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Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático e Neurotransmissão Colinérgica Farmacologia Básica Profª Mani Funez Sympathetic Colinergic Neurotransmission Sistema Nervoso Autônomo �(Divisão) Estudo anatômico; �(Divisão) Estudo da neuroquímica: mediadores químicos, receptores, mecanismos de transdução de sinal; �(Divisão) Estudo funcional: efeitos biológicos e funções que podem ser moduladas por fármacos. Parassimpático Simpático Sistema Nervoso Motor Somático Neurotr. ColinérgicaNeurotr. Adrenérgica Sistema Nervoso Autônomo �(Divisão) Estudo anatômico; �(Divisão) Estudo da neuroquímica: mediadores químicos, receptores, mecanismos de transdução de sinal; �(Divisão) Estudo funcional: efeitos biológicos e funções que podem ser moduladas por fármacos. Parassimpático Simpático Sistema Nervoso Motor Somático Neurotr. ColinérgicaNeurotr. Adrenérgica Transmissão Colinérgica Grupo amônio quaternário Grupo éster suscetível à hidrólise pela colinesterase acetiltransferase Efeitos Muscarínicos e Nicotínicos da Ach Experimento de Dale, 1914 Nobel Prize in Physiology or Medicine 1936 �Estrutura pentamérica: subunidades α β γ δ ε; �Canais iônicos controlados por ligante; �Permeável a cátions (Na+, K+); �Musculares, ganglionares e SNC. �Receptores acoplados à proteína G; �Cinco subtipos: M1-M5; �M1-M3-M5: acoplados Gq, via fosfatos de inositol; �M2-M4 acoplados Gi, via adenilil-ciclase; �Neurais (M1), Cardíacos (M2), Glandulares/Múculo Liso (M3), SNC (M4-M5). Transmissão Colinérgica e Fármacos ? X Fármacos Agonistas e Antagonistas Muscarínicos Fármacos Agonistas Muscarínicos Parassintomiméticos: efeitos se assemelham com a estimulação parassimpática; Seletividade: muscarínicos (+++ potentes) e nicotínicos; √√√√ Agonistas muscarínicos : 1 - ésteres de colina - ACh - metacolina - betanecol - carbacol 2 – alcalóides - muscarina colinomimét. naturais - pilocarpina Amanita muscaria Pilocarpina Alcalóide extraído das folhas da planta jaborandi (Pilocarpus pennatifolius), uma espécie vegetal disponível somente no Brasil. O jaborandi é conhecido há vários séculos pelos índios tupi- guarani que a chamavam de yaborã-di (planta que faz babar) e indicada sempre que se queira aumentar a produção de suor (por exemplo tto da gripe). Esta planta é um arbusto do gênero Pilocarpus, de ocorrência natural em algumas regiões do norte/nordeste do Brasil, especificamente entre o Maranhão e o Piauí, que tem folhas claras podendo chegar até dois metros de altura. Suas folhas estão repletas de pequenas bolsas secretoras que quando esfregadas soltam um cheiro semelhante ao da laranja. A empresa alemã Merck é detentora da patente do uso do pilocarpo. As variantes éster de colina tem o efeito de reduzir a suscetibilidade do composto à hidrólise e de alterar a atividade relativa sobre os receptores muscarínicos ou nicotínicos. Fármacos Agonistas Muscarínicos Efeitos Efeitos cardiovasculares: queda acentuada na pressão arterial. Mecanismo: 1) Ativação de receptores M2 no coração: diminuição da freqüência e do débito cardíacos; 2) Vasodilatação generalizada via óxido nítrico – NÃO HÁ INERVAÇÃO PARASSIMPÁTICA EM VASOS. Efeitos sobre o músculo liso: Contração Exceção: músculo liso vascular (relaxamento)... Mecanismo: 1) Ativação de receptores M3: trato GI (aumento atividade peristáltica), bexiga (melhora esvaziamento), vias aéreas (constrição brônquica); Efeitos sobre as secreções sudorípara, lacrimal, salivar, brônquica e gástrica: estímulo da secreção. Mecanismo: 1) Ativação de receptores M3. 2) A combinação de efeitos nos pulmões pode interferir na respiração: constrição do m. liso + secreção. Efeitos sobre o olho: acomodação ocular. Mecanismo: 1) Ativação de receptores M3; 2) Contração dos músculos constritor da pupila e ciliar; 3) Importância no controle da pressão intra-ocular durante o glaucoma. 1) Acomodação ocular: Músculo constritor da pupila: ajuste da pupila em resposta a alterações na luz e regulação da pressão intra- ocular; Músculo ciliar: diminui a distância focal do cristalino – acomodação visual para enxergar perto: reflexo parassimpático. 2) Glaucoma: aumento na pressão intra-ocular, drenagem do humor aquoso prejudicada durante a midríase ou dilatação pupilar. Usos terapêuticos Principalmente no tratamento do glaucoma. Pilocarpina: agonista parcial, seletividade para glândulas e contração músculo liso da íris. Colírio: boa absorção através da memb. conjuntival, estável, duração de ação 1 dia. Betanecol: tratam. da retenção urinária e estimulante da motilidade gastrintestinal. Atua em M3, poucos efeitos em M2. Antagonistas dos receptores muscarínicos: parassimpatolíticos 1) Alcalóides encontrados em plantas solanáceas: Atropa belladonna: beladona -Atropina; - Hioscina/escopolamina. 2) Compostos sintéticos: Ipratrópio, metonitrato de atropina. Atropina é antagonista competitivo da acetilcolina em receptores muscarínicos Efeitos da atropina? Antagonistas dos Receptores Muscarínicos Composto Propried. farmacol. Usos clínicos Observações Atropina � Antag. não-seletivo; � Bem absorv. via oral; � Poucos efeitos no SNC (excitação suave) em doses terapêuticas. � Adjuvante anestesias (reduz secreções, broncodilatador); � Envenenam. por anticolinest.; � Bradicardia; � Hipermotilidade GI (antiespasm.). � Alcalóide da beladona; Efeitos adversos: � retenção urinária; � ressecamento da boca; � visão embaraçada. Hioscina (escopolami na) Buscopan® � Semelhante a atropina; � Depressor do SNC em doses terapêuticas. � Iguais aos da atropina; �Antiespasmódico. � Alcalóide da beladona; � Produz sedação; � Outros efeitos iguais aos da atropina. Composto Propried. farmacol. Usos clínicos Observação Metronidrato de Atropina � Semelhante à atropina, porém sofre pouca absorção e carece de efeito sobre o SNC; � Atividade significativa de bloqueio ggl. � Principalm. para hipermotilidade GI antiespasmódico � Derivado de amônio quaternário. Ipratrópio (Atrovent®) � Semelhante ao metronidrato de atropina. � Por inalação para DPOC, asma (padrão ouro) � Composto de amônio quaternário. Tiotrópio (Spiriva®) � Semelhante ao ipratrópio (porém tem ação mais longa) � Por inalação para DPOC, asma. � Composto de amônio quaternário Antagonistas dos Receptores Muscarínicos Composto Propried. farmacol. Usos clínicos Observação Tropicamida � Semelhante à atropina; � Pode causar elevação da pressão intra-ocular. � Uso oftálmico para produzir midríase e cicloplegia (paralisia de acomodação); � Ação curta Ciclopentolato � Semelhante à tropicamida. � Iguais aos da tropicamida � Ação longa Pirenzepina � Selet. recep. M1; � Inibe secreção gástrica. � Úlcera péptica � Suplantada por outras drogas antiúlcera Antagonistas dos Receptores Muscarínicos Composto Propried. farmacol. Usos clínicos Observação Darifenacina � Seletividade modesta em M3 �Tto de bexiga hiperativa. Oxibutinina � Seletiva em M3 > M2 �Tto de bexiga hiperativa. Tolterodina � Não seletiva � Tto de bexiga hiperativa. Antagonistas dos Receptores Muscarínicos Fármacos que afetam os Gânglios Autônomos Fármacos Estimulantes Ganglionares Elaborar uma hipótese: Quais os possíveis mecanismos de ação? Se for coerente com sua hipótese, proponha um ou mais mecanismos farmacodinâmicos? Fármacos Estimulantes Ganglionares Acetilcolina é um estimulante ganglionar? Agonistas nicotínicos: nicotina, lobelina e dimetilfenilpiperazínio (DMPP) – preferenciais gânglios. Fármacos Estimulantes Ganglionares Uso clínico: Nicotina: tto para o tabagismo. Fármacos Bloqueadores Ganglionares Mecanismo(s)? Fármacos Bloqueadores Ganglionares Mecanismos: 1) Inibição da liberação de Ach: hemicolínio, toxina botulínica; 2) Despolarização prolongada: nicotina, Ach quando a colinesterase está inibida; 3) Bloqueio de receptores nicotínicosou de canais iônicos associados: hexametônio, trimetafana. Transmissão colinérgica Fármacos Bloqueadores Ganglionares Efeitos: complexos, o sistema nervoso autônomo é bloqueado. Uso clínico: obsoleto Importantes ferramentas experimentais Fármacos Bloqueadores Neuromusculares A Junção Neuromuscular (JNM) Fármacos Bloqueadores Neuromusculares Mecanismos: 1) Bloqueio na região pré-sináptica: síntese ou liberação de Ach (toxina botulínica, Clostridium botulinum). 2) Bloqueio na região pós-sináptica: -*agentes não-despolarizantes: antagonistas competitivos, bloqueio de receptores. - agentes despolarizantes: agonistas de receptores. Efeito da tubocurarina na transmissão neuromuscular Curare é termo utilizado para descrever uma preparação de venenos usados pelos indígenas da América do Sul nas pontas de flechas como recurso de caça. Possui efeito de paralisar os animais atingidos. O principal ingrediente ativo é a tubocurarina – protótipo de fármaco bloqueador neuromuscular. Strychnos toxifera by Koehler 1887 Bloqueadores competitivos ou não-despolarizantes • Tubocurarina, atracúrio, mivacúrio, pancurônio, vecurônio; • Antagonistas competitivos do receptor nicotínico; • Promovem paralisia flácida em todos os músculos; • Em presença de antagonistas competitivos a célula muscular torna-se insensível aos impulsos nervosos motores e à Ach aplicada diretamente. Entretanto, a fibra muscular ainda responde à estimulação elétrica direta. Bloqueadores Despolarizantes • Succinilcolina (único da classe em uso clínico, decametônio não é mais comercializado); • Resistente à acetilcolinesterase, mas susceptível à colinesterase plasmática; • Agonistas nos receptores de placa terminal; • Despolarizam a membrana como a Ach, mas persistem por mais tempo, resultando em fasciculações musculares transitórias, seguidas por bloqueio da transmissão e paralisia neuromuscular. • Canais iônicos inativos precisam retornar ao estado de repouso para serem novamente ativados; • Prolongando a despolarização com a utilização de um agonista previne-se o retorno ao estado de repouso; • Não ocorrem mais potenciais de ação: o músculo fica paralisado mesmo quando receptores nicotínicos forem ativados. Canal fechado/repouso Canal aberto/ativo Canal bloqueado/inativo Usos terapêuticos • Coadjuvantes em anestesia durante cirurgias para produzir relaxamento dos músculos esqueléticos e facilitar manipulações operatórias; • Úteis também para correção de luxações, alinhamento de fraturas; • Intubação com tubo endotraqueal (laringoscopia); • Atenção: administração por via endovenosa, em ambiente hospitalar ou com recursos adequados; o indivíduo necessitará de respiração artificial. Bloqueadores Neuromusculares Aspectos Farmacocinéticos Fármaco Propriedades Início ação (min) Duração (min) succinilcolina (suxametônio) duração ultra-curta, despolarizante 1 a 1,5 5 a 8 D-tubocurarina duração longa, competitivo 4 a 6 80 a 120 atracúrio duração intermediária, competitivo 2 a 4 30 a 60 mivacúrio duração curta, competitivo 2 a 4 12 a 18 rocurônio duração intermediária, competitivo 1 a 2 30 a 60 vecurônio duração intermediária, competitivo 2 a 4 60 a 90 Clostridium tetani - tetanospasmina ou toxina tetânica Afeta controle motor central, a função autonômica e a junção neuromuscular. Manifestações dependem das células afetadas. 1ª Semana: Inibição da neurotransmissão GABAérgica e Glicinérgica, resposta motora à estímulos aferentes exacerbada. 2ª Semana: disfunção autonômica. Fármacos Anticolinesterásicos Agentes que intensificam a Transmissão Colinérgica Tipos de Colinesterases � Acetilcolinesterase: � Localizada nas sinapses colinérgicas, líquido cefalorraquidiano (forma solúvel); �Mais seletiva para a Ach. � Butirilcolinesterase: �Distribuição ampla: plasma (forma solúvel), fígado, pele, SNC; �Menos seletiva: �Ach �Succinilcolina �Anestésicos locais (procaína) �Ambas mantém os níveis plasmáticos de Ach indetectáveis Action Potential Na+ Acetylcholinesterase Presynaptic neuron Postsynaptic target Muscarinic Receptor ACH ACH Choline Acetate ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH Action Potential Na+ Acetylcholinesterase Presynaptic neuron Postsynaptic target Muscarinic Receptor ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH ACH HN Hidrólise da Ach pela AchE Trp 86 O N CH3 CH3 CH3 O OH Ser 203 Phe 338 Sítio aniônico C O OGlu 327 N H N His 440 Sítio esterásico T r í a d e c a t a l í t i c a O O HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 HO N CH3 CH3 CH3 C O OGlu 327 N H N His 440 Hidrólise da Ach pela AchE Sítio aniônico Sítio esterásico Enzima acetilada Curta ação O O HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 HO N CH3 CH3 CH3 colina C O OGlu 327 N H N His 440 Hidrólise da Ach pela AchE Sítio aniônico Sítio esterásico O O HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 C O OGlu 327 N H N His 440 H O H Hidrólise da Ach pela AchE Sítio aniônico Sítio esterásico OH HN Trp 86 Sítio esterásico Ser 203 Phe 338 OH O acetato C O OGlu 327 N H N His 440 Hidrólise da Ach pela AchE Sítio aniônico Ação curta Ação média Ação irreversível A natureza da interação com o sítio ativo da colinesterase determina a duração da ação dos anticolinesterásicos Inibidores da AchE • Ação curta; • Ligações iônicas; • Uso clínico diagnóstico da miastenia gravis. OH NH3C C2H5 CH3 Edrophonium (Tensilon)Edrofônio • Ação média; • Carbamil-ésteres (e não acetil-éster); • Ligação covalente com o sítio esterásico da AChE. O NH3C CH3 CH3 N O CH3 CH3 Neostigmine (Prostigmin) N N CH3 H H3C CH3 O H N O Physostigmine (Antilirium) H3C N O N O CH3 CH3 Pyridostigmine (Mestinon)CH3 Inibidores da AchE neostigmina fisostigmina piridostigmina HN Inibição da AChE pela neostigmina Trp 86 OH Ser 203 Phe 338 NON O Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico ON O HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 NHO Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico Inibição da AChE pela neostigmina Enzima carbamilada duração de 3 a 4 h HN Trp 86 OH Ser 203 Phe 338 OHN O Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico Inibição da AChE pela neostigmina Carbamil-serina hidrolisada lentamente • Ação irreversível; • Compostos de fósforo: enzima fosforilada; • Ligação covalente com o sítio esterásico da AChE. Inibidores da AchE Diflos Paration Ecotiopato HN Inibição da AChE pelos organofosforados Trp 86 OH Ser 203 Phe 338 O P O F O Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 O P O O O Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico Inibição da AChE pelos organofosforados Enzima fosforilada regeneração hidrolítica muito lenta Paration �Os compostos organofosforados foram desenvolvidos como armas químicas, inseticidas e para uso clínico; �Diflos e paration: altamente lipossolúveis, capacidade de ser absorvidos através da pele íntegra e da cutícula de insetos. Efeitos de Anticolinesterásicos ? Efeitos de Anticolinesterásicos Aumento na atividade nas sinapses colinérgicas = efeitos múltiplos Intoxicação aguda: a gravidade depende da dose. • Bradicardia e hipotensão graves, dificuldade para respirar, bloqueio neuromuscular despolarizante; • Efeitos centrais: excitação inicial, convulsões, depressão, perda da consciência e depressão respiratória; • Neurotoxicidade: demielinização. •Tratamento: ? Efeitos de Anticolinesterásicos •Tratamento: antagonistas muscarínicos (atropina). Antídoto para intoxicação com AChEs • Antídoto para intoxicação; • Reativadores da AchE; • Após o processo de envelhecimento não é mais possível regenerar a enzima; • Pralidoxima. N CH3 N HO HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 O P O O O N CH3 N O Regeneração da AChE pela Pralidoxima Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico o grupamento oxima tem alta afinidadepelo fósforo HN Trp 86 Ser 203 Phe 338 O P O O O N CH3 N O Glu 327 His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico Regeneração da AChE pela Pralidoxima Formação de uma fosforiloxima e regeneração da enzima HN Trp 86 OH Ser 203 Phe 338C O OGlu 327 N H N His 440 Sítio aniônico Sítio esterásico Regeneração da AChE pela Pralidoxima Rename, 2010 Utilização terapêutica dos inibidores da AchE Indicações Fármacos utilizados Reversão de bloqueio neuromuscular (após cirurgias) edrofônio, neostigmina, piridostigmina Miastenia gravis neostigmina, piridostigmina Glaucoma ecotiopato (colírio) Doença de Alzheimer Tacrina, donezepil, rivastigmina, galantamina Anticolinesterásicos e Miastenia gravis Sintomas: fraqueza muscular, fadiga; Causa: falha na transmissão neuromuscular – resposta auto-imune – perda de receptores nicotínicos na JNM
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