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20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 1/27 FILOSOFIA DO DIREITO EFILOSOFIA DO DIREITO E DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS Me. Christiane Singh Bezerra Bou Khezam IN IC IAR 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 2/27 introdução Introdução Nesta unidade, serão trabalhados aspectos do espírito �losó�co greco- romano e o despertar de justiça a partir da perspectiva so�sta, destacando o relativismo da justiça. Na sequência será tratado o conceito de ética, educação, virtude e obediência a partir das ideias de Sócrates, apresentando uma distinção desses conceitos em relação ao pensamento de Platão, bem como as espécies de justiça segundo Aristóteles, e a ética e justiça no pensamento de Cícero. Em seguida, será analisado o conceito de justiça na idade média a partir do pensamento de Santo Agostinho e Tomás de Aquino. E, para �nalizar a unidade e ingressando no universo do pensamento jus�losó�co moderno, faremos uma breve análise do racionalismo contratualista e a ruptura com a visão teocrática medieval a partir do jusnaturalismo de Kant, com especial destaque para a análise do conceito de moralidade, justiça e direito no pensamento Kantiano. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 3/27 A palavra justiça acompanha a humanidade desde as mais antigas civilizações, trata-se de um termo que admite diversos signi�cados e todos esses variam de acordo com o tempo e com o grau de evolução e cultura da sociedade, certo é que a compreender o alcance e signi�cado da palavra justiça sempre foi um desa�o para os �lósofos mundiais. Mas exatamente quando a justiça tornou-se objeto de estudo e discussões na sociedade? A resposta para esse questionamento, obviamente, não é exata, mas a partir de uma análise histórica, Dias destaca que A questão do justo e do injusto não foi objeto da re�exão �losó�ca entre os pré-socráticos, entre os quais dominava a preocupação cosmológica, isto é a análise de questões relativas aos fenômenos meteorológicos, dos astros, do céu, bem como a análise de questões relativas à natureza: a origem de tudo o que existe, as causas das ocorrências naturais. No século V a. C. surge o movimento sofístico, que rompe com a tradição �losó�ca pré- O Espírito Filosó�co Greco-O Espírito Filosó�co Greco- Romano e o Despertar daRomano e o Despertar da JustiçaJustiça 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 4/27 socrática. (...) as atenções voltam-se para questões que envolvem as ações humanas, tais como, discussões políticas, problemas sociais (DIAS, 2010, p. 84). Nesse contexto, então, começam a desenvolverem-se as primeiras discussões envolvendo a ideia de justiça, que sempre esteve relacionada aos conceitos de ética, educação, moral e política. Uma característica importante dos so�stas é a negativa da existência de um critério estável e geral, inaugurando, assim, o relativismo, que se fundamenta no fato de que “Nada existe que possa ser conhecido; se pudesse ser conhecido não poderia ser comunicado, se pudesse ser comunicado não poderia ser compreendido” (MARCONDES, 2004, p. 44). Observe que o pensamento so�sta relativiza conceito promovendo a possibilidade de discutir as questões na perspectiva dos acontecimentos. Esse pensamento se opõe ao pensamento de Sócrates e Platão, que foram ferrenhos opositores ao pensamento so�sta, uma vez que para estes, não existe verdade absoluta, toda verdade era relativa na medida em que estão condicionadas às circunstâncias. Na visão de Sócrates, a justiça tem um signi�cado verdadeiro e de�nitivo, diferentemente do pensamento so�sta que, conforme demonstrado acima, relativizou essa premissa. O estudo do conceito de justiça nos remete à análise de alguns outros conceitos que são fundamentais para compreender a concepção ampla de justiça. Nesse sentido é importante analisar o conceito de ética, que na concepção de Sócrates está vinculada ao conhecimento, uma vez que é ele a base do agir ético. Para Sócrates, o erro é a consequência da ignorância, portanto, a educação leva à virtude e, como consequência, o saber ético. Na visão de Sócrates, ética, educação e virtude são conceitos que se relacionam e, assim, conduzem a obediência, de modo que não podem ser 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 5/27 analisados de forma isolada. Nessa linha merece destaque também a contribuição de Platão, discípulo de Sócrates. Para Platão, que tratou com muito propriedade dos conceitos de Justiça, direito e política, destacando que a justiça é uma virtude da cidadão que deve ser constantemente aperfeiçoada, isso se deve ao fato de que a adequação do comportamento individual às normas sociais e aos padrões preestabelecidos pela sociedade mostra-se, desde as mais antigas civilizações, um desa�o e esse, na visão tanto de Sócrates como de Platão, é o cerne do conceito de obediência. saiba mais Saiba mais Para compreender a relevância do pensamento de Sócrates para a consolidação de conceitos como Ética, Moral e Justiça leia o ensaio publicado por Alessandro M. Medeiros no site “Saber Político”, nele o autor aborda os conceitos Socráticos sobre ética, destacando que esta é fundada na ideia de valor, desenvolver ainda uma importante explanação sobre a concepção de valores segundo Sócrates e do que seria considerado uma conduta virtuosa ou não, assim, partindo dessas indagações, trata do conceito de justiça, moral, política e ética e permite em breve linhas que o leitor compreenda quais as bases do pensamento de Sócrates, tão fundamental para a compreensão dos problemas da sociedade pós-moderna e para o efetivo entendimento do fundamento dos direitos humanos. ACESSAR https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-etica-socratica/ 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 6/27 atividade atividade Nas palavras de BOFF, “A ética é parte da �loso�a. Considera concepções de fundo, princípios e valores que orientam pessoas e sociedades”. Com base nesse conceito assinale a alternativa correta quanto à relação entre ética e moral. BOFF, L. Ética e Moral. América Latina em Movimento , jul. 2003. Disponível em: < https://www.alainet.org/pt/active/4005 >. Acesso em: 27 mar. 2019. a) A ética pode ser compreendida como ciência da moral, sendo que um de seus grandes problemas é o relativismo moral, já que é determinada pela cultura, enquanto que a ética é considerada objetiva é universal. b) Mesmo sendo universal, a moral é estática, constituída de preceitos concretos, objetivos e não relacionados aos aspectos culturais, sociais ou de determinados grupos. c) A moral pode ser compreendida como a área da �loso�a que investiga o agir humano na perspectiva de valores, que o indivíduo traz consigo e por isso é singular. d) A sociologia é a ciência responsável pelo estudo da moral e da ética, seus estudos permitem relativizar os valores éticos, pois esses são mutáveis na medida que são preceitos coletivos. e) Na perspectiva do estudo da ética, um dos grandes problemas é o relativismo, fundado em seu caráter subjetivo, pessoal e restrito a um grupo muito pequeno de indivíduos, não aplicando-se à coletividade. https://www.alainet.org/pt/active/4005 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 7/27 Nos próximos tópicos, vamos conhecer um pouco mais sobre a perspectiva de Platão, Aristóteles e Cícero a respeito da Política, Direito, Justiça e Ética. Platão: Política, Direito e Justiça A palavra justiça acompanha a humanidade desde as mais antigas civilizações, trata-se de um termo que admite diversos signi�cados e todos esses variam de acordo com o tempo e com o grau de evolução e cultura da sociedade. Certo é que a compreender o alcance e signi�cado da palavra justiça sempre foi um desa�o paraos �lósofos mundiais. Política, Direito, Justiça ePolítica, Direito, Justiça e Ética na Perspectiva doÉtica na Perspectiva do Pensamento de Platão,Pensamento de Platão, Aristóteles e CíceroAristóteles e Cícero 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 8/27 Platão, assim como Aristóteles, reconhece a ética e a política como ciência, sendo a ética relacionada com a moral individual, enquanto que a política relaciona-se com a moral coletiva. Na visão de Platão a política não é para todos, sendo que por essa razão a administração das cidades deveria �car a cargo dos �lósofos, por serem estes considerados mais capacitados. Sob a ótica de Platão, a política por ser uma ciência que ordena a ética coletiva, seria o único meio de corrigir as injustiças. A ideias de Platão sobre política, educação e justiça, conforme destaca Menescal (2009, p. 20) foram de grande importância e deram origem a um projeto político fundado em suas decepções com os modelos de governos democráticos e também nas ações dos governos da época. É interessante observar que nos dias atuais o que se observa é exatamente o inverso, a política tornou-se, em verdade, o mecanismo promotor das injustiças perpetradas contra a sociedade, o que gera a mais diversa afronta aos direitos e o desequilíbrio social. Aristóteles: A Justiça e suas Espécies Figura 1.1 - Platão Fonte: Marinos Karafyllidis / 123RF. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 9/27 A sociedade Grega antiga foi fundada no conceito de justiça, que Aristóteles deve ser compreendido também sob a perspectiva da injustiça, desse modo “a justiça é a disposição da alma que graças à qual elas dispõem a fazer o que é justo, a agir justamente e a desejar o que é justo; de maneira idêntica, diz-se que a injustiça é a disposição da alma de graças à qual elas agem injustamente e desejam o que é injusto” (ARISTÓTELES, 1996, p. 193). Nesse momento, nos interessa, especialmente, as espécies de justiça desenvolvidas por Aristóteles, segundo o qual a Justiça é absoluta ou particular, sendo que a justiça particular classi�ca-se em: Justiça Distributiva, Corretiva e Recíproca. Assim a justiça distributiva vincula-se à ideia de proporcionalidade, sendo que o que viola essa proporcionalidade torna-se injusto. A justiça corretiva por sua vez, visa corrigir a injustiça, por isso é fundada na ideia de compensação. Ética e Justiça no Pensamento de Cícero O pensamento de Cícero foi in�uenciado pelos ensinamentos de Platão e dos Estoicos, para ele a Justiça é fonte primordial dos deveres, além de ser uma Figura 1.2 - Aristóteles Fonte: Cosmin Danila / 123RF. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 10/27 virtude. Toda a concepção de justiça para Cícero é alicerçada em valores e relaciona- se de forma muito íntima com preceitos éticos. Neste sentido, Cícero a�rma que “o alicerce da justiça é a boa-fé, ou seja, a sinceridade nas palavras e a lealdade das convenções”. (2007, p. 37). Observa-se que a ideia de justiça de Cícero também é in�uenciada pelos conceitos Aristotélicos, especialmente com relação à compreensão de que a lei não é um valor, mas sim uma razão que emana do ser, o que demonstra inclusive o quanto os princípios e valores da pós modernidade são in�uenciados por esse pensamento. Pensando na construção histórica dos direitos humanos, observa-se claramente a in�uência dessa ideia de boa-fé e ética como valores que devem nortear o ordenamento jurídico. Figura 1.3 - Cícero Fonte: Cristiano Fronteddu / 123RF. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 11/27 atividade atividade A partir da perspectiva do espírito �losó�co greco-romano, especi�camente na visão Aristotélica, assinale a alternativa que corresponde ao conceito de Justiça traçado pelo autor em sua obra “Ética a Nicômoco”: a) Justiça caracteriza-se pela disposição pelo meio da qual as pessoas atuam justamente e tenham como desejo o justo. b) Justiça é um valor, por essa razão nunca é completa, seu conceito é sempre aberto e admite muitas variações. c) A justiça é sempre igual para todos, não existe, na visão de Aristóteles, justiça proporcional. d) O conceito de justiça distributiva é negado por Aristóteles, que entende que a justiça é única e nunca proporcional. e) A justiça e a lei, na visão de Aristóteles, são conceitos distintos e não se relacionam. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 12/27 A Idade Média �cou marcada como um período sombrio, quando o pensamento era in�uenciado pelos dogmas da Igreja e a existência humana ditada por tais dogmas. Assim, todos os pensamentos, conceitos e ações gravitavam em torno da ideia teocêntrica vigente naquele período. Conceitos como moral, ética e justiça estavam condicionados ao poder divino e dele resultaram, não havia liberdade de pensamento e nem tampouco valorização do homem ou daquilo que era terreno. Toda essa sistemática in�uenciou obviamente o pensamento jus�losó�co desse período e norteou tudo o que foi produzido pelos pensadores de então. A Justiça em Santo Agostinho Para falar da justiça na concepção de Santo Agostinho é preciso retomar, ainda que de forma breve, a seus antecessores, assim, conforme anteriormente visto, desde Sócrates, passando por Platão, Aristóteles e Cícero a ideia de justiça esteve presente e sua essência sempre atrelada a concepção de ética. O PensamentoO Pensamento Jus�losó�co da IdadeJus�losó�co da Idade MédiaMédia 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 13/27 Nesse sentido, a ideia de justiça esboçada por Santo Agostinho sofreu in�uência do pensamento �losó�co greco-romano, representado por Sócrates, Platão, Aristóteles e Cícero e também pelo pensamento judaico cristão. Sendo que a partir desses preceitos, Santo Agostinho trata da concepção de justiça através da compreensão de que a partir do conhecimento das verdades eternas o homem pode de�nir o que é justo, conforme explica Mattos Há, na concepção agostiniana de justiça, a ideia de equilíbrio entre a vida exterior e interior dos homens, isto é, antes de ser uma virtude social, a justiça realiza-se no interior dos humanos, numa relação de obediência e submissão à vontade divina (MATTOS, 2016, p. 106) Nesta perspectiva, a concepção de justiça para Santo Agostinho é inspirada nas Cartas de São Paulo aos Apóstolos, que prega o amor ao próximo e a obediência a Deus como a fórmula para o homem agir em conformidade com a justiça. Figura 1.4 - Santo Agostinho Fonte: Tetraktys / Wikimedia Commons. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 14/27 São Tomás de Aquino: o Tratado das Leis e da Justiça O conceito de justiça na perspectiva de São Tomás de Aquino é fundado na concepção por ele inaugurada de realismo jurídico, baseado na ideia de que o direito é objeto da justiça e nessa medida ordena ao homem o que diz respeito outro. Essa premissa nos remete à ideia de igualdade, seguindo essa perspectiva, Souza e Pinheiro, ao analisarem a obra de São Tomás de Aquino, explicam que Para proceder tal atribuição do justo é necessária, portanto, uma concepção de igualdade. Então, conclui Tomás de Aquino, o fundamento da igualdade caracteriza o direito. A igualdade pode ser em virtude da natureza da coisa ou pode ser uma igualdade convencional (por uma convenção pública ou particular). Quando o justo se funda em uma igualdade que não depende da vontade humana (quer de um indivíduo, quer de um povo), trata-se do direito natural. Quando, por outro lado, o justo decorre de uma convenção, tem-se o direito positivo (SOUZA; PINHEIRO, 2016, p. 71). Figura 1.5 - São Tomás de Aquino Fonte: 18th-century Portuguese School / Wikimedia Commons. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=83987015/27 Importante destacar que a partir dessa análise do pensamento de São Tomás é possível estabelecer a relação existente entre direito e justiça, que pressupõe outros valores que vão de encontro, por exemplo, com as teorias inauguradas mais tarde pelas escolas jus�losó�cas. Representantes do pensamento moderno que se debruçaram sobre a questão da utilidade do direito positivo e direito natural já na perspectiva da tutela dos direitos humanos que, como se pode perceber, foi in�uenciado pelos conceitos lançados por São Tomás. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 16/27 atividade atividade Para Santo Agostinho, “é justa a alma que segundo os ditames da ciência e da razão dá a cada um o que a cada um pertence, na vida e nos costumes” (SANTO AGOSTINHO, 1998). SANTO AGOSTINHO. A Graça I : O Espírito e A Letra (De Spiritu et Littera). São Paulo: Paulus, 1998. Com base nesse conceito, assinale a alternativa correta. A partir da a�rmativa apresentada, assinale a alternativa correta: a) A justiça humana é relativa, temporal e mutável, diferente da justiça divina que é plena. b) A de�nição do que é justo provém de um pensamento racional e tangível, portanto, só existe justiça divina. c) A justiça feita pelos homens é a única que existe e não está vinculada a autoridade divina. d) A razão humana determina o que é justo ou injusto, logo, não está vinculado a autoridade divina. e) A justiça divina e a justiça dos homens são relativas, temporais e mutáveis, portanto é sempre relativa. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 17/27 O pensamento que norteou os jus�lósofos modernos, foi no sentido de romper com as amarras impostas pela religião à sociedade e com o pensamento medieval de trazer o indivíduo como um protagonista do ideal de justiça, direito e moral, rompendo desse modo com a visão teocrática até então vigente na sociedade. A Passagem da Visão Teocrática Medieval para a Modernidade Na idade média não havia espaço para questionamentos sobre a relação entre sujeito e sociedade, pois a sociedade se organizava segundo regras criadas a partir da concepção teocrática, onde os governantes eram representante de Deus na terra e assim agiam em seu nome, de modo que questionar suas regras era o mesmo que questionar a autoridade divina. Nesse cenário, a Europa do �nal do século XV, com o objetivo de manter a monarquia, cometeu muitas atrocidades, como perseguições políticas, O PensamentoO Pensamento Jus�losó�co ModernoJus�losó�co Moderno 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 18/27 utilização de tortura, penas cruéis e todo o tipo de atrocidades contra o ser humano (CASADO FILHO, 2012). Nesse período, a visão de igualdade era relativizada e em nada se aproximava ao que temos hoje. A sociedade era dividida em nobreza, clero e povo, o que já deixava muito claro a ausência de direitos, já que nem todos os direitos eram garantidos a todos os cidadãos. Diante de todo esse cenário de abuso cometido pela monarquia, surgem as ideias iluministas, que colocam em xeque esse poder absoluto e desmedido exercido pelos reis. Os iluministas questionaram, de forma veemente, o pensamento medieval, se contrapondo, inclusive, às concepções católicas reinantes, até então, para combater a ideologia de supremacia da fé sobre a razão. Questionou-se, ainda, o poder absoluto dos reis, como uma concessão divina e, obviamente, abriu espaço para um pensamento humanizado, voltado para o fato de que o homem deveria ser o centro do universo e não o divino. Essa, certamente, foi, e ainda é, uma grande contribuição do iluminismo em matéria de consolidação do conceito de direito humanos. Nesse contexto merece destaque o pensamento de Kant sobre moralidade, justiça e direito, sendo que para ele a liberdade é o primeiro bem que deve ser garantido ao indivíduo, de modo que ninguém precisa de regras escritas para decidir entre o bem e o mal pois todo ser humano é dotado de razão e portanto, tem capacidade de discernir entre o certo e o errado. Assim, Kant determinou a ação dos indivíduos a partir de seus imperativos categóricos, que consistem em determinar a ação dos indivíduos através da premissa e de uma máxima que o agente daquela determinada sociedade executa esta ação baseada no que ele quer ver transformado em lei universal. Ou seja, ele age de acordo com o que ele gostaria que fosse feito a todas as outras pessoas. Ou aquela frase de senso comum de não fazer para os outros o que você gostaria que não �zessem para você (BOREGAS; RÊGO, 2016, p. 5). 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 19/27 Assim, para Kant a função do direito é a de garantir a liberdade dos indivíduos que seriam regidos por suas regras morais e assim a justiça se consolidava. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 20/27 atividade atividade Sobre os imperativos hipotéticos e categóricos de Kant, assinale a alternativa correta. a) Os imperativos hipotéticos correspondem à relação que se estabelece entre a lei e a vontade dirigida a um �m real ou possível. b) O imperativo categórico corresponde a relação entre a lei e a vontade de alcançar um determinado �m. c) A relação entre a lei e vontade dirigida para alcançar um �m real, correspondem ao imperativo hipotético. d) O imperativo categórico é representado pela ação necessária em si mesma, voltada para um �m impossível de ser realizado. e) Não existe relação nos imperativos categóricos e hipotéticos com a lei objetiva.. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 21/27 reflita re�ita O Estado Brasileiro passa por uma crise política seríssima com consequências sociais igualmente sérias que comprometem a efetivação dos direitos fundamentais do cidadão da justiça, seja pela impunidade, ou pela morosidade do Estado. Esses acontecimentos demonstram que a noção de ética, justiça e política está em crise, o que nos remete a uma re�exão: a partir das lições de Platão o que falta para o Estado Brasileiro? 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 22/27 indicações Material Complementar FILME Justiça para todos Ano: 1979 Comentário: O �lme aborda de forma bem clara os desa�os enfrentados pelo pro�ssional do direito em conciliar seus preceitos éticos e morais e promover a defesa do interesse de seu cliente, expõe as mazelas do poder judiciário e nos leva a re�exão de que elas são tão antigas quanta a própria ideia de justiça. É possível perceber no �lme o tênue limite que se estabelece entre moralidade e imoralidade, legalidade e ilegalidade e demonstra bastante atual o pensamento de Kant acerca dos preceitos morais e éticos. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 23/27 TRA ILER LIVRO Um Mestre no O�ício: Tomás de Aquino Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento Editora: Paulus Editora ISBN: 978-8534933186 Comentário: O Livro traz a bibliogra�a de Tomás de Aquino, tratando sua vida de frade dominicano e docente da doutrina cristã, permitindo uma visão bem real da contribuição de Tomás de Aquino para o estabelecimento do conceito de justiça e ética. Na segunda parte do livro o autor faz uma minuciosa análise da obra “Suma de teologia” que é considerada uma obra referência para iniciantes da teologia e que concentra importantes conceitos para a �loso�a. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 24/27 conclusão Conclusão Conforme foi visto ao longo da unidade, a concepção de justiça está intimamente relacionada ao conceito de ética, conforme o entendimento preconizado pelos �lósofos da antiguidade e a relação entre justiça, virtude e obediência decorria das leis divinas pelas quais os indivíduos deveriamse orientar, essas regras eram absolutas. Esse entendimento, contudo, foi questionado pelos so�stas que, diferentemente de Sócrates e Platão, compreendiam a justiça a partir de uma concepção relativizada e mutável, esse pensamento in�uenciou também o pensamento �losó�co da idade média sendo que o conceito de justiça reinante no período medieval e preconizado por Tomás de Aquino e Santo Agostinho estavam fundados nas ideia de existência de uma justiça divina que era absoluta e uma justiça humana que poderia ser relativizada. Com o �m da idade média surge o pensamento iluminista que rompe com as concepções teocráticas e baseada nas concepções do jusnaturalismo e nas ideias de Kant passa a compreender a liberdade como um bem essencial ao ser humano e que as regras escritas não são necessárias, na medida que todo ser humano é capaz de discernir entre certo e errado. Assim, o �m da idade média promove uma valorização do ser humano e consequentemente uma preocupação a lhes garantir direito. Esses são os embriões das concepções que irão nortear a teoria dos direitos humanos e justi�car a necessidade e tutela do indivíduo como garantia da dignidade humana. 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 25/27 referências Referências Bibliográ�cas ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco . São Paulo: Nova Cultural, 1996. AQUINO, Tomás de. Suma Teológica . Vol. 4 e 6. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2015. CASADO FILHO, N. Direitos Humanos Fundamentais . São Paulo: Saraiva, 2012. DIAS, M. C. A Noção de Justiça Segundo os So�stas e Aristóteles. Revista Legis Augustus (Revista Jurídica), Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 83-92, set. 2010. MARCONDES, D. Iniciação à História da Filoso�a : dos pré-socráticos a Wittgen- stein. 8. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. MARCO, T. C. De o�ciis dos deveres , São Paulo: Martin Claret, 2007. MATTOS, J. R. A. de. O conceito de justiça no pensamento de Santo Agostinho: algumas re�exões. 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IMPRIMIR 20/03/2023, 21:28 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839870 27/27
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