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Fisiologia de Animais Aquáticos 1 🐟 Fisiologia de Animais Aquáticos Prova 1: Respiração, Circulação e Sangue Tópico 1: Introdução à Fisiologia Funcionamento dos sistemas dos organismos de forma integrada + Regulação de todas as funções Conceito de HOMEOSTASE: constância no m,eio interno dos animais e a existência de sistemas regulatórios que mantém essa constância Animais interagem de forma dinâmica com o meio (temperatura, pH, sais) Respostas fisiológicas: variações nos organismos em função das mudanças no meio 1) Conformação: permite que condições internas e externas se igualem Ex.: peixes são conformadores para Temperatura 2) Regulação: meio interno constante frente à variabilidade externa Ex.: peixes são reguladores para sais como Cl (através da osmorregulação) Fisiologia de Animais Aquáticos 2 Exemplos de respostas fisiológicas em resposta ao meio externo Aclimatação/Aclimatização: descrevem ajustes às mudanças num ambiente, sejam metabólicos, bioquímicos ou anatômicos Adaptação: ocorre a nível de espécie-população e de forma lenta; envolve modificações genéticas herdáveis que são irreversíveis Tópico 2: Respiração De forma resumida: captação de O2 e liberação de CO2 através da HEMATOSE; O2 direcionado para a cadeia respiratória na mitocôndria Diferença em ambientes: meio terrestre é rico em O2, enquanto meio aquático é pobre em O2 Transporte de Gases via DIFUSÃO: meio + concentrado para o - concentrado Disponibilidade de gases afetada por: Altitutude: < pressão atmosférica Alta Pressão Parcial do gás - > difusão Alta Temperatura e Salinidade - < difusão Em função dessa diferença entre ambientes, animais aquáticos desenvolveram mecanismos + eficientes para remoção de O2 da água Órgãos respiratórios Pulmões (são invaginações) - podem se associar a outros órgãos em alguns grupos de animais: Ex.: A pele em anfíbios Brânquias (são evaginações) Externas (em salamandras) Internas (em peixes; protegidas por opérculos) Respiração Aquática Fisiologia de Animais Aquáticos 3 Peixes e outros animais aquáticos fazem trocas gasosas através da ventilação das brânquias 1. Movimentação das brânquias pela água: só é viável para animais pequenos 2. Movimentação da água pelas brânquias: a. Bombeamento opercular: movimento combinado de abertura da boca e do opérculo Acúmulo de água na cavidade bucal (expansão com o abaixamento da mandíbula e do assoalho da boca) Água direcionada para o opérculo e posteriormente liberada A pressão na cavidade bucal permanece mais alta qie na cavidade opercular, de forma a gerar um fluxo contínuo de água sobre as brânquias. b. Ventilação forçada (ou RAM) Boca e opérculo são mantidos abertos permanentemente, de forma que a água flui continuamente pelo animal. Movimentos respiratórios (de boca e opérculo) não são detectados. Ex.: Tubarões: não têm opérculos, apenas fendas branquiais; mantêm a boca um pouco aberta e a água flui via cavidade bucal até sair pelas fendas branquiais Atuns: são peixes pelágicos grandes que nadam a velocidade de cruzeiro; não fazem movimentos respiratórios Fisiologia de Animais Aquáticos 4 e dependem de movimentação constante para fazer a respiração Respiração por Ventilação Forçada não é exclusiva de peixes pelágicos grandes Vários peixes conseguem fazer a mudança no tipo de respiração: Fazem bombeamento a velocidades baixas, e caso precisem atingir velocidades mais altas, começam a fazer ventilação forçada A transição ocorre em velocidades em torno de 0,5 a 1 m/s - Acima desta velocidade, os movimentos respiratórios ativos cessam A ventilação branquial não é sem custo após a transição da modalidade respiratória, o trabalho é apenas deslocado O trabalho dos músculos das bombas operculares é transferido para os músculos natatórios do corpo e da cauda O fluxo contínuo durante a Ventilação Forçada é mais econômico do ponto de vista energético que o Bombeamento Opecular ao considerarmos o ritmo necessário para a natação rápida Outras funções das brânquias Osmorregulação: peixes de modo geral fazem balanço de sais e ghases pelas brânquias Alimentação: animais filtradores como mexilhões pegam seus alimentos através das brânquias Trocas gasosas e o fluxo de água Brânquias dependem de uma área de superfície que seja adequada para as trocas gasosas - Relacionado ao tipo de vida do animal Ex.: Cavalas, que são muito ativas, terão áreas branquiais maiores que um Linguado ou um Peixe-sapo, que são animais menos ativos Fisiologia de Animais Aquáticos 5 Fluxo Contracorrente: arranjo que faz com que a corrente de água que flui sobre a brânquia (lamelas branquiais) e o sangue no interior fluam em direções opostas Reduz o custo energético envolvido no bombeamento: apesar de haver gasto energético no bombeamento opercular, o fluxo garante uma extração massiva de oxigênio da água. Quando o sangue sai da lamela branquial, ele entra em contato com a água cujo Oxigênio ainda não foi removido, de forma que o sangue obtenha Oxigênio da água que ainda tem o conteúdo de Oxigênio da água inspirada anteriormente, fazendo assim, com que o conteúdo de oxigênio do sangue atinja o nível mais alto possível À medida que a água corre entre as lamelas ela encontra um o sangue com um conteúdo cada vez mais baixo de oxigênio, de modo que cada vez mais oxigênio é liberado. Tipos de Respiração nos Peixes A respiração pode ser influenciada por condições ambientais Presença de oxigênio na água: através de difusão pela lâmina superficial ou derivado da fotossíntese de fitoplâncton Águas podem ser classificadas em função da [oxigênio] Fisiologia de Animais Aquáticos 6 a. Hiperóxida - 18 mgO2/L b. Normóxida - 7 a 4 mgO2/L c. Hipóxica - 3 a 0,5 mgO2/L d. Anóxica - < 0,5 mgO2/L Ambientes dulcícolas podem passar por todas as fases citadas anteriormente ao longo do dia 12am- Pico da atividade fotossintética > Pico da [oxigênio] 12pm- Consumo de Oxigênio tanto pelos consumidores quanto pelos produtores (ambiente de hipo-anóxicos) 1. Respiração Estritamente Aquática: oxigênio retirado diretamente da água Ex.: Tucunaré, piranha, elasmobrânquios Podem fazer RSA (Respiração de Superfície Aquática): tambaqui, matrinxã e pacu Ocorre em condição de hipoxia (seja no ambiente ou no animal) Fazem expansão do lábio inferior (aiú) para sugar a superfície da água que tem maior [Oxigênio] 2. Respiração Aérea Obrigatória: independente da [Oxigênio] da água, obtém do ar diretamente Ex.: Pirarucu, Piramboia e Poraquê a. Pirarucu (Arapaima gigas): se utiliza da BEXIGA NATATÓRIA para auxiliar na respiração a. Órgão extremamente vascularizado para fazer trocas gasosas b. Liberação de CO2 é feita pelas brânquias - são dependentes da [CO2] no meio b. Piramboia (Lepidosiren paradoxa): Peixe pulmonado - pulmão se assemelha ao dos anfíbios (+ rudimentar) com sistema circulatório semelhante ao dos Répteis Fisiologia de Animais Aquáticos 7 c. Poraquê (Electrophorus electricus): Se utiliza da MUCOSA BUCOFARINGEANA (altamente vascularizada) para fazer trocas gasosas 3. Respiração Aérea Facultativa: em hipoxia, podem vir à superfície para tomar oxigênio Ex.: Siluriformes no geral Fazem trocas gasosas através do ESTÔMAGO ou INTESTINO Respiração em outros animais ANFÍBIOS Adultos: cutânea, bucofaríngea ou pulmonar (simultânea) Girinos (forma larval): respiração branquial Respiração Pulmonada nos Anfíbios Não têm diafragma 1. O ar entra numa bolsa na cavidade bucal 2. Abertura da glote a. Retração elástica pulmonar e compressão da parede torácica reduzem o volume pulmonar b. O ar é forçado para fora dos pulmões pelas narinas 3. Fechamento das narinas a. Elevação da parte ventral da cavidade bucal b. Ar sugado para dentro dos pulmões RÉPTEIS Lagartos: Movimentação das costelas para expansão do tórax + associação com músculos intercostais Quelônios: Membros + músculos abdominaisFisiologia de Animais Aquáticos 8 Crocodilianos: Contração e relaxamento do músculo diafragmático para alteração do volume torácico ANIMAIS MERGULHADORES Golfinhos, baleias, botos, focas, peixe-boi Mergulham por longos períodos e sobem para respirar Apneia de mergulho: Hipoxia durante submersão Estratégia de mergulhadores Reserva de O2 - pulmões, sangue e tecidos Grande quantidade de Hb e Mioglobina O2 liberado preferencialmente para cérebro e pulmão Redução no fluxo sanguíneo para demais tecidos Alguns conseguem fazer metabolismo anaeróbio Redução no débito cardíaco (volume de sangue ejetado) Baixa taxa metabólica em mergulhos prolongados Ex.: Foca Weddel expira antes de mergulhar porque a subida resultaria na formação de bolhas no sangue (Doença de Descompressão) Tópico 3: Circulação Garante o transporte rápido de grande volume para distâncias onde a difusão é inadequada ou lenta Em peixes, o circuito sanguíneo varia conforme a modalidade respiratória do animal em questão Componentes do Sistema Órgão propulsor (coração): faz o bombeamento do sangue Sistema arterial: distribuição do sangue Vasos mais calibrosos que suportam maior pressão após saída do coração Capilares: fazem transferência de material Sistema venoso: garante o retorno para o coração Fisiologia de Animais Aquáticos 9 Vasos Sanguíneos Artérias: Levam sangue do coração para o corpo Possuem maior resistência à pressão e são mais calibrosas Associadas a um tecido muscular mais desenvolvido Veias: Levam sangue do corpo para o coração Menos calibrosas, suportando menor pressão Têm pouca capacidade de distensão Possuem válvulas para auxiliar no retorno venoso Capilares: São mais finos, compostos apenas por tecido epitelial Mediadores de trocas Sistema Linfático: Fazem drenagem de líquidos Retornam para o sistema circulatório Tipos de Circulação - Quanto à presença de vasos e capilares 1. ABERTA O sangue não circula exclusivamente por vasos, podendo “desaguar” em cavidades ou lacunas É presente na maioria dos invertebrados São sistemas de baixa pressão Distribuição de sangue regulada com mais dificuldade Animais com circulação aberta têm baixa capacidade de alterar a velocidade ou a distribuição do fluxo sanguíneo 2. FECHADA Fisiologia de Animais Aquáticos 10 O sangue somente circula por vasos sanguíneos Presente em Equinodermos, Cefalópodes e Vertebrados Sangue equivalendo a 5-10% do volume corporal Sistemas de alta pressão Sangue é transportado diretamente para os órgãos Tipos de Circulação - Quanto à mistura do sangue Sangue arterial (rico em oxigênio) e sangue venoso (rico em CO2) podem misturar-se ou não no interior do coração O coração é modificado nos grupos ao longo da evolução: a morfologia cardíaca tem relação direta quanto à mistura ou não do sangue Circulação INCOMPLETA: Ocore a mistura de sangue Circulação COMPLETA: Não ocorre mistura de sangue Tipos de corações em diferentes grupos animais a. Peixes: Circulação completa; coração apenas com sangue VENOSO; coração com 2 câmaras b. Anfíbios: Circulação incompleta; coração com 3 câmaras Fisiologia de Animais Aquáticos 11 c. Répteis não crocodilianos: Circulação Incompleta; coração com 3 câmaras d. Répteis crocodilianos e Mamíferos: Circulação completa; coração com 4 câmaras Fisiologia de Animais Aquáticos 12 Tipo de Circulação - Quanto ao número de vezes que o sangue passa no coração 1. SIMPLES: o sangue passa 1 vez pelo coração Ocorre em animais que têm respiração branquial como peixes e girinos 2. DUPLA: sangue passa 2 vezes pelo coração Ocorre em animais que respiram por pulmões como anfíbios, répteis, aves e mamíferos Fisiologia de Animais Aquáticos 13 Coração dos Peixes Tem uma cavidade venosa que fornece sangue para encher o átrio Átrio + Ventrículo (2 cãmaras em série) Estruturas de proteção que evitam dano por pressão nas brânquias Bulbo arterial: “+ mole” e elástico, com capacidade de dilatar; derivado da parte muscular espessada da aorta ventral - Acontece em teleósteos Cone arterial: fibroso e rígido, equipado com válvulas para evitar fluxo sanguíneo reverso para o interior do ventrículo; derivado do músculo cardíaco - Acontece em elasmobrânquios Fisiologia de Animais Aquáticos 14 Circuito Sanguíneo em Peixes ESTRITAMENTE AQUÁTICOS (Tambaqui) PULMONADOS (Piramboia) Fisiologia de Animais Aquáticos 15 Possuem brânquias sem lamelas que funcionam apenas como condutoras de sangue para o corpo - garantem fluxo para a circulação sistêmica Possuem um septo que divide as câmaras do coração AÉREOS OBRIGATÓRIOS (Poraquê) Brânquias não têm participação importante Trocas gasosas são mediadas apenas pela mucosa bucal Fisiologia de Animais Aquáticos 16 AÉREOS FACULTATIVOS (Symbranchus marmoratus) Altera a forma pela qual oxigena o sangue (Brânquias ou boca) em função da disponibilidade de O2 Circuito Sanguíneo em Anfíbios Contribuição da pele nas trocas gasosas 2 átrios completamente divididos + 1 ventrículo Esquerdo recebe sague rico em O2 vindo dos pulmões Direito recebe sangue parcialmente oxigenado vindo da pele e tecidos VENTRÍCULO: mantém circulações separadas - Sangue oxigenado para a circulação sistêmica e parcialmente oxigenado para a circulação pulmocutânea Circuito Sanguíneo em Répteis NÃO CROCODILIANOS Circulação dupla bem desenvolvida Átrios completamente divididos e Ventrículos com divisão parcial CROCODILIANOS Fisiologia de Animais Aquáticos 17 Coração em 4 câmaras 2 aortas para um lado e 1 para o outro Alternação entre válvulas durante submersão e emersão - Mediante aumento da pressão pulmonar ocorre a abertura de válvulas Forâmen de Panizza: permite a comunicação entre as aortas que direcionam sangue para o corpo Circuito Sanguíneo em Mamíferos Circulação Fechada, Completa e Dupla 4 câmaras VD direciona para pulmões VE direciona para o corpo Possui válvulas para regular o fluxo retrógrado Ciclo Cardíaco São os eventos que ocorrem do início de um batimento cardíaco até o batimento seguinte Inicia-se com um período de relaxamento (DIÁSTOLE), durante o qual o sangue se enche de sangue, seguido por um período de contração (SÍSTOLE) Frequência e Débito Cardíacos e Retorno Venoso 1. FC: quantidade de ciclos ou batimentos por minuto 2. DC (Q): é o volume de sangue bombeado pelo coração por minuto O débito é determinado a partir do produto entre o volume expelido e a frequência cardíaca O débito cardíaco pode aumentar durante atividade física Pode ser afetado por: Adrenalina ( aumento da FC e consecutivamente do DC) Temperatura: aumento de T implica em aumento na taxa metabólica e consecutivamente na demanda de O2 > aumento da FC e Fisiologia de Animais Aquáticos 18 consecutivamente no DC Disponibilidade de O2: redução na [O2] aumenta a FC e consecutivamente aumenta o DC Efeitos nervosos Estímulos simpáticos: aumentam FC e DC Estímulos parassimpáticos; reduzem FC e DC 3. Retorno Venoso: é a volta do sangue pelo interior das veias (que fazem menos pressão) Alguns grupos possuem válvulas nas veias para reduzir o retorno venoso Tópico 4: Sangue Principais funções do sangue: Transporte de nutrientes absorvidos pelo trato GTI para o corpo Transporte de excretas celulares ou de órgãos onde são formados para os órgãos excretores Regulação da temperatura corpórea (para endotérmicos) Defesa contra patógenos, permitindo a ação de processos celulares e imunológicos por todo o organismo, além da coagulação sanguínea Transporte de hormônios e produtos metabólicos para o corpo Transporte de gases: O2 dos órgãos respiratórios para tecidos e CO2 no sentido contrário Sangue tem duas fases (que podem ser separadas por centrfiugação) Líquida: plasma - 90% é água + proteínas, hormônios e sais Sólida: hemácias, leucócitos e plaquetas Leucócitos Neutrófilos: são fagócitos e participam em resposta imunológicaFisiologia de Animais Aquáticos 19 Eosinófilos: raros; presentes em reações alérgicas; possui compostos citotóxicos que matam parasitas Basófilos: se acumulam em locais de infecção e inflamação; também liberam substâncias citotóxicas Monócitos > Macrófagos: fagócitos principais de patógenos ou debris celulares Linfócitos (possuem memória) B - atuam produzindo anticorpos Th - ativação e recrutamento celular Tc - tem ação citotóxica Pigmentos Respiratórios Têm afinidade variável dependendo do local: alta afinidade nos órgãos de troca (para captar O2 com mais eficiência) e baixa afinidade nos demais tecidos (para liberar O2 mais eficientemente) São proteínas que podem conter metais como Fe ou Cu Transporte de O2: Invertebrados: dissolvido no sangue ou hemolinfa em solução simples (contém uma pequena quantidade) Vertebrados: 0,2 mL/100mL de sangue dissolvidos na solução 20 mL/100mL de sangue combinado a pigmentos Principais pigmentos: Hb ,Clorocruorina, Hemeritrin, Hemocianina VERTEBRADOS Hb: a. Proteína tetramérica que contém um grupamento Heme b. Sangue com Hb-O2 tem coloração vermelho viva, enquanto sangue com deoxi-Hb tem coloração vermelho azulada c. O2 se associa ao Fe do grupamento Heme Fisiologia de Animais Aquáticos 20 Doença do Sangue Marrom: contaminação de águas com NO3 faz com que a Hemoglobina seja mantida no estado oxidado; o sangue “enferruja” Mioglobina: a. Variação presente nos músculos b. Tem apenas 1 cadeia: tem função de armazenar O2 Hemácias (Eritrócitos) Nucleadas: em vertebrados (peixes, anfíbios, répteis e aves) Alguns peixes de regiões antárticas não possuem hemácias Anucleadas: em mamíferos Transporte de Gases O2 se liga no Fe do grupo Heme; CO2 se liga no grupo NH3 livre: não há competição pelo sítio CO se liga no Fe da Hb - competição pelo sítio com O2 CO2 no sangue é transportado: Dissolvido (7%) Carbaminoemoglobina (Hb-CO2) (23%) Ácido Carbônico (H2CO3) Íons bicarbonato (HCO3-) (70%) Curva de Equilíbrio Hb-O2 normal A curva não é uma reta porque a Hb tem um limite de saturação O ponto de saturação nunca é 100% (97-99%): órgãos de troca consomem uma pequena parcela P50 = PO2 em que a Hb está saturada em 50% com O2 Quandop precisamos de +O2 para atingir P50: baixa afinidade Fisiologia de Animais Aquáticos 21 Fatores que influenciam a ligação Hb-O2 Fisiologia de Animais Aquáticos 22 1. Temperatura Temperaturas mais elevadas enfraquecem a a ligação Hb-O2, consequentemente: Liberação de O2 pela Hb ocorre mais rapidamente Ex.: maiores temperaturas são acompanhadas de altas taxas metabólicas, o que implica em maior consumo de O2 (o que responde a alta taxa de liberação) 2. pH e Co2 O aumento de CO2 e outros ácidos reduz o pH e desloca a curva de dissociação para a direita (implica em maior liberação de O2) Efeito Bohr: altas [CO2] causam maior liberação de O2 Facilita a liberação de O2 para os tecidos Nos capilares sanguíneos: a Hb libera uma quantidade maior de O2 à medida que o CO2 (derivado de metabolismo) entra no sangue O efeito do CO2 sobre a Hb-O2 não decorre exclusivamente do efeito que gera sobre o pH: se o pH for tamponado, CO2 ainda vai gerar efeito sobre a curva e direcioná-la para a direita O efeito se dá pelo fato de o CO2 se ligar a um grupamento NH3 na Hb, agindo como um modulador e diminuindo a afinidade da Hb para com o O2 O efeito do ácido sobre Hb-O2 é muito mais pronunciado em alguns peixes Efeito Root: a Hb não se satura de O2 mesmo a uma alta PO2 em função do baixo pH Peixes se utilizam do Efeito Root para encher suas bexigas natatórias de O2 Classificação dos Peixes quanto à Bexiga Natatória 1. Fisóstomos: são capazes de encher suas bexigas natatórias “engolindo” ar Fisiologia de Animais Aquáticos 23 Bexiga é ligada ao estômago pelo ducto pneumático 2. Fisóclistos: a bexiga não tem ligação com o estômago Enchimento da Bexiga Natatória ocorre por Efeito Root Glândula de Gás produz ácidos que baixam o pH de forma que a Hb descarrega todo O2 na bexiga Esvaziamento: a anela oval detecta a alteração no pH: Músculos constritores relaxam Aumento no pH aumenta a captação de O2 no sangue Peixes fisóclitos têm 2 tipos de Hb 1 Hb extremamente sensível a pH - permite que o Efeito Root aconteça Na presença de uma alta [CO2], esta não se combina ao O2 1 que não tem sensibilidade a pH Fisiologia de Animais Aquáticos 24 Isso permite que mesmo com a alta [CO2], a curva de dissociação seja normal 3. Fosfatos Orgânicos Aumento da [P] - redução na afinidade Hb-O2 A função do eritrócito no transporte de gases está intimamente relacionada às atividades metabólicas da própria célula Metabolismo ativo de CH: é essencial à viabilidade celular e regula a concentração intracelular de íons Altas [ATP] e [2,3-BPG] Principais P nos peixes 1. ATP e GTP - são moduladores + fracos 2. 2,3-BPG - Pterygoplichtys sp. e Hoplosternum littorale 3. IPP (Inositol PentaP) - Arapaima gigas > Dependem de moduladores + fortes por fazerem respiração aérea 4. IP2 (Inositol DiP) - Liposarcus pardalis Efeitos Ambientais que influenciam o Transporte de O2 HIPOXIA: baixa [O2] no ambiente Mudanças comportamentais (para evitar hipoxia) Mudança na posição da coluna d’água (subir) Migração lateral (ex.: lago para rio) Adaptações Morfológicas RSA Respiração aérea facultativa Ajustes Cardiorrespiratórios Baixa no metabolismo para consumir menos O2 Aumento na taxa de ventilação branquial Bradicardia Ajustes Hematológicos Fisiologia de Animais Aquáticos 25 Aumento no Hematócrito: maior volume de células vermelhas Aumento na afinidade da Hb pela redução de NTP HIPERCAPNIA: aumento na [CO2] no ambiente Redução na afinidade de Hb-O2 Respostas similares à Hipoxia Baixa liberação de CO2 em função da alta [CO2] Acidose Presença de Efeitos Bohr e Root nas brânquias