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Hipoglicemia em Não Diabéticos SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 3 2. EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................................................. 4 3. FISIOLOGIA DA DEFESA CONTRA HIPOGLICEMIA ............................................................... 4 A glicose ....................................................................................................................... 4 Respostas à hipoglicemia ........................................................................................... 5 4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ........................................................................................................... 7 5. ETIOLOGIAS DAS HIPOGLICEMIAS ............................................................................................. 8 6. DIAGNÓSTICO .....................................................................................................................................15 7. TRATAMENTO .....................................................................................................................................23 Tratamento do insulinoma ........................................................................................ 23 Tratamento da hipoglicemia autoimune .................................................................. 24 Tratamento do NIPHS/ Pós-bariátrica ..................................................................... 24 Tratamento da hipoglicemia reativa ......................................................................... 25 Referências bibliográficas .....................................................................................................................28 Bibliografia consultada ...........................................................................................................................28 Hipoglicemia em Não Diabéticos 3 1. INTRODUÇÃO A hipoglicemia é considerada uma alteração laboratorial que pode ser consequência de várias doenças ou do uso de medicamentos. Para que se estabeleça o diagnóstico de hipo glicemia, é necessária a presença da tríade de Whipple, que consiste em níveis glicêmicos baixos (< 55 mg/dL), associados a sintomas compatí veis com hipoglice- mia e melhora des ses sintomas ap administração de glicose. Embora a hipoglicemia seja frequente em pessoas com diabetes mellitus (DM), trata-se de um evento clínico bastante incomum em pesso as que não tenham DM por conta da eficácia das defesas normais fisiológi cas e comportamentais contra a que da das concentrações plasmá- ticas de glicose. Pode ocorrer no estado de jejum ou pós-prandial. Em qualquer caso de hipoglicemia, independen temente da causa, o diagnóstico ge ralmente pode ser es- tabelecido por exames de sangue adequados no momento da ocorrência espontânea de hipoglicemia. A ocorrência de hipoglicemia indica que a taxa de efluxo de glicose da circulação excedeu a taxa do influxo glicêmico para a corrente sanguínea. Hipoglicemia pode resultar de uma saída excessiva de glicose da circu lação (utilização excessiva, per- das externas), de um deficiente aporte de glicose (produção endógena deficien te, na ausência de liberação exógena de glicose), ou de ambos os mecanismos. Uma utilização aumentada da glicose é vista em condições como exercí cios, gravidez e sepse. Perdas renais eventualmente ocorrem na presença de concentrações normais de glico se (p. ex., glicosúria renal e gravidez). Entretanto, devido à capacidade que o fígado e os rins têm de aumentar várias vezes a produção de glicose, a hipoglicemia clínica raramente resul ta apenas de um efluxo excessivo de glicose. Se liga! No caso de pacientes assintomáticos, uma glicemia inferior a 40mg/dl já configura hipoglicemia. Saiba mais! Existe uma classificação, utilizada para pacientes dia- béticos, que estratifica a hipoglicemia de acordo com seu nível de gravidade. No grau I, a glicemia se encontra entre 70 e 55 mg/dl, lembrando que, em pacientes diabéticos, um valor de glicemia abaixo de 70 mg/dl já é considerado hipoglicemia; no grau II, a glicemia está inferior a 55 mg/dl; e no grau III, o paciente apresenta alteração mental com necessidade de ajuda de terceiros. Hipoglicemia em Não Diabéticos 4 Tabela 1. Classificação da hipoglicemia em diabéticos. CLASSIFICAÇÃO DA HIPOGLICEMIA EM DIABÉTICOS GLICEMIA NÍVEL 70-55 mg/dl Grau I < 55 mg/dl Grau II Alteração mental com necessidade de ajuda de terceiros. Grau III Fonte: Autoria Própria 2. EPIDEMIOLOGIA Em uma revisão retrospectiva de 37.898 admissões hospitalares não diabéticas e não críticas, a frequên cia estimada de hipoglicemia foi de 36 a cada 10.000 admissões. Nesses pacientes, a hipoglicemia foi causada por uma variedade de medicamentos para não diabéticos, álcool e doenças críticas, como insuficiência hepática, renal ou cardíaca, sepse ou inanição. A maioria dos pacientes teve várias razões possíveis para hipoglicemia. Apenas sete pacientes apresenta ram hipoglicemia inexplicável, que não se repetiu durante a internação. Existem poucos dados sobre a frequ ência de hipogli- cemia inexplicável no ambulatório. 3. FISIOLOGIA DA DEFESA CONTRA HIPOGLICEMIA A glicose A glicose é derivada de três fontes: absorção intestinal, que ocorre após a digestão de carboidratos da dieta; glicogenólise, que é a quebra de gli cogênio, o modo como se armazena a glicose polimerizada; e a gliconeo gênese, que é a formação de glicose a partir de precursores, como lacta to, aminoácidos e, em menor grau, glicerol. A glicose é essencialmente o único combustível metabólico para o cére bro sob con- dições fisiológicas. Embo ra o cérebro humano adulto constitua apenas cerca de 2,5% do peso cor poral, seu metabolismo oxidativo res ponde por aproximadamente 25% da taxa metabólica basal e por mais de 50% da utilização global de glicose pelo corpo. Cerca de 50% da glicose produzida pelo fígado diariamente é consumida pelo cérebro. Assim, é de fundamental importância a manuten ção de níveis séricos adequados e estáveis de glicemia para o funciona mento normal do cérebro. Durante um período de jejum, o próprio organismo se responsabiliza por manter um aporte de glicose suficiente. Inicialmente, a produção de glicose endógena provém da Hipoglicemia em Não Diabéticos 5 glicogenólise hepatomuscular. No entanto, este reservatório é limitado e, após um jejum de 12 horas, cerca de 50% da glicose já é proveniente da gliconeogênese hepática. Este percentual aumenta para quase 100% após um jejum de 42 horas ou mais. Hora da revisão! Gliconeogênese é a síntese de glicose a partir de precursores diferentes de hexoses. Os principais precursores para a glicone- ogênese são o piruvato, o lactato, o glicerol e a maioria dos aminoácidos. Este processo ocorre principalmente no fígado, mas também ocorre na medula renal, e sua via central é a conversão de piruvato em glicose, ao contrário da glicólise que, por sua vez, é o processo pelo qual o glicogênio presente no fígado é trans- formado em glicose destinada ao sangue. Esta produção metabólica de glicose se faz em três etapas, chamadas reações de hidrólise, que permitem às enzimas liberarem a glicose do fígado e dos músculos para alimentar o sangue e regular naturalmente a taxa de glicemia. Respostas à hipoglicemia As concentrações séricas de glicose são controladas pela ação de hormônios hiper e hipoglicêmicos. A queda das concentrações da glicose plasmática causa uma sequência de respostas, sendo a primeira delas uma diminuição na secreção de insulina pelas células β do pâncreas. A insulina é responsável por estimular a entrada e a utilização da glicose pelas células, mantendo níveis adequados de glicemia no período pós-prandial. A redução na secreção de insulina acontece quando os níveis de glicoseplasmática declinam dentro da faixa fisiológica; quando os níveis de glicemia reduzem para valores abaixo da faixa fisiológica, ocorre o aumento da secreção de hormônios contrarreguladores da glicose (glucagon, epinefrina). O glucagon, secretado pelas células β do pâncreas, vai estimular a produção de glicose no fígado, realizando a gliconeogênese e a glicogenólise. Além dessas respostas, existe ainda uma resposta simpatoadrenérgica capaz de aumentar a concentração de adrenalina no organismo. A adrenalina vai agir nos músculos, quebrando as proteínas em aminoácidos e glicerol para que esses substratos fiquem disponíveis para o fígado realizar a gliconeogênese. Além disso, a adrenalina, associada à redução da insulina, vai provocar uma redução no clearence de glicose a nível renal, para que ela fique mais disponível para o uso do cérebro. É importante lembrar que a resposta simpatoadrenérgica não conta apenas com o aumento da adrenalina, mas também com um aumento da acetilcolina e ambos irão gerar os sintomas autonômicos para provocar a ingestão da glicose, como palpitação e tremor, gerados pela noradrenalina, e sudorese e fome, gerados pela acetilcolina. Tudo indica que o hormônio do crescimento (GH) e o cortisol sejam relevantes apenas após hipoglice- mia prolongada (pelo menos 12 horas). Estes hormônios agem estimulando a formação de glicose (gliconeogênese) no fígado e a quebra do glicogênio (glicogenólise) hepático e muscular. Como forma de proteção fisiológica, o limiar glicêmico para o aparecimento de sintomatologia se encontra abaixo dos limiares que estimulam esses hormônios. Hipoglicemia em Não Diabéticos 6 MAPA MENTAL: RESPOSTAS À HIPOGLICEMIA HIPOGLICEMIA Célula β ↓ insulina ↑ glucagon ↑ adrenalina Sintomas autonômicos ↑ ingestão de CHO ↑ produção de glicose ↑ resposta simpatoadrenérgica ↑ noradrenalina (palpitação; tremor) ↑ acetilcolina (sudorese, fome) Célula α ↑ glicogenólise ↑ gliconegênese ↑ AA e glicerol ↓ clearence de glicose Fonte: Autoria Própria Hipoglicemia em Não Diabéticos 7 4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quando a glicemia atinge um valor abaixo de 70 mg/dl, a adrenalina e a acetilcolina começam a ser liberadas no sangue, provocando os sintomas autonômicos. No entanto, estes sintomas são leves dentro da faixa fisiológica da glicemia e só se tornam mais importantes quando a glicemia atinge cerca de 58 mg/dl. Os sintomas adrenérgicos incluem a falta de estabilidade, tremor, ansiedade, nervosismo, palpitações, palidez e dilatação da pupila; juntamente, o efeito colinérgico provoca sudorese, pele pegajosa, boca seca e fome. Esses sinais são importantes para que o indivíduo busque uma fonte de glicose para consumo. Quando há mais redução no nível da glicose, com a glicemia capilar atingindo 43 a 54 mg/dl, os sintomas neuroglicopênicos começam a aparecer, causados pela con- centração reduzida de glicose no sistema nervoso central. Esses sintomas incluem confusão mental, dificuldade de raciocínio, dificuldade de fala, visão embaçada, ataxia, parestesias e cefaleia. Uma glicemia capilar abaixo de 27 mg/dl é capaz de provocar grave disfunção cognitiva, convulsões e coma e, por fim, ocorre a morte neuronal quando a glicemia atinge 20 mg/dl, podendo levar o indivíduo a óbito. 7HIPOGLICEMIA EM NÃO-DIABÉTICOS 4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quando a glicemia atinge um valor abaixo de 70 mg/dL, a adrenalina e a acetilcolina começam a ser liberadas no sangue, provocando os sintomas autonômicos. No entanto, estes sin- tomas são leves dentro da faixa fi- siológica da glicemia e só se tornam mais importantes quando a glicemia atinge cerca de 58 mg/dL. Os sinto- mas adrenérgicos incluem a falta de estabilidade, tremor, ansiedade, ner- vosismo, palpitações, palidez e dila- tação da pupila; juntamente, o efeito colinérgico provoca sudorese, pele pegajosa, boca seca e fome. Esses sinais são importantes para que o in- divíduo busque uma fonte de glicose para consumo. Quando há mais redução no nível da glicose, com a glicemia capilar atingin- do 43 a 54 mg/dL, os sintomas neu- roglicopênicos começam a aparecer, causados pela concentração reduzida de glicose no sistema nervoso cen- tral. Esses sintomas incluem confu- são mental, dificuldade de raciocínio, dificuldade de fala, visão embaçada, ataxia, parestesias e cefaleia. Uma glicemia capilar abaixo de 27 mg/dL é capaz de provocar grave disfunção cognitiva, convulsões e coma e, por fim, ocorre a morte neuronal quando a glicemia atinge 20 mg/dL, podendo levar o indivíduo à óbito. MANIFESTAÇÕES CLÍNI G lic em ia m g/ dL 85 ê Insulina 80 é Glucagon,70 Adrenalina, 65 GH e Cortisol 55 Sintomas 50 50 – 58 mg 43 – 54 mg Disfunção cognitiva 27 Convulsão Coma 20 Morte neuronal Figura 1. manifestações clínicas da hipoglicemia de acordo com o nível glicêmico. 5. ETIOLOGIAS DAS HIPOGLICEMIAS A classificação tradicional dos distúr- bios hipoglicêmicos em pessoas não diabéticas é suplantada por uma ca- tegorização clínica: (1) indivíduos do- entes ou em uso de medicamentos, que cursam com uma hipoglicemia hipoinsulinêmica; (2) indivíduos apa- rentemente saudáveis, que cursam com hipoglicemia hiperinsulinêmica. Existe ainda uma terceira etiologia, 7HIPOGLICEMIA EM NÃO-DIABÉTICOS 4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quando a glicemia atinge um valor abaixo de 70 mg/dL, a adrenalina e a acetilcolina começam a ser liberadas no sangue, provocando os sintomas autonômicos. No entanto, estes sin- tomas são leves dentro da faixa fi- siológica da glicemia e só se tornam mais importantes quando a glicemia atinge cerca de 58 mg/dL. Os sinto- mas adrenérgicos incluem a falta de estabilidade, tremor, ansiedade, ner- vosismo, palpitações, palidez e dila- tação da pupila; juntamente, o efeito colinérgico provoca sudorese, pele pegajosa, boca seca e fome. Esses sinais são importantes para que o in- divíduo busque uma fonte de glicose para consumo. Quando há mais redução no nível da glicose, com a glicemia capilar atingin- do 43 a 54 mg/dL, os sintomas neu- roglicopênicos começam a aparecer, causados pela concentração reduzida de glicose no sistema nervoso cen- tral. Esses sintomas incluem confu- são mental, dificuldade de raciocínio, dificuldade de fala, visão embaçada, ataxia, parestesias e cefaleia. Uma glicemia capilar abaixo de 27 mg/dL é capaz de provocar grave disfunção cognitiva, convulsões e coma e, por fim, ocorre a morte neuronal quando a glicemia atinge 20 mg/dL, podendo levar o indivíduo à óbito. MANIFESTAÇÕES CLÍNI G lic em ia m g/ dL 85 ê Insulina 80 é Glucagon,70 Adrenalina, 65 GH e Cortisol 55 Sintomas 50 50 – 58 mg 43 – 54 mg Disfunção cognitiva 27 Convulsão Coma 20 Morte neuronal Figura 1. manifestações clínicas da hipoglicemia de acordo com o nível glicêmico. 5. ETIOLOGIAS DAS HIPOGLICEMIAS A classificação tradicional dos distúr- bios hipoglicêmicos em pessoas não diabéticas é suplantada por uma ca- tegorização clínica: (1) indivíduos do- entes ou em uso de medicamentos, que cursam com uma hipoglicemia hipoinsulinêmica; (2) indivíduos apa- rentemente saudáveis, que cursam com hipoglicemia hiperinsulinêmica. Existe ainda uma terceira etiologia, Figura 1. manifestações clínicas da hipoglicemia de acordo com o nível glicêmico. Fonte: Autoria Própria. Hipoglicemia em Não Diabéticos 8 5. ETIOLOGIAS DAS HIPOGLICEMIAS A classificação tradicional dos distúrbios hipoglicêmicos em pessoas não diabéti- cas é suplantada por uma categorização clínica: (1) indivíduos doentes ou em uso de medicamentos, que cursam com uma hipoglicemia hipoinsulinêmica; (2) indivíduos aparentemente saudáveis, que cursam com hipoglicemia hiperinsulinêmica. Existe ainda uma terceira etiologia, que é a hipoglicemia reativa, entidade que não se relaciona com cirurgias e/ou medicamentos. Na hipoglicemia hipoinsulinêmica, a redução da insulina ocorre em respos ta à re- dução da glicose, no entanto, a hipoglicemia continua a ocorrerem razão da carência de substrato orgâ nico, pois o paciente geralmente está doente. Este paciente pode estar cur sando com uma falência hepática ou renal, ou seja, mesmo com o estímulo do glucagon, o fígado não é capaz de produzir a glicose, por isso dizemos que esta é uma hipoglicemia que não responde ao glucagon. O paciente pode sofrer também de uma deficiên cia hormonal, como carência de GH e cortisol, que são hormônios capazes de aumentar a glicemia. O uso contí nuo e abusivo de álcool também é ca paz de reduzir a glicemia, além de do enças graves como a sepse, na qual o organismo está usando todo o seu substrato para combater o choque séptico; por último, a inanição é um fator hipoglicemiante presente prin cipalmente nas neoplasias, pois elas consomem todo o substrato presente no organismo. Se liga! O paciente que cursa com uma hipoglicemia hipoinsulinê- mica produz cetoácidos, pois estes funcionam como combustível para o cérebro na ausência de glicose. A presença desses cetoácidos no organismo provoca o hálito cetônico. Na hipoglicemia hiperinsulinêmica, apesar da redução da glicose, não há uma res- posta com redução da insulina. Isso ocorre pois existe algo no organismo do indivíduo que está provocando um aumento da insulina. O insulinoma, tumor produtor de insulina, é um dos fatores que podem provocar esse aumento independentemente da redução da glicose. Outras razões são drogas ou medicações que estimulam a produção de in- sulina, como a própria insulina ou os secretagogos; hipoglicemia autoimune, na qual os anticorpos exercem o papel da insulina, atuando nos seus receptores; tumor produtor de IGF-2, que apesar de estar presente nessa classificação, nesse caso, a insulina está baixa, no entanto, o IGF-2 age exatamente igual a insulina, provocando a redução da glicose; e hipoglicemia hiperinsulinêmica pancreatogênica não insulinoma (NIPHS), na qual ocorre uma hiperplasia das células β do pâncreas, aumentando a secreção de insulina. Hipoglicemia em Não Diabéticos 9 Se liga! A hipoglicemia hiperinsulinêmica possui resposta ao gluca- gon, pois não há falência hepática nem ausência de substrato, e é não cetótica, pois qualquer grau de insulina produzida pelo organismo bloqueia a produção de cetoácidos. Devido a isso, nesse caso, teremos mais sintomas neuroglicopênicos. • Insulinoma: são neoplasias raras, com inci- dência estimada em 1 caso a cada 250 mil pessoas por ano, em qualquer faixa etária, porém representam uma causa curável de hipoglicemia potencialmente fatal. Em cerca de 98% dos casos, o tumor situa-se no pâncreas. Em geral, insulinomas têm ocorrência esporádica, benigna e única (90 a 95% dos casos), mas cerca de 10% dos tumores são múltiplos (mais comuns em casos de Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo I- NEM1), e outros 5 a 10% são malignos (até 50%, em casos de NEM1), diagnóstico que só pode ser feito com certeza na presença de metástases, geralmente para fígado e linfonodos regionais. A recorrência após a ressecção do insulinoma ocorre em 7% dos casos esporádicos e em até 21% dos casos de NEM1. • Drogas: nesse caso, a hipoglicemia mais comum é a factícia, quando o paciente administra medicações com efeito hipoglicemiante direto, como a própria insulina ou os secretagogos (sulfanilureias e glinidas). Outro grupo de drogas são as que possuem efeito hipoglicemiante indireto, que são: glucagon, álcool, cloroquina, quinina, indometacina, lítio, pentamidina, artesunato, IECA, betabloqueadores, clofibrato e salicilato. A ocorrência de hipoglicemia nesses casos é bastante rara e, embora esses vários medicamentos tenham sido associados à ocorrência de hipoglicemia, para a maioria deles, a qualidade de evidências em relação a isso é baixa. • Glucagon: apesar de aumen tar a glicose, esse efeito é transitório, pois ocorre um pico de glicose, consumindo a reserva de glicogênio do organismo e, pos- teriormente, essa glicose vai reduzir novamente. Figura 2. Imagem figura- da de um insulinoma. Fonte: marina_ua/Shutterstock.com. Hipoglicemia em Não Diabéticos 10 • Álcool: reduz a neoglicogê nese e aumenta a secreção de insulina. Por esse motivo, é sempre indicado comer algo quando for consumir bebidas alcoólicas. • IECA: provoca o aumento das cininas, o que gera um aumen to na captação de glicose. • Betabloqueadores: blo queiam a ação adrenérgica, e a adrenalina é um dos mecanis mos de resposta do organis mo à hipoglicemia. • Salicilatos: aumentam a se creção e a sensibilidade da insulina. • Autoimune: Trata-se de uma rara causa de hipoglicemia que pode resultar de dois mecanismos prin cipais: (1) produção de autoanticorpos contra a insulina (doen- ça de Hirata); ou (2) produção de autoanticorpos contra o receptor da insulina (Síndrome da Resistência Insulínica tipo B). • Doença de Hirata: é uma do ença mais comum na popula ção japonesa e mais rara em países do Ocidente. Possui distribuição igual entre os gê neros, acometendo em maior escala indivíduos acima dos 40 anos. Em geral está associada a doenças autoimunes (sobre tudo a doença de Graves) ou ao uso de fármacos que con têm o grupamento sulfidrila, principalmente o metimazol. Pode ser precipitada também por infecções virais (p. ex., por Coxsackie B, sarampo, rubéola e hepatite C), doenças reumatológicas e neoplásicas. Tem intensidade variável, mas pode ser grave e levar ao coma. Nessa doença, o paciente produz um anticorpo contra a insulina, gerando uma hiperglicemia temporária. Essa hiperglicemia é interpretada pelo pâncreas como necessidade de produzir mais insulina e, quando esse anticorpo se desliga da insulina que ele estava bloqueando, ocorre uma hiperinsulinemia e, consequentemente, hipoglicemia. A hipoglicemia pode se manifestar em jejum ou ser exacerbada pela atividade física, no entanto, em geral, surge 3 a 4 horas após as refeições, quando ocorre a liberação tardia da insulina que estava ligada ao complexo insulina-anticorpo. • Síndrome da resistência in sulínica tipo B: também está associada a doenças autoimu nes (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico, tireoidite de Hashi moto e púrpura trombocitopê nica idiopática). Associa-se também a síndrome do ová- rio policístico devido à resistência insulínica. É comum o acha do de acantose nigricans, um marcador cutâneo de resis tência insulínica. Pode ocor rer no jejum ou pós-prandial e um dos mecanismos é devido ao efeito agonista do anticor po sobre o receptor insulínico, simulando a insulina, gerando a hipo- glicemia. No entanto, o principal mecanismo ocorre quando o anticorpo se liga ao receptor da insulina, não dei xando a insulina atuar naquele receptor. O pâncreas reconhe ce essa resistência insulínica e passa a produzir mais insulina e, quando o anticorpo se dis socia do receptor, toda essa insulina passa a agir e gerar hipoglicemia. Hipoglicemia em Não Diabéticos 11 • Tumor produtor de IGF-2: é um tumor raro, geralmente uma síndrome parane- oplásica, ou seja, originada em algum tumor maligno que o paciente possua (tumor mesenquimal, epitelial, de linhagem hematopoiética ou neuroendócrina). O que acontece é que esses tumores produzem o IGF-2, que simula a atuação da insulina, agindo no seu receptor. Se liga! Mesmo que no tumor produtor de IGF-2 a insulina “real” esteja baixa, o IGF-2 está exercendo o seu papel ao ter uma ação insulina-símile, provocando a hipoglicemia. Por isso, essa causa é classificada como hipoglicemia hiperinsulinêmica mesmo que, laboratorialmente, haja presença de baixa insulina circulante. • Hipoglicemia hiperinsulinêmica pancreatogênica não insulinoma (NIPHS): a NIPHS é muito menos frequente do que os insulinomas e ocorre predominante- mente no sexo masculino. É causada por uma alteração difusa no pâncreas com hipertrofia e hiperplasia das células das ilhotas, principalmente das células β (nesidioblastose). Essa neoformação de ilhotas de Langerhans vai produzir mais insulina quando estimulada por carboidratos. Isso pode ocorrerde maneira idio- pática ou, mais comumente, após cirurgia bariátrica devido à hiperestimulação do peptídeo semelhante a glucagon 1 (GLP-1) e do peptídeo inibidor gástrico (GIP). Então, nesses pacientes que realizaram a bariátrica, ocorre que, após realizar a refeição com carboidrato, o alimento vai direto para o jejuno, estimulando o GLP-1 e o GIP, que vão provocar uma secreção de insulina pelo pâncreas desproporcional à quantidade de glicose ingerida, gerando a hipoglicemia. Saiba mais! A nesidioblastose, em geral, surge na infância e estima- -se que represente 0,5 a 5% dos casos de hiperinsulinemia orgânica em adultos. Convém comentar que a concomitância de nesidioblastose com insulinoma ou tumor não funcionante de ilhotas já foi relatada. Hipoglicemia em Não Diabéticos 12 Saiba mais! Síndrome de Dumping: consiste em um esvaziamento rápido do conteúdo gástrico que, assim, chegará ao intestino delgado com grandes partículas de alimentos que não foram digeridos, e isso ocorre principalmente após cirurgias de redução de estômago. O paciente pode apresentar dois tipos de Dumping, o precoce, em que os sintomas aparecem de 30 a 60 minutos após as refeições, ou o tardio, em que eles irão aparecer somente após 1 a 3 horas depois de se alimentar. • Dumping precoce: o conteúdo hiperosmolar da dieta alcança a luz intestinal de forma muito rápida. Isso desencadeia uma translocação de fluidos para a luz intestinal, ocasionando uma resposta vasovagal, que se manifesta com taquicardia, sudorese, sensação de morte, sonolência etc. O uso de açúcares neste paciente piora o quadro. • Dumping tardio: após o alimento alcançar o intestino e ser absorvido, o pân- creas produz uma grande quantidade de insulina, o que leva o paciente a apresentar o quadro de hipoglicemia. O tratamento neste caso é realizado à base de açúcares. As hipoglicemias hiperinsulinêmicas ainda podem ser classificadas quanto ao mo- mento de ocorrência da hipoglicemia: em jejum, ocorrendo por insulinoma, hipoglicemia autoimune, hipoglicemia factícia e tumor produtor de IGF-2; e pós-prandial, ocorrendo na hipoglicemia hiperinsulinêmica pancreatogênica não insulinoma (NIPHS) idiopáti- ca e pós-cirurgia bariátrica. Como já explicado acima, as hipoglicemias pós-prandiais ocorrem por uma resposta exacerbada do pâncreas. Na hipoglicemia reativa, os pacientes costumam relatar sintomas pós-prandiais inespecíficos e sem evidência bioquímica de hipoglicemia verdadeira, mas com valores limítrofes (entre 60 e 70 mg/dl), após a ingestão de uma refeição rica em carboidratos e com resolução dos sintomas após modificação na dieta. Esses pacientes possuem uma exacerbação da resposta de queda da glicemia, mesmo que dentro da faixa fisio- lógica, possuindo sintomas mais intensos (mais tremor, mais taquicardia, por exemplo). Ocorre mais comumente em mulheres jovens. Se liga! O teste oral de tolerância à glicose (TOTG – 75 g de dextro- se) não tem valor para diagnóstico de hipoglicemia. Isto porque 75 g de glicose é um estímulo suprafisiológico que pode levar à hiperresponsividade pancreática. Até 10% dos indivíduos que não têm nenhum problema no pâncreas podem ter o valor da glicemia abaixo de 50 mg/dl no TOTG sem nenhum significado clínico. Hipoglicemia em Não Diabéticos 13 ETIOLOGIAS DA HIPOGLICEMIA EM PACIENTES NÃO DIABÉTICOS Hipoglicemia hiperinsulinêmica Aumento indevido da insulina Hipoglicemia autoimune Doença de Hirata Factícia: Insulina, secretagogos Síndrome da resistência insulínica tipo B Efeito hipoglicemiante indiretoProdução de autoanticorpos contra a insulina → população japonesa Autoanticorpos contra o receptor da insulina Glucagon, álcool, IECA, betabloqueador, salicilato, lítio, cloroquina, quinina, pentamidina, artesunato e clofibrato Insulinoma Drogas: factícia/medicamentosa Momento da hipoglicemia Jejum Tumor produtor de IGF-2 Insulinoma, autoimune, factícia e tumor produtor de IGF-2 Síndrome paraneoplásica Simula a ação da insulina Resposta exacerbada do pâncreas → muita insulina Mais comum em homens Nesidioblastose Hiperplasia e hipertrofia das ilhotas NIPHS Idiopática Pós-bariátrica Secreção de GLP-1 e GIP Mais comum Dumping Tardio1 a 3 horas após as refeições Precoce30 a 60 min após as refeições Pós-prandial NIPHS Hipoglicemia em Não Diabéticos 14 Hipoglicemia reativa Hipoglicemia hipoinsulinêmica Resolução dos sintomas após mudança na dieta Paciente doente Exacerbação da resposta fisiológica Sepse Falência hepática/renal Inanição Tremor, taquicardia, sudorese Neoplasias Carência deGH e cortisol Sem evidência bioquímica de hipoglicemia Valores limítrofes (60-70 mg/dl) Ausência de substrato Uso de álcool Deficiência hormonal TOTG não tem valor diagnóstico Cetótica Estímulo suprafisiológico Hálito cetônico Produção de cetoácidos como combustível para o cérebro Resolução dos sintomas após mudança na dieta Sem resposta ao glucagon Fonte: Autoria Própria. Hipoglicemia em Não Diabéticos 15 6. DIAGNÓSTICO Para realizar o diagnóstico de hipoglicemia, algumas etapas devem ser seguidas e a primeira delas é confirmar se a hipoglicemia é verdadeira, pois em uma pessoa sem diabetes a presença de um distúrbio hipoglicêmico não pode ser diagnosticada com con- fiança apenas com base em uma baixa concentração de glicose no plasma. Da mesma forma, os pacientes que apresentam apenas sintomas simpático-adrenais (ansiedade, fraqueza, tremor, transpiração ou palpitações), mas concentrações normais de glicose no plasma e têm resolução dos sintomas após a modificação da dieta, apresentam baixa probabilidade de apresentar um distúrbio hipoglicêmico, sendo esta combinação mais comum em pacientes com sintomas pós-prandiais, no caso da hipoglicemia reativa. Embora os sintomas autonômicos e neuroglicopênicos possam ser altamente su- gestivos de hipoglicemia, eles não podem ser atribuídos à hipoglicemia com confiança, a menos que a concentração plasmática de glicose seja baixa e os sintomas sejam aliviados quando aumentada a glicemia. Essa tríade de sintomas, uma baixa concen- tração de glicose no plasma e alívio pelo aumento da glicose no plasma, foi cunhada por Whipple em 1938 e leva seu nome, a tríade de Whipple: • Reconhecer que os sintomas do paciente podem ser causados por hipoglicemia; • Documentar que a concentração de glicose no plasma do paciente é baixa quando os sintomas estão presentes; • Demonstrar que os sintomas são aliviados pela correção da hipoglicemia através da administração de glicose ou glucagon. Se liga! É importante lembrar que uma glicemia abaixo de 40 mg/dl, mesmo que assintomática, já serve para diagnóstico de hipoglicemia. Após identificada a tríade de Whipple, devem ser realizados exames e testes diagnós- ticos para definir se trata-se de uma hipoglicemia hipoinsulinêmica ou hiperinsulinêmica para, então, definir a etiologia. As causas hipoinsulinêmicas devem ser pesquisadas primeiro, pois geral mente es- tão associadas a casos mais graves e são necessários menos exa mes para avaliá-las. Sendo assim, iremos buscar por uma disfunção or gânica ou hormonal. Para avaliar uma possível falência hepática ou renal do paciente, é importante solicitar exa mes como dosagem de albumina, ureia e creatinina, além de solicitar o coagulograma. É importan- te também observar se há carência de GH ou cor tisol (hormônios hiperglicemiantes). Hipoglicemia em Não Diabéticos 16 Ademais, deve-se avaliar na história clínica o uso de álcool e a presença de doenças graves como sepse e neoplasias. Excluídas as causas hipoinsulinêmicas, não se pode classificar a hipo glicemia di- retamente como hiperinsulinêmica. Antes disso, é importante avaliar o padrão dessa hipoglicemia: se ocorre em jejum, no pós-prandial ou nas duas situações. Para isso, al guns testes são utilizados: Teste do jejum prolongado: é utiliza do nos casos em que a hipoglicemia se manifes- ta no momento de jejumdo paciente. Para realizá-lo, o pacien te deve permanecer em jejum prolon gado por até 72h, sendo monitoriza do com glicemia capilar e cetonemia (devido àquela produção de cetoáci dos já explicada anteriormente), no entanto, pode ingerir água à vontade. Em um indivíduo normal, esse tem po prolongado de jejum não provoca uma glicemia inferior a 55 mg/dl. Ao início do teste, deve-se solicitar a dosagem de glicose; de insulina, visando des- cobrir se há algum distúrbio no organismo que esteja secretando insulina; de peptídeo C e pró-insulina, porque são metabólitos da insulina, servindo então para aumentar a sensibilidade e especificidade do teste; e cetonemia para avaliar a produção de cetoá- cidos, que ocorre com a baixa da glicose para suprir as demandas cerebrais. A monitorização ao longo do teste é realizada a cada 2 a 6 horas enquan to a glice- mia capilar for superior a 60 mg/dl; caso essa glicemia seja igual ou menor a 60 mg/ dl, deve-se monitorizar a cada 30 minutos a 1 hora, pois o paciente já está próximo de fazer hipoglicemia. O teste deve ser interrompido se o paciente apresentar sintomas com hipoglicemia inferior a 55 mg/dl; se a glicemia atingir um valor inferior a 40 mg/dl, mesmo o paciente estan do assintomático; ou se houver um aumento da cetonemia maior do que 1 mmol/l. É importante lembrar que na maior parte das vezes o teste não dura as 72 horas, pois mesmo em indiví duos normais o teste é interrompido pelo aumento da cetonemia, durando, habitualmente, de 12 a 24 horas. Ao fim do teste, deve-se solicitar no vamente a glicose, insulina, peptídeo C, pró-in- sulina, cetonemia, mas tam bém deve-se dosar sulfonilureias. Se liga! A alta concentração de sulfonilureias no sangue do paciente indica que ele pode estar fazendo uso desses medicamentos no intuito de forjar uma hipoglicemia para atingir um ganho secundário. Deve-se adicionar neste momento o Teste do Glucagon (1 mg), pois quando admi- nistrado o glucagon no paciente, caso ele tenha uma re serva hepática de glicogênio e esse fígado esteja funcionante, haverá uma resposta a esse glucagon. Por tanto, posso Hipoglicemia em Não Diabéticos 17 excluir uma hipoglice mia por baixa reserva de nutrientes ou hipoglicemia do paciente doente (hipoinsulinêmica). Ao avaliar os resultados dos exames solicitados ao final do teste, caso essa hipo- glicemia seja realmente hiperinsulinêmica, iremos encontrar: Insulina, peptídeo C e pró-insulina altos: se o paciente possui uma secreção excessiva de insulina, tanto ela quanto os seus metabólitos estarão em níveis elevados. • Insulina (> 3µU/ml); Peptídeo C (> 0,6 ng/ml); Pró-insulina (> 5 pmol/l). • Cetonemia negativa (ß-hidroxibutirato): a insulina alta bloqueia a produção de cetoácidos, por isso esse resultado virá negativo (<2,7 mmol/l). • Teste do glucagon virá positivo, com a glicose aumentando, pelo menos, 25 mg/dl, pois esse pa ciente possui uma reserva nutri cional, no entanto secreta muita insulina. Teste da refeição mista: é realizado para as hipoglicemias que ocorrem no período pós-prandial. Para realizá-lo, o paciente deve ingerir uma refeição com 400 kcal, sendo 60-65% de carboidrato, 10% de proteína e 25-30% de gordura durante, 10-15 minutos (a refeição padrão da maioria dos laboratórios é 80 g de pão, 10 g de manteiga, 20 g de geleia, 80 mL de leite desnatado, 10 g de açúcar e 2,5 g de café solúvel). O teste vai avaliar se essa refeição vai estimular uma queda da glicose do paciente. Mas por que não utilizar o TOTG? Como já dito anteriormente, o TOTG administra uma dose de glicose suprafisiológica, provocando uma hiperglicemia momentânea que in- dicará para o pâncreas uma necessidade alta de secreção de insulina, o que irá gerar uma hipoglicemia de rebote. A monitorização do paciente deve ser feita durante 5 horas, mensurando glicemia, insulina e peptídeo C a cada 30 minutos (10 dosagens). O teste deve ser interrompido antes das 5 horas completas se o paciente apresentar sintomas e hipoglicemia inferior a 55 mg/dl, ou hipoglicemia assintomática abaixo de 45 mg/dl. Caso contrário, o teste será interrompido após totalizadas as 5 horas. Ao avaliar os resultados dos exames solicitados ao final do teste, caso essa hipo- glicemia seja realmente hiperinsulinêmica, iremos encontrar os mesmos resultados encontrados no teste do jejum prolongado, sendo eles: • Insulina, peptídeo C e pró-insulina altos, pois se o paciente possui uma secreção excessiva de insulina, tanto ela quanto os seus metabólitos estarão em níveis elevados. Insulina (> 3μU/ml); Peptídeo C (> 0,6 ng/ml); Pró-insulina (> 5 pmol/l). • Cetonemia negativa (β-hidroxibutirato): a insulina alta bloqueia a produção de cetoácidos, por isso esse resultado virá negativo (<2,7 mmol/l). Hipoglicemia em Não Diabéticos 18 Se liga! No caso de o paciente apresentar hipoglicemia tanto em jejum quanto no período pós-prandial, pode-se realizar os dois testes. No entanto, geralmente o paciente possui um período (jejum ou pós-prandial) em que a hipo- glicemia é mais frequente ou é mais acentuada, nesses casos, pode-se realizar o teste direcionado. Ao constatar que a hipoglicemia é hiperinsulinêmica através desses testes, como diferenciar as etiologias? No insulinoma e no NIPHS tanto a insulina quanto seus metabólitos (peptídeo C e pró-insulina) estarão altos, pois o paciente está secretando muita insulina; a ce- tose virá negativa e haverá resposta ao glucagon. O que irá diferenciar essas duas etiologias serão os exames de imagem. De exames não invasivos, podem ser realizados: ressonância de pâncreas, USG e TC de abdome, octreoscan e 18F-DOTA PET. Destes, o USG é bem menos sensível do que os demais e o 18F-DOTA PET é o mais específico para tumores neuroendó- crinos. Essas imagens devem demonstrar a presença do insulinoma, confirmando essa etiologia. Na ausência de identificação do insulinoma nesses exames, devemos lançar mão de exames mais invasivos, como palpação ou USG intraoperatório, que é um método bem sensível, pois o próprio cirurgião irá avaliar a cavidade abdominal do paciente em busca do achado, podendo fazer uso do USG; e o cateterismo arterial pancreá- tico seletivo com infusão de cálcio, feito antes da cirurgia quando há dúvida entre uma hipoglicemia com imagem de pâncreas negativa, uma NIPHS ou um insulinoma com neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM-1), pois nesses casos podem haver tumores pequenos que não foram identificados em outros exames. Neste exame, o profissional irá cateterizar o paciente e, na artéria proximal ao pâncreas, fazer a injeção de cálcio para que este estimule o pâncreas a produzir insulina. A partir daí, irá avaliar se esse pâncreas vai produzir uma quantidade exacerbada de insulina em um local específico. Sendo assim, o profissional irá coletar insulina, glicose e cálcio de locais específicos para avaliar o pâncreas. Se houver um aumento desses valores maior do que duas vezes o normal no local irrigado pela artéria gastroduo- denal ou mesentérica superior, enten de-se que o tumor está localizado na cabeça ou corpo do pâncreas; se esse aumento for no local irrigado pela ar téria esplênica, a localização do tumor será na cauda do pâncreas. Hipoglicemia em Não Diabéticos 19 Se liga! Se a hipoglicemia do paciente for apenas de jejum, pode ser realizada a exploração cirúrgica, pois a chance de ser insulinoma é muito grande. Figura 4. TC de abdômen com presença de massa em pâncreas, provável insulinoma. Fonte: Tomatheart/Shutterstock.com. Hipoglicemia em Não Diabéticos 20 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE NIPHS E INSULINOMA POR IMAGEM NÃO INVASIVOS INVASIVOS RM de pâncreas Palpação ou USG intraoperatório Imagem de pâncreas negativa Ausência de identificação de insulinoma Tumor em cabeça ou corpo do pâncreas Tumor em cauda de pâncreas Cateterismo arterial pancreático seletivo com infusão de cálcio Octreoscan USG de pâncreas TC de abdome 18F-DOTA PET Mais específico NIPHS Insulinoma+ NEM1 Menos sensível Aumento > 2x em local irrigado por A. gastroduodenal e A. mesentérica superior Aumento > 2x em local irrigado por A. esplênica EXAMES DE IMAGEM OU Fonte: Autoria Própria. Na hipoglicemia gerada por adminis tração de sulfonilureia, novamente a insulina, o peptídeo C e a pró-insulina estarão altos, a cetose negativa e com resposta ao glucagon, repetindo o padrão do insulinoma e do NIPHS. No entanto, a sulfonilureia é dosável e virá com resultado positivo. Se o paciente estiver fazendo uso de insulina, o padrão será um pouco di ferente, pois apesar da insulina estar alta os seus metabólitos (peptídeo C e pró-insulina) estarão baixos porque eles só irão aparecer quando houver produção endógena de insulina, por tanto, a relação insulina/peptídeo C será maior do que 1. A cetose neste caso será negativa e haverá resposta ao glucagon. Hipoglicemia em Não Diabéticos 21 No caso da presença de autoanticorpos a insulina estará alta, pois quando os anti- corpos se ligam à insulina circulante, tornando-a ineficiente, o pâncreas secreta cada vez mais deste hormônio. O peptídeo C e a pró-insulina podem variar nesses casos, pois apesar de haver produção de insulina pancreática o anticorpo pode se ligar por tanto tempo à insulina que as concentrações de peptídeo C e pró-insulina já estão reduzidas. Com o peptídeo C e a pró-insulina baixos e a insulina elevada, o padrão fica idêntico ao do uso de insulina e a diferenciação é feita através da dosagem do anticorpo. O Tumor produtor de IGF-2 possui um padrão bem atípico e de fácil diagnóstico, pois o IGF-2 é dosável e estará em alta concentração. Nesse caso, a insulina e seus meta- bólitos estarão baixos, pois o IGF exercerá a ação da insulina. A cetose também estará bloqueada e a resposta ao glucagon é variável, na maioria das vezes estando presente. Apenas a título de comparação, é importante lembrar o padrão das causas hipoinsuli- nêmicas. Como o próprio nome já diz, insulina, peptídeo C e pró-insulina estarão baixos, a cetose estará positiva, pois não há insulina para bloquear a produção de cetoácidos e não haverá resposta ao glucagon porque o paciente possui uma carência de substrato. Na prática! "Morte por envenenamento através da administra- ção da insulina: uma revisão" [...] A identificação e a determinação acurada da insulina, do peptídeo C e da pró- -insulina no plasma ou no soro, têm papel chave em estabelecer o culpado ou o inocente em muitos casos de homicídio por insulina. Em hipoglicemia devido à se- creção endógena de insulina, a relação molar entre o peptídeo C e insulina perma- nece na proporção de 3:1 ou mais na circulação. Em hipoglicemias ocasionadas pela administração exógena de insulina, a secreção de peptídeo C está suprimida, e a relação molar peptídeo C/insulina cai abaixo de 1. Embora seja útil como meio de diferenciar a hipoglicemia induzida por insulina endógena da exógena, a relação molar peptídeo C/insulina plasmática somente pode ser interpretada efetivamente quando coletada em conjunto com a glicose plasmática e as concentrações abso- lutas dos dois peptídeos na mesma amostra de sangue. Hipoglicemia em Não Diabéticos 22 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DAS HIPOGLICEMIAS SUSPEITA DE HIPOGLICEMIA TRÍADE DE WHIPPLE? Disf. Orgânica/ hormonal? Padrão da hipoglicemia Padrão da hipoglicemia Como diferenciar as etiologias? Causas hipoinsulinêmicas Deficiência hormonal GH, cortisol Doença grave (sepse) História clínica → anamnese Falência hepática/ renal Jejum Pós-prandial Jejum + pós-prandial Albumina, coagulograma, ureia, creatinina Teste do jejum prolongado Teste da refeição mista Pode fazer os dois testes Álcool História clínica → anamnese Inanição (neoplasias) Buscar concentrações de: Peptídeo C Cetose Insulina Pró-insulina Glucagon Outros História clínica → anamnese Insulinoma e NIPHS ↑ ↓ ↑ ↑ ↑ Imagem Uso de insulina ↓ ↓ ↑ ↓ ↑ Relação insulina/ peptídeo C > 1 Tumor produtor de IGF-2 ↓ ↓ ↓ ↓ ↑ / ↓ IGF-2 alto Sulfonilureia ↑ ↓ ↑ ↑ ↑ Dosável Anticorpo ↑ / ↓ ↓ ↑ ↑ / ↓ ↑ Dosável Hipoinsulinêmica ↓ ↑ ↓ ↓ ↓ Eixo hormonal/ câncer Pseudo-hipoglicemia NÃO NÃO SIM + + + Fonte: Autoria Própria. Hipoglicemia em Não Diabéticos 23 7. TRATAMENTO O tratamento da hipoglicemia tem como objetivo controlar a glicemia, ali viar os sin- tomas clínicos e tratar a do ença de base, evitando, assim, a ocor rência de novas crises. Dependendo da etiologia, consiste em suspensão do fármaco indutor da hipoglicemia, mudanças alimentares e tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico. Tratamento do insulinoma A cirurgia é o tratamento de escolha para os insulinomas e possibilita cura de 77 a 100% dos casos. A enucle ação do tumor, quando possível, é a técnica de escolha. Pancreatectomia mais extensa está indicada se houver múltiplos adenomas ou microa- denomatose. A duodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple) pode ser ne cessária para pacientes com tumo res da cabeça do pâncreas. Quando as lesões não são aparentes, mesmo com a ultrassonografia intraoperatória, uma ressecção sequencial que começa pela cauda do pâncreas é a conduta adotada por muitos cirurgiões. A pancreatecto- mia total não é recomendável e, em alguns centros, utiliza-se a via laparoscópica para ressecção de insulinomas. Caso o tu mor seja maligno, o procedimento de escolha é a quimioembolização com exérese do tumor primário. O espe rado é que, dentro de 20 minutos da ressecção tumoral bem-sucedida, os níveis de insulina se normalizem, e a relação insulina/glicose seja ≤ 0,4. Durante a cirurgia, todo o pâncreas deve ser palpado e mobilizado. Isso se deve ao fato de que até 20% dos pacientes com hiperinsulinemia têm tumores múltiplos ou nesidioblastose. Em uma série da Mayo Clinic, 87% dos pacientes obtiveram cura após a primeira cirurgia. O percentual de recidiva cumulativa pós-cirúrgica, como já dito anteriormente, foi de 5% com 10 anos e 7% com 20 anos, nos casos esporádicos. Em pacientes com NEM-1, esses percentuais foram de 21%. Ocorreram recidivas em até 18 anos após o procedimento. O tratamento medicamentoso habitualmente é indicado para os pacientes que recusem a cirurgia ou apresentem contraindicação, ou ainda para aqueles que não respondem adequadamente à cirurgia (localização tumoral mal sucedida ou presença de metástases). As opções farmacológicas são: • Diazóxido: é considerado o medi camento de escolha, mas não é co mercializado no Brasil. A dose ini cial recomendada é de 300 a 400 mg/dia, VO, em 2 a 3 toma- das, até um máximo de 1.200 mg/dia. Age de forma a inibir a secreção de in sulina por estímulo dos receptores alfa-adrenérgicos na célula beta, além de aumentar a glicogenólise. Os efeitos colaterais do fármaco, sobretudo intolerância gástrica, retenção hídrica, edema e hirsutis mo, limitam seu uso prolongado. Hipoglicemia em Não Diabéticos 24 • Hidroclorotiazida: na dose de 12,5 a 25 mg/dia, pode ser adi cionada ao diazóxido com o qual tem sinergismo por sua ação hi perglicemiante. Previne, também, a retenção hídrica induzida pelo diazóxido. • Bloqueadores dos canais de cál cio não diidropiridínicos: exis tem alguns relatos de tratamentos bem-sucedidos com nifedipino, verapamil ou diltiazem ao reduzi- rem a secreção de insulina pelas células ß do pâncreas. • Análogos da somatostatina: fo ram relatados casos de insulino mas não curados pela cirurgia ou insulinomas metastáticos que res ponderam de modo favorável ao uso de octreotida LAR (Sandostatin LAR®, 20 a 30 mg, IM, men salmente). Tal resposta se deve ao fato de que até 70% dos insulino mas apresentam receptores somatostatínicos. Esse tratamento tem maior eficácia nos casos de tumores visualizáveis por meio da cintilografia com In-pentetreotida (OctreoScan®), o que ocorre em 50 a 60% dos casos. Em um caso de insulinoma metastático, foi re latado o sucesso da combinação de octreotida LAR e verapamil. A associaçãobem-sucedida de lan reotida autogel e cabergolina no tratamento de insulinomas as sociados à NEM-1 também foi relatada. Uma outra opção para o tratamen to do insulinoma é a modificação da dieta, evitan- do períodos de jejum pro longado e adicionando uma alimenta ção mais rica em fibras e carboidratos complexos para que a absorção seja mais lenta, não provocando um pico de insulina. Tratamento da hipoglicemia autoimune Em primeiro lugar, é necessário identificar qual anticorpo o paciente está produzindo e o que está levando a essa produção. No caso do anticorpo anti-insulina, é importante atentar para o uso de medicações como metimazol e diltia zem, que podem levar à sua produ ção, além de tumores malignos como o melanoma. Na produção de IGF-2, deve-se pes quisar por tumores de linhagem epite lial (hepatocelular, estômago, pulmão, cólon e pâncreas) e mesenquimal (mesotelioma, hemangiopericitoma, tumor fibroso solitário e fibrossarcoma) que podem estar levando à essa produção. Nesses dois casos, o tratamento re comendado é o uso de corticoide para redução dos anticorpos e do IGF-2 (prednisona 0,5 a 1 mg/kg). Tratamento do NIPHS/ Pós-bariátrica A primeira opção para este tratamen to é o ajuste nutricional com redução de líquidos nas refeições, pois isto faz com que o alimento chegue mais rá pido no duodeno. Além da redução da ingestão de líquidos, também é importante a adição de proteína e o não consumo de açúcares livres, pois promovem um pico de glicemia, pro vocando o pico de insulina e, conse quentemente, hipoglicemia. Hipoglicemia em Não Diabéticos 25 Para casos refratários, pode ser uti lizada a acarbose 25 a 100 mg an tes das refeições. Apesar de ser uma medicação utilizada no diabetes, sua ação é impedir parcialmente o açúcar de ser absorvido pelo intestino ao se ligar nas dissacaridases. Dessa forma, o carboidrato é absorvido mais lenta mente ou nem é absorvido e, devido a isso, a secre- ção de insulina é diminu ída. Outras três opções são o diazóxido 50 a 100 mg antes das refeições, os análogos da somatostatina 100 mg, 3 vezes ao dia, via subcutânea, além dos BCC’s, que são os mesmos medicamentos utilizados no insuli noma. A liraglutida também pode ser utilizada neste caso, com o racional parecido com o da acarbose, uma vez que a liraglutida retarda o esvazia mento gástrico, fazendo com que a absorção dos carboidratos seja mais lenta e não haja pico de glicose e de insulina. Tratamento da hipoglicemia reativa Baseia-se na melhora do padrão nutricional, evitando passar longos tempos em jejum, reduzindo líquidos nas refeições, adicionando proteína na dieta e trocando os açúca- res por adoçante e/ou frutose, tudo isso com intuito de reduzir o pico de glicose que gera o pico de insulina e, consequentemente, a hipoglicemia. Caso não haja melhora, a acarbose também pode ser utilizada. Hipoglicemia em Não Diabéticos 26 TRATAMENTO DA HIPOGLICEMIA EM PACIENTES NÃO DIABÉTICOS Medicamentos Cirurgia Melhora do padrão nutricional Em casos refratários Hidroclorotiazida Enucleação do tumor BCC Tumores da cabeça do pâncreas Diazóxido Análogos da somatostatina Quimioembolização Evitar longos períodos de jejum Evitar longos períodos de jejum Adicionar proteína e trocar açúcar por adoçante e/ou frutose Adicionar proteína e trocar açúcar por adoçante e/ou frutose Acarbose BCC Sinergismo com diazóxido Técnica de escolha Reduz secreção de insulina Cirurgia de Whipple Exérese do tumor primário Não vende no Brasil Insulinomas possuem receptores somatostatínicos Verapamil, diltiazem Tumores malignos Inibe secreção de insulina e aumenta glicogenólise Efeitos colaterais: edema, hirsutismo, intolerância gástrica Reduzir líquidos nas refeições Reduzir líquidos nas refeições Diazóxido Liraglutida Análagos da somatostatina Em casos refratários: acarbose Melhora do padrão nutricional NIPHS/Pós-bariátrica Hipoglicemia reativa Controlar a glicemia Objetivos Aliviar os sintomas Tratar a doença de base Previne novas crises Buscar causas Anticorpo anti-insulina IGF-2 Medicamentos (metimazol e diltiazem) e melanoma Prednisona Redução de anticorpos e IGF Tumores de linhagens epitelial e mesenquimal Autoimune Dieta Evitar longos períodos de jejum Adicionar fibras e carboidratos complexos Insulinoma Fonte: Autoria Própria. Hipoglicemia em Não Diabéticos 27 HIPOGLICEMIA EM PACIENTES NÃO DIABÉTICOS Hipoinsulinêmica: avaliar albumina, coagulograma, ureia, creatinina, GH, cortisol, infecção e neoplasia Tríade de Whipple Definir etiologia Sintomas de hipoglicemia Exames de imagem, dosagem de sulfonilureia, anticorpo e IGF também podem ser feitos Testes diagnósticos Jejum: teste do glucagon Avaliar: insulina, peptídeo C, pró-insulina, cetonemia, glucagon Glicemia < 40 mg/dl em assintomáticos Tríade de Whipple Jejum: teste do jejum prolongado Pós-prandial: teste da refeição mista Definir se é hiperinsulinêmica. Alteração laboratorial da glicemia (< 55 mg/dl) Alívio dos sintomas com glicose Diagnóstico Definição ↓ Insulina ↑ Glucagon ↑ Adrenalina e acetilcolina Autoimune Reativa NIPHS Prednisona Dieta e medicamento (acarbose) Dieta e medicamentos (diazóxido, BCC, análogos da somatostatina, liraglutida e acarbose) Insulinoma Cirurgia, dieta e medicamentos (diazóxido, BCC, hidroclorotiazida, análogos da somatostatina) Tratamento Respostas à hipoglicemia Hipoinsulinêmicas Paciente doente Sem resposta ao glucagon Reativa Paciente saudável, não cetótica e responde a glucagon Falência hepática/renal; disfunção hormonal; sepse; neoplasias Cetótica Sintomas pós-prandiais específicos Insulinoma; Factícia/ medicamentosa; Autoimune; Tumor produtor de IGF; NIPHS Hiperinsulinêmicas Etiologias Glicemia < 20 mg/dl: morte neuronal Glicemia < 27 mg/dl Glicemia < 54 mg/dl: sintomas neuroglicopênicos Adrenérgicos: tremor, palpitação, palidez, dilatação de pupila. Colinérgico: sudorese, boca seca e fome Disfunção cognitiva, convulsão e coma Confusão mental, dificuldade de raciocínio e fala, ataxias, parestesias, visão borrada Sintomas autonômicos Manifestações clínicas Fonte: Autoria Própria. Hipoglicemia em Não Diabéticos 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Endocrinologia Clínica, 6ª ed. UpToDate (F. Jonh Service: Hipoglicemia em adultos sem diabetes mellitus – manifes- tações clínicas, diagnóstico e causas). Endocrine Society (ES): Clinical practice guideline on diabetes technology – Continuous subcutaneous insulin infusion therapy and continuous glucose monitoring in adults (2016). Marcos Moraes Biancalana, Death by poisoning through ministration of insulin: a review. BIANCALANA, M. M.; ZERBINI, T. Morte por envenenamento através da administração da insulina: uma revisão. Saúde Ética & Justiça , [S. l.], v. 16, n. 1, p. 18-29, 2011. DOI: 10.11606/issn.2317-2770.v16i1p18-29. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ sej/article/view/45774. Acesso em: 2 jan. 2023. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www. shutterstock.com/pt/image-vector/pancreatic-cancer-concept-medical-vector-illus- tration-1240247731 >. Acesso em: 02 de janeiro de 2023. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www. shutterstock.com/pt/image-photo/cross-sectional-ct-scan-contrast-media-1201752586 >. Acesso em: 02 de janeiro de 2023. sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados. Sanar Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770 1. INTRODUÇÃO 2. EPIDEMIOLOGIA 3. FISIOLOGIA DA DEFESA CONTRA HIPOGLICEMIA A glicose Respostas à hipoglicemia 4. MANIFESTAÇÕESCLÍNICAS 5. ETIOLOGIAS DAS HIPOGLICEMIAS 6. DIAGNÓSTICO 7. TRATAMENTO Tratamento do insulinoma Tratamento da hipoglicemia autoimune Tratamento do NIPHS/ Pós-bariátrica Tratamento da hipoglicemia reativa