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Simpósio de Geologia do Espinhaço Cooperação Brasil Alemanha 50 anos 50 anos 50 anos Diamantina - MG, setembro de 2015 CADERNO DE RESUMOS EDITORIAL Prezados leitores, É com prazer que apresentamos, neste Caderno de Resumos, as contribuições científicas apresentadas ao Simpósio de Geologia do Espinhaço 2015, evento que comemorou os 50 anos de cooperação científica entre o Brasil e a Alemanha na área de Geologia. A ideia do evento surgiu durante o Congresso Brasileiro de Geoquímica realizado em outubro de 2013, nas dependências da Casa da Glória, em Diamantina, quando profissionais de diversas instituições expressaram a ideia de prestar uma justa homenagem ao Centro de Geologia Eschwege e ao seu fundador, o professor Reinhard Pflug. O Simpósio de Geologia do Espinhaço pretendeu ser, antes de tudo, uma celebração histórica dos grandes avanços nas áreas de geologia e educação realizados pelo Centro de Geologia Eschwege através dos diversos profissionais que ali trabalharam. Além disso, buscou-se proporcionar, através deste evento, uma oportunidade para a apresentação de novas pesquisas realizadas no âmbito da Serra do Espinhaço. Nesta primeira edição, o evento foi realizado no período de 24 a 26 de setembro, e contou com palestras, trabalhos de campo e apresentação de pôsteres, além de atividades culturais e artísticas. Espera-se que, com eventuais edições futuras, consiga-se estabelecer um conclave periódico, em que geocientistas das mais diversas áreas possam se encontrar para debater e aproveitar as maravilhas naturais da Serra do Espinhaço. Matheus Kuchenbecker e Luiz Guilherme Knauer Comissão Científica do SGE 2015 SUMÁRIO Fragoso et al. – A CAPACITAÇÃO EM ESTRATIGRAFIA DE ALTA RESOLUÇÃO É POSSÍVEL EM ROCHAS PROTEROZÓICAS? O EXEMPLO DA ESCOLA DE CAMPO NO SUPERGRUPO ESPINHAÇO DA CHAPADA DIAMANTINA (BA).....................................................................................................4 Knauer et al – QUANTIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO EM ROCHAS METASSEDIMENTARES DA FOLHA DIAMANTINA (SE23.Z-A-III)..................................................................................................6 Chaves – LITOTIPOS DO COMPLEXO DE GOUVEIA (MG) E SUAS IDADES........................................8 Fonseca et al. – CÓRREGO DO FOGO EMERALD DEPOSIT: A POSSIBLE NORTHWARD EXTENSION OF THE EMERALD BELT IN MINAS GERAIS…………………………………………………………………………………10 Nascimento et al – CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO CARAÇA, QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MG)...................................................................................12 Nascimento et al – DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEIXE, ITABIRA (MG)................................................................................14 Braga et al. – CARACTERIZAÇÃO DE QUARTZO- MICA XISTOS ORTODERIVADOS NA REGIÃO DE PEDRO PEREIRA, MINAS GERAIS....................................................................................................16 Araújo et al. – AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁGUA SUPERFICIAL DO CÓRREGO QUATRO VINTÉNS NO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA – MG...........................................................18 Sgarbi & Guimarães – PETROLOGIA E PALEOCLIMATOLOGIA DA FORMAÇÃO GALHO DO MIGUEL, SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL NA REGIÃO DE DIAMANTINA..............................................20 Lopes & Leão – SERRA DO ESPINHAÇO: PROPOSTA DE DIVULGAÇÃO DAS GEOCIÊNCIAS PARA O ENSINO MÉDIO..............................................................................................................................22 Rodrigues et al. – GEOLOGIA E POTENCIAL GEOTURÍSTICO DA TRAVESSIA LAPINHA DA SERRA – TABULEIRO, SERRA DO CIPÓ (ESPINHAÇO MERIDIONAL), MINAS GERAIS....................................24 Costa et al. – ANÁLISE DA PAISAGEM CÁRSTICA NÃO CARBONÁTICA: ESTUDO DE CASO DAS GRUTAS DO DISTRITO DE EXTRAÇÃO, DIAMANTINA- MG.............................................................26 Silva & Silva – MAPEAMENTO GEOLÓGICO NA ESCALA DE 1:25.000 DA REGIÃO DE TABULEIRO, MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO, MG....................................................................28 Pereira et al. – MAPEAMENTO GEOLÓGICO EM ESCALA 1:50.000 DA FOLHA VARGEM GRANDE DO RIO PARDO – MG.....................................................................................................................30 Tupinambá & Silva – POSSIBILIDADES METALOGENÉTICAS EM ROCHAS METABÁSICAS DA SUITE PEDRO LESSA NOS ARREDORES DE SERRO (MG)...........................................................................32 Hagedorn et al. – JAZIDA DE FERRO DE PORTEIRINHA (MG) REAVALIAÇÃO E SUGESTÃO DE REPOSICIONAMENTO ESTRATIGRÁFICO........................................................................................34 Ramos et al. – MAPEAMENTO GEOLÓGICO NA ESCALA 1:25.000 DA ÁREA NORTE DA SERRA DA MATRICULADA, DATAS – MG.........................................................................................................36 Sena & Duarte – CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOTURÍSTICA DA REGIÃO DE CARDEAL MOTA, SERRA DO CIPÓ, MG..........................................................................................................38 Reis et al. – ASPECTOS QUALITATIVOS DA ÁGUA NA SERRA DO ESPINHAÇO - MG: RIO CONCEIÇÃO E RIBEIRÃO CARAÇA...................................................................................................40 Horn et al. – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE FITÓLITOS INDICANDO À CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM SOLO E ROCHAS: EXEMPLO DA REGIÃO DA MINERAÇÃO RIACHO DOS MACHADOS, MG......42 Freimann et al. - GEOLOGIA DA REGIÃO DA SERRA MATRICULADA, A LESTE DE DATAS – MG ESCALA 1:25.000........................................................................................................................44 A CAPACITAÇÃO EM ESTRATIGRAFIA DE ALTA RESOLUÇÃO É POSSÍVEL EM ROCHAS PROTEROZÓICAS? O EXEMPLO DA ESCOLA DE CAMPO NO SUPERGRUPO ESPINHAÇO DA CHAPADA DIAMANTINA (BA) Daniel Galvão Carnier Fragoso – PETROBRAS (danielfragoso@petrobras.com.br) Guilherme Pederneiras Raja Gabaglia – PETROBRAS (guilhermeraja@petrobras.com.br) Antonio Jorge Campos Magalhães – PETROBRAS (jmagal@petrobras.com.br) Ednilson Bento Freire – PETROBRAS (ebfreire@petrobras.com.br) Miguel de Morais Lima Silveira – PETROBRAS (miguel.silveira@petrobras.com.br) Carlos Daniel Arregui – PETROBRAS ARGENTINA (carlos.arregui@petrobras.com) A Estratigrafia de Alta Resolução, que se lastreia nos princípios da Estratigrafia de Sequências, é um dos principais desafios atuais da geologia sedimentar e uma ferramenta poderosa para a caracterização e a modelagem geológica de reservatórios. O Programa de Capacitação em Estratigrafia de Alta Resolução (PCEAR) da Petrobras propõe a utilização de afloramentos para a aplicação metodológica e detalhada sobre o tema. Este esforço está integrado com um dos principais objetivos da companhia, qual seja, o crescimento da produção de petróleo na seção Pré-Sal e a redução do declínio em outras áreas (onshore e offshore). A metodologia de ensino foi concebida e desenvolvida inteiramente por geólogos da Petrobras sob a coordenação da Universidade Petrobras e da área de Geologia de Reservatório. O referido programa, fundado em 1997, tem abrangido até esta data a formação de mais de 1200 geocientistas e engenheiros da companhia e apoiado o desenvolvimento de teses de doutorado e dissertações de mestrados, a partir do detalhamento de quatro laboratórios de campo na América do Sul (Brasil, Argentina e Peru). A escola de campo pioneira deste programa localiza-se no Brasil, na região da Chapada Diamantina (BA), onde afloram rochas precambrianas do Supergrupo Espinhaço. Metodologia - O PCEAR se realiza em quatro áreas de campo: Chapada Diamantina, na Bahia; bacias de Neuquén e de Salta, na Argentina; Baciade Talara, no Peru. Estas áreas foram escolhidas por apresentarem exposições rochosas com boa preservação do registro sedimentar e grande continuidade vertical e lateral dos afloramentos. Tais características são essenciais para proporcionar a construção de uma solução de interpretação evolutiva baseada na hierarquização estratigráfica. A dinâmica do processo de capacitação constitui-se em um exercício contínuo da aplicação prática dos princípios estratigráficos e sedimentológicos mais atuais, nas mais diversas escalas. O resultado final é a construção de um modelo estratigráfico integrado para a área de estudo, tendo como objetivo maior exercitar o ordenamento hierárquico das observações no tratamento dos dados de afloramentos, estabelecendo-se uma análise eficaz e preditiva de uma seção sedimentar. A cada intervalo correlacionável, o trabalho metodológico inicia-se na busca da compreensão da variação do nível de base – como efeito da interrelação entre eustasia e subsidência – de média e de alta frequência. Em sequência, são realizados: a) levantamento de seções geológicas na escala de 1:40 a 1:200; b) identificação de fácies e de suas associações; c) definição de elementos deposicionais e arquiteturais; d) delineamento e hierarquização de superfícies limitantes; e) definição de padrões de empilhamento; f) reconhecimento de sistemas deposicionais; g) definição dos tratos de sistemas; h) correlação entre os afloramentos a partir do critério de rastreabilidade das superfícies e, finalmente, i) estabelecimento de um arcabouço estratigráfico através do reconhecimento de sequências de baixa e de alta resolução. Como suporte da atividade de levantamento de dados de campo, os participantes recebem foto- mosaicos dos afloramentos estudados, além das respectivas informações de datação radiométrica, perfis de GR, seções de GPR e dados de análise geoquímica. A Chapada Diamantina como laboratório de campo para a Estratigrafia de Alta Resolução - As excepcionais exposições rochosas do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina (BA) apresentam as características necessárias para desenvolver a metodologia da Estratigrafia de Alta Resolução: baixo grau de deformação, boa preservação das estruturas sedimentares, grande continuidade vertical e horizontal das camadas e das superfícies. O processo educativo se desenvolve através de trabalho de campo e de escritório realizado durante 7 dias, sediado na cidade de Lençóis (BA). Inicialmente, são apresentadas noções sobre a geologia regional, princípios de sedimentologia e conceitos básicos da estratigrafia de sequências. Durante os trabalhos de campo, são descritos perfis litológicos verticais em afloramentos-chave das formações Mangabeira, Açuruá e Tombador, sendo esta última o principal foco da capacitação. Nelas são observados registros sedimentares de natureza éolica, estuarina, flúvio-aluvial e de plataforma rasa. Em cada um desses ambientes são identificados os elementos arquiteturais e suas alternâncias no empilhamento estratigráfico que, com a definição de padrões de empilhamento e de superfícies estratigráficas, dão origem a um ordenamento em sequências de mais alta frequência (arbitradas serem de 4 as e 5 as ordens - escala de reservatórios). As clássicas sequências de 3 a ordem (escala da exploração de petróleo) são caracterizadas a partir da alternância de sistemas deposicionais, interpretadas como decorrentes das variações eustáticas de maior amplitude. Sucessões sedimentares representativas de mudanças paleogeográficas de maior magnitude, normalmente de origem tectônica (tectônica modificadora) e que atingem grandes áreas de uma bacia, são identificadas como sequências de 2 a ordem. Finalmente, os grandes pacotes separados por discordâncias angulares e/ou grandes hiatos deposicionais, interpretados como o preenchimento completo de uma bacia, são atribuídos às sequências de 1 a ordem. Por fim, é apresentado aos participantes um caso real, na Bacia do Espirito Santo, onde a utilização da metodologia de Estratigrafia de Alta Resolução permitiu alavancar a recuperação de um campo com histórico de forte declínio de produção. O ganho em habilidade pretendido para os participantes deste programa deve se materializar no trabalho de exploração (estudo regional) e, principalmente, no de geologia de reservatórios (estudo de detalhe). Objetiva-se com isso capacitar os profissionais da companhia na elaboração de processos mentais em Estratigrafia de Alta Resolução para fazer face aos desafios de desenvolvimento de um campo de petróleo real. QUANTIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO EM ROCHAS METASSEDIMENTARES DA FOLHA DIAMANTINA (SE23.Z-A-III) Luiz Guilherme Knauer - CPMTC/CGE - UFMG (gknauer@gmail.com) A Folha Diamantina (limitada pelas latitudes 18°00’S e 18°30’S e pelas longitudes 43°30’W e 44°00’W), típica do chamado Setor Meridional da Serra do Espinhaço em Minas Gerais, é caracterizada geologicamente por unidades desde arqueanas até neoproterozoicas, recobertas muitas vezes por sedimentos cenozoicos. O Arqueano está representado por dois tipos de terrenos cuja relação recíproca ainda não é clara, incluindo o chamado Complexo de Gouveia (gnaisses, migmatitos e rochas graníticas), e a sequência vulcano-sedimentar do Grupo Pedro Pereira. O Paleoproterozóico subdivide-se em dois períodos separados pelo chamado “Evento Transamazônico”, sendo o mais antigo representado pelo Grupo Costa Sena, que inclui variados tipos de xistos, quartzitos e formações ferríferas bandadas. O Supergrupo Espinhaço tem início de deposição nas proximidades dos 1800 milhões de anos. As unidades mais basais relacionam-se ao Estateriano, enquanto aquelas intermediárias e do topo depositaram-se já no mesoproterozoico. Dominam amplamente rochas metassedimentares sobre quantidades muito menores de metavulcanitos, com realce para quartzitos, filitos e metaconglomerados. A passagem, em direção a leste, para ambientes com deposição química é notável. Conjuntos mais jovens, em boa parte neoproterozoicos, estão associados aos grupos Macaúbas e Bambuí e à Suíte MetaígneaPedro Lessa. A estruturação geral da Serra do Espinhaço na região considerada ocorre por meio de um expressivo sistema de falhas inversas/zonas de cisalhamento dúctil de direção meridiana e que evidencia transporte de massa, aproximadamente, de leste para oeste. No interior dos blocos separados por estas falhas/zonas de cisalhamento tornam-se comuns amplas dobras assimétricas, abertas até localmente fechadas. A quantificação da deformação em rochas quartzíticas da folha foi realizada através da aplicação dos métodos Fry (deformação da matriz) e Rf/ϕ (deformação dos clastos), os quais definem a elipticidade (Rs), angulo entre o eixo maior da elipse de deformação e a direção da foliação (q’), e o grau de arredondamento dos grãos e sua flutuação (D). A partir da associação dos dados nos planos cinemáticos XZ e YZ, foram obtidos o “Parâmetro de Flinn” ((Rxy – 1)/(Ryz - 1)) e o “Parâmetro Logarítmico de Flinn” (Ln (Rxy – 1)/Ln (Ryz – 1)), definindo a forma do elipsoides. Outros parâmetros calculados incluem a medida da intensidade de distorção do elipsoide de deformação, a medida de intensidade de deformação do elipsoide, o “Parâmetro de Lode” (que utiliza os valores logarítmicos do comprimento dos semieixos do elipsoide de deformação para a descrição da sua forma), e o “Parâmetro de Nadai” (quantidade da deformação cisalhante em plano octaedral). Métodos de quantificação do “strain” requerem a presença de marcadores da deformação, cujas relações de forma, arranjo e posicionamento possibilitem a quantificação das mudanças de um corpo rochoso quando submetido a esforços tectônicos. A generalização dos fatores iniciais é problemática, na medida em que não são claras as condições do comportamento diferencial de marcadores e suas matrizes,da influência das descontinuidades originais e da própria amostragem em regiões com zonas de cisalhamento discretas. Limitações adicionais em sequências metassedimentares do Pré-cambriano incluem o eventual caráter policíclico dos esforços aos quais as sequências foram submetidas. Ademais, deve-se considerar que grãos individuais não são necessariamente esféricos antes da deformação, que nem sempre existe distribuição uniforme inicial dos grãos e que a simetria em relação ao acamamento é rara. Considerando 92 determinações em rochas quartzíticas de baixo grau metamórfico (parcialmente apresentadas em Knauer, 1999; Cordeiro, 2008 e Lopes-Silva, 2008), evidencia-se o predomínio amplo de maior absorção da deformação pelos grãos. A aplicação dos parâmetros de Flinn e Logarítmico de Flinn mostram o domínio de elipsoides oblatos situando, portanto, a maioria das amostras no campo do achatamento. As estimativas de mudanças sofridas por cada eixo cinemático mostram um alto grau de variabilidade, podendo ser generalizadas em valores entre +12% e +116% no eixo X, entre -15% e +42% no eixo Y, e entre -15% e -58% no eixo Y. As determinações realizadas confirmaram uma maior deformação nas regiões onde zonas de cisalhamento dúctil foram observadas ou anteriormente inferidas, comprovando a aplicabilidade desta metodologia para tal definição. Esta metodologia foi também aplicada em metabrecha da base da Formação São João da Chapada, com determinação dos elipsoides da matriz e de clastos provenientes da Formação Bandeirinha. Os dados obtidos, que mostram uma completa dispersão na orientação dos elipsoides dos clastos, evidenciam um evento deformacional mais antigo que afetou a Formação Bandeirinha. A plotagem dos elipsoides em mapa regional explicita a partição da deformação, assim como o aumento desta para sudeste, compatível com os mapeamentos anteriormente realizados na porção meridional da Serra do Espinhaço. Referências Bibliográficas: Cordeiro J.S. 2008. A quantificação da deformação em rochas metassedimentares dos grupos Costa Sena e Guinda, Paleoproterozóico da Serra do Espinhaço Meridional. Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Dissertação de Mestrado, 280 p. Knauer L.G. 1999. Aspectos estratigráficos e estruturais das unidades proterozóicas da Serra do Espinhaço Meridional e suas implicações para a caracterização do Evento Uruaçuano. Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Tese de Doutoramento, 226 p. Lopes-Silva L. 2008. Relação estratigráfica e estrutural entre os grupos Costa Sena e Guinda na região de Diamantina, Minas Gerais. Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Dissertação de Mestrado, 198p. LITOTIPOS DO COMPLEXO DE GOUVEIA (MG) E SUAS IDADES Alexandre de Oliveira Chaves – CPMTC-IGC-UFMG (alochaves@yahoo.com.br) A depressão de Gouveia (MG) representa uma janela estrutural do embasamento cristalino de cerca de 15 km de largura e 120 km de comprimento, arranjada segundo NW-SE e embutida na Serra do Espinhaço Meridional. Em termos geotectônicos, a região integra o Orógeno Araçuaí, que margeia o Craton São Francisco (CSF) a leste. Este orógeno desenvolveu- se durante o Ciclo Brasiliano entre 630 e 490 Ma (Pedrosa-Soares et al., 2001), gerando na Serra do Espinhaço grandes falhamentos e dobramentos de eixos norte-sul com vergência em direção ao CSF. O metamorfismo superimposto localmente é de fácies xisto-verde. Litotipos diversificados da referida janela constituem o Complexo de Gouveia (Hoffmann, 1983), cada qual com idade e características petrográficas e litoquímicas próprias, reveladoras do ambiente geodinâmico de sua formação. O Complexo de Gouveia é constituído essencialmente por uma massa de leucogranito peraluminoso a duas micas com granada, muitas vezes porfirítico, derivado da anatexia de gnaisses e migmatitos paraderivados, cujos restos são encontrados em seu interior (Hoffmann, 1983; Knauer &Grossi-Sad, 1997; Chaves & Coelho, 2013). Machado et al. (1989) encontraram idades discordantes U-Pb em zircão de 2839 +/- 14 Ma (intercepto superior) e 1844 +/- 15 Ma (intercepto inferior) para o leucogranito. A idade do intercepto superior representaria a idade arqueana de formação dos gnaisses e migmatitos, cujos zircões foram herdados pelo leucogranito durante o evento anatético, evento este registrado pela idade do intecepto inferior (idade também encontrada em monazitas de 1811 +/- 32 Ma do leucogranito por Chaves & Coelho, 2013). Os leucogranitos encontram-se localmente deformados ao longo de extensas zonas de cisalhamento subverticais. Turmalinitos tardios locais, ricos em quartzo e sericita e com monazitas datadas em 634 +/- 20 Ma (Chaves & Coelho, 2013), cruzam o leucogranito ao longo das zonas de cisalhamento e guardam clastos de quartzito. Nos arredores da cidade de Gouveia, embutidas em gnaisses do Complexo de Gouveia, aparecem rochas plutônicas metamorfisadas, com termos variando desde lamprófiros melanocráticos (ricos em flogopita e anfibólio, com microclina intersticial), monzonitos melanocráticos (com anfibólio, biotita, microclina e plagioclásio), sienitos mesocráticos até quartzo-sienitos leucocráticos (com microclina, biotita e quartzo). Todas elas são rochas metaluminosas e compõem uma suíte magmática alcalina saturada em sílica, denominada Suíte Gouveana, cujos litotipos estão geneticamente inter-relacionados por processos de fracionamento magmático. A colocação da Suite Gouveana está tectonicamente associada às transcorrências regionais da fase pós-colisional do Evento Riaciano/Orosiriano (Chaves et al., 2014). Duas discórdias U-Pb foram obtidas para um cristal de titanita do monzonito da Suite Gouveana. Uma delas, correspondente aos pontos da região central do cristal de titanita, forneceu intercepto superior de 1948 +/- 11 Ma (idade de cristalização da Suite Gouveana) e intercepto inferior de 447 +/- 83 Ma (imposição metamórfica Brasiliana). A outra discórdia, gerada a partir dos pontos ablacionados na borda do cristal, produziu intercepto superior de 1731 +/- 12 Ma (abertura do sistema U-Pb da titanita promovida pela elevação de isotermas crustais durante a Tafrogênese Estateriana Espinhaço) e intercepto inferior de 499 +/- 270 Ma (imposição metamórfica Brasiliana) (Chaves et al., 2015). De ocorrência adjacente à suíte Gouveana, são identificadas rochas subvulcânicas traqui-andesíticas porfiríticas levemente metamorfisados, com fenocristais de plagioclásio e sanidina e matriz também rica em feldspatos, contendo biotita, epidoto e quartzo. São rochas metaluminosas toleíticas de alto-K (Chaves et al., 2014). Sugere-se que estas rochas cristalizaram-se a 1,16 Ga, com base em idade U-Pb de rochas vulcanoclásticas também traquiandesíticas, situadas entre Gouveia e Pedro Pereira, datadas por Chaves et al. (2013). Os traqui-andesitos subvulcânicos foram metamorfisados no Brasiliano, de acordo com idade isocrônica Sm-Nd de rocha total e concentrados minerais de 0,45 Ga (Chaves et al., 2015). Este método produziu ainda uma idade modelo TDM de 1,25 Ga para os traqui-andesitos subvulcânicos, o que desvincula sua gênese à da Suite Gouveana (Chaves et al., 2015). De acordo com Knauer &Grossi-Sad (1997), posicionados no Complexo de Gouveia como escamas de empurrão de pequena dimensão, ainda ocorrem xistos verdes de composição básica e ultrabásica, sericita-quartzo xistos e itabiritos pertencentes ao Grupo Pedro Pereira, de idade arqueana. Bordejando o Complexo de Gouveia, quase sempre com contatos falhados, ocorrem quartzo-mica xistos e filitos do Grupo Costa Sena, o qual contém, ainda, quartzitos, quartzitos conglomeráticos, formação ferrífera, metabasitos, metaultrabasitos e metavulcânicas félsicas, estas últimas de idade 2,05 Ga (Machado et al., 1989). Metadiabásios de 906 Ma (Machado et al., 1989) da Suíte Pedro Lessa (correlacionáveis ao enxame de diquesFormiga de Chaves, 2013 e supostos metadiabásios estaterianos, correlacionáveis aos diques do enxame Pará de Minas de Chaves, 2013) cortam o Complexo de Gouveia. Eles foram metamorfisados na fácies xisto- verde durante o evento tectonotermal Brasiliano (Dossin et al., 1993). REFERÊNCIAS -Chaves, A.O. 2013. Enxames de diques máficos de M. Gerais – o estado da arte. Geonomos 21(1): 29- 33. -Chaves, A.O. & Coelho, R.M. 2013. Petrografia, geoquímica e geocronologia do leucogranito peraluminoso do Complexo de Gouveia-MG. Geonomos, 21(2): 1-12. -Chaves, M.L.S.C, Silva, M.C.R, Scholz, R., Babinski, M. 2013. Grenvillian age magmatism in the Southern Espinhaço Range (Minas Gerais): evidence from U-Pb zircon ages. Braz. J. Geology (antiga Rev. Bras. Geociências), 43(3): 477-48. -Chaves A.O., Coelho, R.M., Renger, F.E., Dussin, T.M., Azevedo, M.R.M.A., Ribeiro, S.M. 2014. Petrografia e Litoquímica do Magmatismo Tardi-orogênico Toleítico Alto-K e da Suíte Pós-colisional Alcalina Saturada em Sílica de Gouveia (MG). Geoch. Brasiliensis 28(2): 117-130. -Chaves, A.O., Scholz, R., Lana, C., Renger, F.E., Coelho, R.M., Dussin, T.M., Azevedo, M.R.M.A., Ribeiro, S.M. 2015. Datação da suíte alcalina e do magmatismo toleítico alto-K de Gouveia (MG): juntos no espaço mas distantes no tempo. Geociências (UNESP) 34(3): 381-389. -Dossin, T.M., Dossin, I.A., Charvet, J., Pouclet, A., Lapierre, H. 1993. Late proterozoic mafic dykes swarm from the Espinhaço Range (Minas Gerais, Brazil): geochemistry and tectonic setting. In: Simpósio Sobre o Cráton São Francisco, 2, Salvador, Anais. p.128-130. -Hoffmann, C. 1983. The Archean peraluminous Gouveia Granite: its structures, geochemistry and phase petrology (Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil). N. Jb. Min., 2: 359-371. -Knauer, L. G. & Grossi-Sad, J. H. da 1997. Geologia da Folha Presidente Kubitschek. In:Grossi-Sad, J. H.; Lobato, L. M.; Pedrosa-Soares, A. C. & Soares-Filho, B. S. (eds.). Projeto Espinhaço em CD-ROM (textos, mapas e anexos). Belo Horizonte, COMIG - Companhia Mineradora de Minas Gerais. p. 1901-2055. -Machado, N., Schrank, A., Abreu, F.R., Knauer, L.G., Almeida-Abreu, P.A., 1989. Resultados preliminares da geocronologia U-Pb na Serra do Espinhaço Meridional. In: SBG, Núcleo Minas Gerais, Boletim Informativo, 10: 171-174. -Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Wiedemann, C.M., Pinto, C.P., 2001. The Araçuaí–West Congo orogen in Brazil: An overview of a confined orogen formed during Gondwanland assembly. Prec. Research, 110: 307-323. CÓRREGO DO FOGO EMERALD DEPOSIT: A POSSIBLE NORTHWARD EXTENSION OF THE EMERALD BELT IN MINAS GERAIS M.A. Fonseca, UFOP, marco@degeo.ufop.br F.R.M. Pires, frm_pires@yahoo.com.br M.S. Marinho, CPRM, marcelo.marinho@cprm.gov.br Introduction Emerald deposits in Minas Gerais occur as isolated and somewhere continuous bodies along a 15 km length linear NNW/SSE trending zone in NE corner of the Quadrilátero Ferrífero. They are hosted in Archean schists. These kind of deposits are considered to be of the classical type, which are related to granitic pegmatites and dykes or hydrothermal veins that cross cut Cr- V mafic-ultramafic rocks (Rudowski et al, 1987; Sinkankas, 1981; Schwarz and Giuliani, 2001). Emerald is hosted by phlogopite schists or plagioclasites and is derived from the interaction between Be-rich pegmatitic (or pneumatolytic-hydrothermal) fluids and hosting volcano-sedimentary rocks with chromophore elements (Cr, Fe and V). The process of interaction allows the transference of beryllium and crystalization of emerald. In the NE Quadrilatero Ferrífero, the most important mines are Capoeirana, Belmont and Piteiras (Souza, 1990; Ribeiro, 2004) and still now they produce high quality emeralds. In this paper, we described the Córrego do Fogo deposit, a northward occurrence of phlogopite schists that host beautiful centimetre- scale emerald crystals. Regional Geology The studied area is located within the limits of the Malacacheta Quadrangle (1:100.000, Vidigal and Sad 1997). The basement is represented by layered tonalitic to granodioritic gneisses and lit-par-lit migmatites with numerous inclusions of up to 80m thick, meta-basaltic amphibolites, meta-ultrabasites and quartzites referred to the Guanhães Complex. In tectonic contacts with the gneisses there are quartz-muscovite-biotite-schist (Salinas Formation) that laterally grade to graphite schists with occasional staurolite, garnet, kyanite and sillimanite and intercalations of amphibolites, meta-ultrabasites and quartzites of the Macaúbas Group. Upward, the quartzites become thicker, named as Capelinha Formation. Concentrations of some trace elements (V, Ni, Cr, Zn, Cu) and minor elements (Ti) and other elements (F, Ba, Rb, Li, Sn) reveal hydrothermal alteration and high concentrations of K, Mg and Na points out to a regional metasomatism. High Fe2O3/FeO ratios indicate an increase of the oxygen fugacity, concomitantly with the metasomatism and hydrothermal alteration. Deformed leuco-granite forms two distinct concordant bodies with the foliation of the schist, and may have influenced the alexandrite and emerald mineralizations. The complex structure of the area is apparently derived from the westward thrusting accompanied by strong shearing process with development of the regional main foliation, folds and faulting, which produced significant disorientations and distortions of the schists, amphibolites, meta-ultramafites and quartzites within the gneisses. Increasing eastward metamorphism from the upper greenschist to amphibolite facies, locally reaching the boundary amphibolite-granulite, was followed by a regional K-Mg metasomatism responsible for the biotite-muscovite crystallizations. The Be enrichment during the metasomatism formed rigid boudins within the Mg-rich, phlogopitic schist close to the contact with the deformed, banded granite to generate the emerald deposits. The Córrego do Fogo Emerald deposit The Córrego do Fogo emerald deposit is located at the headwaters of the Córrego do Fogo, at about 18 km south of the alexandrite deposit of Setubinha and the Córrego do Fogo alexandrite deposit (Basílio et al 2013). It is hosted by strongly deformed phlogopite schist. The schist weathers to an argillaceous, reddish brown soil and is enclosed in leuco-granite gneiss. A NE striking regional foliation dips to the SE. Greisenized pegmatites with quartz-biotite- muscovite-tourmaline cut the granite gneiss. The phlogopite schist is strongly sheared and boudinaged and hosts 5 cm long, rigid boudins composed of green beryl or emerald surrounded by phlogopitic schist with small amounts of minute bluish corundum disposed along the foliation. It can be perceived under the microscope, that the 2-4 cm long boudins are formed by either beryl or emerald monocrystals or several beryl crystals arranged within the boudin, exhibiting seriated contours and weak cleavage planes. In the surrounding phlogopitic schist, amphibole is partly replaced by phlogopite, decreasing the amphibole amount toward the boudin. Sparse inclusions of carbonate+apatite+albite crystals can be found within the beryl, and trails of CO2-rich fluid inclusions also occur. In some cases the beryl forming boudin displays partly corroded hexagonal contours. Quartz and albite occur at the pressure shadow fringe zones around the crystals. Considering that phlogopite schist also contains alexandrite in large segregations and minute corundum crystals, the following reactions can be envisaged: Be3Al2Si6O18 + 2 Al2O3 + 12 H2O = 3 BeOAl2O3 + 6 H4SiO4 (1) (beryl) (corundum) (fluid) (alexandrite) (released) Be3Al2Si6O18 + 2 Al2O3 = 3 BeOAl2O3 + 6 SiO2 (2) (beryl) (corundum) (alexandrite) (quartz) The H4SiO4 released mayresult in the quartz crystals found in the mined areas. The emerald occurrence at Córrego do Fogo is important for two main reasons: first it confirms a possible northward extension of the emerald belt thus opening new potential targets for mineral exploration. Also, the typology of the deposit may shed light on beryl genesis. References Basílio, M.S., Soares, A.C.P., Evangelista, H.J. 2013. Depósitos de Alexandrita de Malacacheta, Minas Gerais. Geonomos 8(1) 47-54. Guimarães, M.L.V.& Sad, J.HG.1997. Geologia da Folha Malacacheta, Minas Gerais. In: Projeto Espinhaço, Capítulo 15, COMIG, p. 1505-1574. Ribeiro, P.A. 2004. Geologia e Controle Estrutural dos corpos mineralizados em Esmeraldas do Garimpo de Capoeirana, Nova Era, MG. UFOP, Dissertação de Mestrado, 140p. Rudovski, L. ; Giulliani, G.; Sabaté, P. 1987. Les phlogopitites à émeraude du voisinage des granites de Campo Formoso et Carnaíba (Bahia, Brézil): un exemple de minéralisation protérozoique à Be, Mo et W dans des ultrabasiques métassomatisées. C. R. Acad. Sc. Paris, t. 304, série II, n 18, 1129-1134. Sinkankas, J. 1981. Emeralds and other beryls. Radnor, Chilton Book Company, 665p. Swartz, D.; Giulliani,G. 2001. Emerald deposits: a review. The Australian Gemologist 21 (1): 17:23. CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO CARAÇA, QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MG) Laura Pereira do Nascimento - UFOP (lauraifmg@gmail.com) Hubert Mathias Peter Roeser - UFOP (hubert-deamb@em.ufop.br) Aníbal da Fonseca Santiago - UFOP (anibal@em.ufop.br) Deyse Almeida dos Reis- UFOP (deysereis.reis@gmail.com) Lorena Soares Laia Cabral - UFOP (lorena.slc17@gmail.com) Introdução O estudo morfométrico de bacias hidrográficas fornecem informações quanto ao seu comportamento hidrológico através de análises da relação entre sua fisiografia e sua dinâmica hidrológica. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi realizar a análise morfométrica da bacia hidrográfica do Ribeirão Caraça. Metodologia A área de estudo é a bacia hidrográfica do Ribeirão Caraça que está localizada a sul da Serra do Espinhaço em Minas Gerais (Fig. 1). Sua área de drenagem é de 126,92 km² e está inserida no domínio geomorfológico do Quadrilátero Ferrífero. FIGURA 1 - Localização geográfica da bacia hidrográfica do Ribeirão Caraça Para realização desse estudo os índices e parâmetros morfométricos foram determinados através da manipulação de bases cartográficas utilizando o Sistema de Informações Geográficas (SIG), ArcGIS 10.2. O aplicativo MS Excel® também foi utilizado. Resultados e discussão Os parâmetros morfométricos calculados estão apresentados na Tabela 1. O coeficiente de compacidade superior a 1 e o índice de circularidade menor que 0,51 indicam que a bacia hidrográfica do Ribeirão Caraça possui formato alongado, o que favorece o escoamento superficial e reduz a ocorrência de cheias e inundações. Além disso, a densidade de drenagem (2,27 km/km²) também aponta para uma média capacidade de drenagem da bacia, visto que Villela e Mattos (1975) apud Cardoso et al. (2006) afirmam que esse índice pode variar de 0,5 km/km2 , em bacias com baixa rede drenagem, a 3,5 km/km2, ou mais, em bacias bem drenadas. Para manter um metro de canal fluvial na bacia do Ribeirão Caraça é necessário 440,78 m² de área, conforme foi calculado pelo coeficiente de manutenção. Apesar disso, a bacia tem características que podem favorecer a sua degradação dependendo dos usos do solo. Isso é evidenciado pelo índice de rugosidade (3067,29) considerado significativo, o qual indica a probabilidade de degradação de uma bacia. O que corrobora com tal fato é a análise da altimetria da bacia. A amplitude altimétrica de 1352 metros indica relevos mais íngremes, os quais atribuem maior velocidade ao escoamento superficial, favorecendo a sua ação erosiva e reduzindo o tempo para infiltração da água da chuva no solo. Tabela 1 - Parâmetros e índices morfométricos. Parâmetros Valor Índices Valor Área 126,92 Km² Comprimento do rio principal 29,81 km Perímetro 63,12 km Coeficiente de compacidade 1,57 Comprimento total de drenagem 287,95 km Índice de circularidade 0,40 Densidade de drenagem 2,27 km/km² Altitude média 140,00 m Altitude máxima 2076,00 m Índice de rugosidade 3067,29 Altitude mínima 724,00 m Coeficiente de manutenção 440,78 Amplitude altimétrica 1352,00 m Conclusões As características físicas da bacia hidrográfica do Ribeirão Caraça tende a favorecer o escoamento superficial, no entanto o uso e ocupação do solo assim como os aspectos litológicos devem ser investigados a fim de prevenir possíveis processos erosivos na bacia. Referências bibliográficas CARDOSO, Christiany Araujo et al. Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do rio Debossan, Nova Friburgo, RJ. Rev. Árvore, Viçosa, v. 30, n. 2, p. 241-248, abr. 2006. Agradecimentos Agradecemos ao CNPq, Fapemig, Fundação Gorceix e UFOP pelo apoio nesta pesquisa. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEIXE, ITABIRA (MG) Laura Pereira do Nascimento - UFOP (lauraifmg@gmail.com) Hubert Mathias Peter Roeser - UFOP (hubert-deamb@em.ufop.br) Aníbal da Fonseca Santiago - UFOP (anibal@em.ufop.br) Deyse Almeida dos Reis - UFOP (deysereis.reis@gmail.com) Lorena Soares Laia CabraL- UFOP (lorena.slc17@gmail.com) Introdução O oxigênio dissolvido (OD) é um dos principais parâmetros utilizados na avaliação da qualidade das águas naturais, pois ele está intimamente relacionado aos processos oxidativos e metabólicos que ocorrem em ecossistemas aquáticos. Além disso, a depleção da sua concentração nas águas é um indicativo de poluição hídrica por matéria orgânica. Dessa forma, as metodologias de interpolação espacial têm sido utilizadas para obter informações quanto à distribuição espacial de variáveis limnológicas, fornecendo subsídios para o gerenciamento de bacias hidrográficas. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi analisar a distribuição espacial do oxigênio dissolvido na bacia hidrográfica do Rio Peixe. Metodologia A bacia hidrográfica do Rio do Peixe é uma sub-bacia do Rio Doce e está localizada no leste do estado de Minas Gerais, a sul da Serra do Espinhaço. Sua área abrange os municípios de Itabira e Nova Era. O estudo se desenvolveu a partir de analises in situ de oxigênio dissolvido durante o período úmido (março/2015) e período seco (julho/2015) em 12 pontos de amostragens da bacia hidrográfica do Rio Peixe, conforme a Figura 1. Os pontos de amostragem foram georreferenciados utilizando o sistema de referência espacial UTM DATUM SIRGAS 2000. As concentrações de oxigênio dissolvido (mg/L) foram obtidas através do medidor multiparâmetro portátil HQ40d da marca Hach. FIGURA 1 - Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Peixe Os dados das coordenadas geográficas dos pontos e suas respectivas concentrações de oxigênio dissolvido foram organizados em planilhas eletrônicas e em seguida plotados em um sistema de informação geográfica. O mapa de distribuição espacial do oxigênio dissolvido foi elaborado através de uma metodologia de interpolação espacial disponível na função Inverse Distance Weigthed (IDW) do aplicativo ArcGIS 10.2 ® da Esri. Resultados e discussão Observa-se que o médio curso do rio Peixe, tanto no período úmido quanto no seco, apresentaram as menores concentrações do oxigênio dissolvido, o que pode estar relacionado ao fato dessa área ser predominantemente urbana e sofrer constantes lançamentos de efluentes doméstico in natura, conforme a Figura 2. Tal fato se baseia nos índices de coleta e tratamento de esgoto, respectivamente, 80,27% e 35,26%, do município de Itabira em 2013 (BRASIL, 2015). A redução da concentração de oxigênio dissolvido é causada principalmente pelos processos aeróbicosde decomposição de matéria orgânica presente na massa líquida. Apesar disso, o alto e baixo curso do Rio Peixe apresentam as maiores concentrações de oxigênio dissolvido para ambas as estações do ano. Isso pode estar relacionado ao uso e ocupação do solo e ao aumento da vazão a jusante. Conclusões A análise espacial da concentração de oxigênio dissolvido na bacia hidrográfica do Rio Peixe indica que a qualidade das águas quanto a esse parâmetro pode estar relacionada aos impactos das ações antrópicas assim como ao comportamento hidrológico dos mananciais ao longo da área da bacia. Dessa forma, tal análise pode auxiliar na identificação de áreas susceptíveis a depleção do oxigênio dissolvido, exigindo mais atenção do órgão gestor de recursos hídricos. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério das Cidades. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Aplicativo Série Histórica. Disponível em: < http://app.cidades.gov.br/serieHistorica/>. Acesso em: 8 ago. 2015. Agradecimentos Agradecemos ao CNPq, Fapemig, Fundação Gorceix e UFOP pelo apoio nesta pesquisa. Figura 2 - Distribuição espacial do oxigênio dissolvido na bacia hidrográfica do Rio Peixe CARACTERIZAÇÃO DE QUARTZO- MICA XISTOS ORTODERIVADOS NA REGIÃO DE PEDRO PEREIRA, MINAS GERAIS Ian Costa Braga – UFMG (ian_costabraga@hotmail.com); Lívia Chaves de Menezes Alves – UFMG (livinhachaves15@gmail.com) Luan Andrade – UFMG (luan_nadador@hotmail.com) João Victor Araújo - UFMG (joaovar@yahoo.com.br) A área estudada situa- se na porção central do estado de Minas Gerais, na região do Espinhaço Meridional, próximo a Gouveia, distrito de Pedro Pereira, delimitada pelos vértices (UTM): Vértice 1, X:632.876m, Y:7.954.168m; Vértice 2, X:632.709m,Y:7.951.168m, Vértice 3, X:632.836m, Y:7.954.129m, Vértice 4, X:638.709, Y:7.951.129m. Figura 1: Mapa geológico da área estudada elaborado pelos autores.A, B, e C são pontos de coleta de amostra. O mapeamento em escala 1: 25.000 evidenciou a presença de quatro unidades litológicas principais (Fig. 1). Dentre estas unidades, o embasamento é representado pelo Complexo de Gouveia, a unidade acima do embasamento é o Grupo Pedro Pereira, composto por rochas metabásicas, metaultrabásicas e metassedimentares de origem química. Sobre essas duas unidades afloram quartzitos do Supergrupo Espinhaço, em contato tectônico. Subordinadamente ocorrem rochas da Suíte Metaígnea Pedro Lessa. Durante a análise petrográfica das rochas coletadas foi constatado que grande parte das rochas antes mapeadas como Grupo Costa Sena são, possivelmente, resultado do cisalhamento dos granitóides do embasamento. Em campo, percebe-se que o embasamento, quando indeformado, representa Locais de coleta um granito porfirítico, que grada até os termos mais deformados, caracterizado como um quartzo-mica xisto com textura milonítica (Fig. 2.4 e 2.5). Xistos com textura protomilonítica aparecem associados (Fig. 2.3), registrando o termo intermediário da deformação do embasamento. Em lâmina delgada, foram descritas três amostras (Fig. 1. A, B, C e Fig.2), todas interpretadas como produto da deformação do granito do Grupo Gouveia. A amostra que representa o termo menos deformada (Fig. 1.A e Fig.2.1 e 2.2) é um feldspato-quartzo-mica xisto, com turmalina e cianita secundária (Fig. 2.2), que aparecem dispersas, sem orientação. Portanto, sugere-se uma origem pós-cinemática e metassomática para a formação da cianita e turmalina. Fenocristais de quartzo aparecem contornados pela foliação, marcada por sericita (Fig. 2.1), e com bordas de recristalização composta por quartzo com extinção ondulante (Fig 2.1). Poucos cristais de feldspato alcalino com geminação do tipo calrsbad (Fig 2.1), também aparecem na lâmina. Entre as amostras, a que representa o termo com deformação intermediária é constituída por um quartzo-sericita xisto com textura protomionítica (Fig.1.B e Fig.2.3). Nela é possível observar porfiroclastos de quartzo sigmoidais, contornadas por uma foliação marcada por sericita, e borda de recristalização marcada por cristais de quartzo com extinção ondulante. O termo mais deformado também é representado por um quartzo-sericita xisto (Fig.1.C,e Fig.2.4 e 2.5), porém com textura milonítica desenvolvida. Esta é marcada por ribbons policristalinas de quartzo e forte foliação dada por sericita. Cristais de zircão ipdiomorfo aparecem como mineral acessório (Fig 2.4), sugerindo a origem ortoderivada para esse xisto. Figura 2: Fotomicrografias dos diferentes termos deformados do granito Gouveia. 2.1(Nicóis Cruzados) E 2.2(Nicóis descruzados): Feldspato-quartzo-mica xisto com cianita e turmalina metassomática pós-cinemática: 2.3(Nicóis Cruzados): Quartzo-sericita xisto com textura protomilonítica: 2.4(Nicóis Descruzados) e 2.4(Nicóis Cruzados): Quartzo-serica xisto com textura milonítica desenvolvida e cristal de zircão ipdiomorfo. (QUARTZO=QTZ: CIANITA=CIAN: FELDSPATO=FL: SERICITA=SER: ZIRCÂO=ZIRCÂO). 0,25mm 0,25mm 0,50mm 0,25mm 0,25mm AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁGUA SUPERFICIAL DO CÓRREGO QUATRO VINTÉNS NO MUNICÍPIO DE DIAMANTINA - MG ARAUJO, A. D. – UFVJM (a-dias@live.com) BAGGIO FILHO, Hernando – UFVJM (hernandobaggio@yahoo.com.br) PINHO, I. P. A. – UFVJM (paulaillana96@gmail.com) DIAS, W. P. – UFVJM (welberth.dias@yahoo.com.br) COSTA, T. M. – UFVJM (thiagocostam@hotmail.com) FREITAS, M. O. – UFVJM (mariana.naninha@hotmail.com) Introdução: A qualidade da água é uma variável que, depende das características naturais e antrópicas no contexto de uma bacia hidrográfica. A escolha da sub-bacia do Córrego Quatro Vinténs se deu em função das particularidades naturais e das características do uso da terra. Sua sub-bacia encontra-se integralmente inserida na bacia hidrográfica do Rio Jequitinhonha. Encontra-se localizada na borda leste da Serra do Espinhaço Meridional – município de Diamantina-MG, drenando litologias do Supergrupo Espinhaço (Fig: 1). O estudo avaliou a qualidade físico-química da água superficial – parâmetros turbidez e cor da água, além, de verificar se os valores encontrados encontram-se dentro dos limites estabelecidos pelas Resoluções: CONAMA 357/05 e Portaria do Ministério da Saúde nº 518/2004. Figura 1: Mapa da bacia de drenagem, com a inserção dos pontos de amostragem e suas respectivas imagens. Base IBGE,2010. Etapas e métodos e técnicas: A pesquisa foi dividida em três etapas: 1a: revivões bibliográficas e cartográficas, planejamento da amostragem; 2a: campanhas de campo I II, coleta-estação seca e chuvosa, transporte, conservação das amostras, análises físico-químicas, parâmetros turbidez e cor da água; 3 a : análises dos dados, tabulação, interpretação e redação final. Resultados e discussões: turbidez - os valores de turbidez (UNT) apresentados na tab. 1 mostram uma distribuição heterogênea nos dois períodos climáticos, os valores variam entre 1.74 UNT e 23.5 UNT na estação chuvosa e 11.4 UNT e 62.0 na seca. O CONAMA 357/05 estipula o valor de 40 UNT, já, a portaria do 518/04 do Ministério da Saúde estabelece o valor de 5 UNT, utlilizando as duas normativas, nota-se que, na estação seca, nenhum dos pontos violaram o limite estabelecido pelo CONAMA e, 11 pontos ultrapassaram o limite do MS – na estação chuvosa, 3 pontos violaram o limite – CONAMA e, todos os 12 pontos ultrapassaram o limite estabelecido pelo MS. De acordo, com os valores detectados para turbidez e compararados às receptivas normativas, as águas do córrego Quatro Vitens, não são apropriados para consumo humano, seja direto ou indireto, Fig. 2 – gráfico 1. Cor da água: este parâmetro foi medido para comprovar os resultados preocupantesdetectados para a turbidez, a cor da água é uma característica importante, pois, fornece ao observador indício de alterações naturais e antropicas. Os valores para cor da água (mg/L) apresentados na tabela 1, apontam uma distribuição heterogênea entre as estações climáticas, variando entre 23.52 a 187.09 mg/L – estação seca e 138.14 a 630.54 mg/L chuvosa. O CONAMA 357/05 não determina valores, define apenas que, os cursos d’água devem apresentar-se em sua cor natural, a MS-518/04, define padrões de potabilidade, determina que, o valor máximo para cor da água deve ser de 15 mg/L. Tendo com referência o valor etabelecido pela MS-515/04, a água do córrego Quatro Vinténs não pode ser utilizada, todos os pontos amostrados aprsensentam valores bem superiores a este, como mostra a Fig. 2 – gráfico 2. Figura 2: o gráfico 1: mostra os valores de UNT e o seu comportamento nas estações – seca e chuvosa – comparadas à resolução CONAMA 357/05, gráfico 2: apresenta os valores encontrado para a cor d água e o seu comportamento nas estações – seca e chuvosa, comparadas à Portaria 518/04 do MS. Considerações: O estudo mostrou que, em alguns pontos os níveis de turbidez (UNT) encontram-se alterados, três pontos – estação chuvosa, para o período seco, os doze pontos, estão dentro do limite estabelecido pelo CONAMA/357. Em relação à cor da agua, todos os pontos amostrados ultrapassaram, em muito, o limite estabelecido pelo MS/518. Os valores de UNT e cor da agua (mgl/L) apresentaram uma distribuição heterogênea – período seco e chuvoso, mesmo assim, nos dois períodos, os valores apresentaram-se elevados. O córrego Quatro Vinténs é um geoambiente frágil e que, não se encontra envolvido em nenhum projeto de recuperação ambiental. Fica evidente, a necessidade de monitoramento mais eficaz dessa importante sub-bacia, já que, a mesma drena totalmente a área urbana e rural do município de Diamantina. PETROLOGIA E PALEOCLIMATOLOGIA DA FORMAÇÃO GALHO DO MIGUEL, SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL NA REGIÃO DE DIAMANTINA Geraldo Norberto Chaves Sgarbi - UFMG (gncsgarbi@gmail.com) Frederico Sousa Guimarães - CDTN/CNEN (fredsg.guimaraes@gmail.com) Introdução: A Formação Galho do Miguel (FGM) é uma das oito Formações metassedimentares do Supergrupo Espinhaço na Serra do Espinhaço Meridional (EM). Posiciona-se sobre quartzitos e metaconglomerados diamantíferos da Formação Sopa-Brumadinho (FSB). Aflora normalmente na forma de maciços elevados e escarpados (Fig. A) que alcançam 1400 m na Folha Presidente Kubitscheck (FPK) (S. do Indaiaí, margem direita do rio Paraúna). Exibe direção aproximadamente norte-sul e é a unidade mais expressiva da Folha Diamantina (FD), com área superior a 1000 km². Apresenta-se também de forma expressiva na FPK, a sul da anterior, onde estrutura-se segundo uma notável inversão estratigráfica (superpondo-se aos Grupos Macaúbas e Bambuí, mais recentes) e também topográfica. Descrição: A espessura da FGM é marcante, no contexto das demais unidades do EM, entre 500 e 3000 m. Em termos genéticos ela representa a evolução metamórfica de baixo grau de quartzo-arenitos depositados a partir de cerca de 1,7 Ga. Hoje, apresenta-se como quartzitos muito duros que sustentam grande parte do relevo do EM, em função de sua cimentação por sílica. Exibe grande maturidade mineralógica (99% de quartzo) e também textural, com ausência quase total de argilas, bom grau de arredondamento dos grãos e boa seleção. Mostra, contudo, pouca deformação, exceto em zonas de cisalhamento, onde se notam grãos de quartzo estirados e orientação da sericita. Sua granulação varia entre fina a média e mostra estratificações cruzadas de grande porte com bases tangenciais típicas de depósitos de areias eólicas, além de tabulares e acanaladas. Mostra ainda marcas onduladas eólicas, que ocorrem em conjuntos alongados subparalelos em flancos de dunas ou em baixios de interdunas. Ocorrem mais raramente também bancos maciços, provavelmente derivados de fácies interdunas com estratificação planar paralela, cujas estruturas podem ter sido obliteradas por processos diagenéticos e metamórficos. Quando comparado com paleodesertos mais recentes como os do Grupo Areado (Sgarbi & Basilici, 2012) e do Grupo Bauru (Basilici et al. 2012), Cretáceo Inferior e Superior, respectivamente, a FGM se sobressai pela grande espessura de seus estratos, homogeneidade mineralógica e cores claras, indicativos da ausência de impurezas como Fe e Mn, o que contrasta firmemente com as rochas da FSB a ela sotoposta. Outra característica, esta paleoambiental, é a indicação da ausência de umidade enquanto deserto ativo, pela ausência de níveis conglomeráticos, depósitos de wadi , playa lakes e oueds, ao contrário do que ocorre com os outros paleodesertos acima mencionados., A FGM se caracteriza como um deserto extremamente árido, como ocorre atualmente na parte central do Sahara. É importantes ressaltar que não foi ainda reportado a presença de ventifactos na FGM, que é um dos melhores indicadores de ambientes eólicos. Petrologia sedimentar: A FGM exibe alta maturidade mineralógica e o elevado grau de arredondamento de sua fração areia indica que tais grãos foram submetidos a vários ciclos de transporte eólico, tendo origem policíclica. No entanto, os contatos hoje são serrilhados e penetrativos, devido à dissolução por pressão e recristalização metamórfica, tendo poucos grãos mantido a textura sedimentar original. Em outros grãos eólicos, é possível observar evidências de sua forma detrítica baseadas em impurezas na superfície do paleogrão que o separam do crescimento secundário (Fig. B). Praticamente a totalidade do quartzo presente é monocristalino (sem deformação interna) e de provável origem granítica. Na literatura, há poucos dados relativos ao sentido de transporte eólico da FGM que poderia indicar suas prováveis áreas fontes. Estas, tentativamente, poderiam ter sido rochas graníticas nas ombreiras do Rifte Espinhaço, que formaria as áreas rochosas periféricas ao deserto (hamada). Ocorrem grãos de quartzo envoltos por microcristais de sericita não detrítica, tendo sido formadas provavelmente pelo metamorfismo de baixo grau que atuou em argilas infiltradas mecanicamente na zona vadosa do deserto, por enxurradas originárias de chuvaradas raras e esporádicas. Estas feições são comuns em paleodesertos mais recentes, como por exemplo no Grupo Areado da Bacia Sanfranciscana (infiltração mecânica de ilitas) (Sgarbi 1987) e na Formação Sergi, Jurássico da Bacia do Recôncavo. Deformação de grãos de quartzo ocorre especificamente em zonas de cisalhamentos que cortam essa Formação, assim como ocorrem zonas extensamente cimentadas por sílica, levando a crer que possam ter valor econômico como fonte de sílica industrial. Paleoclimatologia: A FGM sobrepõe à FSB, sendo que esta última mostra, em microscopia, matriz composta por quartzitos ferruginosos com grãos de areia e grânulos, mal selecionados, angulosos, impuros e com baixas maturidades textural e mineralógica em um contexto de transporte fluvial de alta energia associado também a presença de lagos e leques aluviais. O conjunto indica a evolução paleoclimática na região, a partir de um clima úmido (FSB) para outro contexto climático de severa aridez (FGM). O contato observado entre as duas Formações na região de Diamantina (Morro da Galinha) mostra a ocorrência de uma capa de laterita ferruginosa (canga) no topo da FSB no contato com a FGM, corroborando o contexto paleoclimático úmido para a FSB, portanto diverso da FGM. Fig. A) Quartzitos puros da FGM com estratificações cruzadas eólicas mostrando grande resistência a erosão, sustentando a topografia. Estrada de Diamantina para Guinda, nas imediações do Córrego do Pasmar. Fig. B) Fotomicrografia de quartzito da FGM mostrando um grão de quartzo monocristalino tipicamente eólico com crescimentosecundário (setas) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SGARBI, G. N. C., BASILICI, G. (2012). Architecture of a wet aeolian depositional system: Southern Sanfranciscana Basin, Early Cretaceous, SE Brazil. I Congresso Internacional “Geociências na CPLP”, Universidade de Coimbra, Maio de 2012. BASILICI, G., SGARBI, G. N. C., DALl’ BÒ, P. F. F. (2012). A Sub Bacia Bauru: Um sistema continental entre deserto e cerrado. In: Geologia do Brasil (orgs. Hasui, Y., Carneiro, C. Dal R., Almeida, F. F. M. de, Bartorelli, A.). Ed. Beca, São Paulo, 520 – 543 p. SGARBI, G. N. C. (1989). Geologia da Formação Areado, Cretáceo Inferior a Médio da Bacia Sanfranciscana, oeste de Minas Gerais. Diss. Mestrado, UFRJ, 324p. Demais referências são mostradas no Poster relativo a esse trabalho. SERRA DO ESPINHAÇO: PROPOSTA DE DIVULGAÇÃO DAS GEOCIÊNCIAS PARA O ENSINO MÉDIO Osvaldo Rodrigues Lopes – UNIBH (osvaldo.lopes@prof.unibh.br) Gizely Cristina dos Santos Leão – UNIBH (gizelysantos2009@hotmail.com) Nas últimas décadas, é inegável a consolidação das Geociências como um dos mais importantes ramos do conhecimento científico, sobretudo para a compreensão do funcionamento do Sistema Terra (MAYER, 1991; FRODEMAN, 2000). Os motivos são muitos, desde a necessidade de melhor aproveitamento dos recursos hídricos, minerais e energéticos (como petróleo, gás e combustíveis nucleares), a preservação e conservação do ambiente, ou mesmo o conhecimento das interações entre o homem e a natureza de forma a estabelecer e/ou prever suas consequências (BABCOCK, 1994). A educação básica no Brasil, além de diversos problemas, não inclui o ensino de Geociências de forma efetiva, e muitas vezes essa inserção é dificultada pela falta de material didático para os professores. Diversos autores defendem a inserção de temas relacionados às Geociências em diferentes segmentos da educação básica (MORIN, 2001; CARNEIRO et al., 2004). Esse trabalho tem por objetivo fornecer a professores do ensino médio um guia prático na organização de um trabalho de campo e ao mesmo tempo sugerir um roteiro na Serra do Espinhaço, especificamente na Serra do Cipó (MG). A Geodiversidade da Serra do Espinhaço apresenta-se como uma excelente possibilidade pedagógica de eixos temáticos em diferentes disciplinas, como Geografia, Biologia e Química. Como se sabe, a Serra do Espinhaço representa a faixa orogênica mais extensa e contínua do território brasileiro, sendo o divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Doce e São Francisco. Pela sua dimensão e Geodiversidade temos vários Parques e Áreas de Proteção Ambiental que vêm colaborando na preservação e manejo deste exuberante patrimônio geológico nacional e que podem servir como alternativas de trabalhos de campo. Neste contexto a região do Parque Nacional da Serra do Cipó, parte da Serra do Espinhaço Meridional, é a expressão morfológica de parte da Faixa de Dobramentos Araçuaí (ALKMIM, 2013). Este Parque é circundado pela Área de Proteção Ambiental (APA) Morro da Pedreira, uma região de fácil acesso, didaticamente propícia à divulgação e aprendizado geocientífico, e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). Tradicionalmente, o ensino de Geologia está muito associado com as práticas de campo. Essas atividades despertam grande interesse e entusiasmo em estudantes de diferentes níveis de formação. Para o professor, fazer uso de trabalhos de campo pode constituir um recurso de ensino-aprendizagem de grande valor pedagógico. Compiani e Carneiro (1993) caracterizam cinco papéis didáticos para excursões geológicas de campo: (a) Ilustrativo; (b) Indutivo; (c) Motivador; (d) Treinador; (e) Investigativo, de forma a orientar os objetivos almejados pelo professor com o trabalho de campo. As finalidades e etapas de organização de uma excursão geológica propostas por Angelier et. al. (1992) foram utilizadas neste trabalho com algumas adaptações, visando desenvolver um guia para professores do ensino médio na preparação e execução de uma excursão Geopedagógica. Como exemplo, sugerimos um roteiro de campo de duração de um dia na APA Morro da Pedreira em três importantes locais, tanto do ponto de vista turístico, quanto para discussões de temas vistos em sala de aula. Ponto 1: próximo à Cachoeira Grande, na ponte sobre o rio Cipó, na entrada da cidade de Cardeal Mota (MG), onde observa-se o leito do rio encaixado em uma falha geológica. Ponto 2: caminhada de aproximadamente 30 minutos na Trilha dos Escravos até o alto da cachoeira Véu da Noiva, onde há registro de um ambiente marinho proterozoico preservado em marcas de onda, bem como a visão de um relevo controlado por falhas de empurrão. Ponto 3: Mirante da Serra (quartzitos do Grupo Macaúbas) de onde tem-se uma visão da Serra de Santa Helena (Formação Serra de Santa Helena com predomínio de filitos) e do Morro da Pedreira, constituído por mármores. Nesta área é possível observar um poliê, estrutura de dissolução típica de rochas carbonáticas. As práticas relacionadas às Geociências são consideradas cada vez mais necessárias para a formação integral dos cidadãos, uma vez que em geral as pessoas precisam compreender a dinâmica natural do planeta, para que possam agir de maneira responsável e adequada em relação ao ambiente. Minas Gerais é um berço para o aprendizado geológico e deve ser melhor explorado do ponto de vista educacional, de forma a divulgar e valorizar toda sua história e importância geoeconômica para o País. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALKMIN, F. F. 2012. Serra do Espinhaço e Chapada Diamantina. In: Geologia do Brasil. HASUI, Y.; CARNEIRO, C.D.R.; ALMEIDA, F.F.M.; BARTORELLI, A. (orgs.). São Paulo: Beca Editora. p. 236- 244. ANGELIER, J.; BARDINTZEFF, J.-M.; CHAUVE, P.; COUREL, L.; GUELLEC, S.; LABESSE, B.; PÉRILLEUX, É.; THOMAS, P. & THONON, P. 1992. Enseigner...La géologie au collège et au Lycée. Editora Nathan. Paris. 287p. BABCOCK, E. A. 1994. Geoscience in a changing society. Episodes, 17(4):101-105. CARNEIRO, C. D. R.; TOLEDO, M. C. M. de; ALMEIDA, F. F. M. de. 2004. Dez motivos para a inclusão de temas de Geologia na Educação Básica. Rev. Bras. Geoc., 34(4):553-560. COMPIANI, M.; CARNEIRO, C. D. R. 1993. Os papéis didáticos das excursões geológicas. Enzeñanza de las Ciencias de la Tierra, 1(2):90-98. FRODEMAN, R. L. ed. 2000. Earth matters: the Earth Sciences, phylosophy and the claims of community. Upper Saddle River: Prentice Hall. 209p. MAYER, V. J. 1991. Earth-Systems Science: a planetary perspective. Science Teacher, 58(1):34- 39. MORIN, E. 2001. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 4. Ed. Trad. Catarina E.F. da Silva e Janne Sawaya; rev. técn. Edgard A. Carvalho. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO. 118p. GEOLOGIA E POTENCIAL GEOTURÍSTICO DA TRAVESSIA LAPINHA DA SERRA – TABULEIRO, SERRA DO CIPÓ (ESPINHAÇO MERIDIONAL), MINAS GERAIS Rodrigues, R. - UFMG (rodolforp@hotmail.com.br) Caxito, F.A. - UFMG (facaxito@yahoo.com.br) Novo, T.A. - UFMG (tiagoanovo@gmail.com) Uhlein, G.J. - UFMG (guhlein@gmail.com) Moy, S. - UFMG (suelymoy@hotmail.com) Magalhães, A. - UFMG (magalhaes86@hotmail.com) O presente trabalho visa à caracterização do contexto geológico da região de Lapinha da Serra – Tabuleiro, Serra do Cipó (Espinhaço Meridional), Minas Gerais. Entre os vilarejos de Lapinha da Serra (distrito de Santana do Riacho) e Tabuleiro (distrito de Conceição do Mato Dentro), realiza- se a “travessia”, uma caminhada de aproximadamente 30 km, realizada normalmente em dois dias. Poucas informações geológicas sobre o trajeto estão disponíveis, porém, para os praticantes do ecoturismo e turismo geológico na região. Desta forma, o mapeamento geológico da região, com a finalidade de identificar e descrever os principais pontos de interesse geoturístico desta região torna-se imperativo para um maior aproveitamento do potencial turístico e divulgação do trabalho de pesquisaem geociências para a comunidade em geral. Nesta região, afloram rochas do Éon Proterozóico (2500-541 milhões de anos) pertencentes ao Supergrupo Espinhaço, e ao grupos Macaúbas e Bambuí. A estratigrafia é duplicada e invertida por um importante sistema de falhas de empurrão e reversas vergentes para oeste, característico da porção externa da Faixa Araçuaí. O Supergrupo Espinhaço nesta região é composto pelas formações Sopa-Brumadinho (quartzitos e metaconglomerados polimíticos), Galho do Miguel (ortoquartzitos finos com estratificação cruzada de grande porte) e Santa Rita (quartzitos sericíticos e filitos). Os ortoquartzitos da Formação Galho do Miguel, depositados em um ambiente desértico há 1,5 bilhões de anos, destacam-se na topografia da região, sustentando a Serra do Abreu e outros morrotes. O Grupo Macaúbas, indiviso na região, é constituído por metadiamictitos e quartzitos de granulação média a grossa, que passam, para o topo, para quartzitos de granulação fina e filitos. O Grupo Bambuí na região é representado pelos mármores da Formação Sete Lagoas. Importante relevo cárstico é formado sobre estas ocorrências, como por exemplo, na região da lagoa de Lapinha da Serra. As trilhas utilizadas na travessia Lapinha – Tabuleiro são ideais para a descrição da geologia da região, uma vez que seguem um traçado aproximadamente Oeste – Leste, desta forma perpendicular à estruturação NNW-SSE da Serra do Cipó, atravessando assim todas as unidades estratigráficas descritas. As regiões com maior potencial geoturístico serão identificadas e catalogadas, com intuito de propor um guia geoturístico voltado para o público leigo, com explicação dos ambientes nos quais as rochas foram depositadas, idade das rochas e evolução geológica da região. No futuro, poderão ser também confeccionadas placas explicativas da geologia local, em linguagem leiga, a serem afixadas nos principais pontos de interesse geoturístico. PALAVRAS-CHAVE: Geoturismo; Travessia Lapinha – Tabuleiro; Serra do Cipó ANÁLISE DA PAISAGEM CÁRSTICA NÃO CARBONÁTICA: ESTUDO DE CASO DAS GRUTAS DO DISTRITO DE EXTRAÇÃO, DIAMANTINA- MG. Thiago Martins da Costa- UnB (thiagocostam@hotmail.com) Mariana de Oliveira Freitas– UFVJM (mariana.freitas.ufvjm@gmail.com) Amanda Dias Araújo– UFVJM (a-dias@live.com) Welber Dias Pereira – UFVJM (welberth.dias@yahoo.com.br) Illana Paula Andrade de Pinho (paulaillana96@gmail.com) Hernando Baggio – UFVJM (hernandobaggio@yahoo.com.br) Herinch Horn – UFMG (hhorn.@ufmg.com.br) Introdução: O estudo sobre os ambientes cársticos não carbonáticos é um tema recente na carstologia mundial, cujo, desenvolvimento induz a questionamentos sobre o conceito de carste e debates acerca da gênese destes ambientes. A justificativa deste trabalho fundamenta-se, na importância de se desenvolver pesquisas sobre o sistema cárstico em rochas silicatadas no Brasil e, em particular, no Estado de Minas Gerais. O estudo apresenta as características de duas das principais cavidades da região: a Gruta do Salitre e Gruta Monte Cristo (como um estudo de caso), localizadas no município de Diamantina, distrito de Extração – MG e desenvolvidas em rochas quartzíticas do Supergrupo Espinhaço – Grupo Guinda - Formação Sopa Brumadinho Figura 1. Figura 1: Mapa de localização da Gruta do Salitre e Monte Cristo no contexto estadual e municipal, imagem orbital (Google Earth), mostrando a inserção das cavidades dentro das macroestruturas – monoclinal. Etapas e métodos e técnicas: as bases metodológicas seguiram três etapas de trabalho: revisão bibliográfica e cartográfica, análise de imagens satélite; pesquisas de dados secundários no Cadastro Nacional de Cavernas e Sociedade Brasileira de Espeleologia e a tabulação de dados; A segunda etapa consistiu na campanha de campo –2014 – prospecção; levantamento da morfologia cárstica e feições espeleológicas; terceira etapa consistiu-se em interpretação dos resultados obtidos. Resultados: apresenta-se as seguintes caracteriscas mofologicas das cavidades estudadas: Gruta Monte Cristo: A Gruta Monte Cristo está inserida em um maciço-monoclinal quartzítico- Formação Sopa-Brumadinho-Supergrupo Espinhaço. O maciço possui aproximadamente 212m de comprimento e 90m de largura orientado no sentido NW-SE, possui duas entradas, que dão acesso à cavidade, a entrada principal é ampla, a outra, possui dimensões reduzidas, desenvolvimento horizontal de 216m, 20m de desnível, 3452,5 m² de área, possui dois salões que apresentam morfologia alongada e predominantemente horizontalizada, o piso é suavemente inclinado apresentado blocos abatidos. A cavidade apresenta características morfológicas diferentes em cada salão. Presença de depósitos clásticos, químicos e biológicos, destaque, para a presença de depósitos estratificados – 90cm/altura, largura média de 3m, organizando-os em camadas plano/paralelas de aproximadamente 2cm cada – cinza e branco. A drenagem é do tipo intermitente, origina na parte exógena da cavidade e flui para o interior do conduto principal. As feições superficiais identificadas: maciços residuais individualizados, torres, verrugas, banquetas, tafonis, kamenitzas; feições subterrâneas: salões, microespeleotemas, cúpulas de teto, sedimentos estratificados, espeleotemas, cúpulas, verrugas, banquetas. Gruta do Salitre: Desenvolvida em rochas quartzíticas da Formação Sopa - Brumadinho encontra-se orientada no sentido NW-SE. Desenvolvimento horizontal 593,5m, composto por galerias e salões, possuindo três entradas. Os depósitos encontrados são clásticos, químico e biológico, ausência de depósitos estratificados. O sistema hidrológico encontra-se ativo. As principais feições cársticas mapeada são feições superficiais (maciços residuais, dolina de colapso, torres, verrugas, banquetas, tafonis, kamenitzas) e feições subterrâneas (salões, microespeleotemas, cúpulas de teto, sumidouro, ressurgência, sedimentos clásticos, espeleotemas, cúpulas, verrugas, banquetas). O sistema cárstico da Gruta do Salitre foi compartimentado em dois ambientes principais: o superficial composto pelo maciço principal, o canyon e a dolina de colapso e o subterrâneo, composto pelas cavidades e salões. Figura 2. (a) compartimentação cársticas – sistemas cársticos da Gruta do Salitre; (b) compartimentos cársticos mostrando as feições do carste superficial, subterrâneo e sedimentos estratificados da Gruta Monte Cristo. Considerações: Conforme os critérios utilizados para caracterização e descrição dos compartimentos cársticos destaca-se: a ocorrência de processos hidrológicos nas duas cavidades, o sistema cárstico encontra-se ativo. Presença de depósitos clásticos, químicos e biológicos nas duas cavidades, destaque, para os deposito estratificados da Gruta Monte Cristo, os depósitos químicos estão presentes nas duas cavidades e ocorrem, especialmente, na forma de coralóides, crostas e escorrimentos, destaque especial, para a presença de depósitos pirolusita na Gruta Monte Cristo. As cavidades investigadas são predominantemente horizontalizadas. As galerias e salões possuem morfologias retangulares, triangulares e elípticas horizontais. As feições superficiais identificadas nas duas cavidades: maciços residuais individualizados, torres, verrugas, banquetas, tafonis, kamenitzas; feições subterrâneas: salões, microespeleotemas, cúpulas de teto, sedimentos estratificados, espeleotemas, cúpulas, verrugas, banquetas, em especial, a dolina de colapso da Gruta do Salitre. Maciço da Gruta Monte Cristo Depósitos estratificados Entrada da caverna Feições superficiais do carste Maciço da Gruta do Salitre 2(a) 2(b) MAPEAMENTO GEOLÓGICO NA ESCALA DE 1:25.000 DA REGIÃO DE TABULEIRO, MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO, MG Paulo Zaeyen de Oliveira e Silva – IGC/UFMG (pzaeyen@hotmail.com) Moisés Henrique Sousa Silva – Geólogo Autônomo (moiseshenrique.geologia@yahoo.com.br)O presente trabalho tem como objetivo apresentar o mapa geológico (Figura 1) em escala 1:25.000 de uma área de aproximadamente 58 km2, no distrito de Tabuleiro, no extremo nordeste da folha topográfica de Baldim 1:100.000. A região de Tabuleiro encontra-se na borda leste da Serra do Espinhaço Meridional, estado de Minas Gerais (MG), Brasil, e se destaca pela ocorrência dos fosfatos mais antigos descritos no país, encontrados na Formação Sopa-Brumadinho, depositados durante a fase rift da bacia do Espinhaço (Mourão, 1995). A região chama atenção por suas grandes feições de relevo e sua complexa estruturação geotectônica, e está inserida no Orógeno Araçuaí, associados ao ciclo orogênico Brasiliano (HERGESELL, 1985; ALMEIDA-ABREU et al., 1986; UHLEIN et al., 1986; MARSHAK e ALKIMIN, 1989; ROLIM, 1992; ROSIÉRE et al., 1994). Na área mapeada são encontradas rochas do membro Rio Preto da formação Sopa-Brumadinho, Da Formação Galho do Miguel e da Suíte Metaígnea Pedro Lessa. A Formação Sopa Brumadinho, na região, compreende três tipos litológicos principais: sericita xistos de granulação fina, carbonáticos e fosfatados, milonitizados e quartzitos finos, laminados, por vezes com níveis micáceos; quartzitos de granulação fina a média, localmente com estratificações cruzadas de pequeno a médio porte, com clastos esparsos e localmente contendo óxidos de ferro; e quartzitos de granulação fina com lentes de conglomerados oligomícticos, com clastos de quartzito ferruginoso e quartzo leitoso, localmente monomíctico. A Formação Galho do Miguel é composta por quartzitos de granulação fina com megaestratificações cruzadas preservadas, segundo a descrição proposta por Pflug (1968), e a Suíte Metaígnea Pedro Lessa, composta por rochas de coloração cinza-esverdeadas, de granulação fina a média composta por clinopiroxênios e plagioclásio com textura ofítica a sub-ofítica, com uralitização dos piroxênios para anfibólios e saussuritização dos plagioclásios, por vezes foliadas a xistificadas, assim como o que foi descrito por Knauer (1990) em sua dissertação de mestrado. As rochas da região foram afetadas por forte deformação, que condicionou um caráter alóctone às litologias encontradas, formando nappes e klippen com vergência para oeste e baixo ângulo dos planos de cisalhamento, indicando que a área se encontra numa zona de patamar, com o movimento sendo acomodado por zonas de cisalhamento transcorrentes, de direção E-W. Todas estas estruturas são marcadas por foliação milonítica, caudas de recristalização em cristais de quartzo, tension gashes e estruturas do tipo S-C e C-C`. Como consequência desta deformação, não há contatos estratigráficos normais, apenas contatos tectônicos, permitindo apenas a identificação de uma tectono-estratigrafia (Sousa Silva & Silva, 2013). Figura 1: Mapa Geológico da região de Tabuleiro, Conceição de Mato Dentro – MG (Sousa Silva & Silva, 2013). MAPEAMENTO GEOLÓGICO EM ESCALA 1:50.000 DA FOLHA VARGEM GRANDE DO RIO PARDO – MG Diego Ferreira Lima e Corrêa Pereira – UFMG (diegocorrea.geol@gmail.com) Frederico Sousa Guimarães – CDTN (fredsg.guimaraes@gmail.com) Luiz Guilherme Knauer – UFMG (gknauer@gmail.com) Foi realizado um mapeamento geológico em escala 1:50.000 de uma área de aproximadamente 780 km², nos arredores dos municípios de Vargem Grande do Rio Pardo e Montezuma, localizados no extremo norte do estado de Minas Gerais, fronteira com o estado da Bahia. Em 4,4% da área mapeada (31,5km²), afloram rochas graníticas (monzogranitos e sienogranitos), na maioria das vezes, gnaissificadas. A partir da correlação com folhas adjacentes, essas rochas foram inseridas no Complexo Gavião, embasamento do Cratón do São Francisco. Próximo ao contato tectônico com as rochas metassedimentares proterozóicas, as rochas graníticas possuem textura milonítica. As rochas metassedimentares aflorantes na área foram interpretadas como pertencentes ao Grupo Macaúbas, de idade neoproterozóica. Os metapelitos e quartzitos, que ocupam 52,5% da área mapeada, inserem-se na Formação Rio Peixe Bravo; já os metadiamictitos, que ocupam 16% do mapa, inserem-se na Formação Serra do Catuni. A Formação Rio Peixe Bravo é dividida em duas unidades informais: uma unidade basal, na qual predominam quartzitos e uma unidade de topo, onde predominam metapelitos. O contato entre essas unidades informais é gradacional. A unidade basal aflora na zona interna à área delimitada por uma anomalia magnética positiva, o que corresponde ao centro e centro-sul do mapa (Fig. 1). O quartzito, devido à sua grande resistência mecânica e química, aflora principalmente nas chapadas e em maiores cotas em relação à unidade pelítica, o que representa uma inversão de relevo. Usualmente, o quartzito é muito puro e de cor branca a rosada, com estratos marcados por planos apenas levemente enriquecidos em mica branca, mas também ocorrem quartzitos muito micáceos, com minerais opacos ou ainda com alteração ferruginosa intersticial, deixando a rocha avermelhada a alaranjada. São comuns nesta unidade estruturas sedimentares como estratificações planar- paralelas centimétricas a decimétricas, cruzadas tabulares de médio porte com sets chegando a 50 cm e foresets com até 10 cm, além de, menos comumente, cruzadas acanaladas. A unidade metapelítica caracteriza-se por quartzo-moscovita xistos de origem metassedimentar, com grande variação composicional ao longo da área, e mesmo em escala de afloramento. Pode ou não apresentar como acessórios e/ou como essenciais biotita, estaurolita, cianita, opacos, granada; além de exclusivamente como acessórios turmalina, zircão, apatita e alanita. Frequentemente apresenta-se rica em minerais ferruginosos, tornando-se densa, de cor escura, e com notável magnetismo ao teste de um imã de mão. Atribui-se a isso o fato de a área de afloramento da unidade corresponder muito bem com a forte anomalia magnética detectada nos levantamentos geofísicos (Fig. 1), sendo que, de maneira geral, a direção dos planos de foliação e acamamento acompanha a direção da anomalia. Em quase todos os afloramentos ocorrem minerais metamórficos aluminosos e peraluminosos, sendo eles, do mais frequente para o menos frequente: granada, estaurolita e cianita. Quando ocorrem, são muito abundantes, além de comumente ocorrerem na forma de porfiroblastos centimétricos, em especial a estaurolita, que atinge até 20cm de comprimento. A Formação Serra do Catuni aflora exclusivamente a leste da área mapeada, desde o limite norte ao limite sul, sendo delimitada a oeste pelos xistos do topo da Formação Rio Peixe Bravo. Litologicamente, é caracterizado como metadiamictito polimítico (clastos de carbonato, quartzito, quartzo e, mais raramente, de metassiltitos laminados, metagranitos, metagranitos miloníticos, xistos), suportado pela matriz fina, foliada, de mineralogia essencial quartzo- biotita-moscovita. Menos frequentemente, possui matriz quartzosa, de cor cinza escuro, configurando uma matriz metagrauvaquiana. Localmente, há pequenos cristais de granada avermelhados a róseos (normalmente menores que 1mm) em teores de não mais de 5%. Os clastos são subangulosos a subarredondados, de tamanhos muito variáveis (desde seixo até matacões com 50cm de diâmetro ou mais). Camadas esparsas, métricas a decimétricas e raramente decamétricas de quartzito micáceo ocorrem intercaladas aos metadiamictitos. A área exibe padrão estrutural complexo o que se reflete em mapas geofísicos com traçados peculiares. A interpretação estrutural consiste numa deformação com vergência para NW que, conforme progrediu, produziu um padrão de interferências de dobras tipo 2. Essa deformação foi responsável também pela instalação de zonas de cisalhamento que marcam o contato das unidades cristalinas com as unidades metassedimentares superiores. Fig. 1: Mapas magnetométrico de sinal
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