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FONÉTICA E FONOLOGIA 
Me. Paula de Freitas Denari 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2022 
 
 
1 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. A LINGUAGEM 
 
Objetivo: 
Refletir sobre o conceito de linguagem e signo linguístico. 
 
Introdução: 
Desde que a humanidade percebeu as circunstâncias inerentes à vida em 
sociedade, viu-se diante da necessidade de comunicar aquilo que sente, pensa, observa, 
registra e interpreta do mundo. Todo esse processo de compartilhamento é bastante 
complexo, e por isso o homem criou (e ainda cria) formas dinâmicas de representar sua 
realidade, estabelecendo signos capazes de explicar e sintetizar suas ideias. O conjunto 
desses signos, chama-se LINGUAGEM. 
 
A criatividade humana estabeleceu então, como já foi dito, linguagens muito 
dinâmicas para comunicar-se, valendo-se de diferentes signos: a imagem, o movimento, 
o desenho, a cor e o ritmo, por exemplo: No entanto, a linguagem que se utiliza da 
palavra como signo é de fato, a mais precisa. É através da palavra que o homem 
consegue expressar por exemplo, a temporalidade de fatos, a especificidade de 
características, sentimentalidades e dilemas. 
 
Desse modo, é importante a observação de dois tipos de signo: signo não-verbal 
e signo verbal, sendo o primeiro baseado em representações de cores, gestos, 
movimentos, imagens e traços; e o segundo, baseado na palavra. 
 
Considerando que a comunicação é um fenômeno social, portanto, é natural que as 
sociedades tenham organizado códigos próprios em que as palavras correspondem a 
valores e ideias de sua própria cultura. A esse código que utiliza palavras segundo uma 
determinada lógica e cultura, chamamos LÍNGUA. 
 
Linguagem, portanto, é todo sistema de sinais convencionais que nos permite 
realizar atos de comunicação. Língua é o conjunto de sinais baseado em palavras. 
(Ernani e Nicola, 1997). 
 
 
 
 
 
2 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.1. O Estudo da Língua 
O estudo de uma língua - entendida aqui como um código sistematizado de 
palavras, organizado segundo as características de um grupo de falantes e utilizado para 
comunicação (vide idioma) – cabe à Gramática Normativa, que se preocupa com a 
representação padrão de uma comunidade, tomando a palavra como objeto de estudo em 
três aspectos: o sintático, o morfológico e o sonoro. 
 
Este último aspecto (sonoro) é o assunto dessa aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonologia e Fonética 
A Gramática Normativa estabelece uma área específica para o estudo do aspecto 
sonoro das palavras: a FONOLOGIA. 
 
 
 
 
 
 
 
FONOLOGIA uma área de estudo que abrange desde a identidade do som até a 
interpretação da substância de um fonema. Essa área, no entanto, surgiu apenas no início 
 
 
3 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
do século XX, e baseou-se em estudos anteriores, puramente descritivos, sobre a 
produção e a articulação dos sons da fala: a FONÉTICA. 
 
Os estudos fonológicos também incorporaram teorias de linguistas do Círculo de 
Praga (1928- 1939) como Nicolai Trubetzkoy e Roman Jakobson (Rússia); de 
Ferdinand de Saussure (Suiça), André Martinet (França) e Émile Benveniste (nascido 
na Síria). 
 
A maior parte da literatura que trata de Fonética e Fonologia vem tentando fazer 
uma distinção entre elas que não tem convencido aqueles que se aventuram 
nessas áreas. Primeiramente, deve-se dizer que tanto a Fonética quanto a 
Fonologia têm como objeto de estudo os sons da fala. Ou melhor dizendo, tanto a 
fonética quanto a fonologia investigam como os seres humanos produzem e 
ouvem os sons da fala. Em segundo lugar, deve-se observar que é difícil, senão 
impossível, fazer fonologia sem antes entender de (ou fazer) fonética. É preciso, 
então, conhecer um pouco mais sobre o status de cada uma dessas subáreas, 
sem tentar fazer uma distinção simplista de suas funções ou modos de ação. 
(SEARA,2011) 
 
 
 
 
O Círculo de Praga foi um grupo de críticos 
literários e linguistas estabelecidos na 
cidade de Praga. Seus membros 
desenvolveram métodos de estudos 
semióticos e de análise estruturalista entre 
os anos 1928 e 1939. Depois da segunda 
Grande Guerra o Círculo se desfez, mas 
seus membros continuaram como grandes 
influências na área da Linguística. 
 
 
 
 
 
 
 
4 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O objeto de estudo da fonologia, portanto, é a produção oral da palavra, que por 
sua vez é a combinação de unidades sonoras que estabelecem, juntas, um significado. 
 
Cada unidade mínima de som formador das palavras é chamada de FONEMA. 
 
 
 
 
 
 
 
Cabe frisar que o fonema não é qualquer som isolado e aleatório. Para ganhar 
status de fonema, em nosso estudo, é preciso que esse som estabeleça distinções 
significativas entre palavras. Observe: 
 
 
 
 
 
 
As palavras que nomeiam os objetos – COLA, BOLA, MOLA- estabelecem-se e 
diferenciam-se por apenas um som; esses sons distintivos são considerados fonemas. 
 
Fonemas e sua representação 
Para representar os fonemas de uma palavra, utilizam-se tradicionalmente barras 
inclinadas, e símbolos especiais (assunto de outra aula) ao que chamamos de 
transcrição fonética. Para exemplo inicial, observe o procedimento com o uso das 
barras: 
 
COLA /KOLA/ percebemos aqui os fonemas /K/, /O/, /L/, /A/ 
 
1.2. A Classificação dosFonemas 
Os sons que utilizamos para a fala podem ser produzidos de maneiras diferentes, 
mas sempre a partir da corrente de ar emitida pelos pulmões. 
 
 
5 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os sons que são produzidos pela livre 
passagem de ar pela boca ou pelo nariz são 
chamados de VOGAIS. 
 
 
 
Já os sons produzidos com algum obstáculo (total ou parcial) à passagem de ar 
são chamados CONSOANTES. 
 
 
E
sse
s 
obstáculos acontecem pela articulação de dentes, úvula, alvéolos, palato (céu da boca), 
língua e lábios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
CRISTÓFARO-SILVA, Thaïs ; YEHIA, Hani Camille . Sonoridade em Artes, Saúde e 
Tecnologia. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2009. Disponível em 
fonologia.org. ISBN 978-85-7758-135-1. 
CRISTÓFARO-SILVA, Thaïs ; YEHIA, Hani Camille . Sonoridade em Artes, Saúde e 
Tecnologia. CD-ROM, Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2012. Disponível para 
download em: fonologia.org. ISBN 978-85-7758-135-1. 
PASCHOALIN, Maria Aparecida. SPADOTO, Neusa Terezinha. Gramática: teoria e 
exercícios. Ed. Renovada. São Paulo:FTD, 2008. 
SEARA, Izabel Christine.Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. 
Florianópolis: LLV/CCE/UFSC,2011. Disponível em: 
slideshare.net/tomazinense/fontica-e-fonologia-do-portugus-brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
2. APARELHO FONADOR E FONAÇÃO 
 
A produção dos sons que usamos para falar chama-se FONAÇÃO e acontece pela 
ação conjunta de órgãos pertencentes ao aparelho digestório e ao aparelho respiratório, 
aliados às pregas vocais (também conhecidas como cordas vocais) e à glote. A esse 
conjunto chamamos APARELHO FONADOR, porque produz som (phono), voz. 
 
É na laringe que se encontra o órgão que desempenha papel bastante complexo 
na produção dos sons da linguagem humana, as cordas vocais, que, de acordo 
com sua tensão e abertura, determinam os modos de fonação também conhecidos 
como qualificadores de voz. 
(MONTEIRO, 2009) 
 
 
A figura a seguir mostra e nomeia os órgãos envolvidos na fonação. Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 Fonética e Fonologia 
UniversidadeSanta Cecília - Educação a Distância 
 
 
2.1. O Funcionamento do Aparelho Fonador 
A fonação envolve um mecanismo de funcionamento entre os órgãos do aparelho 
fonador. Alguns desses órgãos têm papel articulatório ativo (movimentam-se durante a 
fonação) e outros órgãos têm papel articulatório passivo (apenas participam da produção, 
mas não se movimentam). 
 
Você pode observar os órgãos e seus respectivos papéis articulatórios na 
figura a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
papel articulatório ativo papel articulatório passivo 
 
 
9 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
2.2. A Produção da Fala 
Considerando que a fala é o resultado da articulação dos sons produzidos pelos 
seres humanos com a finalidade de comunicar-se, é imprescindível o entendimento de 
que a voz é parte de uma linguagem. 
 
Outro aspecto da fala, considera que modo como esses sons são produzidos e 
articulados envolvem um código lógico (sons inteligíveis) segundo a cultura do indivíduo 
falante. Isso significa que todo ser humano produz sons, mas a maneira como esses sons 
são articulados é determinada também pelo idioma utilizado para a comunicação. 
 
Para estudarmos a produção da fala é preciso observar os mecanismos de 
produção dos sons e a articulação deles. 
 
2.3. A Produção dos Sons da Fala 
Há alguns aspectos que precisam ser considerados para classificar os sons 
produzidos pelo aparelho fonador. A princípio, os sons (fonemas) são classificados como 
vogais ou consoantes. 
 
Quanto à produção das vogais observam-se ainda: 
• O papel das cavidades bucal e nasal 
• A intensidade do som 
• O timbre do som 
• A zona de articulação do som 
 
Quanto às consoantes, observam-se: 
• O modo de articulação 
• O ponto de articulação 
• A vibração das pregas vocais 
• O papel das 
cavidades bucal 
e nasal 
 
 
 
 
 
 
10 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
tônica -é a vogal que sustenta a sílaba tônica. Ex: CAFÉ
subtônica (só aparece em palavras derivadas)- é a vogal que era tônica na palavra 
primitiva, mas perde força na derivada Ex: CAFEZINHO
átona-é a vogal que sustenta as sílabas átonas. Ex: CAFÉ
 
2.4. Classificação das Vogais 
1. Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal na passagem do ar, a vogal pode 
ser oral ou nasal. 
 
 
pAtocabEçaamIgopOtecafUné 
 
 
 
 
anÃoparEnteÍndio OntemmUndo 
 
 
 
 
2. Quanto à intensidade do som produzido, a vogal pode ser tônica ou átona (há 
também uma classificação bastante específica de vogal subtônica). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Quanto ao timbre do som emitido, uma vogal pode ser aberta ou fechada. 
 
São abertas as vogais a seguir: 
 
cavalo, mala, sabiá 
ORAL 
É o som expelido livremente pela boca 
NASAL 
É o som expelido pela boca e pelas fossas nasais 
Timbre: efeito acústico resultante da 
distância entre o dorso da língua e o véu 
do paladar. 
 
 
11 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
chulé, amarelo, cafuné, esperto 
 
 
cipó, depósito, paletó, negócio 
 
 
São fechadas as vogais a seguir: 
 
gelo, cotovelo, apelo, chupeta 
 
 
vida, amigo, lápis, galinha 
 
 
hoje, barco, bolso, folha 
 
 
luva, agulha, saúde, junho 
 
 
 
4. Quanto à zona de articulação do som, a vogal é classificada como anterior, 
média ou posterior. 
 
Vogais anteriores - na produção dessas vogais a língua se eleva em direção ao 
céu da boca. 
 
 
 
 
 
 
 
12 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Vogais médias – na sua produção, a língua permanece em repouso. 
 
 
 
 
 
Vogais posteriores – na sua produção, a língua se eleva em direção ao véu 
palatino (palato 
mole). 
 
 
 
 
2.5.Classificação das Consoantes 
Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira de 1959 (e não houve mudança 
depois disso) as consoantes classificam-se: 
 
1. Quanto ao modo de articulação: as consoantes podem ser oclusivas ou 
constritivas. 
 
 
2. Quanto ao ponto de articulação, as consoantes classificam-se em: 
oclusivas
na fonação, há um obstáculo total à saída do ar pela 
boca, com uma abertura rápida.
pato, teia, casa, beijo, dia, gato 
constritivas
na fonação, há um obstáculo parcial à saída do ar. 
Subdividem-se em fricativas, laterias e vibrantes
fato, cebola,xícara,lua,carro 
bilabiais
há o contato dos lábios superior e inferior.
sapo, abelha, macaco
labiodentais
há contato do lábio inferior e os dentes incisivos.
fada, vaca 
 
 
13 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
3. Quanto àvibração das cordas vocais, as consoantes podem ser surdas ou 
sonoras 
 
Surdas: a corrente de ar encontra a glote aberta e passa sem vibrar 
das cordas vocais. 
 
PATO, CASO, CEDO, FADA, PICHE 
 
 
Sonoras: A corrente de ar encontra a glote fechada, forçando a 
passagem e vibrando as cordas vocais. 
 
BALA, DINHEIRO, VELA, GELO, AMORA 
 
4. Quanto aopapel das cavidades bucal e nasal, as consoantes podem ser orais ou 
nasais. 
 
Na fonação das consoantes orais, a corrente de ar sai apenas pela 
cavidade bucal 
 
linguodentais
há aproximação da língua e os dentes superiores.
tela, navio 
alveolares
há aproximação da língua com os alvéolos.
saia, asa, lado, areia 
palatais
acontece a aproximação do dorso da língua com o 
céu da boca (palato duro).
cheiro, gente, pilha, manhã 
velares
acontece a aproximação da parte posterior da 
língua com o véu palatino (palato mole).
louca, fogo, rua 
 
 
14 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
BOLA, LATA, GATO, CARRO, CASA 
 
 
Na fonação das consoantes nasais, o ar sai tanto pela cavidade 
bucal quanto pela cavidade nasal. 
 
MEDO, NARIZ, UNHA 
 
 
 
CRISTOFOLINI, Carla. Produção e articulação dos sons da fala. Universidade 
federal de Santa Catarina- centro de comunicação e expressão Letras Português 
Disciplina DLLV 7004 – Fonética e Fonologia do Português 
Disponível em: 
moodle.ufsc.br/pluginfile.php/905248/mod_resource/content/1/Sons_da_fala_l
etras.pdf 
PASCHOALIN, Maria Aparecida. SPADOTO, Neusa Terezinha. Gramática: teoria e 
exercícios. Ed. Renovada. São Paulo:FTD, 2008. 
MATTOS, J. S., “Um estudo comparativo entre o sinal electroglotográfico e o 
sinal de voz”, Dissertação de mestrado em Engenharia de Telecomunicações, 
UFF 2008. 
MONTEIRO, Maria Perpétua Teles Fonética e fonologia da língua portuguesa / 
Maria Perpétua Teles Monteiro. – Recife: UPE/NEAD, 2009. 63 p.: il. – (Letras). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. PROSÓDIA E ENTOAÇÃO 
 
“Gosto de sentir a minha língua roçar 
a língua de Luís de Camões 
Gosto de ser e de estar 
E quero me dedicar a criar 
confusões de prosódias 
E uma profusão de paródias 
Que encurtem dores 
E furtem cores como camaleões” 
(Língua, de Caetano Veloso, 1984) 
 
 O estudo da fonação, como vimos na aula anterior, envolve muitos aspectos físicos 
e articulatórios, mas não apenas isso. A produção da fala não pode ignorar fatores 
culturais e ambientais do falante, e desse modo, envolvem-se nessa produção os tipos de 
fala, os sotaques, os ritmos e os acentos do falante: esse é o objeto de observação da 
Prosódia, área de estudo da Fonética que se dedica à conservação da pronúncia e das 
variações melódicas da fala. 
 
A prosódia está, no cenário de pesquisa atual, associada a fatores linguísticos 
como acento, fronteira de constituinte, ênfase, entoação e ritmo, a fatores 
paralinguísticos como marcadores discursivos (e.g., “né”, “entendo”, “an-han”) e 
atitudes proposicionais (e.g., “confiante” e “duvidoso”) e sociais (e.g., “hostil” e 
“solidário”), além de tratar de fatores extralinguísticos como as emoções. Todos 
esses fatores se combinam com aspectos sociaise biológicos indiciais como 
gênero, faixa etária, classe social, nível de escolaridade, entre outros. 
(BARBOSA, 2012) 
 
Estudar prosódia é observar o acento tônico dos fonemas ou sílabas, 
diferenciando palavras ou registrando corretamente a duração, a intensidade e o tom dos 
fones. 
 
Como exemplo de diferenciação de palavras por meio da correta acentuação tônica 
dos fones, lembremos de valido (verbo validar) e válido (adjetivo); Cupido (deus do amor) 
e cúpido (ambicioso); fervido (particípio de ferver) e férvido (quente, ardoroso); em outros 
casos, o conhecimento da prosódia garante a pronúncia correta de palavras como condor, 
rubrica, ruim, austero, avaro, ciclope, filantropo, gratuito. 
 
 
16 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Estudar entoação, refere-se a um aspecto mais específico da prosódia, que 
observando a altura e o ritmo da palavra ou da oração alcança melhor e mais variada 
compreensão daquilo que é dito. 
 
Como exemplo da capacidade de variação significativa a partir do ritmo e da 
variação melódica na produção do fone em uma frase, observe a distinção ocorrida nos 
enunciados a seguir: 
 
Cláudia chegou tarde da festa. 
Cláudia chegou tarde da festa? 
 
 Do ponto de vista fonológico, os dois enunciados utilizam os mesmos mecanismos 
fonação; no entanto, a variação da entoação (melodia, ritmo) realiza sozinha a distinção 
entre assertividade e interrogação entre os dois enunciados. 
 
É a prosódia que molda nossa enunciação imprimindo a “o que se fala” um “modo 
de falar” que é dirigido intencionalmente ou não ao ouvinte. 
(BARBOSA,2012) 
 
 Os estudos de Charles Bally,Ivan Fónagy, Maurice Grammont e Henry Morier 
observaram que existe uma relação dinâmica e multilateral entre o som e o sentido, e 
portanto, existe uma propriedade expressiva da prosódia, em que se consideram 
aspectos atitudinais como a elocução e a postura; e aspectos indiciais como gênero e 
idade do falante; e aspectos afetivos como ansiedade e humor. A essa área de 
observação chamamos Fonoestilística. 
 
Não há dúvida, de que na matéria fônica se escondem possibilidades expressivas. 
Deve-se entender como tal tudo que produza sensações musculares e acústicas: 
sons articulados e suas combinações, jogos de timbres vocálicos, melodia, 
intensidade, duração dos sons, repetição, assonância e aliterações, silêncios, etc. 
Na linguagem, essas estas impressões fônicas permanecem em estado latente 
enquanto o significado e o matiz afetivo das palavras em que figuram sejam 
indiferentes ou opostos a esses valores, mas brotam quando há concordância. 
Assim, junto à fonologia propriamente dita há lugar para uma fonologia expressiva, 
que pode trazer muita luz à primeira analisando o que nos diz o instinto: que há 
uma correspondência entre os sentimentos e os efeitos sensoriais produzidos pela 
linguagem. (BALLY, 1941) 
 
 
17 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3.1. Sonoridade das vogais no português do Brasil 
Nas aulas 1 e 2 tratamos da classificação e da produção das vogais em suas 
propriedades primárias. 
 
Acrescentaremos a esse conhecimento a noção de sonoridade, que em sentido 
genérico refere-se aos sons e associa-se ao estudo de pronúncia, sotaques, melodia e 
voz (prosódia). 
 
Trataremos aqui de vozeamento e desvozeamento, nasalização e tensão. 
 
Chama-se vozeamento a vibração das cordas vocais durante a fonação; as vogais 
são fonemas naturalmente vozeados, no entanto, em algumas posições as vogais podem 
sofrer um desvozeamento, ou seja, podem ser produzidas sem a vibração das cordas 
vocais (mais fracas). Esse desvozeamento acontece na pronúncia de vogais em posição 
átona final. Observe: 
ralo leite queijo 
 
Há vogais que, em função da aproximação com fonemas pronunciados com o véu 
palatino abaixado, são percebidas como nasais. A esse mecanismo chamamos 
nasalização. 
lama, pinho, dengo 
 
Tensão é a oposição entre sons vocálicos frouxos (átonos) e tensos (tônicos). 
Observe por exemplo a diferença de tensão nas vogais da palavra sapo e saci. 
 
 Em sapo, a vogal [a] é tensa em relação a vogal [o], que é frouxa. 
 
 Já em saci, a vogal [a] é frouxa em relação a vogal [i] que é tensa. 
 
3.2. Encontros vocálicos 
O português brasileiro produz diferentes tipos de segmentos vocálicos (sons de 
vogais seguidos). Esses segmentos podem acontecer na mesma sílaba, ou em sílabas 
diferentes. 
 
 
 
18 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 A fonação de dois ou três sons vocálicos na mesma sílaba chamamos ditongo 
ou tritongo, respectivamente. 
 
O ditongo é o encontro de dois ( di-) sons vocálicos lado a lado, na mesma sílaba. 
No entanto, um desses sons tem pronúncia mais fraca, e por isso é chamado de 
semivogal. 
 
Em um ditongo, os sons vocálicos podem se posicionar de duas maneiras: 
 
 
Observe que o segmento pode organizar-se do som mais forte para o som mais 
fraco (vogal + semivogal) ou do som mais fraco para o som mais forte (semivogal + 
vogal). No primeiro caso, denomina-se ditongo decrescente (devido à diminuição do 
tom na fonação), e no segundo caso denomina-se ditongo crescente (devido ao aumento 
do tom na fonação). 
 
O segmento de três vogais na mesma sílaba chama-se tritongo. No entanto, é 
preciso observar que no português, a vogal é a base fonética de uma sílaba, e portanto, 
em cada sílaba só pode existir uma vogal. Entendamos vogal como som vocálico forte, 
em oposição à semivogal (som vocálico fraco). 
 
Portanto, a única disposição possível de três vogais na 
mesma sílaba é: 
 
 
 
 
19 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Há ainda um segmento vocálico em que embora as vogais (sons vocálicos fortes) 
estejam lado a lado na palavra, separam-se em sílabas diferentes (lembre-se de que só 
cabe uma vogal em cada sílaba, portanto, não podem ficar na mesma sílaba. Esse 
segmento denomina-se hiato. Observe: 
 
3.3. Encontros consonantais 
Assim como ocorrem segmentos de sons vocálicos, o português brasileiro produz 
segmentos de sons de consoantes denominados encontros consonantais, e que podem 
acontecer na mesma sílaba ou em sílabas diferentes. 
 
Os segmentos em que os sons consonantais apoiam-se na mesma vogal (toda sílaba 
se apoia em uma vogal) são chamados de encontros consonantais perfeitos. Nesses 
casos, as duas consoantes permanecem lado a lado e na mesma sílaba. Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os segmentos em que os sons consonantais apoiam-se em vogais diferentes 
(portanto, estão lado a lado na palavra mas separam-se em sílabas distintas) são 
chamados de encontros consonantais imperfeitos. Observe: 
 
 
 
semivogal + vogal + semivogal 
 
 
 
20 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
Ao contrastarmos letra e fonema, é possível observar outro tipo de segmento 
consonantal, ainda que apenas no plano fonético. O segmento fonético representado 
ortograficamente por apenas uma letra chama-se dífono. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BALLY, Charles. El Lenguaje y la Vida. Tradução de Armando Alonso. Buenos 
Aires, Losada, 1941. 
BARBOSA, Plínio A. Conhecendo melhor a prosódia: aspectos teóricos e 
metodológicos daquilo que molda nossa enunciação. Rev. Est. Ling., Belo 
Horizonte, v. 20, n. 1, p. 11-27, jan./jun. 2012. 
Disponível em: 
manualdefoneticaacusticaexperimental.com/assets/barbosa2012-3.pdf 
MARTINS, Nilce Santanna. Introdução à estilística. São Paulo. Editora 
EDUSP,.2008. 
MONTEIRO, Maria Perpétua Teles Fonética e fonologia da língua portuguesa / 
Maria Perpétua Teles Monteiro. – Recife: UPE/NEAD, 2009. 63 p.: il. – (Letras). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.ALFABÉTICO FONÉTICO INTERNACIONAL (AFI)- INTERNACIONAL 
PHONETIC ALPHABET (IPA) 
 
Ainda no século XVII, as estudos de fonética levaram os 
pioneiros da ciência linguística a perceberem a necessidade de um 
registro mais exato da fala, e isso levou-os a projetar uma forma 
especial de representação, diferente do registro ortográfico. 
 
Em 1886, o francês Paul Passy organizou símbolos em um 
sistema que ficaria conhecido como Associação Fonética 
Internacional e serviu de base para todas as outras versões futuras do documento. 
 
Essas “versões” desse sistema padronizado de notação são, na verdade, revisões 
que adicionam, melhoram ou eliminam símbolos, reorganizam categorias de sons para 
representar as variações de fones (sons) e adaptar-se a características de fala e entoação 
em cada língua. 
 
A última revisão do sistema - agora chamado de AFI (Alfabeto Fonético 
Internacional) ou IPA (InternationalPhoneticAlphabet) – foi feita em 2005. 
 
O princípio geral do AFI é fornecer um símbolo para cada som ou segmento de fala 
distinto. Os símbolos foram criados a partir das letras dos alfabetos grego e romano, 
algumas derivadas e alguns símbolos não pertencem a língua nenhuma. 
 
O AFI atual organiza seus símbolos 
em três categorias: letras, diacríticos e 
marcas de prosódia. 
 
As letras (107 no total) indicam os sons 
básicos – vogais e consoantes. 
 
 
 
 
 
22 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Os diacríticos são 52 sinais usados sobre ou sob determinadas letras, geralmente 
para lhes dar um valor fonético específico e permitir a correta pronúncia das palavras. Em 
fonética podem indicar uma duração mais longa na fonação, nasalização, maior ou menor 
tensão, vozeamento, etc. 
 
 
 
 
 
23 Fonética e Fonologia 
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As marcas de prosódia (símbolos suprassegmentais) indicam velocidade, timbre, 
acento tônico, articulação, fonação, entoação. 
 
 
 
 
 
Não existe um alfabeto fonético brasileiro, uma vez que o AFI padroniza os símbolos 
para cada som produzido em qualquer idioma. Sendo assim, cada língua utiliza apenas os 
símbolos dos sons que pertencem ao seu conjunto fonético. 
 
 
24 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
É possível usar os símbolos do AFI para transcrever os sons da fala sob diferentes 
níveis de precisão: 
 
 Transcrição Fonológica (ampla) - transcreve os símbolos entre barras / /. A 
transcrição ampla apenas registra sons genéricos, considerados diferentes pelos falantes 
de uma mesma língua. Nessa transcrição, os sons em suas sutilezas de dialetos, por 
exemplo, são ignorados, e identifica-se apenas os componentes foneticamente relevantes 
da palavra. 
 
 Transcrição Fonética (restrita) - transcreve os símbolos entre colchetes [ ]. Essa 
é a transcrição mais precisa, em que os sons são descritos detalhadamente, 
preocupando-se apenas com a exatidão do som produzido, e considera qualquer 
alteração como relevante. 
 
Compare: 
 
Após essa aproximação com os símbolos fonéticos, vejamos alguns exemplos de 
transcrição ampla e restrita, como modelos de estudo. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Revista do GELNE, Natal/RN, Vol. 19 - 
Número 2: p. 146-158. Jul-Dez. 2017 
 
 
25 Fonética e Fonologia 
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5. FONEMA 
Nas aulas anteriores abordamos o som sob seus aspectos articulatórios, e demos 
ênfase à perspectiva da fonética – o fone. 
 
Essa perspectiva, no entanto, precisa ser ampliada à medida que percebemos que 
o fone é o aspecto físico do som, mas que este carrega consigo o aspecto abstrato 
quando participa da linguagem e compõe significado. 
 
Considerando essa abordagem mais ampla do estudo do som, a fonologia defende 
que o fone, ao atribuir um valor distintivo entre palavras e agregar significado ao que se 
diz, ganha o status de fonema. 
 
Para compreender melhor, perceba que em Português do Brasil consideramos 
diferentes as consoantes: 
 
 
 
 
Essa diferença, no entanto, não leva em consideração o fato fonético ou aspectos 
articulatórios (ambas têm a mesma fonação vozeada). O que nos leva a considerar 
diferentes símbolos, nesse caso, é o traço distintivo (ainda que seja leve) que se percebe 
em palavras como: 
 
 
 
 
 
 
Esse fone com aspecto distintivo chama-se fonema. Ou seja: um fone (som) é 
considerado fonema em caso de contraste que indique mudança de significado. 
 
Um dos objetivos da análise fonêmica e estabelecer os sons que tem valor 
distintivo, ou seja, servem para distinguir o significado das palavras 
 (SILVA, 1999) 
 
 
 
26 Fonética e Fonologia 
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A partir dos estudos do Círculo de Praga 
(citado na aula 1), alguns teóricos dedicaram-se a 
observar o fonema e suas possibilidades de 
interpretação na abordagem linguística. Entre 
essas teorias podemos citar a Fonêmica e a 
Fonologia Gerativa. 
 
Por esses estudos destacam-se Edward 
Sapir e Leonard Bloomfield (Fonêmica) e Noam 
Chomsky (Fonologia Gerativa). 
 
Para nossa aula, consideraremos a abordagem da Fonologia, que incorpora 
noções dessas teorias e se preocupa com a organização dos sons em uma língua. 
 
5.1. Fonema e letra 
A observação dos fonemas nas palavras e sua representação exigem que se 
diferenciem os registros fonológico e ortográfico. O registro fonológico é feito com o uso 
dos símbolos fonéticos do AFI (Alfabeto Fonético Internacional – apresentado na aula 4), 
e o registro ortográfico é feito com o uso das letras do alfabeto em cada língua. 
 
Os dois alfabetos – fonético e ortográfico – não têm correspondência exata, uma 
vez que o primeiro está relacionado à fonação, e o segundo relaciona-se a regras 
gramaticais e formação de palavras escritas. 
 
Como demonstração da não-correspondência exata entre fonema e letra em 
Português do Brasil, podemos observar casos em que um determinado fonema pode ser 
representado por diferentes letras: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
E ainda, uma mesma letra pode representar diferentes fonemas: 
 
 
 
 
 
Outro fato da não- correspondência entre fonema e letra é o dígrafo: 
ortograficamente, são duas letras lado a lado que representam apenas um fonema. 
Portanto, em Português do Brasil existem palavras com números diferentes de letras e 
fonemas. Nos exemplos a seguir, temos palavras com mais letras que fonemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale relembrar que na aula 3 (ao tratarmos de segmentos consonantais), citamos 
que ao contrastarmos letra e fonema, é possível observar um tipo de segmento fonético 
em que dois fones seguidos são ortograficamente representados por apenas uma letra: 
o dífono– ou seja: existem palavras com mais fonemas do que letras. Relembre: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5.2. Alofones 
No início dessa aula vimos que considera-se fonema o fone que é capaz de 
diferenciar significado. 
 
Agora, observe: 
 
 
 
 
A variedade linguística típica em regiões diferentes do Brasil (sotaque) leva os 
falantes a realizarem alguns fones de modo diferente, como é o caso da palavra 
“coração”, que em São Paulo tem o som do “o” pronunciado fechado e em Salvador 
pronunciado mais aberto, como “ó” (vide representação fonológica do exemplo acima). 
 
No entanto, essa diferença na realização do fone não constitui mudança de 
significado da palavra. Por isso, essa variação de pronúncia não produz novos fonemas. 
Nesse caso, chamamos essas variantes fonológicas de ALOFONES. 
 
 
 
 
A
 
rep
res
ent
ação dos alofones é feita entre colchetes por tratar-se de uma transcrição restrita.5.3. Pares mínimos 
Em Fonologia, para distinguir um fonema de um alofone, observa-se o contraste 
entre os sons por meio de seus pares mínimos. 
 
Alofones são variantes fonológicas de um mesmo fonema. 
 
 
29 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Pares mínimos são palavras que podem causar dúvida na pronúncia mas de 
significado diferente, distintas por apenas umaúnica diferença fonológica (ou um ponto de 
articulação, ou um vozeamento, por exemplo). 
 
Consideramos /p/ e /b/ como fonemas, porque são sons 
distintivos de palavras. 
 
Esses sons são a única diferença entre essas palavras, 
portanto, /p/ e /b/ são pares mínimos. 
 
5.4. Arquifonema 
Como já vimos, a representação de variantes sonoras chama-se alofone e é 
representada em uma transcrição restrita. O fonema ao qual se referem essas variantes 
chama-se ARQUIFONEMA e funciona como uma representação genérica dos alofones, 
ao que chamamos de neutralização (usa-se um símbolo “neutro”, que representa 
qualquer um dos alofones possíveis). Relembre o exemplo da transcrição feita da palavra 
“coração” em suas variantes de pronúncia em São Paulo e em Salvador: 
 
 
 
 
 
5.5. Os fonemas vogais do Português do Brasil 
O estudo fonético-fonológico das vogais nos leva à percepção de um quadro de 
vogais aparentemente complexo. 
 
Essa aparente complexidade, na verdade, é o reconhecimento das possibilidades 
de fonação das vogais. 
 
 
 
30 Fonética e Fonologia 
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Antes de mais nada, é preciso frisar que trataremos aqui de fonemas vogais, e não 
de letras. Ortograficamente há 5 letras vogais: a, e, i, o, u. Porém, foneticamente 
percebemos 12 fonemas vogais. 
 
Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Somem-se a esses 7 fonemas orais, mais 5 fonemas vogais nasais: 
 
 
 
5.6. Semivogais 
O estudo dos segmentos vocálicos em português do Brasil revela que os sons 
vogais [ i ] e [ u ]nem sempre são pronunciados como tônicos, e portanto não ocupam o 
papel de centro de uma sílaba. 
 
Essa pronúncia mais “fraca” acontece sempre que [ i ] e [u] acompanharem outro 
som vogal tônico, formando um ditongo. 
 
 
 
 
 
 
Para a transcrição fonológica desses sons, usa-se [y] para o “i” fraco, e [w] para o 
som de “u” fraco.Observe: 
7 
fonemas 
vogais orais 
7 orais +5 nasais = 12 
 
 
31 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
 
 
Além disso, é preciso destacar que em português do Brasil, a pronúncia do “L” em 
final de sílaba ou de palavra é realizada como [w]. Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRAGA & OLIVEIRA, Alzerinda de Oliveira e Marilucia Barros de. Fonética e 
Fonologia. Curso de Licenciatura em Letras UFPA. Belém, PA, Editora :EditRedi 
2014. 
CÂMARA JR., Joaquim M. Para o estudo da fonêmica portuguesa. 2.ed. Rio de 
Janeiro: OrganizaçõesSimões, 1977. 
SEARA, Izabel Christine.Fonética e fonologia do português brasileiro : 2º 
período / IzabelChristine Seara, Vanessa Gonzaga Nunes, Cristiane Lazzarotto-
Volcão– Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011. 
 
 
 
 
32 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. PADRÃO SILÁBICO DO PORTUGUÊS DO BRASIL 
 
Cada idioma organiza-se fonologicamente de maneira particular, mas a sílaba é o 
nível inicial dessa organização, já que a sílaba é um conjunto ordenado de fonemas. 
 
As sílabas são o suporte da fala e são preenchidas por segmentos fonéticos. Cada 
língua tem um modo especial de preencher as sílabas em função das suas 
necessidades estruturais. 
 (CAGLIARI, 1981) 
 
 
 Nessa aula abordaremos a organização e os conceitos referentes ao português do 
Brasil, e levando em consideração os estudos de Back (1973) e Mattoso Câmara Jr 
(1977), pioneiros no estudo da Linguística no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
Algumas noções são essenciais para o estudo da sílaba e serão apresentadas 
nessa aula. Primeiramente é preciso admitir que em português do Brasil a vogal 
desempenha papel indispensável em uma sílaba (note que dissemos vogal, e não 
semivogal). Por sua função essencial, dizemos que a vogal é elemento central e as 
consoantes e semivogais são elementos periféricos. 
Eurico Back desenvolveu uma teoria própria 
sobre o português do Brasil batizada como 
Gramática Construtural da Língua Portuguesa 
(1972) e seguia os modelos de Sapir, Bloomfield e 
Martinet. 
Joaquim Mattoso Câmara Jr. foi aluno de 
Roman Jakobson nos EUA, e traduziu e publicou o 
livro A Linguagem, de Edward Sapir (em 1954). 
 
A palavrasílaba é uma variação do anglo-saxão, para o francês antigo sillabe; 
em latim sílaba , do grego συλλαβή syllabḗ- pronúncia grega: [sylːabɛ̌ː]- e significa 
"o que é levado em conjunto", referindo-se às letras que são tomadas em conjunto 
para produzir um único segmento sonoro. 
 
 
33 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Isso significa que a sílaba se organiza em torno de um fonema vogal. É esse 
fonema vogal que sustenta outros fonemas chamados de periféricos: consoantes ou 
semivogais. Portanto, não existe sílaba sem vogal e em cada sílaba só pode haver uma 
vogal. Uma conclusão correta, portanto, é: se quisermos saber quantas sílabas tem uma 
palavra, é preciso saber quantos fonemas vogais compõem essa palavra. 
 
 
 
 
 
6.1. Estrutura interna das sílabas 
Quanto à posição dos elementos que constituem uma sílaba, os estudos de 
Chomsky (Princípios e parâmetros da Gramática Universal) sustentam que uma sílaba 
pode ter 3 elementos em sua estrutura: ONSET, NÚCLEO e CODA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Detalhe: Podemos nos referir ao núcleo + codacomo RIMA. Nesse caso, o 
diagrama seria: 
 
 
 
 
 
 
 
O ONSET (também 
pode ser chamado de ataque) 
é a parte que ocupa a 
posiçãopré-núcleo nasílaba; 
não é essencial ou contém até 
duas consoantes. 
A CODA ocupa a posição pós-
núcleo e não é essencial em uma 
sílaba. 
Acoda pode ser ocupado por 
consoante ou por semivogal. 
 
 
O NÚCLEO é formado somente 
por vogais e se constitui no pico 
silábico.É essencial. 
Não existe sílaba sem vogal. 
 
 
34 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Exemplificando: 
 
coração 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ONSETmerece algumas observações que o classificam quanto aos fonemas que 
o compõem. 
 
Esse elemento silábico pode classificar-se em simples ou complexo (ambos 
opcionais). 
 
Onset simples é aquele formado apenas por uma consoante. 
 
 
 
 
Onset complexo é aquele formado por duas consoantes. 
 
 
 
 
 
Observação: As consoantes (r fraco, lh, e nh) não podem ocupar o onset em 
português. Lembre-se de que as palavras nhoque e lhama são empréstimos de outras 
línguas. 
CURIOSIDADE: 
A palavra coda vem do latim coda, -ae. Pronuncia-se 
É um substantivo feminino e pode significar: 
1. [Antigo] Parte traseira. = CAUDA, RETAGUARDA 
2. [Fonética] Parte final de uma sílaba, posterior ao núcleo. 
 
 
"coda", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, https://dicionario.priberam.org/coda [consultado em 06-10-2019]. 
 
https://dicionario.priberam.org/coda
 
 
35 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.2. O princípio da sonoridade 
Diversas teorias concordam que a organização interna das sílabas é condicionada, 
de alguma maneira, à sonoridade de seus elementos. 
 
Considerando esse princípio de sonoridade, Mattoso Câmara – propõe a seguinte 
organização de sílaba: 
 
 
 
 
 
“De todos os pontos de vista, resulta como denominador comum um movimento de 
ascensão, ou crescente, culminando num ápice (ou centro silábico) e seguido do 
movimento decrescente, quer se trate do efeito auditivo, da força expiatória ou da 
tensão muscular, focalizados nas diversas teorias.Por isso é normalmente a vogal como som vocal mais sonoro, da maior força 
expiatória […] que funciona (...) como centro de sílaba” 
(CÂMARA, 1976) 
 
6.3. Tipologia silábica do português 
Considerando que sílaba fonética é um conjunto ordenado de fonemas, 
observemos que em português existem maneiras diferentes de ordenar e combinar 
esses fonemas que formam a sílaba. 
 
A observação inicial divide as sílabas conforme seu comportamento, e as classifica 
em abertas ou travadas: 
 
 
Sílaba aberta (ou leve) - é a sílaba terminada em vogal CA-FÉ 
 
Sílaba travada (ou pesada) - é a sílaba terminada em consoante AR-TE 
 
 
Vejamos o quadro a seguir que resume a organização dos fonemas dentro das 
sílabas em português (combinações possíveis dentro das sílabas). Considere ( V ) vogal 
e (C ) consoante: 
 
 
36 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Importante frisar que essa aula refere-se à estrutura da sílaba segundo o sistema 
fonológico do português. Cada língua estrutura a sílaba de maneira diferente,e há casos 
em que o núcleo da sílaba pode não ser uma vogal. 
 
 
 
 
 
 
V É 
C+V Casa 
V+C Arte 
C+V+
V 
Paulo 
C+C+
V+C 
brando 
C+C+
V 
Plano 
C+V+
C 
Turma 
C+C+
V+C+C 
transtorn
o 
C+C+
V+V+C 
claustro 
C+V+
V+C 
Coimbra 
C+V+
V+V 
Uruguai 
 
Concluindo, vale ressaltar a observação feita por MARTINS , aqui reproduzida: 
 
“Considerar as diferentes estruturas silábicas da língua é importante (...), tendo em 
vista que os aprendizes da escrita precisam conhecer todas elas, a fim de consolidarem 
seu processo de alfabetização. Um outro ponto importante é não confundir a noção de 
O quadro ao 
lado considera os 
estudos de 
BLEVINS (2006), 
em que a autora 
atribui aos fonemas 
semivogais o 
status de vogais, e 
para a estrutura 
podem ser 
representados por 
seus arquifones 
(vogais). 
Estudos 
apontam que a 
sílaba C+V é a 
mais frequente 
na língua 
portuguesa, por 
isso é 
chamada 
de 
 SÍLABA 
CANÔNICA. 
 
 
 
37 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
sílaba na fala e na escrita. Se, do ponto de vista da escrita, a palavra cha-ve apresenta 
uma sílaba CCV e outra CV, do ponto de vista da fala, apresenta duas sílabas CV, tendo 
em vista que é pronunciada como “xa-vi” na maior parte do país. Desse fato é que pode 
ocorrer uma interferência da fala sobre a escrita do aprendiz, de modo que ele grafe duas 
sílabas CV (“xavi”) e não uma CCV e outra CV para chave. 
 
Seguindo esse raciocínio, a escrita da palavra xale – que tanto na fala como na 
escrita apresenta a mesma estrutura silábica (duas sílabas CV) – tenderia a ser mais fácil 
do que a escrita de chave. Acrescenta-se, ainda, a necessidade de reflexão sobre a 
divisão silábica indicando os diferentes critérios que são aplicados na escrita e na fala. 
Um caso típico é o da regra que indica que, na escrita, ao final de uma linha, quando 
dividimos uma palavra, os dígrafos ‘rr’ e ‘ss’ não ficam na mesma sílaba. Assim a palavra 
‘carro’, por exemplo, seria dividida como ‘car-ro’. Essa divisão, no entanto, não implica 
que, na fala, a primeira sílaba seja CVC. Aqui, como em vários casos de convenções, 
tem-se um procedimento ortográfico e não fonológico.” 
 
 
 
BACK, Eurico; MATTOS, Geraldo. Gramática Construtural da Língua Portuguesa. 
São Paulo: FTD, 1972 
BARBOSA, J .M. 1965. Études de PhonologiePortugaise. Lisboa: Junta de 
Investigações Científicas doUltramar. 2.ème éd.: Évora: Universidade de Évora, 
1983 
BARROSO, H. Forma e Substância da Expressão da Língua Portuguesa. Coimbra: 
Almedina,1999. 
BISOL, Leda. Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro.4 ed. 
Porto Alegre: EDIPUCRS. 2005 
CAGLIARI, Luiz Carlos. Elementos de fonética do português brasileiro. 
Campinas. Tese (Livre docência) - Universidade Estadual de Campinas.1981 
CRISTÓFARO-SILVA, T. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudo e 
guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 2009. 
HENRIQUES, Isabel. A importância da sílaba: uma reflexão fonológica. eLingUp 
[Centro de Linguística da Universidade do Porto] Volume 1, Número 1, 2009 
MARTINS, Raquel Márcia Fontes. Estrutura Silábica. Lavras: Centro de 
Alfabetização e escrita – Ceale/FaE/; UFLA, disponível em 
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/estrutura-
silabica 
SEARA, Izabel Christine. Fonética e fonologia do portuguêsbrasileiro : 2º 
período / Izabel 
Christine Seara, Vanessa Gonzaga Nunes, Cristiane Lazzarotto-Volcão– 
Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011. 
VANDRESEN, Paulino. A linguística no Brasil, 2001.Disponível em 
http://comciencia.br/dossies-1-72/reportagens/linguagem/ling15.htm 
 
 
 
38 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. A FONÉTICA DO INGLÊS 
 
Um dos aspectos mais difíceis de aprender inglês é a pronúncia, e não apenas 
para aqueles que aprendem inglês como segunda língua. O inglês britânico tem 44 sons 
diferentes e cerca de 1.100 maneiras diferentes de escrevê-los. Para um falante não 
nativo que quer aprender inglês, pode ser um desafio real pronunciar os diferentes 
fonemas corretamente e, acima de tudo, reconhecer a pronúncia correta de uma palavra 
ao lê-la. A mesma letra pode ser pronunciada de forma diferente em palavras diferentes. 
Além disso, as palavras em inglês não têm acentos, mas enfatizam certas sílabas na 
palavra, que é chamada de estresse. 
 
Uma pronúncia correta é fundamental para evitar equívocos, satisfazer as suas 
necessidades ou simplesmente ter uma conversa agradável. Dominar apronúncia 
do inglês demora algumtempo, por isso tenha paciência, nuncase dê por vencido e 
não deixe de rir desi mesmo quando cometer um erro. [Source: BRENNER, Gail. 
Inglês para leigos. P. 13. 2. ed. Rio de Janeiro: Starlin Alta Editora e Consultoria] 
 
A melhor maneira de aprender a pronunciar bem as palavras e de ser 
compreendido é consultar um bom dicionário fonético. 
 
 
CURIOSIDADE: existem entre 30 e 40 dialetos da língua inglesa no Reino Unido, e 
mais de 20 dialetos nos Estados Unidos. 
 
7.1. História 
Os compêndios produzidos para o ensino de língua inglesa do século XVIII já 
mostravam uma preocupação com a parte fonética, uma vez que os estudos geralmente 
eram iniciados com uma tentativa em se trabalhar o som das letras e, a seguir, das 
sílabas e palavras do inglês. A sistematização da representação desses sons e a 
consequente representação por símbolos fonéticos, no entanto, foi percebida no final do 
século XIX, com o movimento de reforma dos estudos da língua inglesa. Entre os 
princípios da reforma, destacam-se a reconhecida primazia da fala, a centralidade do 
 
 
39 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
texto contextualizado no processo de ensino-aprendizagem e a prioridade absoluta de 
uma metodologia que focasse nas práticas orais em sala de aula. (HOWATT, 
WIDDOWSON, 2009) 
 
Ao estudarmos fonética, alguns questionamentos sempre ocorrem, em torno, por 
exemplo, da dicotomia entre o inglês britânico e o inglês americano e a busca constante 
pela pronúncia perfeita e pelo sotaque nativo. Algumas explicações, no entanto, são 
necessárias. No atual mundo pós-moderno e globalizado, não se pode mais reduzir a 
língua inglesa aos sotaques e particularidades de apenas dois países, quando entramos 
constantemente em contato com tantos outros falantes de inglês dos mais diversos 
países, e a comunicação estabelecida é assegurada, independente da pronúncia 
empregada, desde que esta seja correta. Você alguma vez já fez esse questionamento? 
Sobre o sotaque do inglês que você deseja obter? Ou sobre a primazia do sotaque de um 
país em relação ao encontrado nos demais países falantes desse idioma? 
 
7.2. AFI (alfabeto fonético internacional) e os fonemas da língua inglesa 
 Como já vimos em outra aula, para ajudaros estudantes de línguas e aqueles que 
simplesmente desejam aprender uma língua estrangeira, os linguistas desenvolveram o 
AFI, o Alfabeto Fonético Internacional. É um sistema de símbolos universais que classifica 
todos os sons presentes nas diferentes línguas do mundo. Cada símbolo corresponde a 
um fonema. Este é um alfabeto ideal que quebra barreiras linguísticas e pode ser 
entendido por qualquer falante de qualquer idioma. Além disso, ao estudar inglês, o AFI é 
fundamental. Isso ocorre porque contorna o problema ortográfico, ou seja, a falta de 
correspondência entre a pronúncia de uma palavra e a maneira como ela é escrita. 
 
Abaixo temos os fonemas da língua inglesa: 
 
 
40 Fonética e Fonologia 
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7.3. Writing X Pronunciation 
O mesmo grafema (letter) não corresponde sempre aomesmo fonema (sound), isto 
é, não tem sempre a mesmainterpretação, a mesma pronúncia 
 
7.4. ConsonantSounds 
De acordo com o vozeamento, os sons consonantais podem ser vozeados (voiced) 
ou não-vozeados (unvoiced / voiceless). Quandoo fluxo de ar passar pela laringe, na 
altura das cordas vocais, o estreitamento da glote faz com que o som produzido seja 
vozeado, enquanto que a abertura da glote faz com que haja pouco atrito nessa região e 
o som produzido seja não-vozeado, ou seja, sem vibração das cordas vocais. 
 
 
 
 
41 Fonética e Fonologia 
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7.5. Fonemas Vocálicos 
Ao estudarmos as vogais, não nos preocuparemos com as classificações já que as 
vimos nas aulas anteriores. 
 
Existem vogais longas e vogais curtas. As longas, como o próprio nome assinala, 
são aquelas com uma duração maior para a sua pronunciação, enquanto que as curtas 
são pronunciadas rapidamente. Analisando as vogais que são encontradas em pares, é 
fácil percebermos essa distinção. As vogais longas são representadas por dois pontos. 
Vejam o exemplo: a./i:/ - seat (vogal longa)b./I/ - sit (vogal curta 
 
/ə:/Schwa. Este é um fonema muito comum em Inglês que é encontrado em muitas 
palavras. É uma vogal reduzida, frequentemente encontrada na sílaba final de uma 
palavra. Também pode ser encontrado em algumas palavras onde a única vogal é 
encontrada entre duas consoantes. 
 
Exemplos: father (Pai)/ˈfɑːðə(r)/, mother (Mãe)/ˈmʌðə(r)/ 
 
Também está presente em sílabas fechadas não acentuadas. 
Exemplos: president (presidente) /ˈprezɪdənt/, experimente 
(experimento)/ɪkˈsperɪmənt/ 
 
/ʌ/: Este fonema é uma vogal curta perto de “a”. Muitas vezes, em inglês, ele é 
associado ao grafema “o” na frente das consoantes “w” ou “c” e depois de um “n” 
 
Exemplos: onion (cebola)/ˈʌnjən/, wonderful (maravilhoso)/ˈwʌndə(r)f(ə)l/, money 
(dinheiro)/ˈmʌni/, monk (monge) /mʌŋk/, month(mês) /mʌnθ/, summer (verão)/ˈsʌmə(r)/, 
up (acima)/ʌp/, tocut (cortar) /kʌt/ 
 
7.6. Fonemas Do Ditongo 
Um ditongo é um conjunto de duas vogais. Em inglês, entretantoum ditongo pode 
ser encontrado mesmo quando há uma única vogal na grafia que na transcrição fonética 
se torna um ditongo. Segundo as classificações do AFI, existem oito fonemas que 
correspondem aos ditongos. aqui estão alguns exemplos: 
 
/eɪ/ 
 
 
42 Fonética e Fonologia 
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Este ditongo é geralmente associado aos seguintes grafemas: o “a” em cake, o “ai” 
no brain, o “ay” em play, o “ei” em eight, o “ey” em they e o “ea” no break. 
 
Exemplos: way (caminho) /wei/, tosay (falar) /to sei/, main (principal)/mein/, lane 
(faixa)/lein/, face (face)/feis/, day (dia)/dei/ 
 
/ai/ 
 
Um ditongo encontrado em sílabas tônicas abertas, associado ao grafema “i” 
seguido por “ld”, “nd”, “gh” ou “gn”. 
 
Exemplos: mild (suave) /maild/, night (noite) /nait/, fight (briga)/fait/, right 
(direito)/rait/, high (alto) /haɪ/, mind (mente) /maind/ 
 
Quando um “i” é seguido por um “r” em uma sílaba aberta. 
 
Exemplos: hire (contratar)/ˈhaɪə(r)/, fire (fogo) /ˈfaɪə(r)/, torequire (requerer) 
/rɪˈkwaɪə(r)/ 
 
Outros Exemplos: 
price (preço) /praɪs/, totry (tentar) /totraɪ/, mine (meu) /maɪn/, eye (olho) /aɪ/ 
 
Com um pouco de prática e uso do dicionário, você aprenderá a pronunciar 
palavras em inglês de forma correta e fluente. Deve-se dizer que a melhor maneira de 
aprender a pronunciar bem as palavras é sempre ouvindo. 
 
 
CELCE-MURCIA, Marianne; OLSHTAIN, Elite. DiscourseandContext in 
LanguageTeaching: a guide for languageteachers. 7th printing. Cambridge: 
Cambridge University Press, 2009. 
ODOY, Sonia M. Baccari et al. Englishpronunciation for brazilians:thesoundsof 
American English. São Paulo: Disal, 2006. 
 
 
 
 
 
 
43 Fonética e Fonologia 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. FONÉTICA E FONOLOGIA NA SALA DE AULA 
 
A reflexão sobre as implicações da Fonética e da Fonologia no processo de 
ensinoe de aprendizagem da linguagem se justifica, inicialmente, por remeter à 
modalidadeoral da língua, cujo surgimento antecede o da modalidade escrita. Depois, um 
breveolhar sobre tais modalidades nos faz perceber que a escrita não pode ser 
simplesmenteuma forma de reprodução da oralidade, dadas as diferenças entre as duas. 
 
No entanto, vocês aprenderam nas disciplinas de didática alguns autores 
importantes como Vygotsky, Paullo Freire e Piaget. Só que, muitas vezes, em sala de 
aula, parece que nossos dilemas e dúvidas não são sanados por nenhum teórico. Esses 
questionamentos se tornam ainda mais recorrentes quando pensamos natecnicidade com 
que ensinamos os conteúdos de Fonética e Fonologia, quando ‘transformamos’ aletra ‘p’ 
– que é como as crianças aprendem – em “consoante oclusiva bilabial desvozeada”, 
como adescreve a Fonética. Qual é, de fato, a aplicação desta disciplina? 
 
Para o professor, é necessário compreender os conceitos de Fonética e de 
Fonologia, a fim de despertar, no educando, o interesse acerca dos fenômenos da 
linguagem. Não se trata, pois, de uma compreensão academicista, mas, antes, formativa, 
que nos dá condições pedagógicas de fazer o outro desvendar os mecanismos de uma 
atividade que nos é própria. 
 
Antes de mais nada é interessante perceber que os conteúdos de Fonética e de 
Fonologiaperpassam todo o currículo do ensino fundamental, até porque é nessa fase 
escolar que se darão commais ênfase as aquisições da fala e da escrita. No entanto, é 
difícil perceber essa relação, isso só se dará se o professor de língua portuguesa 
possuiressa habilidade em sua formação docente. 
 
Vejamos de que maneira alguns conceitos dessa disciplina se apresentam no 
currículo: 
• Som e letra: apresentando, de forma adequada, a cada ano, a relação nem 
sempre correspondente entre esses dois elementos, uma vez que temos mais 
de um símbolo gráfico para alguns sons idênticos – caso do s / z / x, por 
exemplo, em uso, leveza e exame. 
 
 
44 Fonética e Fonologia 
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• Vogais e consoantes: um dos pontos que mais chocou aos professores é 
passar a ‘saber’ que não temos só cinco vogais, mas sete – se considerarmos 
só as orais – ou doze – se incluirmos nessa conta as nasais. Embora esse 
aspecto sobre as vogais pareça simples, ajudaria as crianças a perceberem 
com mais nitidez questões regionais e variações. 
 
Além disso, como é na educação fundamental que os alunos terão os primeiros 
contatos com aescrita e com a leitura, torna-se importante a abordagem de aspectos 
regionaismais recorrentes visando a uma conscientização de que esses traços não 
fazemum registro ‘mais correto’, apenas demonstram características de variação –como 
alçamento, abaixamento, harmonização, palatização, ente outros. 
 
Não poderíamos deixar de refletir sobre as questões ortográficas, mais 
especificamente os “erros” cometidos pelos pequenos em processo de aprendizagem. 
Quando o educando utiliza X para escrever palavras que apresentamo aludidofone, mas 
que se caracterizam ortograficamente por serem grafadas com CH, ouvice-versa, ele não 
está simplesmente cometendo um erro ortográfico, mas tentandopadronizar a escrita 
dessas palavras a partir de seu conhecimento de mundo, a partirde sua percepção sobre 
a relação entre som e letra. 
 
O grande problema é que, muitasvezes, o professor não se aproveita dessa 
percepção para proporcionar uma reflexãosobre a diferença desses aspectos da 
linguagem: o oral e o escrito. Aliás, Possenti(2011, p. 51) faz uma interessante reflexão 
sobre o erro ortográfico: 
 
Os erros são resultado de tentativas de acertar. As hipóteses de quem escreve 
são certamenteequivocadas, mas não são estúpidas. Por exemplo, quem escrever 
ezalstor (por exaustor)erra porque o x de fato representa o som [z] e o som [u] (ou 
melhor, a semivogal [w]) ora érepresentado na escrita por u, ora por l (compare a 
rima sumiu – Brasil). Seria estranho se oserros não tivessem nenhuma 
regularidade. (POSSENTI, 2011, p. 51). 
 
 
Diante da postura de apenas sinalizar como erro a padronização do aluno, não 
somentese deixa de aproveitar um raciocínio proveniente de seu conhecimento de 
mundo,mas também uma oportunidade de tomar tal padronização como um raciocínio 
válidoem uma área de conhecimento, mas que deve ser modificado em outra. Nas 
palavrasde Paulo Freire (2011), “não é possível respeito aos educandos, à sua dignidade, 
 
 
45 Fonética e Fonologia 
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aseu ser formando-se, à sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideraçãoas 
condições em que eles vêm existindo, se não se reconhece a importância 
dos‘conhecimentos de experiência feitos’ com que chegam à escola” (FREIRE, 2011, 
p.62). É papel do professor conduzir esses conhecimentos, de modo a aproveitá-los 
damelhor forma no ambiente educacional. 
 
Como podemos observar, há algumas contribuições que osconceitos de Fonética e 
Fonologia podem trazer para o ensino-aprendizagem da língua portuguesa. Afinal, a 
aquisição da escrita e da leitura necessita do conhecimento linguístico, de 
umaconsciência fonológica, dos sons e símbolos que compõem a língua materna do 
aluno, daspossibilidades de construção silábica, da prosódia, da ortografia, do 
funcionamento do aparelhofonador e da produção dos sons da fala. 
 
8.1. Troca de letras 
Outro aspecto importante de ressaltar, principalmente para professores de séries 
iniciais, refere-se à identificação de problemas de aprendizagem de escrita. Sabemos que 
não cabe ao professor o diagnóstico médico, mas é na sala de aula que conseguimos 
identificar que um aluno necessita de auxílio profissional. 
 
A maioria dos alunos que apresenta dificuldade na escrita, não tem problemas em 
entender ou falar palavras com sons trocados. Isto é, ao ouvirem, por exemplo, alguém 
falar “pote”, não a confunde com “bote”, assim como, ao se expressarem oralmente, 
articulam bem uma e outra palavra. 
 
Quando os alunos estão aprendendo as convenções do sistema alfabético é 
comum alguns cometerem trocas entre p e b, t e d, f e v. Essas trocas ocorrem devido ao 
fato desses sons serem muito semelhantes em sua realização no aparelho fonador e, por 
isso, ao escrever surgem dificuldades em diferenciá-los. Tecnicamente, esse grupo de 
letras (P/B, V/F, T/D) é chamado de “pares mínimos”. Segundo Morais, 
 
Esses sons são produzidos expelindo-se o ar do mesmo modo, do mesmo ponto 
de articulação, diferindo apenas porque em um (por exemplo, o /b/) as cordas 
vocais vibram, enquanto no outro som (por exemplo, o /p) elas não vibram. 
(MORAIS: 2003, p. 29). 
 
 
 
 
46 Fonética e Fonologia 
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Assim, pode-se propiciar ao aluno atividades que o auxiliem a realizar essa análise. 
Ao fazer confronto com as diferentes formas de escrita (FACA e VACA, por exemplo) e ao 
evidenciar as correspondências letras /som o aluno se dará conta de que, em nosso 
sistema de escrita, existe uma única e definida letra para notar o som em questão. 
 
Alguns linguistas propõem que só se trata duas classes de sons como fonemas 
distintos se comutar essas classes entre si, gerando enunciados diferentes. Por exemplo: 
a classe dos sons representados por /p/ é um fonema distinto de /b/ em português porque 
pato e bato são palavras com sentidos diferentes. Embora tenham várias características 
fonéticas em comum, /p/ e /b/ são fonemas distintos no português porque a diferença 
entre eles é usada na estrutura do idioma para criar enunciados distintos. 
 
Na escrita o p e b são letras parecidas. Quando a perninha desce é um p, mas 
quando sobe é um b, então subir e descer, descer e subir significa lateralidade e espaço. 
É muito fácil para os adultos e complicados para as crianças na educação infantil e no 
ensino fundamental. Uma letra parecida com outro signo gráfico, mas com traçado 
diferente, pode representar, na leitura, um som diferente e, consequentemente, trará outro 
significado. Quando uma criança não aprende a grafar bem, pode ser uma deficiência de 
percepção espacial ou de lateralidade como também uma deficiência cognitiva.Morais, 
explica que a troca de letras, 
 
É a capacidade de a criança reter os movimentos motores necessários à 
realização gráfica. À medida que a criança entra em contato com o universo 
simbólico (leitura e escrita), vão ficando retidos em sua memória os diferentes 
movimentos necessários para o traçado gráfico das letras. (MORAIS: 1986, p. 34). 
 
Lidar com os fatos da língua como fatos da língua, realidades passíveis de serem 
atestadas no convívio social, pode auxiliar o professor a encontrar essas formas de lidar 
com as diferenças, de aproveitar os aspectos culturais em sala de aula. Tal 
aproveitamento, por sua vez, além de proporcionar a valorização dos saberes do 
educando, também tende a proporcionar novas discussões, a motivar o diálogo em sala 
de aula, a expandir a reflexão sobre a linguagem a outros níveis, mediante a identificação 
de outros aspectos até então não reconhecidos 
 
 
 
 
 
47 Fonética e Fonologia 
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9. ATIVIDADES PRÁTICAS 
 
Nessa aula, vamos propor algumas atividades para você refletir sobre seus 
conhecimentos da disciplina e que poderão auxiliá-lo em sua prática docente. 
 
Quando falamos em Fonética, voltamo-nos claramente para os sons. Assim, fica 
fácil pensar em atividades a partir de áudios e vídeos. No entanto, o texto é capaz de 
trazer essas particularidades, seja na transcrição literal, seja em uma reflexão como fez o 
ENEM em 2010. Observe o texto da prova: 
 
(ENEM-2010) Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o 
ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a 
pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as 
variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, 
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais 
variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo 
mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer 
perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do 
falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um 
duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu… Já os paraibanos 
trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer. [Queiroz, R. 
O Estado de São Paulo. 9 maio 1998 (fragmento adaptado).] 
 
Observem quantas possibilidades poderíamos trabalhar a partir de um texto desse. 
O mais evidente deles seria relativo à Sociolonguística, mas a Fonética e Fonologia 
também está presente. Tanto que a questão esperava uma resposta sobre Fonologia. 
Falar sobre a diferença entre os sons eos falares do Brasil é fundamental para romper 
com os preconceitos que trazemos. 
 
Outra forma de se trabalhar essas diferenças é por meio do uso de tirinhas. 
Observe: 
 
 
48 Fonética e Fonologia 
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Novamente vemos mais de um conteúdo possível, tanto a Semântica como a 
Fonética. Nessa imagem, vemos claramente como a mudança de letra, muda o 
significado de uma palavra e isto só é percebido na escrita ou pelo contexto. Há infinitas 
possibilidades dentro dessa história, mas o interessante é que o texto se constrói a partir 
de questões fonéticas. 
 
Além do texto e da tirinha, também podemos pensar em como trabalhar a fonética 
nas artes. Especificamente na poesia. 
 
9.1. Poesia Fonética 
A poesia é composta de várias vertentes, um deles é a poesia fonética, que pode 
ser definida através de uma junção de fatores fonéticos específicos da linguagem 
tradicional, que agem sobre os ideais sintáticos e semânticos mais tradicionais. Nesse 
tipo de estilo, várias vezes não existe o uso de palavras, fazendo assim com que haja 
uma maior aproximação com o mundo musical. 
 
 
49 Fonética e Fonologia 
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Não é a mesma coisa que poesia sonora, algo que muitas vezes causa confusão 
nas pessoas, no entanto as duas possuem diferenças que, se bem analisadas, 
irãomostrar que as distinções são bastante válidas e deefeitos significativos 
 
Na sua origem a poesia possui o fonetismo. A voz é usada, sendo que há muito 
tempo as mesmas eram expressas oralmente, por declamação, sendo que alguns artistas 
da época eram conhecidos por declamar poemas com extrema habilidade. 
 
No século 20, a poesia foi praticamente usada em formade música, ou melhor, em 
fonética, pois valorizavam aexpressão humana, sendo que a voz trazia mais emoçãoao 
que se lia. 
 
Hoje, podemos encontrar fusão de gêneros e os poemas podem serdeclamados 
em forma de música, podem ser multimídia, podem muitas coisas 
 
 
 
Esse é um exemplo de poema que privilegia os aspectos sonoros. Nesse a 
exploração é bem evidente, no entanto há poemas que apenas trabalham as questões 
sonoras como um dos aspectos do texto. Por exemplo, a aliteração e a assonância, 
repetição de consoante e vogal respectivamente. 
 
9.2. Fonética e sintaxe 
Os estudos da interface entre fonética e sintaxe postula que a produção de uma 
palavra isolada tem uma enunciação característica. No entanto, a enunciação de uma 
frase, enquanto sequência de palavras, não é um mero encadear dessas enunciações 
 
 
50 Fonética e Fonologia 
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isoladas. Há autores que defendem que esta representação fonológica estabelece 
relações de interface com a sintaxe, isto significa que, de algum modo, a representação 
sintática pode influenciar a representação fonológica e isso permite perceber por que é 
que a fonologia da frase. 
Podemos perceber nas frases abaixo: 
(1) Foi embora? Não, está aqui! 
(2) Foi embora! Não está aqui. 
 
Ao mesmo conjuntode palavras estão subjacentes diferentes estruturas sintáticas, 
o que se reflete na sua enunciação. Vejam-se a este propósito os exemplos (1) e (2). 
 
O que queremos demonstrar é que a colocação ou não da pontuação modifica a 
função dos termos das sentenças e, a partir disso, termos entoação diferente das frases. 
 
Estes efeitos da sintaxe sobre a fonologia têm vindo a ser estudados, mas também 
épossível a influência contrária e termos princípios fonológicos que restringem o número 
de representações sintáticas. 
 
9.3. Fonética e semântica 
Com a evolução do latim para o português, ocorreram várias alterações a nível 
fonológico, ou seja, nos fonemas ou sons que constituem as palavras. No entanto, estas 
variações que se verificam no plano fonológico não se devem apenas a esta evolução: 
dentro da própria língua portuguesa continuam a suceder processos evolutivos, muitos 
deles frequentes em registos populares e outros decorrentes da oralidade. 
 
Entre eles destacamos aqueles de mudança fonética, ou seja, de inserção ou 
supressão de segmentos. Esse processo consiste em inserir novos sons ou fonemas 
numa palavra (no início, no meio ou no final da mesma). 
Prótese – inserção de um fonema no início de uma palavra. 
Ex.: stare> estar 
Epêntese – inserção de um fonema no meio de uma palavra. 
Ex.: creo> creio 
Paragoge – inserção de um fonema no final de uma palavra. 
Ex.: ante > antes 
 
 
 
51 Fonética e Fonologia 
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Processo de supressão de segmentos 
Processo que consiste em suprimir sons ou fonemas numa palavra (no início, no 
meio ou no final da mesma). 
Aférese – supressão de um fonema no início de uma palavra. 
Ex.: attonitu> tonto 
Síncope – supressão de um fonema no meio de uma palavra. 
Ex.: malu> mau 
Apócope – supressão de um fonema no final de uma palavra. 
Ex.: amore > amor 
 
Essa modificação, muitas vezes também favorece a mudança de sentido do termo. 
Ao longo dos tempos, as palavras evoluem ao nível fonológico, originando mudanças no 
significante (na parte gráfica e acústica da palavra). Para além desta mudança, também é 
possível verificar um outro tipo de evolução que ocorreu ao nível da semântica – palavras 
cujo significante não se alterou, mas nas quais houve uma modificação no significado. 
 
que está só, solitário – significado inicial 
Ex.: solitariu> solteiro

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