Provas no processo do trabalho - Prof. Rubens Silveira Taveira Junior

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Provas no Processo do Trabalho
1. Conceito
• Trata-se do meio utilizado no processo judicial instaurado, pela parte a quem foi atribuído o ônus, para demonstração da veracidade dos fatos controvertidos, colaborando, assim, com a formação da convicção do magistrado a respeito dos fatos.
2. Princípios
• Necessidade da prova - Princípio da necessidade da prova – Com exceção dos fatos que não precisam ser provados em juízo, em razão de suas naturezas particulares, consoante será mais bem estudado à frente, é dever da parte fazer prova de suas alegações; 
• Unidade da prova - Os elementos probatórios devem ser considerados em seu conjunto, formando um todo unitário sujeito ao crivo da autoridade judiciária. Do contrário, seria admitir-se o exame isolado de provas contraditórias entre si, gerando instabilidade jurídica no processo de composição da lide;
• Lealdade da prova ou probidade - Reflexo da terapia constitucional trazida no artigo 5º inciso LVI3, bem como do princípio da lealdade processual, pode ser aplicado em casos de gravações sub-reptícias e revistas intimas. Entretanto, admite ponderações quando visado à luz da proporcionalidade e razoabilidade;
• Contraditório - Corolário Constitucional, esculpido no artigo 5º, inciso LV da Lei Maior, comunga no escopo de permitir e legitimar aos litigantes o direito recíproco de trazer seus elementos probatórios e de se manifestarem reciprocamente acerca de tais, observada a igualdade e os momentos processuais adequados neste desiderato;
• Princípio da aquisição processual - Impossibilita a livre disposição dos elementos de prova pelas partes quando estes já estão incorporados ao processo (autos). Impede a retirada e o seu desentranhamento;
• Oportunidade da prova - Eventualidade;
• Imediação - Permite ao magistrado colher diretamente e determinar as provas cuja produção entende necessárias;
• Livre convicção do juiz ou persuasão racional - Reporta-se à reflexão valorativa livre do magistrado, quando da aferição do grau de veracidade dos fatos através dos elementos probatórios trazidos aos autos, nos termos dos artigos 765 e 832 da CLT. Encontra ainda identidade com o processo civil, com respaldo no CPC - art. 131.
3. Objeto da prova
• Fatos narrados no processo. Exceções: art. 334 do CPC;
• Obrigatoriedade de conhecimento pelo juiz do direito federal;
• Direito municipal, estadual, estrangeiro, consuetudinário, normas coletivas e regulamentos internos do empregador – prova do seu teor e vigência pela parte que alega (art. 337 do CPC).
4. Ônus da prova
Autor - Cumpre o ônus de provar o fato constitutivo do direito alegado. (art. 333, I do CPC c/c art. 818 da CLT).
Réu - Tem o ônus de provar os fatos modificativos, impeditivos e extintivos do direito do autor (art. 333, II do CPC c/c art. 818 da CLT).
5. Prova da existência ou não da relação de emprego Inversão do ônus da prova?
Reclamante - Quando a reclamada negar a prestação dos serviços 
Reclamado - Quando a reclamada alega que a parte prestou serviços como trabalhador autônomo.
6. Súmula 6, VIII, TST, Súmula 338 TST, Súmula 212 do TST, 
7. Meios de prova
Art. 332 do CPC
7.1 Depoimento pessoal:
	• Possibilidade do indeferimento do pedido de depoimento pessoal (art. 848 da CLT);
	Diferenciação entre Interrogatório e Depoimento.
O interrogatório poderá ser determinado a qualquer momento pelo juiz, podendo haver a inquirição e a reinquirição (art. 342 do CPC).
Recusa em depor: a) justa 1º Quando o fato resultar no reconhecimento de fato delituoso; 2º Quando o depoente tiver a obrigação profissional de guardar sigilo sobre aquele fato. b) Injusta – efeitos: A parte que se recusa a prestar depoimento será tida como confessa. O não comparecimento para depor, a negativa em responder os fatos questionados e o desconhecimento dos fatos equivalem à recusa de depor, resultando portanto, na confissão da parte.
• Confissão:
• Possibilidade de confissão do preposto e do advogado com poderes específicos para confessar (art. 843, &1o, CLT e art. 343, par. único, CPC);
• Impossibilidade de confissão dos representantes do empregado quando este estiver doente ou impossibilitado de comparecer (art. 843, & 2o, CLT)
• Extrajudicial (art. 353 CPC) - impossibilidade no processo do trabalho. Repelida por conta da hipossuficiência do trabalhador ou por conta de constrangimento feito ao empregador;
• Judicial:
• Espontânea
• Provocada: Observação quanto ao depoimento das partes enquanto meio de prova:
Há entendimento doutrinário no sentido de que o depoimento das partes não constitui meio de prova, na medida em que não atinge o fim colimado, ou seja, a demonstração da verdade do fato afirmado pelo próprio depoente. Na verdade, o depoimento buscaria atingir a confissão, esta sim, meio de prova.
• Ficta - gera a presunção relativa, Súmula 74 do TST.
7.2 Prova testemunhal
Conceito de testemunha: Testemunha é a pessoa física que, não sendo parte no processo, depõe sobre fatos cujo conhecimento assimilou a partir dos próprios sentidos, tendo a obrigação legal de dizer a verdade.
Obrigatoriedade – Artigos 825 e 730 da CLT. Obrigações das testemunhas: 1ª Comparecer sob pena de ser conduzida coercitivamente, além de ser sujeita à multa; 2ª Prestar depoimento; 3ª Dizer a verdade.
Incapacidade, suspeição e impedimento
São vícios que retiram a capacidade subjetiva da pessoa para prestar depoimento na condição de testemunha.
Incapacidade para prestar depoimento – não se admite que o incapaz preste depoimento, sequer como informante.
Suspeição e Impedimento podem prestar depoimento como informante.
Obs: preposto e gerente como testemunhas: De acordo com a jurisprudência dominante o trabalhador nomeado preposto em determinada reclamação poderá prestar depoimento como testemunha em outra demanda.
Informante: Testemunhas impugnadas por suspeições ou impedimentos que prestam depoimento, quando necessário, sem que sejam compromissadas – ex. empregada doméstica, membros da mesma família.
Número e testemunhas:
a) Reclamação – 03 testemunhas (Procedimento Ordinário);
b) Inquérito – 06 testemunhas;
c) Sumaríssimo – 02 testemunhas.
Rol de testemunhas: Na Justiça do Trabalho não se exige a apresentação do rol de testemunhas. O art. 825 da CLT diz que as testemunhas comparecerão espontaneamente, não havendo necessidade de intimação, por outro lado, o art. 845 da CLT diz que as partes comparecerão à audiência acompanhadas de suas testemunhas.
Qualificação e compromisso – Artigo 828 da CLT
- Qualificar - identificar a testemunha. Quando a testemunha for empregado o juiz deverá consignar o tempo de serviço desta para o empregador;
- O compromisso traz para a testemunha a obrigação de dizer a verdade, ficando sujeita às penas de falso testemunho.
Contradita
-É o incidente processual utilizado para argüição de incapacidade, suspeição ou impedimento da testemunha;
 - Amauri Mascaro fala que: “[…] As testemunhas impedidas ou suspeitas devem ser contraditadas até antes do início do depoimento na audiência. A contradita tem fundamento na incapacidade, no impedimento ou na suspeição. Se a testemunha nega os fatos que lhe são imputados na contradita, a parte pode prová-los por meio de documentos ou testemunhas, até três. No primeiro caso, a prova deve ser produzida na audiência e com a contradita. No segundo caso, a parte tem o direito de pedir adiamento da audiência para apresentar os documentos e testemunhas. (…) Admitida a contradita, a testemunha é dispensada e substituída (CPC, art.414, §1º)”
- A contradita deve ser argüida após a qualificação e antes do compromisso legal.
OBS: CONTRADITA SUPERVENIENTE – o conhecimento da hipótese de suspeição ou incapacidade ocorre em momento posterior à qualificação.
- Nº 357 Testemunha. Ação contra a mesma reclamada. Suspeição Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.
7.3 Prova documental
	Momento de juntada(CLT artigos 787 e 845)
Não obstante a expressa dicção do art. 787 da CLT, que exige a prova documental quando do ajuizamento da reclamaçãoescrita, há entendimento doutrinário e jurisprudencial, que admite a produção da prova documental durante toda a audiência, buscando amparo na norma do art. 845 da CLT.
CPC, artigos 283, 297 e 396
Registre-se ainda, uma segunda orientação doutrinária, tendente a ser majoritária, no sentido de que caberia ao autor e ao réu a produção da prova documental quando da apresentação da petição inicial e da defesa, respectivamente, sob pena de preclusão.
Exceções: 1ª quando referentes a fatos posteriores à apresentação da defesa; 2ª quando destinados a fazer contraprova.
Impugnação:
Feita a produção de prova documental caberá ao juiz a oitiva da parte contrária. Interpretação feita com base no princípio do contraditório, bem como do art. 398 do CPC.
Autenticidade – Artigo 830 da CLT
Exige que a prova documental seja autenticada ou deverá ser feita a sua conferência perante o juiz (apresentar ao juiz as cópias, bem como os originais), sob pena de não ser admitida.
OJ/TST nº 36 – quando o documento for comum, nas hipóteses de acordo não haveria necessidade de autenticação dos mesmos.
7.4 Prova pericial
	Obrigatoriedade
 - Ex.: Pedido de adicional de periculosidade ou de insalubridade.
- De acordo com orientação do TST, mesmo na hipótese de revelia (confissão ficta), o juiz deverá determinar a realização de prova pericial.
Indicação de assistente técnico
- Perito judicial: cabem exceções de suspeição e de impedimento. (arts. 134/135 CPC). O juiz facultará às partes a nomeação de assistente técnico e formulação de quesitos.
Quesitos: São questionamentos pautados pelas partes cujo pronunciamento é requerido ao perito judicial durante a realização da perícia.
Os honorários do perito judicial serão pagos pela parte sucumbente na pretensão da perícia. A Justiça Gratuita abrange as despesas com honorários periciais.
	
7.5 Inspeção Judicial (Art. 440 e ss., CPC)
Conceito: Cândido Rangel Dinamarco define inspeção judicial como sendo “a verificação pessoal de pessoas ou coisas feita pelo juiz”. Para ele, tal meio probatório pode ser efetivado em qualquer fase do processo, devendo ser procedido em qualquer situação de dúvida por parte do julgador, embora reconheça que tal atividade é muito rara na prática.
A referida doutrina esclarece que o juiz pode se fazer acompanhar por um perito ou mais, a teor da permissão contida no artigo 441 do CPC, afirmando que, nesta situação, há duplicidade de meios de prova.
Além de peritos, às partes também é permitido o comparecimento à inspeção judicial para que possam prestar esclarecimentos. Segundo Tereza Arruda Alvim, nessa hipótese, as partes devem ser regularmente intimadas de tal ato por intermédio de seus procuradores. Caso deixem de comparecer “[…] sofrerão as eventuais consequências de a ela não terem estado presentes.”