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Módulo de Direito Constitucional_105236

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Prévia do material em texto

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA E 
RELAÇÕES INTERNACIONAL 
1º Ano 
Disciplina: Direito Constitucional 
Código: ISCED12 – CJURCFE002 
TOTAL HORAS/2o SEMSTRE: 125 
CRÉDITOS (SNATCA): 5 
 
Número de Temas: 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), 
e contém reservados todos os Direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou 
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Acadêmica 
Rua Dr. Lacerda de Almeida, N.o 211, Ponta - Gêa 
 
Beira - Moçambique 
Telefone: 23323501 
Cel: +258 823055839 
 Fax:23.324215 
 E-mail: direccao.geral@isced.ac.mz 
 Website: www.isced.ac.mz 
 
http://www.isced.ac.mz/
 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste 
manual: 
 
Pela coordenação 
 
Direcção Acadêmica do ISCED 
 
Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e logística 
 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
à Distância (IAPED) 
 
Pela revisão final Dr. Mayden Lúcio 
 
 
 
 
 
Elaborado Por: 
Dr. Jorge Jeremias Chamussola, licenciado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane - 
Moçambique. 
 
 
 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
i 
 
Índice 
Visão geral 1 
Bem vindo ao Módulo de Direito Constitucional ............................................................. 1 
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6 
Avaliação ........................................................................................................................... 6 
TEMA – I INTRODUÇÃO A TEORIA GERAL DO ESTADO 9 
UNIDADE Temática 1.1. O Estado. .................................................................................... 9 
Introdução ......................................................................................................................... 9 
I – Definição ..................................................................................................................... 9 
II - Processos de Formação do Estado ............................................................................ 10 
III – Sociedades Politicas Pré-Estaduais ......................................................................... 10 
IV – Os tipos Históricos de Estado ................................................................................. 10 
V - Os Elementos do Estado ........................................................................................... 10 
Sumário ........................................................................................................................... 11 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 11 
Exercícios ........................................................................................................................ 12 
UNIDADE Temática 1.2. O Povo ..................................................................................... 12 
Introdução ....................................................................................................................... 12 
I – O povo ....................................................................................................................... 13 
II – A Cidadania ou Nacionalidade ................................................................................. 14 
III – A Situação dos Estrangeiros e dos Apátridas ......................................................... 16 
IV - A nacionalidade na Constituição moçambicana ...................................................... 16 
V - Condição jurídica das pessoas em razão da nacionalidade ou cidadania 
moçambicana .................................................................................................................. 17 
Sumário ........................................................................................................................... 17 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 18 
Exercícios ........................................................................................................................ 19 
UNIDADE Temática 1.3. O Território ............................................................................. 19 
Introdução ....................................................................................................................... 19 
I – O território ................................................................................................................. 20 
II- Território terrestre, aéreo e marítimo ......................................................................... 20 
III. Composição do território moçambicano ................................................................... 21 
Sumário ........................................................................................................................... 21 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 22 
Exercícios ........................................................................................................................ 22 
UNIDADE Temática 1.4. O Poder Político ...................................................................... 23 
Introdução ....................................................................................................................... 23 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
ii 
 
I - Definição .................................................................................................................... 23 
II - As formas de Estado ................................................................................................. 24 
III - O Estado unitário: O Estado unitário centralizado e o Estado unitário regional ..... 25 
IV - O Estado complexo. A união real. As federações. .................................................. 27 
V - Os fins do Estado ......................................................................................................28 
VI - As funções do Estado .............................................................................................. 30 
VII - A organização do poder político do Estado ........................................................... 32 
VIII - Órgão/ competência/ titular e cargo. Vontade funciona e imputação ................... 32 
Sumário ........................................................................................................................... 34 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 34 
Exercícios ........................................................................................................................ 35 
UNIDADE Temática 1.5. Exercícios do Tema I ................................................................ 35 
TEMA – II: A CONSTITUIÇÃO COMO ESTATUTO DO PODER POLÍTICO 37 
UNIDADE Temática 1.1. O Constitucionalismo e a Constituição. Direito Constitucional e 
fontes do Direito Constitucional. .................................................................................... 37 
Introdução ....................................................................................................................... 37 
I - Introdução: Constitucionalismo, Estado constitucional, e Direito Constitucional .... 37 
II - A Constituição como acto jurídico ........................................................................... 38 
III - Dimensões da Constituição ..................................................................................... 39 
IV - Classificações materiais de Constituições ............................................................... 40 
VI - As fontes das normas e dos princípios constitucionais ........................................... 42 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 45 
Exercícios ........................................................................................................................ 46 
UNIDADE Temática 2.2. Exercícios do Tema II............................................................... 46 
Sumário ........................................................................................................................... 46 
TEMA – III: INTRODUÇÃO AO PODER CONSTITUINTE 47 
UNIDADE Temática 3.1 O poder constituinte e o nascimento da Constituição. 
Manifestações típicas do poder constituinte. Tipologia dos actos constituintes. Limites 
jurídicos e políticos ao poder constituinte ..................................................................... 47 
Introdução ....................................................................................................................... 47 
I - O poder constituinte e o nascimento da Constituição ................................................ 47 
II - Manifestações típicas do poder constituinte ............................................................. 48 
III - Tipologia dos actos constituintes ............................................................................. 49 
IV - Limites jurídicos e políticos ao poder constituinte? ................................................ 51 
Sumário ........................................................................................................................... 52 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 53 
Exercícios ........................................................................................................................ 54 
UNIDADE Temática 3.2. Exercícios do Tema III.............................................................. 54 
TEMA – IV: FORMA DE GOVERNO, SISTEMA DE GOVERNO REGIME POLÍTICO E SISTEMA 
POLÍTICO 55 
UNIDADE Temática 4.1. Formas de Governo, Sistema de Governo, Regimes Políticos e 
Sistemas Políticos. ........................................................................................................... 55 
Introdução ....................................................................................................................... 55 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
iii 
 
I - Os regimes políticos ................................................................................................... 56 
II - Sistemas de governo ................................................................................................. 59 
Sumário ........................................................................................................................... 62 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 62 
Exercícios ........................................................................................................................ 64 
UNIDADE Temática 4.2. Exercícios do Tema IV .............................................................. 65 
TEMA – V: ESTADO DE DIREITO E CONSTITUIÇÃO 65 
UNIDADE Temática 5.1. Princípio de Estado de Direito ................................................. 65 
Introdução ....................................................................................................................... 65 
I - Princípio de Estado de Direito ................................................................................... 66 
II - Princípio da Legalidade da Administração ............................................................... 66 
III - Princípio da proporcionalidade ou da proibição do excesso ................................... 67 
IV - Princípio da universalidade e igualdade (artigo 35 CRM) ...................................... 68 
V - Princípio da responsabilidade civil do Estado .......................................................... 68 
VI - Princípio da Segurança Jurídica e da Protecção da Confiança dos Cidadãos ......... 69 
VII - Princípio da protecção jurídica e das garantias processuais .................................. 71 
Sumário ........................................................................................................................... 73 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 73 
Exercícios ........................................................................................................................ 74 
UNIDADE Temática 5.2. O princípio democrático .......................................................... 74 
Introdução ....................................................................................................................... 74 
I - Princípio Democrático ............................................................................................... 75 
II - Princípios concretizadores do princípio democrático ............................................... 75 
Sumário ........................................................................................................................... 78 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 79 
Exercícios ........................................................................................................................ 79 
UNIDADE Temática 5.3. Exercícios do Tema V .............................................................. 80 
TEMA – VI: Garantia da Constituição 81 
UNIDADE Temática 6.1. Meios e institutos de defesa da Constituição.......................... 81 
Introdução ....................................................................................................................... 81 
I - A vinculação constitucional dos poderes públicos ..................................................... 81 
II - Os limites da revisão constitucional ......................................................................... 81 
III - A fiscalização judicial da Constituição ...................................................................82 
IV - A separação e interdependência dos órgãos de soberania ....................................... 82 
Sumário ........................................................................................................................... 83 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 83 
Exercícios ........................................................................................................................ 84 
UNIDADE Temática 6.2. A fiscalização da constitucionalidade e da legalidade ............. 84 
Introdução ....................................................................................................................... 84 
I - Sentido e Natureza ..................................................................................................... 85 
II - Origem ...................................................................................................................... 85 
III - Tipos de Fiscalização .............................................................................................. 86 
IV - Os Vícios Geradores de Inconstitucionalidade ...................................................... 88 
V - A Inconstitucionalidade Parcial ............................................................................... 89 
VI - Objecto de Fiscalização de Constitucionalidade e da legalidade: actos normativos90 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
iv 
 
VII - Actos Administrativos e Decisões Jurisdicionais .................................................. 91 
VIII - Órgãos de Fiscalização da Constitucionalidade das Leis .................................... 92 
Sumário ........................................................................................................................... 93 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 94 
Exercícios ........................................................................................................................ 95 
UNIDADE Temática 6.3. O Conselho Constitucional ....................................................... 95 
Introdução ....................................................................................................................... 95 
I - Natureza ..................................................................................................................... 95 
II - Composição .............................................................................................................. 96 
III - Balanço de Actividade do Conselho Constitucional ............................................... 97 
Sumário ........................................................................................................................... 98 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 99 
Exercícios ...................................................................................................................... 100 
UNIDADE Temática 6.4 Exercícios do Tema VI ............................................................ 100 
Exercícios Finais do Módulo .......................................................................................... 100 
BIBLIOGRAFIA 103 
 
 
 
 
 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
1 
 
Visão geral 
Bem vindo ao Módulo de Direito Constitucional 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Direito Constitucional 
deverás ser capaz de saber definir o conceito de Estado e 
conhecer os seus elementos; conhecer o constitucionalismo a sua 
evolução e a supremacia da Constituição sobre as demais normas 
do ordenamento jurídico; conhecer o poder constituinte, sua 
origem, manifestação e seus limites jurídicos e políticos, saber 
diferenciar os conceitos de, forma de governo, regime político, 
sistema de governo e sistema político; conhecer as dimensões de 
Estado de direito e democrático; e conhecer as garantias e meios 
de controlo da Constituição. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
 Conhecer as fontes do Direito Constitucional e as relações com 
os demais ramos do Direito; 
 Conhecer a evolução do constitucionalismo, a classificação e 
supremacia da Constituição; 
 Demonstrar a relevância do Poder Constituinte; 
 Identificar a origem e evolução do Estado Moçambicano; 
 Estabelecer a organização e competência das entidades 
governativas; 
 Conhecer os Direitos e Garantias Individuais e os Direitos 
Sociais; 
 Identificar a nacionalidade e os Direitos Políticos; 
 Conhecer os Instrumentos Jurídicos Constitucionais: 
Intervenção do Estado, Estado de Defesa e Estado de Sítio. 
 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de 
licenciatura em Direito. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores 
que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa 
disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal 
se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
2 
 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Direito Constitucional, para estudantes do 1º ano 
do curso Direito, à semelhança dos restantes do ISCED, está 
estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta 
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por 
um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade 
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de 
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os 
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas algumas incluído estudo de casos. 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, 
num cantinho, mesmo o recôndito deste nosso vasto Moçambique 
e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu 
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza nas 
bibliotecas física e virtual do seu centro de recursos mais material 
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou 
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou 
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma 
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
3 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
pedagógica. Pode ser que graçasas suas observações, o próximo 
módulo venha a ser melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando 
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos 
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos 
estudos, procedendo como se segue: 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
4 
 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
de estudo de caso se existir. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo 
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da 
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num 
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em 
cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido 
estudado durante um determinado período de tempo; Deve 
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao 
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
conteúdos de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso 
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que 
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos 
das actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência 
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai 
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
5 
 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página 
trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
via telefone, sms, e-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff 
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
6 
 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade 
temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os Direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do Direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um 
autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos Direitos autorais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja 
uma avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
 
1
 Plágio - copiarou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, 
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
7 
 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos Direitos do autor, entre outros. Os 
objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
9 
 
TEMA – I INTRODUÇÃO A TEORIA GERAL DO ESTADO 
UNIDADE Temática 1.1. O Estado 
UNIDADE Temática 1.2. O Povo 
UNIDADE Temática 1.3. O Território 
UNIDADE Temática 1.4. O Poder Político 
UNIDADE Temática 1.5. Exercícios do Tema 
 
UNIDADE Temática 1.1. O Estado. 
Introdução 
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira 
conhecimentos sólidos sobre a noção de Estado, processo de 
formação do Estado e Sociedades políticas pré-estaduais 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Saber definir o Estado; 
 Conhecer os principais tipos históricos de Estado; 
 Conhecer os processos de formação do Estado; 
 Conhecer os elementos do Estado. 
 
 
 I – Definição 
 
O Estado é segundo Marcelo Rebelo de Sousa, uma colectividade, um 
povo fixo num determinado território que nele institui, por autoridade 
própria, um poder político relativamente autónomo. 
 
A definição de Estado adoptada parte de um tipo de Estado concreto: 
‘‘ O Estado nacional soberano que, nascido na Europa, se espalhou 
recentemente por todo o mundo ‘‘. 
 
Os traços fundamentais deste tipo de Estado, segundo o Prof. Jorge 
Miranda, citado por Bastos (1999) são os seguintes: 
 
 Complexidade de organização e de actuação – com cada vez maior 
diferenciação de funções, órgãos e serviços; 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
10 
 
 
 Institucionalização do poder – ou subsistência do poder como 
ideia para além dos seus detentores concretos e actuais; 
 
 Autonomia – ou formação de uma dinâmica própria do poder e do 
seu aparelho frente à vida social’’; 
 
 Coercibilidade – ou o monopólio do uso legítimo da força; 
 
 Uma peculiar sedentariedade – do enlace com certo território; 
 
 A interdependência com o factor nacional ; 
 
II - Processos de Formação do Estado 
 
Nos processos de formação do Estado podem ser objecto de distinção 
as seguintes formas: 
Pacíficas Violentas 
De acordo com as leis vigentes no Estado 
ou na sociedade Contra essas leis 
Por desenvolvimento interno Por influência externa 
 
No plano da Antropologia história os processos mais importantes são: 
a conquista, a migração, a aglutinação por laços de sangue ou por 
laços económicos, a evolução social pura e simplesmente para 
organizações cada vez mais complexas. 
 
III – Sociedades Politicas Pré-Estaduais 
 
São qualificação como pré-estaduais as sociedades políticas em que o 
sistema de poder não esta organizado em funções diferenciadas, 
especializadas, ligadas umas às outras por uma rede complicada de 
relações hierárquicas. 
 
IV – Os tipos Históricos de Estado 
 
Existem diversas tipologias de Estado. Jellinek, citado por Bastos 
(1999) distingue entre: 
 Estado oriental; 
 Estado grego; 
 Estado romano; 
 Estado medieval; 
 Estado moderno. 
 
V - Os Elementos do Estado 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
11 
 
 
O Estado é constituído por três elementos, ou ‘‘ condições de 
existência ’’: 
 Povo, 
 Território e 
 Poder político. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos o conceito de Estado; 
definimos o Estado como sendo uma colectividade, um povo fixo num 
determinado território que nele institui, por autoridade própria, um 
poder político relativamente autónomo. Vimos os traços fundamentais 
do Estado moderno; os processos de formação do Estado, as 
sociedades pré estaduais e os elementos do Estado que são povo, 
território e poder político. 
Exercícios de Auto-Avaliação 
 
1. O Estado é a única entidade com o monopólio do uso legítimo da 
força. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
2. O conceito Estado não conheceu evolução ao longo do tempo. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Errado 
 
3. O Estado é constituído por três elementos. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
4. No plano da Antropologia história quais são os processos mais 
importantes de formação do Estado? 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
12 
 
Resposta: São a conquista, a migração, a aglutinação por laços de 
sangue ou por laços económicos. 
 
5. Um Estado não pode ser formado por influência Externa. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Errado 
 
6. Um Estado não pode ser formado por via pacífica. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Errado 
Exercícios 
1. Defina o Estado. 
2. O que são Sociedades Politicas Pré-Estaduais? 
3. Quais as formas de formação de Estado? 
4. Enumere os tipos históricos de Estado. 
5. Quais são as três condições de existência de um Estado? 
6. Quais são os traços fundamentais do Estado actual? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 1.2. O Povo 
Introdução 
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira 
conhecimentos sólidos sobre a noção de povo como um dos 
elementos do Estado, a distinção entre povo e população, a 
nacionalidade e diversos critérios da sua atribuição. 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
13 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir o conceito de povo; 
 Saber distinguir o povo de população; 
 Saber distinguir a nacionalidade originária da adquirida; 
 Dominar os vários critérios para atribuição da nacionalidade. 
 
 
I – O povo 
 
O povo deve ser entendido, segundo o prof. Jorge Miranda, citado por 
Bastos (1999) como uma ‘‘ comunidade de pessoas’’ homens que o 
seu Direito reveste da qualidade de cidadãos ou de súbditos e que 
permanecem unidos na obediência às mesmas leis”. É, em 
conformidade, o ‘‘substrato humano do Estado’’. No mesmo sentido, o 
Prof. Rebelo de Sousa define o povo como ‘‘o conjunto de cidadãos ou 
nacionais de certo Estado ‘‘. 
 
1. 
 
O povo é sujeito e objecto do poder. Sujeito do poder, na medida em 
que sujeito ao poder do Estado, ‘‘ como conjunto de homens livres, ele 
engloba pessoas dotadas de Direitos subjectivos umas diante das 
outras e perante o Estado ‘‘. Objecto do poder, dado que é o 
http://www.google.co.mz/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http%3A%2F%2Fwww.opipoco.com.br%2F2013%2F03%2Fdeputado-tenta-se-explicar-mas-acaba.html&ei=9F1LVOG5G4TB7AbTz4H4Cw&bvm=bv.77880786,d.ZGU&psig=AFQjCNHc2MdOxWY32vz58etcFPNFoQSIqg&ust=1414311918806335
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
14 
 
destinatário das normas que são criadas no âmbito do Estado, o qual 
deve ser ‘‘um Direito próprio, não um Direito estranho”. 
 
 
 
Sujeito do Poder 
Povo 
 
 
Objecto do Poder 
 
É necessário distinguir o conceito de povo, do conceito de população. 
 
População é um conceito demográfico e económicoe representa o 
conjunto de residentes em certo território, sejam cidadãos ou 
estrangeiros. 
 
II – A Cidadania ou Nacionalidade 
 
Sendo o povo a ‘‘comunidade dos cidadãos ou súbditos’’, é 
fundamental determinar quais é que são as pessoas que devem 
qualificadas dessa forma. 
 
Os Estados gozam nesta matéria, em conformidade com o Direito 
Internacional, de uma competência exclusiva na definição das regras 
de aquisição e de perda da cidadania, não obstante a necessidade de 
atenderem a existência de uma ligação efectiva entre o indivíduo e o 
Estado que atribui. 
 
Existem basicamente dois critérios quanto à atribuição da cidadania: 
 O critério do jus sanguinis, que tem na sua base os laços de 
sangue ou de filiação (prevalecente nos Estados de formação 
mais antiga), e 
 O critério do jus soli, que tem na sua base o local do 
nascimento (que é o mais utilizado em Estados mais recentes e 
onde existem movimentos de imigração). 
Distinguir também: 
 
 Aquisição originária da cidadania, se produz efeitos desde, o 
nascimento e 
 Aquisição derivada da cidadania, se produz efeitos a partir de 
um momento posterior. 
 
A cidadania deve ser apreciada actualmente numa dupla vertente: 
 
 Enquanto um vinculo jurídico – político, que une um individuo 
ao seu Estado, e 
 Enquanto um Direito do indivíduo com a natureza de Direito 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
15 
 
fundamental. 
 
Daqui resulta que ter a qualidade de cidadão de um Estado implica um 
conjunto de Direitos e de deveres, tais como: 
 Participar na vida política do Estado; 
 Beneficiar da defesa dos seus Direitos dentro do território do 
Estado; 
 Beneficiar da defesa dos seus Direitos fora do território do 
Estado, nomeadamente através de protecção diplomática; 
 Participar na defesa do território, nomeadamente através da 
prestação de serviços militar. 
 
Deve ser tido em consideração que podem existir situações de 
cidadania dupla ou plural e de apátridia ou de apolidia. No primeiro 
caso, um indivíduo é considerado por mais de um Estado como seu 
nacional, em resultado de situações como o casamento. No segundo 
caso, um indivíduo não é considerado por nenhum Estado como seu 
nacional. No sentido de evitar estas situações, o artigo 15 da 
Declaração Universal dos Direitos do Homem prevê que: 
 1. Todo o indivíduo tem o Direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade, 
nem do direito de mudar de nacionalidade” 
E o n.º 3 do artigo 24 do Pacto Internacional de Direitos Civis e 
Políticos consagra que: 
‘‘ todas as crianças têm o Direito de adquirir uma nacionalidade ’’. 
 
Distinguir cidadania e nacionalidade. Cidadania deve estar reservada a 
pessoas singulares: os cidadãos que são pessoas físicas. Nacionalidade 
deve ser aplicado a pessoas colectivas ou a coisas: as empresas, por 
um lado, e os navios e as aeronaves, por outro2. 
 
Distinção entre cidadania e nacionalidade 
 
2
 O legislador moçambicano preferiu tratar indistintamente os dois termos 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
16 
 
 
 
III – A Situação dos Estrangeiros e dos Apátridas 
 
Os estrangeiros e os apátridas ou apólidas gozam, em termos gerais, 
de um estatuto jurídico distinto do dos cidadãos do Estado. 
Actualmente, a principal diferença será o não ter, em princípio, o gozo 
de Direitos políticos, na medida em que devem ter um tratamento 
compatível com a dignidade da pessoa humana. 
 
Daqui resulta que esse estatuto pode variar, segundo o Prof. Jorge 
Miranda, entre: 
 Um tratamento mínimo ou razoável dos estrangeiros como 
pessoas, à luz da consciência ética universal ou dominante no 
nosso tempo e; 
 
 Equiparação ou tratamento mais favorável em consequência 
de convenções internacionais que sejam celebrados pelas 
Estados interessados. 
 
Deve ser no entanto, sublinhado que ‘‘ nenhum estrangeiro tem 
Direito de entrada no território de outro Estado (ao contrário do que 
sucede com os cidadãos deste), mas uma vez admitido, fica o Estado 
adstrito a trata-lo de modo razoável segundo um critério objectivo 
(que pode, no limite, ser superior ao conferido aos seus cidadãos)”. 
 
IV - A nacionalidade na Constituição moçambicana 
 
A nacionalidade na Constituição moçambicana está maioritariamente 
disposta no título II que vai dos artigos 23 à 34 da seguinte forma: 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
17 
 
 
Título II da CRM 
Nacionalidade 
Capítulo Assunto 
 
Artigo 
I Nacionalidade originária 
Princípio da 
territorialidade 23 à 25 
 
 
Princípio da 
consaguinidade 
 
 
 Casamento 26 
II Nacionalidade adquirida Naturalização 27 
 
 Filiação 28 
 
 Adopção 29 
III 
Perda e reaquisição da 
Nacionalidade 31 à 32 
IV 
Prevalência da 
nacionalidade e registo 33 à 34 
 
V - Condição jurídica das pessoas em razão da nacionalidade ou 
cidadania moçambicana 
 
Da cidadania depende o exercício de certos Direitos fundamentais 
A CRM faz uma distinção entre cidadãos originariamente 
moçambicanos e cidadãos de nacionalidade adquirida: 
a) Os cidadãos de nacionalidade adquirida não são elegíveis para 
os cargos de deputados (art. 30/1 da CRM) e de presidente da 
República (art. 147/2 a) da CRM). Para os candidatos á 
presidência da República acresce a exigência de que o 
candidato não possua uma outra nacionalidade. 
 
b) Outras restrições ao exercício de funções (art. 30/1 da CRM) 
não podem ser membros do governo, titulares de órgãos de 
soberania e não tem acesso à carreira diplomática ou militar 
Sumário 
Povo é o conjunto de cidadãos ou nacionais decerto Estado. O povo é 
sujeito e objecto do poder. 
 
É necessário distinguir o conceito de povo, do conceito de população. 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
18 
 
 
População é um conceito demográfico e económico e representa o 
conjunto de residentes em certo território, sejam cidadãos ou 
estrangeiros. 
 
Os Estados gozam de uma competência exclusiva na definição das 
regras de aquisição e de perda da cidadania, não obstante a 
necessidade de atenderem a existência de uma ligação efectiva entre 
o indivíduo e o Estado que atribui. 
 
Distinguir cidadania e nacionalidade. Cidadania deve estar reservada a 
pessoas singulares: os cidadãos que são pessoas físicas. Nacionalidade 
deve ser aplicada a pessoas colectivas ou a coisas: as empresas, por 
um lado, e os navios e as aeronaves, por outro. 
Exercícios de Auto-Avaliação 
 
1. Pode haver casos de indivíduos sem nacionalidade. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
2. Pode haver casos de indivíduos com dupla nacionalidade. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
3. Em bom rigor cidadania é diferente de nacionalidade 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
4. A CRM faz uma distinção entre cidadãos originariamente 
moçambicanos e cidadãos de nacionalidade adquirida 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
19 
 
 
5. O povo é sujeito e objecto do poder. Comente. 
 
6. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade, 
nem do Direito de mudar de nacionalidade. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
Exercícios 
1. O que entende por povo? 
2. Distinga povo da população. 
3. Ter a qualidade de cidadão de um Estado implica um conjunto 
de Direitos e de deveres. Diga quais são. 
4. Existem basicamente dois critérios quanto à atribuição da 
cidadania. Quais são? 
5. A cidadania deve ser apreciada actualmente numa dupla 
vertente. Comente 
6. Distinga nacionalidade originária da nacionalidade adquirida. 
 
UNIDADE Temática 1.3. O Território 
Introdução 
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira 
conhecimentos sólidos sobre a noção do Território como um dos 
elementos do Estado, a sua importância para o Estado e a composição 
do território moçambicano. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos Saber definir o conceito Território; 
 Saber a importância do território para o Estado; 
 Conhecer e dominar a composição do território moçambicano; 
 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
20 
 
I – O território 
 
O território de um Estado é fundamental para delimitar qual é o 
espaço em que o Estado pode exercer o seu poder soberano e, em 
conformidade, qual é o âmbito espacial de aplicação das normas 
jurídicas que são emitidas pelo poder político. 
 
O território é o espaço jurídico próprio do Estado, o que significa, 
segundo o Prof. Jorge Miranda, citado por Bastos (1999) que: 
 
 Só existe poder do Estado quando ele consegue impor a sua 
autoridade, em nome próprio, sobre certo território; 
 A atribuição de personalidade jurídica internacional ao Estado ou 
o seu reconhecimento por outros Estados dependente da 
efectividade desse poder; 
 Os órgãos do Estado encontram-se sempre sediados, salvo em 
situação de necessidade, no seu território; 
 No seu território cada Estado tem o Direito de excluir poderes 
concorrentes de outros Estados (ou de preferir a eles); 
 No seu território, cada Estado só pode admitir o exercício de 
poderes doutro Estado sobre quaisquer pessoas com a sua 
autorização; 
 Os cidadãos só podem beneficiar da plenitude de protecção dos 
seus Direitos pelo respectivo Estado no território deste. 
 
Daqui resulta, em conformidade, que o Direito do Estado sobre o seu 
território costuma ser entendido como um Direito ou poder indivisível, 
inalienável e exclusivo. 
 
 
 
 
 
 
Indivisível 
Território 
do 
Estado 
 
Inalienável 
 
 
Exclusivo 
 
 
 
II- Território terrestre, aéreo e marítimo 
 
O território de um Estado é constituído obrigatoriamente por 
território terrestre e por território aéreo e, no caso dos Estados que 
tem fronteira com mares ou oceanos, por território marítimo. A 
delimitação do território é feita tendo em consideração normas de 
Direito Internacional e normas de Direito interno. 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
21 
 
III. Composição do território moçambicano 
 
Em termos de extensão o território moçambicano abrange toda a 
superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo delimitado 
pelas fronteiras nacionais art. 6/1 da CRM. 
Esquematicamente podemos representar o território moçambicano do 
seguinte modo: 
Território Moçambicano 
Território Limites 
Poder do 
Estado 
Superfície 
terrestre 
Fronteiras 
nacionais 
Soberania 
Completa e 
Exclusiva 
 Águas Territoriais 12 milhas 
Soberania 
Completa e 
Exclusiva 
Zona marítima Zona Contígua 24 milhas 
Poderes de 
fiscalização 
 
Zona Económica 
Exclusiva 200 milhas 
Definição 
dos recursos 
 
Plataforma 
continental 
200 - 350 
milhas 
Soberania 
Completa e 
Exclusiva 
Espaço aéreo 48 km altitude 
Soberania 
Completa e 
Exclusiva 
 
Sumário 
O território de um Estado é fundamental para delimitar qual é o 
espaço em que o Estado pode exercer o seu poder soberano e, em 
conformidade, qual é o âmbito espacial de aplicação das normas 
jurídicas que são emitidas pelo poder político. 
 
O Direito do Estado sobre o seu território deve ser entendido como 
um Direito ou poder indivisível, inalienável e exclusivo. 
 
Em termos de extensão o território moçambicano abrange toda a 
superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo delimitado 
pelas fronteiras nacionais art. 6/1 da CRM. 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
22 
 
Exercícios de Auto-Avaliação 
 
1. O território de um Estado é fundamental para delimitar qual é o 
espaço em que o Estado pode exercer o seu poder soberano 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
2. O Direito do Estado sobre o seu território é um Direito ou poder 
divisível, alienável e não exclusivo 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Errado 
 
3. Como é constituída a zona marítima moçambicana? 
Resposta: É constituída pelas águas territoriais, zona contígua, zona 
Económica Exclusiva e plataforma continental 
 
4. A que distância fica a zona contígua? 
Resposta: Fica às 24 milhas. 
 
5. A que distância fica a zona económica exclusiva? 
Resposta: Fica à 200 milha. 
 
6. Qual é o poder do Estado moçambicano sobre a sua superfície 
terrestre? 
Resposta: Poder de soberania completa e exclusiva. 
Exercícios 
1. Defina território. 
2. Qual é a composição do território de um Estado? 
3. Qual é a composição do território moçambicano? 
4. O território moçambicano é uno, indivisível e inalienável. 
Comente 
5. Qual é o poder do Estado sobre o seu espaço aéreo? 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
23 
 
6. Como é feita a delimitação de território de um Estado? 
 
UNIDADE Temática 1.4. O Poder Político 
Introdução 
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira 
conhecimentos sólidos sobre a noção do Poder Político como um dos 
elementos do Estado, a divisão do poder político, fins e funções do 
Estado 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Dominar a divisão do poder político; 
 Conhecer e saber diferenciar as diversas formas do Estado 
 Conhecer os fins do Estado; 
 Conhecer as funções do Estado; 
 
 
I - Definição 
 
O terceiro dos elementos que caracterizam o Estado é o exército do 
poder político. Embora não se trate de uma característica exclusiva do 
Estado, importa salientar que a forma mais comum e paradigmática de 
poder político é a que tem lugar no âmbito dos Estados. 
 
Nestes termos, o poder político que se exerce nos Estados é: 
 
 Um poder constituinte, originário, que tem um fundamento 
próprio e que não está dependente de qualquer outro poder; 
 Um poder de auto-organização, que tem por objectivo 
permanente e continuado a criação de condições para a 
manutenção da segurança, a administração da justiça e a 
promoção do bem-estar da comunidade politica; 
 Um poder de decisão que faz as opções consideradas 
adequadas à organização da vida da comunidade politica, 
nomeadamente através da produção de regras jurídicas. 
 
 
 
 
 
Poder constituinte 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
24 
 
Poder 
Político 
 
Poder de auto-
organização 
 
 
Poder de decisão 
 
 
O poder político é exercido no âmbito do Estado por um conjunto de 
órgãos do Estado, que são poderes constituídos e que devem autuar 
na estrita observância das competências previstas na lei. Daqui resulta 
que o poder político que é exercido no âmbito do Estado está limitado 
pelo Direito. Por um lado, e antes de mais, pelo Direito que é 
produzido internamente por esse mesmo poder político. É, por outro 
lado, em termos externos, pelo Direito Internacional. 
 
A organização política implica, nestes termos, a distinção entre 
governantes, no âmbito do povo. É, alias, de salientar que mesmo o 
modelo democrático de organização da sociedade não implica que 
todos os cidadãos devem (e possam) participar directa e 
efectivamente nos exercícios do poder político. Nesse sentido, afirma 
o Prof. Jorge Miranda que não são simples as relações entre os 
governantes e governados e configuração que patenteiam pode servir 
para classificar os diferentes sistemas e regimes. Mas nenhum sistema 
político, por mais democrático que seja, suprime a distinção; só a pode 
mitigar ou reordenar mais em coerência com os princípios. 
O fundamental é, assim, que os governantes actuem tendo em 
consideração o interesse dos governados e que os Direitos e 
vantagens resultantes do cargo sejam entendidos em termos 
funcionais e não transformados em vantagens pessoais. 
 
Importa, ainda, distinguir os governados entre cidadão activos, que 
são os titulares de Direitos políticos e cidadãos não activos, que são 
aqueles que não têm capacidade de participação política, 
nomeadamente em razão da idade. 
 
II - As formas de Estado 
 
Deve ser tida em consideração a distinção entre Estado unitário e o 
Estado complexo, com base na existência de um ou mais poderes 
políticos no mesmo Estado (sendo que,qualquer caso, só um deles é 
soberano). 
 
O critério que está assim, na base da distinção é o do modo de o 
Estado dispor o seu poder em face de outros poderes de igual 
natureza (em termos de coordenação e subordinação) e quanto ao 
povo e ao território (que ficam sujeitos a um ou a mais de um poder 
político). 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
25 
 
 
 
 
 
Estado 
unitário 
Forma 
de 
Estado 
 
 
Estado 
complexo 
 
 
III - O Estado unitário: O Estado unitário centralizado e o Estado 
unitário regional 
 
No Estado unitário deve ser feita a distinção entre Estado unitário 
centralizado e Estado unitário regional. No primeiro, existe apenas um 
poder político estadual, enquanto no segundo existe um fenómeno de 
descentralização política. 
 
A descentralização política sempre a nível territorial: são provinciais ou 
regionais que se tornam politicamente autónomas por os seus órgãos 
desempenharem funções políticas, participarem ao lado dos órgãos 
estaduais, no exercício de alguns poderes ou competências de carácter 
legislativo ou governativo. 
 
As experiências de regionalismo político são recentes e remontam à 
Constituição espanhola de 1931 e à italiana de 1947. 
 
O Estado unitário regional tem na base uma situação e 
descentralização política que se traduz na atribuição a entidades 
infraestaduais de poderes ou funções de natureza política, relativas à 
definição do interesse público ou a tomada de decisões políticas 
(designadamente, de decisões legislativas). 
 
Segundo o prof. Jorge Miranda, existem várias categorias de Estados 
regionais: 
 
a) Estado regional integral – aquele em que todo o território se 
divide em regiões autónomas e Estado regional parcial – 
aquele em que o território não está todo dividido em regiões 
autónomas e em que encontram-se regiões politicamente 
autónomas e regiões ou circunscrições só com 
descentralização administrativa, verificando-se pois, 
diversidade de condições jurídico-políticas da região para 
região; 
 
 
b) Estado regional homogéneo – aquele em que a organização 
das regiões é, senão uniforme, idêntica (a mesma no essencial 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
26 
 
para todos) e Estado regional heterogéneo – aquele em que a 
organização das regiões “… pode ser diferenciada ou haver 
regiões de estatuto comum das regiões de estatuto especial; 
 
c) Estado com regiões de fins gerais – aqueles em que as regiões 
são constituídas para a prossecução de interesses (e, em 
princípio, de todos os interesses) específicos das pessoas ou 
das populações de certas áreas geográficas e Estado com 
regiões de fins especiais – aqueles em que a descentralização 
política regional e moldada em razão de algum ou alguns 
interesses específicos (v.g. interesses culturais) e é, porventura, 
mesmo a partir da comunidade desses interesses que se 
recortam os territórios regionais. 
 
Distinguir a descentralização política ou político-administrativa que 
está na base do fenómeno do regionalismo de: 
 
 Desconcentração: que consiste em existirem diferentes órgãos 
do Estado por que se dividem funções e competências, a 
diferente nível hierárquico ou não, e de âmbito central ou 
local; 
 
 Descentralização administrativa: que designa o fenómeno de 
atribuição de poderes ou funções de natureza administrativa a 
entidades intraestaduais, tendências à satisfação quotidiana de 
necessidades colectivas; 
 
 Regionalização: que se traduz em desconcentração regional e, 
sobretudo, na criação de autarquias supra municipais para fins 
de coordenação de actividades, de utilização de serviços em 
comum, de planeamento, de participação, de fomento cultural 
e económico; 
 
 Autonomia política: que é um conceito empírico destinado a 
descrever algo situado entre a não autonomia territorial e o 
estatuto de Estado independente, em igualdade com quaisquer 
outras comunidades que deste façam parte; 
 
 Federalismo. 
 
Deve ser sublinhado que a descentralização pode ser administrativa ou 
política e que não existem formas de descentralização jurisdicional, na 
medida em que a função jurisdicional é sempre atribuída a tribunais 
que são considerados órgãos do Estado. 
 
 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
27 
 
 
 
 
 
Estado unitário 
clássico 
Estado unitário 
 
 
Estado unitário 
regional 
 
 
 
IV - O Estado complexo. A união real. As federações. 
 
No Estado complexo deve ser feita a distinção entre união real e 
federação. Na primeira, existe uma estrutura de poderes políticos 
sobrepostos, enquanto na segunda existe uma estrutura de fusão de 
poderes políticos das entidades componentes. 
 
 A união real 
 
Na união real, estamos em presença de uma associação ou união de 
Estados, que dá lugar à criação de um novo Estado, na qual alguns dos 
órgãos dos Estados associados passam a ser comuns. 
 
Em conformidade, a união real é baseada na fusão ou na colocação em 
comum de alguns dos órgãos dos Estados que a constituem, de tal 
modo que fica a haver, ao lado dos órgãos particulares de cada Estado, 
um ou mais órgãos comuns (pelo menos, o Chefe de Estado é comum) 
com os respectivos serviços de apoio e execução. Exemplos de união 
real: Portugal e Brasil de 1815 a 1822, a Suécia e a Noruega de 1815 a 
1905 e a Áustria e a Hungria de 1867 a 1918. 
 
Distinguir a união real da união pessoal, que é a situação em que o 
Chefe de Estado é comum a dois Estados, embora somente a título 
pessoal e não orgânico; o que é comum é o titular do órgão e não o 
próprio órgão. Exemplo de união pessoal: Portugal e Espanha de 1580 
a 1640. 
 
União real ≠ União pessoal 
 
 As federações 
 
Na federação, estamos em presença de uma associação ou união de 
Estados, que dá lugar à criação de um novo Estado, e em que surgem 
novos órgãos de poder político sobrepostos aos órgãos dos Estados 
federados. 
 
Em conformidade, para o prof. Jorge Miranda, o Estado federal ou 
federação é baseado numa dualidade: 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
28 
 
 
 Por um lado, numa estrutura de sobreposição, a qual recobre 
os poderes políticos locais (isto é, dos Estados federados), de 
modo a cada cidadão fica simultaneamente sujeito a duas 
Constituições - a federal e a do Estado federado a que pertence 
– e ser destinatário de actos provenientes de dois aparelhos de 
órgãos legislativos, governamentais, administrativos e 
jurisdicionais; 
 
 e, por outro lado, numa estrutura de participação, em que o 
poder político central surge como resultante da agregação dos 
poderes políticos locais, independentemente do modo de 
formação: donde a terminologia clássica de “Estado de 
Estados”. 
 
A federação tem na sua origem uma Constituição federal, resultante 
do exercício de um poder constituinte autónomo, que contem o 
fundamento de validade e de eficácia do ordenamento jurídico 
federativo; e é ele que define a competência das competências. 
 
Distinguir federação de confederação que é uma associação de 
Estados em que os Estados participantes limitam a sua soberania em 
determinadas matérias em resultado de um tratado internacional com 
esse objectivo. 
 
Nestes termos, “do pacto confederativo resulta uma entidade a se, 
com órgãos próprios (pelo menos, uma assembleia ou dieta 
confederal). Não chega a emergir um novo poder político ou mesmo 
uma autoridade supraestadual com competência genérica”. 
 
Exemplos de confederação: os cantões suíços até 1848, os Estados 
Unidos da América entre 1781 e 1787, o Estados da Confederação do 
Reno de 1806, da Confederação Germânica de 1815 ou da 
Confederação da Alemanha do Norte de 1866 e o Estados da 
Comunidade de Estados Independentes, que foi criada em 1991 no 
surgimento da dissolução da União Soviética. 
 
Federação ≠ Confederação 
 
 
 
 
 
União real 
Estado complexo 
 
 
Federações 
 
 
V - Os fins do Estado 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
29 
 
 
Os fins do Estado são objectivos prosseguidos pelo poder político doEstado. São normalmente considerados três fins do Estado: segurança, 
justiça e bem-estar. 
 
 A segurança, tem várias facetas: a segurança interna, ou 
ordem interna, e a segurança externa, ou defesa da 
colectividade perante o exterior; a segurança individual, 
proporcionada pela definição, através de normas jurídicas 
executadas pelos órgãos do Estado, dos Direitos e deveres 
reconhecidos a dado cidadão, e a segurança colectiva, 
enquanto realidade que envolve toda a comunidade 
considerada. 
 
 A justiça visa a substituição, nas relações entre os homens, dos 
arbítrios por um conjunto de regras capaz de consensualmente 
estabelecer uma nova ordem e, assim satisfazer uma aspiração 
por todos sentidos. 
 
 O bem-estar, entendido como bem-estar económico, social e 
cultural que consiste na promoção das condições de vida dos 
cidadãos em termos de garantir o acesso, em condições 
sucessivamente aperfeiçoadas, a bens e serviços considerados 
fundamentais pela colectividade, tais como bens económicos 
que permitam a elevação do nível de vida de estratos sociais 
cada vez mais amplos, e serviços essenciais, por exemplo, os 
que contemplam a educação, a saúde e a segurança social”. 
 
Deve ser tida em consideração a distinção entre: 
 
 Justiça comutativa – parte de uma ideia de igualdade abstracta 
e formal, que em paridade de circunstâncias, exige igualdade 
de tratamento e equivalência de prestações e 
contraprestações. 
 
 Justiça distributiva – parte de uma ideia de igualdade material, 
o que implica que se forem desiguais as características ou a 
situação em que cada um se encontra, a igualdade terá de ser 
reposta pelo recurso à proporcionalidade ou a critérios de 
equitativa compensação, pois nada há de mais injusto, 
acentuava-o já Aristóteles, do que tratar como igual o que é 
desigual. 
 
 
 
 
Segurança 
 
 
 
Comutativa 
Fins de 
Esatdo 
 
Justiça 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
30 
 
 
Distributiva 
 
bem estar 
 
VI - As funções do Estado 
 
As funções do Estado como actividades desenvolvidas pelos órgãos do 
poder político do Estado, tendo em vista a realização dos objectivos 
que se lhes encontram constitucionalmente cometidos. 
 
O prof. Marcelo Rebelo de Sousa, citado por Bastos (1999) propõe um 
esquema hierarquizado das funções do Estado: 
 
 Em primeiro lugar, a função constituinte, através da qual o 
poder político define as regras essenciais da existência 
colectiva criando a lei das leis, a Constituição; 
 
 Em segundo lugar, a função de revisão constitucional, através 
da qual vai revendo a Constituição para a adaptar ao devir 
colectivo; 
 Em terceiro lugar, as funções independentes, principais ou 
primárias, constituídas por: 
 
 A função política que traduz-se na definição e prossecução 
pelos órgãos do poder político dos interesses essenciais da 
colectividade, realizando, em cada momento, as opções para o 
efeito consideradas mais convenientes; 
 
 A função legislativa que corresponde à prática de actos 
provenientes de órgãos constitucionalmente componentes e 
que revestem a forma externa de lei; 
 E, em quarto lugar, as funções dependentes, subordinadas ou 
secundárias, constituídas por: 
 
 A função jurisdicional que “…consiste no julgamento de 
litígios, resultantes de conflitos de interesses privados, ou 
público e privados, bem como a punição da violação da 
Constituição e das leis, através de órgãos entre si 
independentes, colocados numa posição de passividade e 
imparcialidade, e cujos titulares (os juízes) são inamovíveis e, 
em princípio não podem ser sancionados pela forma como 
exercem a sua actividade”. 
 
 A função administrativa que consiste na satisfação das 
necessidades colectivas que, por virtude de prévia opção 
política ou legislativa se entende que incumbe ao Estado 
prosseguir, encontrando-se tal tarefa cometida a órgãos 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
31 
 
interdependentes, dotados de iniciativa e de parcialidade na 
realização do interesse público, e com titulares amovíveis e 
responsáveis pelos seus actos. 
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32 
 
 
 
 
 
Constituinte 
 
 
 
Revisão 
constitucional 
 
 Funções 
do 
Estado 
 
 
Política 
 
Primárias 
 
 
Legislativa 
 
 
 
Jurisdicional 
 
Secundárias 
 
 
Administrativa 
 
 
VII - A organização do poder político do Estado 
 
O Estado é uma pessoa colectiva o que implica que seja destinta de 
cada uma das pessoas físicas que compõem a comunidade e dos 
próprios governantes e susceptível de entrar em relações jurídicas 
com outras entidades, tanto no domínio do Direito interno como no 
do Direito Internacional, tanto sob a veste de Direito Público como sob 
a do Direito privado. 
 
O Estado, enquanto pessoa colectiva, actua através de órgãos 
 
VIII - Órgão/ competência/ titular e cargo. Vontade funciona e 
imputação 
 
Órgão do Estado é, em conformidade com o pensamento do Prof. 
Jorge Miranda o centro autónomo institucionalizado de emanação de 
uma vontade que lhe atribuída, sejam quais forem a relevância, 
alcance, os efeitos (externos ou mesmo internos) que ela assuma. O 
centro de formação de actos jurídicos do Estado (e no Estado). 
Instituição, tornada efectiva através de uma ou mais de uma pessoa 
física, de que o Estado carece para agir (para agir juridicamente). 
 
O conceito de órgão, segundo o Prof. Jorge Miranda; desdobra-se em 
quatro facetas ou elementos que importa distinguir não obstante não 
poderem ser autonomizados: 
 
 A instituição, ou, em certa acepção, o ofício - sendo instituição 
na célebre definição de HAURIOU, a ideia de obra ou de 
empreendimento que se realiza e perdura no meio social; 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
33 
 
 
 A competência, ou complexo de poderes funcionais cometidos 
ao órgão, parcela do poder público que lhe cabe; 
 
 O titular, ou pessoa física ou conjunto de pessoas físicas que, 
em cada momento, encarnam a instituição e formam a 
vontade que há-de corresponder ao órgão; 
 
 O cargo ou mandato (quando se trate de órgão electivo) 
Função do titular, papel institucionalizado que lhe e 
distribuído, relação específica dele com o Estado, traduzida em 
situações subjectivas, activas e passivas. 
 
O conceito de competência tem em Direito Público em geral, e no 
Direito Constitucional em particular, uma consequência fundamental e 
de grande alcance, a de que: 
 
O órgão não pode actuar sem ser em conformidade com a 
competência que está prevista na lei. 
 
No caso contrário, isto é, se o órgão praticar um acto que não recaia 
na sua competência, esse acto será inválido, irregular ou ineficaz por 
incompetência. 
 
Importa ter, no entanto, em consideração que tendo a competência o 
seu fundamento na norma, esta pode ser de dois tipos: explícita e 
implícita. Isso quer dizer, com base em diferentes graus de leitura, 
que, no primeiro caso, pode assentar numa norma que, 
explicitamente, a declare, enquanto, no segundo caso, pode assentar 
em norma cujo sentido somente seja descoberto através de técnicas 
interpretativas e que surja como consequência de outra norma -ou 
nela esteja contida. 
 
O princípio da prescrição normativa da competência é, numa ordem 
constitucional de Estado de Direito, manifestação de duas ideias mais 
fundas: a de limitação do poder público como garantia de liberdade 
das pessoas e a da separação e articulação dos órgãos do Estado entre 
si e entre eles e os órgãos de quaisquer entidades ou instituições 
publicas". 
 
Importa distinguir o conceito de órgão do conceito de agente. Nestes 
termos o agente é alguém que não forma, nem exprime a vontade 
colectiva; limita-se a colaborar na sua formação ou, o mais das vezes, a 
dar execução as decisões que dele derivam, sob a direcção e a 
fiscalização do órgão. 
 
O funcionamento do órgão, na medida em que se trata de uma 
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34 
 
construçãojurídica e não de uma realidade física, implica a necessária 
intervenção de pessoas físicas. Isso significa que essas pessoas quando 
actuam no âmbito da sua esfera jurídica estão a manifestar uma 
vontade psicológica, mas quando estão a actuar como suporte do 
órgão estão a manifestar uma vontade funcional. A vontade funcional 
deve ser emendada como a manifestação de vontade do órgão, em 
conformidade com o fenómeno da imputação. 
 
Sumário 
O poder político que é exercido no âmbito do Estado está limitado 
pelo Direito. Por um lado, e antes de mais, pelo Direito que é 
produzido internamente por esse mesmo poder político. É, por outro 
lado, em termos externos, pelo Direito Internacional. 
 
Deve ser tida em consideração a distinção entre Estado unitário e o 
Estado complexo, com base na existência de um ou mais poderes 
políticos no mesmo Estado (sendo que, qualquer caso, só um deles é 
soberano). Assim temos como formas de Estado: Estado Simples e 
Estado Complexo. 
 
Os fins do Estado são objectivos prosseguidos pelo poder político do 
Estado. São normalmente considerados três os fins do Estado: 
segurança, justiça e bem-estar. 
 
As funções do Estado são as actividades desenvolvidas pelos órgãos do 
poder político do Estado, tendo em vista a realização dos objectivos 
que se lhes encontram constitucionalmente cometidos. 
Exercícios de Auto-Avaliação 
1. O poder político é um poder: originário, de auto organização e 
de decisão. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Certo 
 
2. Quais são as formas de Estado que conheces? 
Resposta: Estado simples ou unitário e Estado complexo ou 
composto. 
 
3. Faça a distinção entre Estado unitário centralizado e Estado 
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35 
 
unitário regional. 
Resposta: No primeiro, existe apenas um poder político 
estadual, enquanto no segundo existe um fenómeno de 
descentralização política. 
 
4. As experiências de regionalismo político são antigas. 
 Certo 
 Errado 
Resposta: Errado 
 
5. A descentralização pode ser jurisdicional? 
Resposta: Não. A descentralização pode ser administrativa ou 
política. É que não existem formas de descentralização 
jurisdicional, na medida em que a função jurisdicional é sempre 
atribuída a tribunais que são considerados órgãos do Estado 
 
6. Quais são as formas de Estado complexo? 
Resposta: União Real e Federação 
 
Exercícios 
1. Quais são as várias categorias de Estados regionais? 
2. Diferencie a desconcentração da descentralização 
administrativa. 
3. A federação e o “Estado dos Estados”. Comente 
4. Quais são os fins do Estado? 
5. Quais são as funções do Estado? 
6. O que entende por funções do Estado? 
 
UNIDADE Temática 1.5. Exercícios do Tema I 
 
1. O elemento do Estado População é constituído por cidadãos, 
apátridas e estrangeiros. Comente. 
2. José Zingombere, de 18 anos de idade, filho de pais moçambicanos 
nasceu no Malawi, tendo os seus pais o registado como 
malawiano. Hoje ele pretende possuir a nacionalidade 
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36 
 
moçambicana. Pode obtê-la? 
3. Um grupo de deputados da Assembleia da República apresentou 
um projecto de lei onde que se pretende dividir o território 
moçambicano em três partes (Estados). Quid Juris? 
4. A competência não se presume! Comente. 
5. Defina órgão de Estado? 
 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
37 
 
TEMA – II: A CONSTITUIÇÃO COMO ESTATUTO DO PODER 
POLÍTICO 
UNIDADE Temática 2.1. O constitucionalismo e a Constituição. Direito 
Constitucional e fontes do Direito Constitucional. 
UNIDADE Temática 2.2. Exercícios do Tema II 
 
UNIDADE Temática 2.1. O Constitucionalismo e a Constituição. 
Direito Constitucional e fontes do Direito Constitucional. 
Introdução 
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira 
conhecimentos sólidos sobre o Constitucionalismo, Estado 
constitucional, e Direito Constitucional a Constituição como acto 
jurídico, Constituição e sistema jurídico, Dimensões da Constituição, 
Classificações materiais de Constituições e as fontes do Direito 
Constitucional 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Saber definir o Constitucionalismo, Estado constitucional e a 
Constituição; 
 Conhecer as dimensões da Constituição; 
 Conhecer as classificações da Constituição; 
 Conhecer as fontes do Direito Constitucional. 
 
I - Introdução: Constitucionalismo, Estado constitucional, e Direito 
Constitucional 
 
O Direito Constitucional moderno provém do constitucionalismo, e 
remete-nos para a ideia de Estado constitucional. O Estado 
constitucional nasce da luta contra o Estado absoluto. 
 
O objectivo do constitucionalismo era – e é – o de limitar 
juridicamente o poder do Estado (consequentemente, abolir o 
absolutismo real) através de uma Constituição escrita. E de que forma 
opera essa limitação? Entre outros aspectos, através de um 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
38 
 
«instrumento básico, através do qual se procura alcançar esse 
objectivo», o princípio da separação de poderes. Mas também, e 
principalmente, através do reconhecimento de Direitos fundamentais 
dos cidadãos. Em consequência disso, é neste contexto que surgem as 
primeiras proclamações dos Direitos do Homem, e a proclamação da 
igualdade jurídica de todos os homens, independentemente do 
nascimento ou de outros factores. Em consequência disso, também, a 
abolição de privilégios. 
 
A limitação jurídica do poder do Estado, em conexão com a 
responsabilidade jurídica dos titulares dos cargos públicos, constitui o 
elemento essencial de legitimação do poder no contexto de um Estado 
de Direito. 
 
Segundo Gomes Canotilho Constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) 
que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos 
Direitos em dimensão estruturante da organização político-social de 
uma comunidade. Neste sentido o constitucionalismo moderno 
representará uma técnica específica de limitação do poder com fins 
garantísticos. Diríamos, em síntese, que o constitucionalismo 
moderno tem sido essencialmente marcado por uma lógica de 
limitação do poder, e pela oposição às arbitrariedades desse mesmo 
poder, tendo em vista a salvaguarda dos Direitos fundamentais dos 
cidadãos. 
 
O Direito Constitucional é, por sua vez, a parte da ordem jurídica que 
rege o próprio Estado enquanto comunidade e enquanto poder. No 
contexto da sua inserção no Direito em Geral, consiste, por isso, no 
conjunto de normas e princípios que, por um lado, reconhecem um 
conjunto de Direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, e por outro, 
regulam a organização, o funcionamento e os limites do poder 
político. 
 
II - A Constituição como acto jurídico 
 
Por Constituição entendemos, hoje, a lei suprema do Estado (Lei 
Fundamental), que através do seu sistema de normas e princípios 
jurídicos, estabelece a “estrutura básica” do Estado: reconhecendo um 
conjunto de Direitos, liberdades e garantias dos cidadãos; e fixando as 
atribuições, as competências e, por conseguinte, os limites de 
actuação do poder político. 
 
Esta afirmação pode ser desdobrada em três elementos essenciais: (1) 
um elemento subjectivo; (2) um elemento formal; e (3) um elemento 
material. 
 
1) A Constituição (normalmente, plasmada num documento escrito) é, 
 ISCED – MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
39 
 
em primeiro lugar, uma lei, uma fonte legislativa, um acto jurídico-
positivo. Nestes termos, é um acto jurídico intencional (elemento 
subjectivo). 
 
2) Utilizando a metáfora kelsiana, esta lei encontra-se no topo de uma 
“estrutura escalonada” – a tal “pirâmide normativa”, ou seja, localiza-
se num lugar cimeiro na hierarquia das fontes. Por isso, em segundo 
lugar, dizemos que a Constituição é dotada de supremacia máxima na 
ordem jurídica estadual (elemento formal). 
 
3) A Constituição estabelece, por fim, a “estrutura básica” do Estado, 
ou a sua ordenação jurídico-política. Ou seja, a Constituição regula

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