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APG 12 - Alterações de Consciência

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Objetivos 
 
OBJETIVO 1: Compreender quais são as alterações de consciência (qualitativas e 
quantitativas) 
OBJETIVO 2: Entender as alterações de consciência fisiológicas e patológicas 
OBJETIVO 3: Analisar as doencas associadas as alteracoes de consciência 
 
ALTERAÇÕES DE CONSCIÊNCIA: 
• Definição de consciência: A definição neuropsicológica emprega o termo “consciência” no 
sentido de estado vígil (vigilância), o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza 
do sensório. Consciência, aqui, é fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, 
lúcido. Trata-se especificamente do nível de consciência. 
BASES NEUROANATÔMICAS E NEUROFUNCIONAIS DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: 
O primeiro elemento do sistema nervoso relacionado ao nível de consciência é o chamado sistema reticular 
ativador ascendente (SRAA). A capacidade de estar desperto e de agir conscientemente depende da atividade 
do tronco cerebral e do diencéfalo. Essas estruturas agem sobre os hemisférios cerebrais ativando e 
mantendo o tônus necessário para o funcionamento normal. 
O sistema reticular ativador ascendente (SRAA) se origina no tronco cerebral e se estende até o córtex por 
meio de projeções talâmicas. Os componentes do SRAA importantes para a ativação cortical são os neurônios 
da parte superior da ponte e os neurônios do mesencéfalo, esses neurônios recebem impulsos da maioria das 
vias ascendentes, as quais trazem estímulos intrínsecos (proprioceptivos e viscerais) e extrínsecos (órgãos dos 
sentidos: visão audição, tato, paladar, olfato). Lesões ou disfunções no SRAA levam a alterações no nível de 
consciência e prejuízo a todas as funções psíquicas. 
Há também a participação do lobo parietal direito no referente a atividade mental consciente, o qual está 
relacionado ao conhecimento do próprio corpo, dos objetos e do mundo, assim como da apreensão daquilo 
que se denomina realidade. 
As áreas pré-frontais também são fundamentais para a consciência. 
Por fim reconhece-se a importância das interações talamocorticais para a integração e ativação da atividade 
neuronal cortical associada a consciência. 
O tálamo é uma estrutura posicionada singularmente no centro do cérebro para filtrar, integrar e regular as 
informações que chegam ao córtex cerebral, dados que partem da periferia do organismo e meio externo e 
se dirigem ao córtex cerebral. O tálamo é extensiva e reciprocamente interligado a todas as áreas do córtex 
cerebral, de forma que uma pequena lesão talâmica pode produzir graves alterações do nível de 
consciência, como, por exemplo, o delirium (Trzepacz; Meagher; Wise, 2006). Por fim, deve-se ressaltar a 
importância das estruturas encefálicas do lado direito (parietais, frontais e mesmo talâmicas) na origem dos 
transtornos da consciência. 
Alterações de Consciência 
Módulo II - Neurologia 
 
Estão relacionados a alterações do nível da consciência na síndrome denominada delirium (que veremos 
adiante) as regiões do córtex parietal posterior direito superficial, o córtex pré-frontal bilateral, o córtex 
fusiforme (ventromedial temporoparietal), o giro lingual, o tálamo anterior direito e os núcleos da base. 
O CAMPO DA CONSCIÊNCIA: 
Consciência: 
A consciência demarca um campo, em que se pode delimitá-la em duas partes, sendo elas: 
Parte central: mais iluminada da consciência, onde tem-se clareza 
Margem (franja/umbral): seria a periferia da consciência, caracterizada por uma condição mais “nebulosa”, 
são ode surgem os automatismos mentais e os estados ditos como subliminares 
Inconsciência: 
O inconsciente se caracteriza por uma condição em que se tem elaboração confusa das ideias. O inconsciente 
é dividido em duas classes por Freud: 
1. Inconsciente pré-consciente: composto por representações, ideia e sentimentos suscetíveis de 
recuperação por meio de esforço voluntario: fatos, ideias e lembranças que esquecemos ou deixamos de 
lado, mas que a qualquer momento podem evocar naturalmente ou voluntariamente. 
2. Inconsciente verdadeiro: totalmente incapaz de consciência, não é recuperado nem com evocação 
voluntaria, só pode acessá-lo através de práticas como hipnose, psicanalise, etc). só se revela por meio de 
subprodutos que surgem na consciência, as chamadas formações do inconsciente: sonhos, atos falhos, 
sintomas neuróticos 
CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DO INCONSCIENTE: 
• Atemporalidade: não há tempo no inconsciente, os processos não são ordenados 
temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo e não tem referência de tempo. Não 
existe passado, presente e futuro 
• Isenção de contradição: no inconsciente tudo é absolutamente certo e afirmativo, não havendo 
incerteza ou negação 
• Princípio do prazer: o inconsciente se submete apenas ao prazer, sendo que toda atividade 
inconsciente preza por evitar o desprazer, independente das exigências éticas ou realistas. A busca 
pelo prazer se dá por meio da descarga de excitações, diminuindo-se ao máximo a carga de 
excitações no aparelho psíquico. 
• Processo primário: As cargas energéticas (catexias) acopladas às representações psíquicas, às 
ideias, são totalmente móveis. Uma ideia pode ceder a outra toda sua cota de energia (processo 
de deslocamento) ou apropriar-se de toda a energia de várias outras (processo de condensação). 
ALTERAÇÕES DE CONSCIÊNCIA FISIOLÓGICAS X PATOLÓGICAS: 
Alterações Fisiológicas da Consciência: 
1. RITMOS CIRCADIANOS: ritmos circadianos são oscilações endógenas autossustentadas do ritmo 
biológico no período de um dia de 24 horas (que inclui centralmente as oscilações do nível de consciência 
da vigília e do sono), as quais, nesse intervalo, organizam a temporalidade dos sistemas biológicos do 
organismo e otimizam a fisiologia, o comportamento e a saúde. Quanto às suas propriedades, os ritmos 
circadianos, segundo o RDoC: 
• São sincronizados por pistas ambientais recorrentes (como o nível de luminosidade); 
• Permitem respostas eficientes perante os desafios e oportunidades no ambiente físico e social; 
 
• Modulam a homeostase interna do cérebro, assim como de outros sistemas, como demais órgãos 
e tecidos; 
• Expressam em vários níveis do funcionamento do organismo, desde o molecular, celular, órgãos e 
circuitos orgânicos até sistemas sociais aos quais o indivíduo pertence. 
 
2. SONO: o sono e a vigília são estados comportamentais endógenos e recorrentes que expressão 
modificações dinâmicas na função cerebral e otimizam aspectos como fisiologia, comportamento e saúde. 
Processos circadianos (do período de um dia de 24h) homeostáticos regulam a propensão do organismo 
a vigília e o sono. O sono se caracteriza por: 
• ser um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto 
e redução da responsividade; 
• ter uma arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos de sono não REM e de sono 
REM, tendo tais estados substratos neuronais distintos (neurotransmissores, moduladores, 
circuitos específicos) e propriedades oscilatórias do eletrencefalograma (EEG); 
• ter duração e intensidade dos seus vários períodos afetadas por mecanismos de regulação 
homeostáticos; 
• ser afetado por experiências ocorridas durante a vigília; 
• ter efeitos restauradores e transformadores que otimizam funções neurocomportamentais da 
vigília. 
Pode-se, portanto, descrever o sono como um estado especial da consciência, que ocorre de forma 
recorrente e cíclica nos organismos superiores (Ayala-Guerrero, 1994). É também, ao mesmo tempo, um 
estado comportamental e uma fase fisiológica normal e necessária do organismo. Dividem-se as fases do sono 
em duas: 
Sono sincronizado, sem movimentos oculares rápidos (sono não REM): caracteriza-se por atividade elétrica 
cerebral síncrona, com elementos eletrencefalográficos próprios, como os fusos do sono, os complexos K e 
as ondas lentas de grande amplitude. Há, nesse tipo de sono, diminuição da atividade do sistema nervosoautônomo simpático e aumento relativo do tônus do sistema nervoso autônomo parassimpático, 
permanecendo vários parâmetros fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento mínimo, como as 
frequências cardíaca e respiratória, a pressão arterial, o débito cardíaco e os movimentos intestinais. Durante 
o sono não REM, ocorrem quatro estágios (Irwin, 2015): 
• Estágio 1: mais leve e superficial, com atividade regular do EEG de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos 
por segundo (2-5% do tempo total de sono). 
• Estágio 2: um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 
15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas 
complexos K (45-55% do tempo total de sono). 
• Estágio 3: sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 
0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3-8% do tempo total de sono). 
• Estágio 4: estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado. 
É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao 
ser despertado (10-15% do tempo total de sono). 
Sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos – rapid eye movements (sono REM): O sono REM, 
por sua vez, não se encaixa em nenhuma dessas quatro fases. Sua duração total em uma noite perfaz de 20 a 
25% do tempo total de sono. É um estágio peculiar, cujo padrão do EEG é semelhante ao do Estágio 1 do não 
REM. O sono REM não é, entretanto, um sono leve, tampouco profundo, mas um tipo de sono 
qualitativamente diferente. Caracteriza-se por instabilidade no sistema nervoso autônomo simpático, com 
variações das frequências cardíaca e respiratória, da pressão arterial, do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo 
cerebral. 
 
No sono REM, há um padrão de movimentos oculares rápidos e conjugados (movimentos oculares sacádicos), 
bem como um relaxamento muscular profundo e generalizado (atonia muscular), interrompido 
esporadicamente por contrações de pequenos grupos musculares, como os dos olhos. Além de irregularidade 
das frequências cardíaca e respiratória e da pressão sanguínea, ocorrem ereções penianas totais e parciais. É 
durante o sono REM que ocorre a maior parte dos sonhos, e, em 60 a 90% das vezes, se o indivíduo for 
despertado durante a fase REM, relatará que estava sonhando. Durante o sono REM, dá-se a ativação das vias 
neuronais que ligam o tronco cerebral ao córtex occipital (i.e., a área da visão); são as chamadas ondas ponto-
genículo-occipitais. Tal ativação cerebral das áreas occipitais se relaciona ao caráter visual dos sonhos, como 
será visto adiante. 
Em uma noite normal de sono, as fases não REM e REM se repetem de forma cíclica a cada 70 a 110 minutos, 
com 4 a 6 ciclos completos por noite. O sono se inicia com o tipo não REM, havendo a sucessão dos Estágios 
de 1 a 4. O primeiro período REM, que geralmente é bem curto, ocorre cerca de 70 a 120 minutos após o 
indivíduo adormecer. Ao longo da noite, os períodos REM vão se tornando mais frequentes e prolongados, 
desaparecendo os Estágios 3 e 4. A maior quantidade de sono REM ocorre no último terço da noite, 
geralmente de madrugada (das 4 às 7h da manhã), momento em que a maioria das pessoas mais sonha. O 
Estágio 4, de forma oposta, ocorre predominantemente no primeiro terço da noite (Tavares; Aloé, 1998). 
Pessoas com depressão grave e narcolepsia podem ter a latência – adormecimento-primeiro sono REM 
– bastante diminuída, implicando geralmente uma inversão da arquitetura do sono. 
 
3. SONO NORMAL: Várias estruturas neuronais têm sido relacionadas com o controle dos estados de vigília 
e de sonos não REM e REM. De fundamental importância na regulação fisiológica do sono é o núcleo 
supraquiasmático, localizado no hipotálamo anterior. Além dele, são também fundamentais estruturas 
como a glândula pineal (que secreta melatonina e funciona como oscilador que controla o ritmo sono-
vigília no período de 24 horas), os sistemas reticulares mesencefálicos e bulbares e os geradores de sono 
REM localizados na ponte. Quimicamente, neurônios aminérgicos, colinérgicos e histaminérgicos estão 
envolvidos de forma mais estreita nos mecanismos neuronais do sono 
 
4. SONHO: O sonho, fenômeno associado ao sono, pode ser considerado uma alteração normal da 
consciência. Os modernos laboratórios de sono, com a polissonografia do sono (EEG, eletroculograma, 
eletromiograma de superfície da região submentoniana e outros registros fisiológicos), têm demonstrado 
que, ao contrário do que se pensava no passado, sonhar não é algo raro, infrequente (para uma excelente 
revisão sobre o sonho e o cérebro, ver Nir; Tononi, 2010). A maioria das pessoas sonha várias vezes 
durante uma noite, apenas não se lembra da maior parte, pois, se acordarem (ou forem despertadas) 
após mais de oito minutos de um sono REM (durante o qual sonharam), não se lembrarão mais do 
conteúdo do sonho (Oliveira; Amaral, 1997). Os sonhos são vivências predominantemente visuais, sendo 
rara a ocorrência de percepções auditivas, olfativas ou táteis. Isso se relaciona às ondas ponto-genículo-
occipitais que ativam as áreas corticais visuais do lobo occipital durante sua ocorrência (Nir; Tononi, 2010). 
Em sonhos eróticos, podem ocorrer sensações de orgasmo. Pessoas cegas de nascença geralmente 
relatam sonhos com sensações corporais e de movimento, mas obviamente sem o caráter visual das 
pessoas que enxergam. Segundo Freud (1900) “o sonho é um fenômeno psicológico extremamente rico 
e revelador de desejos e temores, ainda que de forma indireta e disfarçada” 
Alterações Patológicas da Consciência: 
Alteracoes Quantitativas de Consciencia: 
O nível de consciência diminui de forma progressiva, desde o estado normal, vígil, desperto ate o estado de 
coma profundo, no qual não há resquício nenhum de atividade consciente. 
Os graus de rebaixamento de consciência são: 
 
1) OBNUBILAÇÃO: turvação da consciência ou sonolência patológica leve. Rebaixamento de consciência 
leve a moderado. Na inspeção o paciente já pode estar sonolento ou ainda pode parecer desperto, o 
que dificulta o diagnóstico nesses estágio. Há sempre diminuição do grua de clareza do sensório, com 
lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. O indivíduo tem dificuldade para integrar as 
informações sensoriais oriundas do ambiente. O pensamento que expressão pode revelar confusão 
mental. No geral, há diminuição da atenção para solicitações externas. 
2) TORPOR: grau mais acentuado de rebaixamento de consciência, o paciente se apresenta 
evidentemente sonolento, responde apenas ao ser chamado de forme energética e depois volta ao 
estado de sonolência. A resposta aos estímulos externos é mais curta do que na obnubilação, mas 
ainda assim é maior que no estado de sopor. Paciente nesses estado e no de obnubilação pode ainda 
apresentar traços de crítica e pudor, tentando cobrir as partes intimas de seu corpo com o cobertor 
quando em uma enfermaria ou emergência de hospital, o que não ocorre no sopor e coma. 
3) SOPOR: estado de marcante e profunda turvação da consciência, de sonolência intensa, no qual o 
indivíduo pode ser despertado por um período de tempo muito curto, por estímulos enérgicos do nível 
de uma dor intensa. Nesse momento o paciente pode apresentar fácies de dor e gesticulações de 
defesa. Retorna então muito rapidamente, em segundos, a ausência de atividade consciente. Neste 
estágio o paciente está intensamente sonolento e quase em coma. Embora tenha apresentações de 
defesa é incapaz de qualquer acao espontânea. A psicomotricidade encontra-se mais inibida do que 
nos estados de obnubilação e de torpor. 
4) COMA: caracterizado pela perda completa da consciência, grau mais profundo de rebaixamento de 
seu nível. Nesse estágio não é possível qualquer atividade voluntaria consciente. Além da ausência de 
qualquer indício de consciência, os seguintes sinais neurológicospodem ser encontrados: movimentos 
oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, 
anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência 
do reflexo de acomodação. Além disso, dependendo da topografia e da natureza da lesão cerebral, 
podem ser observadas rigidez de decorticação ou de decerebração, anormalidades difusas ou focais 
do EEG com lentificações importantes e presença de ondas patológicas. 
OBS: Os graus de intensidade de coma são classificados de I a IV: I, semicoma; II, coma superficial; III, coma 
profundo; e IV, coma dépassé. 
Perdas abruptas da consciência: 
A perda abrupta de consciência pode ser causada por diversos fatores, tais como fatores emocionais, 
neurofuncionais ou orgânicos de diversas naturezas. As perdas podem ser rapidamente reversíveis ou 
irreversíveis. Ainda podem ser caracterizadas como transitórias, as quais são: síncope, lipotimia, desmaios, 
perdas de consciência de outra natureza. 
• LIPOTIMIA: designada como perda parcial e rápida da consciência (dura apenas segundos), 
geralmente com visão borrada, palidez de face, suor frio, vertigens e perda parcial e momentânea 
do tônus muscular com ou sem queda do corpo ao chão. O paciente relata sensação de que vai 
desmaiar. É uma condição rápida e completamente reversível. As vezes a lipotimia é usada para 
descrever a fase inicial da sincope. Perda parcial do tônus muscular. 
• SÍNCOPE: é um colapso súbito, com perda abrupta e completa da consciência, perda total do tônus 
muscular com queda completa ao chão. O mecanismo base é a instalação rápida de irrigação 
cerebral insuficiente que pode ter diversas causas. Pode ser ou não reversível, dependendo muito 
do fator causal envolvido. Perda total do tônus muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: o termo “desmaio” é uma designação não médica, da linguagem comum, que geralmente significa 
uma perda abrupta da consciência. Corresponde de forma genérica aos termos médicos “síncope” ou 
“lipotimia”. 
Alteracoes Qualitativas de Consciencia: 
Trata-se de uma mudança parcial ou focal do campo de consciência, em que parte do campo da consciência 
está preservada/normal, enquanto outra está alterada. 
1. ESTADOS CREPUSCULARES: estado patológico transitório no qual uma obnubilação leve da consciência 
é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada. Nesse caso há estreitamento 
transitório do campo da consciência e afunilamento da consciência (que se restringe a um círculo de 
ideias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a 
conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência 
dos chamados atos automáticos. O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma 
abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas (Sims, 1995). Durante 
esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole 
emocional (podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense). 
Geralmente ocorre amnésia lacunar para o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns 
fragmentos isolados. Os estados crepusculares foram descritos classicamente como associados à epilepsia 
(relacionados à turvação da consciência após uma crise ou a alterações pré-ictais ou ictais), mas também 
podem ocorrer em intoxicações por álcool ou outras substâncias, após traumatismo craniano, em quadros 
dissociativos histéricos agudos e, eventualmente, após choques emocionais intensos. 
2. ESTADO SEGUNDO: trata-se de um estado patológico transitório semelhante ao crepuscular, onde se tem 
atividade psicomotora coordenada, a qual entretanto permanece estranha a personalidade do sujeito 
acometido e não se integra com ela. É de uma natureza mais psicogenética, sendo produzido por fatores 
 
emocionais (choques, emoções intensas), enquanto o crepuscular esta mais associado a fatores 
ambientais (externos) como confusão pós-ictal, intoxicações, traumatismo craniano. Os atos cometidos 
durante o estado segundo são geralmente incongruentes, extravagantes, em contradição com a 
educação, as opiniões ou a conduta habitual do sujeito acometido, mas quase nunca são realmente graves 
ou perigosos, como no caso dos estados crepusculares (Porot, 1967). Do ponto de vista do mecanismo 
produtor da alteração, o estado segundo se aproxima mais da dissociação da consciência do que do estado 
crepuscular. 
3. DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: se caracteriza pela fragmentação ou divisão do campo da consciência, 
em que ocorre a perda da unidade psíquica do ser humano. O termo “dissociação” pode cobrir não apenas 
a consciência como também a memória, percepção de identidade e o controle motor. Ocorre mais 
comumente em quadros histéricos (crises histéricas do tipo dissociativo). Nessas situações, observa-se 
dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho (ganhando o caráter de estado onírico), em 
geral desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) 
que produzem grande ansiedade para o paciente. Essas crises duram de minutos a horas, raramente 
permanecendo por dias. Alguns pacientes têm crises ou estados dissociativos agudos que se iniciam 
com queda ao chão, abalos musculares e movimentação do corpo semelhante à crise convulsiva (da 
epilepsia). Nesses casos, designa-se tal crise como crise pseudoepiléptica (em relação à crise epiléptica 
verdadeira). Pode ocorrer também em quadros de ansiedade intensa, independentemente de se tratar 
de paciente com personalidade histriônica ou traços histéricos, sendo a dissociação, então, vista como 
uma estratégia defensiva inconsciente (i.e., sem a deliberação voluntária plena) para lidar com a 
ansiedade muito intensa; o indivíduo desliga da realidade para parar de sofrer. Quadros dissociativos 
são também frequentes em pessoas com o diagnóstico de transtorno da personalidade borderline. 
4. TRANSE: estado de alteração de consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo-se disso 
apenas pela presença em geral de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de 
suspensão parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe ocorre sobretudo em contextos 
religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e religiões evangélicas pentecostais 
e neopentecostais). O transe dito extático pode ser induzido por treinamento místico-religioso, ocorrendo 
geralmente a sensação de fusão do eu com o universo. Não se deve confundir o transe religioso, 
culturalmente contextualizado e sancionado, com o chamado transe histérico, que é um estado 
dissociativo da consciência relacionado frequentemente a conflitos interpessoais e alterações 
psicopatológicas. Os estados de transe e possessão culturalmente contextualizados e sancionados são 
fenômenos muito difundidos nas várias culturas em todo o mundo, vistos, na atualidade, como um recurso 
religioso e sociocultural que permite às pessoas, sobretudo às mulheres, lidar com as dificuldades da vida 
por meio de estratégias religiosas socialmente legitimadas. 
5. ESTADO HIPNÓTICO: É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que 
pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um estado de consciência semelhante ao 
transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e sua atenção, concentrada no 
hipnotizador. Nesse estado, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos 
fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras. Não há nada de místico 
ou paranormal na hipnose. É apenas uma técnica refinada de concentração da atenção e de alteração 
induzida do estado da consciência. 
DOENCAS ASSOCIADAS ÀS ALTERAÇÕESDE CONSCIÊNCIA: 
1. DELIRIUM: termo atual mais adequado para designar maior parte das síndromes confusionais agudas 
(o termo “paciente confuso”, muito usado em serviços de emergência e enfermarias médicas, refere-
se a tais síndromes confusionais, ou seja, ao delirium). Geralmente trata-se de um paciente com 
aspecto confuso de pensamento e discurso evidenciando fala incongruente, com conteúdos absurdos 
e sem articulação logica), uns dos tracos do delirium, mas não necessariamente o mais importante . 
 
O delirium é uma das síndromes mais frequentes na prática clínica diária, principalmente em pacientes 
com doenças somáticas (emergências e enfermarias médicas e geriátricas) e idade avançada. 
O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de 
consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, 
perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e 
confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao 
longo do dia. Geralmente, o paciente está com o sensório claro pela manhã, e, no início da tarde, o 
nível de consciência “afunda”, piorando no fim da tarde e à noite. Podem surgir, então, ilusões e 
alucinações visuais, bem como intensificar-se a desorientação e a confusão do pensamento e do 
discurso, com a possibilidade de haver também agitação psicomotora e sudorese. Não se deve 
confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes 
com distúrbios cerebrais agudos) com o termo “delírio” (ideia delirante; alteração do juízo de 
realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos ou em outras psicoses). 
2. ESTADO ONÍRICO OU ONIROIDE: alteração da consciência na qual, paralelamente à turvação da 
consciência, o indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido. Em geral, 
predomina a atividade alucinatória visual intensa com caráter cênico e fantástico. A pessoa vê cenas 
complexas, ricas em detalhes, às vezes terríficas, com lutas, matanças, fogo, assaltos, sangue, etc. Há 
carga emocional marcante na experiência onírica, com angústia, terror ou pavor. O doente manifesta 
esse estado onírico angustioso gritando, movimentando-se, debatendo-se na cama e apresentando, 
às vezes, sudorese profusa. Há geralmente amnésia consecutiva ao período em que o doente 
permaneceu nesse estado onírico. Tal estado ocorre com mais frequência devido a psicoses tóxicas, 
síndromes de abstinência de substâncias (com maior frequência no delirium tremens) e quadros febris 
tóxico-infecciosos. Alguns autores descrevem estados oníricos em pacientes com psicose 
(esquizofrenia, mania e depressão psicóticas), mas, nessa acepção, o termo não tem sido mais 
utilizado. Na prática, o estado onírico ou estado tipo-sonho tem sido cada vez mais absorvido pela 
categoria ampla do delirium. 
3. PERPLEXIDADE PATOLÓGICA: Perplexidade, no contexto psicopatológico, é definida como a perda 
de uma sensação de naturalidade na experiência comum e óbvia do dia a dia, perda de uma 
certa autoevidência do ambiente e seus objetos. Na experiência comum, normal, sento-me no sofá 
de minha casa, olho a mesa, os quadros, as janelas; tudo é natural, de uma realidade autoevidente. 
Na perplexidade como experiência psicopatológica, a pessoa sente uma estranheza inquietante, 
uma sensação de incapacidade de captar o significado comum das coisas, pessoas e acontecimentos. 
A perplexidade psicopatológica é experimentada geralmente em quadros psicóticos agudos, 
sobretudo nos primeiros dias do episódio, podendo ocorrer em quadros psicóticos esquizofrênicos 
ou em transtornos do humor (depressão ou mania) com sintomas psicóticos. Nas psicoses breves 
(quadros psicóticos mais reativos e agudos), também se observa com considerável frequência tal 
experiência de perplexidade como experiência psicopatológica. 
4. EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE (NEAR DEATH EXPERIENCE – NDE): Um estado especial de 
consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia 
grave, isquemias, acidente automobilístico grave, afogamento, quedas com trauma craniano, entre 
outras, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas experiências de quase-
morte (EQMs). São experiências muito rápidas (de segundos a minutos) em que um estado de 
consciência particular é vivenciado e registrado por essas pessoas. Estudos de revisão (Nelson et al., 
2006) têm mostrado que as características mais frequentes desses estados (EQM) são as seguintes 
(em 55 casos revisados a partir da literatura científica internacional): sensação de paz (87%), de estar 
fora do próprio corpo (80%), de estar rodeado por uma luz intensa (78%), de estar em “outro mundo” 
(75%), sensações de “união cósmica” (67%), de ter atingido um “ponto de não retorno” (67%), de 
 
alegria intensa (64%), de “compreensão imediata” (60%) e de contato com uma “entidade mística” 
(55%). 
 
Referências: 
• Dalgalarrondo P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais . (3ª edição). [Digite o Local da 
Editora]: Grupo A; 2019.

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