da educação foi alcançado, pois modificou a vida dessa pessoa. Para Bersch (2006), a utili- zação das Tecnologias Assistivas na educação está além de apenas auxiliar o estudante a realizar uma atividade proposta, pois está propiciando condições de ser e de atuar em seu desenvolvimento de maneira construtiva, por isso, salienta que as TAs são consideradas assistivas no contexto educacional, quando: U N IC ES U M A R 103 “ Utilizada por um aluno com deficiência, e tem por objetivo romper barreiras sensoriais, motoras ou cognitivas que limitam/impedem seu acesso às informações ou limitam/impedem o registro e expres- são sobre os conhecimentos adquiridos por ele; quando favorecem seu acesso e participação ativa e autônoma em projetos pedagógicos; quando possibilitam a manipulação de objetos de estudos; quando percebemos que sem este recurso tecnológico a participação ativa do aluno no desafio de aprendizagem seria restrito ou inexistente (BERSCH, 2017, p. 12). Diante deste contexto, o objetivo dos profissionais envolvidos no processo de inclusão é utilizar as TAs da melhor maneira possível. Desse modo, a construção e a implemen- tação desses instrumentos são fundamentais para potencializar a vida das pessoas com deficiência, propiciando mais qualidade de vida para que possam se sentir mais valori- zadas e, consequentemente, mais produtivas, já que as TAs possibilitam um conjunto de condições que contribuem para o bem-estar físico e mental de modo geral. Portanto, a oferta à Educação precisa ocorrer no ensino comum e na Sala de Recur- sos Multifuncionais, por meio do Atendimento Educacional Especializado, conhecido como AEE. Esse atendimento é necessário, pois ele se configura como um espaço em que as necessidades básicas dos estudantes com deficiência serão atendidas e onde haverá a possibilidade do estudante com deficiência ter contato com inúmeros recursos, inclusive com os de Tecnologia Assistiva para auxiliá-lo no processo educacional. Para Damázio (2007, p. 15), “a escola comum deve viabilizar sua escolarização em um turno e o Atendimento Educacional Especializado em outro”. Por isso, de acordo com o Ministério da Educação, o Atendimento Educacional Especializado é: “ Um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessi- dades específicas. Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. Obviamente que, além dos recursos, a inserção de tecnologias assistivas exige da escola o treinamento de seus professores e funcionários para que sejam utilizadas de modo a trazer o efetivo benefício aos seus usuários (BRASIL, 2009, p. 3). U N ID A D E 3 104 Desse modo, é importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado, reali- zado na Sala de Recursos Multifuncionais e a própria escola, apresenta inúmeros recursos de Tecnologia Assistiva para atender os estudantes com deficiência que fazem parte do público-alvo da Educação Especial. Ainda sobre a Sala de Recursos Multifuncionais, a Portaria Normativa nº 13, de 24 de abril de 2007, estabelece que ela se caracteriza por ser “um espaço organizado com equipamentos de informática, ajudas técnicas, materiais pedagógicos e mobiliários adaptados, para atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos” (BRASIL, 2007, on-line). De acordo com Manual de Orientação do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais propicia materiais didáticos e pedagógicos, mobiliários, equipamentos, para a sistematização das salas tipo I e II e para a oferta do atendimento educacional especializado – AEE (BRASIL, 2010). De acordo com Ministério da Educação, a Sala de Recursos Multifuncionais Tipo I atende pedagogicamente os estudantes que apresentam a deficiência física, intelectual e neuromotora, transtornos do Espectro do Autismo e Transtorno de aprendizagem. A Sala de Recursos Multifuncionais Tipo II é organizada com os mesmos recursos da sala Tipo I, porém apresenta recursos específicos para o atendimento de estudantes com deficiência visual (cegueira e baixa visão) (BRASIL, 2010). Embora as Tecnologias Assistivas sejam fundamentais no atendimento das pessoas com deficiência, as escolas sozinhas não conseguem modificar o ambiente e, muito me- nos, fazer todo o trabalho. Para que o investimento nesses recursos sejam efetivos, é necessário também investir na formação docente e de outros profissionais que estarão em contato direto na orientação e atendimentos desses estudantes. De acordo com Manzini (2005), a busca cada vez maior pelos recursos de Tecno- logia Assistiva na Educação para o atendimento aos estudantes com deficiência, deve perpassar o conteúdo de formação do corpo docente, tanto no ensino comum como na Educação Especial. Os docentes, juntamente com a equipe da Educação Especial e/ ou equipe multifuncional, precisam trabalhar em colaboração para atender as especifi- cidades do estudante com deficiência, pois precisam, juntos, encontrar caminhos para o desenvolvimento de dispositivos que potencializem o processo de aprendizagem do U N IC ES U M A R 105 Nesse sentido, a proposta de formação precisa articular ações que viabilizem o contato prático com diferentes TAs para que o docente compreenda o objetivo de cada recurso no processo de ensino e aprendizagem. Essa formação pode ser pro- posta ou realizada pela equipe multidisciplinar que atende a escola. Desse modo, o psicopedagogo estará presente paraalinhar esse atendimento em colaboração. Apesar do que a Educação Inclusiva, no entanto, estabelece que, enquanto proposta de trabalho, cumpri-la nem sempre é fácil, pois é necessário que as políticas educacionais inclusivas possam estabelecer metas, estratégias, prazos e fiscalização para se fazer cum- prir o que é previsto por lei, e as escolas, por sua vez, precisam organizar as adequações necessárias para atender esses alunos, aliás todos os alunos, garantindo a permanência. Nesse sentido, caro(a) aluno(a), vimos que a inclusão é muito mais do que propiciar atividades adaptadas, é um movimento em prol da equidade de condições, acesso e per- manência. Para isso, é fundamental que o trabalho seja multidisciplinar, e multiprofissional para que haja um alinhamento das perspectivas de trabalho, com o intuito de melhorar o desempenho educacional, social, emocional e psicológico das pessoas com deficiência. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): Adaptações Curriculares, adaptações curriculares constituem entre outras questões: Instrumento pedagógico que avalia, identifica e responde às necessidades educacionais especiais de cada aluno, inter- vindo para o processo ensino aprendizagem à sua maneira. Fonte: Brasil (1998). explorando Ideias mesmo. Desse modo, o conhecimento profissional de cada área pode propiciar encami- nhamentos muito mais efetivos do que apenas o direcionamento de um profissional ou de outro. Por isso, a formação é considerada tão importante quanto os recursos, pois o que torna a escola verdadeiramente inclusiva e benéfica a todos estudantes é o quanto ela se prepara para atender perfis, potencialidades e níveis diferenciados, já que é a escola que precisa se adaptar às necessidades dos educandos, e não o contrário. U N ID A D E 3 106 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, estudamos deficiência e acessibilidade, recursos e equipamentos de Tecnologias Assistivas bem como as Tecnologias Assistivas na escola. Diante dessa perspectiva, foi possível compreender que a acessibilidade e as Tecnologias Assistivas são interligadas na vida em sociedade das pessoas com deficiências que necessitam desses recursos. Compreendemos, em primeiro lugar, que a acessibilidade é propiciar às pes- soas com deficiência condições para utilizarem com segurança, liberdade e inde- pendência lugares, equipamentos, recursos, tecnologias e serviços de uso público, individual ou coletivo, em qualquer espaço dentro da sociedade. Entendemos que as Tecnologias Assistivas são consideradas quaisquer recur- sos ou serviços utilizados para alicerçar de maneira mecânica ou tecnológica as pessoas com deficiência e que esses recursos ou serviços podem variar de acordo com a necessidade individual e específica de cada pessoa, pois serão adaptados e adequados a essas características, podendo ser de baixo custo. Estudamos também que as Tecnologias Assistivas na Educação são primor- diais para atender as especificidades em relação ao processo de aprendizagem dos estudantes com deficiência que necessitam de adaptações em relação ao conteú- do, bem como recursos ou equipamentos para viabilizar o acesso ao aprendizado. Desse modo, esperamos, caro(a) aluno(a), que o conteúdo proposto possa tê-lo(a) imbuído(a) de novas formas de ver a deficiência, além de instigá-lo en- quanto futuro(a) psicopedagogo(a) a pesquisar e buscar novos recursos, inclusive auxiliando o terapeuta ocupacional e demais profissionais a pensar em possibi- lidades reais que poderão modificar as perspectivas de pessoas com deficiência com os quais atuará ao longo de sua carreira. Portanto, continue estudando, pesquisando e relacionando vários aspectos, visões, olhares, pensamentos e sen- tidos. Siga em frente, sempre! 107 na prática 1. A acessibilidade é vista como um meio para o acesso a inúmeros espaços e serviços e uma possibilidade de o indivíduo com deficiência usufruir espaços físicos com segurança e autonomia. Além disso, a acessibilidade se enquadra em muitas defini- ções. Nesse sentido, Sassaki (2005) sugere algumas definições para acessibilidade de acordo com algumas especificidades. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponda a algumas das definições propostas por Sassaki (2005). I - Acessibilidade arquitetônica. II - Acessibilidade metodológica. III - Acessibilidade programática. IV - Acessibilidade comunicacional. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 2. É importante salientar que além das normas ISO, que estabelecem a classificação dos produtos, há outras definições que incluem, dentro do conceito de Tecnologia Assistiva, recursos e serviços. Sobre recursos e serviços, podemos dizer que (assinale a alternativa correta): a) Recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, e Serviços são aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a selecionar, com- prar ou usar os recursos acima definidos. b) Recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, e Serviços são aqueles que auxiliam a pessoa com deficiência a ir ao supermercado. c) Recursos são aqueles utilizados para cozinhar, como panelas, e Serviços são aqueles como ônibus, metrô, carro, motocicleta etc. d) Recursos são fitas, linhas, tesouras, durex, agulha, cola, e Serviços são aqueles que auxiliam a pessoa com deficiência a ir ao supermercado. e) Recursos são aqueles disponibilizados por meio de auxílio financeira, pensão, por 108 na prática exemplo; e Serviços são aqueles disponibilizados para adquirir esses recursos, como advogados. 3. De acordo com Brasil (2015, on-line), Tecnologia Assistiva são: produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funciona- lidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapa- cidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualida- de de vida e inclusão social. A International Organization for Standardization - ISO 9.999:2007 apresenta onze classes de produtos de Tecnologias Assistivas. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corresponda às classes propostas pelo ISO 9.999:2007. I - Ajudas para cuidados pessoais e de proteção; ajudas para mobilidade pessoal; ajudas para cuidados domésticos; ajudas para a recreação. II - Produtos de apoio para tratamento clínico individual; produtos de apoio para treino de competências; órteses e próteses; produtos de apoio para cuidados pessoais e de proteção. III - Produtos de apoio para mobilidade pessoal; produtos de apoio para atividades domésticas; mobiliário e adaptações para habitações e outros edifícios; produtos de apoio para comunicação, informação. IV - Produtos de apoio para manuseamento de objetos e dispositivos; produtos de apoio para melhoria do ambiente, máquinas e ferramentas; produtos de apoio para atividades recreativas. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 109 na prática 4. Pensando sobre a acessibilidade, temos a definição de uma delas, que viabiliza, por meio de programas e práticas de sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na diversidade humana, resultando em quebra de pre- conceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. Sobre essa definição, assinale a alternativa correspondente: a) Programática. b) Comunicacional. c) Arquitetônica. d) Atitudinal. e) Metodológica. 5. De acordo com Brasil (2010), o Programa de Implantação de Salas de Recursos Mul- tifuncionais propicia materiais didáticos e pedagógicos, mobiliários, equipamentos, para a sistematização das salas tipo I e II e para a oferta do atendimento educacional especializado – AEE. Sobre as Salas de Recursos Multifuncionais Tipo I, podemos dizer (assinale a alternativa correta): a) Aquela que é organizada com os mesmos recursos da sala Tipo I, porém apre- senta recursosespecíficos para o atendimento de estudantes com Transtornos Globais do Desenvolvimento. b) Aquele que atende pedagogicamente os estudantes que apresentam deficiência intelectual, física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e trans- tornos funcionais específicos, matriculados na rede pública de ensino. c) Aquela que não tem barreiras ambientais físicas em todos os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos. d) Aquela que é organizada com os mesmos recursos da sala Tipo I, porém apre- senta recursos específicos para o atendimento de estudantes com deficiência visual (cegueira e baixa visão). e) Aquele que atende pedagogicamente os estudantes que apresentam dificuldade de aprendizagem, matriculados na rede pública de ensino. 110 aprimore-se TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O CIBERESPAÇO COMO LÓCUS DE AUTONOMIA E AUTORIA O processo de ensino da pessoa com deficiência na escola regular deveria ser caracte- rizado por um ambiente que proporcionasse mais autonomia para o deficiente, com comprometimento do professor, da escola e da família, bem como do próprio aluno, tendo como base os processos diários na escola. Com relação à ação do professor no contexto escolar, estudos mostram que suas atitudes e expectativas influenciam no processo de escolarização de alunos com deficiência física (BROWNING, 2002). Assim, o professor deve estar em constante atualização de sua prática e cada vez mais buscar inúmeras formas para que o seu aluno com deficiência possa usufruir de maneira mais efetiva do maior número de recursos inclusive os tecnológicos dis- poníveis ao seu aprendizado. Entre os recursos que favorecem a inclusão da pessoa com deficiência na escola tem-se a tecnologia assistiva como ferramentas dispo- níveis para auxiliar no processo de ensino/aprendizagem do aluno com inúmeras limitações, que permitirão ao professor apropriar-se dessa tecnologia para facilitar a interação com seu aluno de forma coerente, tornando possível, em certa medida, a inclusão da pessoa com deficiência na escolar regular de ensino. No entanto, para tentar minimizar algumas dificuldades no processo de esco- larização do aluno com deficiência, a escola e o professor devem atentar para a utilização da tecnologia assistiva (TA), que é caracterizada por um conjunto de equi- pamentos que tem como objetivo melhorar a independência e a inclusão dessas pessoas. A relevância desse estudo está em apontar aos professores de diversos ní- veis e cursos o que é tecnologia assistiva e quão rico são as possibilidades e recursos 111 aprimore-se existentes. Deste modo, ao disponibilizar para pessoas com deficiência, profícuos espaços de inclusão social (entre eles o espaço virtual ou ciberespaço) possibilita-se o exercício da cidadania, consequentemente, oferta-se a o princípio da equanimida- de democrática enquanto direito constitucional (BRASIL, 1990; 2010). Esse estudo teve como objetivo investigar a contribuição da Tecnologia Assistiva (TA) na perspectiva da educação inclusiva e o ciberespaço. A busca por um olhar de pesquisadora, encontrando as particularidades existentes no ciberespaço como também observar e conhecer nesse espaço como ocorre a mediação as interações entre os sujeitos participantes. Como lócus ímpar do processo de mediação e cons- trução da autonomia autoria de pensamento dos sujeitos implicados no processo de ensino aprendizagem. A metodologia adotada fundamenta-se na pesquisa quali- tativa com abordagem participativa e descritiva. Inicialmente foi realizado um levan- tamento nos documentos oficiais e nos estudos dos teóricos como: Almeida (2003); Alves (2016); Assmann (1998) Browning (2002); Lemos (2011); Moraes (2008); Morin (2003); Santos (2004); Tardif (2002) entre outros. Espera-se que esse estudo possa contribuir para novas reflexões em relação ao papel do professor como sujeito que deve estar receptivo a utilizar essas ferramentas, buscar incentivo da escola, apoio dos docentes do atendimento educacional especia- lizado (AEE) e cursos de formação continuada para contribuir com o desenvolvimento desses alunos. Diante dos aspectos destacados este artigo pretende investigar a con- tribuição da tecnologia assistiva (TA) na perspectiva da educação inclusiva. Fonte: Alves, Pereira e Viana (2017, on-line). 112 eu recomendo! Pessoa com Deficiência: Inclusão e Acessibilidade Autor: José Marcelo Menezes Vigliar. Editora: Almedina Sinopse: a partir de uma pesquisa de Mestrado em Direito da Sociedade da Informação, esse livro apresenta inúmeros artigos que demonstram o compromisso com a remoção de barreiras, propondo possíveis soluções para a inclusão da pessoa com defi- ciência, ainda, debate o acesso à educação, à justiça e o conceito de incapacidade à luz da Lei Brasileira de Inclusão e da inclusão digital. livro Meu Pé Esquerdo Ano: 1989 Sinopse: a história gira em torno de Christy Brown, um menino de uma família humilde de operários irlandeses, que nasceu com paralisia cerebral. Apesar de tetraplégico, um grande milagre ocorreu quando, aos cinco anos, ele começou a demonstrar um grande controle de seu pé esquerdo, utilizando giz para riscar uma palavra no chão. Apesar de ninguém esperar muito dele, sua coragem, determinação e apoio de sua mãe, ele superou os limites físicos e tor- nou-se um grande pintor, poeta e autor filme Acessibilidade: direitos das pessoas com deficiência - CNJ Serviço Esse vídeo esclarece que acessibilidade é um direito do cidadão e uma obrigação da sociedade. Por isso, apresenta alguns direitos que as pes- soas com deficiência têm assegurados por lei. conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=jK5nD49IfLs 4 ORIENTAÇÃO DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO na escola inclusiva PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A escola, a inclusão e o trabalho psicopedagógico • Professor, aluno e o psicopedagogo: ação em conjunto •A importância da Interven- ção no lar entre família e escola. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entender a escola, a inclusão e o trabalho psicopedagógico • Entender a ação em conjunto entre o pro- fessor, o aluno e o psicopedagogo • Estudar a importância da Intervenção no lar entre família e escola INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), daremos continuidade a esta trajetória de estudos, conhecimento e reflexão. Nesta unidade, você estudará a articulação do trabalho realizado pela escola com o processo inclusivo dos estudantes com deficiência e o trabalho psicopedagógico. Ainda, você entenderá como a proposta de ação em conjunto, ou em colaboração entre o docente, aluno e psicopedagogo, pode ser realizado, a partir do princípio da inter-rela- cionalidade, da conexão e do vínculo entre os envolvidos, focando prin- cipalmente no desenvolvimento dos aspectos educacionais, emocionais, sociais e psicológicos. Você estudará, também, a importância da intervenção no lar entre fa- mília e escola, a fim de garantir que o desenvolvimento de suas habilida- des seja potencializado. Compreenderá que o papel do psicopedagogo é fundamental na organização da intervenção que deve ocorrer em parceria entre a escola e a família. Poderá pensar a respeito da necessidade dessas duas instâncias realizarem um trabalho colaborativo para a melhoria da aprendizagem dos estudantes com deficiência. Nesse sentido, você, caro(a) estudante, estudará, compreenderá, refletirá e analisará o seu papel como psicopedagogo, atuando em um contexto em que suas ações serão pautadas na intencionalidade escolar e familiar e, em parceria, poderão traçar o melhor caminho para atender os estudantes com deficiência. Por isso, é importante que você, a partir da construção do conhecimento científico e teórico, considere as possíveis estratégias práticas que utilizará para atender escola e família e que o seu trabalho seja respaldado de objetividade, clareza, intencionalidadee dialogicidade, em qualquer um dos âmbitos em que atuará. Desse modo, vá em frente e estabeleça suas próprias ações profissionais, a partir do conhecimento científico construído e encontre o seu lugar ao sol. U N IC ES U M A R 115 1 A ESCOLA, A INCLUSÃO E O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO Olá, caro(a) aluno(a), estudaremos mais um tema que precisa ser compreendido por você, futuro psicopedagogo, de maneira clara e objetiva. É necessário estabe- lecer uma conexão entre escola, inclusão e o trabalho psicopedagógico, principal- mente pelo fato desse profissional circular nesses espaços. Além disso, o trabalho psicopedagógico permeia o lar, a família e a escola e, para que você, enquanto futuro psicopedagogo, possa compreender, de fato, as necessidades que envolve cada um deles, é fundamental que o trabalho seja em parceria, apoio e confiança. Historicamente, a partir da Revolução Industrial, houve a necessidade de sistematizar a Educação dentro de uma perspectiva metodológica e curricular que visasse a formação profissional, porém, no decorrer dessa ação, identificou-se que nem todos os estudantes aprendiam os conteúdos propostos da mesma ma- neira. Assim, no início do século XIX, iniciaram-se os estudos a respeito dessas dificuldades de aprendizagem. No final do século XIX, muitos estudiosos da área da Educação e da Saúde começaram a se preocupar com as especificidades que envolviam as dificuldades de aprendizagem, surgindo, então, a Psicopedagogia. A Psicopedagogia é uma área que alia a Psicologia e a Pedagogia, atuando de maneira articulada entre esses dois aspectos do conhecimento, tendo como um de seus objetivos compreender como o conhecimento é construído bem como os processos utilizados pelo ser humano em seu processo de aprendizagem. Pensando sobre as questões que impedem a efetivação do processo de aprendizagem, Castro (1999, p. 5) ressalta que: U N ID A D E 4 116 “ Em nosso país, no entanto, há um parentesco com as tarefas exerci-das por orientadores educacionais que dão mais ênfase aos proble-mas psicológicos, e orientadores pedagógicos, mais voltados para os problemas de estudo e aprendizagem dos alunos. Constituíam a alguns anos grupos separados, uns procurando resolver problemas de adaptação escolar e outros orientando procedimentos didáticos, sem um terreno de encontro, e algumas vezes, em conflito. A psi- copedagogia pode ser capaz de integrar o trabalho de uns e outros. Desse modo, o psicopedagogo desenvolverá um trabalho a partir de uma pers- pectiva que visa à ampliação do desenvolvimento das competências e habilidades do estudante. A dinâmica de prevenção, avaliação e intervenção do psicopedago- go no processo de aprendizagem, na escola ou em parceria com ela, tem auxiliado de maneira bastante significativa a família e a própria escola. O psicopedagogo poderá atuar dentro do ambiente escolar como mediador e assessor da equipe pedagógica, realizando uma de suas principais funções, que é a prevenção. Em relação à prevenção, Bossa (1994, p. 11) relata que “refere-se à atitude do profissional no sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos neste processo”. Por isso, quando se pensa no trabalho entre a escola e o psicopedagogo é justamente com o objetivo de potencializar o trabalho inclusivo, que, muitas ve- zes, já ocorre dentro do ambiente escolar. Apesar das ações que a escola pode desenvolver, os problemas de aprendizagem enfrentados pelos estudantes com deficiência podem definir o fracasso ou o sucesso escolar deles. Assim, cabe ao psicopedagogo olhar de maneira ampla os indicativos apre- sentados, por cada um, para planejar, de maneira adequada, o trabalho que rea- lizará, a partir da necessidade individual, e integrar a escola como um todo, em cada caso, a fim de obter resultados mais significativos, no processo evolutivo de aprendizagem de cada estudante. O fracasso educacional desse público em específico pode estar ligado a inú- meros fatores, por exemplo, a falta de formação adequada dos profissionais da Educação, tanto em nível inicial como continuado, ou pelo fato da inclusão não ocorrer de acordo com a Perspectiva da Educação Inclusiva. Por isso, o psicope- dagogo é visto como um profissional que pode agregar no trabalho desenvolvi- do, pois ele poderá aparar as arestas e ressignificar o olhar docente bem como do próprio profissional da Educação Especial, que, às vezes, não têm formação específica para atender todos os casos. U N IC ES U M A R 117 Além disso, a intervenção psicopedagógica é contínua e precisa do envolvimen- to da família, da escola e dos outros profissionais que estiverem envolvidos, no processo de aprendizagem e no acompanhamento do estudante. Por isso, é im- portante deixar claro que a intervenção desenvolvida pelo psicopedagogo não é realizada individualmente, pois a ação é conjunta entre todos, para que o estu- dante se sinta seguro, confortável e predisposto a participar do que é proposto. Por sua vez, a escola deve fortalecer a sua concepção e prática inclusiva, pois os seus encaminhamentos precisam ser assertivos e atender às especificidades e à dificuldade de aprendizagem na sua individualidade, trabalhando com possi- bilidades tangíveis, principalmente no que se refere à adaptação curricular. A escola é o local onde deve ocorrer a maior parte da aprendizagem e a construção do conhecimento científico, e, pelo fato da psicopedagogia atuar na mesma direção, com estratégias diferenciadas, houve a necessidade dessa área trabalhar de maneira articulada com as instituições de ensino, estreitando os laços com a escola. Nesse sentido, o docente, apresenta um papel importante, pois, geralmente, é ele quem identifica as dificuldades e as necessidades dos seus estudantes, com- partilhando as informações com seus colegas e outros profissionais da escola. Assim, poderá, com o apoio da equipe pedagógica e do psicopedagogo, encontrar caminhos que possam auxiliar a sua reorganização didático-metodológica e prá- tica para atender esses estudantes da melhor maneira, dentro de uma perspectiva inclusiva. A partir dessa aproximação e do trabalho entre o psicopedagogo, a escola e o docente, muitas questões a respeito dos procedimentos didático-me- todológicos utilizados e das práticas educacionais tiveram que ser revistas. Assim, com novas formas de ensinar e de aprender e estratégias pautadas na individualidade e na peculiaridade do sujeito, a psicopedagogia clínica pôde, por meio do seu conhecimento, auxiliar as escolas a encontrar, a resolver e a prevenir problemas de aprendizagem. Scoz (1996, p. 35) reforça essa concepção, relatando que “[...] foi pela sua eficiência na prática clínica que os psicopedagogos estru- turaram o corpo de conhecimento que hoje lhes possibilita atuar na instituição”. Desse modo, os psicopedagogos puderam atuar, adaptando suas técnicas à realidade escolar dos estudantes, atendendo a partir das necessidades individuais. Assim, o objetivo da psicopedagogia é observar e avaliar tudo aquilo que ocorre no âmbito escolar, com o objetivo de identificar o processo de ensino e aprendi- zagem realizado, a fim de prevenir eventuais problemas ou dificuldades e buscar meios para atuar nesse sentido. Bossa (1994, p. 68) ressalta que “a psicopedagogia, U N ID A D E 4 118 Diálogo a respeito das contribuições da Psicopedagogia à Educação Especial sob a perspectiva da Inclusão. conecte-se na aprendizagem, a partir da perspectiva inclusiva, por meio de uma proposta pedagógica que, por exemplo: ■ Seja adequada para cada caso. ■ Propicie a reflexão dentro da equipe. ■ Fortaleça a ação em conjunto de maneira colaborativa. ■ Viabilize as discussões a respeito das dificuldades e potencialidades de cada estudante com deficiência. ■ Os envolvidos no processo possam compartilhar suas experiências e ações a fim de articular novas estratégias de trabalho. ■ Todos sejam valorizados. Para que a inclusão ocorrade maneira satisfatória, o psicopedagogo, juntamente com a escola, precisa resgatar o que, realmente, envolve o processo inclusivo e criar caminhos que sejam adequados para o desenvolvimento global do estudan- te, desempenhando assim um papel transformador, de ressignificação do modo de ver, enxergar e atender o estudante com deficiência. Ainda, sobre a importância do psicopedagogo na escola, Moojen (1997, p.40) afirma que “o que se espera de um psicopedagogo na escola, antes de mais nada, é uma sensibilidade especial para integrar agilmente os componentes básicos presentes em um processo educativo bem-sucedido”. Por isso, é importante que o psicopedagogo compreenda em primeiro lugar a no âmbito da sua ação preventiva, preocupa-se essencialmente com a escola”. O psicopedagogo poderá, juntamente da equipe escolar, traçar ações que via- bilizem o processo inclusivo e propicie condições efetivas de desenvolvimento https://www.youtube.com/watch?v=wAfzmLT8etQ U N IC ES U M A R 119 demanda da escola e as expectativas que a escola tem em relação ao trabalho que será efetivado, pois o objetivo é compreender as relações sociais e culturais em que escola está inserida, promovendo um diálogo para definir o que pode, o que deve e o quer desenvolver. O estudante, envolvido nesse processo, desempenha um papel dentro da es- cola, no seio familiar e na sociedade. Assim, é necessário enxergá-lo além de sua representatividade escolar, respeitando essa dimensão global que ele simboliza. A intervenção psicopedagógica, desse modo, deverá ser pautada em caminhos que viabilizem uma mudança em uma determinada situação, ou de várias, de- pendendo da necessidade individual. Nesse sentido, Oliveira (2009) ressalta que a proposta psicopedagógica, junto às dificuldades de aprendizagem, deve buscar um olhar diferenciado para a aprendiza- gem, ampliando as possibilidades de aperfeiçoamento das potencialidades e habili- dades do estudante com deficiência, que apresenta dificuldades de aprendizagem. Assim, o psicopedagogo tem um propósito bastante significativo na articula- ção de ações dentro da escola que promova mudanças, até mesmo em situações individuais e coletivas que a escola coloca, colaborando com as mudanças que ocorrerão em relação ao trabalho, aos recursos, ao processo educacional e às relações, a fim de minimizar problemas corriqueiros. Assim, caro(a) aluno(a), é fundamental que haja um movimento dialógico em prol da ressignificação e reestruturação do processo de ensino convencional para diminuir e, até mesmo, eliminar os obstáculos que impedem o estudante a progredir educacionalmente, fortalecendo o ensino para que ele seja mais justo, coerente e equitativo. Esse caminho a ser adotado, principalmente quando tra- tamos de planejamento, a partir de uma perspectiva inclusiva, reestrutura aquilo que é praticado nas escolas até a atualidade. U N ID A D E 4 120 2 PROFESSOR, ALUNO E O PSICOPEDAGOGO: ação em conjunto Caro(a) aluno(a), compreenderemos a importância do trabalho em conjunto entre docente, estudante e psicopedagogo, durante o processo educacional, na sala de aula do ensino regular. É bastante comum ouvir os docentes relatarem as dificuldades em direcionar um trabalho específico aos estudantes com deficiência, de forma a potencializar a sua aprendizagem. Para sistematizar o seu plano de aula, portanto, o docente precisa ter claro a articulação entre a quantidade de aulas semanais e as ati- vidades que deverá incluir no processo educacional de todos os estudantes da sala, com orientações que vise à aquisição de saberes e competências. Assim, as ações docentes devem assumir o compromisso com a diversidade e com a equalização de oportunidades, favorecendo principalmente o processo colaborativo. Nesse sentido, é importante que o direcionamento docente para atender à diversidade, principalmente no que se refere aos estudantes com deficiência, leve em consideração as particularidades de cada um, além de desenvolver essa cons- ciência inclusiva, para compreender a importância de adequar seu planejamento de acordo com as necessidades dos alunos, pois, ao utilizar os instrumentos específicos para identificar a potencialidade e os saberes, será capaz de ajustar a sua prática para atender a esse público. É, nesse momento, que entra a atuação do psicopedagogo, que, por sua vez, analisará os possíveis indicativos e trabalhará em parceria com esse docente a fim de auxiliar esse processo educacional e inclusivo. Nesse processo de intera- U N IC ES U M A R 121 Pensando sobre o que foi apresentado em relação ao trabalho do psicopedagogo, jun- tamente com o estudante e com o docente na escola, você acredita que essa dinâmica poderia ser realizada de maneira diferenciada? Como?. pensando juntos Outra ação bastante importante, possível do psicopedagogo colaborar com o docente, é a avaliação diagnóstica, pois geralmente a família já sinaliza, de algu- ma maneira, que o estudante apresenta problemas de aprendizagem. Assim, o psicopedagogo poderá, após conhecer o estudante e realizar a anamnese com os responsáveis, trabalhar com o docente que o atenderá, auxiliando a elaborar uma avaliação diagnóstica, a fim de verificar se as informações obtidas — por meio de relatórios, pareceres, fichas individuais e entrevista com as famílias — estão de acordo com a avaliação proposta. Em relação à avaliação diagnóstica (LUCKESI, 1995; KRAEMER, 2005; HOF- FMANN, 2008), ela é utilizada durante o ano letivo para identificar o conheci- mento que o estudante apresenta nas disciplinas escolares e visa a identificar a sua aprendizagem, possibilitando verificar aquilo que necessita ser ajustado durante o processo. Sant’anna (1995, p. 33) ressalta que a avaliação diagnóstica: “ Se constitui por uma sondagem, projeção e retrospecção da situação de desenvolvimento do aluno, dando-lhe elementos para verificar o que aprendeu e como aprendeu. É uma etapa do processo educa- cional que tem por objetivo verificar em que medidas os conheci- mentos anteriores ocorreram e o que se faz necessário planejar para selecionar as dificuldades encontradas. ção entre o docente e o estudante, é importante que o psicopedagogo não tenha apenas a segurança do suporte teórico e técnico que utiliza, já que a relação entre os envolvidos no processo precisa ser dinâmica e produtiva, pois além de tera- pêutica, a ação do psicopedagogo envolve uma prática docente e os profissionais da Educação. O psicopedagogo poderá auxiliar o docente a identificar as necessidades de cada estudante com os quais trabalhará. Assim, poderão, juntos, elaborar o pla- nejamento pautado em ações inclusivas, passo necessário para a construção de todo processo, ao longo do ano letivo. U N ID A D E 4 122 Flexibilização: na busca por um significado para a palavra flexibilização, percebemos que o termo não é encontrado com tanta facilidade nos dicionários físicos, porém, nos di- cionários virtuais, encontramos significados que podem explicar a sua definição. Flexi- bilização pode ser ação ou efeito de flexibilizar, de tornar flexível, menos rígido. Ainda, podemos encontrar com mais facilidade o significado para o termo “flexibilidade”, que é qualidade do que é flexível. Fonte: adaptado de Infopédia ([2021], on-line)1. conceituando Durante a observação, o docente conhecerá os estudantes, suas competências, suas necessidades educacionais especiais e suas possíveis formas de aprender, alinhando o pertencimento do estudante ao grupo, pois — por meio da media- ção e da intervenção docente, da comunicação e da interação entre docente e estudante e estudante e seus pares, durante o processo de aprendizagem — é que ele se sentirá assistido e incluído. Mesmo que o docente compreenda a importância de adequar e readequar seu planejamento, de acordo com as necessidades de seus alunos, utilizando instru- mentos para identificar potencialidade para ajustar a sua prática para atender esse O objetivode realizar a avaliação do processo é obter dados sobre o desempenho do estudante, em situações variadas, e reconhecer as suas habilidades educacio- nais, para reorganizar e reestruturar o processo de ensino e aprendizagem. Para Haydt (1997), é função do docente identificar as diferenças que existem entre os estudantes em relação às suas capacidades de aprendizagem, auxiliando-os a superá-las, pois alguns aprendem de maneira mais rápida do que outros e con- seguem aplicar o que foi ensinado mais facilmente. Para auxiliar nesse processo, o psicopedagogo contribuirá, por meio do tra- balho direto de aprofundamento com o docente das diversas áreas do conheci- mento, ressignificando-as e redefinindo-as para sistematizar novas formas de ensinar no processo educativo. A partir desse trabalho entre psicopedagogo e docente, será possível flexibilizar o currículo proposto, por meio de adaptações na abordagem dos conteúdos, do tempo e dos recursos a serem utilizados. Por isso, uma maneira muito eficiente de conhecer melhor o estudante e suas condições de aprendizagem é a observação que deve ser realizada em diversos momentos da aula, pois é considerada uma ferramenta importante para a adaptação curricular. U N IC ES U M A R 123 público, às vezes, não conseguirá realizar esse processo sozinho. O psicopedagogo, nesse contexto, é o profissional que poderá mediar essa ação, sugerindo métodos e estratégias que auxiliará o estudante no processo de construção de conhecimento. Desse modo, é importante que o psicopedagogo compreenda que, ao planejar, o docente deve pensar nas adaptações que precisará realizar, e, dentre todas as etapas do processo inclusivo, é de responsabilidade docente desenvolver e imple- mentar o currículo de modo a garantir o acesso do estudante com deficiência a todos os campos do currículo, criando: ■ condições físicas, ambientais e materiais para a participação do aluno com necessidades especiais na sala de aula; ■ favorecendo os melhores níveis de comunicação e de interação do aluno com as pessoas com os quais convive na comunidade escolar; ■ favorecendo a participação do aluno nas atividades escolares; ■ atuando para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais especí- ficos necessários; ■ adaptando materiais de uso comum em sala de aula; ■ adotando sistemas alternativos de comunicação, para os alunos impedi- dos de comunicação oral, tanto no processo de ensino e aprendizagem como no processo de avaliação; ■ favorecendo a eliminação de sentimentos de inferioridade, de menos va- lia, ou de fracasso (BRASIL, 2000, p.10). Ainda, sobre o currículo, é necessário pontuar que os tipos de adaptação de con- teúdo podem ser: “ [...] a priorização de tipos de conteúdos, a priorização de áreas ou unidades de conteúdos, a reformulação da sequência de conteúdos, ou ainda, a eliminação de conteúdos secundários, acompanhando as adaptações propostas para os objetivos educacionais. Assim, o conteúdo a ser trabalhado com o aluno será sempre delineado pelos objetivos postos no plano de ensino. Entretanto, a ordem em que o conteúdo e suas subdivisões são apresentados, a prioridade que o professor dará às diferentes unidades, áreas, itens e subitens do pla- no de ensino, bem como a ênfase que dará a um item do conteúdo, em detrimento de outro, é de sua competência decidir, sempre em função das necessidades especiais presentes (BRASIL, 2000, p. 24). U N ID A D E 4 124 Levando em consideração tais aspectos, cabe ao professor garantir aos seus es- tudantes com deficiência o acesso a todos os pontos do currículo. Desse modo, para que as adaptações curriculares sejam efetivas é fundamental: “ Que o professor esteja constantemente atento a seu aluno, para identificar de que conhecimentos ele já dispõe (relacionados com o tema de cada unidade de conteúdo), e que necessidades educa- cionais apresenta; Que o professor use de sua criatividade para criar formas alternati- vas de ensinar, que respondam às necessidades identificadas; Que o professor use continuamente da avaliação para identificar o que precisa ser ajustado no processo de ensinar (ARANHA, 2000, p. 30). Além do planejamento, das possíveis adequações ou readequações do processo didático metodológico e do currículo, da avaliação diagnóstica e da mediação, outra questão bastante significativa está relacionada às adaptações do processo avaliativo. É comum os docentes se sentirem inseguros diante de tantas questões, porém as etapas do processo inclusivo precisam de dedicação e empenho, por isso, ao compreender como deve ser realizado, conseguirá ser multiplicador den- tro do próprio ambiente escolar, auxiliando seus pares. Para isso, o psicopedagogo poderá contribuir com o docente na identificação de instrumentos de avaliação que permitam dimensionar o desenvolvimento do estudante, a maneira como poderá compreender as situações de aprendizagem e os recursos e estratégias para potencializar esse processo. Além disso, a adaptação das avaliações precisa estar de acordo com as especi- ficidades de cada estudante. Nesse sentido, a própria legislação brasileira e os do- cumentos produzidos pelo Ministério da Educação (MEC) orientam o caminho que a escola e os docentes devem seguir. Os Parâmetros Curriculares Nacionais: adaptações curriculares (BRASIL, 1998, p. 40), por exemplo, estabelecem que: “ As adaptações significativas na avaliação estão vinculadas às altera-ções nos objetivos e conteúdos que foram acrescidos ou eliminados. Desse modo, influenciam os resultados que levam, ou não, à promo- ção do aluno e evitam a cobrança de conteúdos e habilidades que possam estar além de suas atuais possibilidades de aprendizagem e aquisição. U N IC ES U M A R 125 Ainda, de acordo com o próprio PCN: adaptações curriculares (BRASIL, 1998), as adaptações avaliativas estão relacionadas “às modificações sensíveis na forma de apresentação das técnicas e dos instrumentos de avaliação, à sua linguagem, de um modo diferente dos demais alunos de maneira que atenda às peculiaridades dos que apresentam necessidades especiais” (BRASIL, 1998, p. 36). As adaptações de pequeno porte são aquelas realizadas no currículo, pelo do- cente, com o objetivo de promover a participação produtiva dos estudantes do pú- blico-alvo da Educação Especial, no processo de ensino e aprendizagem no Ensino Comum, com uma variedade de métodos e técnicas para o ensino e para a avaliação. Assim, a avaliação, ao ser adaptada para esses estudantes, precisa ser flexível e pos- sibilitar a mudança de critérios instrumentais e procedimentais preestabelecidas, considerando condições e circunstâncias variadas de ensino e aprendizagem, res- peitando também a individualidade de cada um (BRASIL, 1998). Em relação a sugestões para a adaptação da avaliação, Moretto (2010) propõe que o processo avaliativo exige que as operações mentais tenham níveis diferentes de complexidade. Desse modo, a avaliação pode ser composta por meio de um contexto sucinto, de um enunciado claro, fácil e específico, com comandos dire- cionados, como: complete, assinale, identifique (MORETTO, 2010). Para Beyer (2006), a avaliação desses estudantes deve seguir alguns critérios específicos, como a utilização de instrumentos diferenciados, que estejam de acor- do com os estilos de aprendizagem individual, ou inserir mais tempo de acordo com a especificidade de cada estudante e, para isso, deve ser contínua e processual, oportunizando ao docente identificar as potencialidades e habilidades de cada um. Levando em consideração os aspectos supracitados, é importante ressaltar que o docente compreende todo esse processo, porém, às vezes, é necessário um profis- sional como o psicopedagogo que analisa todas essas questões a partir de um único sujeito, com suas necessidades, peculiaridades, dificuldades e deficiência. Por isso, esse psicopedagogo pode, por meio de seu atendimento clínico em parceria com a escola ou no atendimento institucional, atuarde forma a agregar valor ao trabalho docente e potencializar a sua prática, além de poder trabalhar juntos com o estudan- te, que terá muitos benefícios em relação à sua própria construção de conhecimento. Não podemos esquecer que o principal sujeito no processo de aprendiza- gem é o aprendiz. Nesse sentido, é necessário que a relação entre o aprendiz e o psicopedagogo seja de todo funcional, para que se tenha êxito no trabalho psicopedagógico (KIGUEL, 1987). U N ID A D E 4 126 Caro(a) aluno(a), o trabalho do psicopedagogo precisa ser multidisciplinar e de maneira colaborativa, com o propósito de prevenir, identificar as dificuldades de aprendizagem do estudante e realizar as intervenções necessárias. Nesse sentido, é muito importante ressaltar que o tripé — escola, família e psicopedagogo — é fundamental para o progresso educacional e inclusivo dos estudantes do públi- co-alvo da Educação Especial. Caro(a) aluno(a), vimos que é preciso seguir algumas orientações, quando pensa- mos a respeito da ação conjunta entre estudante, docente e psicopedagogo. Além disso, o docente deve se apropriar dos aspectos relacionados às necessidades de seus alunos para concentrar esforços no processo de aquisição do conhecimento, que geralmente é singular e, para isso, poderá contar com o psicopedagogo para traçar estratégias que modifiquem a sua prática docente a fim de atender todos alunos. 3 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO NO LAR entre famílias e escola U N IC ES U M A R 127 O fortalecimento desse tripé é fundamental, pois haverá muitos momentos em que os três deverão estar juntos e, para dialogarem a respeito do progresso global do estudante com deficiência, é necessário consolidar essa parceria e buscar meios para que juntos possam ressignificar suas concepções a respeito do trabalho em conjunto, que deverá ser realizado em prol do desenvolvimento do estudante. A partir desse fortalecimento, o trabalho poderá ser realizado de maneira mais profícua, já que a construção desse atendimento, acompanhamento e in- tervenção será realizado em colaboração. Assim, à família, cabe o papel afetivo, social, incentivador e estimulador; à escola e aos docentes, cabe a construção do conhecimento científico e a socialização; ao psicopedagogo, por fim, cabe o processo de intervenção, fazendo a articulação entre o sujeito (estudante) e seus objetos de conhecimento. É fundamental que a escola acolha a família e tenha um diálogo bastante franco sobre a importância dessa relação entre escola, família e o profissional que realizará a avaliação, o diagnóstico e a intervenção com a criança ou jovem, e que ele será importante para o progresso educacional e social dos estudantes. É necessário também que a articulação desse trabalho seja realizada de maneira em que todos estejam alinhados e estabeleçam os mesmos direcionamentos para o estudante, para que ele se sinta mais confiante e seguro. É importante ressaltar que a família desempenha um papel muito impor- tante no processo educacional dos estudantes e o vínculo afetivo auxilia em seu ESCOLA FAMÍLIA PSICOPEDAGOGO U N ID A D E 4 128 desempenho escolar, por isso, o trabalho articulado entre a família, a escola e o psicopedagogo deve ser realizado, a fim de potencializar o trabalho realizado junto aos docentes. Além disso, é necessário que a família participe do processo de aprendizagem, pois será a escola e o psicopedagogo que esclarecerão e instrumentalizarão os pais e/ou responsáveis quanto às possibilidades e direcionamentos do que deve ser reali- zado no lar, já que há evidências de que essa tarefa não é realizada em casa, por falta de conhecimento ou por insegurança. Nesse sentido, Martins (2001, p. 28) afirma que “essa problemática gera nos pais sentimentos de angústia e ansiedade por se sentirem impossibilitados de lidar de maneira acertada com a situação”. A família, desse modo, precisa ser orientada para que as ações realizadas sejam de incumbência de todos, para que os resultados sejam mais efetivos e significativos. Para Polity (1998), a orientação às famílias é bastante importante, pois desperta o interesse pelo acompanhamento na vida escolar de seus pupilos; oportuniza o diálogo a respeito de seus sentimentos e expectativas; esclarece quanto às necessidades de seu pupilo e compreende as estratégias que devem utilizar para facilitar o seu desenvolvimento educacional em casa. Ainda, a respeito do papel da família, é necessário que recrie situações no dia a dia que estimule o desenvolvimento emocional, social, intelectual e educa- cional do estudante. Além disso, Marturano (1998) esclarece que a participação nas atividades do lar e a formação de hábitos são considerados importantes para a aquisição de concepções básicas de aprendizagem, uma vez que estimulam a organização interna e a habilidade de executar tarefas gerais. Assim, o processo educativo no lar precisa ser visto como uma mola propul- sora para o desenvolvimento progressivo das habilidades do sujeito, e a família precisa se adequar para propiciar ao seu pupilo condições para que tenha sucesso na aprendizagem. Nesse sentido, Libâneo (2000, p. 9) ressalta que: “ Não dizemos mais que a escola é a mola das transformações so-ciais. Não é, sozinha. As tarefas de construção de uma democracia econômica e política pertencem a várias esferas de atuação da so- ciedade, e a escola é apenas uma delas. Mas a escola tem um papel insubstituível quando se trata de preparação das novas gerações para enfrentamento das exigências postas pela sociedade moderna ou pós-industrial, como dizem outros. Por sua vez, o fortalecimento das lutas sociais, a conquista da cidadania, dependem de ampliar, U N IC ES U M A R 129 À escola, cabe a responsabilidade de incentivar, criar condições de acesso e orientar a família. Essas ações viabilizam o estreitamento dos laços entre escola e família, para que essa última se sinta confortável a participar de maneira mais efetiva a vida escolar de seus pupilos. explorando Ideias Levando em consideração os aspectos supracitados, a família é o elo primordial no desenvolvimento de seus pupilos, por isso, necessita do apoio dos profissionais que estão em contato direto com o estudante, para compreenderem os princípios básicos e essenciais que viabilizarão o papel facilitador no processo de aprendiza- gem, a partir de procedimentos adaptativos e criação de rotinas. De acordo com Maimoni e Miranda (1999), esses podem ser por meio do acompanhamento de tarefas e trabalhos escolares, verificação das atividades solicitadas pelo docente, organização do horário de estudo, informar-se a respeito de conteúdos, avaliações entre outros. Ainda, a família terá um papel fundamental quanto às ações a serem realizadas em casa, que serão acompanhadas pelo psicopedagogo. Enfim, toda ação educacional dependerá, de alguma maneira, da participação da família, sendo que, em alguns momentos, será realizada por meio de incentivo; em outros, da participação mais efetiva no aprendizado, do acompanhamento na realização das atividades, das orientações propostas pela escola ou pelo psicope- dagogo e, em outros, simplesmente para ouvir o que eles têm a dizer. Ainda, o papel do psicopedagogo na relação entre a família e a escola precisa ser de muito diálogo e parceria, principalmente por se tratar de estudantes com deficiência. Desse modo, além de tratar especificamente das especificidades que a deficiência traz consigo, é fundamental pensar em estratégias em que o tri- pé — escola, família e psicopedagogo — poderão articular para potencializar o progresso educacional desse estudante. Nascimento (2013) ressalta que, às vezes, cada vez mais, o número de pessoas que possam participar das de- cisões primordiais que dizem respeito aos seus interesses. A escola tem, pois, o compromisso de reduzir a distância entre a ciência cada vez mais complexa e a cultura de base produzida no cotidiano, e a provida pela escolarização.Junto a isso tem, também, o compro- misso de ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, capazes de construir elementos categorias de compreensão e apropriação crítica da realidade. U N ID A D E 4 130 com intervenções realizadas no momento certo, é possível modificar um quadro, que poderia de algum modo se transformar em algo mais grave. Para Castro e Regattieri (2009), a família e a escola precisam ser unidas para identificar as necessidades reais do estudante, a fim de auxiliá-lo, nesse processo, de forma que se sinta aparado. Além da família e da escola, o psicopedagogo, seja ele institucional, seja clínico, terá um papel importante ao realizar o trabalho educacional com a família e a escola, pois será ele o profissional que auxiliará na sistematização do trabalho a ser desenvolvido na escola e no lar. Além disso, na maioria das vezes, os responsáveis não conseguem identificar quais as reais necessidades dos filhos e precisam de orientação profissional para o trabalho no lar e isso se difere, em muito, da sala de aula, pois é um espaço de inte- ração familiar com outras regras e outra dinâmica, podendo dificultar o progresso do estudante, se não houver o empenho da família e o direcionamento correto. Um estudante, que apresenta pouco rendimento escolar, pode apresentar difi- culdades nas relações interpessoais, pode desenvolver um sentimento de inferio- ridade ou apresentar uma constante falta de interesse na realização das atividades propostas. Por isso, a necessidade da articulação escola, família e profissionais de diversas áreas, englobando o psicopedagogo, pois permite acompanhamento constante do estudante, fazendo com que o desenvolvimento do seu processo educacional seja muito mais equilibrado. Assim, para que haja essa articulação estabelecida de maneira produtiva, a escola possui uma função importante na aproximação com as famílias de seus estudantes, devendo promover atividades variadas para estreitar esses laços de confiança e apoio, como: interação e apoio de profissionais da área da saúde (por exemplo, psicólogos), visitas, reuniões entre família, coordenação pedagógica e psicopedagogo, reunião entre docentes, psicopedagogo e/ou equipe multidisci- plinar e família para que compreendam os encaminhamentos que são adotados bem como apresentar as estratégias a serem adotadas pelas famílias, em casa, durante o acompanhamento na realização das atividades. Assim, a família conhece os conteúdos que são desenvolvidos nos diferentes campos de conhecimento curricular, proporcionando o fortalecimento do tripé: escola, família e psicopedagogo. Nesse sentido, caro(a) aluno(a), entendemos que a escola, a família e os diver- sos profissionais, que atuam em parceria com a escola, estão unidos para propor ações mobilizadoras do processo de desenvolvimento global do estudante com deficiência e que essas ações fortalecem o sujeito para a vida em sociedade. U N IC ES U M A R 131 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, estudamos a escola, a inclusão e o trabalho psi- copedagógico, a ação em conjunto entre o professor, o aluno e o psicopedagogo bem como a importância da intervenção no lar entre família e escola. Você pode compreender, em primeiro lugar, que o processo educacional e inclusivo dos es- tudantes com deficiência depende de inúmeros fatores para ser efetivado, porém, quando o psicopedagogo atua de maneira colaborativa na escola, esse processo pode ser favorecido. Estudou também que as ações educacionais precisam estar articuladas e que o trabalho em conjunto entre professor, aluno e psicopedagogo favorece o desen- volvimento global do estudante, pois podem buscar juntos, a partir das peculiari- dades do processo de ensino e de aprendizagem dos estudantes com deficiência, estratégias que identifiquem habilidades e potencialidades de cada indivíduo, pois o psicopedagogo é o profissional que auxiliará o docente de maneira mais abrangente. Você estudou, também, a importância do trabalho entre escola, família e lar, pois a ação da escola na orientação de como realizar os encaminhamentos edu- cacionais é fundamental para que haja a articulação entre o direcionamento da escola e da família. Para isso, a atuação do psicopedagogo, como um ponto focal dessa relação, assessorando e esclarecendo a escola e a família a respeito dos inúmeros aspectos do processo de ensino-aprendizagem, contribui de maneira significativa o processo educacional desses estudantes. Desejamos a você, caro(a) aluno(a), sucesso em sua caminhada profissional e tome para si os ensinamentos, aqui, propostos a fim de construir a sua prática e delinear seu caminho enquanto profissional. Lembrando, sempre, que indepen- dente da atuação clínica ou institucional, a sua ação com o estudante não é o fim, é preciso ter coragem e dedicação para criar uma rede de apoio e ensinamentos, favorecendo não apenas o sujeito com a qual está atuando, mas de todos aqueles que estão ao seu redor, fortalecendo laços e construindo novas relações e saberes. 132 na prática 1. O psicopedagogo, em parceria com a equipe escolar, organiza ações que viabilizem o processo inclusivo e possibilita condições para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem a partir da perspectiva inclusiva, por meio de uma proposta pedagógica. Analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que correspon- da a essa proposta pedagógica sistematizada pelo pedagogo, em parceria com a equipe escolar. I. Aquela que fortalece a ação em conjunto de maneira colaborativa. II. Aquela que viabiliza as discussões a respeito das dificuldades e potencialidades de cada estudante com deficiência. III. Aquela que propicia uma adequação para cada caso. IV. Aquela em que todos os envolvidos no processo possam compartilhar suas experiências e ações a fim de articular novas estratégias de trabalho. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 2. O papel do psicopedagogo dentro da comunidade escolar é fundamental e, por isso, é necessário estabelecer essa conexão entre escola, inclusão e o trabalho que realizará, principalmente pelo fato de circular nesses espaços de maneira bastante corriqueira. Nesse sentido, analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que corresponda ao trabalho do psicopedagogo. I. Realiza diversas ações, porém o trabalho inclusivo que ocorre no ambiente es- colar fica a cargo da equipe pedagógica e do professor da Educação Especial. II. Atua dentro do ambiente escolar, como mediador e assessor da equipe peda- gógica, realizando uma de suas funções principais que é a prevenção. III. Desenvolve um trabalho a partir de uma perspectiva que visa à ampliação do desenvolvimento das competências e habilidades do estudante. IV. Compreende, em primeiro lugar, a demanda da escola e as expectativas que a escola tem em relação ao trabalho que será efetivado. 133 na prática É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 3. O trabalho em conjunto entre docente, estudante e psicopedagogo durante o pro- cesso educacional e inclusivo na sala de aula do ensino regular é extremamente importante, pois a sua relação além de terapêutica, envolve uma prática docente, já que prepara os profissionais da educação, ou atua na própria escola. Portanto, qual é o papel do psicopedagogo neste trabalho em conjunto entre docente e estudante? Nesse sentido, assinale a alternativa correta: a) O psicopedagogo analisará os possíveis indicativos e trabalhará em parceria com esse docente a fim de auxiliar esse processo educacional e inclusivo. b) O psicopedagogo poderá auxiliar o docente a identificar as necessidades de cada estudante, porém o planejamento fica a cargo da equipe pedagógica. c) O psicopedagogo contribui por meio do trabalho direto de aprofundamento com o docente das diversas áreas do conhecimento, no entanto a sistematização doprocesso educativo é exclusiva do docente. d) O psicopedagogo não orienta as adaptações na abordagem dos conteúdos, do tempo e dos recursos a serem utilizados, pois sua atuação é apenas com o estudante. e) O psicopedagogo conhece o estudante e suas condições de aprendizagem, ob- serva-o e trabalha com ele em um local específico e separado em todas a sessões. 4. O psicopedagogo auxilia o docente nas adaptações que realizará. A responsabili- dade docente, porém, é desenvolver e implementar o currículo de modo a garantir o acesso do estudante com deficiência a todos os campos do currículo, criando: 134 na prática Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corres- ponda ao trabalho docente: I. Adquire os equipamentos e recursos materiais específicos necessários. II. Compra sistemas alternativos de comunicação, para os alunos impedidos de comunicação oral, tanto no processo de ensino e aprendizagem como no pro- cesso de avaliação. III. Criar condições físicas, ambientais e materiais para a participação do aluno com necessidades especiais na sala de aula. IV. Favorecer os melhores níveis de comunicação e de interação do aluno com as pessoas com as quais convive na comunidade escolar. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 5. O trabalho do psicopedagogo precisa ser multidisciplinar e de maneira colabora- tiva, com o propósito de prevenir, identificar as dificuldades de aprendizagem do estudante e realizar as intervenções necessárias. Nesse sentido, é muito importante ressaltar que o tripé: escola, família e psicopedagogo. 135 na prática Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que correspon- da ao trabalho do psicopedagogo entre família e escola: I. O psicopedagogo tem como objetivo atuar com a escola e o estudante, porém a sua atuação com a família é apenas na anamnese. II. Ao psicopedagogo, cabe o processo de intervenção, fazendo a articulação entre o sujeito (estudante) e seus objetos de conhecimento. III. O papel do psicopedagogo na relação entre a família e a escola precisa ser de muito diálogo e parceria. IV. O psicopedagogo acompanha constantemente o estudante, fazendo com que o desenvolvimento do seu processo educacional seja muito mais equilibrado. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 136 aprimore-se A INFLUÊNCIA DA PSICOPEDAGOGIA NA PRÁTICA DOCENTE A princípio, a Psicopedagogia destinava-se a cuidar de indivíduos que não se encai- xam no âmbito escolar e eram tratados como doentes. Com o passar dos anos, tal campo do conhecimento passou a preocupar-se com o processo de ensino-apren- dizado e suas mazelas e ainda com os meios de se resolvê-las com a ajuda de várias ciências, psicologia, diversos campos da medicina e pedagogia principalmente. Seu objetivo é a busca por meios de promover a inclusão de uma criança com algum déficit ou transtorno ligado à aprendizagem, tanto no meio social e escolar, e ainda torná-los capazes de alcançarem seus potenciais. Tem-se aí o papel do psico- pedagogo, esse profissional é responsável por identificar e trabalhar na resolução de problemas de aprendizagem. Ele também pode verificar o meio pelo qual um educando aprende, e ainda, utilizar métodos para se resolver esses empecilhos que podem ser de ordem social, familiar e médica. Enquanto ciência, a Psicopedagogia busca entender o processo de ensino apren- dizado a partir de uma concepção interacionista do ser humano com o auxílio de diversas áreas médicas, da psicologia e da pedagogia. Tal concepção entende o homem como ser social, cujo desenvolvimento se dá pela e na sociedade, daí a importância da família e do outro no referido processo. Além do mais, por apresentarem uma complexa dimensão social e cultural, além de diferentes aspectos fisiológicos, como déficits, transtornos e situações relacionados à afetividade, podem interferir no aprendizado. Desse modo, a Psicopedagogia centra-se em analisar o processo de aprendiza- gem, assim como as dificuldades que esse processo pode enfrentar. Portanto, o psicopedagogo pode atuar diagnosticando e tratando esses problemas, assim como buscando preveni-los. No ambiente escolar, em parceria com o professor, ele atua de modo a identificar como os alunos aprendem e os problemas relacionados a essa ação, sugerindo métodos para buscar superá-los. Nas escolas públicas do estado de Goiás, alunos com algum tipo de transtorno ou déficit, mediante laudo médico, possuem o direito de receber o acompanhamen- to de um professor de apoio, um psicopedagogo. Esse atua mediando o processo 137 aprimore-se ensino-aprendizado com o intuito que esses educandos alcancem seus potenciais e sejam inseridos no ambiente escolar e em sociedade. A presença do psicopedagogo é garantida apenas para acompanhar alunos com laudos médico, como dito. No entanto, alguns alunos enfrentam empecilhos de or- dem familiar e cultural no processo educacional, ainda que momentaneamente, e essas dificuldades não garantem o acompanhamento de tais profissionais. Entra aí a importância de professores regentes preparados para lidar com tais situações. Embora essa lida seja complexa e atravancada por problemas sociais e políticos que impedem que um educador tenha condições dignas para atuar profissional- mente, alguns professores conseguem vencer essas barreiras e buscar cursos de formação continuada e de pós-graduação lato sensu com o objetivo de ajudar seus educandos. Esse artigo tem como objetivo analisar como professores com especialização em Psicopedagogia portam-se frente a esses problemas, isto é, se houve ou não uma mudança quanto a sua visão de educação, de aluno e de seu papel no processo de ensino-aprendizado. Para tanto, foi utilizado o método descritivo de pesquisa, a partir da leitura analítica de relatos, feitos por professoras da rede pública estadual de Educação de Goiás, sobre sua prática docente enquanto especialistas em Psico- pedagogia. Fonte: Tiradentes e Ribeiro (2017, p. 58-59). 138 eu recomendo! Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar Autor: Editora: Vozes Sinopse: profissionais da saúde e da educação retratam, neste livro, questões relacionadas ao problema da articulação entre os mecanismos do psiquismo da criança e o bom ou mau desem- penho educacional, sugerindo estratégias para potencializar o desempenho psicomotor da criança e de como trabalhar nos diferentes níveis do aprendizado, principalmente durante o processo de alfabetização, além de orien- tações de como melhorar a relação entre docentes e estudantes. livro Filhos do Silêncio Ano: 1986 Sinopse: James Leeds é um professor enérgico, que chega para lecionar em uma escola para surdos e para deficientes auditivos, na Nova Inglaterra, e ao conhecer Sarah, uma jovem que trabalha como zeladora na mesma escola a incentiva a deixar de lado a sua vida isolada, para aprender a falar em voz alta. Como ela já usa língua de sinais, Sarah resiste. O interesse recíproco se de- senvolve entre ambos, passando a viver juntos, porém suas diferenças colocam um ponto final na relação. No entanto ela e James, mais tarde, encontram uma maneira de resolverem suas diferenças juntos. filme 139 eu recomendo! Em Família - Inclusão do Aluno com Deficiência retrata os direitos das pessoas com deficiência em relação à matrícula no ensino comum das escolas regulares, que é garantido por lei. https://www.youtube.com/watch?v=MhCzSsRe6JE conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=MhCzSsRe6JE 5 PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS INCLUSIVAS: estudo de caso de estudantes da educação básica PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção: deficiência intelectual • A avaliação psicopedagógicapara a consoli- dação da intervenção: deficiência física e múltipla • A avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção: deficiência auditiva • A avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção: deficiência visual. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Estudar a avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção da deficiência intelectual • Estudar a avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção da deficiência física e múlti- pla • Estudar a avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção da deficiência auditiva • Estudar a avaliação psicopedagógica para a consolidação da intervenção da deficiência visual. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), encerraremos, em breve, esse percurso de conhecimento e, para finalizar esta última unidade, você vivenciará uma experiência dife- renciada, a partir de estudos de caso. Estes contemplarão o processo ava- liativo das deficiências estudadas até o momento. O objetivo da unidade é apresentar casos fictícios e verificar o passo a passo realizado pelo psicope- dagogo até chegar no processo interventivo. Cada um dos estudos de caso contará com a participação de uma criança e os diagnósticos propostos. A partir do caso apresentado, você acompanhará quais instrumentos foram utilizados, desde a entrevista inicial, o EOCA, a Anamnese, as Provas Operatórias e, assim, sucessivamente, até chegar ao objetivo principal, que é o de potencializar o aprendizado do sujeito. Além disso, você analisará de que forma as queixas chegaram ao psi- copedagogo. Se a queixa inicial partiu da professora regente, como foi esse relato e quais foram as dificuldades apresentadas. Se a queixa partiu dos pais ou responsáveis, por que buscaram o psicopedagogo e quais são suas maiores inquietações. A finalidade é averiguar como se realizou o diagnós- tico do contexto escolar e social, que envolve o sujeito, e de que maneira o psicopedagogo identifica essas possibilidades. Os resultados indicarão as ações interventivas que o psicopedagogo utilizou e que foram de suma importância para o processo de aprendi- zagem do sujeito avaliado, já que o psicopedagogo é o mediador entre o sujeito e a dificuldade apresentada. Assim, você, caro(a) aluno(a), terá contato com casos práticos, que poderão auxiliá-lo de maneira construtiva e positiva, na construção do processo avaliativo de seus pacientes, para que possa, durante o processo interventivo, identificar competências e habili- dades cognitivas dos estudantes com deficiência. Os estudos de caso, portanto, apresentados, a seguir, são fictícios, com o objetivo de que você, caro(a) aluno(a), compreenda de maneira teórico- -prática o passo a passo para a avaliação psicopedagógica clínica e insti- tucional. Desse modo, serão utilizados como instrumentos para as avalia- ções: a entrevista e o contato com os responsáveis; a entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA); a aplicação de provas Operatórias; a aplicação de técnicas Projetivas; a anamnese; a aplicação de provas de todas INTRODUÇÃO as áreas com segundo sistema de hipótese (se for necessário) e devolutiva bem como a proposta de intervenção. Lembrando que o direcionamento proposto, nesses estudos de caso, foi organizado de maneira sucinta, pois os encaminhamentos reais são muito mais aprofundados e pormenorizados. Essa proposta é, apenas, uma forma de compreender como proceder, mas não é um caminho unilateral, e você terá autonomia e liberdade para seguir conforme o que considerar mais viável. U N IC ES U M A R 143 1 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA A CONSOLIDAÇÃO DA INTERVENÇÃO: deficiência intelectual Estudo de Caso: menino, 12 anos. Lucas (nome fictício) tem 12 anos, apresenta deficiência intelectual, é comunica- tivo e atencioso. Encontra-se matriculado no ensino regular e está alfabetizado. Queixa: dificuldade na leitura e na escrita. 1º Entrevista informal: com os pais/responsáveis e com a escola Os pais procuraram a clínica psicopedagógica, pois a escola apresentou a queixa de que Lucas não está avançando na leitura e na escrita, apesar de ser alfabetizado. Para traçar a visão inicial do que seria apresentado, a psicopedagoga anotou suas impressões em um relatório de acompanhamento. A mãe encontra-se bastante apreensiva e preocupada, pois ela e o marido estão bastante presentes na vida escolar do filho e auxiliam Lucas em todas as atividades e tarefas escolares. Após conversa inicial, a psicopedagoga firmou o compromisso com os pais e explicou como a avaliação psicopedagógica aconteceria, acertaram o melhor horário, a quantidade inicial de sessões e o que seria realizado, em cada uma delas. U N ID A D E 5 144 A psicopedagoga solicitou o contato com a escola para compreender um pouco melhor a respeito do processo de ensino e aprendizagem de Lucas. Ao entrar em contato, foi imediatamente atendida pela professora regente, que marcou um horário para atendê-la. No dia e horário agendado, a psicopedagoga direcionou-se até a escola, sendo recebida pela diretora e coordenadora pedagógica. Foi encaminhada à sala da coordenação e, logo, a professora de Lucas chegou para a conversa inicial. A professora relatou que, apesar de Lucas ser alfabetizado, ele se encontra no quinto ano do Ensino Fundamental (anos iniciais), e a mãe não quer que ele avance para o 6º ano do Ensino Fundamental (anos finais), pois tem receio de que ele não se adapte e de que sofra bullying, seja mal visto ou maltratado pelos colegas de classe por ser diferente. A preocupação é que, apesar de ser alfabetizado, ele ainda escreve com letra bastão, apresenta dificuldade em se organizar de maneira temporal e cronológica. Não produz um texto completo, com começo, meio e fim. Em relação à leitura, é bastante lento e apresenta dificuldade na pronúncia de algumas palavras. Ver- balmente, conta histórias de maneira coesa, mas apresenta muita dificuldade em transcrever o que contou, pois geralmente repete as mesmas palavras e tem muita dificuldade em utilizar as linhas do caderno de maneira coerente, pula li- nhas e folhas e não segue a ordem das palavras e ideias. Apresenta dificuldade na organização espacial e do material escolar, como o caderno e objetos que utiliza diariamente para realizar as atividades e não consegue acompanhar as páginas do livro que está trabalhando. Os colegas de classe gostam do Lucas, e ele interage com todos. Ele se destaca nas apresentações públicas, pois gosta de estar à frente do palco e não se sente intimidado por estar sendo visto, isso reflete nas atividades em que precisa se apresentar, como cantar, dançar, recitar etc. A professora disse que, apesar do desafio de trabalhar com um aluno com deficiência intelectual, ele demonstra interesse e busca sempre realizar o que é proposto, mesmo com suas dificuldades. A psicopedagoga perguntou se na escola havia atendimento educacional especializado e a professora e a psicopedagoga disseram que não há ninguém na escola com formação específica na área da Educação Especial e que não há nenhum atendimento especializado, apenas a boa vontade da professora e da coordenação, que realizam algumas adaptações do conteúdo para o Lucas. U N IC ES U M A R 145 2º Anamnese Após o primeiro contato com os pais, com a escola e profissionais envolvidos no atendimento, a psicopedagoga marcou um novo horário com os pais de Lucas, com o objetivo de realizar a anamnese para identificar alguma questão que possa auxiliar nos próximos passos. Foi visto que o pai é participativo, auxiliando a mãe a responder às questões, principalmente após o nascimento de Lucas. Eles relataram que a gravidez foi bem difícil, e a mãe ficou a maior parte do tempo em casa, pois corria o risco de perder o bebê, e precisava ir, constantemente, ao hospital por se sentir muito mal. Vomitou a gravidez toda e teve dois princípios de aborto. A mãe relatou que, apesar de todo desconforto, nos momentos em que estava bem, ficava com o paido menino, que reformou um quarto e auxiliou na organi- zação para receber Lucas. A mãe relatou que não teve problemas de saúde graves, antes de engravidar de Lucas, e que só se sentiu muito mal durante a gravidez. Relatou que procurou vários especialistas e que, após o diagnóstico de de- ficiência intelectual, ela e o pai buscaram as terapias necessárias, o que auxiliou Lucas em seu processo de alfabetização. Ao entrar na escola, começaram a perceber a sua dificuldade com os con- teúdos mais complexos, porém perceberam que ele conseguia assimilar alguns conteúdos e outros não. Agora, estão apreensivos, pois não querem que ele siga para o 6º ano, já que terá que mudar de escola e, de acordo com o relato da mãe, ele não está preparado para tantas mudanças, além de não ter adquirido as competências necessárias para avançar. 3º Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) Após diálogo inicial com os pais e com a escola, a psicopedagoga recebeu Lucas para a EOCA. Ele chegou acompanhado da mãe, a psicopedagoga se apresentou e o convidou para conversar, na sala dela. Em um primeiro momento, ele não gostou muito da ideia, mas a mãe o convenceu de que seria importante para ele. Com essa justificativa, Lucas entrou na sala bastante tímido, porém observando os espaços ao seu redor. Quando se deparou com um boneco do homem de ferro, U N ID A D E 5 146 Provas operatórias são recursos utilizados para obter um diagnóstico psicopedagógico. Essas provas conseguem avaliar o raciocínio e a construção de conhecimento, além de classificar o nível cognitivo. Fonte: adaptado de Fontes (2017). conceituando logo pediu para a psicopedagoga se poderia pegá-lo. Ao pegar o homem de ferro, começou a narrar partes do filme com falas e gestos. A psicopedagoga continuou o processo de observação, e Lucas, ao ver a caixa lúdica, visualizou alguns gibis com personagens variados e perguntou se não tinha nada referente a super-heróis. A psicopedagoga respondeu que não e iniciou uma conversa com Lucas, que foi respondendo algumas questões. Ao identificar jogos na caixa, começou a empilhá-los e a separar os objetos que representavam a escola. Ao observar esse comportamento, a psicopedagoga propôs uma leitura que foi negada imediatamente. A psicopedagoga começou a escrever o nome de super- -heróis em uma folha com canetinhas coloridas e, logo, Lucas se aproximou dela. Aos poucos, a psicopedagoga percebeu o nível de conhecimento de Lucas, o que o deixava ansioso, quais eram suas potencialidades e seus mecanismos de defesa. Após duas sessões, a psicopedagoga já tinha as informações necessárias para a próxima etapa, que era a aplicação das provas operatórias. 4º Aplicação de provas Operatórias As provas operatórias de Piaget (1973) apresentam três níveis de conduta, sendo elas: não conservativas, intermediárias e conservativas. As sessões foram pré-a- gendadas com o objetivo de aplicar as provas operatórias. Apesar do que ouviu dos pais e da professora, foi necessário aplicar as provas operatórias de conserva- ção, de classificação, de seriação, de espaço e de pensamento formal. As atividades foram adequadas à idade do paciente, com o objetivo de levantar hipóteses para o diagnóstico. Dentre as provas aplicadas, estão: conservação de pequenos con- juntos, de superfície, de quantidade de líquido, de quantidade de matéria, de peso, de volume, de comprimento, de seriação de palitos e de formação de sequência. U N IC ES U M A R 147 5º Aplicação de técnicas Projetivas Para a aplicação da técnica projetiva, a psicopedagoga levou em consideração o nível intelectual apresentado pelo aluno, além de utilizar os três domínios a serem desenvolvidos. A partir das concepções de Visca (2011), utilizou-se, no domínio escola, para as provas: par educativo, eu e meus colegas, planta da sala de aula. Em relação ao domínio educativo, as provas estavam relacionadas a seus co- legas de classe, ao seu vínculo com os colegas, como vê a sala de aula e se situa nela. O objetivo foi investigar o vínculo que Lucas apresenta com a aprendizagem, com os colegas de classe e com a própria sala de aula. Em relação ao domínio família, as provas estiveram relacionadas à planta da casa; aos quatro momentos do dia e ao vínculo familiar. Nesse domínio, o objetivo foi investigar qual a concepção que Lucas apresenta de sua casa; como é o seu dia, desde o levantar até o momento de dormir; além de investigar a relação de Lucas com os membros da família e o vínculo entre essas pessoas, em relação à sua aprendizagem. O último passo foi aplicar a prova ao domínio de consigo mesmo, relacionada à concepção que ele tem de si mesmo e o que ele faz. O objetivo foi investigar como Lucas se enxerga; como ele se vê; o que gosta; como ocupa seu tempo. 6º Provas Pedagógicas A partir das concepções a respeito da comunicação da linguagem escrita de Ferreiro (1999; 2000), aplicaram-se as provas que envolveram nível, categoria e subcategoria, de acordo com o que foi apresentado por Lucas, além de leitura, interpretação e produção de texto. Avaliou-se a predisposição para o desenvolvimento das atividades propos- tas, sua atenção e interesse. Também se observou as escolhas, as regras e a com- preensão do que está realizando. Em relação à avaliação pedagógica, em nível matemático, aplicaram-se as atividades lógico-matemáticas de classificação e de seriação, atividades de adição simples de unidades e dezenas, subtração simples, multiplicação com unidades e divisão simples. U N ID A D E 5 148 7° Devolutiva e proposta de intervenção A avaliação psicopedagógica de Lucas se realizou na clínica, seguindo os passos desse processo. Em primeiro lugar, a psicopedagoga retomou a queixa e, após levantamento de hipóteses, a partir da aplicação das provas, apresentou como resultado da entrevista operativa centrada na aprendizagem que: Lucas focou sua atenção em objetos que gosta e faz parte de sua rotina em casa. Os objetos relacionados à escola o deixaram ansioso e desconfortável, contudo ele apresenta boa oralidade e gosta de falar sobre diversos assuntos. Apresenta um bom nível de observação e de concentração, presta atenção quando falam com ele e é desinibi- do. O mecanismo de defesa em relação aos aspectos relacionados à aprendizagem é o de esquivar-se da proposta de trabalho pedagógico. Em relação ao seu desempenho nas provas operatórias, sentiu-se mais con- fortável por tratar-se do trabalho com o concreto, porém seu desempenho nas provas operatórias encontra-se no nível 2, pois suas respostas apresentam oscilações, insta- bilidade e, em alguns casos, foram incompletas. Além disso, a faixa etária condizente com as respostas, encontra-se na de seis anos, pois consegue compreender seriação e conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos. Já na aplicação das provas projetivas, observou-se que Lucas produziu os desenhos com a mediação da psicopedagoga, com tamanhos grandes em todos os aspectos, demonstrando no domínio escola. A prova colegas de classe apresen- tou: bom vínculo com os colegas e com a aprendizagem, liderança, grande afeto pelo docente. Na prova sala de aula, demonstrou: descontrole e falta de limites adequados, bom vínculo com aprendizagem e com os colegas e ansiedade frente a novas aprendizagens e, na prova que envolve a família, demonstrou carência de modelos que sejam significativos de identificação. Na prova consigo mesmo, percebeu-se: vínculo positivo, flexível com capacidade de acomodação, criativo e capacidade de aprendizagem. Nas provas pedagógicas, demonstrou estar no nível silábico-alfabético e, no nível matemático, consegue classificar, porém apresentou dificuldade na seriação. Realiza soma com unidades, porém se perde nas dezenas. Não realiza multiplicação e divisão, não sabe tabuada. Desse modo, propôs-se que Lucas continue frequentando a psicopedagoga com o objetivo de redimensionar o trabalho pedagógico que está sendo realizado na escola,pois Lucas apresenta condições para estar além do estágio atual, no que diz respeito ao processo de aprendizagem. Desse modo, a psicopedagoga realizará um trabalho de assessoria na escola, pois ela não oferece atendimento educacional especializado. U N IC ES U M A R 149 Estudo de Caso Menino, 9 anos, deficiência múltipla. Gustavo (nome fictício) tem 9 anos, é ativo e bastante alegre e tem duas irmãs. Está matriculado no ensino regular, porém não está alfabetizado e apresenta dificuldades na leitura, escrita e comunicação. Quei- xa: dificuldades na leitura, escrita, na comunicação e no desenvolvimento motor. 1º Entrevista informal: com os pais/responsáveis e com a escola A escola solicitou à psicopedagoga, que faz parte da equipe multidisciplinar da Secretaria Municipal de Educação do Município, o assessoramento de um aluno com paralisia cerebral e deficiência intelectual leve. No dia e horário marcado, a psicopedagoga apresentou-se na escola para conhe- cer o caso de Gustavo, um menino de 9 anos que se encontra matriculado no 2º ano do Ensino Fundamental (anos iniciais), no período da manhã, e frequenta a Sala de Recursos Multifuncionais no contraturno, na mesma escola. 2 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA A CONSOLIDAÇÃO DA INTERVENÇÃO: deficiência física e múltipla U N ID A D E 5 150 Na sala da coordenação pedagógica, reuniram-se a coordenadora, a professora do en- sino regular e a professora da sala de recursos multifuncionais. Após o diálogo inicial, a professora da sala de aula do ensino regular relatou que Gustavo tem autonomia para utilizar o seu material, consegue se organizar, ir ao banheiro e beber água sozinho. A professora relatou que ele apresenta interesse nas atividades, fazendo várias garatujas, como se estivesse realizando as atividades, solicitando sempre que ela avalie o que ele realizou, e pede para ir até o quadro para fazer as atividades, como os colegas. Sempre pede para ela verificar se colocou na página correta do livro. Ele participa das brincadeiras e de todas as atividades propostas na sua turma. A professora relatou, ainda, que a maior dificuldade está no fato de não escrever nenhuma letra, e, por ter a coordenação motora fina comprometida, ele não conse- gue recortar papéis, apesar de pegar a tesoura da maneira correta. Em relação a sua comunicação, ele fala pouco e utiliza gestos, porém nem sempre é compreendido, causando um grande desconforto emocional. Já a professora do atendimento educacional especializado relatou que ele se recusa a utilizar pranchas de comunicação alternativa e, nas atividades que envolvem o estímulo da motricidade, demonstra pouco interesse e desvia a aten- ção para outros objetos na sala. Apresenta um pouco mais de interesse quando trabalha em grupo, com outros alunos. 2º Anamnese Após o primeiro contato com a escola e profissionais envolvidos no atendimento, a psicopedagoga marcou um novo horário com a mãe de Gustavo, pois o pai é falecido, com o objetivo de realizar a anamnese para identificar alguma questão que possa auxiliar nos próximos passos. A mãe é viúva e bastante presente, tanto na escola quanto nos atendimentos mé- dicos. A mãe relatou que Gustavo só começou a andar aos seis anos, após terapia intensiva em um centro de estimulação, além de utilizar medicação específica para a estimulação e o fortalecimento dos músculos. Ela também relatou que ele só começou a falar as primeiras palavras, ao entrar na pré-escola. Ainda, apresenta desequilíbrio ao andar, porém se arrisca e utiliza andador, ainda não pronuncia palavras. U N IC ES U M A R 151 Em relação a sua comunicação, esta é realizada na maior parte do tempo por meio de gestos, que foram desenvolvidos por ele. A mãe e as irmãs, por sua vez, adaptaram-se e responderam, na tentativa de acerto e erro. No entanto se realiza um trabalho em par- ceria, entre a fonoaudióloga, a família e a escola, para estimular ao máximo a oralidade. Sua convivência com as irmãs é tranquila, brinca e interage com elas. Gosta de ouvir músicas e imitar os cantores preferidos, demonstra interesse por tecnologia, como computador e celular. 3º Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) Após diálogo inicial com a mãe e com a escola, a psicopedagoga marcou, no espaço em que atua, na Secretaria Municipal de Educação do Município, para receber Gustavo para a EOCA. Ele chegou acompanhado da mãe, a psicopeda- goga se apresentou e o convidou para conversar, na sala dela. Ele entrou na sala, pois logo se interessou pelos objetos dispostos. Ao entrar na sala, Gustavo foi direto na caixa lúdica, onde encontrou objetos diferenciados e começou a ver os livros de histórias infantis. As imagens coloridas chamaram a sua atenção e, por isso, folheou e observou as imagens. A psicopedagoga continuou o processo de observação e, em um determinado momento, Gustavo pediu por meio de gestos e fala, quase incompreensível, para ela ler. Dessa forma, a psicopedagoga iniciou a leitura e mostrou as imagens, Gustavo ficou atento à história. Após finalizar a leitura, a psicopedagoga solicitou que desenhasse o que quisesse da história contada, e Gustavo prontamente pegou a folha em branco e começou a desenhar. Ao desenhar, a psicopedagoga fez algumas perguntas para Gustavo, que respondeu com a cabeça, fazendo sinal de sim ou não. Aos poucos, a psicopedagoga percebeu o nível de conhecimento de Gustavo; o que o deixava confortável; o que o deixava mais inquieto e quais eram suas poten- cialidades e seus mecanismos de defesa. Após três sessões, já tinha as informações necessárias para a próxima etapa, que era a aplicação das provas operatórias. U N ID A D E 5 152 A entrevista com pais, com a escola, a análise da queixa e a anamnese são instrumentos importantes para o processo avaliativo. Você acredita que a Entrevista Operativa Cen- trada na Aprendizagem é fundamental? Ou será que os instrumentos acima citados são suficientes para traçar todo processo pensando juntos 4º Aplicação de provas Operatórias A psicopedagoga agendou duas sessões para investigar se Gustavo realizaria as provas operatórias. Apesar do que ouviu da professora e, depois, da mãe, foi neces- sário aplicar as provas operatórias, que foram adequadas à idade do paciente. As provas operatórias foram aplicadas com a intervenção direta da psicopedagoga. As provas foram de conservação, de classificação, de seriação, de espaço e de pen- samento formal. Dentre as provas aplicadas, estão: conservação de pequenos con- juntos, de superfície, de quantidade de líquido, de quantidade de matéria, de peso, de volume, de comprimento, de seriação de palitos e de formação de sequência. 5º Aplicação de técnicas Projetivas Para a aplicação da técnica projetiva, a psicopedagoga levou em consideração o comprometimento da coordenação motora fina que o sujeito apresenta, além de utilizar os três domínios a serem desenvolvidos. A partir das concepções de Visca (2011), utilizou-se, no domínio escola, para as provas: par educativo, eu e meus colegas, planta da sala de aula. Em relação ao domínio educativo, as provas estavam relacionadas a: seus colegas de classe, o seu vínculo com os colegas, como vê a sala de aula e se situa nela. O objetivo foi investigar o vínculo que Gustavo apresentava com a apren- dizagem, com os colegas de classe e com a própria sala de aula. Em relação ao domínio família, as provas estiveram relacionadas à planta da casa, aos quatro momentos do dia e ao vínculo familiar. Nesse domínio, o objetivo foi investigar qual a concepção que Gustavo apresenta de sua casa; como é o seu dia, desde o levantar até o momento de dormir; além de investigar a relação de Gustavo com os membros da família e o vínculo entre essas pessoas, em relação à aprendizagem de Gustavo. U N IC ES U M A R 153 O psicopedagogo é uma peça importante no desenvolvimento educacional, emocional, social e psicológico das pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagemou algum tipo de deficiência. É necessário resgatar a funcionalidade de seu papel, tanto na clínica quanto na escola. explorando Ideias O último passo foi aplicar a prova ao domínio de consigo mesmo, relacionado à concepção que ele tem de si mesmo e o que ele faz. O objetivo foi investigar como Gustavo se enxerga, como ele se vê, o que gosta, como ocupa seu tempo. 6º Provas Pedagógicas A partir das concepções a respeito da comunicação da linguagem escrita de Fer- reiro (1999; 2000), aplicaram-se as provas que envolveram a interpretação com gravuras e de acordo com o que foi apresentado por Gustavo. Não foi possível aplicar atividades de leitura e de produção de texto. Em relação ao nível de alfa- betização, foi possível identificar em qual se encontrava. Em relação à avaliação pedagógica, em nível matemático, aplicaram-se as atividades lógico-matemáticas de classificação e de seriação. Ele realizou algumas atividades de adição simples de unidades, com intervenção e associação do con- creto com o abstrato, porém não conseguiu realizar as de dezenas. Desse modo, não foi possível aplicar as atividades de subtração simples, de multiplicação com unidades e de divisão simples. Avaliou-se a predisposição para o desenvolvimento das atividades propostas, sua atenção e interesse. Também se observou as escolhas, as regras e a compreen- são do que se realizou. 7º Devolutiva e proposta de intervenção A avaliação psicopedagógica de Gustavo foi realizada na clínica, seguindo os passos desse processo. Em primeiro lugar, a psicopedagoga retomou a queixa e, após, levantamento de hipóteses, a partir da aplicação das provas, a psicopedago- ga apresentou, como resultado da entrevista operativa centrada na aprendizagem, que Gustavo focou sua atenção em livros com imagens, na leitura pela psicopeda- U N ID A D E 5 154 goga e pelo desenho, que apesar de sua coordenação motora fina ser comprometida, consegue desenhar de maneira bastante primária, porém o deixa muito confortável e tranquilo. Apesar de não apresentar uma boa oralidade, tenta se comunicar por meio do que consegue falar e por gestos. Todas questões que foram feitas de alguma forma responderam. Apresenta um bom nível de observação e de concentração, presta atenção quando fala com ele, é desinibido. Não apresentou mecanismo de defesa em relação aos aspectos relacionados à aprendizagem. Em relação ao seu desempenho nas provas operatórias, sentiu-se mais con- fortável por se tratar do trabalho com o concreto, porém seu desempenho nas provas operatórias encontra-se no nível 1, pois suas respostas não apresentam conservação; não atinge o nível operatório nesse domínio; não conseguiu com- preender seriação e conservação. Já na aplicação das provas projetivas, observou-se que Gustavo produziu os desenhos com a mediação da psicopedagoga, com tamanhos grandes em todos os aspectos, demonstrando no domínio escola. A prova colegas de classe apresentou: bom vínculo com os colegas e com a aprendizagem, liderança, grande afeto pelo docente. Na prova sala de aula, demonstrou: descontrole e falta de limites adequa- dos, bom vínculo com aprendizagem e com os colegas e ansiedade frente a novas aprendizagem e, na prova que envolve a família, demonstrou que os familiares são considerados uma referência para desenvolver e integrar a aprendizagem. Na prova consigo mesmo: vínculo positivo, flexível com capacidade de acomodação, dinamismo, bom uso do tempo. Nas provas pedagógicas, demonstrou estar no nível pré-silábico e, apesar de não escrever, conhece vogais e consoantes e, no nível matemático, consegue classificar, porém apresenta dificuldade na seriação. Realiza soma com unidades até 5 + 5 = 10, desde que seja no concreto, porém não realiza multiplicação e divisão, não sabe tabuada. Desse modo, propôs-se que haja uma articulação das ações entre a professora da sala recursos multifuncionais, professora regente, fonoaudióloga, psicopedagoga e família, para que a sua fala seja potencializada e diminua a comunicação, envol- vendo oralidade e gestos. Ainda, a psicopedagoga estará assessorando a escola para que Gustavo seja alfabetizado, pois foi avaliado que ele apresenta condições para tal. U N IC ES U M A R 155 Estudo de Caso: menina, 12 anos, deficiência audi- tiva. A paciente Júlia foi encaminhada ao psicopedagogo pela fonoaudióloga, pois a ela apresenta muitas dificuldades na leitura e escrita. Está matriculada no 4º ano do Ensino Fundamental (anos iniciais). Queixa: dificuldades na leitura e escrita. 1º Entrevista Informal: com os pais/responsáveis e com a escola Júlia de 12 anos apresenta deficiência auditiva e faz acompanhamento na fonoau- dióloga, que sugeriu e indicou um psicopedagogo aos pais para que ela pudesse passar por uma avaliação psicopedagógica, com o objetivo de intervir, de manei- ra mais específica, nas dificuldades de aprendizagem que Júlia apresenta. Desse modo, a mãe entrou em contato com a psicopedagoga e agendou um horário. Para traçar a visão inicial do que seria apresentado, a psicopedagoga anotou suas impressões em um relatório de acompanhamento. 3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA A CONSOLIDAÇÃO DA INTERVENÇÃO: deficiência auditiva U N ID A D E 5 156 Os pais chegaram juntos ao consultório, no horário agendado, e informaram que a fonoaudióloga, que acompanha o tratamento de Júlia desde o diagnóstico, indicou o acompanhamento do psicopedagogo, pois a menina apresenta bastante dificuldade na leitura e na escrita bem como para identificar algumas letras do alfabeto, dificultando a escrita das palavras. A mãe relatou que Júlia compreende um pouco a linguagem de sinais e se comunica por meio dela. A mãe verbalizou sua preocupação: Júlia já tem 12 anos e, ainda, frequenta o 4º ano do Ensino Fundamental. Apesar de não ter deficiência intelectual, ela não con- seguiu avançar e está muito atrasada no processo da leitura e da escrita, isso dificulta a compreensão de outros conteúdos, pois não consegue formar frases e confunde algumas letras do alfabeto. Por isso, é necessária a intervenção, pois vê a filha crescer sem ter uma compreensão adequada do nível escolar em que se encontra. A mãe relatou, ainda, que a menina já passou por, pelo menos, 5 escolas di- ferentes e que, mesmo buscando outras alternativas, ela não tem apresentado nenhuma melhora nesse aspecto, mas reconhece os objetos, nomeando-os. O pai falou pouco, porém demonstrou preocupação com a formação formal da filha e sua independência. Após essa conversa inicial, a psicopedagoga firmou o compromisso com os pais e explicou como a avaliação psicopedagógica ocorreria, acertaram o melhor horário, a quantidade inicial de sessões e o que seria realizado em cada uma delas. A psicopedagoga, então, solicitou o contato com a escola para compreender um pouco melhor a respeito do processo de ensino e aprendizagem de Júlia. Ao entrar em contato, foi imediatamente atendida pela professora regente, que marcou um horário para atendê-la. No dia e horário agendado, a psicopedagoga direcionou-se até a escola, sendo recebida pela coordenadora pedagógica que iniciou uma conversa com a profis- sional. Após 30 minutos de diálogo, a professora de Júlia chegou e se apresentou. De acordo com o relato da professora regente da turma da Júlia, ela apre- senta uma boa assiduidade e se empenha para realizar e entregar as atividades propostas. Apresenta dificuldade na leitura e na escrita, na composição de frases e interpretação de textos. Além disso, confunde-se com algumas letras do alfa- beto, o que faz com que escreva várias palavras erradas ou incompletas. Ainda, de acordo com o relato da professora, os pais são participativos, acompanham e auxiliam-na nas atividades encaminhadas para casa. U N IC ES U M A R 157 2º Anamnese Após o primeiro contato com os pais e com a escola, a psicopedagoga marcou um novo horário com os pais. O objetivo era realizar a anamnese e identificar alguma questão que pudesseauxiliar nos próximos passos com a Júlia. Os pais são casados, e ela tem dois irmãos mais velhos. A mãe trabalha meio período como copeira em uma empresa e possui o 2º grau completo. O pai é pedreiro e concluiu apenas o 1º grau. Durante a anamnese, os pais compareceram juntos, e a mãe relatou que, desde bebê, Julia chorava muito e descobriu a sua surdez, após passar por vários espe- cialistas. A gravidez não foi planejada, porém ficaram felizes. A mãe relatou que fez o acompanhamento do pré-natal; realizou os exames solicitados pelo obstetra, e a gravidez transcorreu bem, assim como o parto, que foi normal. Após o nascimento, os pais relataram que começaram a perceber que a Júlia não respondia aos estímulos sonoros, não reagia aos ruídos e aos sons à sua volta. Após algumas consultas, levantou-se a hipótese de Transtorno do Espectro Autista. A mãe relatou que não aceitava aquela situação e iniciou uma verdadeira procis- são, indo de especialista em especialista. Após várias tentativas, encontrou um espe- cialista que conseguiu diagnosticá-la com deficiência auditiva bilateral. Após iniciar o tratamento, realizou o implante coclear e seguiu o tratamento indicado no hospital. 3º Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) Após diálogo inicial com os pais e com a escola, a psicopedagoga recebeu Júlia para a EOCA. Ela chegou acompanhada dos pais, e a psicopedagoga solicitou que uma professora, intérprete de libras, acompanhasse a sessão para auxiliar na comunicação. A intérprete se apresentou, apresentou a psicopedagoga e iniciou um diálogo com Júlia. A intérprete a convidou para conversar na sala da psicope- dagoga, mas ela não aceitou imediatamente e só entrou com a intérprete e a mãe. Júlia entrou na sala bastante apreensiva e foi observando os espaços ao seu redor. Ao analisar o espaço e os objetos, viu algumas bonecas, sentou-se no chão e passou a brincar com elas. Depois, viu algumas revistinhas sobre cabelo e ma- U N ID A D E 5 158 quiagem para meninas e ficou folheando. Após alguns segundos folheando, vi- rou-se para a mãe, mostrando a revista e foi fazendo gestos, demonstrando uma comunicação própria. A psicopedagoga continuou o processo de observação e iniciou uma conversa com Júlia, que ignorou a psicopedagoga. Ao ver a caixa lúdica, foi tirando tudo que é relacionado à escrita e empilhou em um canto, sem dar atenção para esse material. Preferiu a tinta e pediu para a mãe se poderia pintar. Pegou uma folha em branco, abriu a tinta e começou a pintar de maneira aleatória, sem definição, apenas, passando o pincel de cima para baixo, de baixo para cima, da esquerda para a direita e da direita para esquerda. Ao observar esse comportamento, a psicopedagoga solicitou que a intérprete propusesse a ela, que desenhasse com o pincel alguma coisa que gostasse. A psi- copedagoga começou a desenhar em uma folha com canetinhas coloridas, mas mesmo assim foi ignorada. A psicopedagoga identificou o nível de ansiedade de Júlia, seu comportamen- to e alguns mecanismos de defesa. Após duas sessões, a psicopedagoga já tinha as informações necessárias para a próxima etapa, a aplicação das provas operatórias. 4º Aplicação de provas Operatórias A psicopedagoga agendou duas sessões para investigar como Júlia realizaria as provas projetivas. Para as sessões, a intérprete de libras acompanhou a aplicação. As provas foram de conservação, de classificação, de seriação, de espaço e de pen- samento formal. Dentre as provas aplicadas, estão: conservação de pequenos con- juntos, de superfície, de quantidade de líquido, de quantidade de matéria, de peso, de volume, de comprimento, de seriação de palitos e de formação de sequência. 5º Aplicação de técnicas Projetivas Para a aplicação da técnica projetiva, a psicopedagoga utilizou os três domínios a serem desenvolvidos. A partir das concepções de Visca (2011), utilizou-se no do- mínio escola para as provas: par educativo, eu e meus colegas, planta da sala de aula. Em relação ao domínio educativo, as provas estavam relacionadas a: seus colegas de classe, o seu vínculo com os colegas e como vê a sala de aula e se situa U N IC ES U M A R 159 nela. O objetivo foi investigar o vínculo que Júlia apresenta com a aprendizagem, com os colegas de classe e com a própria sala de aula. Em relação ao domínio família, as provas estiveram relacionadas à planta da casa, aos quatro momentos do dia e ao vínculo familiar. Nesse domínio, o objetivo foi investigar qual a concepção que Júlia apresenta de sua casa; como é o seu dia, desde o levantar até o momento de dormir; além de investigar a sua relação com os membros da família e o vínculo entre essas pessoas em relação à aprendizagem de Júlia. O último passo foi aplicar a prova ao domínio de consigo mesmo, relacionado à concepção que ela tem de si mesma e o que ela faz. O objetivo foi investigar como Júlia se enxerga, como ela se vê, o que gosta, como ocupa seu tempo, contar como foram as férias. As sessões foram realizadas com o acompanhamento da intérprete de libras. 6º Provas Pedagógicas A partir das concepções a respeito da comunicação da linguagem escrita de Fer- reiro (1999; 2000), aplicaram-se provas que envolveram nível, categoria e subca- tegoria, de acordo com o que foi apresentado por Júlia. Não foi possível aplicar atividades de leitura e de produção de texto. Em relação à avaliação pedagógica, em nível matemático, foram aplicadas atividades lógico-matemáticas de classificação e de seriação. Ela realizou algumas atividades de adição simples de unidades, com intervenção e associação do con- creto com o abstrato, porém não conseguiu realizar as de dezenas. Desse modo, não foi possível aplicar as atividades de subtração simples, de multiplicação com unidades e de divisão simples. 7º Devolutiva e proposta de intervenção A avaliação psicopedagógica de Júlia foi realizada na clínica, seguindo os passos desse processo. Em primeiro lugar, a psicopedagoga retomou a queixa e, após levantamento de hipóteses, a partir da aplicação das provas, a psicopedagoga apresentou, como re- sultado da entrevista operativa centrada na aprendizagem, que Júlia focou sua atenção em revistinhas de cuidados pessoais e em desenho com tinta. Seus desenhos eram U N ID A D E 5 160 apenas rabiscos de tinta e bastante primária, porém ela estava confortável e animada. Apesar de não apresentar oralidade, comunicou-se o tempo todo com a intérprete de libras. Respondeu algumas questões feitas, porém seu foco não estava nas perguntas. Apresenta um bom nível de observação, porém não se concentra por muito tempo, não presta muita atenção quando falam com ela, é desinibida. Apresentou mecanismo de defesa em relação aos aspectos relacionados à aprendizagem. Em relação ao seu desempenho nas provas operatórias, sentiu-se mais confor- tável por tratar-se do trabalho com o concreto, porém seu desempenho nas provas operatórias encontrou-se no nível 2, pois suas respostas apresentaram oscilações, instabilidade e, em alguns casos, foram incompletas. Além disso, a faixa etária con- dizente com as respostas, encontra-se na de seis anos, pois consegue compreender a seriação e conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos. Já na aplicação das provas projetivas, percebeu-se que Júlia produziu os dese- nhos com a mediação da intérprete de libras, com tamanhos pequenos em todos os aspectos, demonstrando no domínio escola. Na prova colegas de classe, não apresentou um bom vínculo com os colegas, sente-se submissa e vítima deles, e a comunicação é superficial. Na prova sala de aula, apresentou restrição ou inibição, vínculo negativo com o espaço geográfico, predisposição a automatização dos conhecimentos e alto nível de ansiedade frente a novas aprendizagens e vínculo negativo com a aprendizagem. Na prova da casa, apresentou inibição em relação ao uso do espaço, sente-se incluída no contexto familiar e segue o modelo de aprendizagem familiar. Na provaconsigo mesma, apresentou vínculo positivo, flexível com capacidade de acomodação, dinamismo, bom uso do tempo. Nas provas pedagógicas, demonstrou estar no nível silábico e, apesar de confundir as letras, conhece as vogais e a maioria das consoantes. No nível matemático, consegue classificar, mas não consegue fazer seriação. Realiza soma com unidades até 10, desde que seja no concreto, porém não realiza multiplicação e divisão, não sabe tabuada. Desse modo, propôs-se que haja uma articulação das ações entre a professora regente, a fonoaudióloga, a psicopedagoga e a família. Porém um ponto importante está no fato de que a escola, por intermédio da Secretaria Municipal de Educação, deve disponibilizar uma intérprete de libras, que faça aulas no contraturno para potencializar a sua comunicação. Além disso, há necessidade de Júlia ter uma pro- fessora intérprete na sala para auxiliar em seu processo de ensino e aprendizagem, pois a sua dificuldade deve-se ao fato de estar entre dois mundos. Desse modo, pre- cisa de mediação específica para que sua aprendizagem seja realizada da maneira correta. Ainda, a psicopedagoga estará assessorando a escola e mediando o processo com os profissionais para que sua aprendizagem seja efetivada. U N IC ES U M A R 161 Estudo de Caso: menina, 7 anos, deficiência visual (baixa visão). Thaís (nome fictício) tem 7 anos, apresenta baixa visão, encontra-se matriculada no 2º ano do Ensino Fundamental (anos iniciais) e não está alfabetizada. Queixa: dificuldade de aprendizagem e atraso em seu desenvolvimento psicomotor. 1º Entrevista informal: com os pais/responsáveis e com a escola A escola entrou em contato com a psicopedagoga da equipe multiprofissional da Secretaria Municipal de Educação, alegando apreensão em relação a uma aluna com deficiência visual, que apresenta dificuldade de aprendizagem e atraso em seu desenvolvimento psicomotor. No dia e horário marcado, a psicopedagoga apresentou-se na escola para conhecer o caso da aluna, que se encontra matri- culada no 2º ano do Ensino Fundamental (anos iniciais), no período da manhã. Na sala da coordenação pedagógica, reuniram-se a coordenadora, a profes- sora do ensino regular e a psicopedagoga. Para traçar a visão inicial do que seria apresentado, a psicopedagoga anotou suas impressões em um relatório de acompanhamento. 4 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA A CONSOLIDAÇÃO DA INTERVENÇÃO: deficiência visual U N ID A D E 5 162 Após o diálogo inicial, a coordenadora relatou preocupação com a aluna Thaís, que apresenta muita ansiedade na sala de aula, e, ao realizar as atividades pro- postas, não se relaciona bem com seus colegas de classe e apresenta muita difi- culdade na orientação espacial. Além disso, a mãe é bastante agitada, não é muito participativa e, sempre, reclama de Thaís. A professora colocou Thaís na primeira carteira, local em que consegue copiar do quadro, porém escreve com dificuldade e muito devagar, já que ainda não está alfabetizada, além disso não consegue se concentrar e está sempre falando muito alto. A criança reclama que os colegas não brincam com ela, porém ela apresenta dificuldade em compreender a intencionalidade da socialização, e suas brinca- deiras, geralmente, são bastante agressivas. 2º Anamnese Após contato com a escola, a psicopedagoga marcou um novo horário com a mãe, com o objetivo de realizar a anamnese para identificar alguma questão que possa auxiliar nos próximos passos com a Thaís. A mãe não compareceu na primeira vez, justificando que não conseguiu estar presente no dia. Foi remarcado um novo dia e ela também não compareceu. Ela só compareceu na terceira vez, chegando 40 minutos atrasada. Após diálogo ini- cial, ela começou a contar que sua gravidez não foi planejada, e o pai da criança a abandonou mesmo antes de Thaís nascer, no entanto sua gravidez foi normal, realizou o pré-natal e teve parto normal. Após o nascimento de Thaís, ela obser- vou um desvio ocular, mas não procurou o médico e só foi perceber que a menina apresentava dificuldade na visão, quando começou a cair constantemente. Após procurar um oftalmologista, a mãe foi informada de que o caso de Thaís seria resolvido por meio de uma intervenção cirúrgica, porém não aceitou o direcio- namento do especialista. Após procurar outros profissionais, um deles apresentou um diagnóstico de alta miopia e início de glaucoma. A recomendação foi a de utilizar óculos, o que a deixou aliviada inicialmente, pelo fato de Thaís não ter que passar por uma cirurgia, contudo ela relatou que percebeu piora e não melhorou com a utilização dos óculos. A mãe relatou também que Thaís foi encaminhada ao neuropediatra, e, após avaliação, constatou-se que não apresentava nenhum indicativo. U N IC ES U M A R 163 O contexto familiar atual é bastante tumultuado, pois o padrasto não se relaciona bem com Thaís, reclamando de seu comportamento. A mãe relatou que, em casa, ela é ansiosa e desorganizada, além de apresentar bastante dificuldade ao brincar com outra criança. 3º Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) Após diálogo inicial com a escola e com a mãe, a psicopedagoga marcou com a mãe para que Thaís fizesse a EOCA na sala dela, na Secretaria Municipal de Educação. Ela chegou acompanhada da mãe, e a psicopedagoga solicitou que a mãe acompanhasse a sessão para auxiliá-la. A psicopedagoga iniciou um diálogo com Thaís e a convidou para conversar em sua sala, aceitando prontamente. Thaís entrou na sala, tateando para se encontrar no local e foi guiada pela psicopedagoga, que colocou a caixa lúdica na frente de Thaís para que ela tateasse os objetos. Ao começar a pegar os objetos da caixa, olhava bem de perto e tentava identificar com as mãos. Pegou o quebra cabeça com formas geométricas para baixa visão e solicitou auxílio da psicopedagoga para colocá-lo no chão. Após al- guns segundos manipulando o quebra-cabeça, começou a montá-lo, procurando os encaixes, tateando e olhando de perto. Ao finalizar, foi até a caixa e encontrou outros objetos com texturas e, a partir da indagação da psicopedagoga, nomeou e tentou acertar os objetos. Isso fez com que Thaís se soltasse, sentindo-se mais confiante a cada objeto que acertava. A psicopedagoga continuou o processo de observação e iniciou uma conversa com Thaís, que pediu para nomear mais objetos. Viu-se que Thaís não apresentava conhecimento específico em braille, mas ela apresentou amplo conhecimento em relação aos objetos dispostos para ela. Pegou uma folha em branco, abriu a tinta e começou a pintar de maneira aleatória, sem definição, apenas, passando o pincel de cima para baixo, de baixo para cima, da esquerda para a direita e da direita para esquerda. Ela se recusou a contar uma história e utilizar qualquer objeto relacionado a sala de aula. Ao se deparar, porém, com o alfabeto em alto relevo, identificou as vogais e algumas letras do alfabeto. U N ID A D E 5 164 A psicopedagoga identificou o nível de ansiedade de Thaís, seu comportamento e alguns mecanismos de defesa. Após duas sessões, a psicopedagoga já tinha as informações necessárias para a próxima etapa, a aplicação das provas operatórias. 4º Aplicação de provas Operatórias A psicopedagoga agendou duas sessões para investigar como Thaís realizaria as provas operatórias. Para as sessões, a mãe não entrou na sala. A provas foram adaptadas e todas estavam em alto relevo. As provas foram de conservação, de classificação, de seriação, de espaço e de pensamento formal. Dentre as provas aplicadas, estão: conservação de pequenos conjuntos, de superfície, de quantida- de de matéria, de peso, de volume, de comprimento, de seriação de palitos e de formação de sequência. 5º Aplicação de técnicas Projetivas Para a aplicação da técnica projetiva, a psicopedagoga utilizou os três domínios a serem desenvolvidos. A partir das concepções de Visca (2011), utilizou-se, no do- mínio escola, para as provas: par educativo, eue meus colegas, planta da sala de aula. Em relação ao domínio educativo, as provas estavam relacionadas a: seus colegas de classe, o seu vínculo com os colegas e como vê a sala de aula e se situa nela. O objetivo foi investigar o vínculo que Thaís apresenta com a aprendizagem, com os colegas de classe e com a própria sala de aula. Em relação ao domínio família, as provas estiveram relacionadas à planta da casa, aos quatro momentos do dia e ao vínculo familiar. Nesse domínio, o objetivo foi investigar qual a concepção que Thaís apresenta de sua casa; como é o seu dia, desde o levantar até o momento de dormir; além de investigar a sua relação com os membros da família e o vínculo entre essas pessoas em relação à aprendizagem de Thaís. O último passo foi aplicar a prova ao domínio de consigo mesmo, relacionado à concepção que ela tem de si mesma e o que ela faz. O objetivo foi investigar como Thaís se enxerga, como ela se vê, o que gosta, como ocupa seu tempo, contar como foram as férias. U N IC ES U M A R 165 Para conhecer um pouco melhor cada domínio, as provas, o que cada uma delas investiga e a faixa etária, leia o artigo disponível no link: https://perio- dicos.utfpr.edu.br/recit/article/view/e-5103 e boa leitura. conecte-se 6º Provas Pedagógicas A partir das concepções a respeito da comunicação da linguagem escrita de Ferreiro (1999; 2000), foram aplicadas provas que envolveram nível, categoria e subcategoria, de acordo com o que foi apresentado por Thaís, além da interpre- tação de texto. Em relação à avaliação pedagógica, em nível matemático, aplicaram-se ati- vidades lógico-matemáticas de classificação e de seriação. Atividades de adição simples de unidades. Não foi possível aplicar as atividades de subtração simples, de multiplicação com unidades e de divisão simples. 7º Devolutiva e proposta de intervenção A avaliação psicopedagógica de Thaís se realizou na sala da Secretaria Municipal de Educação, seguindo os passos desse processo. Em primeiro lugar, a psicope- dagoga retomou a queixa e, após levantamento de hipóteses, a partir da apli- cação das provas, apresentou, como resultado da entrevista operativa centrada na aprendizagem, que Thaís focou sua atenção em objetos de alto relevo. Suas pinturas não apresentaram sentido; conheceu algumas vogais e letras do alfabeto; não apresentou dificuldade na oralidade e se comunicou com a psicopedagoga. Respondeu a todas as questões que foram feitas, mas apresentou um nível grande de ansiedade, não se concentrou por muito tempo. Em relação ao seu desempenho nas provas operatórias, sentiu-se mais confor- tável por se tratar do trabalho com o concreto, porém seu desempenho nas provas operatórias encontra-se no nível 2, pois suas respostas apresentam oscilações, instabilidade e, em alguns casos, foram incompletas. Além disso, a faixa etária condizente com as respostas, encontra-se na de seis anos, pois consegue com- preender a seriação e conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos. U N ID A D E 5 166 Já na aplicação das provas projetivas, observou-se que Thaís não produziu os desenhos, nem com a mediação da psicopedagoga. Nas provas pedagógicas, demonstrou estar no nível pré-silábico e apesar de confundir as letras, conhece as vogais e consoantes e, no nível matemático, realiza soma com unidades até 10, desde que seja no concreto, mas não realiza multipli- cação e divisão, não sabe tabuada. Após avaliação e devolutiva, a intervenção de Thaís precisa seguir alguns dire- cionamentos. Primeiramente, necessita do braille, portanto, é fundamental que a Secretaria Municipal disponibilize uma professora de braille para o contraturno. Os materiais precisam ser adaptados. Foi proposto que haja uma articulação das ações entre a professora regente, a professora de braille, a psicopedagoga e a família. Há necessidade de Thaís ter uma professora braille para adaptar os materiais e auxiliar em seu processo de ensino e aprendizagem, pois a sua dificuldade está no fato de que ela necessita de mediação específica para que sua aprendizagem seja realizada da maneira correta. Ainda, a psicopedagoga estará assessorando a escola e me- diando o processo com os profissionais para que sua aprendizagem seja efetivada. U N IC ES U M A R 167 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a,) estudamos, nesta unidade, Estudos de Caso relacionados às avaliações psicopedagógicas, realizadas a partir das queixas do processo educa- cional da deficiência intelectual; da deficiência física e múltipla; da deficiência auditiva e da deficiência visual. Por meio dos casos fictícios apresentados, foi possível analisar como a avalia- ção do contexto escolar e social se realizou e verificar o passo a passo realizado pelo psicopedagogo até chegar no processo interventivo. Assim, você compreen- deu de maneira lógica e clara alguns procedimentos adotados e em quais indica- tivos ele se pautou para traçar a proposta interventiva. Ainda, acompanhou a necessidade de cada um dos instrumentos utilizados, anali- sou de maneira mais aprofundada os direcionamentos realizados pelo psicopedagogo e suas considerações quanto ao passo a passo proposto em cada uma das avaliações. É importante ressaltar que as propostas avaliativas descritas são, apenas, um caminho a ser seguido e que servirá como base para o início do trabalho que está por vir. Há muitos caminhos, instrumentos e intervenções, porém é importante dar esse primeiro passo para iniciar, a partir de uma base consolidada pela literatura e que poderá auxiliá-lo(a) nessa incrível caminhada de amor, paixão e sucesso. É importante que você, caro(a) aluno(a), continue estudando, pesquisando e indo além do óbvio. Trace suas estratégias, busque novos conhecimentos, seja um profissional com um diferencial, busque sempre a melhor trajetória profissional e o melhor para seus pacientes. Que você possa ter uma carreira de sucesso e que, por meio dos saberes adquiridos, possa produzir novas fontes de conhecimento e que transforme, de maneira positiva, a vida de muitas pessoas. Bom trabalho! 168 na prática 1. Lucas é um menino que tem 12 anos, é comunicativo e atencioso. Ele encontra-se matriculado no ensino regular e está alfabetizado. As queixas foram apresentadas pelos pais que disseram que ele não está avançando na leitura e na escrita, apesar de ser alfabetizado. Partindo desse pressuposto, qual é o papel do psicopedagogo? Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que correspo da ao trabalho que o psicopedagogo deve realizar. I - Entrevista com os pais ou responsáveis. II - Anamnese. III - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem. IV - Contato com a escola e entrevista com o(s) docentes que atuam com o estu- dante. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 2. O processo avaliativo utiliza vários instrumentos, recursos e estratégias. Quando utilizamos o domínio educativo, o familiar e o de consigo mesmo, estamos nos re- ferindo a qual recurso avaliativo? Nesse sentido, assinale a alternativa correta: a) Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem. b) Anamnese. c) Provas Operatórias. d) Técnicas Projetivas. e) Prova Pedagógica. 169 na prática 3. Júlia foi encaminhada ao psicopedagogo pela fonoaudióloga, pois ela apresenta muitas dificuldades na leitura e escrita, que indicou aos pais que Júlia passasse por uma avaliação psicopedagógica com o objetivo de intervir de maneira mais espe- cífica nas dificuldades de aprendizagem que ela apresenta. Nesse sentido, analise as afirmativas, a seguir, e assinale a alternativa que corresponda às dificuldades apresentadas por Júlia. I - Dificuldade em manter contato visual. II - Não consegue desenhar e pintar. III - Dificuldade em formar frases e confunde algumas letras do alfabeto. IV - Escreve palavras erradas ou incompletas. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I,II, III e IV. 4. A respeito das estratégias, recursos e instrumentos utilizados no processo avaliativo pelo psicopedagogo, podemos pensar em alguns deles, como: a Entrevista Opera- tiva Centrada na Aprendizagem; a Provas Operatórias; Técnicas Projetivas e a Prova Pedagógica. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que corres- ponda a cada uma delas. I - A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem é um momento de observa- ção e interação com o sujeito. II - A Prova Operatória envolve uma série de atividades concretas de classificação, de seriação, de espaço e de pensamento formal. III - A Técnica Projetiva envolve alguns domínios em que o sujeito produzirá a partir de suas concepções de cada um desses domínios. 170 na prática IV - A Prova Pedagógica é aquela em que o sujeito realiza atividades escolares adap- tadas ou não, dependendo de sua necessidade e de sua especificidade. É correto o que se afirma em: a) I. b) I e II. c) III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 5. Esse relato: “O contexto familiar atual é bastante tumultuado, pois o padrasto não se relaciona bem com Thaís, reclamando de seu comportamento. A mãe relatou que em casa ela é ansiosa e desorganizada, além de apresentar bastante dificuldade ao brincar com outra criança” encontra-se em que etapa da avaliação? Nesse sentido, assinale a alternativa correta: a) Anamnese. b) Entrevista inicial. c) Prova Pedagógica. d) Técnicas Projetivas. e) Relato docente. 171 conclusão geral Caro (a) aluno (a) Chegamos ao final dessa incrível caminhada de conhecimento. A partir da literatura a respeito da avaliação e da intervenção psicopedagógica clínica e institucional, você estudou a trajetória desse processo, do início ao fim. Nas cinco Unidades foi possível traçar de maneira clara e objetiva a definição do trabalho psicopedagógico no que se refere à avaliação clínica e institucional, bem como pode ocorrer o processo interventivo nesses dois espaços. Foi possível compreender as concepções acerca do desenvolvimento global dos es- tudantes com deficiência, do seu processo de aprendizagem, além de entender que suas características e peculiaridades podem interferir em seu progresso como um todo. Você esteve em contato direto com alguns conceitos importantes a respeito da prática psicopedagógica na educação inclusiva, no Atendimento Educacional Espe- cializado, na organização das adequações curriculares para atender os alunos com deficiência de maneira equitativa. Também estudou sobre a deficiência e acessibilidade, a fim de refletir sobre a criação de novas políticas de promoção à saúde e a educação e, sobre recursos e equipamentos de Tecnologia Assistiva. Ainda, você ampliou sua visão em relação a escola, a inclusão e o trabalho psico- pedagógico, sobre a ação em conjunto entre o professor, o aluno e o psicopedagogo e, sobre a importância da intervenção no lar entre família e escola. Enfim, você caro (a) aluno(a) conheceu alguns casos que foram explicitados de maneira bastante objetiva no que diz respeito à avaliação e intervenção psicopeda- gógica clínica e institucional de algumas deficiências, entre elas está a intelectual; a física e múltipla; a deficiência auditiva e visual. O desejo nesse momento é de missão cumprida e de que você tenha adquirido conhecimento e buscado outras fontes de conhecimento para contrapor os saberes adquiridos, pois o profissional que atua de maneira dialógica e relacional com a educação precisa ser um eterno investigador e inquiridos do conhecimento. Espero que você caro(a) aluno(a), seja um profissional diferenciado e que sua carreira seja de sucesso aonde quer que esteja. Triunfe, conquiste, brilhe. Um forte abraço! 172 aprimore-se ESTUDO DE CASO PSICOPEDAGÓGICO E INTERVENÇÃO ESCOLAR A pesquisa teve início no segundo semestre de 2008 e adotou como objeto de es- tudo uma criança do sexo masculino, aqui denominado de “aluno” 2 nessa época o sujeito ainda cursava a fase dois do ciclo inicial da alfabetização, as expectativas em relação à sua aprendizagem não eram boas, segundo a queixa da professora o aluno “não aprendia”, do ponto de vista da equipe escolar tudo indicava que o edu- cando seria reprovado, pois não apresentava uma aprendizagem satisfatória. Aos oito anos completos o aluno venceu vários obstáculos e foi aprovado para o ciclo complementar do ensino fundamental. Nesse sentido deu-se origem ao processo de investigação, para isso foram reali- zadas entrevistas com a professora regente, diretora da escola e o aluno em um 2. Os nomes da escola onde foi realizada a pesquisa e de todos os participantes foram preservados. No segundo momento também foi realizada uma anamnese com a mãe da criança, essa etapa constitui em ouvir a história da queixa contada pela mãe, o estudo contou também com a colaboração da psicóloga que por sua vez, atendia aluno e sua mãe. A fala angustiada da professora regente ao dizer que um de seus alunos “não aprendia”, deu início às entrevistas, além disso, declarou-se frustrada com a expe- riência de lecionar na fase dois, segundo ela, o aluno selecionado para realização do estudo, “não aprendia, tudo que era ensinado na aula do dia, parecia ter sido aprendido, mas no dia seguinte ele já não se lembra de nada”. A professora deixou claro sua insatisfação em aprovar o aluno para a fase três, pois segundo ela, não po- deria retê-lo e não se sentia bem em aprovar um aluno que “não sabia nada”, nessa perspectiva, expôs de forma clara que não concordava com o sistema de ciclos, res- saltando que o professor perdeu o domínio de sala de aula e ainda pior, não é mais respeitado, diante disso, demonstrou concordar com a reprovação, considerando a retenção do aluno como a solução para vários problemas, principalmente os proble- mas de aprendizagem. Compreendemos que, 173 aprimore-se “ A avaliação do Ciclo Inicial de Alfabetização deve ter como objetivo o conhecimento de cada criança, o acompanhamento de seu desem-penho durante as atividades de aprendizagem e o entendimento de seus avanços e dificuldades em relação aos patamares definidos, ten- do em vista a (re)orientação das atividades de ensino. Nesse sentido, trata - se de uma proposta em que a avaliação assume função diag- nóstica e reguladora do processo ensino – aprendizagem permitindo a implementação da ação educativa com base nas necessidades de aprendizagem dos alunos. (ORIENTAÇÃO SEE nº. 01 DE 05 Fevereiro de 2004, p. 24). Considerando a orientação da Secretaria de Estado da Educação, avaliar não se re- sume a forma mesquinha de aprovar ou reprovar estabelecendo uma divisão entre alunos que alcançaram a expectativa do professor e alunos que não alcançaram, ou seja, avaliar dessa forma seria o mesmo que considerar somente o que Vygotsky chamou de nível de desenvolvimento real. “ Nas escolas, na vida cotidiana e nas pesquisas sobre o desenvolvi-mento infantil, costuma – se avaliar a criança somente neste nível, isto é, supõe-se que somente aquilo que ela é capaz de fazer, sem a colaboração de outros, é que é representante de seu desenvolvimen- to (REGO, 1995, p.73). A orientação do documento quanto à avaliação é para que as escolas busquem diag- nosticar através dela as necessidades do aluno sem eliminá-lo do processo educa- cional e dessa forma direcionar ações educativas capazes de incluí-lo no processo de formação. Na visão interacionista representada por Vygotsky o nível de desen- volvimento potencial deve ser considerado nas avaliações, pois trata-se de um co- nhecimento que está prestes a se tornar real “Este nível é, para Vygotsky, bem mais indicativo de seu desenvolvimento mental do que aquilo que ela consegue fazer sozinha” (REGO, 1995, p. 73). No desenrolar da entrevista, a professora regente relatou que já tentou vários métodos para trabalhar leitura e escrita com esse aluno, mas não conseguiu ne- 174 aprimore-se nhumresultado positivo, acrescentou que solicitou a ajuda da psicóloga e esperava que ela mostrasse um método para trabalhar com o aluno. Ressaltou que, há um tempo trabalhou em conjunto com um psicólogo para ajudar um aluno com pro- blema semelhante o trabalho deu certo, pois após os atendimentos psicológicos realizados com o aluno, o psicólogo orientava a professora sobre como deveria ser realizado o trabalho pedagógico com a criança, a atual psicóloga não adota a mes- ma forma de trabalho e isso deixa a professora “sem uma direção para seguir”. A diretora, também entrevistada relatou que a escola estava precisando de aju- da, pois estavam enfrentando diversos problemas relacionados à aprendizagem dos alunos, desmotivação, falta de interesse, ausência dos pais ou responsáveis na vida escolar dos filhos tudo isso inquietava a direção da escola. “ Não se experimentou para a educação informal nenhuma célula so-cial melhor do que a família. É nela que se forma o caráter. Qual-quer projeto educacional sério depende da participação familiar: em alguns momentos, apenas do incentivo; em outros, de uma partici- pação efetiva no aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valorizar a preocupação com que o filho traz da escola (CHALITA, 2004, p.17). Chalita chama a atenção para a importância da família junto à instituição escolar, a ausência da família dificulta e limita o trabalho realizado pela escola. Segundo a diretora essa é uma situação em que todos da escola em trabalho coletivo tentam mudar. Para Chalita a família é a base para a formação da criança, sem ela a escola corre o risco de não alcançar os objetivos idealizados, sendo assim cabe à família o dever e a obrigação de acompanhar o desenvolvimento dos filhos, visando sempre o seu desempenho e formação. Durante a entrevista, a diretora queixou-se também das dificuldades que a coor- denação escolar estava enfrentando com o período integral, destinado a atender crianças com dificuldades de aprendizagem, em um dia de observação foi possível perceber as limitações ocasionadas pela infra-estrutura do prédio da escola, o mes- mo não oferece nenhuma área verde livre, o espaço usado pelos professores para 175 aprimore-se realizar brincadeiras e jogos é o pequeno pátio, que fica cercado pelas salas de aula, banheiros, cantina e secretaria, o espaço também é usado pelas funcionárias da limpeza e da cantina para secar utensílios domésticos. Além da queixa da escola em relação ao aprendizado do aluno a mãe relatou du- rante a anamnese que o comportamento do menino também lhe estava preocupan- do. Segundo ela, o filho é quieto, calado e chora “sem motivo aparente”, disse que tenta ajudar, pergunta por que está chorando, tenta conversar, mas ele não se abre. A mãe relatou que teve problemas com bebida, foi alcoólatra e já tentou suicídio, fez acompanhamento psicológico e conseguiu se recuperar, mas o ex-companheiro, pai do aluno estudado tem problema com bebida e sempre que vai à escola para tratar de assuntos relacionados ao filho está embriagado, diante disso quem mais participa da vida escolar do filho é a mãe. Em um importante e reconhecido trabalho de Janusz Korczak “Quando eu voltar a ser criança”, o autor relata o sofrimento e a angústia de uma criança, personagem do livro, contando para o amigo o triste fato de ter um pai alcoólatra. “ É uma terrível desgraça ter um pai alcoólatra. Os alcoólatras deve-riam estar proibidos de casar. Depois quem sofre é a mulher e os filhos. Antes do dia de pagamento é sempre aquele medo: será que o pai traz o dinheiro para casa, ou será que vamos passar fome a sema- na inteira? E veja que prazer pode ser esse: quando está bêbado, não sabe o que acontece com ele, e depois que dormir, fica com vergonha e com dor de cabeça... (KORCZAK, 1981, p.74). 176 aprimore-se O autor busca provocar no leitor uma sensibilização capaz de possibilitar aos adul- tos, outra forma de enxergar e valorizar as crianças, dando a devida importância aos seus sentimentos, pois as crianças sofrem com certas atitudes dos pais, nesses casos quase nunca são levadas a sério e acabam se tornando vítimas dos problemas dos próprios pais. Caminhando para o fim das entrevistas, também é importante registrar a cola- boração da psicóloga para a realização do presente estudo, a profissional atende na área de saúde do município e realiza trabalhos em parceria com a educação, atualmente atende o aluno do estudo de caso a pedido da mãe e da escola, os dois pedidos foram justificados com a fala: “o aluno não aprende”, esse relato se restrin- ge à leitura e à escrita, diante dessa fala, a psicóloga chegou a levantar a hipótese de dislexia, mas ressaltou que não foi comprovado. Além disso, a psicóloga destacou a relevância do contexto familiar e social e a sua interferência direta no processo de desenvolvimento do aluno, ou seja, a “não aprendizagem” pode ser ocasionada por um meio social, cultural e familiar desfavorável, nessa perspectiva o seu trabalho envolve, além do aluno, a família e a escola. Fonte: Dias (2009, p. 136). 177 eu recomendo! Estudos de caso em psicopedagogia Autor: Galeara Matos de França Silva Editora: Wak Sinopse: o foco deste livro é o Estudo de Caso como uma estra- tégia que integra, ao mesmo tempo, a forma individual das ma- nifestações da dificuldade de aprendizagem e a forma pessoal e criativa das psicopedagogas atuando, com o objetivo de (re) criar os instrumentos e explorar os elementos necessários no processo prático psicopedagógico. A revisão dos textos foi realizada pela Comissão Científica do Conselho Nacional da ABPp (Gestão 2014 a 2016), que considerou a importância de instigar a produção de trabalhos que pudessem consolidar uma atuação pro- fissional respaldada do ponto de vista teórico, metodológico e ético, contribuindo para a reflexão da prática e formação qualificada de psicopedagogos. livro O começo da vida Ano: 2017 Sinopse: O Começo da Vida é um documentário que mostra a importância dos primeiros anos da vida de uma criança, filma- do em nove países. As entrevistas são realizadas com especia- listas no desenvolvimento infantil e com famílias de inúmeras culturas, etnias e classes sociais, para descobrir que proporcio- nar um ambiente com amor e segurança para as crianças nessa fase é o maior investimento que se pode fazer na humanidade. Fonte: www.ocomecodavida.com.br. filme 178 eu recomendo! Esse vídeo apresenta o passo a passo do trabalho psicopedagógico clínico, por uma psicopedagoga. Vale a pena assistir para contrapor as questões apresentadas por esse material de estudo e que faz parte da formação inicial do psicopedagogo. https://www.youtube.com/watch?v=JQb13qwxRG8 conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=JQb13qwxRG8 INTRODUÇÃOreferências 179 UNIDADE 1 ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSMIV-TR. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. BATISTA, C. G. Formação de conceitos em crianças cegas: questões teóricas e impli- cações educacionais. 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