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@rufs.medvet 1 Prefácio Esse resumo foi desenvolvido com intuito de facilitar os estudos de estudantes da área da saúde, mas especificamente voltado para Medicina Veterinária. Baseado nas aulas de Patologia Geral e Sistêmica I ministradas pela professora Adriana de Siqueira e referências pelo livro “Patologia Veterinária”– Santos, Renato de, L. e Antônio Carlos Alessi – e “Bases da Patologia em Veterinária” – Zachary, James F. As imagens, em sua grande maioria, foram retiradas da internet, outras do livro citado acima e outros desenhos próprios. @rufs.medvet 2 Sumário 3 – Lesão x não-lesão 3 – Classificação 4 – Autólise 4 – Heterólise da putrefação 4 – Fatores que influenciam no aparecimento precoce ou tardio 5 – Algor mortis 5 – Livor mortis 6 – Rigor mortis 6 – Coagulação do sangue 7 – Coágulo x trombo 7 – Embebição por hemoglobina 7 – Embebição biliar 8 – Meteorismo pós morte 8 – Deslocamento, torção e ruptura de vísceras 9 – Prolapso retal cadavérico 9 – Pseudo-melanose 9 – Enfisema cardíaco 10 – Maceração 10 – Coliquação 11 – Redução esquelética 11 – Fases evolutivas das alterações putrefativas @rufs.medvet 3 Alterações cadavéricas “Quando termina a morte da vida inicia-se a vida da morte” – Alves de Menezes Tanatologia é o ramo da patologia que estuda o processo de morte. A morte em si, de causa natural, como velhice, é a quebra da homeostasia, atinge um limite que não permite mais a vida (geralmente uma doença que passou despercebido). Os olhos dão a primeira certeza da morte, ficam muito ressecados e intactos. A entrada da morte é chamada de “Atria Mortis”, é percebida pelas paradas das funções: cardíaca, respiratória e nervosa. A ordem e as paradas das funções dependem de espécie para espécie. O conceito de alterações cadavéricas é a alteração observada num cadáver que não ocorre num animal vivo. Por exemplo, não acontece hemorragia ou inflamação após a morte e a autólise e putrefação só acontecem no animal morto. Na patologia é importante saber diferenciar das lesões produzidas em vida, pois no começo tudo parece lesão, mas não é, e estimar a hora da morte. As alterações post mortem podem ser confundidas com lesões. É preciso estimar as condições nas quais a morte ocorreu e o tempo decorrido desde a morte, esse processo é chamado de IPM (intervalo post mortem). É o intervalo de tempo entre a última vez que o animal foi visto vivo e o horário que foi visto morto. Por exemplo, uma mulher saiu para trabalhar às 8h e o cachorro estava bem, quando ela chegou em casa às 17h, encontrou ele morto, mas nesse intervalo de tempo ninguém mais viu ou teve contato com o cachorro. O IMP é das 8h às 17h. Classificação: ➢ Alterações cadavéricas abióticas; ⤷ são aquelas que não há participação de microrganismos. Não modificam o cadáver. Podem ser imediatas, chamadas de morte somática ou clínica, e mediatas ou consecutivas, chamadas de autólise. *A somática é a morte do corpo e a autólise é a destruição tecidual. ➢ Alterações cadavéricas bióticas ou transformativas. ⤷ são aquelas que há participação de microrganismos. Essas modificam o cadáver, o que dificulta o trabalho de análise dos achados macroscópicos. Determinam decomposição, putrefação ou heterólise. @rufs.medvet 4 ⤷ Por causa desses microrganismos que dão-se os cheiros e é preciso saber distingui-los. Alterações abióticas imediatas: ● Insensibilidade; ● Imobilidade; ● Parada das funções cardio- respiratórias; ● Inconsciência; ● Arreflexia (ausência de reflexos). Alterações abióticas mediatas: ● Livor mortis (hipóstase cadavérica); ● Algor mortis (frialdade cadavérica); ● Rigor mortis (rigidez cadavérica); ● Coagulação do Sangue; ● Embebição pela hemoglobina; ● Embebição Biliar; ● Timpanismo pós morte; ● Deslocamento, torção ou ruptura de vísceras; ● Prolapso retal cadavérico. Alterações bióticas: ● Pseudo-melanose ; ● Enfizema cadavérico tecidual; ● Maceração; ● Coliquação/Liquefação; ● Redução esquelética. *Estopia: quando o órgão não está na sua localização anatômica. Autólise É a destruição de um tecido por enzimas proteolíticas produzidas pelo próprio tecido. ⤷ desmembram a proteína. O O₂ é fundamental para a vida. As mitocôndrias produzem energia para as células e tecidos e precisam de oxigênio para trabalhar senão não conseguem manter as membranas e começam a se degradar. Então a falta do O₂ desencadeia morte celular, dando decorrência a autólise. *Não causa inflamação. Alterações microscópicas: ● Perda dos limites celulares; ● Diminuição da afinidade tintorial; ● Ausência de reações inflamatórias e a presença de hemólise. Heterólise da putrefação É a ação das enzimas proteolíticas dos organismos da microbiota intestinal (saprófitas). - degradação tecidual. Fatores que influenciam no aparecimento precoce ou tardio ➢ Temperatura ambiente; ⤷ quanto mais alta, maior velocidade de instalação da AC (alterações cadavéricas). ➢ Tamanho do animal; ⤷ quanto maior o animal, mais difícil o resfriamento e maior velocidade de instalação. ➢ Estado de nutrição; @rufs.medvet 5 ⤷ mais glicogênio muscular, mais tempo levará o Rigor Mortis (rigidez do cadáver) para se instalar. ➢ Causa mortis; ⤷ infecções clostridianas, septicemias, intoxicações aceleram as AC. ➢ Cobertura tegumentar. ⤷ pêlos, penas, lã e camada gordurosa aceleram as AC. ➢ Antibióticos retardam as AC. Algor mortis É o resfriamento do cadáver. A temperatura fica igual a do ambiente - mesmo se morreu hipotérmico. Sinônimos: arrefecimento cadavérico / frialdade cadavérica / frigor mortis. Como se verifica? Resfriamento gradual do cadáver até alcançar a temperatura ambiente. Quando aparece? Três a quatro horas após a morte. *Tetanias elevam a temperatura corporal mesmo após a morte. ⤷ vem de tétano. Contração muito forte dos músculos. Livor mortis É o clareamento do cadáver. O sangue se direciona para o solo por força da gravidade. É difícil de ver em pele e pêlo pigmentado, nesse caso vê-se pelos órgãos, ficam mais escuros. Sinônimos: hipóstase cadavérica / Lividez cadavérica. Como verificar? Manchas violáceas nos locais de declive Quando aparece? Entre duas e quatro horas após a morte. No caso da imagem acima, temos um porco que foi colocado do lado oposto que morreu para conseguir ver o livor mortis. Pelas marcas esbranquiçadas é possível ver que o animal entrou em @rufs.medvet 6 óbito quando estava pressionado pela grade e isso fez com que ficasse com as marcas da mesma na pele. Rigor mortis É o enrijecimento docadáver. Quando esgota toda reserva de glicogênio na musculatura entra em fase de rigor. Sinônimo: Rigidez cadavérica Como se verifica? Perda de mobilidade das articulações Quando aparece? Duas a quatro horas após a morte Duração: 12 a 24 horas *Na fase pós-rigor há ação de bactérias. A ordem de entrada do rigor mortis é da contração involuntária para a voluntária. Começando por: ▪ Coração; ▪ Músculos da respiração; ▪ Músculos mastigatórios; ▪ Músculos peri-oculares; ▪ Músculos do pescoço; ▪ Músculos dos membros torácicos; ▪ Músculos do tronco; ▪ Músculos dos membros pélvicos. Coagulação do sangue Tipos: ➢ Coágulo cruórico (vermelho); ➢ Coágulo lardáceo (amarelo); ➢ Coágulo misto. Quando forma? Em torno de duas horas após a morte. Quanto dura? Em torno de seis a oito horas. Como se forma? Antes de coagular o sangue se direciona para o solo, então as células endoteliais, leucócitos e plaquetas em hipóxia liberam a enzima tromboquinase que irá desencadear a formação de coágulos no sangue dentro do vaso. Hipóxia: diminuição de O₂. Anóxia: ausência total de O₂. Nos cavalos é comum coágulo amarelo, pois a sedimentação das hemácias é mais rápida. Já nos cães e gatos é sinal de problemas hepáticos. Qual a diferença entre trombo e coágulo? O trombo é irregular, se desmancha, se puxar quebra (inelástico), é aderido na parede do vaso. @rufs.medvet 7 Embebição por hemoglobina Sinônimo: embebição hemolítica ou sanguínea. Como se verifica? Manchas avermelhadas no endotélio vascular, endocárdio e vizinhanças de vasos (mais perceptível em tecidos claros) Quando aparece? Oito horas após a morte. Como se forma? Hemólise do coágulo, liberação e difusão da hemoglobina no tecido. Observações: é importante diferenciar das hemorragias subendocárdicas e subendoteliais. Embebição Biliar Como verificar? Coloração amarelo - esverdeada nos tecidos próximos à vesícula biliar Quando aparece? Aparecimento após a morte é variável Como se forma? Autólise rápida da parede da vesícula devido a ação dos sais biliares. @rufs.medvet 8 Meteorismo pós-morte É a fermentação do conteúdo gástrico com ação das bactérias. Sinônimo: Timpanismo cadavérico Como verificar? Distensão abdominal por gases formados no tubo digestivo. Diagnóstico diferencial: ➢ Meteorismo Pós- Morte; ⤷ Ausência de alterações circulatórias nas paredes do tubo gastrointestinal. ➢ Meteorismo Ante-Morte. ⤷ Hiperemia e hemorragia na parede gastrointestinal. ⤷ Compressão do fígado e baço por distensão do rúmen e intestino. Para saber se foi antes ou depois da morte precisa analisar se teve inflamação, se sim, foi antes. Deslocamento, Torção e Ruptura de Vísceras Como verificar? Modificação na posição das vísceras, às vezes com torção e até ruptura das mesmas. @rufs.medvet 9 Prolapso Retal Cadavérico Sinônimo: Pseudoprolapso retal Como se verifica? Exteriorização da ampola retal, com ausência de alterações circulatórias. Pseudo-melanose Sinônimo: manchas de putrefação. Como se verifica? Manchas cinza-esverdeadas, irregulares, na pele da região abdominal e em órgãos vizinhos aos intestinos. O H₂S é o que causa o fedor. Enfisema cadavérico São bolhas de gás. Sinônimo: crepitação pós morte. Como verificar? Crepitação do tecido subcutâneo, tecido muscular e órgãos parenquimatosos. @rufs.medvet 10 Maceração Como verificar? Fragmentação tecidual e desprendimento das mucosas. Coliquação As vísceras começam a se liquefazer e se fundem. Sinônimo: liquefação parenquimatosa pós morte. Como verificar? Perda progressiva do aspecto e estrutura das vísceras. Obs.: A ocorrência precoce na medular da adrenal não significa putrefação. @rufs.medvet 11 Redução Esquelética Sinônimo: esqueletização. Como se verifica? Desintegração / dissolução dos tecidos moles. Causa da morte: indeterminada por putrefação. 2. Período Gasoso: gás sulfídrico (H₂S) - tempo de 24 horas. 3. Período Liquefativo: desintegração dos tecidos moles - tempo a partir de 7 dias. 4. Período de Esqueletização: só resta o esqueleto. Fases Evolutivas das Alterações Putrefativas 1. Período de Coloração: manchas esverdeadas na parede abdominal. Coincide com timpanismo e enfisema cadavérico – tempo de 8 à 24 horas.
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