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AULA 4 ORÇAMENTO E FINANÇAS PÚBLICAS E RESPONSABILIDADE FISCAL Prof.: Luiz Antonio Bronislawski 2 INTRODUÇÃO Aspectos gerais sobre despesas públicas O Estado atua na economia por meio da realização da despesa pública, que envolve grandes desafios na busca de produtividade, eficiência e eficácia para se obter o máximo de resultados com os recursos disponíveis. A execução do orçamento representa um componente muito importante nos mercados, pois os gastos realizados representam um percentual expressivo na demanda agregada por bens e contratação de serviços, contribuindo para a manutenção do emprego e das atividades econômicas de vários setores, ao mesmo tempo que se prestam à manutenção em funcionamento da máquina pública, mediante investimentos em setores em que a presença estatal é importante, como em infraestrutura. Figura 1 – Sinergia brasileira Crédito: Fotopoly/Adobe Stock. TEMA 1 – CONCEITUANDO O QUE É DESPESA DO SETOR PÚBLICO Conforme define o Portal da Transparência do Governo Federal, “Despesa pública é a aplicação do dinheiro arrecadado por meio de impostos ou outras fontes para custear os serviços públicos prestados à sociedade ou para a realização de investimentos.” (Execução, [S.d.]). Já de acordo com João Eudes Bezerra Filho (2013, p. 134), as despesas públicas: Constituem o conjunto dos gastos públicos autorizados por intermédio do orçamento ou de créditos adicionais, destinado a satisfazer as demandas econômico-sociais da sociedade de um Ente Federativo (União, Estados e Municípios), pertencendo ao exercício financeiro da emissão do respectivo empenho. 3 Com base nessas definições, podemos afirmar que as despesas públicas são todos os gastos realizados pelo Poder Público, em âmbito federal, estadual, distrital e municipal, para garantir o bom e pleno funcionamento dos órgãos que compõem a Administração Pública e atender às necessidades do país e da sociedade, realizando investimentos de grande porte para desenvolver a infraestrutura nacional em áreas em que a presença estatal se mostra necessária. Importa destacar que todas as despesas efetuadas pelo Estado somente podem ser realizadas se estiverem autorizadas na Lei Orçamentária Anual (LOA) ou outra lei aprovada pelo Legislativo, exceção feita para as despesas de caráter extraordinário, que têm tratamento diferenciado. 1.1 Classificação das despesas públicas 1.1.1 Despesas orçamentárias e extraorçamentárias As despesas extraorçamentárias não necessitam de autorização legal para pagamento, pois se referem a recursos que pertencem a terceiros, estão transitoriamente na Conta Única do Tesouro e devem ser restituídas a quem de direito assim que as obrigações que as originaram forem atendidas, como cauções e garantias. Já as despesas orçamentárias representam a maioria absoluta dos dispendidos de todas as esferas de governo, constituídos por todos os gastos realizados na execução e cumprimento da LOA. Entre as despesas orçamentárias, existem aquelas que são de caráter obrigatório e as classificadas como despesas discricionárias: • Despesas de natureza obrigatória: aquelas cuja execução é mandatória, ou seja, que o Poder Público não pode deixar de realizar, por determinação da lei, como pagamento de pessoal e recolhimento dos encargos sociais, pagamento de benefícios da previdência social, transferências obrigatórias referentes aos fundos de participação de estados e municípios, pagamento de juros e encargos da dívida pública, de auxílio-maternidade, de auxílio- doença, destinação de percentual mínimo para aplicar na saúde e educação, entre outras. • Despesas de natureza discricionária: gastos que o Executivo tem autonomia para decidir quanto à destinação, respeitando o Plano Plurianual, as diretrizes orçamentárias e a LOA. São destinados à prestação de serviços públicos, modernização de hospitais, construção de 4 escolas, financiamento de pesquisa científica, entre outras modalidades de investimentos que contribuam para o crescimento econômico, tendo como meta o atendimento das prioridades nacionais e regionais. TEMA 2 – DESPESAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS As despesas extraorçamentárias recebem essa denominação porque não integram o orçamento e apresentam a seguinte classificação: • Restituição de depósitos: valores exigidos para empresas que desejam participar de concorrência para realizar uma obra ou prestar algum serviço ao Estado. O edital de concorrência pública estabelece um valor percentual para o vencedor depositar como garantia da operação: 5% do valor do contrato, por exemplo. Esse dinheiro é creditado na conta do Tesouro e, após cumprida a exigência contratual, tem que ser restituído a quem de direito, com registro de baixa da caução exigida. • Liquidação de empréstimo por antecipação de receita orçamentária – ARO: são empréstimos efetuados no sistema financeiro para atender à insuficiência de recursos, em qualquer mês do exercício financeiro, necessários ao cumprimento do orçamento. A obtenção desses recursos tem prazos bem definidos pela legislação, podendo ser iniciada dia 10 de janeiro, devendo esses recursos serem liquidados, obrigatoriamente, até 10 de dezembro do mesmo ano. Essas operações têm amparo legal no art. 7° da Lei n. 4.320/1964 (Brasil, 1964). Como exemplo, vamos supor que, no mês de fevereiro de um determinado exercício financeiro, a arrecadação dos tributos não foi suficiente para pagar todas as despesas de pessoal. Nesse caso, a lei permite a contratação de empréstimo, em um banco, para ser liquidado até 10 de dezembro do mesmo ano. • Devolução de valores consignados em folha de pagamento: quando recebem o seu salário mensal, os servidores podem ter retenções realizadas em folha de pagamento, como empréstimo consignado, contribuição sindical ou a um plano de saúde. Esses valores transitam pela conta do Tesouro, mas não pertencem ao orçamento e devem ser transferidas a quem de direito, como à instituição financeira que bancou o empréstimo, ao sindicato e à empresa prestadora de serviços de saúde. 5 • Restos a pagar: também são classificados como despesas extraorçamentárias. No entanto, por serem recursos que, em exercício financeiro do ano anterior, fizeram parte da LOA, daremos uma abordagem mais detalhada a eles na sequência. TEMA 3 – DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS Despesas orçamentárias são todos os gastos previstos na LOA e que serão destinados de acordo com o cronograma previsto na execução do orçamento. Conforme estabelece a Lei n. 4.320/1964, essas despesas serão classificadas nas seguintes categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capital. A Portaria Interministerial n. 163/2001 dispõe sobre normas gerais de consolidação das contas públicas no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e dá outras providências, classificando as despesas correntes e de capital com a estrutura que veremos a seguir. 3.1 Despesas correntes Despesas correntes são gastos que ocorrem com frequência ou de forma rotineira e não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, pois são necessários para que a Administração Pública funcione todos os dias. Vamos detalhar a seguir as suas modalidades. 3.1.1 Pessoal e encargos sociais A categoria de pessoal e encargos sociais engloba todos os gastos previstos no orçamento para pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionistas dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, suas autarquias, fundações civis, Forças Armadas, em face de quaisquer espécies de vencimentos e todas as vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos de aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. 63.1.2 Juros e encargos da dívida Juros e encargos da dívida constituem despesas previstas no orçamento referentes ao pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. 3.1.3 Outras despesas correntes Outras despesas correntes consistem em despesas orçamentárias com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despesas da categoria econômica despesas correntes não classificáveis nos demais grupos. Vamos analisar com mais detalhes as denominadas subvenções, que significam subsídios, amparos, patrocínios, e que se dividem em duas modalidades: 1. Subvenções econômicas: programa que tem por objetivo incrementar a inovação e a competitividade das empresas com fins lucrativos, universidades, institutos de tecnologia, por meio da aplicação de recursos públicos, reembolsáveis ou não, com a finalidade de compartilhar os altos custos e os riscos inerentes a essas atividades. Exemplos: aquisição de software, treinamento, introdução de inovações tecnológicas no mercado, aquisição de máquinas e equipamentos, produção pioneira. Conforme explica a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, esse “[...] é um instrumento de política de governo largamente utilizado em países desenvolvidos, operado de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio [e] [...] lançado no Brasil em agosto de 2006.” (Subvenção, [20--]). • Subvenções sociais: transferências de recursos para apoiar entidades públicas e privadas sem fins lucrativos, que exerçam atividades de natureza continuada nas áreas de assistência social, saúde e educação. Como exemplo, citamos a destinação de recursos públicos para atendimento das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes), que oferecem educação especializada para os alunos nelas matriculados. 7 3.2 Despesas de capital Despesas de capital são gastos que não ocorrem com frequência ou de forma rotineira e contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Estão relacionados a empreendimentos de maiores proporções e apresentam a subdivisão que veremos a seguir. 3.2.1 Investimentos Investimentos constituem a execução de obras ou projetos que integrem o plano estratégico de um governo, conforme definidos nas diretrizes orçamentárias e autorizados na LOA, com prazos de duração geralmente superiores a um exercício social. A construção de uma estrada ou de uma usina hidrelétrica, por exemplo, é um tipo de empreendimento que demanda alguns anos para se concluir. Nesse sentido, os investimentos contemplam todas as despesas com aquisição de equipamentos, máquinas e materiais, softwares, construção de centro de treinamento, de casas de habitação popular como as do programa Minha Casa Minha Vida, aquisição de equipamentos hospitalares etc. Os investimentos implicam tudo o que é novo e irá contribuir para o crescimento do produto interno bruto (PIB), em todas as esferas de governo, criando riqueza, gerando emprego, renda, consumo de materiais. 3.2.2 Inversões financeiras Inversões financeiras são os gastos realizados com aquisição de imóveis, equipamentos ou bens de capital que não são novos, já estão sendo utilizados, desde que em bom estado de conservação. Por exemplo, ocorrem quando uma prefeitura, necessitando de mais espaço, adquire um prédio que está em desuso para instalar ali uma de suas secretarias municipais. As inversões não contribuem para a criação de riqueza ou o aumento do PIB. Caso os recursos sejam utilizados para a construção de um prédio novo, isso constituirá, por sua vez, um investimento. 3.2.3 Amortização da dívida A amortização da dívida consiste em qualquer despesa com o pagamento ou refinanciamento do principal da dívida pública, interna e externa, incluindo 8 atualização monetária e cambial. Cabe observar que o pagamento de juros é registrado como despesa corrente e somente o pagamento de parcelas do principal constará como despesa de capital. 3.3 Codificação das despesas orçamentárias Conforme o Manual técnico de orçamento: MTO 2022 (Brasil, 2022), as despesas correntes apresentam o desdobramento apresentado na Figura 2. Figura 2 – Despesas correntes Fonte: Brasil, 2022, p. 64. As despesas de capital apresentam desdobramentos como este: 4.4.22.51.00, em que (Brasil, 2022): • 4 – Categoria econômica: despesa de capital • 4 – Grupo de natureza da despesa: investimentos • 22 – Modalidade de aplicação: execução orçamentária delegada à União • 51 – Elemento de despesa: obras e instalações • 00 – Desdobramento facultativo do elemento de despesa (subelemento) 9 Quadro 1 – Código e respectiva categoria econômica CÓDIGO CATEGORIA ECONÔMICA 3 Despesas Correntes 4 Despesas de Capital Fonte: Brasil, 2022, p. 64. • Despesas correntes: as que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. • Despesas de capital: as que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. TEMA 4 – ETAPAS OU ESTÁGIOS DAS DESPESAS Qualquer despesa do setor público somente poderá ser realizada se estiver autorizada em lei. Nesse sentido, o Mcasp: manual de contabilidade aplicada ao setor público (Brasil, 2021) classifica o procedimento em duas etapas: 1. Planejamento: contempla fixação, programação e licitação. • Fixação: fase em que todos os gastos do governo são fixados e aprovados pelo Legislativo, por meio da LOA, com, ainda, a abertura dos créditos adicionais. • Programação orçamentária e financeira: a LOA aprova os gastos para serem realizados durante o período de 12 meses e de modo compatibilizado com o fluxo das receitas. A programação orçamentária e financeira estabelece o cronograma de execução mensal de desembolso. • Licitação: procedimento administrativo que tem por objetivo adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar, ceder bens a terceiros ou fazer concessões de serviços públicos em condições mais vantajosas para o setor público, conforme determina a Constituição Federal de 1988 em seu art. 37, inciso XXI, o que é aplicável a União, estados, Distrito Federal e municípios: [...] ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (Brasil, 1988) 10 2. Execução: estabelecida pela Lei n. 4.320/1964, a fase de execução é dividida em três etapas: empenho, liquidação e pagamento. • Empenho: o art. 58 daquela lei define empenho como: “[...] o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.” (Brasil, 1964). É a primeira etapa da execução e representa um compromisso assumido pelo Poder Público com reter um determinado valor do orçamento disponível para pagamento a uma pessoa física ou uma empresa, referente a serviço prestado ou alguma obra realizada. É criada a obrigação de pagamento da despesa, porém exigível somente após o cumprimento da obrigação assumida pelo fornecedor ou contratado. O procedimento é efetivado por intermédio da emissão de um documento denominado nota de empenho, que conterá todos os dados referentes à operação, como o nome e aespecificação do credor, a unidade orçamentária emitente, a data de emissão, os valores, a assinatura de autoridade pública com alçada para assumir tal responsabilidade (denominada ordenador de despesas) e todos os demais dados necessários ao controle da execução orçamentária. A emissão da nota de empenho confere maior segurança para o fornecedor, pois indica o nome do credor, a importância da despesa e a dedução do valor empenhado do saldo da dotação própria. Além da assinatura do ordenador de despesas, o documento deve conter ainda a assinatura de outro agente público da unidade gestora. A lei proíbe a realização de qualquer despesa sem prévio empenho e determina que o empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos. • Liquidação: segunda etapa da execução da despesa, é quando se verifica que a entidade pública contratante recebeu o produto ou serviço contratado, ou seja, quando se confere que o bem foi entregue corretamente ou que a etapa da obra foi concluída conforme acordado. Segundo o art. 63 da Lei n. 4.320/1964: “A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.” (Brasil, 1964). A verificação tem por objetivo comprovar a origem e o objeto que se deve pagar; o valor exato a ser pago; e o credor ou beneficiário dos recursos. • Pagamento: última etapa, é aquela em que o dinheiro é repassado a quem de direito, após o cumprimento das fases anteriores e conferência de que 11 tudo está sendo entregue conforme acordado. Conforme define o art. 64 da Lei n. 4.320/1964: “A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.” (Brasil, 1964). Figura 3 – As três etapas da execução da despesa pública Fonte: Execução, [S.d.]. TEMA 5 – RESTOS A PAGAR Restos a pagar são valores autorizados na LOA do ano anterior, com prazo de validade até 31 de dezembro de determinado exercício. Quando inicia o exercício financeiro do ano seguinte, em 1º de janeiro, estará vigorando uma nova LOA, respeitando o princípio da anuidade, e aqueles recursos não estarão previstos, constituindo restos a pagar do ano anterior, exigindo muita atenção e seriedade na execução, pois são recursos compromissados. O art. 36 da Lei n. 4.320/1964 considera restos a pagar as despesas empenhadas, mas não pagas, até 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas (Brasil, 1964). 5.1 Restos a pagar processados Restos a pagar processados são todas as despesas empenhadas, liquidadas, não pagas até 31 de dezembro, porém, cujo serviço foi prestado ou cujo material foi entregue pelo fornecedor, conferido e lhe dada a devida conformidade. Nessa condição, não pode haver o cancelamento da despesa, pois já ocorreu a sua liquidação e o sistema inscreve, de forma automática, como 12 receita extraorçamentária do ano seguinte, os restos a pagar processados. Quando ocorrer o pagamento, será considerada, a despesa, como extraorçamentária. Vejamos a situação em que uma despesa efetuada com a aquisição de material de expediente no mês de dezembro de 2020, empenhada e liquidada, com o material entregue e conferido, de acordo com o pedido, porém o pagamento não foi realizado ao fornecedor até 31 de dezembro. Essa despesa será classificada como restos a pagar processados. 5.2 Restos a pagar não processados Restos a pagar não processados são todas as despesas legalmente empenhadas, porém não liquidadas e não pagas até o encerramento do exercício, em 31 de dezembro do mesmo ano. Se ainda não houve a liquidação, isso significa que a prestação do serviço ou o fornecimento do material ainda não cumpriu todas as fases até a data-limite, por falta de tempo hábil ou outro motivo, devendo ser inscrita, manualmente, pelo ordenador de despesas, como restos a pagar não processados. Vejamos o seguinte exemplo: em uma concorrência pública para aquisição de ambulâncias para a rede hospitalar de um município, ocorrida no mês de novembro de 2020, o fornecedor dos veículos precisaria de um prazo para realizar a montagem e efetuar a entrega, o que pode demandar dois ou mais meses, dependendo da quantidade de veículos; ou a entrega ser realizada nos últimos dias do ano, sem tempo hábil para o gestor público verificar se todos os itens estão em conformidade com o edital e fazer a liquidação até 31 de dezembro de 2020. Nessa situação, a operação será classificada como restos a pagar não processados, no último dia do ano. 5.2.1 Prazos para liquidação de restos a pagar não processados De acordo com o Decreto n. 93.872/1986, art. 68, parágrafo 2º: Os restos a pagar inscritos na condição de não processados e que não forem liquidados serão bloqueados pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda em 30 de junho do segundo ano subsequente ao de sua inscrição, e serão mantidos os referidos saldos em conta contábil específica no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – Siafi. (Brasil, 1986, grifos nossos) 13 Considerando isso, os valores inscritos como restos a pagar não processados até 31 de dezembro de 2020, por exemplo, caso não sejam liquidados até 30 de junho de 2022, serão bloqueados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Bloqueio não significa, porém, cancelamento. Logo, poderá ocorrer o desbloqueio dos valores, desde que solicitado pela unidade gestora responsável pelo saldo, até o dia 31 de dezembro de 2022, caso a liquidação ocorra dentro de 1 ano ou até 31 de dezembro de 2023. Caso não haja a solicitação, o empenho será cancelado. O Decreto n. 93.872/1986, em seu art. 68, parágrafo 3º, determina as seguintes exceções: não serão bloqueados os restos a pagar não processados relativos às despesas: • do Ministério da Saúde; • decorrentes de emendas individuais impositivas federais e de iniciativas de bancadas de parlamentares dos estados ou do Distrito Federal. Figura 4 – Pagamentos realizados no ano corrente de 2021 Assim, de acordo com a Figura 4, o valor pago no ano de 2021 foi: R$ 3.738.168.438.128,22; e os restos a pagar dos anos anteriores constituem: R$ 137.810.320.690,83. 14 REFERÊNCIAS BEZERRA FILHO, J. E. Orçamento aplicado ao setor público. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 27 jul. 2022. BRASIL. Decreto n. 93.872, de 23 de dezembro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, 24 dez. 1986. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D93872.htm>. Acesso em: 27 jul. 2022. BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Brasília, 23 mar. 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em: 27 jul. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Tesouro Nacional. Mcasp: manual de contabilidade aplicada ao setor público. Brasília, 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento. Secretaria de Orçamento Federal. Manual técnico de orçamento: MTO 2022. Brasília, 2022. Disponível em: <https://www1.siop.planejamento.gov.br/mto/lib/exe/fetch.php/mto2022:mto2022- atual.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2022. BRASIL. Ministério da Fazenda. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, p. 15-20, 7 maio 2001. Disponível em: <https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento-e- orcamento/orcamento/legislacao-sobre-orcamento/portariainterm1632001.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2022. EXECUÇÃO da despesa pública. Portal da Transparência, [S.d.]. Disponível em: <https://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/execucao-despesa-publica>. Acesso em: 27 jul. 2022. SUBVENÇÃO econômica. Finep, [20--]. Disponível em: <http://www.finep.gov.br/acoes-finep-covid- 15 19/index.php?option=com_content&view=article&id=44:subvencao- economica&catid=122:subvencao-economica&Itemid=250>. Acesso em: 27 jul. 2022.
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