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GRUPOS FUNCIONAIS EM QUÍMICA ORGÂNICA Os grupos funcionais são agrupamentos específicos de elementos que mantêm características químicas e físicas entre sí. Cada um desses agrupamentos é também responsável pelas características dos compostos que os contem, principalmente sua reatividade. Existem diversos grupos funcionais em química orgânica, cada um com regras específicas para a sua nomenclatura, e nos deteremos mais representativos grupos funcionais mais a frente. Hidrocarbonetos Os hidrocarbonetos, o classe mais proeminente de grupos funcionais, são formados por compostos que contem apenas carbono e hidrogênio. Eles podem ser subdivididos em quatro grandes grupos de hidrocarbonetos: alcanos, alcenos, alcinos e compostos aromáticos. Os alcanos são compostos que apresentam apenas ligações simples em sua constituição. O alcano mais simples é o metano (CH4), um componente presente na atmosfera de muitos planetas, além de ser o maior componente do gás natural. O metano, bem como os quatro alcanos homólogos seguintes, etano (C2H5), propano (C3H8) e butano (C4H10) são gases a 20° C. O carbono dos alcanos apresenta hibridização sp3 e, portanto todos os seus ângulos de ligação têm 109,5°. Alcanos tem grande importância na indústria de combustíveis. Estrutura do metano. Os alcenos são hidrocarbonetos que apresentam pelo menos uma ligação dupla em sua constituição. Os alcenos de forma geral são aproveitados na indústria como matéria prima para a produção de diversos materiais. O alcenos mais simples é o eteno (C2H4), e é a fonte de produção do etanol não fermentado e do polímero polietileno de ampla aplicação na indústria de plásticos. O propeno (ou propileno, C3H6) é também muito importante na indústria, sendo o precursor do polímero polipropileno, a material prima para a produção da acetona. Os carbonos que participam da ligação dupla dos alcenos apresentam hibridização sp2, com ângulos de 120° entre suas ligações, enquanto os demais carbonos apresentarão hibridização sp3. Estrutura do eteno. Os alcinos são a terceira classe de hidrocarbonetos e apresenta pelo menos uma ligação tripla em sua constituição. A presença de uma tripla ligação indica a hibridização sp dos carbonos que participam desse tipo de ligação. O alcino mais simples é o etino (ou acetileno, C2H2), que é largamente utilizado como gerador de chama para tochas de alta temperatura. Muitos alcinos são de interesse biológico, agindo como antifúngicos, como o capilino (1) e o etinilestradiol (2), um hormônio contraceptivo oral. Com hibridização sp nos carbonos da ligação tripla, as ligações desses carbonos apresentam ângulos de 180° entre si. Estrutura do etino (1) Capilino (2) Etinilestradiol A última, mas não menos importante classe de hidrocarbonetos, os hidrocarbonetos aromáticos, é representada por estruturas com a do benzeno (C6H6), um protótipo de composto aromático. Estrutura de Kékule (esquerda) e representação de linhas (direita) da estrutura do benzeno. Não devemos, no entanto, confundir hidrocarbonetos aromáticos com o termo compostos aromáticos. Os compostos aromáticos são uma classe maior de compostos orgânicos onde os hidrocarbonetos aromáticos estão inseridos. Nos hidrocarbonetos aromáticos, os carbonos apresentam hibridização sp2 nos carbonos das ligações duplas e ângulos de 120°, em uma estrutura fechada (ciclo), onde todas as ligações apresentam o mesmo comprimento. Esse fenômeno é explicado pela teoria de ressonância, onde a deslocalização eletrônica no anel gera duas estruturas de ressonância para o benzeno, que contribuem igualmente para o híbrido de ressonância. Estruturas de Kékule representando as estruturas de ressonância para o benzeno (esquerda) e a representação de seu híbrido de ressonância (direita). Como já citado anteriormente, grupos funcionais são responsáveis pela reatividade dos compostos e, uma vez que os alcanos são, normalmente, pouco reativos, não são considerados grupos funcionais propriamente ditos. Entretanto, é a partir das estruturas dos alcanos mais simples que se iniciam as regras da nomenclatura de compostos orgânicos, através da identificação de grupos alquila presentes nos compostos. Grupos alquila, ou grupos R, são grupamentos de elementos obtidos pela remoção de um dos hidrogênios presentes em um hidrocarboneto. Em alguns casos, mais de um grupo alquila pode ser obtido de um mesmo hidrocarboneto, como nos exemplos abaixo. Alcano Grupo Alquil Abreviatura CH4 metano CH3 metil Me CH3CH3 etano CH3CH2 Etil Et CH3CH2CH3 propano CH3CH2CH2 propil Pr CH3CHCH3 isopropil i-Pr CH3CH2CH2CH3 butano CH3CH2CH2CH2- butil Bu CH3CH2CHCH3 isobutil i-Bu CH3CH(CH3)2 terc-butano CH3C(CH3)2 terc-butil t-Bu O benzeno possui diversas formas de representar seu grupo alquila correspondente, conhecido como grupo fenil. O tolueno (metilbenzeno) também gera um grupo alquila bastante comum, o grupo benzil, que também pode ser representado de diversas formas. Haletos de alquila Os haletos de alquila são compostos que contem pelo menos um átomo de halogênio substituindo um hidrogênio em um hidrocarboneto. Por exemplo, o cloreto de metila é um haleto de alquila onde um H foi trocado por um Cl, gerando o composto CH3Cl. Os haletos de alquila são classificados como primários, secundários, ou terciários, de acordo com a posição onde o halogênio se liga no grupo alquila. Por exemplo, um bromo pode substituir um H no propeno de duas maneiras distintas, gerando o CH3CH2CH2CH2Cl, o cloreto de butila, um haleto primário, ou o CH3CH2CH(Cl)CH3, o cloreto de isobutila, um haleto secundário. Se partirmos do terc-butano, teremos podemos formar o cloreto de terc-butila, ou (CH3)3CCl, um haleto terciário. Abaixo seguem mais alguns exemplos de haletos. Estruturas de alguns cloretos de alquila. Esquerda: primário; Meio: secundário; Direita: terciário. Álcoois Os álcoois são compostos que possuem pelo menos um grupo hidroxil, -O-H, presente em sua constituição. O oxigênio do ácool possui hibridização sp3, e ângulos de 109,5°. Assim como os haletos de alquila, os álcoois recebem a classificação de primários, secundários ou terciários, dependendo da posição onde encontremos o grupo hidroxil. Estrutura de dois álcoois secundários. Éteres Éteres são compostos orgânicos com fórmula geral R-O-R’, onde R e R’ podem ser iguais ou diferentes. O oxigênio do éter possui hibridização sp3 e, portanto, os ângulos observados são de aproximadamente 109°. e Representação do grupo funcional éter (esquerda) e estrutura do tetrahidrofurano (direita), um éter cíclico. Aminas Aminas são compostos orgânicos derivados da amônia (NH3) e, portanto, possuem pelo menos um átomo de nitrogênio com hibridização sp3 em sua estrutura. Diferente da classificação adotada para haletos de alquila e álcoois, as aminas são grupos funcionais classificados de acordo com o número de grupos alquila substituindo o átomo de nitrogênio. Os grupos R, R’ e R” podem ser iguais ou diferentes. N H R H N H R R' N R" R R' amina primária amina secundária amina terciária Representação estrutural da classificação das aminas. Áldeídos, Cetonas, Ácidos Carboxílicos, Ésters e Amidas Esses grupos funcionais guardam entre sí uma característica peculiar. Todos possuem um grupo carbonil (C=O) presente em sua constituição. Uma vez que o carbono e oxigênio carbonílicos apresentam hibridização sp2, ambos realizam uma ligação dupla um com o outro, deixando o carbono responsável pelas demais ligações presentes no grupo funcional. O carbono carbonílico pode realizar duas outras ligações, e de acordo com o tipo de grupos ligados a ele, obtemos um dentre esses cinco diferentes grupos funcionais. O X Z Grupo Funcional X Z* Exemplo Nome comum Aldeído R H O CH3 H acetaldeídoCetona R R’ O CH3 CH3 acetona Ácido Carboxílico R OH O CH3 OH ácido acético Éster R OR’ O CH3 OCH3 acetato de metila Amida R NR’R” O CH3 NH2 acetamida R’ e R” podem ser iguais ou diferentes de R. Nitrilas As nitrilas são grupos funcionais onde um átomo de carbono apresenta uma ligação tripla com um átomo de nitrogênio. Esse grupo também é conhecido como grupo ciano. A representação mais simples desse grupo é o composto etanonitrila, ou CH3CN.
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