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23 Anais IX encontro-de-pesquisa-em-historia-PDF

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ANAIS
IX Encontro de Pesquisa
em História da UFMG
Adriana Cristina Souza de Jesus, Ana Gabriela Resende e Silva, Ana Ianeles, 
Andrezza Alves Velloso, Anna Karolina Vilela Siqueira, Camila Rossi, Elvis de 
Almeida Diana, Estela Gontijo da Cruz, Júlia Kern Castro, Kíssila Valadares 
Souza, Marcelo Alves de Paula Lima, Mateus Freitas Ribeiro Frizzone, Paula 
Alves Melo dos Santos Pacheco, Pollyanna Rodrigues Alves Chaves, Roberta 
Ornelas Oliveira (Org.) 
ANAIS
IXEPHIS–UFMG
AlcancesdaHistória: compreender e transformar
1ª Edição 
ISBN: 978-65-86989-09-0 
 
Belo Horizonte 
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG 
2021
IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG – EPHIS-UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha 
31270-901 – Belo Horizonte – MG – Brasil 
Site: https://www.ephisufmg.com.br/ 
Organização: 
Adriana Cristina Souza de Jesus 
Ana Gabriela Resende e Silva 
Ana Ianeles 
Andrezza Alves Velloso 
Anna Karolina Vilela Siqueira 
Camila Rossi 
Elvis de Almeida Diana 
Estela Gontijo da Cruz 
Júlia Kern Castro 
Kíssila Valadares Souza 
Marcelo Alves de Paula Lima 
Mateus Freitas Ribeiro Frizzone 
Paula Alves Melo dos Santos Pacheco 
Pollyanna Rodrigues Alves Chaves 
Roberta Ornelas Oliveira 
 
Revisão: 
Vanessa Teixeira 
Diagramação: 
Vanessa Teixeira 
Capa: 
Tiago Teixeira Castanha
 
Observação: 
A adequação técnico-linguística dos resumos dos Simpósios Temáticos, Comunicações Livres e 
Minicursos é de responsabilidade dos autores. 
____________________________________________________________________________ 
21-65432 IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG – EPHIS (9ª: 2021: Belo Horizonte, 
MG). 
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História, Belo Horizonte, MG, 17 a 21 de 
maio de 2021 [recurso eletrônico]. Alcances da História: compreender e 
transformar. / Organizadores: Adriana Cristina Souza de Jesus et al. Belo 
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2021. 510 p. PDF. 
 ISBN: 978-65-86989-09-0 
____________________________________________________________________________ 
1. Caderno de Resumos. 2. Encontro. 3. EPHIS 2021. 4. História. 5. UFMG. 
I. JESUS, Adriana Cristina Souza. II. SILVA, Ana Gabriela Resende e. III. IANELES, Ana. IV. 
VELLOSO, Andrezza Alves. V. SIQUEIRA, Anna Karolina Vilela. VI. ROSSI, Camila. VII DIANA, 
Elvis de Almeida. VIII. CRUZ, Estela Gontijo da. IX. CASTRO, Júlia Kern. X. SOUZA, Kíssila 
Valadares. XI. LIMA, Marcelo Alves de Paula. XII. FRIZZONE, Mateus Freitas Ribeiro. XIII. 
PACHECO, Paula Alves Melo dos Santos. XIV. CHAVES, Pollyanna Rodrigues Alves. XV. 
OLIVEIRA, Roberta Ornelas. 
Como citar: SOBRENOME, Nome. Título. In: IX ENCONTRO DE PESQUISA EM HISTÓRIA, 17 
a 21 de maio de 2021, UFMG, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2021. 
__________________________________________________________________-
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
IX ENCONTRO DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA UFMG 
 
Reitora da Universidade Federal de Minas Gerais 
Sandra Regina Goulart Almeida 
Vice-Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais 
Alessandro Fernandes Moreira 
Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas 
Bruno Pinheiro Wanderley Reis 
Vice-Diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas 
Thais Porlan de Oliveira 
Chefe do Departamento de História 
Magno Moraes Mello 
Coordenador do Colegiado de Graduação 
Luiz Duarte Haele Arnaut 
Coordenador do Colegiado de Pós-Graduação 
Rafael Scopacasa 
 
Realização: 
Comissão Organizadora IX Ephis 
Corpo Discente do Curso de História – UFMG 
 
 
Apoio: 
CAHIS 
Centro de Estudos Mineiros 
Centro de Estudos sobre a Presença 
Africana no Mundo Moderno 
Departamento de História 
Doity 
FAFICH 
Laboratório de História do Tempo Presente 
Núcleo de História Oral 
Oficina de Paleografia 
Programa de Pós-Graduação em História 
Projeto Brasiliana 
Projeto República 
Scientia 
Temporalidades 
Varia Historia 
 
__________________________________________________________________-
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
COMISSÃO ORGANIZADORA 
 
Adriana Cristina Souza de Jesus 
Ana Gabriela Resende e Silva 
Ana Ianeles 
Andrezza Alves Velloso 
Anna Karolina Vilela Siqueira 
Camila Rossi 
Elvis de Almeida Diana 
Estela Gontijo da Cruz 
Júlia Kern Castro 
Kíssila Valadares Souza 
Marcelo Alves de Paula Lima 
Mateus Freitas Ribeiro Frizzone 
Paula Alves Melo dos Santos Pacheco 
Pollyanna Rodrigues Alves Chaves 
Roberta Ornelas Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MONITORAS E MONITORES 
 
Ana Laura de Morais Uba e Barbosa 
Anna Luiza Lobo Urzedo 
Christian Mascarenhas 
Clara Duarte Lara 
Edson de Andrade Araújo 
José Alciran Fernandes Oliveira Junior 
Júlia Soledade Caldas Saud Rodriguez 
Laura Alves Guimarães 
Letícia Aquino de Castro Pimenta 
Luana Sarto Gomes 
Maria Clara Gonçalves Martins 
Maria Clara Lopes Abdo 
Petunia Galvão Bezerra 
Rafael de Azevedo Silva 
Rian Silva da Cruz 
Rodrigo da Silva Lucena 
Yasmim Fernandes Melgaço 
__________________________________________________________________
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
Sumário 
 
Apresentação ........................................................................................................................ 9 
 
ST 2 - HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS E DA SAÚDE EM PERSPECTIVA: SABERES, PRÁTICAS 
E CIRCULAÇÃO .................................................................................................................. 12 
História, ciência e saúde: a assistência aos leprosos no Lazareto de São Cristóvão – Rio de 
Janeiro (1915-1946) ............................................................................................................ 13 
Do Rio de Janeiro para Minas Gerais: a dengue visita Belo Horizonte (1986) ..................... 22 
 
ST 3 - PESQUISA E ENSINO DE HISTÓRIA: PERCURSOS INVESTIGATIVOS E DESAFIOS 
CONTEMPORÂNEOS ......................................................................................................... 31 
Os museus e o ensino de história na Educação de Jovens e Adultos: práticas e experiências
 ............................................................................................................................................ 32 
Educação Patrimonial em Contagem: o Programa de Educação Patrimonial “Por Dentro da
História” ............................................................................................................................... 41 
Projetos educativos e publicações relacionadas à aplicação da lei nº 10.639/03: panorama 
das produções sobre os Colégios de Aplicação vinculados a UFJF, UFU, UFV, UFRN, UFPA 
e UFPE ................................................................................................................................ 48 
Interpretando a educação em “Klaus”: uma animação sobre proibicionismos ...................... 58 
Extensões possíveis: os alcances da monitoria do curso de História no Ensino Básico ....... 68 
 
ST 4 - A NOVA HISTÓRIA POLÍTICA: TENDÊNCIAS ......................................................... 79 
“Todos são iguais perante a lei?”: Revista Prisma e a Segurança Pública na Constituição 1988
 ............................................................................................................................................ 80 
As classificações políticas na modernidade: o caso de José María Blanco White ................ 88 
O saber histórico escolar em tempos de crise: um panorama da cultura histórica da 
comunidade discente do CEFET-MG ...................................................................................97 
 
ST 5 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: MEMÓRIAS E NARRATIVAS, INSTITUIÇÕES, FONTES 
E ENSINO DE HISTÓRIA .................................................................................................. 104 
Memória e identidades na produção do conhecimento histórico: uma experiência com 
estudantes da Educação do Jovens e Adultos no município de Feira de Santana - BA ..... 105 
 
ST 7 - A HISTÓRIA EMPENHADA NA CULTURA INTELECTUAL: PRODUÇÕES, 
TRAJETÓRIAS E DISPUTAS PELOS DOMÍNIOS DO PASSADO .................................... 116 
Editora Alfa-Omega e suas publicações na década de 1970 ............................................. 117 
Consumindo o historicismo através dos almanaques anuais (1830-1870): historiografias 
populares e distância histórica ........................................................................................... 123 
Pedro Sinzig e a encruzilhada do Entreguerras ................................................................. 133 
A atuação intelectual e política de Simón Bolívar como influência na formação do Estado 
__________________________________________________________________
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
Chavista............................................................................................................................. 139 
 
ST 8 - HISTÓRIA E LINGUAGENS: LITERATURA, BIOGRAFIA E TEORIA DA HISTÓRIA
 .......................................................................................................................................... 149 
Maria Firmina dos Reis: vanguarda, modernismo e a escrita negra feminina (1859 - 1930)
 .......................................................................................................................................... 150 
 
ST 9 - ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NAS AMÉRICAS ..................................................... 161 
Entre curas, feitiços e calundus: algumas reflexões teórico-metodológicas sobre as mulheres 
forras nas Minas setecentistas ........................................................................................... 162 
 
ST 10 - O MUNDO COLONIAL LUSO AMERICANO E AS DIVERSAS ESTRATÉGIAS DE 
CONQUISTA E DOMINAÇÃO: SÉCULO XVI-XIX ............................................................. 173 
As câmaras municipais e a regionalização do poder na monarquia portuguesa ................ 174 
A ocupação da bacia do Rio Doce na cartografia de Jozé Joaquim da Rocha ................... 179 
 
ST 11 - HISTÓRIA PÚBLICA: MÚLTIPLAS FORMAS DE NARRAR, ESCREVER, 
APREENDER E DIVULGAR HISTÓRIA ............................................................................ 190 
A presença afrorreligiosa numa visita ao museu: uma proposta educativa no âmbito da História 
Pública ............................................................................................................................... 191 
 
ST 12 - RUPTURAS E CONTINUIDADES DA ÉPOCA MODERNA ................................... 198 
Possessões demoníacas e cultura impressa: representações da magia e do diabo na 
Inglaterra Moderna ............................................................................................................ 199 
Configurações da memória histórica de Diogo do Couto ................................................... 210 
Pelo bem comum: a negociação entre os Estados e a Coroa em Portugal nas Cortes de 1641
 .......................................................................................................................................... 217 
 
ST 13 - PATRIMÔNIO CULTURAL: MEMÓRIAS, MEIO AMBIENTE, NARRATIVAS E 
ACERVOS ......................................................................................................................... 226 
“Aljube” e “Voluntários da Pátria”: notas sobre patrimônios móvel e imóvel e as construções
de memória envolvendo o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana .................... 227 
 
ST 14 - HISTÓRIA GÊNERO E SEXUALIDADE: OBJETOS, SUJEITOS, PRÁTICAS E 
FERRAMENTAS DE PESQUISA ....................................................................................... 238 
De Princesa a sucessora do trono: uma análise da representação sobre a Princesa Isabel nas
cerimônias parlamentares através de uma perspectiva de gênero, 1846-1850 .................. 239 
Dindinha: a revelação de uma personalidade narrada por sua coleção ............................. 248 
A escrita mística como um ato feminino de falar: uma breve apresentação ....................... 256 
 
ST 15 - DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA E A COMUNICAÇÃO SOCIAL ......................... 265 
__________________________________________________________________
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
O cinema e a história: breves considerações sobre integração, função cultural e a
representação das diferenças ............................................................................................ 266 
 
ST 16 - CONFIGURAÇÕES DA NEGRITUDE: DIÁLOGOS ENTRE HISTÓRIA, FILOSOFIA, 
LITERATURA E ARTES VISUAIS ..................................................................................... 275 
A hiperdialética nas experiências ancestrais Africana: um olhar para o tempo-espaço histórico 
ritual do kétu ...................................................................................................................... 276 
 
ST 18 - LIMITES E CONTRADIÇÕES DA MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA NO PERÍODO 
REPUBLICANO ................................................................................................................. 293 
“A legião dos rejeitados”: controle, incertezas e exclusões no contexto da política migratória
no Brasil, 1930 – 1950 ....................................................................................................... 294 
A “desilusão republicana” nas trajetórias intelectuais de Belmiro Braga e José Madeira de
Freitas: refletindo sobre a adesão ao integralismo no início da década de 1930 ................ 300 
 
ST 19 - CULTURA E INTELECTUALIDADE NA ANTIGUIDADE TARDIA E IDADE MÉDIA
 .......................................................................................................................................... 311 
O que um romance da segunda metade do século XII pode ensinar aos adolescentes de hoje? 
A cortesia em Perceval (c.1175-1185) e em sua adaptação paradidática (2006) ............... 312 
The medieval outsiders: pobreza e marginalização em fins da idade média ...................... 323 
 
ST 20 - OLHARES SOBRE O PASSADO: HISTORIOGRAFIA E CULTURA HISTÓRICA. 331 
A “escrita de si” e sua contribuição para a historiografia: o trabalho com o acervo epistolar do
pintor Candido Portinari ..................................................................................................... 332 
 
ST 21 - A ERA DOS EXTREMOS: ATUAÇÃO E REPRESENTAÇÃO EM EXPERIÊNCIAS 
FASCISTAS AUTORITÁRIAS E TOTALITÁRIAS (SÉCS. XX E XXI) ................................. 341 
A desconstrução do Fascismo de Esquerda de Leandro Narloch: uma análise do Guia 
Politicamente Incorreto da História do mundo .................................................................... 342 
Festa dos povos e da beleza: imaginário, representações e estética nazista no filme Olympia 
(1938) ................................................................................................................................ 351 
 
ST 22 - ARTE E IMAGENS NA (DES)CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO HISTÓRICO: 
ALCANCES, PROBLEMÁTICAS E MÉTODOS DE ABORDAGEM ................................... 358 
“Edades diferentes de la muger”: um estudo sobre a figura da mulher na sociedade do século 
XIX .....................................................................................................................................359 
Desvestir o silêncio: desenhar-se como estratégia feminista ............................................. 366 
As fotografias de Costică Acsinte: um retrato da sociedade romena da primeira metade do
século XX .......................................................................................................................... 376 
 
ST 23 - REPRESSÃO E RESISTÊNCIAS NAS DITADURAS LATINOAMERICANAS NO 
SÉCULO XX ...................................................................................................................... 385 
__________________________________________________________________
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
As narrativas sobre a repressão a pessoas LGBT durante a ditadura militar: reflexões a partir 
do cinema brasileiro ........................................................................................................... 386 
O novo sindicalismo e o cinema nacional .......................................................................... 396 
Gal Costa e os efeitos do canto: possibilidades entre a obra e a voz da intérprete nos debates 
político-culturais durante a ditadura militar brasileira ......................................................... 405 
Traumas da ditadura chilena (re)vividos durante as manifestações que se iniciaram em 
outubro de 2019 ................................................................................................................. 415 
Considerações acerca do golpe de 1964 e sua repercussão no ativismo negro brasileiro . 426 
 
ST 25 - A NAÇÃO EM PERSPECTIVA: SOCIEDADE E CULTURA NO BRASIL 
OITOCENTISTA ................................................................................................................ 434 
“Viva a instrução da mulher": os sentidos da feminilidade no Brasil oitocentista ................ 435 
O futuro como ofício: a construção de identidades sociais pelas mulheres cartomantes nos 
periódicos da Corte Imperial .............................................................................................. 443 
A representação dos Estados Unidos nas páginas da Aurora Fluminense entre 1827 e 1834
 .......................................................................................................................................... 450 
Polícia médica e sanitária municipal: as ações de higiene e salubridade da câmara municipal 
de Vila Rica/Ouro Preto (1770/1850) ................................................................................. 458 
 
ST 26 - HISTÓRIA E OS ESTUDOS SOBRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: 
DIÁLOGOS POSSÍVEIS .................................................................................................... 466 
Processos naturais e antrópicos de alteração da paisagem do município de Paraty-RJ, 1965-
2020 .................................................................................................................................. 467 
 
ST 27 - PENSAR O SAGRADO: REFLETIR SOBRE O HUMANO – PERSPECTIVAS, 
DEBATES E EMBATES SOBRE AS RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES............................ 478 
Os usos do judaísmo pelos neopentecostais no Brasil: o papel do multiculturalismo e a 
formação de uma identidade étnica hifenizada (1990 - 2002) ............................................ 479 
 
COMUNICAÇÕES LIVRES ................................................................................................ 490 
Reflexões de projeto extencionistas: Portal Em Redes e ações de Educação Patrimonial, 
história local em sala de aula ............................................................................................. 491 
9
__________________________________________________________________
Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
Apresentação
Em 2019, ao pensarmos sobre o tema em torno do qual o IX EPHIS se organizaria, nos
perguntávamos: O que ou quem a História poderia (e deveria) alcançar hoje em dia? Como seria
possível a História ultrapassar os muros da universidade em que ela é pensada e escrita? Quais
outras possibilidades, meios e lugares nos e pelos quais os historiadores poderiam ser lidos e
ouvidos para além dos círculos puramente acadêmicos? Qual seria a inter-relação (e/ou
retroalimentação) entre a escrita da História, as identidades coletivas e a ampliação do espaço
público? Quais as mediações possíveis ao historiador nessa empreitada? Essas questões levavam-
nos a pensar sobre os caminhos da História e da sociedade em que vivemos, pois, inevitavelmente,
remete-nos às formas que o conhecimento histórico chegou, chega, ou deveria chegar a públicos
mais amplos. Nos perguntávamos sobre quais seriam os limites do relativismo histórico e até que
ponto certos revisionismos, muitas vezes feitos “às avessas” e de forma imprudente,
podem/poderiam comprometer o conhecimento histórico/historiográfico e as sociabilidades de
forma mais ampla.
Tendo essas questões em mente, nós, da comissão do IX EPHIS, escolhemos como tema
para a IX edição os “Alcances da História: compreender e transformar”.
A pandemia chegou e no caso brasileiro trouxe, a reboque do atual governo, uma gestão
desastrosa da mesma. Diante desse cenário a questão dos alcances da história foi recolocada, agora
com novos contornos. Os alcances do próprio evento tiveram que ser repensados. A necessidade
de isolamento social e a falta de perspectivas de uma campanha massiva de vacinação fizeram com
que tivéssemos que mudar a modalidade de realização do evento. Projetávamos um EPHIS
presencial, caloroso e repleto de trocas que estão para além das salas onde acontecem os Simpósios
e as Comunicações, como sempre aconteceu. Não deixa de ser uma ironia: na edição em que o
tema do evento são os alcances, tivemos que lidar de maneira muito concreta com os limites à
realização do mesmo e com os limites mais amplos e duros do contexto brasileiro atual. Adiado
por duas vezes, foi finalmente decidido que o evento ocorreria – e ocorrerá - de forma remota
entre 17 e 21 de maio de 2021.
A identidade visual dessa edição, elaborada ainda no começo de 2020, busca trazer uma
reflexão acerca do lugar que a História e nós, historiadores, podemos e devemos ocupar no tecido
social. O círculo do conhecimento, forma geométrica perfeita: o conhecimento fechado em si
mesmo, sem espaço para arestas. De fora dele, toda uma miríade de possibilidades, experiências e
existências. Àquela altura, refletíamos: Enquanto o círculo continuar girando em torno de si
mesmo, essas outras experiências continuarão apartadas. Enquanto ele não for mais permeável,
muito restará de fora. Mas que forma ele assume se deixa-se permear? Ou se estica-se? Segue
círculo? Até onde a História pode ir? Até onde a História deve ir? Qual o lugar do historiador
nessa história?
Também essa questão foi realocada diante da pandemia. Em meio a uma crise sanitária sem
precedentes, vimos reverberarem posturas negacionistas e discursos anticientíficos que possuem
raízes antigas, mas que ganharam força no atual cenário. Descredibilizada, apartada e desvalorizada,
a ciência perde parte de sua potência. Torna-se, portanto, ainda mais latente e explícita a
necessidade de refletirmos sobre o seu lugar, o seu papel e suas formas no mundo em que vivemos.
E engana-se quem considera ser relevante fazer essa reflexão fitando apenas o horizonte das ditas
10
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Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
“ciências duras”. Tão importante quanto é olhar para essa questão a partir da perspectiva das
humanidades, que auxiliam-nos na compreensão de contextos e construções emtorno das quais
certas experiências organizam-se e desenvolvem-se.
Como historiadores, seguimos nos perguntando: Até onde a História pode ir? Até onde a
História deve ir? Qual o lugar do historiador nessa história?
Vamos pensar juntos sobre isso?
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Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
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Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
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Departamento de História, 2021.
ST 2
HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS E DA SAÚDE EM
PERSPECTIVA: SABERES, PRÁTICAS E
CIRCULAÇÃO
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Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
17 a 21 de maio – Belo Horizonte, Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 
Departamento de História, 2021.
História, ciência e saúde: a assistência aos leprosos
no Lazareto de São Cristóvão – Rio de Janeiro (1915-
1946)
Tarcísio Pereira Bastos, mestre em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e
da Saúde na Fundação Oswaldo Cruz – PPGPAT/COC/FIOCRUZ, e-mail:
tarcisiomacabu@yahoo.com.br
Resumo: Esta comunicação tem o objetivo de refletir a respeito das práticas assistenciais
oferecidas no Lazareto de São Cristóvão, conhecido como Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro
e Hospital Frei Antônio. Fundado no século XVIII, o hospital tinha a missão de acolher e socorrer
os enfermos com hanseníase, prestando-lhes assistência médica, hospitalar e medicamentosa. Em
sua história, a instituição funcionou como leprosário, hospital especializado, laboratório de
leprologia, centro de pesquisas e sede de órgãos sanitários. O recorte cronológico se refere ao início
da gestão de Mário da Silva Nazareth, provedor da Irmandade da Candelária (1915-1923), bem
como ao ano de criação da Comissão de Profilaxia da Lepra, em 1915, no Rio de Janeiro; e à
instalação do Instituto de Leprologia, do Serviço Nacional de Lepra, do Departamento Nacional
de Saúde, nas dependências do Lazareto, em 1946. A metodologia da pesquisa se concentrou na
análise de relatórios, estatutos, regulamentos, cronologias, registros e referências bibliográficas. Tal
acervo é proveniente do Arquivo Francisco Batista Marques Pinheiro, do Arquivo Geral da Cidade
do Rio de Janeiro, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Departamento de Arquivo e
Documentação da Casa de Oswaldo Cruz.
Palavras-chave: História da Saúde, Assistência médica, Hanseníase, Lepra, Hospital dos Lázaros
do Rio de Janeiro.
A Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária e a assistência aos leprosos
O Brasil é a “terra produtiva e fertilizante da filantropia e da caridade”1. Com esse
pensamento, Ataulpho Nápoles de Paiva enalteceu o papel social das obras de benemerência e
irmandades laico-religiosas espalhadas de Norte a Sul do país. Nos serviços hospitalares, essas
entidades ofertavam apoio espiritual, material e terapêutico, visando minimizar o sofrimento dos
mais empobrecidos e, com isso, impedir a proliferação de doenças.
Até o século XIX, a assistência médica aos leprosos era concedida por asilos e hospitais,
mantidos pela iniciativa privada, principalmente a Santa Casa da Misericórdia, como, por exemplo,
o Hospital São Cristóvão dos Lázaros (1787), em Salvador; Hospital dos Lázaros de Recife (1789);
Hospital dos Lázaros de Itu (1806); Leprosário do Tocunduba (1815), em Belém; Hospital de São
João dos Lázaros (1816), em Cuiabá; Hospital de Nossa Senhora das Dores (1817), em São João
1 ASSISTÊNCIA pública e privada no Rio de Janeiro: história e estatística. Rio de Janeiro: Typographia do Annuario
do Brasil, 1922, p. 1.
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Anais do IX Encontro de Pesquisa em História da UFMG. 
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del-Rei; Hospital dos Lázaros de São Paulo (1820) e Hospital dos Lázaros de São Luís (1833).
Somente após o avanço da medicina pasteuriana (1848) e a descoberta do bacilo causador da lepra
(1873), esses espaços assistenciais passaram a financiar pesquisas científicas e promover a
medicalização hospitalar.
Durante a Primeira República, no Rio de Janeiro, o atendimento clínico aos pacientes com
lepra era realizado no Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia, no Centro, um dos mais
antigos e abrangentes; no Hospital dos Lázaros, em São Cristóvão, específico para acolhimento
dos leprosos, administrado pela Irmandade da Candelária; no Hospital Sanatório São Sebastião, no
Caju, criado para atender indivíduos com doenças infectocontagiosas, disponibilizando enfermarias
aos morféticos; e em consultórios particulares disseminados pela capital. Em 1928, foi instalado o
Hospital-Colônia de Curupaity, em Jacarepaguá, projetado e edificado para isolamento obrigatório
de tuberculosos e hansenianos, conforme as políticas sanitárias da época. Dez anos depois, em
Itaboraí/RJ, inaugurou-se a Colônia de Iguá (Hospital-Colônia Tavares de Macedo), condizente à
tipologia de colônia-agrícola, complementando a rede assistencial fluminense.
A Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, fundada no século XVII, tinha a
missão de cultuar o Catolicismo Apostólico Romano, auxiliar os “irmãos” necessitados, amparar a
infância desvalidada e socorrer os enfermos desamparados. A partir do século XVIII, ela se
comprometeu em administrar o Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro, com o intuito de abrigar,
ajudar e medicalizar os contaminados com lepra.
Quarenta e quatro anos depois da tentativa frustrada de se edificar na cidade do
Rio de Janeiro um lazareto, o rei de Portugal, Dom João V, autorizou o então
governador e capitão-general Gomes Freire de Andrade, o primeiro Conde de
Bobadela, através da Carta Régia de 03 de fevereiro de 1741 a fundar o dito
estabelecimento da forma que julgasse mais conveniente. Este mandou construir
com recursos próprios em caráter de emergência no lugar denominado Colina de
São Cristóvão, um asilo para leprosos, inaugurando-o no dia 07 de agosto de
1741. O asilo carioca localizava-se numa área afastada da cidade, onde foram
edificadas algumas casinhas e choupanas paupérrimas para “abrigar” os leprosos
objetivando cessar o incômodo trânsito de “morféticos” no Centro do Rio de
Janeiro. Em 1763, com a morte de Gomes Freire de Andrade, e quatro anos após
a expulsão dos jesuítas do Brasil, o Bispo DomAntônio do Desterro (1694-1773)
solicitou ao rei de Portugal, Dom José I, a doação da Casa dos Jesuítas de São
Cristóvão, antes convento, para sediar o Hospital para os leprosos que se queria
fundar. Com a autorização do rei e a aceitação por parte da Irmandade do
Santíssimo Sacramento da Candelária em administrar o estabelecimento, os 52
morféticos existentes no asilo do Conde Bobadela foram transferidos para dentro
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do antigo convento dos jesuítas, dando origem ao Hospital dos Lázaros do Rio
de Janeiro.2
No final do século XIX, o fluxo de entradas e saídas do Hospital ocorria por meio de
internamento voluntário e asilamento compulsório dos doentes transferidos de entidades de
assistência médica ou conduzidos por forças policiais. O leproso apenas buscava hospitalização
quando não possuía dinheiro ou pela carência de tratamentos para si. Eram comuns os pedidos de
dispensa no Hospital dos Lázaros, com a intenção de evadir do isolamento controlado. Alguns
enfermos mesclavam permanências em hospitais diferentes. Com o fimda liberdade, “pediam alta
alegando possuir meios para se tratarem fora do hospital e para onde voltavam em caso de piora
de seu quadro clínico”3. A recusa para internação de um paciente só acontecia de acordo com
quatro possibilidades: diagnóstico clínico negativo para lepra, ausência extrema de recursos no
hospital, lotação dos leitos e violação do regimento interno. Por outro lado, não existia nenhum
sistema efetivo de controle do doente, que regressava ao Lazareto quando não tinha meios para
sua subsistência. Nesse sentido, o Hospital dos Lázaros “funcionava mais como espaço asilar do
que terapêutico”4.
Os aspectos arquitetônicos e científicos doHospital dos Lázaros do Rio de Janeiro
A edificação hospitalar possui corpo central destacado, duas alas laterais recuadas e áreas
ajardinadas ao redor. Em estilo eclético de inspiração neoclássica, neogótica e art nouveau, o prédio
se subdividia em três pavimentos, contendo setores administrativos, terapêuticos, religiosos e de
apoio. O Lazareto obedecia aos princípios arquitetônicos de um Hospital de Caridade,
especializado na assistência médica e na segregação social de hansenianos, seguindo as diretrizes
profiláticas do passado.
A entrada [do hospital] é feita por um vestíbulo que dá acesso a dois longos
corredores, para o qual se abrem as enfermarias, estando os quartos ao fundo.
Em sua parte central, estão o refeitório e a sala. Solução semelhante é utilizada
no pavimento superior, apenas com a diminuição e aumento de número de
enfermarias e a presença de uma capela sobre as salas e os refeitórios. Os
funcionários e os religiosos responsáveis pela manutenção da ordem e pelo
controle do estabelecimento localizam-se em áreas mais profundas do edifício.
2 CURI, Luciano Marcos. Excluir, isolar e conviver: um estudo sobre a lepra e a hanseníase no Brasil. Tese (Doutorado)
– Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010, p. 191.
3 CABRAL, Dilma. Lepra, Medicina e Políticas de Saúde no Brasil (1894-1934). Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2013,
p. 211.
4 CABRAL. Lepra, Medicina e Políticas de Saúde no Brasil, p. 213.
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Os primeiros encontram-se em uma estrutura anexa e os segundos no pavimento
superior.5
As enfermarias eram forradas e assoalhadas com peroba do campo, decoradas com azulejos
brancos, incluindo mobiliários e artefatos hospitalares. As enfermarias masculinas continham uma
média de sessenta leitos. Já as femininas, totalizavam quarenta leitos. Por causa das amplas janelas,
elas eram bem ventiladas e iluminadas. Tinham altares e imagens dos santos protetores. Nos
banheiros, havia água quente e fria, peças em mármore, azulejos claros e pisos hidráulicos. Isso
contribuía para a assepsia completa, dificultando a propagação de bactérias. Entre os corredores,
ficavam os refeitórios dos homens, mulheres e crianças. Eram espaços de socialização e
comemorações. Os corredores interligavam os setores, facilitando o fluxo humano e os serviços
médicos, assim como a circulação de ar e entrada de luz nos ambientes internos. Com azulejos
belgas e pavimentação em pedraria portuguesa, os pátios serviam como refúgio terapêutico aos
enfermos, favorecendo o trânsito de pessoas e acesso ao ar puro. Os jardins do Lazareto eram
utilizados para distração e lazer, tornando a convivência hospitalar não tão monótona. Neles, os
enfermos caminhavam, passeavam e tomavam sol, mantendo contato com a natureza. Além disso,
o hospital tinha laboratórios, farmácia, sala de curativos, gabinete dentário, sala hidroterápica,
barbearia, sala de jogos, biblioteca, salão de costura, dentre outras ambiências.
Corroborando essa descrição, Mathias Augusto Tavares Ferreira, provedor da Irmandade
da Candelária (1913-1914), retratou o cotidiano do nosocômio da seguinte maneira:
Para todo aquelle que conheça hospitais e entrar, em visita minuciosa, no
Hospital dos Lazaros, a impressão é de absoluta surpresa. Não parece um
hospital: as enfermarias têm um limitado numero de leitos; as roupas de camas
são de alvura impecável; o solo, as paredes e os tectos, todos os objetos que
servem – de um asseio rigorosíssimo. O asseio que se nota em todas as
dependencias do Hospital, desde os salões principaes – onde estão as galerias de
retratos, as salas de refeição do pessoal e dos enfermos, até às cosinhas, jardins,
lavanderia, etc. – tudo é acima de qualquer elogio.6
Mário da Silva Nazareth, provedor, assim apontou os pormenores arquitetônicos do
Lazareto, priorizando o conforto e o bem-estar dos asilados:
Revestimento a azulejo branco, até 1.80m de altura, dos refeitorios das duas
secções, com suas paredes pintadas a branco, mesas de marmore com guarnições
internas de ferro; as cópas com lavatorios de porcellana, para um e outro sexo,
guarnecidas com janellões providos de télas de metal e vidros de cores; as
privadas, nos dous pavimentos, igualmente guarnecidas, dispondo de apparelhos
sanitarios de porcelana e caixas de descarga, tudo com maximo asseio; a sala de
5 ALECRIM, Laura Karina Nobre. Arquitetura profilática: leprosários brasileiros (1918-1949). Dissertação (Mestrado) –
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, 2012, p. 48.
6 SOUZA-ARAÚJO, Heráclides César de. História da Lepra no Brasil: período republicano (1890-1952). Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1956, p. 289.
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duchas com seu revestimento a azulejo branco até o tecto; o incinerador para a
queima dos residuos da alimentação dos enfermos; o aquecedor que fornece a
agua quente para todas as dependencias do Hospital; o elevador electrico para
levar a alimentação das enfermas ao pavimento superior; os corredores do andar
superior, todos revestidos de azulejo, com guarnições douradas e pintadas de
branco esmaltado; as salas, dos Provedores, da pianola, dos Bemfeitores, todas
forradas a papel finissimo; o quarto da toilette da Administração do Hospital,
com todos os apparelhos necessarios; o terraço para recreio das enfermas,
guarnecido de azulejos com desenhos japonezes e provido de um torreão; a
iluminação electrica, completamente reformada e provida de apparelhos
modernos, e ainda outros melhoramentos.7
Na gestão Mário Nazareth (1915-1923), uma série de melhorias foram implementadas no
hospital, como substituição de instalações sanitárias, hidráulicas e elétricas antiquadas; expansão do
número de leitos; redimensionamento da sala de autópsias, necrotério e capela mortuária. Ele
ornamentou o terraço, pátios, corredores e áreas comuns, com vitrais e azulejos florais. Para
distração dos internos, houve a construção do Cineteatro em prédio anexo, dentre outras ações.
O cotidiano do Lazareto de São Cristóvão
O Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro era administrado pelo provedor da Irmandade,
auxiliado por secretários, procuradores, tesoureiros e mordomos. As Filhas da Caridade de São
Vicente de Paulo, as Vicentinas, dedicavam-se à organização, higienização, moralidade e
espiritualidade do leprosário, conforme contrato assinado em 1924. O diretor geral do hospital
prezava pela manutenção, sepultamentos e assuntos externos. O Serviço Clínico era comandado
por um diretor próprio, especialista em Leprologia, assessorado por médicos-cirurgiões e cirurgiões
dentistas, escolhidos pela Mesa Administrativa da Irmandade da Candelária. Enfermeiros,
serventes, cozinheiros, copeiros e jardineiros completavam a equipe hospitalar, supervisionados
pela irmã superiora e direção administrativa. Havia um capelão,designado pela Irmandade, com
intuito de celebrar missas, ministrar sacramentos, conceder bênçãos e ajudar as religiosas. Uma das
freiras se responsabilizava pela farmácia, providenciando medicamentos e insumos, de acordo com
as receitas médicas. O cuidado com a rouparia também era encargo das Vicentinas.
O expediente hospitalar começava às 5:30 horas da manhã e terminava às 20:00 horas. No
dia a dia, os internados seguiam rigorosamente às ordens da irmã superiora. Recebiam visitas aos
domingos, em horários determinados, e ajudavam nos serviços hospitalares, quando possível. Em
situações de desobediência, eram advertidos e punidos. Proibiam-se a automedicação, porte de
7 SOUZA-ARAÚJO. História da Lepra no Brasil, p. 291-292.
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armas, uso de roupas impróprias ou saídas não autorizadas do hospital. A irmã superiora lia e
fiscalizava as correspondências dos enfermos. Na área recreativa do leprosário, os pacientes
podiam fumar e jogar. Tais normas administrativas e clínicas do Hospital dos Lázaros
regulamentavam a gestão hospitalar e a disciplina de todos.
Quanto às medidas de profilaxia da lepra, Antônio Louçã de Moraes Carvalho, provedor
entre 1931 e 1940, relatou algumas melhorias implantadas no leprocômio:
Todos os requisitos de ordem interna e elementos de conforto – a bibliotheca, o
cinema, o radio, os jornaes e revistas ilustradas – continuaram a ser offerecidos
com toda a regularidade; bem como assistencia religiosa, a cargo das bonissimas
IRMÃS DE S. VICENTE DE PAULO. O problema da lepra parece estar em
via de solução, graças aos acertados e energicos actos do Governo. Antigamente,
nesta Capital, o nosso Hospital era sufficiente para acolher os atacados pelo mal
de Hansen. Cresceu assustadoramente, no emtanto, o numero de morpheticos
no Rio de Janeiro, não obstante os cuidados de prophylaxia iniciados sob a
administração MARIO NAZARETH – de não permittir mais a sahida dos
enfermos, que aliás vivem no Hospital cercados de todo o bem estar e
requintados meios de tratamento.8
Para o diretor clínico do hospital, Fernando Terra, os derivados de Chaulmoogra
(Hydnocarpus wightiana) eram bastante eficientes no tratamento da doença, não descartando o uso de
soluções complementares, como tônicos e vitaminas.
São os enfermos submettidos a rigorosos preceitos de hygiene corporal, fazendo
uso frequentemente de banhos frios, mornos, duchas frias, sendo os banhos de
chuveiro ou de immersão, e permanecem a maior parte do dia ao ar livre nos
parques, em repouso ou entregues a exercicios physicos moderados. A par dos
cuidados medicos, têm abundante, sadia e variada alimentação, gosam de
distrações, como leitura, jogos permittidos, sessões de cinema, não lhes faltando
tão pouco os soccorros espirituaes tão necessarios e consoladores para entes que
soffrem physica e moralmente.9
Ao comparar a movimentação de doentes no Lazareto, na primeira metade do século XX,
percebe-se que era justificável o investimento financeiro e clínico perante os desafios filantrópicos
de combate à lepra.
Tabela: Movimento de Enfermos do Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro (1912-1940)
Ano Existiam Entraram Saíram Faleceram Ficaram
1912 79 90 73 18 78
1915 94 99 92 21 80
1920 88 43 33 9 89
8 IRMANDADE do Santíssimo Sacramento da Candelária. Relatório da Mesa Administrativa da Irmandade do
Santíssimo Sacramento da Candelária, 1940, p. 59.
9 IRMANDADE. Relatório da Mesa Administrativa da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, p. 64.
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1930 78 19 3 4 90
1940 116 35 14 12 125
Fonte: Elaborada pelo autor.10
A partir da criação da Comissão de Profilaxia da Lepra (1915) e da Inspetoria de Profilaxia
da Lepra e Doenças Venéreas (1920), o Hospital dos Lázaros vivenciou um contínuo trâmite de
pacientes em busca de assistência médica. Isso pode ser explicado por múltiplos motivos: a cidade
do Rio de Janeiro era o Distrito Federal, englobando serviços hospitalares, centros de pesquisa e
laboratórios clínicos, sobretudo na área da Leprologia; a transição de pessoas contaminadas com
Mycobacterium leprae entre estados e municípios, ludibriando a fiscalização sanitária e disseminando
a doença na Capital; e a atuação das Sociedades de Assistência aos Lázaros, que financiavam
campanhas sociais e indicavam o Lazareto de São Cristóvão para internação filantrópico-hospitalar.
O Hospital Frei Antônio e o Instituto de Leprologia
No contexto da década de 1940, o Hospital dos Lázaros foi rebatizado como “Hospital
Frei Antônio”, homenageando o bispo D. Frei Antônio do Desterro, que, inicialmente, amparou
os leprosos na instituição. Essa alteração na nomenclatura significava também uma inovação para
o Lazareto em virtude das políticas governamentais de profilaxia naquele período. Ao lado do
Ministério da Educação e Saúde e da Secretaria Geral de Saúde e Assistência, o hospital estava
inserido nas discussões de combate à lepra por intermédio de seus serviços médico-filantrópicos,
pesquisas biológicas e exames laboratoriais. Aos poucos, o Hospital Frei Antônio foi substituindo
suas heranças coloniais e imperiais, como “hospital para lázaros”, tornando-se um hospital-modelo
e centro de pesquisas leprológicas no Rio de Janeiro.
Com a fundação do Instituto de Leprologia,11 em 1946, a Mesa Administrativa da
Irmandade da Candelária assinou um convênio com o Serviço Nacional de Lepra para usufruir das
instalações do Hospital Frei Antônio, assumindo funções no âmbito do Ensino, Pesquisa e Saúde
Pública.
10 BASTOS, Tarcísio Pereira Bastos. “Aqui renasce a esperança”: o tombamento do Hospital Frei Antônio (1976-1985).
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências
e da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018, 164 p.
11 O Instituto de Leprologia, subordinado ao Serviço Nacional de Lepra (Departamento Nacional de Saúde), era o
órgão oficial para estudar a lepra no Brasil e preparar tecnicamente as equipes no campo da Leprologia.
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Recebeu a Irmandade proposta do Serviço Nacional de Lepra, firmada pelo seu
ilustre diretor, Dr. Ernani Agrícola, para que permitíssemos a utilização por parte
do Instituto de Leprologia das dependências do Hospital Frei Antônio.
Em troca dessa permissão de mera ocupação, dentro do espírito do contrato que
vimos mantendo aquele Instituto, construiria o Serviço Nacional de Lepra um
prédio com 4 residências e garage em outro local, nos terrenos do Hospital,
destinado a substituir no uso às dependências cedidas.
Ganhará, sem dúvida a Irmandade essa nova construção, pois, o imóvel que for
cedido meramente para uso, continuará pertencendo ao patrimônio dos Lázaros,
como tudo o que está lá sendo erguido pelo Serviço Nacional de Lepra.12
De acordo com o combinado, a Irmandade da Candelária cederia três enfermarias ao
Serviço Nacional de Lepra, com vinte e seis leitos disponíveis; dois laboratórios; um gabinete
médico; uma sala de autópsia e um necrotério. O governo federal iria orientar e executar a
terapêutica dos pacientes do sexo masculino. A Irmandade cuidaria do acolhimento, alimentação e
vestuário dos asilados, bem como higienização dos setores, rouparias e instrumentais utilizados.
Ela também daria respaldo cirúrgico aos hospitalizadose supriria os remédios indicados pelo
Serviço Nacional de Lepra.
No terreno do Lazareto, construíram pavilhões, divididos em seis seções: Anatomia
Patológica; Bacteriologia e Imunologia; Bioquímica e Farmacologia; Clínica e Terapêutica;
Documentação; e Serviços Auxiliares. Esses ambientes foram utilizados por funcionários do
Instituto, incluindo o corpo clínico, que atendia às enfermarias do Hospital Frei Antônio. O
Instituto de Leprologia realizava diagnósticos e exames histopatológicos de lepra, desenvolvendo
investigações em cooperação à Organização Mundial de Saúde.
Esse acordo propiciou que, numa mesma ambiência, ambas instituições trabalhassem com
a clínica médica, realizando pesquisas leprológicas e exames laboratoriais. Com isso, reduziam-se
custos e expandiam-se os estudos de combate à doença no Brasil.
Devido ao crescimento das políticas de saúde pública e a prescrição de poliquimioterápicos
para o tratamento da lepra/hanseníase, o Hospital Frei Antônio foi se adaptando aos avanços
profiláticos das décadas de 1950 e 1960. No leprosário, as práticas terapêuticas recomendavam altas
doses de chaulmoogra e fármacos sulfônicos manipulados, cuja eficácia científica era inovadora
naquela época.
12 EXPOSIÇÃO do Senhor Provedor sobre proposta feita pelo Serviço Nacional de Lepra para construção e permuta
do uso do prédio do Hospital Frei Antônio, Rio de Janeiro, 1952.
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Considerações Finais
A assistência médico-hospitalar oferecida no Lazareto de São Cristóvão foi reflexo das
políticas governamentais de profilaxia da lepra, das discussões científicas de combate à doença e
das ações filantrópicas existentes na cidade do Rio de Janeiro durante o século XX.
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Do Rio de Janeiro para Minas Gerais: a dengue visita
Belo Horizonte (1986)
Huener Silva Gonçalves, mestre e doutorando em História pela Universidade Federal de Minas
Gerais, CEFET-MG/IECEMB-FAB, e-mail: huener@cefetmg.br
Resumo: Consolidada como objeto da História no século XXI, a doença revela aspectos sociais,
culturais e da produção do conhecimento das sociedades humanas, ao longo do tempo e espaço,
que poderiam passar despercebidos a uma análise histórica mais tradicional. Entre as temáticas de
destaque da História da Saúde e das Doenças estão as epidemias. Oriundo da Medicina e da
Epidemiologia, o conceito de epidemia contribui para a análise narrativa histórica, tendo como
expoente a “dramaturgia das epidemias” de Charles E. Rosenberg (1992), e para a produção de
histórias locais, possibilitando compará-las, e até global de uma doença. Trabalhos com foco nas
epidemias de Gripe Espanhola, Febre Amarela, entre outras doenças no Brasil, tornaram-se
referências para aqueles que tenham como escopo de pesquisa os agravos que afetam a saúde da
população brasileira na atualidade, destacando-se, entre eles, a dengue. Transmitida pelo mosquito
Aedes Aegypti, a dengue foi identificada clinicamente e laboratorialmente, pela primeira vez no Brasil,
em 1982, em uma epidemia em Boa Vista, Roraima, quando foram isolados os vírus DEN-1 e
DEN-4. Em abril de 1986, casos de dengue clássica, causados pelo primeiro tipo de vírus, foram
relatados em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Em pouco tempo, a doença alcançou várias cidades do
estado, culminando em uma epidemia de grandes proporções na capital fluminense, que marcou o
início da propagação territorial da doença no país. Por sua vez, breves análises dessa epidemia em
trabalhos de Jaime L. Benchimol (2001) e Dilene R. Nascimento et al (2010), aprofundadas por
Carlos Henrique A. Paiva et al (2016) e Jorge T. Lara (2019), alçaram a dengue como objeto de
pesquisa para a História da Saúde e das Doenças. Ademais, para além do epicentro, e considerando
a propagação da informação e a melhoria dos sistemas de transporte de humanos e não-humanos,
torna-se importante estudar os impactos dessa epidemia em outras localidades brasileiras. Portanto,
partindo dessa constatação e dos apontamentos feitos, este trabalho tem como importante
contribuição traçar o cenário dos impactos dessa epidemia em Belo Horizonte, Minas Gerais, a
partir da análise de notícias circulantes nos periódicos locais, Estado de Minas e Diário de Minas.
Em diálogo com a “dramaturgia das epidemias”, a análise terá como objetivos identificar a
representação social construída em torno da doença e as políticas públicas de tratamento de casos
suspeitos, bloqueio da epidemia e prevenção à doença.
Palavras-chave: Dengue, Epidemia, Belo Horizonte, História da Saúde e das Doenças.
Acompanhada pela mídia internacional e brasileira desde fins de 2019, na China, a doença,
nomeada em fevereiro de 2020, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por COVID-19,
proliferou internacionalmente, sendo elevada à situação de pandemia em março, mês que marcaria
o registro dos primeiros casos da doença no Brasil.1 A deterioração do cotidiano foi sentida em
vários campos da sociedade, inclusive na pesquisa histórica. Arquivos, hemerotecas, bibliotecas e
1 MARQUES, Rita de Cássia; SILVEIRA, Anny Jackeline Torres; PIMENTA, Denise Nacif. A pandemia de Covid-
19: interseções e desafios para a história da saúde e do tempo presente. In: REIS, Tiago Siqueira et al. (Org.). Coleção
história do tempo presente: volume 3. Boa Vista: Editora da UFRR, 2020, p. 225-249.
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museus cerraram suas portas, eventos foram adiados, e até cancelados, prejudicando o andamento
de vários estudos. Em Belo Horizonte, o acervo da Hemeroteca Histórica da Biblioteca Pública
Estadual de Minas Gerais, só reabriu para a pesquisa em julho de 2021, o que possibilitou a escrita
desse texto. Ironia do destino, ou não, a proposta do trabalho é discorrer sobre os impactos de
outro grande fenômeno epidêmico na capital mineira: a explosiva epidemia de dengue registrada
em 1986, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Para isso, recorreu-se apenas às matérias
publicadas no diário Estado de Minas, de circulação regional, colhidos na citada hemeroteca. Devido
às restrições para a pesquisa de microfilmes naquele espaço, optou-se por descartar o Diário de
Minas. Ademais, conteúdos encontrados em fontes oficiais, como o Relatório do prefeito Sérgio
Mário Ferrara e documentação produzida pela Superintendência de campanhas de Saúde Pública
(SUCAM) também contribuíram para o esforço pretendido.
A epidemia de dengue de 1986 no Rio de Janeiro pela Historiografia
Pela magnitude do evento e do local do acontecido, o surto epidêmico de 1986, ocorrido
no Rio de Janeiro, é lembrado, até os dias atuais, como importante marco na reemergência da
doença no país. Iniciadas a partir daquele ano, a sequência de epidemias tornou a cidade uma
referência da doença nas páginas da imprensa nacional e internacional. No que se refere à pesquisa
histórica sobre a dengue, este evento foi o que mais recebeu atenção dos historiadores. Em comum,
os estudos tiveram como fontes os conteúdos publicados pela imprensa, que permitiram explicitar
aspectos políticos, sociais e das ciências da saúde e da medicina em suas narrativas.
Pioneiro na inserção do tema na historiografia, a partir do contexto de desenvolvimento
de pesquisas relativas à vacina da febre amarela e do vetor Aedes aegypt na Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), o trabalho de Jaime Benchimol, ao citar a presençado mosquito em vários bairros da
capital fluminense, em 1985, sugere que a epidemia do ano seguinte já estava anunciada na região.2
Dilene Nascimento et al. assinalou que o drama retratado nesta primeira epidemia se
repetiria em eventos similares até 2002. Para os autores, a história da arbovirose “estreitamente
vinculada à história do mosquito e seu combate, com o objetivo de interromper a transmissão da
doença”3, em um processo de descontinuidade de políticas públicas para esse fim.
2 BENCHIMOL, Jaime Larry (Coord). Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Rio de Janeiro:
Editora FIOCRUZ, 2001.
3 NASCIMENTO, Dilene Raimundo et al. Dengue: uma sucessão de epidemias esperadas. In: NASCIMENTO, Dilene
Raimundo; CARVALHO, Diana Maul (Orgs.). Uma história brasileira das doenças. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2010,
p. 212.
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Carlos Paiva, Dayane Marinho e Davi Motta apontaram as permanências e rupturas após
trinta anos daquela epidemia.4 Gabriel Lopes e André Silva assinalaram que a epidemia marcou a
reintrodução do vetor Aedes aegypt, tendo o Rio de Janeiro como importante ponto difusor do
mesmo para o restante do país.5
Os trabalhos de Jorge Tibilletti de Lara colaboram no exame da atuação de cientistas e
sanitaristas da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) quanto às críticas em relação medidas estatais de
combate à epidemia, na proposição de estratégias e no Laboratório de Flavivírus da instituição.
Este laboratório se destacou pelo isolamento do vírus DENV-1, atestando o diagnóstico de
dengue, tratado como importante condição para a definição de ações a serem tomadas pelos
governantes.6 E, em parceria com Gabriel Lopes, verificaram que a aludida epidemia contribuiu
para o trânsito de conhecimentos e cooperação entre pesquisadores brasileiros e cubanos. Ademais,
observaram que, apesar da identificação de focos do vetor em outras regiões brasileiras, em um
primeiro momento, autoridades políticas e sanitárias, e mesmo a imprensa, de outros estados, como
o superintendente do controle de endemias de São Paulo, acreditavam se tratar de uma questão
localizada.7 A abertura sugerida pelos autores reforça a importância de se analisar a extensão desse
fenômeno biossocial em outros estados municípios brasileiros, o que justifica o estudo de caso de
Belo Horizonte, tendo como subsídios as fontes relacionadas.
O espectro da dengue ronda Belo Horizonte
A reemergência da dengue no Brasil se deu a partir de 1981, com o surto epidêmico
ocorrido em Boa Vista/RR. Entretanto, a sua consolidação e expansão espacial se deve a explosiva
4 PAIVA, Carlos Henrique Assunção; MOTTA, Davi da Silva; MARINHO, Dayane. Epidemia de dengue 1986 –
Contexto e consequências. Observatório da Saúde, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em:
http://observatoriodasauderj.com.br/epidemia-de-dengue-de-1986-contexto-e-consequencias/. Acesso em: 10 dez.
2019.
5 LOPES, Gabriel; SILVA, André Felipe Cândido. O Aedes aegypti e os mosquitos na historiografia: reflexões e
controvérsias. Tempo e Argumento, v. 11, n. 26, p. 67-113, 2019. Disponível em:
https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/ 2175180311262019067/9986. Acesso em: 11 nov. 2019.
6 LARA, Jorge Tibilletti de. As impressões da primeira grande epidemia de dengue no Brasil entre os jornais O Globo,
O Fluminense e Jornal do Brasil. Revista Trilhas da História, v. 8, n. 16, p. 177-194, 2019. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/334151037_As_impressoes_da_primeira_grande_epidemia_de_dengue_
do_Brasil_entre_os_jornais_O_Globo_O_Fluminense_e_Jornal_do_Brasil_1986. Acesso em: 11 nov. 2019. LARA,
Jorge Tibilletti de. A virologia no Instituto Oswaldo Cruz e a emergência da Dengue como problema científico. 224 f. Dissertação
(Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-
Graduação em História das Ciências e da Saúde, Rio de Janeiro, 2020.
7 LOPES,Gabriel; LARA, Jorge Tibilletti de. Entre a arma biológica e o “mosquito estadual”: cooperação Brasil-Cuba
e as epidemias de dengue (1981-1988). Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 13, n. 29, p. 72-92, mai.-ago. 2021.
Disponível em: http://revistanupem.unespar.edu.br/index.php/nupem/article/view/804/4 94. Acesso em: 09 mai.
2021.
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epidemia ocorrida na cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana (RMRJ), em 1986,
território de maior visibilidade midiática e capilaridade nacional quanto aos meios de transporte.
Para além do sistema de rádio e televisão, a epidemia ganhou certa prioridade de matérias nos
jornais locais de várias cidades brasileiras, gerando preocupação com relação a presença de
possíveis focos do vetor e de doentes importados e autóctones.
Febre amarela na zona urbana, publicada em 26 de abril pelo Estado de Minas, datou a chegada
das primeiras notícias sobre uma “doença estranha que já atacou mais de duas mil pessoas no
município carioca de Nova Iguaçu”8. Segundo o médico e superintendente da SUCAM, Josélio
Fernandez Carvalho Branco, era aguardado o veredito do Laboratório da Fiocruz para a
confirmação da enfermidade que grassou como surto epidêmico na região. Diante dos sintomas e
do achado de grande quantidade de mosquitos Aedes aegypti, suspeitava-se da dengue.
Acompanhando dessa incerteza, o receio da reurbanização da febre amarela no país se impôs como
uma questão urgente. Conforme a autoridade da SUCAM, estava em planejamento da instalação
de postos de verificação de atestados de vacinação e de reforço da imunização da população das
localidades em que foram rastreados focos do vetor.9
Nos dois dias seguintes, foi dado destaque pelo diário das confirmações pelo ministro da
saúde, Roberto Figueira Santos, de que o vetor não estava mais erradicado, devido a desatenção de
gestões anteriores do Governo Federal, e de que os exames laboratoriais realizados pela Fiocruz
apontaram para a forma benigna da dengue.10 Por fim, devido à benignidade da doença, finalizou
dizendo que a população podia ficar tranquila.11 As divergências entre o ministro e o médico e
assessor da Secretaria Estadual de Saúde fluminense, Eduardo Azeredo Costa, quanto falta de
recursos para o combate à doença e o vetor, lembrada pela historiografia, foi também citada pelo
jornal mineiro.12 SUCAM acha mosquitos que transmitem febre, publicada no dia 29 daquele mês, marcou
uma bifurcação no acompanhamento do jornal, que passou a dividir as suas atenções entre
informes da marcha da epidemia fluminense, e suas reações estatais, e as suas repercussões no
território mineiro, sobretudo, em sua capital.13 De acordo com a matéria, o médico Carlos Catão
Prates Loiola, diretor da SUCAM, ao confirmar os focos, citou a presença de um deles em
8 FEBRE amarela em zona urbana preocupa Ministério da Saúde. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16730,
25 abr., p. 5.
9 FEBRE amarela em zona urbana preocupa Ministério da Saúde, p. 5.
10 MINISTRO admite que mosquito da dengue não foi erradicado. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n.
16.731, 26 abr., p. 5. ROBERTO Santos vê a área de dengue no RJ. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n.
16.732, 26 abr., p. 5.
11 MINISTRO admite que mosquito da dengue não foi erradicado, p. 5.
12 ROBERTO Santos vê a área de dengue no RJ, p. 5.
13 SUCAM acha mosquitos que transmitem febre. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16.733, 29 abr., p. 5.
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borracharias nos bairros Cidade Nova, em Belo Horizonte, e outro no bairro Cidade Industrial,
nos limites da cidade de Contagem com a capital. Com o intuito de afastar temores de um surto de
febre amarela ou dengue, e de uma corrida pela vacina antiamarílica, Carlos Catão lembrou que os
mosquitos encontrados não estavam contaminados e que Minas Gerais não era endêmica das duas
moléstias. Ele ressaltou as medidas a serem tomadas pela SUCAM, mencionadas pelo médico
Josélio Fernandez, e orientou quanto a prevenção à água parada em possíveis objetos, que
poderiam se tornar criadouros do transmissor. Aliás, citou que qualquer pessoa, que apresentasse
simultaneidade de febre alta, dores corporais, náuseas e erupções na pele, poderia contar com o
apoio, por telefone, da agência federal.14
No que se refere ao desenvolvimento do cenário fluminense, no decorrer do mês de maio,
o leitor do diário mineiro tomou conhecimento da destinação de verbas do Inamps para o combate
a epidemia em Nova Iguaçu e para a retomada de medidas que favorecessem a erradicação do
vetor15; os bastidores do combate ao vetor na Via Dutra a partir da pulverização de inseticida,
objetivando impedir a circulação do vetor para São Paulo e outras partes do país16; o alastramento
da doença em outros municípios fluminenses, como de sua capital, inclusive, em no icônico bairro
de Copacabana17; a proposta de uma ação internacional contra o vetor levada pelo ministro Roberto
Santos à Assembleia Mundial de Saúde, organizada pela Organização Mundial da Saúde18; o
descarte de dois casos suspeitos de Febre Hemorrágica da Dengue no Rio de Janeiro e a defesa da
erradicação do vetor por Antônio Sérgio da Silva Arouca, Presidente da Fiocruz, com efeitos de
evitar a instrução dessa forma grave da doença19; a atuação do Instituto Evaldo Chagas na
sorotipagem da cepa do vírus circulante da doença20; o exemplo de Oswaldo Cruz, e os meios por
ele empregado, para derrotar o mosquito Aedes aegypti no início do século XX21; a proposta de um
plano nacional de combate à dengue e ao Aedes aegypti, elaborada por uma comissão formada por
especialistas da OPAS e do Ministério da Saúde, apresentada pelo ministro da saúde e autorizada
pelo Presidente da República, José Sarney e a importação de máquinas de pulverização de
14 SUCAM acha mosquitos que transmitem febre, p. 5.
15 VERBA para o combate ao dengue no Rio. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16734, 01 mai. 1986, p.
12.
16 MOSQUITO é combatido na Via Dutra. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16735, 02 mai. 1986, p. 4.
17 DENGUE se alastra a Copacabana. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16737, 04 mai. 1986, p. 6.
18 MINISTRO pede ação mundial contra a doença. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16737, 04 mai. 1986,
p. 6.
19 DENGUE poderá evoluir para forma hemorrágica. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16742, 10 mai.
1986, p. 5.
20 DENGUE pesquisado. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16743, 11 mai. 1986, p. 6.
21 EDITORIA de pesquisa. Oswaldo Cruz enfrentou a justiça para poder acabar com o mosquito. Estado de Minas,
Belo Horizonte, ano LIX, n. 16743, 11 mai. 1986, p. 26.
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inseticida22; a atuação da Comissão Nacional de Emergência, formada por cientistas da Fiocruz,
Organização Panamericana de Saúde, Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública, SUCAM,
Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (SUCEN) no planejamento
de ações antivetoriais eficientes23; a implantação de postos em bases rodoviárias da Polícia
rodoviária Federal, com fins de vacinação antiamarílica e de inspecionar mercadorias em busca de
vestígios do vetor24; e a dengue no discurso de deputados federais como um indício dos problemas
de saúde brasileiros. Doença viral benigna, transmitida por um mosquito que transmite o mal
amarílico, era a representação social da dengue que derivou do cenário da epidemia em território
fluminense.
Em Minas Gerais, uma aliança vinculou as secretarias estadual (SES-MG) e municipal de
saúde de Belo Horizonte (SMSA), SUCAM, Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) e a
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em prol de um plano emergencial de contenção
da moléstia. O plano tinha como diretrizes a conscientização da população e dos profissionais da
saúde quanto as características gerais da doença, o fortalecimento de ações de enfrentamento do
vetor e a criação de um sistema de vigilância epidemiológica focado na moléstia.25 A esse sistema
se somou a instalação de um Laboratório Central (LACEN-MG) na capital mineira, responsável
por realizar o diagnóstico sorológico para apuração de casos suspeitos.26 O diagnóstico virológico
estava sob a alçada do Instituto Evandro Chagas de Belém/PA.27
No dia 7 de maio era noticiada a notificação de dois casos da doença em Minas Gerais pela
SES-MG. Assim era descrito o primeiro caso de dengue apurado em Belo Horizonte: “A primeira
pessoa contaminada pelo mosquito Aedes aegypti foi uma mulher da Capital, de 22 anos [...] que [...]
adquiriu dengue em Nova Iguaçu, ao visitar alguns parentes”28. Como se verifica, tratava-se de
casos importados. Outros quatro casos foram acrescentados no dia 21. Apesar de não se precisar
22 MINISTÉRIO da Saúde leva a Sarney plano para a dengue. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16751, 21
mai. 1986, p. 16. ROBERTO Santos anuncia plano de combate à dengue. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX,
n. 16767, 08 jun. 1986, p. 8.
23 COMBATE à dengue. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16753, 23 mai. 1986, p. 10.
24 POLÍCIA Rodoviária colabora na vacinação contra dengue. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16757,
28 mai. 1986, p. 5.
25 GALVÃO, Márcio Antônio Moreira et al.. A questão das zoonoses em Minas Gerais. Belo Horizonte: Secretaria de
Estado da Saúde de Minas Gerais, 1986.
26 BRASIL. Ministério da Saúde. Superintendência de Campanhas de Saúde Pública, Departamento de Erradicação e
Controle de Endemias, Síntese dos Programas da SUCAM – 1986. Brasília (DF), Superintendência de Campanhas de
Saúde Pública, Departamento de Erradicação e Controle de Endemias, 1986.
27 GALVÃO. A questão das zoonoses em Minas Gerais, p. 4.
28 DENGUE chega a Minas e ataca dois. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16739, 07 mai. 1986, p. 5.
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quantos eram notificados na capital, o diário se resumiu a afirmar que “outros portadores da dengue
são mulheres que residem em Belo Horizonte”29.
Esses casos e a possibilidade de afloramento do tipo mais pernicioso da doença, acenderam
o alerta na população quanto à possibilidade real de uma epidemia da própria doença e da febre
amarela. Uma das reações foi a corrida pela vacina antiamarílica 17D no Posto da SUCAM, no
bairro Cidade Jardim, em Belo Horizonte.30 Diante da ampliação da demanda da população pelo
imunizante, foram adotadas pistolas de vacinação, objetivando tornar o procedimento mais
rápido.31 Como resposta a esse alarde, a SMSA ordenou a distribuição de um folheto sobre a doença
para a população. Por outro lado, em 14 de maio, o Estado de Minas informou que 13 dos 18 focos
da doença, identificados em Minas Gerais, estavam controlados, o que pode ter amenizado os
temores da população mineira, sobretudo, belo-horizontina.32 Na realidade, o controle se referia ao
vetor, outro ator presente nas matérias jornalísticas.
Enfim, em Aquestão das zoonoses em Minas Gerais, publicado em novembro, era informado
que de 33 casos suspeitos da doença, sendo dois próprios do estado, para aquele ano. As suspeitas
foram descartadas após diagnóstico laboratorial negativo para arbovírus pelo Instituto Evaldo
Chagas de Belém/PA.33
A sombra da dengue também é alada
A presença do vetor na capital mineira remete a 1985, quando focos foram encontrados
em pneus oriundos do Rio de Janeiro presentes em borracharias situadas às margens do anel
rodoviário, no bairro São Francisco, via ligada à BR-040, que tem uma de suas origens o Rio de
Janeiro.34 A preocupação sobre a presença do vetor em municípios mineiros e de outros estados,
levou a SUCAM a promover ações de levantamento predial de focos para, em seguida, promover
o ataque às áreas infestadas.35
29 SAÚDE já constatou seis casos de dengue em Minas. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16750, 20 mai.
1986, p. 9.
30 POVO já faz fila em posto de vacinação. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16738, 05 mai. 1986, p. 7.
31 SUCAM adota pistola para poder vacinar mais pessoas. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16741, 09 mai.
1986, p. 6.
32 TREZE focos da dengue já estão controlados, Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16746, 14 mai. 1986,
p. 6.
33 GALVÃO. A questão das zoonoses em Minas Gerais, p. 4.
34 SIQUEIRA, Márcia Maria de. Batalha secular. Estado de Minas, Belo Horizonte, Caderno Gerais, 1998, p. 32.
35 BRASIL. Ministério da Saúde. Superintendência de Campanhas de Saúde Pública. Departamento de Erradicação e
Controle de Endemias. Síntese dos Programas da SUCAM – 1985. Brasília (DF), Superintendência de Campanhas de
Saúde Pública, Departamento de Erradicação e Controle de Endemias, 1985.
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Em 1986, a centralidade de ações relativas ao mapeamento e combate de focos dos
transmissores da doença ganhava a atenção da imprensa. Como visto, um foco do vetor foi
mapeado em uma borracharia do bairro Cidade Nova. Em 5 de maio, o dirigente da Sucam, Carlos
Catão afirmou que, naquele dia, “mais uma vez, uma equipe de técnicos da Sucam visitou dois
pontos de foco, localizados na Cidade Nova [,] na avenida Cristiano Machado, constatando que
não existe mais mosquito”, apenas larvas foram recolhidas.36 Posteriormente, foi constatado,
laboratorialmente, que as larvas não eram do mosquito Aedes aegypti.37 Outros focos foram
localizados ao longo do mês na Vila Ipiranga, Cidade Ozanan.38
Como reação a essa ameaça, a parceria formada entre a SMSA a Superintendência de
Limpeza Urbana (SLU) e a SUCAM desenvolveu uma campanha de prevenção ao vetor. Designada
Operação Dengue, a iniciativa ocorreu no dia 14 de junho,
a partir das 9h [, e mobilizou] 20 homens e quatro caminhões, que [consistiu] em
um mutirão de limpeza em quintais e lotes vagos da região de Venda Nova, com
retirada de todo o material que sirva de depósitos aos mosquitos, […] etapa
precedida de um trabalho de sensibilização da população através da distribuição
de folhetos explicativos da ação – de casa em casa – esclarecendo a cada morador
como atuar no dia do mutirão.39
Contudo a ação mostrou baixa adesão da população, levando a SUCAM e a SLU revê as
suas estratégias de ação. A ação conjunta de recolhimento estaria suspensa em favor de uma
campanha de conscientização da população, que passaria a recolher objetos que possam servir
como potencial criador do vetor.40
Ainda no dia 29 daquele mês, era divulgado o achado de outro possível transmissor da
dengue no bairro Jaraguá, o mosquito Aedes albopictus, o que aumentava o receio de uma epidemia
na cidade.41 A partir da confirmação de focos em Venda Nova e na cidade de Viçosa, uma caçada
36 SUCAM garante que combate o mosquito em todo o Estado. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16739,
07 mai. 1986, p. 7.
37 SUCAM intensifica o combate ao mosquito. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16740, 08 mai. 1986, p.
6.
38 SUCAM confirma a existência de oito casos de dengue no Estado. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n.
16740, 08 mai. 1986, p. 6.
39 PREVENÇÃO contra a dengue será desenvolvida no sábado. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16770,
12 jun. 1986, p. 10.
40 SUCAM transfere ao povo a prevenção contra a dengue. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16778, 21
jun. 1986, p. 19.
41 INSETO da encefalite é encontrado no Jaraguá. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16785, 29 jun. 1986,
p. 8.
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pelo inseto teve início em Minas Gerais, com fins a prevenção a um possível surto de dengue e
encefalite.42
Considerações finais
Enfim, a presença de doentes e mosquitos em Belo Horizonte encarnou a presença da
dengue nos conteúdos jornalísticos e nas ações campanhistas do Poder Público, tornando uma
extensão imaginária da epidemia que grassava no Rio de Janeiro. Apesar da primeira epidemia ter
sido vivenciada na capital mineira em 1996, uma representação social prévia da doença circulava
na imprensa geral a partir da epidemia na RMRJ, em 1986, que a caracterizou como benigna, de
transmissão vetorial de um vírus, que depende de água parada para procriar, e por fim, a notificação
de casos importados passava a ideia de distanciamento da moléstia da cidade.
Resta dizer que o relatório anual da gestão Sérgio Ferrara, na prefeitura de Belo Horizonte,
para 1986, assinalou que a pesquisa larvária e eliminação esparsa de focos dos vetores era realizada
pelo Serviço de Controle de Vetores e Roedores sob demanda dos moradores, ou seja, não havia
uma regularidade.43 Ademais, naquela época foi firmada cooperação entre a Prefeitura e a Diretoria
regional da SUCAM, possibilitando a cessão de agentes de campo especializados para a capital44,
como os atuantes na citada Operação Dengue. Tal parceria permaneceria, mesmo após a
transformação da SUCAM em FNS em 1991, mas esta é uma história que será abordada em outro
trabalho posterior.
42 SUCAM e UFMG descobrem mais dois focos do tigre asiático. Estado de Minas, Belo Horizonte, ano LIX, n. 16790,
05 jul. 1986, p. 6.
43 BELO HORIZONTE. Prefeitura de Belo Horizonte. Relatório Anual de Atividades - Exercício 1986, Prefeito Sérgio
Mara Ferrara. Belo Horizonte, PBH, 1986.
44 FRANCO, Marcos da Silveira et al. A experiência de Belo Horizonte – MG. In: FRANCO, Marcos da Silveira
(Org.). A Dengue e o Agir Municipal. Brasília/DF, CONASEMS, 2010, p. 26-37. Disponível em:
https://www.paho.org/bra/dmdocuments/ dengue_CONASEMS.pdf. Acesso em: 20 ma. 2018.
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ST 3
PESQUISA E ENSINO DE HISTÓRIA:
PERCURSOS INVESTIGATIVOS E DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS
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Os museus e o ensino de história na Educação de
Jovens e Adultos: práticas e experiências
Aline Pereira Lopes, graduanda na Universidade Federal de Minas Gerais, e-mail:
aline.apl@hotmail.com
Resumo: Este trabalho integra um conjunto de atividades pedagógicas desenvolvidas no Projeto
de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos 2º segmento (PROEF 2), do Centro Pedagógico da
UFMG. Nosso ponto de partida foi os estudos a respeito do ensino

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