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Página principal ► DEMDER###2021-TFC ► BT010 ► Tópico 3 ► Atividade prática Iniciada Saturday, 1 April 2023, 15:35 Estado Terminada Terminada Saturday, 1 April 2023, 16:41 Tempo gasto 1 hora 5 minutos Nota Por avaliar https://campus2.funiber.org/ https://campus2.funiber.org/course/view.php?id=5266 https://campus2.funiber.org/course/view.php?id=4310 https://campus2.funiber.org/course/view.php?id=4310#section-3 https://campus2.funiber.org/mod/quiz/view.php?id=147481 Pergunta 1 Respondida Nota: 1,00 1- No estudo dos conteúdos desta disciplina, afirmamos (p. 48): “O principal problema no biodireito é o da identificação das vidas que devem ser protegidas como vidas humanas.”, havendo, nos diferentes países, diferentes regimes jurídicos que se impõe. a) Investigue (referindo fontes atuais e cientificas/ oficiais) e identifique para o seu país qual o regime jurídico e que se aplica ao caso e o estado do tema: a. Do aborto. b. Da eutanásia. Do aborto A Lei de 1830- "código criminal do império do Brazil", é a primeira codificação que marca a criminalização do aborto, onde a elite dominante e igreja católica viam o aborto como uma ofensa moral. Com o aumento dessa prática, decidiram pela criação de uma lei que proibia e punia esse ato, assim surgiu o Código Criminal do Império de 1830. Ao redigir o texto do Código criminal do império do Brazil de 1830) Brazil, 1831, p.21), discorreu o seguinte no art 199, in verbis "Art. 199. Occasionar aborto por qualquer meio empregado interior, ou exteriormente com consentimento da mulher pejada. Penas – de prisão com trabalho por um a cinco annos. Se este crime fôr commettido sem consentimento da mulher pejada. Penas – dobrada." Em 1940, foi criado o código penal, a intenção do legislador foi a mesma estabelecida em 1830, punir de forma mais severa o aborto praticado sem o consentimento da gestante, havendo diferença entre as penas para aborto praticado com o consentimento da gestante e sem o consentimento; no primeiro caso a pena é de reclusão de um a quatro anos (art.126 do Código Penal de 1940), enquanto no segundo, a pena é de três a dez anos (art.125 do Código Penal de 1940). Em contra partida, em 1890, foi criado o Código Criminal, ele manteve a penalização quando a gestante deixa que o aborto seja praticado, tendo como atenuante se o aborto fosse praticado para acobertar sua desonra, demonstrando a soberania da igreja católica sobre a vida e decisões das pessaos. Segundo o texto do Código Penal dos Estados Unidos do Brazil de 1890 ( BRASIL, 1890. p.27), dispôs no art. 301, in verbis "Art. 301. Provocar abôrto com annuencia e accordo da gestante: Pena – de prissão cellular por um a cinco annos. Paragrapho unico. Em igual pena incorrerá a gestante que conseguir abortar voluntariamente, empregado para esse fim os meios; e com reducção da terça parte, si o crime for commettido para occultar a deshonra propria" Como toda regra jurídica há exceções na legislação sobre aborto, há viés que o tornam legal, sendo elas: 1) O aborto terapêutico ou necessário, previsto no art. 128, inciso I do Código Penal- ocorre quando a gravidez gera um risco a vida da gestante e que única alternativa aplicada, que é o médico encontra é essa, priorizar a vida da grávida e abortar o feto. Biodireito 2) O chamado aborto sentimental humanitário ou ético, previsto no art.128, inciso II do Código Penal, o qual faz relação ao ato proveniente de um estupro, não significa que a gestante é obrigada a optar por essa prática, quem decide é ela, caso ela opte pelo aborto, essa manobra será realizada por um médico e esse fato será amparado por um excludente da ilicitude, ou seja, não haverá sanção penal a ser aplicada, estando diante de uma situação de exercício regular de direito. 3) O aborto eugenésico, eugênico ou piedoso, aquele realizado quando o feto possui algum tipo de deformidade ou enfermidade, não sendo permitido no ordenamento jurídico, salvo em casos de feto anencéfalo. Referência: PAAPE, Pamela Dieter. O tratamento jurídico do aborto na história das legislações criminais brasileiras. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 11, Vol. 05, pp. 83-96 Novembro de 2018. ISSN:2448-0959 b-) Da eutanásia O Brasil, em contramão a tendência recente de despenalização da prática de homicídio piedoso ou homicídio eutanásico, o atual Código Penal ( Decreto- Lei 2.848/40), não defende a prática (despenalizando) e nem explicita a morte por benignidade, alocando todas as condutas no item supra como sendo facetas de um mesmo crime, o homicídio tipificado no art, 121 do referido Código. Causando um estranhamento ao arrojo punitivo do Estado brasileiro no Código Penal atual quanto ao homicídio eutanásico em comparação ao código anterior-a Consolidação das Leis Penais de 1932-, repetindo as disposições d seu antecessor, Código Penal do Império, de 1890, que propunha em seu art. 295, § 2º: [...] que se a morte resultar não da verificação de um mal mortal, mas sim por ter o ofendido deixado de observar o regime médico-higiênico reclamado pelo seu estado, a reprimenda cominada ao agente sofre aguda redução em relação ao homicídio simples, sendo graduada de dois a oito anos de prisão celular. Em outro ponto do Código Penal Imeprial, no art. 32, § 1º, explica que a conduta não será criminosa caso o crime tenha sido para evitar “mal maior”, subsumindo-se à conduta do homicídio por piedade, visando evitar a degradação psicológica e física de pacientes em estado de sofrimento prolongado. Após a alteração na parte geral do atual Código Penal, Lei nº 7.209/84, onde foi acrescentado a causa de diminuição de pena do homicídio privilegiado, ar.121, § 1º, o seu conteúdo vem sendo utilizado na prática jurídica para casos de homicídio eutanásico, havendo redução de pena pelo magistrado de um sexto a um terço, em caso de crimes praticados por motivos de relevante valor social ou moral. Lembrando que não se é dado garantia ao agente da eutanásia a despenalização, mas sim a remota possibilidade de que o juiz entenda que o homicídio piedoso como homicídio privilegiado e apenas amenize a pena do autor. A legislação brasileira anda em relação contrária a muitas legislações e jurisprudências estrangeiras, como as europeias, as americanas, assim como alguns países a América Latina. Casos já ocorridos No Uruguai e na Colômbia, onde no primeiro caso, foi o primeiro país do mundo a legislar sobre o homicídio eutanásico, trazendo em 1934 no seu Código Penal, no art.37, a exclusão da imputação de pena a agentes que cumpram três requisitos: ter antecedentes honráveis, ser realizado por motivo piedoso, mediante reiteradas súplicas do sujeito passivo da conduta; no segundo caso, os debates sobre a eutanásia no país desde 1979 com o Movimento pelo Direito a Morrer com Dignidade. em 1997 foi trazida à deliberação da Corte Constitucional Colombiana, pelo magistrado Carlos Gaviria, a c confrontação entre homicídio piedoso e artigo 326 do Código Penal do país. Fazendo alusão aos países europeus, temos na Holanda a legislação atual sobre o tema que remonta a 1993, há duas formas de pensamentos, a omissão é atípico, enquanto a forma comissiva é excludente de ilicitude na conduta de homicídio, desde que sejam respeitados os requisitos: capacidade mental do doente-pessoas entre 12 e 17 anos podem obter eutanásia , desde que haja a concordância dos pais-, que o paciente tenha reiterado de modo voluntário seu pedido, e que esteja acometido por doença incurável com sofrimento agonizante atestado por um médico; a Bélgica por sua vez adota a mesma linha de pensamento holandesa desde 2022. Na Espanha o novo código Penal despenaliza a eutanásia passiva e ativa indireta desde que presentes: a vontade séria e inequívoca do paciente, na China temos essa prática autorizada desde 1998, cabendo ao médico determina-la sob única condição de terminalidade do paciente, nos Estados Unidos, os estados da Califórnia, Oregon, Massachussets e Conecticut, possibilitam as condutas omissivas ou de interrupção do suporte vital.Apesar destas revisões nas legislações ou mesmo em jurisprudências que passam a possibilitar o alcance da morte piedosa sem aplicação de pena a seus agentes, importante acrescentar que, segundo os apontamentos de Guilherme Gouvea Pícolo36: A corrente de pensamento dominante na legislação penal mundial é a do tratamento da eutanásia como homicídio privilegiado, tendo a pena reduzida e equiparada, como no caso da Argentina, à do crime correspondente ao de instigação e auxílio ao suicídio previsto em nossa legislação. É possível observar esta realidade no artigo 116 do Código Penal costa-riquenho e no artigo 157 do código peruano. Adotam este entendimento também Noruega, Polônia e Suíça. Outros países preferem tratar a eutanásia como um tipo penal próprio diferenciado do homicídio: é o que acontece em Cuba, na Áustria e na Grécia. Nestes casos, no entanto, o espírito da lei também é o de manter a conduta como crime, mas oferecendo um tratamento punitivo mais brando.37 O Projeto de Lei 236/12, de autoria do Senador José Sarney, também chamado de projeto de Novo Código Penal, tem como proposta a criação de um tipo penal próprio para a eutanásia, o texto trata não apenas da conduta da eutanásia aplicando-lhe um apena mais branda, como também inclui em seu parágrafo segundo a exclusão de ilicitude para a ortotanásia: Art. 122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, imputável e maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável em razão de doença grave: Pena de prisão de dois a quatro anos. §1º O juiz deixará de aplicar a pena avaliando as circunstâncias do caso, bem como a relação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente com a vítima. §2º Não há crime quando o agente deixa de fazer uso de meios artificiais para manter a vida do paciente em caso de doença grave irreversível, e desde que essa circunstância esteja previamente atestada por dois médicos e haja consentimento do paciente, ou, na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão. Referência: LOSURDO, F., DA SILVA, S.G. e LOSURDO,D. EUTANÁSIA NO BRASIL: ENTRE O CÓDIGO PENAL E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. ARTIGO • Rev. Investig. Const. 5 (2) • May-Aug 2018. • Para a realização desta pesquisa para o seu país, o aluno deve apresentar a sua pesquisa em fontes: • Atuais (últimos 5 anos, preferencialmente). • Científicas/ oficiais, que sejam credíveis. • Como exemplo, deixamos o caso da Argentina: Considerações para o aborto: O aborto é uma prática ilegal, punida com prisão, para mulher e profissional que a apoie, salvo em casos de violação/incesto ou risco de saúde física/ vida, considerado “aborto terapêutico”. Está atualmente em debate a alteração ou não da lei (2016-2017) e uma das grandes preocupações é o grande número de abortos ilegais assim como a insegurança e mortalidade associada a esta prática. Considerações para a eutanásia: A eutanásia também é uma prática ilegal. A lei defende no entanto práticas de morte digna e suspensão de medidas de suporte vital, sempre que se justifique, prevê o exercício da autonomia do paciente e de cuidados paliativos, fazendo uma distinção clara desses casos de casos de eutanásia. Fontes consultadas: • Código penal de la Nación Argentina - LEY 11.179 (T.O. 1984 actualizado). Disponible online: https://www.oas.org/dil/esp/Codigo_Penal_de_la_Republica_Argentina.pdf • González Vélez, A.C. (2011). Una mirada analítica a la legislación sobre interrupción del embarazo en países de Iberoamérica y el Caribe. Santiago de Chile: CEPAL • Naciones Unidas (2010), Observaciones finales del Comité para la Eliminación de la Discriminación contra la Mujer: Argentina, párrafos 37-38 (CEDAW /C/ARG/CO/6), 30 de julio. • Naciones Unidas (2010) Observaciones finales del Comité para la Eliminación de la Discriminación contra la Mujer: Argentina, 2010; Ecuador, 2008; Chile, 2006. • Viar, L. A. (2013). Análisis de la Ley 26742 de “Muerte digna” [en línea] Documento inédito perteneciente a la asignatura Bioderecho de la carrera de grado de Abogacía. Disponible en: http://bibliotecadigital.uca.edu.ar/repositorio/contribuciones/analisis-ley-26742- muerte-digna.pdf [Fecha de consulta: 15/03/2017] https://www.oas.org/dil/esp/Codigo_Penal_de_la_Republica_Argentina.pdf http://bibliotecadigital.uca.edu.ar/repositorio/contribuciones/analisis-ley-26742-muerte-digna.pdf https://www.oas.org/dil/esp/Codigo_Penal_de_la_Republica_Argentina.pdf http://bibliotecadigital.uca.edu.ar/repositorio/contribuciones/analisis-ley-26742-muerte-digna.pdf Pergunta 2 Respondida Nota: 1,00 b) Mediante a situação atual identificada, selecione um caso mediático que tenha ocorrido e que tenha sido notícia no seu país, sobre um dos dois temas referidos (aborto ou eutanásia). Apresente uma reflexão pessoal sobre o debatido e os aspetos éticos envolvidos. Pela legislação brasileira há duas hipóteses em que o aborto é aprovado no Brasil, seja por quando a gravidez for resultante de estupro; ou quando não houver outro meio de salvar a vida da gestante, em particular tenho opinião contrária a essa prática em casos de estupros, partindo do fato generalista que a criança não tem culpa do ato, entendo o trauma psicológico sofrido, mas há várias maneiras de “corrigir”, como a adoção consciente, por exemplo. Em contra partida a prática da eutanásia não é permitida, ou que ao contrário do aborto a eutanásia é escolha consciente e deveria ser levada em consideração, por ser uma decisão tomada pela pessoa e não por terceiros como no caso do aborto. Há uma discussão no senado brasileiro quanto a possível legalização do aborto com fetos de idade gestacional de 26 semanas. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Fica revogado o art. 128 do Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. JUSTIFICAÇÃO A proteção constitucional do direito à vida A Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput 1 , estabelece, como um dos seus princípios basilares, o direito inviolável à vida, sendo certo que o Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002) dispõe, em seu artigo 2º, que ―a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. No Direito Penal, quando há dúvida quanto à inocência de uma pessoa, aplicasse-lhe o princípio do in dubio pro reo. Então, por analogia, se, em situação hipotética, houvesse dúvida sobre o início da vida, jamais lhe seria permitido conceber o ―direito de matarǁ, mas deveria ser aplicado o in dubio pro nascituro. Nos artigos 124 a 127 do Diploma Repressor, resta tipificado o crime de aborto que está dentro do Título I da sua Parte Especial, a qual versa sobre os crimes contra a pessoa e, da mesma maneira, está dentro do Capítulo I que trata dos crimes contra a vida. Sendo assim, não pairam quaisquer dúvidas de que, desde o advento do Código Penal em 1940, o próprio legislador sempre considerou o nascituro como pessoa humana. Referência: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra? codteor=1747959#:~:text=projeto%20pretende%20revogar%3A-,Art.,incapaz%2C%20de 3) Recentemente, no jornal espanhol “El país” (Ourense, novembro 2016), foi publicada uma notícia com o título: “A objeção dos médicos quase me custa a vida”. Analise a notícia publicada e sintetize os aspetos éticos que este caso levanta. Observação: tenha em conta que em Espanha, onde decorre o caso, o aborto está legalizado e está previsto que os serviços de saúde pública deem resposta aos pedidos. Link a consultar: Podemos que houveram várias falhas, como a vida da gestante que foi colocado em risco, o erro no diagnóstico, consequentemente o erro médico, anamnésia mal feita, o não cumprimento da lei, assim como podemos destacar a precariedade do serviço público, o que pode ter piorado o estado de “Paula “ Devido a uma conduta imprudente, gerou-se problemas futuros irreparáveis como a perda do útero, ocasionando esterilidade da jovem em questão, impossibilitando-a de ter novos filhos de forma fisiológica, 4- O suicídioassistido: Temos direito de morrer? a) Em cada um dos textos seguintes, é defendida uma das posições, a favor do suicídio assistido e contra o mesmo. Escolha os argumentos mais relevantes de cada uma das posições e construa uma tabela resumo com os mesmos. ‘’O direito de morrer”, simplesmente não existe Não é permitido que os animais sofram A vida é dom recebido, ninguém se dá a si mesmo “Dito isso creio que seria um erro se desesperar e cometer suicídio, a não ser que sofra de uma grande dor. Porém é uma questão de escolha.” Os ativistas pró-eutanásia inventaram este “direito de morrer” para justificar o suicídio como parte do pacote de “novos direitos”, derivados do mal-uso da autodeterminação ou da exacerbação da individualidade e autonomia. Não deviríamos tirar do individuo sua liberdade de escolher morrer O suicídio é a fuga, renúncia ao enfrentamento de uma realidade dolorosa. As declarações de Hawking foram dadas a propósito do projeto de lei que debate hoje, no parlamento inglês a permissão aos médicos de ajudar os pacientes a morrer mediante a prescrição de uma dose letal de medicamentos. 5) Contraste os argumentos apresentados anteriormente em a) um com o outro e fundamente a sua posição pessoal. Com exemplos. Levando em consideração os expostos anteriores, cada um defende seu ponto de vista, a partir de suas convicções e ideologias, não podemos dizer que alguma está correta. Algumas pessoas condenam, principalmente as mais religiosas, mas em contrapartida é fácil julgar a decisão do outro quando se está vivenciado a dor/angústia. Como opinião pessoal, sou a favor da liberação da eutanásia e/ou suicídio assistido, claro que com regras bem estabelecidas e cada caso ser avaliado criteriosamente, não seja uma coisa “banalizada”. • O aluno deve, selecionar e resumir a notícia que escolhe sobre um dos temas (aborto ou eutanásia), citando a fonte e apresentar a sua visão ética sobre o publicado. • Exemplo para o caso do aborto na Argentina: “Caso de uma mulher presa por um aborto mobiliza artistas argentinos - Belén, de 27 anos, foi condenada a oito anos de prisão por homicídio qualificado” (EL PAÍS, 2016). Neste caso, esta jovem realizou um aborto (alegadamente) e depois dirigiu-se, por intercorrências no procedimento, a urgência hospital pedindo ajuda. No serviço foi identificada a situação como sendo aborto e foi denunciada às autoridades, dado que na Argentina, o aborto é ilegal e considerado crime. A queixa deu origem à prisão da jovem por aplicação da lei. Os defensores da sua libertação acusam os serviços de saúde de maus tratos (como forma de castigo por pratica abortiva) e sublinham a necessidade de liberalizar o aborto no país para impor a autonomia da mulher nas decisões sobre a sua gravidez. • Os argumentos devem centrar-se nos temas de proteção da vida e na necessidade de o Estado defender essa mesma proteção; e no despenalizar o ato dito autónomo da mulher em relação ao seu corpo e à sua maternidade. Pergunta 3 Respondida Nota: 1,00 Na Espanha, o artigo 19, parágrafo 2 da Lei Orgânica 2/2010, de 3 de março, sobre a saúde sexual e reprodutiva e a interrupção voluntária da gravidez, estabelece: A prestação de cuidados de saúde em caso de interrupção voluntária da gravidez deve ser feita em centros da rede de saúde pública ou vinculados a ela. Os profissionais da saúde diretamente envolvidos na interrupção voluntária da gravidez terão o direito de exercer a objeção de consciência sem que o acesso e a qualidade dos cuidados sejam prejudicados pelo exercício da objeção de consciência. A recusa ou a rejeição em realizar uma intervenção de interrupção da gravidez por razões de consciência é uma decisão sempre individual do pessoal da saúde diretamente envolvido na realização da interrupção voluntária da gravidez, que deve ser previamente apresentada por escrito. Em qualquer caso, os profissionais da saúde devem prestar tratamento e cuidados médicos adequados às mulheres que deles necessitem antes e depois de terem sido sujeitas a uma intervenção de interrupção da gravidez. Se, excepcionalmente, o serviço público de saúde não puder fornecer o benefício no prazo, as autoridades de saúde reconhecerão o direito da gestante de se dirigir a qualquer centro credenciado no território nacional, com o compromisso por escrito de assumir diretamente o pagamento do benefício. Situação Devido à objeção de consciência dos médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia no hospital público de uma província da Espanha, houve erros no diagnóstico da inviabilidade do feto, aos 230 dias de gravidez, evitou-se a prática abortiva, o que levou ao risco de morte pela supressão do útero e causou a esterilidade da mulher submetida a tratamento durante a gravidez. A mulher foi encaminhada para uma clínica particular a 700 km de distância do hospital onde se encontrava, o que pagaria a prática médica abortiva em uma clínica particular credenciada, ela foi levada de carro pelo marido, ao chegar à clínica, foi transferida às pressas para um hospital público, onde sua vida foi salva, seu útero foi removido, o bebê nasceu por cesariana e morreu poucos minutos após o nascimento. A mulher ficou internada nesse hospital durante 10 dias, e o marido ficou junto ao hospital. Após julgamento, em uma sentença do tribunal competente, condenou o hospital com erros de diagnóstico a indenizar por danos no valor de 270.000 euros por negligência médica. No lugar e no tempo em que a situação ocorre, o aborto é legal. Analise a situação, resuma as questões éticas que este caso suscita: objeção de consciência e seus limites, compensação financeira, direito ao aborto, aborto terapêutico, vida da mulher em risco, perda da fertilidade da mulher, viabilidade, sobrevivência e vida curta do feto ao nascer. Na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, o governo brasileiro reconheceu, de acordo com nossa Constituição, que os direitos reprodutivos se fundamentam no respeito ao direito fundamental de livre e responsavelmente determinar número, espaçamento e reprodução. Chances de ter um bebê. Na mesma reunião, o aborto foi discutido como uma questão de saúde pública sem sua descriminalização. Em 1995, o Brasil assinou a Declaração de Pequim adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, comprometendo-se a considerar mudanças nas leis que incluíssem penalidades para mulheres que fizessem abortos ilegais. O ímpeto punitivo às autoridades de Campo Grande pela posição inequívoca assumida por nosso governo nas Nações Unidas contra a punição de mulheres que abortam por circunstâncias diversas e sempre difíceis, em que, em julgamento aceito pelo Ministério Público 10.000 mulheres que frequentaram uma clínica de Planned Parenthood foram investigadas pela polícia por supostos abortos após o relatório do denunciante. Diante desse fato incomum e único da história brasileira, talvez apenas comparável à brutal perseguição do ditador romeno Ceausescu às mulheres que praticavam aborto, cabe alguma reflexão. A primeira questão diz respeito à relação entre direito e moralidade. Temos uma legislação muito rígida sobre o aborto no Brasil que não criminaliza o aborto em dois casos: quando não há outra maneira de salvar a vida da gestante e nos casos de gravidez decorrente de estupro. A moralidade e a lei às vezes coincidem e às vezes se contradizem. Tomar medidas legais não é necessariamente ético. Assim, uma política de Estado não pode ser eticamente justificada apenas com base em sua legalidade. Se o aborto é crime no sentido estritamente legal, cabe perguntar se é moral prender uma mulher porque ela fez um aborto em algum momento de sua vida. Estudos recentes mostram que cerca de 75% das mulheres que abortam são casadas, mães, trabalham fora de casa e tomam essa difícil decisão com o consentimento do parceiro.A segunda reflexão é sobre o direito à saúde Estima-se que cerca de 1 milhão e 500.000 abortos são realizados no Brasil todos os anos e esta é uma das principaiscausas de morbimortalidade materna, pois a maioria dos abortos é realizada em segredo, em condições inseguras condições. O reconhecimento do direito das mulheres de fazer escolhas em suas vidas reprodutivas e o fato de que o aborto em condições inseguras é um grave problema de saúde pública elevou o debate sobre a interrupção voluntária da gravidez a uma nova dimensão ética, desenvolvendo Esperamos que entre eles possa trazer mudanças na legislação brasileira, ampliando as circunstâncias em que esta se tornará prática legal, com foco nas políticas de saúde relacionadas à interrupção voluntária da gravidez, que é praticada em uma sociedade laica e pluralista como a nossa, de forma a ser norteada pelos princípios éticos do respeito pelos direitos humanos, pela pessoa e pela caridade. REFERÊNCIAS GENSLER, H. “O Argumento da Regra de Ouro Contra o Aborto”. IN: GALVÃO, P. (org). A Ética do Aborto. Lisboa: Dinalivro, 2005. FRIAS, L. A Ética do Uso e da Seleção de Embriões. Florianópolis: Editora UFSC, 2012. MCMAHAN, J. A Ética no Ato de Matar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2011. SARMENTO, D. “Legalização do Aborto e Constituição”. IN: Revista de Direito Administrativo. Vol. 240, pp 43-83, 2005. O aluno deve, com base no tratado da disciplina, sobre objeção de consciência, identificar as questões e analisar aspectos como: • O impacto e a compatibilidade da objeção de consciência e o direito ao aborto previsto por lei no país em questão. • A questão da compensação financeira (incompatível com a escala da perda e do impacto sobre a vida da mulher) e sua legitimidade. • Sua gravidez era inviável, mas desejada, mas estava sujeita à objeção de consciência da equipe assistente ao aborto tardio, de 7 meses. • O tema do tempo transcorrido, da viabilidade e da incompatibilidade com a vida também apresenta questões éticas iniciais: Não iria sobreviver depois do nascimento? Ou antes do nascimento? Morreria no parto? Sobreviveria algum tempo ainda que limitado? (antes da intervenção, as respostas não seriam claras para a equipe e para a família e não há indicação de que esta abordagem tenha sido adotada). • A mulher, para realização do aborto, negado pela equipe assistente no hospital público, teve que se dirigir, sem condições de saúde e físicas necessárias, a um serviço privado, distante. O recurso ao setor privado para compensar a indisponibilidade pública levanta questões éticas de justiça. • A objeção terá limites e a colocação da vida e saúde da mulher e sua integridade, neste caso em risco, deve ser uma delas. • O aborto terapêutico, por meio do uso de drogas, pode ser um aliado da objeção e sua compatibilidade com a lei ou não modifica as posições éticas. Pergunta 4 Respondida Nota: 1,00 3- O suicídio assistido: Temos direito de morrer? a) Em cada um dos textos seguintes, é defendida uma das posições, a favor do suicídio assistido e contra o mesmo. Escolha os argumentos mais relevantes de cada uma das posições e construa uma tabela resumo com os mesmos. CONTRA O SUICÍDIO ASSISTIDO CONTRA O SUICÍDIO ASSISTO Alívio da dor e do sofrimento. Não podemos prolongar a dor. O direito de morrer não existe. Todos deveriam ter direito de acabar com o sofrimento. Apenas Deus tem o poder da vida sobre a morte. As pessoas com deficiência deveriam ter de direito de acabar com suas vidas. A vida é um dom recebido, ninguém sida a si mesmo. Não pode tirar a liberdade do indivíduo de viver ou morrer. O suicídio não é saudável ou natural. O suicídio é uma fuga da realidade. O aluno deve identificar os temas/ argumentos chave de cada uma das posições, sendo exemplo a seguinte tabela: Pergunta 5 Respondida Nota: 1,00 b) Contraste os argumentos apresentados anteriormente em a) um com o outro e fundamente a sua posição pessoal. Com exemplos. A eutanásia está no centro de um vigoroso debate público envolvendo uma variedade de considerações religiosas, éticas e práticas. Essas considerações surgem de diferentes perspectivas sobre o significado e o valor da vida humana. Os argumentos a favor da prática da eutanásia incluem que as pessoas têm o direito de tomar decisões sobre seus corpos e escolher como e quando querem morrer, que o direito de morrer está implícito em outros direitos humanos e que a lei não é algo que deve interferir na esfera privada de não prejudicar os outros , a eutanásia continua a ser praticada mesmo que seja ilegal, e a morte não é necessariamente uma coisa ruim. Os argumentos contra a prática da eutanásia incluem alegações de que a eutanásia é contra a vontade de Deus, não respeita a inviolabilidade da vida, desvaloriza a vida, permite a eutanásia voluntária em situações em que a eutanásia involuntária pode resultar e cuidados paliativos de alta qualidade eliminam a necessidade para realizar a eutanásia. Alguns afirmam que, mesmo quando moralmente justificada, a eutanásia pode ser usada abusivamente para encobrir o assassinato. Levando em consideração que durante uma doença terminal ninguém deve ser forçado a sofrer de forma irracional,a possibilidade de morte assistida deve ser oferecida nos casos em que os médicos são incapazes de aliviar o sofrimento de maneira aceitável para o paciente. A maneira de evitar o sofrimento é através da morte. 1. O aluno deve identificar se é a favor ou contra o suicídio assistido, sustentando com exemplos. 2. O aluno deve, fundamentando-se no tratado na disciplina sobre o tema do suicídio assistido e identificar os argumentos que quer defender (a favor ou contra): Partindo do exemplo do caso do documentário “Jack Kevorkian and the Right to Die | Retro Report | The New York Times” (2015), damos exemplos para ambas as situações. Defendendo o suicídio assistido: • O argumento do exercício da autonomia de cada pessoa (“Eu não quero continuar a viver assim”) e a liberdade de escolha de não querer viver, e desejar morrer, da forma escolhida. • O argumento da falta de resposta dos médicos quando os doentes que sofrem querem morrer (e a solução de suicídio assistido do Dr. Kevorkian pela “máquina de suicídio”) e o desejo dos familiares os “libertarem” desse sofrimento (caso de Thomas, min. 2:50-3:22) • O argumento de que o suicídio não é um ato ilegal por isso, o Dr. Kevorkian não poderia ser condenado por “assassinato”/ “eutanásia”, dado não ser o que ele fazia com a “máquina”. • A alternativa dos médicos para se “desresponsabilizarem” de um ato não legal, são recomendações indignas (maleficência): deixar de se hidratar, de se alimentar, etc. (caso de John, min 11:30), etc. Contra o suicídio assistido: • O falso argumento de que escolher morrer é um ato de liberdade e exercício de autonomia. • O argumento da incapacidade de exercício de autonomia pelo sofrimento em que estão envolvidos (a expressão de sofrimento de Thomas e família pode demonstrar que eles não desejam realmente a morte, senão o fim do seu sofrimento, pelo burnout, etc. (min. 7 e 9:10). • O argumento de que os cuidados paliativos podem ser resposta ao fim do sofrimento e que a morte escolhida, não é a solução. (min. 7:45 e 9:05) – compensação de autonomia e beneficência • O argumento da justiça: uma pessoa incapaz deve sentir-se culpada por querer viver? (min. 7:30), etc.
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