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OPA, BOM TE VER POR AQUI! Certamente você já se deparou com o tema sepse na sua formação. É uma condição muito frequente e de alta mortalidade, com mudanças constantes em suas definições na última década, podendo tornar seu estudo um tanto quanto confuso para alguns. Por esse motivo, resolvemos redigir esse Ebook resumindo o contexto atual da sepse, as definições mais atualizadas e o tratamento preconizado. Como é uma condição de alta mortalidade e apresentação clínica variável, torna-se muito importante para o profissional de saúde saber quando suspeita de sepse, para instituir seu tratamento o mais breve possível. Trouxemos esse Ebook com um conteúdo resumido, direto ao ponto e que pode (e deve!) ser usado como consulta durante sua vida médica e/ou formação acadêmica. Aproveite o conteúdo e tenha uma ótima leitura! ÍNDICE Introdução ......................................................................................................................................................................6 Definição .........................................................................................................................................................................6 Quais ferramentas posso usar? ..........................................................................................................................8 Exames Complementares ................................................................................................................................... 12 Manejo específico .................................................................................................................................................... 13 Referências Bibliográficas .................................................................................................................................. 17 Conclusão .....................................................................................................................................................................18 Anexos ............................................................................................................................................................................ 19 Sobre a Medway .............................................................................................................................................................19 Nossos cursos ....................................................................................................................................................................21 Acesse gratuitamente ................................................................................................................................................23 Ficou alguma dúvida? ................................................................................................................................................25 QUEM SOMOS Boa leitura! Somos um time de médicos formados nas principais instituições de residência do Brasil. Conhecemos bem os obstáculos e as dificuldades que surgem durante a preparação para as provas de residência médica. Justamente por isso, e porque sentimos falta de ter alguém nos orientando lá atrás, tomamos a decisão de criar a Medway. Depois de muito estudo, trabalho duro e dedicação total, desenvolvemos cursos exclusivos e que nos enchem de orgulho. Isso porque, na prática, temos visto esses cursos serem a chave do sucesso na aprovação de milhares de alunos de Medicina em todo o país. Em quatro anos de existência, impactamos 16 mil alunos com uma metodologia diferente da convencional. Leve, objetiva e verdadeira. Sem dúvidas, essa última característica é o nosso maior diferencial. Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te tratamos com respeito, da forma como gostaríamos de ser tratados. Muitos nos veem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como aqueles veteranos que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela didática e pelo lado humano. Se você chegou até aqui, saiba que já nos orgulhamos muito de você ter se conectado com a Medway. Estamos e estaremos ao seu lado para sermos parceiros em toda a sua jornada como profissional de Medicina. Até a prova de residência e depois dela. Vamos juntos até o final! https://www.medway.com.br/aprovados/ O QUE NOSSOS ALUNOS ESTÃO FALANDO? 6 Introdução Salve, salve meus querid@s! Nesse e-book, vamos abordar a principal causa de choque nas unidades de terapia intensiva e uma das maiores causas de morbimortalidade por todo o mundo: a sepse! Mas…o quão comum esta patologia é no mundo? É estimado que mais de 30 milhões de pessoas são afetadas por sepse todo ano no mundo, resultando em potenciais 6 milhões de mortes por ano. O porquê da mortalidade no Brasil ser tão alta não é claro. Mas parece estar relacionado ao baixo conhecimento da população sobre o problema e limitação de acesso ao sistema de saúde, bem como a falta de reconhecimento e o início adequado de tratamento pelos profissionais da saúde. Assim sendo, o reconhecimento precoce dessa condição permite melhor tratamento e melhor sobrevida ao paciente. Definição As nomenclaturas e definições de sepse já foram alteradas nos últimos anos pelas principais recomendações internacionais de literatura, sendo sua última atualização em 2016, baseada em revisão de fisiopatologia e com a validação de novos critérios (Sepsis-3, descrito na tabela abaixo). Tabela 1. Definições de sepse. Fonte: Adaptado e traduzido do Surviving Sepsis Campaign 2021. Diferente do antigo conceito de infecção generalizada, sabe-se que a infecção está em um único lugar e é a resposta imune que causa destruição sistêmica. 7 Se acredita que haja um continuum de gravidade que varia desde a infecção não complicada até a sepse e o choque séptico, que culmina em síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMOS) e morte. Na mesma medida, o termo sepse grave também caiu por terra, visto que agora para ser sepse já precisa apresentar alguma disfunção orgânica. Morte Choque séptico Sepse Sepse grave Infecção generalizadaInfecção SDMOS Figura 1. Continuum de gravidade que varia desde a infecção não complicada até a sepse e o choque séptico, que culmina em síndrome de disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (SDMOS) e morte. Fonte: Acervo Medway. 8 Quais ferramentas posso usar? As novas recomendações ditam, ainda, que os critérios de SIRS não sejam mais utilizados para definir sepse como infecção com disfunção pelos novos conceitos. Mas podem ser utilizados para identificar infecção não complicada. SIRS seria diagnosticada com dois ou mais dos quatro critérios clínicos: temperatura corporal > 38ºC ou < 36ºC, frequência respiratória > 20 irpm ou pCO2 < 32, frequência cardíaca > 90 bpm e leucócitos > 12.000 células/mm³ ou < 4.000 células/mm³, que talvez sugiram uma resposta metabólica inflamatória a um insulto. Para diagnosticar sepse, o critério atual sugere que seja feita avaliação do escore SOFA - Sequential Organ Failure Assessment Score. O baseline do SOFA deve ser zero, ou seja, o normal é que o SOFA de pacientes hígidos seja zero, exceto em situações em que o paciente já apresenta alguma disfunção orgânica prévia (ex.: doença renal crônica, insuficiência hepática crônica etc). Dessa forma, um incremento de escore maior ou igual a dois seria diagnóstico de sepse. Não é importante para o candidato de acesso direto memorizar todo o escore, mas é imprescindível reconhecer os seis parâmetros avaliados. Como uma forma de triagem dos pacientes, em locais com menos recursos, foi criado e validado o quickSOFA (qSOFA), uma ferramenta para identificar pacientes com alto risco de óbito (aumento de mortalidade em 10% e risco de 2,0-2,5 x maior de óbito) ou de permanecer em UTI por mais de três dias. qSOFA > 2 definiria paciente de alto risco. Não se recomenda mais a utilização do qSOFA como uma ferramenta de rastreio parasepse. Figura 2. qSOFA, método de triagem para sepse, não fecha critério diagnóstico. Fonte: adaptado de Desautels T et al, 2016. Outro escore amplamente utilizado é o NEWS (National Early Warning Score), que utiliza 7 parâmetros para realizar a pontuação: • Frequência respiratória • Saturação de Oxigênio • Necessidade de Oxigênio suplementar • Pressão arterial sistólica • Frequência cardíaca • Nível de consciência • Temperatura periférica 9 Um escore total > 4 pontos OU > 3 pontos em um único parâmetro no NEWS já indica maior risco de mortalidade por sepse, requerendo intervenções mais urgentes. PARÂMETROS FISIOLÓGICOS 3 2 1 0 1 2 3 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA ≤ 8 9 - 11 12 - 20 21-24 ≥ 25 SATURAÇÃO DE OXIGÊNIO ≤ 91 92 - 93 94 - 95 ≥ 96 USO DE 02 SUPLEMENTAR Sim Não TEMPERATURA ≤ 35.0 35.1 - 36.0 36.1 - 38.0 38.1 - 39.0 ≥ 39.1 PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA ≤ 90 91 - 100 101 - 110 111 - 219 ≥ 220 FREQUÊNCIA CARDÍACA ≤ 40 41 - 50 51 - 90 91 - 110 111 - 130 ≥ 131 NÍVEL DE CONSCIÊNCIA A V, P, or U Tabela 2. Escore de NEWS. Fonte: Adaptado e traduzido de Smith GB, Prytherch DR, Meredith P, Schmidt PE, Featherstone PI. The ability of the National Early Warning Score (NEWS) to discriminate patients at risk of early cardiac arrest, unanticipated intensive care unit admission, and death. Resuscitation. 2013 Apr;84(4):465-70. Legenda: A - Alerta; V - Resposta aos estímulos verbais; P - Resposta aos estímulos dolorosos; U - Insconsciente. E para fazer o diagnóstico de disfunção orgânica? Utiliza-se o SOFA! A respeito do SOFA, é sempre importante pensar que a avaliação se resume a pesquisa de disfunções orgânicas: respiratória, neurológica, hematológica, hepática, renal ou cardiovascular. 10 Tabela 3. Escore de SOFA. Fonte: Adaptado e traduzido do Surviving Sepsis Campaing 2021. DISFUNÇÃO AVALIADA ALTERAÇÃO ESPERADA Respiratório Relação PaO2/Fi02 Hematológico Plaquetas Hepático Bilirrubinas Cardiovascular PAM e uso de drogas vasoativas Neurológico Escala de Coma de Glasgow Renal Creatinina e débito urinário 11 No paciente com infecção e escore de SOFA > 2, podemos firmar o diagnóstico de sepse e partir para as condutas de tratamento específico. Caso o paciente apresente sinais de hipoperfusão tecidual e hipotensão e necessite de droga vasoativa para manter sua PAM > 65 , além de hiperlactatemia, podemos considerá-lo como portador de um choque séptico. Paciente com infecção suspeita NEWS > 4 Choque séptico Buscar evidência de disfunção orgânica SOFA ≥ 2 SEPSE Necessita de DVA para manter PAM ≥ 65 e lactato ≥ 2 após volume A repercussão clínica das alterações hemodinâmicas secundárias à hipovolemia (com aumento da permeabilidade capilar e perdas para o terceiro espaço) são taquicardia, alargamento da pressão de pulso e extremidades quentes, caracterizando um estado hiperdinâmico e generalizado, o qual ocorre em mais de 90% dos doentes. Com o passar do tempo, a gravidade do quadro clínico e, por vezes, a ausência de tratamento adequado, a hipotensão arterial e o choque podem se desenvolver, por conta da hipovolemia e da vasodilatação periférica. Nos exames, observa-se hiperlactatemia, aumento da diferença arteriovenosa de CO2, acidose metabólica (redução do excesso de bases) e redução da saturação venosa central ou mista. Além da miocardiopatia da sepse (já discutida). 12 A disfunção renal parece ser marcador de mortalidade independente para sepse e caracteriza-se, em estudos em animais, inicialmente (estado hiperdinâmico) por hiperemia renal, com vasodilatação da arteríola eferente, aumento do fluxo sanguíneo, mas queda do tempo em que o sangue fica em contato no capilar glomerular e queda da taxa de filtração glomerular; com perfusão cortical preservada e medular reduzida; além de provável shunt de microcirculação renal com baixa oxigenação medular; e por dano tubular direto - necrose tubular aguda (alguns casos, mas não justifica todos) e por baixa pressão de perfusão resultante; clinicamente expressa por oligúria ou detectada em elevação progressiva de creatinina. A lesão renal aguda associa-se à elevada morbimortalidade em contexto de sepse, mas não há evidências atuais que favoreçam terapia renal substitutiva precoce (<48h) em detrimento da indicada por critérios de urgência dialítica. Já a disfunção respiratória é secundária à lesão endotelial pulmonar, com progressivo edema intersticial, com redução da complacência pulmonar e necessidade de ventilação mecânica. A lesão pulmonar aguda (síndrome do desconforto respiratório agudo) é definida pela presença de infiltrados pulmonares bilaterais, com redução da complacência, que não é explicado por causas cardíacas e com relação PaO2/FiO2 < 300. Quanto à encefalopatia associada à sepse, trata-se de um diagnóstico de exclusão, necessitando-se excluir causas estruturais, medicamentosas e metabólicas. O delirium é preditor de prognóstico ruim. Exames Complementares A solicitação de exames complementares objetiva avaliar foco infeccioso e disfunções orgânicas, bem como graduação e estimativa de prognóstico. • Hemograma, TAP, TTPa: identifica plaquetopenia como disfunção e leucocitose como causa infecciosa; • Lactato: diagnóstico de choque séptico e a disfunção metabólica; • Ureia/creatinina: disfunção orgânica; • Bilirrubinas: disfunção hepática; • PCR e procalcitonina: biomarcadores inflamatórios (não específicos de infecção); • Culturas: identificação de agente infeccioso e terapia direcionada; Ressalta-se a importância da coleta das hemoculturas ANTES da administração dos antibióticos! • Troponina e ECG: diagnóstico diferencial/avaliação miocardite; • Imagem: direcionada para avaliar foco infeccioso. Exemplo: Coleção intra abdominal → TC de Abdômen com contraste 13 Manejo específico As bases do tratamento de sepse, nos guidelines do Surviving Sepsis Campaign, inclusive atualizado em 2021, são pautadas em três pilares: • Antibioticoterapia precoce; • Suporte hemodinâmico inicial (reposição volêmica); • Suporte às disfunções orgânicas (avaliar necessidade de drogas vasoativas). Tratamento antimicrobiano Idealmente, antes do início de antibióticos, devem ser coletadas culturas, desde que isso não atrase o início do tratamento em mais de 45 minutos. E o antibiótico deve ser administrado em até 1 hora da identificação da sepse, mas atenção! Essa recomendação mudou no Surviving Sepsis Campaign 2021. Segue abaixo como ficou a recomendação: Tabela 4. Tempo de início de antibiótico na sepse. Fonte: Adaptado e traduzido de: Surviving Sepsis Campaign, 2021. Guardem bem essa informação: na sepse, há um aumento de 4 a 9% nas chances de morte a cada hora no atraso de antibióticos. Vale destacar que focos fechados necessitarão de cirurgia e nos focos associados a dispositivos invasivos (como cateteres), estes devem ser removidos. Não é recomendado tomar decisão de dar antibióticos em sepse guiado por procalcitonina (marcador inflamatório). 14 Hemodinâmica Os cristalóides são considerados a base inicial no tratamento de disfunção hemodinâmica na sepse. Por isso, deve prosseguir com ressuscitação volêmica com dose de 30 mL/kg de cristaloides (recomendação do Surviving Sepsis). Não se recomenda o uso de colóides sintéticos. Pode-se considerar albumina humana, mas sem evidência de superioridade ou maior benefício em relação aos cristalóides. Preconiza-se que a infusão desse volume deve ser feita em 3 horas. Vale ressaltar, ainda, que a ressuscitação em pacientes com diagnóstico de insuficiência cardíaca, dialíticos, anúricos ou idosos deve ser feita com cautela e alíquotas de volume 250mL, com reavaliações frequentes para sinais de congestão pulmonar/desconforto respiratório. Ainda sobre as estratégias de ressuscitação, na atualização de 2021 do Surviving Sepsis, o tempo de enchimento capilar foi incluído como recomendação para guiar a terapia. Além de admissão em UTI em até 6 horas. Estudos mais recentes mostramque a fluido-responsividade na maioria dos pacientes não persiste por mais de 6 horas. E a administração excessiva e não estimada de fluídos, poderia favorecer lesão renal aguda, além de outras disfunções orgânicas a longo prazo. Desta forma, há tendências nos principais centros de tratamento, de início precoce de drogas vasoativas. Drogas vasoativas Há tendência de preferir noradrenalina inicialmente e, em caso de miocardiopatia séptica importante, associar dobutamina. Não houve diferença de mortalidade quando comparado a dopamina e noradrenalina, mas houve desfecho secundário de aumento de lesões isquêmicas de extremidades, por isso, esta última é a nossa primeira escolha. Como dito, nosso objetivo é alcançar uma PAM > 65 mmHg. Para casos refratários (noradrenalina > 0,3-0,5 mcg/kg/min), podemos associar outra droga vasoativa como vasopressina ou outros tratamentos como, corticóide. 15 MANEJO DE DROGAS VASOATIVAS SURVIVING SEPSIS CAMPAIGN 2021 Use noradrenalina como primeiro vaso- pressor Para pacientes em choque séptico em uso de vasopressores Alvo de PAM 65 mmHg Considere monitorizar com pressão ar- terial invasiva Se o acesso venoso central não estiver disponível Considere iniciar vasopressores em aces- so periférico Se PAM está inadequada apesar de dose baixa a moderada de noradrenalina Considere associar vasopressina Se disfunção cardíaca com hipotensão persistente apesar de volemia adequada e PAM < 65 mmHg Considere associar dobutamina ou tro- car por adrenalina Legenda: Manejo de drogas vasoativas no choque séptico. Recomendações fortes em verde e fracas em laranja. Tabela 5. Manejo de drogas vasoativas. Fonte: Adaptado e traduzido do Surviving Sepsis Campaign 2021. Corticóide Primeiramente, é importante salientar que não é uma medicação de rotina, não faz parte dos pilares terapêuticos e deve ser restrito aos casos refratários. O corticoide está inicialmente indicado em proposta de reduzir atividade inflamatória e, depois, como tratamento de insuficiência adrenal relativa (aumento da demanda sistêmica). Há evidências discordantes quanto ao uso de doses baixas de hidrocortisona e fludrocortisona, que mostraram benefício em pacientes graves, com alto uso de vasopressores em mortalidade. No entanto, seu uso ainda é controverso. Outros estudos não mostraram benefício em mortalidade, mas o resultado positivo foi mantido quando comparamos o tempo livre de ventilação mecânica e a necessidade de hemoderivados. Há tendência atual de utilizar hidrocortisona 50 mg EV 6/6h por 7 dias. A maioria dos serviços não associa fludrocortisona. Hemotransfusão Visto que o paciente apresenta uma reação inflamatória sistêmica, podemos adotar estratégias mais liberais de transfusão? A resposta para essa pergunta é NÃO! 16 Alguns pesquisadores testaram a hipótese de que haveria benefício da transfusão de hemoconcentrados quando a hemoglobina (Hb) do paciente que apresentasse sepse ou choque séptico estivesse abaixo de 9.0 g/dL. Contudo essa hipótese já foi refutada em alguns estudos randomizados! Assim sendo, ainda mantemos uma estratégia de hemotransfusão mais restritiva para esses pacientes, ou seja, quando o Hb estiver ABAIXO de 7.0 g/dL. Vitamina C Alguns pesquisadores já pensaram que os pacientes com sepse ou choque séptico poderiam ter benefício em receber vitamina C intravenosa pelos efeitos anti-inflamatórios. O principal efeito pesquisado foi a redução no uso de drogas vasopressoras. Entretanto, após a análise de ensaios clínicos randomizados e meta-análises, foi observado que não houve redução na mortalidade nem na redução do tempo do uso de drogas vasoativas. Portanto, atualmente NÃO É RECOMENDADA a infusão rotineira de vitamina C. Terapia com bicarbonato de sódio O uso do bicarbonato de sódio em pacientes com sepse e choque séptico já foi recomendado com o intuito de reduzir a necessidade de drogas vasoativas e melhorar a hemodinâmica. Porém, a análise de novos estudos mostraram que os pacientes que têm benefício em receber bicarbonato de sódio são aqueles que, além do choque séptico, apresentam acidose metabólica grave (pH < 7.2) E lesão renal aguda (AKIN 2 ou 3). Ressalta-se que a dose de bicarbonato foi de 125 a 250 mL da solução de 4.2% de bicarbonato de sódio em 30 minutos, com o volume máximo de 1000 mL em 24h, além de avaliar o pH com nova gasometria depois de 1 a 4h após o término da infusão para averiguar se o pH atingiu valores próximos de 7.3. Note que a solução usada no estudo foi de 4.2%; no Brasil, temos bicarbonato de sódio em solução 8.4%. Ou seja, precisamos diluir a mesma quantidade de bicarbonato 8.4% e água destilada para chegar na solução de 4.2% Exemplo prático: Se formos infundir 250 mL de bicarbonato 4.2% em pacientes com choque séptico, acidose metabólica e disfunção renal, precisamos colocar 125 mL de água destilada em 125 mL de bicarbonato de sódio 8.4%. 17 E como podemos avaliar a melhora clínica do paciente? Antigamente, tínhamos objetivos claros nas primeiras 6 horas (PVC: 8-12 mmHg; Diurese > 0,5 ml/kg/h; PAM > 65 mmHg; SVcO2 > 70%). Tais objetivos foram definidos pelo estudo EARLY-GOAL. No entanto, não houve comprovação de que atingir as metas do Early- Goal reduzem a mortalidade (além do fato de serem medidas invasivas). Por isso, atualmente não é preconizado que seus valores sejam atingidos. Existem outros métodos de avaliar a hemodinâmica do paciente que não são superiores e nem inferiores a essas medidas objetivas do Early-Goal, mas são tão validados quanto, inclusive, a avaliação clínica. Por isso, a recomendação é realizar uma avaliação clínica seriada de PAM, diurese, frequência cardíaca e respiratória. Além do uso de outros dispositivos quando disponíveis, bem como dosagem de lactato, avaliação por ecocardiograma e outros. Referências Bibliográficas 1. Evans L, Rhodes A, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock 2021 [published online ahead of print, 2021 Oct 2]. Intensive Care Med. 2021; doi: 10.1007/s00134-021-06506-y 2. Singer M, Deutschman CS, Seymour CW, et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA. doi:10.1001/jama.2016.0287. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3) | Critical Care Medicine | JAMA | JAMA Network] 3. Smith GB, Prytherch DR, Meredith P, Schmidt PE, Featherstone PI. The ability of the National Early Warning Score (NEWS) to discriminate patients at risk of early cardiac arrest, unanticipated intensive care unit admission, and death. Resuscitation. 2013 Apr;84(4):465-70. doi: 10.1016/j.resuscitation.2012.12.016. Epub 2013 Jan 4. PMID: 23295778. https://link.springer.com/article/10.1007/s00134-021-06506-y http://dx.doi.org/10.1001/jama.2016.0287 https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2492881 https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2492881 https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2492881 18 CONCLUSÃO E aí, gostou deste material? Sabemos que tem muita coisa pra estudar na medicina, mas definitivamente a sepse é um dos temas mais importantes para TODOS os médicos e estudantes de medicina, independente do grau de especialização. É algo extremamente comum na emergência, com apresentação clinica muito variável e com aumento de mortalidade progressivo caso não se institua a terapia adequada. Portanto, a mensagem que fica é: mantenha sempre alta suspeição em relação à sepse! A verdade é que é quase impossível esgotar todos os assuntos da medicina e, mais ainda, guardar todos os diagnósticos e condutas na sua cabeça. Por isso criamos diversos materiais como este para que você possa ter um acesso fácil e rápido á informações confiáveis, direto ao ponto e com o essencial sobre cada tema abordado! Para conferir nossa “biblioteca digital”, é só acessar a Academia Medway e conferir nossa seção de Ebooks. Esperamosque tenha gostado! Estamos juntos até o final! Equipe Medway https://www.medway.com.br/academia/ 19 SOBRE A MEDWAY A Medway existe para ser a marca de confiança do Médico. Estamos sempre com você, principalmente durante a jornada de aprovação para a residência médica. Acreditamos que um ensino de qualidade faz toda a diferença na carreira do profissional de medicina e impacta de forma positiva a assistência lá na ponta. Só nos últimos 3 anos, aprovamos 3.600 alunos na residência médica em todo o Brasil, sendo 61% deles no estado de SP. Em 2022, quase 50% dos aprovados nas instituições mais concorridas de São Paulo (USP-SP, USP-RP, Unifesp, Unicamp e Iamspe) foram alunos Medway. Conseguimos isso unindo alguns elementos que são as nossas marcas registradas: proximidade com os alunos, aulas e professores excelentes, estudo direcionado e uma plataforma com mais de 41 mil questões comentadas, personalizável para suas necessidades. 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