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HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Síndromes ictéricas na infância A icterícia corresponde a expressão clínica da hiperbilirrubinemia e representa um dos problemas de saúde mais frequentes no período neonatal. Aproximadamente 60% dos recém nascidos termo e 80% dos prematuros tardios apresentarão icterícia na primeira semana de vida, permanecendo por até 30 dias ou mais em cerca de 10% daqueles em aleitamento materno. FORMAÇÃO DA BILIRRUBINA: ICTERÍCIA NEONATAL FISIOLÓGICA: esse tipo icterícia surge após 24h, atinge o pico entre 3º e 5º dia e dura, em média, 7 dias e, de uma maneira geral, é benigna e reversível. Pode ser desencadeada por problemas na circulação hepática, deficiências na captação, excreção e conjugação da bilirrubina ou aumento da produção dessa substância. A meia-vida das hemácias é muito curta no RN, então aumenta a bilirrubina indireta, já que o RN também tem pouca glucuronil transferase (que transforma em B. DIRETA) ICTERÍCIA NEONATAL PATOLÓGICA: esse tipo surge até 24 horas após o nascimento. É desencadeada em razão de anormalidades hepáticas, biliares ou metabólicas, infecções e incompatibilidade no sistema ABO e Fator Rh. A hiperbilirrubinemia indireta é decorrente da excessiva formação de bilirrubina e da incapacidade do fígado neonatal em conjugá-la e eliminá-la. Esta situação damos o nome de hiperbilirrubinemia ou icterícia neonatal fisiológica = processo normal com todo RN. Apesar da maioria dos neonatos com hiperbilirrubinemia ser saudável, o excesso de BI tem efeito potencialmente toxico sobre o SNC, podendo levar a uma disfunção cerebral importante. O termo encefalopatia bilirrubinica aguda é usado para descrever essa manifestação aguda e o termo Kernicterus é usado para descrever as sequelas permanentes e crônicas. Existe outra causa muito frequente que leva a esse aumento da hiperbilirrubinemia indireta, que é a icterícia relacionada ao leite materno. Inicia-se após o quarto dia de vida, atingindo o pico máximo na segunda semana e permanece até a oitava semana. Porém, pode persistir além da decima semana com aleitamento exclusivo. Em geral, RN e lactentes com icterícia pelo leite materno são saudáveis, com ganho de peso adequado, coloração de fezes, urina e exame físico normais, e o nível séricos totais ou de bilirrubina indireta raramente excedem 12 mg/ dL. Existem os componentes do leite materno que estão implicados na patogênese, como fator de crescimento epidérmico, ácidos graxos não estratificado, estriol, cortisol, pregnanodiol, além de mutações da enzima UGT. IDENTIFICAÇÃO DA ICTERÍCIA Técnica correta: Examinar o paciente totalmente despido e na luz natural. ZONAS DE KRAMER: Zonas dérmicas de progressão craniocaudal da icterícia: 1. Cabeça e Pescoço 2. Tronco até umbigo 3. Hipogástrico e coxas 4. Braços/Antebraços e pernas 5. Mãos e pés, incluindo palmas e plantas FATORES DE RISCO (P/ SER PATOLÓGICO) MAIORES: Início precoce: < 24h; Incompatibilidade sanguínea (ABO/RH); Idade gestacional entre 35-36 semanas; Irmão com icterícia e que fez fototerapia; Céfalo hematoma (imagem); Dificuldade no aleitamento materno exclusivo ou perda de peso >7% em relação ao nascimento; HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Etnia asiática; Prematuridade. MENORES: IG entre 37-38 semanas; RN macrossômico ou filho de mão diabética; Sexo masculino; Idade materna >25 anos; Irmão com icterícia, mas que não necessitou de fototerapia. EXAMES Hemograma; Grupo sanguíneo e fator Rh; Bilirrubinas totais e frações; Coombs direto; Contagem de reticulócitos. De diagnóstico diferencial tem-se: Síndrome de Gilbert: benigna, aumento da bilirrubina indireta = deficiência de glucuronil transferase, manifesta na criança mais velha, após estresse físico; Síndrome de Crigler Najjar: é mais grave, aumento da bilirrubina indireta = deficiência de glucuronil transferase e manifesta no RN (mesmo com a fototerapia). TRATAMENTO O tratamento da icterícia será determinado de acordo com qual hiperbilirrubinemia é predominante na icterícia do RN. O tratamento da hiperbilirrubinemia indireta pode ser a fototerapia ou exsanguineotransfusão. A fototerapia é o tratamento mais prescrito na primeira semana de vida e é prescrita, em RN a termo ou pré-termo tardio (> 35 semanas), baseando-se na dosagem da bilirrubina total sérica. A exsanguineotransfusão é reservada para as situações onde há risco maior de neurotoxicidade e é capaz de remover até 40% da bilirrubina pré-existente. Está indicada quando há falha da fototerapia, para interromper hemólise, RN prematuro, com menos de 1500g, com bilirrubina com valor maior ou igual aos 2 primeiros dígitos do peso, entre outras. Colestase neonatal ICTERÍCIA POR AUMENTO DA BILIRRUBINA DIRETA Diferente da hiperbilirrubinemia indireta, a bilirrubina direta está relacionada com estados patológicos e traduz a diminuição da secreção biliar por doença hepatocelular ou biliar, a colestase. Colestase é utilizado para descrever os estados patológicos que ocasiona a diminuição da secreção biliar, por alterações anatômicas ou funcionais do sistema biliar = dificuldade na excreção da bile -> acúmulo de sais biliares e bilirrubina no fígado e no sangue. Elevação de BD é sempre patológica no bebê!!! Etiologias infeccionas, anatômicas, tóxicas, imunes, genéticas e outras. ATRESIA DE VIAS BILIARES (causa + comum): doença progressiva, idiopática e obliterante das vias biliares intra e extra hepática. Evolução com icterícia prolongada, fezes acólicas, coagulopatia, failure to thrive (atraso no crescimento). Na US mostra como sinal do cordão triangular = vesícula fibrosada Possui algumas manifestações principais, como a icterícia, hipocolia ou acolia fecal, colúria, prurido e xantomas. HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Nas alterações laboratoriais, o diagnóstico da colestase é sugerido por: Enzimas hepáticas: AST e ALT (marcadores de lesão hepatocelular), FA (pouco especifica na criança > fígado, ossos e rins) e GGT (presente no epitélio biliar). Função hepática: albumina, atividade de protrombina/RNI e bilirrubinas = definição de gravidade e de tratamento de suporte. Já no exame histopatológico, a colestase se apresenta com o acúmulo do pigmento da bilirrubina nos hepatócitos e nos canalículos biliares. Com isso, as síndromes de Dubin-Johnson (presença de pigmento castanho escuro no citoplasma das células hepáticas) e Rotor, não se caracterizam com quadro colestático, porque não ocorre a diminuição da secreção biliar, havendo apenas uma alteração na excreção da bilirrubina, cursando com bilirrubina sérica em torno de 2 a 7 mg/dL. Hepatites virais A evolução de uma hepatite aguda consiste de três fases: Prodrômica ou pré-ictérica: com aparecimento de febre, astenia, dores musculares ou articulares e sintomas digestivos, tais como: anorexia, náuseas e vômitos, perversão do paladar, às vezes cefaleia. A evolução é de mais ou menos quatro semanas. Eventualmente essa fase pode não acontecer, surgindo a icterícia como o primeiro sinal. Ictérica: abrandamento dos sintomas digestivos e do surgimento da icterícia que pode ser de intensidade variável, sendo, às vezes, precedida de colúria. A hipocolia pode surgir por prazos curtos, sete a dez dias, e às vezes se acompanha de prurido. Convalescença: desaparece a icterícia e retorna à sensação de bem-estar. A recuperação completa ocorre após algumas semanas, mas a astenia pode persistirpor vários meses. 90- 95% dos pacientes adultos acometidos podem evoluir para a cura. HEPATITE A: Hepatite A (HVA): anorexia, mal estar, dor abdominal, aversão alimentar, náusea, vômitos, dor no hipocôndrio direito, colúria (urina escura), icterícia e acolia (fezes brancas). Pode-se apresentar, ainda, de forma assintomática. Não cronifica!!! Transmissão: fecal-oral Vacinas:1º dose com 1 ano (SUS) e 2ª dose 6 meses depois (particular); Propedêutica: dosagem das bilirrubinas, TGO e TGP, Hemograma (linfocitose); Comprovação: solicitar sorologia = anti-HVA IgM (aguda)/IgG (contato = cura ou vacina) HEPATITE B: quadro clínico semelhantes ao da HVA, cronifica e tem caráter oncogênico. Único de vírus DNA. Transmissão: parenteral Vacinas: 1ª dose ao nascer, 2ª dose com 2 meses (Penta Brasil); 3ª dose com 4 meses (Penta Brasil); Ou ainda a 4ª dose com 6 meses. Propedêutica: dosagem das bilirrubinas, TGO e TGP, Hemograma; Comprovação: solicitar HBsAg (pode desaparecer rapidamente); Solicitar anti-HBc IGM (permanece mais tempo). Todo RN ou lactente que apresente a bilirrubina direta maior que 1,0 mg/dL merece a investigação diagnóstica. HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período HEPATITE C: frequentemente assintomática e cronifica!!! Vacina inexistente; Diagnóstico: exclusão da Hepatite A e B; Comprovação: solicitar Anti HVC = só a clínica consegue diferenciar se é aguda ou crônica. HEPATITE D: transmissão parenteral, pode ser por infecção simultânea (B+D) = coinfecção ou infecção pelo vírus D em individuo já com a B = superinfecção. HBsAg + (positivo) com Anti-HBc IgM + = coinfecção; HBsAg + com Anti-HBc IgG + e Anti-HDV= superinfecção HEPATITE E: transmissão fecal-oral. Em gestantes tem chance de ser fulminantes e em imunodeprimidos cronifica.
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