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Sociologia das profissões

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Sociologia das profissões 
O estudo das profissões jurídicas é um campo de pesquisa dentro da sociologia do direito que vem sendo muito desenvolvido e dialoga com a sociologia das profissões. Esse campo foi desenvolvido ao longo do século XX pela sociologia que teve sempre um interesse muito especifico no que diz respeito a maneira que a profissões se organizam, a maneira como grupos profissionais tem certa concepção das suas práticas. A maneira como as práticas se dão efetivamente. Tudo isso é um tipo de discussão dentro desse campo. 
Magistratura
Isso será apresentado a partir de um estudo feito na década de 90 dessa sociologia das profissões pela Eliane Junqueira, José Ribas Vieira e Maria Guardalupe Piragibe. Eles fizeram essa pesquisa empírica e publicaram a obra “Juízes Retrato em Preto e Branco”. 
Condições da pesquisa
Esses pesquisadores fizeram um financiamento para a realização da pesquisa junto a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. A proposta da pesquisa era de fazer um estudo sobre a questão da democratização do poder judiciário. Temos ai toda a década de 70 e inicio da de 80 na qual as instituições brasileiras foram impactadas pelo período do autoritarismo, ou seja, a violação de uma série de prerrogativas propriamente democrática de funcionamento das instituições e com a constituição de 88 foi culminado o processo, ao menos do ponto de vista jurídico, de democratização da ordem normativa brasileira e também ao longo da década de 80 consequentemente as instituições estariam sendo impactadas por essa redemocratização. A EMERJ que em um primeiro momento se mostrou receptiva à pesquisa, quando teve contato com o tema em si, recuou. Os pesquisadores então conseguem o apoio da OAB-RJ que tem um departamento de pesquisa. Houve também um apoio por parte da Associação de Magistrados Brasileiros do Rio de Janeiro. O material que foi utilizado ao longo da pesquisa foram as provas para ingresso na magistratura no estado do Rio de Janeiro, viram como estão organizadas, quais são os conteúdos, os elementos que estão presentes nessas provas. O segundo material trabalhado por esses pesquisadores foram as revistas de jurisprudência do TJ-RJ, que não contam somente com relatos e analises jurisprudenciais, mas também traz artigos doutrinários que expressam as posições dos magistrados. Então lá tem escrito sobre a súmula vinculante, o direito de propriedade, relações de trabalhos, etc. Por fim, fizeram entrevistas e questionários, e ai o apoio da Associação de Magistrados do Rio de Janeiro, o dava certa legitimidade e plausibilidade. 
Categorias gerais 
Categorias gerais de compreensão socioprofissional. Conceitos que permitem compreender qualquer grupo profissional. Essas categorias foram trabalhadas a partir de uma referência importante dentro da sociologia em geral e da sociologia das profissões, que é uma referência trabalhada por um sociólogo francês chamado Pierre Bourdieu. No capitulo três logo no inicio eles vão apresentar essas categorias gerias de uma cultura sócio-profissional que não são elaboradas por esses três pesquisadores, mas foram desenvolvidas por esse sociólogo que eles utilizam para falar sobre a magistratura do estado do Rio de Janeiro. Essas categorias são:
Categoria de campo (campo sócio-profissional)
Toda categoria sócio-profissional atua em um espaço que é o espaço inter-relacional, um espaço no qual relações são estabelecidas, posições são tomadas, no qual poderes são divididos. Ou seja, toda categoria sócio-profissional pode ser identificada a partir de um espaço, não propriamente físico, no qual essas relações se estabelecem, hierarquias se apresentam e relações de poder são constituídas e é isso que ele chama de um campo sócio-profissional. O campo significa dizer que estou diante de um espaço de relações estabelecidas pelas pessoas que estão dentro de uma determinada profissão. Isso significa dizer que os professores da UFF com uma categoria profissional, eles têm um campo de atuação. Ou seja, um espaço no qual relações se estabelecem. Existe um diretor, existem grupos, existe uma oposição. Ou seja, toda essa serie de relações entre pessoas é um espaço socialmente constituído que se identifica em um campo sócio-profissional especifico, que no caso é o campo dos professores universitários da UFF. Esse campo não é o mesmo da magistratura do estado do Rio de Janeiro, pois ali é outro espaço no qual também tem relações que se estabelecem, posições que se demarcam, conflitos, relações de poder. Toda profissão tem um campo específico.
Hábitus profissional
Todo campo sócio-profissional, ou seja, esse conjunto de relações estabelecidas entre profissionais que estão em disputa, etc., ele se movimenta, expressa e cria constantemente um habitus da profissão. Ou seja, um compartilhamento entre esses profissionais de certos valores, de certas visões de mundo, de certas representações gerais daquilo que é a realidade, etc. Por exemplo, dentro do campo do direito se a gente conversa com um jurista vemos claramente que existem certos valores mais ou menos compartilhados a respeito da justiça, do poder e da importância do direito na regulação da vida social. Habitus são esses valores mais ou menos compartilhados e eles dão certo perfil, certa identidade, certa diferenciação dessa categoria sócio-profissional com relação à outras. Tudo isso é um processo de socialização que vai sendo feito, por exemplo, no campo o direito, a partir da faculdade e depois nos espaços profissionais. É o que se chama habitus profissional. 
Ritos de passagem
Isso significa dizer que todo grupo sócio-profissional ao longo de suas práticas, estabelecem mecanismos que permitem que uma pessoa que esteja fora do grupo passe a fazer parte desse grupo. É o que ele chama de ritual de passagem. Mecanismos mais ou menos de controle que permitem que pessoas que estão fora e queiram ingressar, possam em determinado momento fazer parte do grupo sócio-profissional. Esses mecanismos de controle de passagem de externo para interno é o que ele chama de ritos de passagem. Esses ritos podem ser extremamente formalizados e institucionalizados como podem ser também mais informais. Mas sempre existem. No caso da magistratura, aquilo que se configura como rito de passagem que permite o controle do corpo profissional é o concurso. Se preparar para a prova, fazer a prova, tomar posse, tudo isso é um ritual de passagem.
Categorias específicas 
Categorias específicas de compreensão da cultura organizacional da magistratura brasileira. Essa é uma construção feita pelos pesquisadores, não estão mais mobilizando uma construção feita por outra pessoa como foi o caso das categorias gerais. Eles vão trabalhar essas categorias a partir de três referências que estabelecem polos possivelmente diferenciados de expressão de uma cultura democrática da magistratura com relação a uma cultura conservadora. Ou seja, a hipótese inicial deles não é fazer uma pesquisa sobre a democratização do poder judiciário, agora eles vão construir categorias que deem inteligibilidade, uma compreensibilidade àquilo que seria uma expressão de uma cultura organizacional da magistratura democrática e aquilo que seria o seu oposto, a expressão de uma cultura conservadora. Eles vão trabalhar três referências que são polos diferenciados de expressão dessa cultura democrática ou dessa cultura conservadora. Antes de trabalhá-las é importante entender que quando eles colocam elementos que ilustrariam uma cultura democrática e elementos que ilustrariam uma cultura conservadora isso não significa dizer que se está diante de uma dicotomia, como se ou bem tenho uma coisa ou bem tenho outra. Eu tenho uma expressão de algo que quanto mais estiver expressando essa característica, que vou colocar ainda, estaria próximo de uma cultura democrática. Quanto menos estiver expressando essa cultura conservadora, mas não significa dizer que se tem uma dicotomia. Ou seja, uma serie de posições intermediárias são possíveis. 
A primeira referência que eles utilizam é o elementode uma cultura organizacional democrática seria presente numa cultura universalista da magistratura. E a sua negação, seu oposto seria a expressão de uma cultura corporativista da magistratura. quanto mais uma cultura da magistratura, ou seja, quanto mais os magistrados expressarem uma cultura universalista, mais teria a ilustração de uma cultura democrática. Quanto mais os magistrados expressassem uma cultura corporativista, por suas práticas e ideias, mais ilustraria uma cultura conservadora. Obvio que se tem uma serie de posições intermediarias entre uma universalidade cultural e um corporativismo cultural. 
A segunda referência que eles vão trabalhar para compreender uma cultura democrática da magistratura e uma cultura conservadora da magistratura. Uma cultura calcada numa compreensão dos conflitos a partir de direitos coletivos, ilustraria uma cultura democrática da magistratura. Quanto mais tivesse uma flexibilidade para compreender os conflitos a partir de direitos individuais, mais estaria ilustrando uma cultura conservadora. 
E por fim, a terceira referência que eles utilizam é a ideia de quanto mais estiver próximo da expressão de uma cultura profissional expressando uma pratica interdisciplinar, mais estaria próximo de uma cultura democrática e quanto mais estivesse expressando uma cultura técnico-profissional no sentido legalista, mais estaria expressando uma cultura conservadora. 
Eles estão querendo dizer que as características da cultura organizacional da magistratura que ilustrariam uma cultura democrática, seriam dados por uma cultura universalista sensível aos tratamentos dos conflitos a partir de direitos coletivos e a praticas profissionais mobilizadas a partir de uma interdisciplinaridade. Por outro lado, uma cultura mais conservadora seria ilustrada em práticas profissionais que seriam corporativistas como cultura, que seriam sensíveis a resolução dos conflitos a partir de direitos individuais e teriam uma maneira de conceber sua pratica profissional a partir de uma referência tecnicista legalista. Essas características ilustrariam, na hipótese desses autores, uma cultura conservadora. 
É importante sinalizar que eu não tenho propriamente a ideia de uma coluna que ao existir, exclui a outra. Ou seja, posso ter uma serie de posições aqui que expressam menos um universalismo e um ponto que estaria no meio dessas duas referências. O que mostra que há gradações entre esses dois polos que eles estão colocando de uma cultura democrática e de uma cultura corporativista. Um rito de passagem vai de certa maneira qual é o tipo de magistrado que estou trazendo para o grupo profissional. Ou seja, se a prova é organizada mais entorno de elementos individuais e se espelha mais em direitos conservadores do que direitos coletivos. 
A primeira questão que eles estão trabalhando:
 Cultura universalista e cultura corporativista
Todo grupo sócio-profissional só se constitui quando forma uma identidade. Ou seja, todo grupo profissional, conscientemente ou não, pelas suas práticas trabalha uma ideia de corpo, uma diferenciação entre os outros. Se existe um corpo ao qual pertenço, existe um campo no qual me relaciono, existem determinados hábitos, valores de mundo que são próprios ao nosso corpo diferenciado do externo, ou seja, de outros elementos de grupos sócio-profissionais. Entretanto, como é que você lida com essa ideia de corpo? O que os autores colocam é o seguinte: quanto mais o grupo sócio-profissional for aberto para o diálogo com o que lhe é exterior, ou seja, quanto mais ele absorver críticas, quanto mais ele for transparente, quanto mais ele dialogar com o que lhe é externo, mais ele vai expressar uma cultura universalista nas suas práticas, nas suas formas de conceber o mundo, etc., ou seja, se o grupo é aberto, faz autocrítica, funciona sempre com uma identidade, mas dialogando com elementos externos, mais ele pode expressar o funcionamento de uma cultura sócio-profissional universalista.
Quanto mais o grupo for fechado, refratário com o que lhe é exterior, quanto mais ele for refratário às criticas do seu funcionamento, não aceitando a troca, o diálogo com o que lhe é externo, mais aquela cultura sócio-profissional vai ilustrar elementos de uma cultura corporativista.
Depois eles vão ver que se os elementos empíricos, que eles vão trabalhar depois, estiverem mais para o lado de uma cultura universalista, isso representa uma cultura mais democrática da magistratura. Se os elementos empíricos estiverem ilustrando uma cultura corporativista, mais a cultura da magistratura do Estado do Rio de Janeiro ilustra as práticas de uma cultura conservadora.
Tratamento dos conflitos
Os conflitos chegam ao poder judiciário, e nós temos uma serie de normas que são aplicáveis aos conflitos, quanto mais for sensível ao tratamento dos conflitos admitindo que eles sejam passíveis de serem tratados a partir de normas de direitos coletivos, mais estariam expressando uma cultura organizacional democrática.ou seja, é aquele magistrado que é sensível a conflitualidade social, não somente a partir de uma individualização do conflito, mas que o conflito tem um desdobramento coletivo, mais estaria expressando uma cultura organizacional democrática. Não significa dizer que o magistrado vai tratar tudo a partir dessa referência. 
	Por outro lado, quanto mais ele lidar com essa conflitualidade tão somente a partir dos marcos dos direitos individuais, mais esse magistrado seria ilustrativo de uma cultura conservadora, segundo os autores.
Atuação
Quanto mais o magistrado atuar mobilizando referências nas construções das suas decisões ou imaginar que isso é possível, a partir de referências que não estão presentes somente no campo normativo, ou seja, no campo da lei, da norma editada pelo Estado, e estão também em referências históricas, sociais, econômicas, etc., mais estaria diante de uma cultura democrática. Ou seja, quando mais estivesse expressando uma prática profissional que absorve no seu ato de julgar, no cotidiano, elementos que não são somente na norma, mas caminha para outras referências, mais ele estaria ilustrando uma prática de uma cultura democrática.
Por outro lado, quanto mais o magistrado voltasse a sua atuação para uma mera aplicação da lei, negligenciando outros saberes, outras referências, ou seja, quanto mais tivesse a atuação profissional calcada em um parâmetro técnico-formal legal, mais estaria expressando uma cultura conservadora.
Elementos empíricos 
Processo de recrutamento e seleção dos magistrados
Recrutamento: Classes médias/ altas. “famílias jurídicas”
Seleção: Técnico- formal (positivo)/ Direitos individuais
Perfil da magistratura
Idade: Juvenilização (torna-se mais jovem)
Gênero: Feminilização (cada vez mais mulheres)
Inserção profissional (satisfação, atuação)
Satisfação: 86,5% satisfeitos
Atuação: Lei -> caso concreto. Tecnico-formal
Crise do poder judiciário
Crise estrutural.
Controle? Não!
Direito alternativo? Conhecem, mas não utilizam.
Qual é a visão que os magistrados têm de um tema que é a crise do poder judiciário. Essa discussão é trabalhada ao mesmo tempo com a questão do controle do poder judiciário e com a questão do conhecimento do tema do direito alternativo.

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