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ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA – VET360 -Alterações cadavéricas são alterações que ocorrem após o óbito. É importante distinguir essas alterações de lesões produzidas em vida para evitar interpretações errôneas durante a necropsia e histopatologia. -Investigações forenses: alterações pós mortais auxiliam a estimar a hora da morte. -Avaliação entomológica também é importante para a estimativa da hora da morte, ou seja, de acordo com o gênero de insetos presentes no cadáver – existem insetos que chegam primeiro ou depois, além da presença ou não de larvas e sua respectiva fase de desenvolvimento. -Alteração pós morte; -Não-lesão: ocorre em situações particulares de uma espécie quando não há um contato tão íntimo durante a necrópsia. Um processo proliferativo pode ser erroneamente interpretado como uma lesão, apesar de ser somente uma estrutura anatômica natural. -Artefatos: alterações feitas pelo profissional no cadáver durante a necrópsia. -Lesões de pouco significado: que não contribuem para o quadro clínico do animal, sendo consideradas achados incidentais de necrópsia, como a antracose. -Alterações pós mortais podem ser classificadas em: • Pós morte abióticas: não modifica o aspecto geral do cadáver. o Imediatas: morte somática (clínica); o Mediatas/ consecutivas: rigor mortis, por exemplo, que se deve ao consumo do ATP ou glicose ainda disponível. Começa a ocorrer após a morte do animal e desaparece com o passar do tempo. • Alterações pós morte bióticas ou transformativas: modificam o aspecto geral do cadáver e dificultam interpretação dos achados macroscópicos. -Imediatas: animal perde sensibilidade, são as alterações óbvias. -Mediatas: sem alteração morfológica muito evidente, como o algor mortis (perda de temperatura). Rigor mortis e Livor mortis também são exemplos. Esse último conceito se refere a hipóstase cadavérica, ou seja, há alteração da cor da carcaça ou de alguns órgãos do animal (posição de decúbito faz o sangue se deslocar por gravidade), muito visto em órgãos duplos, como o pulmão. Além disso, a coagulação sanguínea também é exemplo de alteração biótica mediata. Livor mortis em suíno devido à gradeamento. -Coágulo cruórico: sangue solidificado com a parada do fluxo sanguíneo; -Coágulo lardáceo: relacionado com a coloração, mais amarelado. Apesar de ser alteração pós morte, pode ser relevante em quadros anêmicos. Exceção: nos equinos é bastante comum ser encontrado porque possuem sedimentação mais rápida e completa do sangue. -Coágulo misto: presenta dos dois tipos de coágulo acima. *Trombo: seco e friável, com aspecto mais áspero, intimamente aderido à parede do vaso ou câmara cardíaca. O coágulo sai facilmente da parede do vaso. Coágulo lardáceo. -São fenômenos que modificam aspectos da carcaça. Também está relacionada com a causa da morte do animal. -Autólise: processo de o próprio organismo começar a degradar. Estruturas enzimáticas liberadas degradam tecidos, dos quais alguns são mais susceptíveis, como o sistema nervoso central e células epiteliais. Além da autólise, bactérias da microbiota intestinal também atuam nesse processo. -Putrefação: metabolismo bacteriano aumentado e começando a putrefazer a carcaça. Um animal que morre de quadro séptico putrefaz mais rápido pela presença de microrganismos em outras locais do corpo que não o intestino. -Pseudomelanose: bactérias intestinais produzem alguns gases (ácido sulfídrico) que começam a reagir com o ferro da hemoglobina, dando uma pigmentação mais escura (às vezes esverdeada). É uma indicação do início do processo de putrefação. Pseudomelanose gastroduodenal. -Enfisema post mortem: também relacionado a bactérias, dependendo do seu gênero. Se for bactérias do gênero Clostridium, elas começam a produzir gás que pode ser palpado na musculatura do animal. Ou seja, enfisema é o aparecimento de pequenas bolhas gasosas no tecido conjuntivo subcutâneo. -Timpanismo post mortem: se assemelha a condição de enfisema, sendo restrita à microbiota intestinal. É uma distensão por gases que ocorre nas cavidades gastrointestinais e é responsável pelo crescimento do abdômen e abertura dos membros. Timpanismo post mortem em bovinos. Obs.: existe uma patologia em equinos denominada timpanismo (antes de morte), onde há alteração circulatória, mas tendo dilatação intestinal por produção de gás, dificultando a circulação adjacente, evidenciada pela palidez da mucosa. Quando não há alteração circulatória, é post mortem. -Impregnação pela bile e hemoglobina: alterações de coloração. A primeira vai ocorrer próxima à vesícula biliar, tendo uma coloração mais esverdeada ou amarelada. A segunda é mais visível em túnica íntima de vasos e, com o passar do tempo, estruturas serosas também passam a ter essa coloração mais avermelhada. -Isso ocorre porque, com a autólise, a vesícula biliar não consegue reter seu conteúdo, ocorrendo a difusão dos pigmentos para os tecidos. -Deslocamento de vísceras: para identificar em que momento ocorreu, procurar alterações circulatórias. Deslocamento de vísceras. -Maceração da mucosa digestiva: visto muito em ruminantes, relacionado ao processo de putrefação e autólise. Maceração da mucosa digestiva. -Pseudoprolapso: com a alteração pós mortal e rigor mortis, estruturas podem ser empurradas. Ocorre exteriorização da ampola retal por consequência da grande quantidade de gás. Não ocorrem alterações circulatórias.
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