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Funções 
Superiores 
do Sistema 
Nervoso 
Central
SUMÁRIO
1. Divisões .............................................................................................................3
Divisão filogenética ................................................................................................... 20
Neocórtex ................................................................................................................... 20
Camadas do neocórtex .............................................................................................. 21
Arquicórtex ................................................................................................................. 23
2. Eletroencefalograma (EEG) ...............................................................................25
3. Sono .................................................................................................................26
4. Dominância cerebral e linguagem .....................................................................27
5. Transferência inter-hemisférica ......................................................................31
6. Aprendizado e memória ...................................................................................32
Referências .......................................................................................................................37
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   3
1. DIVISÕES
O córtex cerebral é dividido em dois hemisférios, o hemisfério direito e o hemisfé-
rio esquerdo. 
O tecido neuronal é organizado em giros (“dobras”), os quais são separados por 
sulcos, quando são depressões rasas, ou fissuras, quando são espaços mais profun-
dos no tecido neuronal. 
Figura 1: Vista lateral de um hemisfério cerebral organizado em giros e fissuras que separam lobos 
em cores diferentes.
Fonte: Andrii_M/Shutterstock.com
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   4
 Saiba mais! Essa organização em giros nada mais é que uma ma-
neira encontrada pelo Sistema Nervoso Central (SNC) de “economizar” espaço, 
permitindo que o córtex cerebral tenha uma grande superfície ocupando um 
pequeno volume, relativamente. Sabe-se que cerca de 2/3 da área ocupada pe-
lo córtex está “escondida” pelos giros. 
Essa mesma organização pode ser encontrada no Trato Gastrointestinal (TGI) 
pelo intestino, por exemplo.
Além disso, o córtex cerebral pode ser dividido em lobos, sendo eles: Lobo Frontal, 
Lobo Parietal, Lobo Temporal e Lobo Occipital. 
Figura 2: Secção mediana do cérebro.
Fonte: NatthapongSachan/Shutterstock.com
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   5
Sulcos e Fissuras específicos são responsáveis pela divisão entre esses lobos 
cerebrais. A Fissura Lateral é responsável pela separação entre o Lobo Frontal e 
Parietal do Lobo Temporal. O Sulco Central é responsável pela separação do Lobo 
Frontal do Lobo Parietal. A Fissura Parieto-Occipital, por sua vez, é responsável pela 
divisão entre o Lobo Parietal e o Lobo Occipital, como o seu próprio nome sugere. 
 Saiba mais! Muitos sulcos e fissuras são inconstantes, não rece-
bendo quaisquer denominações. Entretanto, existem outros mais constantes 
que recebem denominações especiais, auxiliando na delimitação dos lobos e 
áreas cerebrais. 
Além dos supracitados, podemos ressaltar: sulco pré-central, sulco frontal su-
perior, sulco frontal inferior, sulco temporal superior, sulco temporal inferior, 
sulco pós-central, sulco intraparietal, sulco calcarino, sulco do corpo caloso, 
sulco do cíngulo, sulco occipito-temporal, sulco colateral, sulco do hipocampo. 
A Ínsula ou Giro Insular é uma região normalmente não inserida nos lobos cere-
brais, que pode ser encontrada profundamente na Fissura Lateral, invisível em uma 
visão exterior. 
 Se liga! No córtex insular anterior se encontra o córtex gustativo 
primário. Portanto, a ínsula tem grande importância para a via gustativa! 
Além disso, também possui outras funções somestésicas e ligadas às emoções, 
tendo uma importante conexão com o giro do cíngulo.
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   6
 Saiba mais! Os impulsos gustatórios surgem nos 2/3 anteriores da 
língua, passando inicialmente pelo nervo lingual e seguindo pelo ramo corda do 
tímpano do nervo facial (NC VII), chegando por fim ao núcleo do trato solitário, en-
contrado no tronco encefálico. Sensações gustatórias oriundas de outras regiões 
da boca e cavidade oral são transmitidas até o núcleo do trato solitário pelos ner-
vos glossofaríngeo (NC IX) e vago (X). 
Os núcleos do trato solitário contêm neurônios que se projetam para o núcleo ventral 
posteromedial do tálamo. Essa região do tálamo é importante para a percepção de 
diversos níveis sensórios que por ela passam. Inclusive, todos os níveis sensoriais 
passam pelo tálamo (relé talâmico), com exceção da via olfatória! 
Do tálamo se projetam neurônios para a extremidade inferior do giro pós-central 
no córtex cerebral, onde penetram na fissura lateral e na área insular opercular. 
As vias gustatórias cursam de forma paralela às vias somatossensoriais; por 
exemplo, o “tato” da língua! 
Existem outras estruturas importantes do SNC que não podemos esquecer, co-
mo o Hipocampo, representante do Sistema Límbico, relacionado com a memória e 
emoções. Podemos também citar o Corpo Caloso, importante estrutura de transfe-
rência de informações entre os hemisférios cerebrais. 
O sistema límbico é o circuito neuronal que controla o comportamento emocional 
e as forças motivacionais, sendo composto pelo hipotálamo e outras estruturas sub-
corticais, como a área septal, o núcleo anterior do tálamo, parte dos gânglios da ba-
se, hipocampo e amígdala. Além disso, o sistema límbico também é composto por 
uma estrutura cortical “em anel”, começando pela área orbitofrontal (lobo frontal), 
seguindo para o giro subcaloso, giro cingulado, giro para-hipocâmpico e úncus, por 
fim. 
O hipotálamo é responsável pelo controle comportamental e de condições inter-
nas do corpo, chamadas de funções vegetativas do cérebro, como a temperatura 
corporal, a osmolalidade dos líquidos corporais, os desejos de comer e beber, bem 
como o controle do peso corporal, exercendo influência diretamente sobre o compor-
tamento humano. A estimulação do hipotálamo pode gerar reações de “raiva e luta” 
ou saciedade, diminuição da alimentação e tranquilidade ou medo e punição ou de-
sejo sexual, a depender da área do hipotálamo estimulada. 
O hipocampo, por sua vez, é um canal pelo qual os sinais sensoriais que chegam 
podem iniciar reações comportamentais diferentes. A estimulação de diferentes 
áreas do hipocampo pode levar a diferentes padrões comportamentais, como pra-
zer, raiva, passividade ou excesso de desejo sexual. Além disso, o hipocampo pos-
sui grande importância no aprendizado, sendo que lesões hipocampais implicam 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   7
perda da memória de longo prazo, ou seja, amnésia anterógrada, a incapacidade de 
aprender. 
O Córtex Límbico funciona como uma zona de transição para sinais transmitidos 
pelo restante do córtex, ou seja, é basicamente uma área associativa cerebral de 
controle de comportamento. 
Figura 3: Sistema límbico.
Fonte: Vasilisa Tsoy/Shutterstock.com 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   8
MAPA MENTAL: DIVISÃO GERAL DO CÓRTEX CEREBRAL
DIVISÃO GERAL 
DO CÓRTEX
Giros
Hemisférios 
direito e esquerdo
Maior área em 
menor volume
 Lobos
Frontal
Parietal
Temporal
Occipital
Ínsula
Profundamente na 
fissura lateral 
Córtex gustativo 
primário 
Sulcos e Fissuras 
Outros: Fissura 
longitudinal, sulco 
pré-central, sulco pós-
central, sulco calcarino, 
entre outros. 
Sistema Límbico Comportamento emocional e memória 
Hipocampo, área 
septal, tálamo, 
gânglios da base, 
hipotálamo e amígdala 
Sulco Central
Fissura Lateral
Fissura 
Parieto-
occipital
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   9
Lobo Frontal
Esse lobo é importantepara o comportamento motor, envolvendo a área motora, 
pré-motora e suplementar motora. 
O córtex motor primário se situa no giro pré-central, anterior ao Sulco Central, no 
lobo frontal. Ele se inicia lateralmente acima da fissura lateral, estendendo-se até 
a parte mais alta do hemisfério cerebral e se aprofundando na fissura longitudinal. 
Existe uma representação topográfica dos diferentes grupamentos musculares do 
corpo no córtex motor primário. A estimulação do córtex motor, em geral, excita mo-
vimentos específicos não apenas um músculo, mas de um grupamento deles. 
 Se liga! A organização topográfica dos grupamentos muscula-
res no córtex motor primário é visualizada com mais detalhes no Homúnculo 
Motor de Penfield, que mapeia e demonstra graus de representação das dife-
rentes áreas musculares, tanto em localização quanto em “número de neurô-
nios” utilizados para determinada área. 
Por exemplo, mais da metade de todo córtex motor primário está relacionado 
ao controle dos músculos das mãos e da fala, denotando a importância relativa 
dessas áreas motoras! 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   10
Figura 4: Grau de representação dos diferentes músculos do corpo no córtex motor, através do ho-
múnculo motor ou de Penfield.
Fonte: Vasilisa Tsoy/Shutterstock.com
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   11
 Aplicação clínica A lesão do córtex motor primário implica 
graus variáveis de paralisia dos músculos representados pelo território afetado. 
A principal perda ocorre com relação ao controle voluntário de movimentos fi-
nos dos segmentos distais, como mãos e dedos. 
Além disso, por exercer efeito estimulador tônico contínuo sobre os neurônios 
motores da medula espinhal, ao perder esse efeito, ocorre hipotonia generali-
zada. 
Caso outras áreas sejam afetadas pela lesão, ocorrerão outras apresentações 
clínicas, como, por exemplo, a afecção dos núcleos da base que gera es-
pasmos musculares do lado oposto ao afetado. Usualmente, essas vias são 
responsáveis por inibir núcleos motores vestibulares e reticulares do tronco en-
cefálico; porém, se lesados, esses núcleos permanecem ativos, causando um 
tônus espástico antes inexistente.
A área pré-motora está imediatamente anterior ao córtex motor primário e possui 
uma distribuição topográfica semelhante a ela. Os sinais neurais gerados na área 
pré-motora geram padrões complexos de movimentos, primeiramente através de 
uma “imagem motora” do movimento muscular que deve ser realizado, em seguida 
excitando-se cada padrão de atividade muscular necessário para a execução do mo-
vimento, que por fim é realizado por estimulação direta do córtex motor primário. 
Em exemplo, eu quero levantar meu braço. Minha área pré-motora é responsável 
pela criação da imagem de meu braço levantado, como um “plano”, para que possa 
estimular o córtex motor primário a recrutar os grupamentos musculares específicos 
para realizar as movimentações necessárias até que o braço por fim seja levantado. 
 Saiba mais! Os neurônios-espelho são uma classe especial de 
neurônios encontrados no córtex pré-motor que ficam ativos quando um indi-
víduo executa uma tarefa motora específica ou quando ele observa a tarefa ser 
executada por outrem. Sendo assim, os neurônios-espelho podem ser respon-
sáveis por entender as ações de outras pessoas e adquirir novas habilidades 
por imitação!
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   12
A área motora suplementar se situa na fissura longitudinal, mas se estende ligei-
ramente até o córtex frontal superior. As contrações desencadeadas por essa área 
costumam ser bilaterais, em divergência com as demais áreas motoras corticais. Em 
geral, essa área funciona para possibilitar a postura geral, bem como movimentos 
de fixação, movimentos de posição da cabeça e dos olhos, ou seja, uma base para o 
controle motor mais fino dos braços e das mãos realizados pelas outras áreas mo-
toras. Um exemplo de movimento gerado pela área motora suplementar é o ato de 
agarrar algo simultaneamente com ambas as mãos, como um goleiro faz ao agarrar 
uma bola. 
Além disso, a Área de Broca é uma importante área da linguagem situada no lobo 
frontal, sendo responsável pela geração e articulação da fala.
Por fim, a personalidade e comportamentos do indivíduo possuem seus centros 
de controle também no lobo frontal. A área pré-frontal compreende a parte anterior 
não motora do lobo frontal. 
Um vasto número de conexões estabelecidos entre essa área e outras áreas cor-
ticais, núcleos talâmicos, amígdala, hipocampo, núcleos da base, cerebelo, tronco 
encefálico, além dos sistemas modulatórios de projeção difusa, permite que a área 
pré-frontal exerça funções coordenadoras das funções neurais, sendo a principal res-
ponsável por nosso comportamento inteligente, estando relacionada com a atenção, 
planejamento, solução de problemas e comportamentos sociais. 
MAPA MENTAL: ÁREAS MOTORAS CORTICAIS
ÁREAS 
MOTORAS 
CORTICAIS 
Córtex Motor 
Primário
Córtex 
Pré-motor
Córtex motor 
suplementar 
Giro pré-central
Representação topográfica 
muscular (Homúnculo de Penfield)
Lesão: paralisia (variável), 
hipotonia e espasticidade
Imagem motora 
Estimulação direta do córtex 
primário para execução do 
movimento planejado
Neurônios-espelho
Contrações bilaterais 
Postura, movimentos de fixação 
e de posição da cabeça e olhos 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   13
 Saiba mais! As principais informações que temos sobre o papel 
da área pré-frontal têm relação com experiências em animais e pela observa-
ção de casos clínicos em que houve lesão dessa área. 
Um dos mais famosos casos de lesão da área pré-frontal ocorreu em 1868, quan-
do um funcionário de uma ferrovia teve seu córtex pré-frontal destruído por uma 
barra de ferro. Antes do acidente, ele era uma pessoa conhecida por sua responsa-
bilidade e seriedade. Após o acidente, passou a apresentar falta de senso sobre as 
suas responsabilidades sociais, sendo diversas vezes demitido, falando obscenida-
des em situações sérias, entre outras alterações de comportamento. 
 Saiba mais! Diversos estudos sobre o traumatismo craniano 
envolvendo o lobo frontal, principalmente as regiões medial e orbitofrontal, de-
monstram a ocorrência de mudanças no padrão emocional e sóciocomporta-
mental de indivíduos após o trauma. 
Além disso, a Lobotomia e a Leucotomia cerebral, também chamadas de “psi-
cocirurgias”, eram duas técnicas neurocirúrgicas que intentavam eliminar deter-
minadas doenças mentais ou modificar “comportamentos inadequados”. Foram 
idealizadas concomitantemente pelos neurologistas americanos Walter Freeman 
(1895-1972) e James Winston Watts (1904-1994), da George Washington 
University, e pelos neurologistas portugueses Antonio Caetano de Abreu Freire 
Egas Moniz (1874-1955), seu assistente Almeida Lima e pelo psiquiatra Cid 
Sobral, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. 
Mesmo após a técnica vir a ser proibida com o Código de Nuremberg em 1947, 
Egas Moniz ganhou o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1949. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   14
Lobo Parietal
O Lobo parietal possui uma importante conexão com o córtex somatossensorial. 
Todo processamento e geração da percepção sensorial é realizado no lobo parietal. 
A área somestésica primária, ou córtex somatossensorial, está localizada no giro 
pós-central (ou seja, após o sulco central). Nessa área chegam radiações talâmicas 
oriundas do núcleo ventral posterolateral e posteromedial, trazendo impulsos nervo-
sos relacionados à temperatura, dor, pressão, ao tato e à propriocepção consciente 
da metade oposta do corpo. Existe correspondência entre as partes do corpo e a 
área somestésica (somatotopia), também existindo um “homúnculo sensitivo”, com 
as regiões do corpo distribuídas de forma semelhante à distribuição topográfica 
motora. 
MAPA MENTAL: LOBO FRONTAL
LOBO 
FRONTAL
Córtex motor Área de Broca Área pré-frontal
Córtex motor primárioCórtex pré-motor
Córtex motor 
suplementar 
Articulação da fala Personalidade e comportamentos
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   15
 Se liga! Lesões da área somestésica podem ocorrer, em exemplo 
de eventos cerebrovasculares, como um AVC. Nesse caso, ocorre perda da sen-
sibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. Apesar de ser capaz de distin-
guir as diferentes modalidades de estímulo, o indivíduo é incapaz de localizar a 
parte do corpo tocada ou de distinguir graus de temperatura, peso e textura de 
objetos tocados. Portanto, o paciente perde a estereognosia, ou seja, a capaci-
dade de reconhecer objetos colocados em suas mãos. 
Cabe ressaltar que algumas modalidades de sensibilidade se tornam cons-
cientes em nível talâmico, como o tato protopático e a sensibilidade térmica 
e dolorosa; portanto, permanecem praticamente inalterados em situações de 
lesão do córtex somatossensorial.
Além disso, o córtex parietal é um córtex de associação, gerando muitas cone-
xões entre os lobos. Por exemplo, o córtex parietal emite diversas conexões frontais, 
de forma a ligar o sistema somatossensorial com o sistema motor, gerando respos-
tas corticais integradas. Outro exemplo é a conexão entre a Área de Broca e a Área 
de Wernicke, outra região da linguagem muito importante que será explanada mais à 
frente. Ambas as áreas da linguagem são conectadas pelo Fascículo arqueado, parte 
do fascículo longitudinal anterior.
Lobo Occipital
O lobo occipital possui uma grande importância para o sistema visual, gerando o 
processamento e percepção visual através da área cortical da visão. 
Com os raios luminosos que incidem na retina, gerando a fototransdução, células 
fotossensíveis (os cones e bastonetes) estabelecem sinapse com as células bipo-
lares, que, por sua vez, fazem sinapse com as células ganglionares, cujos axônios 
constituem o nervo óptico. O nervo óptico passa pela papila óptica, local por onde 
também penetram os vasos retinianos. 
Os nervos ópticos dos dois lados convergem para formar o quiasma óptico, onde 
as fibras visuais se cruzam parcialmente e se destacam, formando dois tratos óp-
ticos, os quais terminam nos corpos geniculados laterais. Como consequência da 
decussação parcial das fibras visuais no quiasma, pode-se concluir que o hemisfério 
cerebral de um lado se relaciona com as atividades sensitivas do lado contrário!
As fibras que saem do quiasma óptico podem ser retino-hipotalâmicas (seguem 
para o núcleo supraquiasmático do hipotálamo, sendo importantes para a sincroni-
zação do ritmo circadiano com o ciclo dia-noite), retinotectais (seguem do corpo ge-
niculado lateral para o colículo superior do mesencéfalo, estando relacionadas com 
reflexos de movimentos dos olhos ou das pálpebras desencadeados por estímulos 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   16
visuais), retino-pré-tectais (de forma semelhante, seguem até a área pré-tectal, es-
tando relacionadas com reflexo fotomotor direto e consensual) e retinogeniculadas 
(são as fibras mais importantes; fazem sinapse com os últimos neurônios da via óp-
tica, possuindo relação direta com a visão).
Os axônios dos neurônios do corpo geniculado lateral formam a radiação óptica, 
seguindo até os lábios do sulco calcarino no lobo occipital, área cortical primária da 
visão. 
O conhecimento da via óptica, bem como da sua formação, torna possível o en-
tendimento sobre as lesões nela, assim como as suas consequências. 
Figura 5: Via de projeção visual.
Fonte: Alila Medical Media/Shutterstock.com
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   17
Lobo Temporal
Uma das principais áreas situadas no lobo temporal é a Área de Wernicke, respon-
sável pelo processamento e compreensão da linguagem. 
 Se liga! O processo de compreensão da linguagem se estabelece 
na área de Wernicke, enquanto a articulação da linguagem, envolvendo a fala, 
se processa na área de Broca.
Além disso, o lobo temporal faz parte do sistema límbico, envolvido com proces-
sos de memória, aprendizado e emoções. 
Por fim, as áreas corticais de processamento e percepção da audição e do siste-
ma vestibular estão situadas no lobo temporal. 
Os receptores da audição são os cílios sensoriais presentes no órgão de Corti, 
estrutura em espiral situada na cóclea, que vibra em consonância com o som que 
“bate” na membrana timpânica, produzindo um potencial de ação que segue pela via 
auditiva. 
A porção coclear do Nervo Vestibulococlear (NC VIII) recebe os estímulos do ór-
gão de Corti e segue para a ponte, fazendo sinapse com os núcleos cocleares. Os 
axônios dos núcleos cocleares se cruzam no corpo trapezoide, seguindo centralmen-
te pelo lemnisco lateral. As fibras do lemnisco lateral se dirigem ao colículo inferior 
do mesencéfalo, para onde seguem ao corpo geniculado medial, do qual, por fim, se 
forma a radiação auditiva que têm como destino final o giro temporal transverso, no 
lobo temporal. 
Um fato interessante é que muitas fibras colaterais da via auditiva seguem para o 
sistema reticular ativador do tronco cerebral, estrutura que se projeta difusamente 
para o tronco encefálico e para a medula espinhal, ativando-as em resposta a sons 
intensos, como um mecanismo de proteção. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   18
Figura 6: Via auditiva 
Fonte: medicalstocks/Shutterstock.com
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   19
MAPA MENTAL: LOBOS CEREBRAIS E FUNÇÕES RELACIONADAS 
Lobo Occipital Lobo Frontal
Lobo Parietal
Lobo Temporal
Córtex visual primário 
Lábios da fissura 
calcarina
Área de Wenicke
Sistema Límbico
Córtex auditivo 
primário
Processamento e 
compreensão da linguagem
Giro temporal transverso 
Área motora 
Área de Broca 
Área pré-frontal
Córtex motor primário, pré-
motor e motor suplementar 
Articulação e 
expressão da fala 
Personalidade e 
comportamentos 
Córtex de associação 
Córtex 
Somatossensorial 
Fascículo longitudinal 
superior 
Giro pós-central 
Lesão: perda de 
sensibilidade 
discriminativa 
contralateral
Temperatura, dor, pressão, 
tato, propriocepção 
consciente 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   20
Divisão Filogenética 
A divisão filogenética é uma divisão evolutiva do córtex cerebral, denotando quais 
áreas possuíram um desenvolvimento evolutivo mais “antigo” ou mais “recente” na 
história evolutiva humana. 
Sobre isso, precisamos ter a noção de que existe o Paleocórtex, o Arquicórtex 
e o Neocórtex (junção do isocórtex com o proisocórtex). Podemos observar que o 
Neocórtex ocupa a maior parte do volume cortical. 
 Se liga! O arquicórtex está localizado no hipocampo, enquanto o 
paleocórtex ocupa o úncus e parte do giro para-hipocampal. Todo o restante do 
córtex é classificado como neocórtex. Aqui e paleocórtex representam as áre-
as corticais mais antigas do cérebro, enquanto neocórtex representa as áreas 
filogeneticamente mais recentes.
Neocórtex
Células do Neocórtex 
As principais células do neocórtex são as células estelares e as células 
piramidais.
As células estelares são interneurônios, presentes em menor número no neocór-
tex. Possuem um corpo celular pequeno.
As células piramidais correspondem à grande maioria das células do neocór-
tex e possuem um corpo celular maior, com diversas ramificações dendríticas 
associadas. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   21
Figura 7: Tipos de neurônios 
Fonte: Designua/Shutterstock.com
Camadas do Neocórtex
O neocórtex pode ser dividido em 6 camadas, relacionadas com as células supra-
citadas: Camada molecular, camada granular externa, camada piramidal externa, 
camada granular interna, camada piramidal interna e camada multiforme. 
A camada molecular (I) é composta por axônios, predominantemente. A camada 
granular externa (II) é composta por células estelares. A camada piramidal externa 
(III), como o próprio nome elucida, é composta por células piramidais. As camadas 
granular interna (IV) e a piramidal interna (V) seguem a mesma composiçãode suas 
respectivas externas. Por fim, a camada multiforme (VI) é composta por células es-
telares, células piramidais e outros tipos celulares, como as células fusiformes. 
 Hora da revisão! O Sistema Nervoso é composto por células, 
tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Os neurônios e a neuroglia são os prin-
cipais tipos celulares. 
Os neurônios são a unidade funcional do sistema nervoso, conectados uns aos 
outros por meio das fendas sinápticas, por onde são propagadas informações 
advindas dos axônios através de potenciais de ação. Além disso, o neurônio típico 
possui o corpo celular (ou pericário ou soma), como também os dendritos, respon-
sáveis por receberem as informações, que são passadas ao soma. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   22
Podemos utilizar algumas colorações para evidenciar certos componentes do 
neocórtex. A coloração de Golgi é utilizada para evidenciar as ramificações dendríti-
cas. A coloração de Nielsen demonstra melhor os corpos celulares. Por fim, a colo-
ração de Weigert possibilita a melhor observação dos axônios. 
De acordo com a coloração de Weigert, podemos observar que existem fibras 
axonais que chegam e que saem do neocórtex. 
Fibras corticais 
• Fibras Talamocorticais Aferentes: São as fibras que chegam ao córtex. Se elas 
chegam por projeções específicas, vão se situar na camada IV (Camada granu-
lar interna). Se essas fibras corresponderem a uma projeção difusa, vão se pro-
jetar até a camada I (Camada molecular) e na camada VI (Camada multiforme). 
• Fibras Talamocorticais Eferentes: São as fibras que saem do córtex. Se o 
destino forem os núcleos talâmicos, essas fibras axonais são originadas na 
camada VI (Camada Multiforme). Caso o destino seja a região subcortical, as 
fibras axonais se originam na camada V (Camada piramidal interna). Caso o 
destino sejam outras áreas corticais, as fibras se originam nas camadas II e III 
(Camada granular externa e piramidal externa, respectivamente). 
Fibras talamocorticais aferentes e eferentes, 
a origem e o destino de suas projeções
Fibras Talamocorticais
Aferentes (que chegam ao córtex)
Projeções específicas: Camada IV
Projeção difusa: Camada I e Camada VI
Eferentes (que saem do córtex)
Núcleos talâmicos: Camada VI 
Região subcortical: Camada V 
Áreas corticais: Camadas II e III
 Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix.
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   23
Arquicórtex
Uma região demasiadamente importante do arquicórtex é a Formação 
Hipocâmpica. Essa formação é composta pelo Hipocampo, Giro denteado e 
Subículo. Além disso, existe a Fímbria, estrutura que é a via de saída das informa-
ções do Hipocampo. 
MAPA MENTAL: NEOCÓRTEX 
Neocórtex 
Estelares: 
interneurônios, em 
menor número 
Células
Piramidais: 
maioria, corpo 
celular maior, 
diversas 
ramificações 
dendríticas 
Camada molecular 
(I): axônios
Camada granular externa 
(II): células estelares 
Camada piramidal externa 
(III): células piramidais
Camada granular interna 
(IV): células estelares
Camada piramidal interna 
(V): células piramidais
Camada multiforme 
(VI): células estelares, 
piramidais e fusiformes 
Fibras corticais 
Camadas
Fibras talamocorticais 
aferentes:
Projeções específicas – 
Camada IV
Projeção difusa – 
Camada I e VI 
Fibras talamocorticais 
eferentes:
Núcleos talâmicos – 
Camada VI
Região subcortical – 
Camada V
Áreas corticais – 
Camadas II e III
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   24
Figura 8: Anatomia do hipocampo.
Fonte: Veronika By/Shutterstock.com
 Saiba mais! Algumas pessoas comparam a aparência da forma-
ção hipocâmpica com um Cavalo-Marinho! 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   25
2. ELETROENCEFALOGRAMA (EEG)
O EEG é um registro da atividade elétrica encefálica, em que podemos observar 
ritmos através de emissões obtidas por eletrodos.
O ritmo Alfa ocorre quando o indivíduo está acordado, porém está de olhos fecha-
dos. Gira em torno de 8 a 13 Hz. 
O ritmo Beta ocorre quando o indivíduo está acordado com os olhos abertos. Gira 
em torno de 13 a 30 Hz. 
Existem também os ritmos do sono, que envolvem frequências baixas. O ritmo 
Delta gira em torno de 0,5-4 Hz, enquanto o ritmo Teta gira em torno de 4 a 7 Hz.
Figura 9: A avaliação do registro da atividade elétrica encefálica permite a avaliação 
dos ritmos encontrados no EEG.
Fonte: YAKOBCHUK VIACHESLAV/Shutterstock.com
 Aplicação clínica O EEG se torna anormal em algumas condi-
ções patológicas. Por exemplo, durante o coma o EEG permanece em atividade 
com ritmo Delta. A epilepsia é outra patologia que frequentemente gera anor-
malidades ao EEG. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   26
Figura 10: Frequências de ondas cerebrais.
Fonte: May_Chanikran/Shutterstock.com
3. SONO
O sono pode ser dividido em fases, existindo o sono de ondas lentas e o sono 
REM (ou sono paradoxal), quando observado o padrão de ondas no EEG.
O sono de ondas lentas possui 4 fases. A fase 1 do sono possui o ritmo Alfa inter-
calado pelo ritmo Teta. A fase 2 possui os fusos do sono, complexos que envolvem 
uma alta frequência, associadas ao complexo K, que envolve ondas com uma alta 
amplitude, porém numa menor frequência. A fase 3 é uma mistura da fase 2 com a 
fase 4, intercalando os fusos do sono com a presença do ritmo Delta. Por fim, a fase 
4 é composta apenas pelo ritmo Delta. 
Em seguida, inicia-se o sono REM (Rapid Eye Movement), também chamado de 
sono paradoxal, justamente pela semelhança com o padrão do ritmo encontrado no 
indivíduo acordado. Apesar do padrão semelhante, no sono REM ocorre uma perda 
do tônus muscular associada a movimentos oculares rápidos. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   27
 Se liga! Quanto maior a idade, menor é a porcentagem de sono 
REM no sono do indivíduo. Portanto, menos reparador é o sono com o avançar 
da idade! 
 Saiba mais! O objetivo do sono não é conhecido de fato, mas 
sabe-se que o sono é imprescindível para a vida do ser humano, pois ele passa 
boa parte da sua vida dormindo e os distúrbios do sono são altamente debili-
tantes para um indivíduo. 
Distúrbios do ciclo sono-vigília importantes clinicamente são: insônia, enurese 
noturna, sonambulismo, apneia obstrutiva do sono, narcolepsia, entre outros. 
Enquanto alguns distúrbios do sono são mais raros, a insônia configura um dis-
túrbio clínico amplamente comum, porém pouco diagnosticado e corretamente 
tratado. McCall (1999) demonstrou que apenas 5% dos pacientes com insônia 
consultam um profissional médico para lidar com o assunto. 
4. DOMINÂNCIA CEREBRAL E 
LINGUAGEM
No tocante à Linguagem, a grande maioria das pessoas possui como hemisfério 
dominante o hemisfério esquerdo, onde estão situadas as áreas da linguagem, a 
área de Broca e a área de Wernicke. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   28
Figura 11: Observação das principais áreas corticais da linguagem: Área de Broca, relacionada com a 
articulação da fala (lobo frontal) e Área de Wernicke, relacionada com a compreensão da linguagem 
(lobo temporal).
Fonte: Songkram Chotik-anuchit/Shutterstock.com
As lesões nos centros reguladores da linguagem geram uma repercussão clínica 
denominada de Afasia.
 Hora da revisão! A palavra Afasia deriva do grego (A = não, au-
sência) (FASIA = falar). Apesar do radical de ausência, as afasias são disfunções 
dos componentes da linguagem. 
São condições que alteram a capacidade dos pacientes de se comunicar de 
forma adequada, afetando a capacidade de falar ou se expressar verbalmente, 
de compreensão da linguagem verbal, compreensão da linguagem escrita (lei-
tura) e da capacidade de escrever. 
Usualmente, ocorrem após lesões de hemisfério esquerdo (dominante para a 
linguagem na maioria da população mundial).
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   29
As lesões na Área de Broca culminam em Afasias de Expressão ou Motora, já que 
essa área é responsável pela articulação e efetivação da fala, como já explicado an-
teriormente.Nesse tipo de afasia, o indivíduo é capaz de compreender a linguagem 
falada ou escrita, mas tem dificuldade de se expressar adequadamente. 
Por outro lado, as lesões na Área de Wernicke geram Afasias de compreensão 
(sensitivas ou de percepção), visto que essa área é responsável pela compreensão 
e entendimento da linguagem. Sendo assim, ao contrário da lesão na área de Broca, 
o paciente não compreende a linguagem, porém consegue articulá-la, muitas vezes 
expressando-a de forma incompreensível.
Além das áreas de Broca e Wernicke, atualmente sabe-se que existem outras áre-
as cerebrais relacionadas à linguagem, em exemplo o lobo temporal, onde existem 
áreas específicas para a capacidade de nomear pessoas, animais e objetos, gerando 
uma afasia nominativa. 
De forma semelhante, a lesão de estruturas de associação, como o fascículo ar-
queado, pode gerar afasias de condução.
 Aplicação clínicaVamos entender melhor as afasias observando 
alguns casos clínicos? 
Caso 01: K.L.W., 25 anos, vítima de acidente automobilístico com hemorragia 
intraparenquimatosa importante a nível de lobo temporal. Evoluiu com expres-
são da fala de forma clara, porém incompreensível com relação ao seu conteú-
do, passando a falar frases “sem sentido algum”. Além disso, apresenta falta de 
compreensão escrita e verbal. 
Nesse caso, trata-se de uma Afasia de Compreensão, provavelmente por com-
prometimento da área de Wernicke no Lobo temporal. 
Caso 02: C.J.U., 50 anos, há cerca de um ano teve um AVC isquêmico no territó-
rio da artéria cerebral média esquerda. A compreensão, a fluência e a repetição 
encontram-se preservadas. C.J.U. não se lembra do nome dos objetos, no en-
tanto, repete o nome deles e compreende o seu significado, mas quando lhe é 
pedido para mencionar um objeto não consegue se lembrar. 
Nesse caso, trata-se de uma Afasia nominativa, provavelmente por afecção do 
Lobo Temporal na região responsável pela nomeação! 
Caso 03: M.L.S, 70 anos, devido a um Acidente Vascular Encefálico Isquêmico 
com lesão isquêmica no lobo frontal, passou a cursar com dificuldades de ex-
pressão da fala. O paciente apresenta boa compreensão do que lhe é dito, é 
independente e tem consciência de suas dificuldades. 
Nesse caso, sabe-se que uma afecção do lobo frontal pode ter afetado a área 
de Broca, responsável pela articulação da fala. Sendo assim, trata-se de uma 
Afasia de Expressão. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   30
MAPA MENTAL: CENTROS DA LINGUAGEM E AFASIAS 
Lobo Frontal
HEMISFÉRIO 
ESQUERDO 
DOMINANTE!
Articulação da fala 
Área de Broca Área de Wernicke
Lobo Temporal
Compreensão e 
entendimento 
Afasias: 
Alterações da 
capacidade de 
comunicação, seja 
pela expressão ou 
compreensão 
Afasia de compreensão: 
não compreende a 
linguagem apesar de a 
expressão estar intacta
Afasia de expressão: 
dificuldade de expressão, 
apesar de a compreensão 
estar intacta
Outros: 
Afasia nominativa (Lobo Temporal)
Afasia de condução (Fascículo arqueado)
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   31
5. TRANSFERÊNCIA 
INTER-HEMISFÉRICA 
O corpo caloso é uma importante estrutura de transferência inter-hemisférica, 
possibilitando troca de informações e coordenação entre os hemisférios. 
Figura 12: Anatomia do corpo caloso 
Fonte: decade3d - anatomy online/Shutterstock.com
Apesar de o corpo caloso dominar a transferência de informações entre os hemis-
férios, existem outras comissuras responsáveis pela mesma função, como a comis-
sura anterior ou a comissura hipocâmpica. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   32
 Aplicação clínica Diversos experimentos e observações foram 
realizados em pacientes com corpo caloso seccionado, denotando a importân-
cia dele para a execução das funções superiores. 
Quando formas diferentes de estímulo são utilizadas, por exemplo a linguagem 
(hemisfério esquerdo) e o comando motor (hemisfério ipsilateral), o pacien-
te não consegue executar os comandos. Em exemplo, quando se pede que 
levante o braço direito, esse movimento é executado sem dificuldade, pois os 
centros de linguagem mandam sinais para as áreas motoras ipsilaterais, pro-
duzindo o movimento. Entretanto, o mesmo paciente é incapaz de levantar o 
braço esquerdo ao comando.
6. APRENDIZADO E MEMÓRIA 
O aprendizado diz respeito à aquisição de novas informações e conhecimentos. 
Já a memória diz respeito ao armazenamento das informações e conhecimentos, ou 
seja, do aprendizado. 
A memória pode ser dividida em Declarativa ou Não Declarativa. A memória de-
clarativa é composta por números, datas, informações necessárias no dia a dia, 
sendo uma memória mais consciente. Por outro lado, a memória não declarativa é 
composta por informações menos conscientes, como, por exemplo, um hábito, que 
é realizado, de certa forma, automaticamente. 
A geração de memória perpassa a ocorrência de eventos externos ou internos 
que, após uma seleção, geram a aquisição de aprendizados. Esse aprendizado pas-
sa por um período de Retenção Temporária, podendo seguir para a consolidação, 
evocação e utilização ou para o esquecimento.
Caso o aprendizado siga para o esquecimento, entendemos que a memória utili-
zada foi a memória de curto prazo. 
Caso o aprendizado siga para a consolidação, podemos concluir que a memória 
utilizada foi a memória de longo prazo, na qual as informações serão armazenadas 
de forma mais sólida, com a Retenção Duradoura. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   33
Sabe-se que o Hipocampo é uma das estruturas mais importantes relacionadas 
com a memória. 
Um dos mecanismos de aumento da eficácia da sinapse entre os neurônios é a 
potenciação a longo prazo, ou seja, a longo prazo o aumento de vesículas neuro-
transmissoras ou do número de receptores pós-sinápticos favorece a eficácia da 
sinapse. 
 Hora da revisão! Os terminais pré-sinápticos são separados do 
corpo celular do neurônio pós-sináptico pela fenda sináptica. 
O terminal possui duas estruturas importantes para a excitação ou inibição 
da sinapse: as vesículas transmissoras (contendo os neurotransmissores, os 
quais excitam o neurônio pós-sináptico se ele possuir receptores excitatórios 
ou inibem, se possuir receptores inibitórios) e as mitocôndrias, responsáveis 
pelo fornecimento de ATP para que o processo de propagação do sinal ocorra. 
FLUXOGRAMA: PROCESSO DE RETENÇÃO TEMPORÁRIA OU DURADOURA DE 
MEMÓRIAS, DE ACORDO COM OS APRENDIZADOS E O DESTINO PARA ELES DADOS
Fonte: Cem Bilhões de 
Neurônios?. 2ª Ed., 2004
Seleção Aquisição Seleção
Retenção temporária 
Esquecimento Consolidação Evocação e utilização
Retenção duradoura 
Comportamento
Eventos Externos Eventos Internos (Cognição, emoção etc.)
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   34
Figura 13: O terminal pré-sináptico com suas vesículas transmissoras e as mitocôndrias, bem como 
os receptores pós-sinápticos.
Fonte: "Designua/Shutterstock.com
Além disso, o mecanismo de plasticidade neural, que é a capacidade dos neurô-
nios de estabelecerem novas conexões sinápticas, também está inteiramente envol-
vido no processo de aprendizado e memória, principalmente em crianças, mas que 
se encontra em algum nível nos indivíduos adultos. 
 Saiba mais! A sensação do membro fantasma é um exemplo de 
plasticidade neuronal no adulto. O paciente cujo membro tenha sido amputa-
do geralmente tem sensações no membro inexistente, quando outra região do 
corpo é estimulada. Estudos de imagem sugerem que isso resulte da disse-
minação de conexões do coto remanescente ou regiões adjacentes para os 
territórios corticais responsáveis pelo controle central anterior do membro 
amputado. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   35
MAPA MENTAL: APRENDIZADO E MEMÓRIA 
Aprendizado
Plasticidade neural
MemóriaPotenciação a longo prazo 
Aquisição de novas 
informações e 
conhecimentos.
Retenção temporária: 
Segue para consolidação, 
evocação ou esquecimento.
Esquecimento: Memória 
de curto prazo.
Consolidação:Memória 
de longo prazo. 
Armazenamento 
dos aprendizados.
Declarativa: números, 
datas, informações mais 
utilizadas conscientemente. 
Não declarativa: 
Informações menos 
conscientes, como hábitos. 
Estabelecimento de novas 
conexões sinápticas. 
Maior em crianças.
Aumento de vesículas 
neurotransmissoras 
e/ou n° de receptores 
pós-sinápticos 
a longo prazo. 
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   36
MAPA MENTAL GERAL: FUNÇÕES SUPERIORES DO SNC
Transferência 
Inter-Hemisférica
Dominância 
Cerebral e 
Linguagem
Lobos
Divisão 
Filogenética
Aprendizado 
e memória Divisão geral
Sono
EEG: Registro 
da atividade 
encefálica
Novas informações e conhecimentos
Esquecimento: Memória de curto prazo. 
Consolidação: Memória de longo prazo. 
Armazenamento dos aprendizados. 
Declarativa ou não declarativa
Aumento de vesículas 
neurotransmissoras e/ou n° de 
receptores pós-sinápticos
Novas conexões sinápticas. 
Maior em crianças.
Aprendizado
Memória 
Potenciação a 
longo prazo
Plasticidade 
neural 
Corpo caloso: 
90% da transferência 
inter-hemisférica
Comissura anterior, 
comissura hipocâmpica 
Hemisfério Esquerdo 
dominante 
Área de Broca e 
área de Wernicke
Afasias:
De Expressão (Broca)
De compreensão (Wernicke)
De condução 
(fascículo arqueado) 
Distúrbios do sono: 
Insônia, enurese noturna, 
sonambulismo, apneia 
obstrutiva do sono, 
narcolepsia
Sono REM (Rapid Eye 
Movement): Padrão 
semelhante ao acordado 
Sono de Ondas 
Lentas: 4 fases 
Fase 1: Alfa + Teta
Fase 2: Fusos do sono + 
Complexo K
Fase 3: Fusos do 
sono + Delta
Fase 4: Delta
Ritmo Alfa: acordado 
com olhos fechados 
Ritmo Beta: acordado 
com olhos abertos
Ritmo 
Delta
Ritmo 
Teta: 
Ritmos 
do sono: 
Baixa 
frequência
Hemisférios 
Direito e 
Esquerdo
Giros, sulcos 
e fissuras 
Fissura Lateral, 
Sulco Central, 
Fissura Parieto-
occipital e Fissura 
longitudinal 
Córtex motor, pré-motor e motor suplementar
Área pré-frontal: 
Personalidade e comportamentos 
Área de Broca: Articulação da linguagem
Córtex somatossensorial e de associação 
Córtex visual primário 
Área de Wernicke: Compreensão da linguagem
Córtex auditivo primário 
Córtex gustativo primário, além 
de outras funções somestésicas 
e relacionadas as emoções
Insular
Frontal
Parietal
Occipital
Profundamente 
na fissura lateral
Neocórtex
Células
Camadas
Fibras 
talamocorticais
Estelares ou 
piramidais 
Camada 
molecular (I): axônios
Camada granular 
externa (II): células 
estelares 
Camada piramidal 
externa (III): células 
piramidais
Camada granular 
interna (IV): células 
estelares
Camada piramidal 
interna (V): células 
piramidais
Camada multiforme 
(VI): células estelares, 
piramidais e 
fusiformes 
Aferentes ou 
eferentes 
Arquicórtex 
Paleocórtex 
Formação 
Hipocâmpica: 
Hipocampo, 
giro denteado, 
subículo e 
fímbria (via 
de saída)
Sistema 
Límbico: 
comporta-
mento 
emocional 
e forças 
motivacionais 
Temporal
Funções Superiores do Sistema Nervoso Central   37
REFERÊNCIAS 
Aires, Margarida de Mello. Fisiologia. 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2012.
Angelo B.M. Machado, Lucia Machado Haerte. Neuroanatomia Funcional. 3. ed. -- 
São Paulo: Editora Atheneu, 2014.
Bruce M. Koeppen, Bruce A. Stanton. Berne & Levy: Fisiologia. 6ª Ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2009.
Bruce M. Koeppen, Bruce A. Stanton. Berne & Levy: Physiology. 7ª Ed. Philadelphia, 
PA : Elsevier, 2018.
Hall, John E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos fundamentais de neurociência. 2ª Ed. 
Rio de Janeiro: Atheneu, 2004. 
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