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11/12/2012
2ª Sessão - Por uma História Conceitual do Político - Pierre Rosanvallon & Manifesto do Partido Comunista – Karl Marx e Friedrich Engels.
Nessa passagem do século XVIII para o século XIX, um pensador inaugurou na cena política europeia o pensamento alemão sobre muitas coisas. O filósofo ”Immanoel Kant” foi o primeiro filósofo alemão de maior expressão que pensou sobre o mundo, o estado, inaugurou o campo da filosofia e também do direito, ma só que nos interessa lembrar é que ele escreveu um livro chamado “A paz perpétua”. A preocupação de um filósofo alemão nessa época era a noção de paz, ou seja, a Inglaterra tinha tido uma série de conflitos e finalmente conseguira conquistar uma paz interna, um sistema de governo constitucional monárquico que garantiu de certa forma uma tranquilidade no interior do país. Enquanto isso na Europa essa paz não estava ainda garantida e era exatamente a preocupação com o Estado nação que está surgindo, alguns reclames de “Immanuel Kant” vão começar a ser apontados, ou seja, uma forma de você assegurar a paz pela política e não pela força, por subjulgar o adversário e controlar o território para ter paz no seu centro.
Na primeira aula vimos que o crescimento do domínio grego, ou seja, eles queriam expandir, mas com a preocupação de preservar Atenas e Esparta do alargamento dessas fronteiras e cada vez mais colocando os possíveis conflitos longe do centro. A mesma coisa o império romano e o império mulçumano ou modernamente, podemos pensar em Brasília num ponto estratégico, já que quando a capital era na costa era facilmente atacada. 
Essa preocupação com a paz e com a segurança muda do discurso de Maquiavel, muda depois da fundamentação do contrato hobbesiano, muda com a fundamentação do contrato Lockeano, ganha determinada feição com a fundamentação do contrato Rousseauniano, mas ela vai se consolidar ao longo do século XIX e veremos depois como e porque. Agora, sobre o texto de Rosanvallon, ele apresenta alguns instrumentos interessantes para começarmos a entrar nessa nova fase da teoria do estado que é pra poder começar a trabalhar melhor com alguns conceitos que vão se consolidar no século XIX e que são importantes pra gente tentar perceber como deveremos estudar valores como Estado, democracia, nação, governo, eventualmente podemos pensar no direito, ou seja, esses valores ou ideias tem determinadas trajetórias, elas não surgem do nada. Mas ao mesmo, em cada momento o conceito de democracia ganha uma feição muito particular e muito local. Dentro de um conceito sócio-histórico, você entende democracia somente localmente, não se pode pensar um valor absoluto de democracia. Não sei se vocês conseguem imaginar a democracia ateniense, teoricamente aonde o conceito de democracia foi fundado, não eram todos os habitantes de Atenas que votavam. A palavra “demo” do grego significa região, ou seja, é totalmente diferente do sentido que a gente dá pra essa palavra. Então a democracia grega começou com os representantes da região na ágora. Não se reuniu todos os gregos para votar, foram os representantes das regiões, e a ágora hoje poderia ser a ideia de parlamento, então a democracia não era a forma dos representantes de discutir o poder, era como o poder era discutido pelos representantes, não era um processo de indicação. A democracia era como se devesse haver um parlamento, porque na representação democrática na ágora, não havia nada de democrático nessa escolha do representante. 
Nos Estados Unidos a eleição presidencial pode ser ganha pelo candidato que não recebeu numericamente a maior quantidade de votos. Nesse caso o elemento democrático não é o cidadão, é o Estado. Começou com os 13 Estados independentes da Inglaterra tentando formar um governo. Esse modelo federativo norte americano, pelo ponto de vista da confederação, tem como unidade central democrática cada Estado e cada um deles tem um conjunto de votos no colégio eleitoral que elege o presidente. E o sistema de indicação desses representantes do colégio eleitoral que é razoavelmente demográfico, pelo número de habitantes, é discutido autonomamente por cada Estado federado como é a atribuição dos representantes do Estado no colégio eleitoral. Há Estados que digam que quem ganhar democraticamente dentro do Estado, todos os delegados do Estado votarão no candidato do Estado. Então significa que no sistema bipartidário norte americano, vamos supor que Louisiana tenha essa regra, então todos os votos dos delegados no colégio eleitoral desse Estado vão votar no candidato mais votado, logo que se a votação dentro do estado ficar 51% para um candidato, ele receberá todos os votos. Já na Califórnia é proporcional, porque autonomamente como uma unidade democrática dentro da federação norte americana definiu isso, então no colégio eleitoral os delegados votarão proporcionalmente a votação da população da Califórnia.
 Se você entender que a unidade democrática federalista norte americana é o Estado, ele é muito mais federalista do que o Brasil. Pois aqui a união manda e decide, tanto é que não existe um vade mecum do Rio de Janeiro, por exemplo. Existe o vade mecum federal, da união. Ninguém nunca viu o plano diretor da cidade de onde mora, mesmo sendo ele quem vai reger o nosso dia a dia, pois a lei federal não deveria dizer como você anda na rua, a lei local é que deveria dizer, pois é ela que no nosso cotidiano é mais importante. Pois é aonde discutimos democraticamente e muito mais próximo da nossa realidade, segundo os valores de Montesquieu, muito mais próximo do sentido republicano aonde todo mundo é mais homogêneo. Por exemplo, não conseguimos imaginar o que é viver numa comunidade amazônica. Então será que essa ideia de entender o direito de moradia, por exemplo, pela lei federal que tem que dar conta de um registro civil, aonde você precisa dar um endereço de nascimento. Isso na Amazônia é um problema, até pouco tempo atrás era obrigatório ter um endereço para obter o registro civil, logo tinham várias pessoas sem o registro por conta disso. O que chama a atenção é que todas essas ideias, democracia, Estado, governo e até registro civil, tem um sentido histórico contextual que pode ser pra nós de um valor, e pra outros de outro valor. O povo cigano, por exemplo, se recusa a ter uma cidadania, eles querem ser cidadãos do mundo, nômades. 
Por uma História Conceitual do Político – Pierre Rosanvallon (Revista Brasileira de História, São Paulo, v.15. no. 30, 1995, pp. 9-22)
A fragmentação indesejável da Política – história das ideias, a filosofia política e a história factual; 
A primeira crítica que o Pierre Rosanvallon faz é a ideia de que quando a história da política é feita, ele identifica uma fragmentação. Ou seja, para pensar na política separaram a ideia de como observar política e história das ideias, ou seja, a ideia de democracia, de justiça, de uma filosofia política, o que é a política como já citei Immanuel Kant, que pra ele a evolução do homem é a evolução do mundo da política, é a evolução da sociedade, ele diz a razão é algo nato e não aprendido, diz que nascemos com categorias fundamentais, então o homem deve exercer as potencias dessa razão no sentido a uma organização política cada vez maior e do sentido, nas palavras de Kant: a paz perpétua será atingida na sociedade política e não no homem. Enquanto Maquiavel pensava no Príncipe, aquele que tinha virtudes, que tinha fortuna, ele poderia conseguir a paz, comandar, gerar benefícios, enquanto Hobbes pensa no leviatã como sendo capaz de um soberano ganhar a paz. Immanuel Kant vai dizer que não, é só na organização política que será possível atingir a paz.
 Rosanvallon diz que há outra forma de tratar a história da política através da história dos fatos. Podemos pegar a revolução francesa, norte americana, a comuna de Paris, 1ª república, 2ª república, independência, ou seja, nós podemos também imaginar a política brasileira, pegar os fatos e analisar como uma cadeia. Ele chama atenção de que essa fragmentação é razoavelmentedesejável, da mesma forma que a gente pode pensar no direito. O direito será apresentado também fragmentado, paradoxalmente em duas formas. Uma forma destacada da sociedade, e dentro campo teremos também teoria do direito, historia do direito, sociologia do direito, etc. e também veremos o direito técnico, direito constitucional, positivo, ambiental, etc. e é claro que acharemos que o direito está aqui, mas ele não está só aqui, ele está na filosofia, e está na ideia de conceito de como a sociedade interage com o direito e como a sociedade cobra e muda o direito. Como a sociedade ou os intérpretes dela fazem com que a presença maior ou menor da sociedade apareça. No mensalão podemos ver quantos ministros observam a sociedade e quantos ministros observam somente o conceito jurídico. Sobre a perda do mandato, o ministro para justificar seu voto contrário a perda disse: imagine um senador que tem um mandato de 8 anos e seja condenado a perda restritiva de liberdade por 4 anos, logo ele ficará 4 anos na cadeia e depois completar o mandato dele que o voto popular dele. O autor chama atenção então que essa fragmentação tanto da política quanto do direito, como sendo indesejável (faz crítica).
A abertura gradativa, porém insuficiente, para os aspectos econômicos, sociais e culturais; renovação da história das mentalidades e das instituições;
A segunda crítica que ele faz de como a ciência política faz, é que ele reconhece que já há uma abertura na forma de pensar política para alguns elementos que teoricamente não estão dentro da política, como por exemplo, a economia, os aspectos sociais como a união homoafetiva, os efeitos jurídicos da opção sexual livre, não só os efeitos sociais, mas também econômico (partilha de bens). Se enquanto a união foi aceita socialmente, patrimonialmente ela não foi. Começou então uma serie de questões importantes sobre esse problema de adequação com a evolução social e cultural, eventualmente com essa correspondência no plano econômico e a gente pode pensar essa questão da mesma forma relacionada ao direito e a renovação da historia das mentalidades e das instituições. Eles chamam de mentalidade a ideia dos valores, aquilo que consideramos um valor positivo ou negativo ao longo do tempo. Por exemplo, o colonizador português não valorizava o trabalho, tal como o católico naquela época que relacionava o trabalho como viver em pecado, para eles deveria se ter como ideal uma vida contemplativa, devoto a Deus, mas não trabalhando, para isso tinha os escravos. Logo o trabalho nesse sentido está comoa algo ruim. Já em Weber, na ética protestante do capitalismo, trabalha com a relação de Benjamin Franklin sobre a relação trabalho X dinheiro, e a ideia da teoria da predestinação, ou seja, quem é o eleito de Deus. Dentro da reforma protestante a ideia de que nem todos são os eleitos, a ideia de povo eleito que manteve e mantém hoje o povo judeu de toda essa briga em relação aos árabes que não considerados eleitos pelo protestantismo deferente do catolicismo que é uma religião para todos. Para demonstrar que você faz parte dos eleitos, no protestantismo, deve-se mostrar no presente, deve-se trabalhar para alcançar sucesso na vida material porque assim você demonstra não só para a coletividade, mas também para Deus que merece a vida eterna. Então a ideia de mentalidade tem relação com esse conceito de trabalho. 
 Proposta de uma “história conceitual do político” 
Por conta desses problemas de insuficiência dessa abertura do político e do direito, é que o autor apresentou uma proposta de uma história conceitual do político. A primeira ideia é:
	 Superar a fragmentação e os deslocamentos para outros campos disciplinares; 
A ideia da interdisciplinaridade é fundamental para a continuação adequada para o fenômeno político e lançando uma paralela para entender o fenômeno do direito. Ou seja, não adiante você como promotor, atuando no ministério publico federal, se você não tiver uma abertura para aspectos culturais, econômicos e sociais, você provavelmente não conseguirá fazer a defesa do interesse da sociedade de forma legal. Pois o mundo social é muito mais complexo do que está na lei. As demandas da sociedade são muito mais dinâmicas do que aquilo que a lei consegue acompanhar, por mais que ela esteja sempre normatizando legalmente aquilo que é dinâmico. No momento em que é comprado um vade mecum, ele logo estará desatualizado, e mesmo se comprar separata também. O diário oficial da união todos os dias publica várias leis. Para estar atualizado é preciso complementar o vade mecum com a leitura diária do diário oficial da união. Mas não só da união, também o diário oficial do Estado e do município. Essa fragmentação está de acordo com as demandas. Então se nós pudermos compreender aspectos econômicos, sociais e uma pluralidade de formas de sentidos clássicos de propriedade. Então a ideia de superar a fragmentação é a mudança da grade curricular do direito. 
 Reorientação disciplinar, com forte ênfase interdisciplinar: A superação dessa fragmentação é claramente a ênfase interdisciplinar e faz uma discussão de uma leitura de outros autores que não só os clássicos dentro do campo jurídico, por exemplo: 
Homo Aequalis, de Louis Dumont - antropólogo; A Invenção democrática, de Claude Lefort - filósofo; A Sociedade contra o Estado, de Pierre Clastres – antropólogo (); Os direitos humanos e a ideia republicana, de Luc Ferry e Alain Renant – filósofos políticos;
O antropólogo Pierre Clastres ao estudar o povo indígena guarani, na região do Paraguai e do mato grosso, ele conseguiu fazer do ponto de vista da antropologia uma discussão evidentemente política e jurídica ao mesmo tempo. Ele conseguiu discutir poder político, a noção de espaço e território em um povo que é nômade. O território pra eles é todo aquele onde eles andam. Ai está a dificuldade de ter a noção de nacionalidade. Não é de se estranhar que futuramente eles reivindiquem uma cidadania supranacional. Eles querem ser considerado Guaranis independente de serem brasileiros, ou paraguaios, etc., ou seja, fazer com que esse território cultural guarani seja efetivamente reconhecido enquanto Estado. O interessante da discussão desse autor é que a conclusão dele é que, pelo menos do ponto de vista dessa reflexão que a antropologia faz sobre política que de alguma forma sobre o direito, é que existem sociedades que recusam esse Estado que o século XIX construiu. Esse estado que tem uma fronteira fixa e que no interior desse território vige apenas um direito. Então em cidades na fronteira, por exemplo, de um lado da rua vige o direito brasileiro e de outro o paraguaio. 
Uma fala interessante do autor sobre essas sociedades que recusam o Estado é que elas não se sentem em divida para com o Estado. Quer dizer, Estado tem um componente que é que você sempre estará em divida com o Estado, sejam impostos, seja ser um bom cidadão, você está sempre sobre a visão do Estado, então você deve sempre fazer o que está previsto. É como se ficássemos com aquela promessa hobbesiana de que o Estado é que garante a vida e a propriedade. Essa ideia do monopólio da força física nas mãos do Estado tem como objetivo garantir a vida e a propriedade. Isso faz com que algumas coisas fiquem diferentes na nossa relação com o Estado. Se eu negar o Estado, é como o caso das comunidades, se de repente você acordasse no meio de uma favela, como seria o seu comportamento? Você vai desejar que o Estado chegasse lá. Então fica a dúvida sobre o direito de ir e vir, será que realmente tem? Quem garante isso a sociedade ou o Estado? Em qualquer outro lugar do mundo seria a sociedade, mas no Brasil é o Estado. O nosso secretario de segurança pública está dizendo que as UPP’s comprovam que a violência só impera diante da ausência do Estado. Então a questão é porque então ele se ausentou? Então se ele está presente no Rio ele se ausentou de outros lugares? Ou para garantir a segurança é necessário um PM ao lado de cada cidadão? 
Então o autor também sugere que hajacerta unidade, ele está propondo então que do ponto de vista da história conceitual do político, que a gente também pode pensar em relação ao direito, é que esse político tem que ser definido, ou o direito tem que ser definido, de uma forma mais ou menos unitária por conta daqueles que estarão pensando nessa nova forma. Ele propõe uma definição para o político que seria o lugar aonde está articulada a sociedade
Unidade: o político como um “lugar onde se articulam o social e sua representação, a matriz simbólica onde a experiência coletiva se enraíze e se reflete ao mesmo tempo. A questão? É a da modernidade , sua instauração e de seu trabalho.” (p. 12) 
Então o autor também sugere que haja certa unidade, ele está propondo então que do ponto de vista da história conceitual do político, que a gente também pode pensar em relação ao direito, é que esse político tem que ser definido, ou o direito tem que ser definido, de uma forma mais ou menos unitária por conta daqueles que estarão pensando nessa nova forma. Ele propõe uma definição para o político que seria o lugar aonde está articulada a sociedade e a representação que ela faz de si mesmo. Então, por exemplo, se a gente observar nas duas falas dos ministros do supremo de ontem sobre a discussão da perda do mandato, a ministra Rosa Maria Weber afirmou que no mandato legislativo está expressa a vontade democrática soberana do eleitor e que portanto só essa representação do soberana do mundo da política pode retirar esse mandato. Do ponto de vista do outro lado o juíz Fux votou pela perda do mandato dizendo que a sociedade através da iniciativa popular da lei da ficha limpa já havia sinalizado para o legislativo qual é a sua percepção sobre corrupção e sobre o exercício do mandato do corrupto. Então do ponto de vista dessa proposta do Pierre Rosanvallon, a idéia é que nós não temos ainda muito claro na nossa sociedade nem no nosso direito, exatamente qual é a representação que nós temos, por exemplo, dessa potência democrática. Ou seja, o nosso papel quanto eleitor quando votamos em algum candidato não tem relação nenhuma após esse candidato assumir o poder. Nos EUA é comum você entrar em contato com o seu representante, mesmo que você não tenha votado nele. Ou seja, essa mística que existe entre o direito e o individuo, achar que a norma positiva é fluxo dessa vontade coletiva, sendo a lei a expressão dos desejos do povo, que a lei orienta o que você deve fazer porque ela recebeu a delegação democrática do voto, etc. 
O que ele chama atenção é que existe o que ele chama de matriz simbólica, tem experiência coletiva, se enraíze. Então eu não tenho o menor problema em dizer que o ministro Fux e a ministra Weber na sua representação, um pela noção de que a lei de iniciativa popular da ficha limpa expressou claramente qual é a posição da sociedade sobre a corrupção,eu diria que um pedaço da sociedade, mais ou menos 1 milhão de pessoas, que não chegam nem a 10% população brasileira, assinaram um documento pedindo a lei da ficha limpa. Porque as práticas gerais cotidianas, e não são só nessas que ele citou com relação ao Estado, digamos de corrupção de favores de propina, eu posso afirmar pra vocês que qualquer setor comercial privado não há nenhuma compra ou venda sem 10% no Brasil. Então do ponto de vista dessa experiência coletiva, dizer que nós reconhecemos que a corrupção auto indesejável por conta d ficha limpa, é uma balela. A mesma forma a posição da ministra Rosa Weber que diz que a nossa representação da soberania está apresentada no mandato. Alguém aqui tem relação com o mandatário do nosso voto? Nós não votamos em candidatos, nós votamos em partidos políticos. Quem aqui conhece o programa do partido em que votou? 
Há elementos na nossa cultura jurídica que complicam a gente pensar nesse sentido mais universal ou pelo menos nesse sentido da modernidade, ou seja, que são esses valores que foram construídos principalmente a partir do século XIX. Do ponto de vista desse modelo político-jurídico vigente, ele é fruto então dessa história conceitual de valores que fez com que a gente assumisse a versão de um Estado democrático de direito. Essas três palavras estão colocadas na ideia de que esse Estado é um conjunto de instituições que dão conta da gestão de um território chamado território nacional e essas instituições tem que dar conta de todo esse território, o Estado é isso. Democrático é porque ele é um valor que tem que ser atribuído a um modelo, por mais que seja diferente entre si, ele é um valo em si, ele não é um valor necessariamente empírico. Por exemplo, o Irã tem uma constituição, eles votam, mas a constituição deles diz que vale o alcorão que é um documento do século VI, logo não previu as demandas da sociedade do Estado moderno. Quem confere legitimidade ao poder que é exercido democraticamente no Irã? Ala, pois o poder emana de Ala. Na nossa constituição todo poder emana do povo e em seu favor será exercido, mas nós não nos sentimos poderosos. Porque que o povo fica refém da câmara de vereadores? Eles trocam favores entre eles, e o povo fica impotente. Mas o que está na constituição é exatamente o contrário. 
A modernidade está muito longe nós hoje. Por mais que paradoxalmente a gente tenha progresso, eu pretendo que a gente imagine que modernidade é algo mais denso do que progresso em material econômico. Hoje a gente pode dizer que tem uma sala com data show, ar condicionado e isso é progresso e não moderno. Moderno seria outra maneira de dar aula e que modernidade significasse outra relação com o Estado. Eu insisto pra vocês pensarem o quanto é anacrônico frente a todo marco do capitalismo que se pretende e o nosso desejo pelo cargo público. Em qualquer outro lugar moderno é o mercado que regula todas as instituições e não o Estado. Em qualquer lugar do mundo a aposentadoria não é igual ao trabalho, nunca foi assim. Em 2030 haverá mais aposentados do que trabalhadores pelo fato de se aposentarem por conta do tempo de trabalho e não pela perda da capacidade de trabalho. Ainda mais com os avanços da medicina. Essa lógica não é moderna. Nenhum outro Estado faz isso. Não há solução econômica que dê conta disso. Para atingir a modernidade é necessário entender mais o que é a própria modernidade. 
Crítica (fazer aparecer o invisível – Michel Miaille) metodológica:
A tentação do dicionário – análises e descrições descontextualizadas de seu processo histórico;
A história das doutrinas – demarcação ao longo do tempo de conceitos que aparentemente são estáveis. Os conceitos tem “pais fundadores” de um “filho” ou ideia, que já é conhecido desde o presente;
O comparativismo textual – identifica-se conceitos aparentemente semelhantes e busca-se reforçar o que os iguala e não o que os difere. Perde-se a dimensão contextual dos sentidos culturais: due process of Law – devido processo legal; democracia, república;
O reconstrutivismo – Cada autor contemporâneo relê o autor anterior de acordo com seus interesses. O Marx de Althusser não é o mesmo Marx de Hanna Harendt, e nem mesmo o do próprio Marx...
O tipologismo – qualificações infindáveis para apreender o político em compartimentos estanques: nacionalismo emotivo, totalitário, integral, personalizado, etc.; liberalismo puro, doutrinário, democrático, católico, etc.; socialismo científico, emancipador, utópico, etc. 
Objetivo da História Conceitual do Político: compreender a “formação e evolução das racionalidades políticas, ou seja, dos sistemas de representações que comandam a maneira pela qual uma época, um país ou grupos sociais conduzem sua ação e encaram seu futuro” (p. 16).
Objetivos específicos: construir a história das respostas aos problemas que as sociedades entendem como tal; construir a história do trabalho desenvolvido pela interação entre as práticas e as representações sociais sobre elas; 
“Metodologia” Interativa e compreensiva: compreender e descrever a cadeia de intérpretes, seguidores, replicadores, contestadores e suas práticas e análises. Construir uma cadeia de significadospara conceitos aparentemente homólogos. 
Controle da “empatia” 
A gente vai começar a discutir no próximo texto é uma concepção ou uma avaliação crítica sobre essa construção da modernidade no século XIX com o nosso primeiro autor central do módulo, Karl Marx.
É a leitura do texto de Marx e de outros que vamos ter noção da abrangência do pensamento de Marx como uma observação acurada desse período que é o século XIX e como ele fez algumas interpretações que podem não ser necessariamente mais certas, são observações interessantes para tentarmos perceber se hoje ainda determinadas precedências que ele identificou no século XIX ainda se encontram presente ou não, independente de todo o conjunto de outros pensadores que se apropriaram do pensamento de Marx e tomaram determinadas decisões que eu acho que se o próprio Marx estivesse vivo ainda hoje, não iria concordar com tudo. Mas de qualquer forma quando você publica um texto ele deixa de ser seu e passa a ser de todos que leem e interpretarem da sua maneira. Diferentemente da hermenêutica que é a capacidade de compreender o pensamento do autor, entrar na mente do autor, tentar saber sua intenção. 
Karl Marx ( 1818-1883) – Estudou Direito e Filosofia, atuou como jornalista crítico de 1842 a 1843. Morou em Paris de onde foi expulso em 1845. Viveu em Bruxelas por três anos, de onde foi expulso em 1848. Lá escreveu o Manifesto do Partido Comunista (segundo livro mais publicado em toda a história universal). Após um breve período em Colônia, Marx e família se fixaram em Londres, a partir de 1849. 
Engels, coautor do Manifesto do Partido Comunista, leu o seguinte epitáfio em seu enterro:
“Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por esta suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. (…) Como consequência, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal.” 
Bio-bibliografia 
“Jovem” Marx – preocupações filosóficas” 
Tese de doutorado -1841: Diferença da filosofia da natureza em Demócrito e Epícuro)
1843: Crítica da filosofia do Direito de Hegel
1843: A questão judaica
1844: Contribuição para a crítica da filosofia do Direito em Hegel: introdução
1844: Manuscritos econômico-filosóficos
1845: Teses sobre Feuerbach 
1845: A Sagrada Família
1846: A ideologia alemã
1846: Miséria da filosofia
1849: Trabalho assalariado e capital
1850: As lutas de classe na França de 1848 a 1850
1850: Mensagem da Direção Central da Liga Comunista
Com Engels - 1848 – Manifesto do Partido Comunista
“Transição” – menos filosofia e mais economia e política
1852: O 18 brumário de Luís Bonaparte
1852 a 1856 – intensa produção de artigos para jornais. 
Marx da maturidade” 
1857/58 – “Grundrisse” - Elementos fundamentais para a crítica da economia política
1858: Para a crítica da economia política
1858: População, crime e pauperismo
1864: Manifesto de lançamento da Primeira Internacional
1865: Salário, preço e lucro
1867: O Capital: crítica da economia política (Livro I: O processo de produção do capital) – os dois outros volumes foram editados por Engels após a morte de Marx. 
1871: A guerra civil na França
1875: Crítica do Programa de Gotha. Intensa troca de cartas.
 
Marx trabalhou intensamente na sua tese de doutorado sobre o pensamento Hegel. Então se pensarmos em uma trajetória numa filiação teórica dentro daquilo que conhecemos hoje como Alemanha, nós temos autores centrais como Immanuel Kant que escreveu no final do século XVIII e Hegel que escreveu imediatamente após Kant e é reconhecido como filósofo do inicio só século XIX. O interessante é que Marx entendeu principalmente a relação entre Estado e sociedade de forma oposta ao pensamento da filosofia hegeliana. Hegel é um autor que é muito pouco lido, pois é muito densa.
 Hegel propôs dentro do que nos interessa para teoria geral do estado, é que para ele há uma precedência do Estado sobre a sociedade. a filosofia de Hegel está toda pensada em cima da existência dessa instituição chamada Estado. Então ele entendia que é a partir da existência do Estado, ou seria a existência do Estado que caracteriza uma unidade. Ou seja, o gênero humano se difere do mundo animal, não pelo seu caráter gregário como pensou Platão, capacidade de viver em sociedade. Hegel pensou o oposto dos filósofos gregos, pra dizer que a diferença do ser humano é que ele tem a figura do Estado como potência. 
Então para ele o que é inato é o Estado. E é a partir da existência do Estado é que a sociedade é criada. Então é mais ou menos essa ideia que Marx também fica, dessa unidade do gênero humano, mas em Hegel, essa unidade está expressa na possibilidade ou na ideia do Estado em potencia que vem depois a se materializar. Ele poderia ser coparado a Hobbes. Imagine que a sociedade civil existe a partir do momento que o homem em estado de natureza, então não é o homem vivendo em sociedade. O que faz então o contrato social, abre mão de uma serie de direitos naturais e ao ele adotar a forma do Estado é quando surge a sociedade civil. Então seja dentro de uma imaginação não muito firme nos autores, podemos pensar que se para Hobbes não existia esse Estado em potência, esse Estado latente, o que existia seria a vida na natureza, o direito natural, mas que por um processo voluntário dos homens, o Estado é criado, o leviatã é denominado e passa a garantir a vida e a propriedade a partir desse momento que o leviatã faz com que a vida e a luta de todos contra todos desapareça e então se tem o surgimento da sociedade civil. Então todas as outras instituições são possíveis porque o Estado as garante.
Hegel trabalha não necessariamente na escolha de um leviatã, mas pra ele esse Estado já existe em potência no momento em que os homens percebem a existência desse Estado, ou ele consegue se manifestar e ai que tem a criação da sociedade. Então de alguma forma a relação entre sociedade e Estado, tanto pra Hobbes quanto pra Hegel, é muito próxima. Ou seja, a sociedade é filha do Estado, o Estado precede a sociedade. Nós só somos o que somos porque o Estado faz com que nós nos conformemos dessa forma. 
Marx vai ter uma experiência muito interessante, pois ele não só trabalhou com a relação da teoria do Estado de Hegel, mas na sua tese de doutorado ele já observando de alguma forma a Alemanha, principalmente urbana, começou a identificar que não é bem assim, ou pelo menos o que ele percebe é que a sociedade e a família que Marx nesse primeiro momento da crítica da teoria do Estado de Hegel, aponta que na verdade para existência do Estado é preciso que haja primeiro a constituição da família, ou seja, os homens se reúnem entorno da família seja ela matriarcal, patriarcal, a reprodução física da vida faz o núcleo central da constituição da sociedade. Então uma sociedade vai ser uma evolução mais complexa, mais numerosa de várias famílias. Outro sociólogo de seu tempo vai fazer uma estratificação de família, comunidade e sociedade. Então no momento em que você tem família, varias famílias fazem uma comunidade de trocas econômicas e varias comunidades vão formara sociedade. Essa precedência da organização familiar atomizada, e por isso que na modernidade o conceito de família era um homem, uma mulher e sua prole. Esse é o conceito, digamos, biológico. O futuro vai mudar tudo isso, teremos famílias monoparentais, talvez até poliparentais. 
 O importante é dizer que esses conceitos de família são bastante interessantes para pensar essa evolução, mas Marx já interpretou de uma forma bastante particular o momento histórico da evolução, da revolução francesa, ele foi alguém que lei bastante e formulou mais ou menos nesse momento (1847), ele trabalhou na direção da constituição do partido comunista alemão e morou em Bruxelas por três anos aonde escreveu o manifesto do partido comunista. A obra de Marx é separada em três fases, talvez ele não tenha percebido e si essas fases da sua produção, mas há um conjunto de textos da primeira fase dele que são considerados do “jovem Marx” que está discutindo Hegel, depois com a produção do manifesto que é quando Marx está formulando politicamente, tem uma atividade muito mais política e reflexiva, ele está propondo e participando da construção de partidos comunistas, essa fase é do “médio Marx” e depois quando ele chega à Inglaterra e tem a possibilidade de observar diretamente a 2ª revolução industrial que está em pleno vapor, é que ele então atinge o que se chama de “Marx na maturidade”, que toma a economia política como elemento central da sua análise. Ele passa a não mais discutir filosoficamente o Estado e a sociedade, e passa a observar o lugar da economia no papel da sociedade, na política, e vai acabar juntando com a sua trajetória de observação histórica, filosófica e política. Marx quando escreveu o livro “o capital” era profundamente conhecedor de todas as teorias econômicas burguesas ocidentais. Marx tirou conclusões de observações empíricas e de profundas analises e discussões de vários autores. Marx viu a sociedade industrial de Londres, uma sociedade sem regra, ainda sem direitos civis, direitos trabalhistas, tudo isso serão processos que irão acontecer daí pra frente. 
Manifesto do Partido Comunista
 O motor da história é a luta de classes: eupátridas e bárbaros (Grécia); 
 patrícios e plebeus (Roma); nobres e servos (Idade Média); burgueses e 
 proletários (Modernidade). 
“Por burguesia compreende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social, que empregam o trabalho assalariado. Por proletariado compreende-se a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, privados de meios de produção próprios, se vêem obrigados a vender sua força de trabalho para poder existir.” 
(Nota de F. Engels à edição inglesa de 1888)
As relações de produção determinam os modelos históricos – a evolução e repartição das foras produtivas capitalismo: M-D-M'
No capitalismo, para o proletariado M é sua força de trabalho e M’ bens e serviços produzidos por eles nos quais não se reconhecem, por serem controlados pela burguesia – alienação. 
Estado: balcão de negócios da burguesia. 
Comunismo: classe única – fim da história -; emancipação do homem frente ao trabalho; planejamento centralizado da produção
A intenção da obra “manifesto comunista” era substituir o regime capitalista. Essa sociedade capitalista que Marx vê, não é a mesma que temos hoje. Era uma sociedade absolutamente injusta, o desejo de acumulações de capitais era sem freios. A relação entre aqueles que detinham os meios de produção e aqueles que só tinham a força de trabalho era absolutamente impensável uma colisão. Pode-se pensar isso no caso da Europa, mas olhando o caso brasileiro, a escravidão aqui durou até 1889. A sociedade feudal, de alguma maneira se olharmos para trás, seja a Inglaterra do século XIX, ou a França, não eram sociedades justas. Tanto como o Brasil colonial. Portanto temos um autor que pretendia derrubar esse tipo de sociedade só século XIX, acabar com jornada de trabalho de 16 horas, acabar com o trabalho infantil, com o trabalho escravo.
 Marx entendeu o quanto o Estado ou as instituições estatais foram criadas a partir dessas sociedades. Aqui então temos a inversão hegeliana que Marx promoveu. Não é o Estado que construiu a sociedade capitalista, a sociedade capitalista que construiu o modelo de instituição estatal adequada aos seus interesses. Para Marx, derrubar essas instituições estatais era absolutamente necessário. Então o discurso anti-estatal do chamado Estado burguês de balcão de negócios é absolutamente adequado. O objetivo de Marx é sempre olhar, que foi a partir de sua analise histórica, qual é o grupo que está sendo reprimido, então, portanto ele é um autor que esta sempre preocupado com a justiça social. Quando ele fala do grego, ele esta analisando claramente o olha entre os eupátridas, os gregos e todo o resto, escravos, bárbaros. Marx esta olhando para essa dialética entre o bem-nascido e o eupátrida, a mesma coisa, o patrício e plebeu. E no seu momento histórico ele identificou, e no momento que precedia ele identificou a nobreza e a burguesia. A burguesia nasce dentro do período medieval a partir dos servos da terra, então tinha os nobres e os servos. Essa relação dialética do período medieval permitiu que todo servo começasse a se transformar em burguês. Quando a renda econômica, quando o desenvolvimento das forças produtivas e esse conceito de Marx começam a evoluir, esse servo se transforma em um burguês. E é essa a classe que vai desbancar a nobreza e vai por fim na idade media. 
Essa passagem da burguesia tem uma origem histórica na servidão, perante o senhor feudal e é dessa relação dialética desse servo contra o senhor feudal que faz com que o burguês nasça se consolide e derrube a dominação do antigo regime. A burguesia assume e a partir daí surge uma classe que vai ser utilizada para a reprodução econômica, a reprodução do capital do burguês que é o ploretariado. Então Marx no século XIX quer fazer a libertação dessa classe que esta subjulgado pela burguesia que já havia sido uma classe revolucionária no período de transição do feudalismo para a modernidade. No capitalismo da modernidade, o ploretariado seria a classe comprimida e que, portanto como todas as outras classes que também foram e que se transformaram nas classes emancipatórias, a aposta de Marx então é com relação ao ploretariado como essa classe emancipada. Portanto, ele ao formalizar a teoria do materialismo histórico, a teoria da luta de classes como motor da história, ele entende que será essa classe a revolucionária. É claro que essa emancipação, esse materialismo histórico não se da sem oposição. Aqueles que detêm o poder não querem ceder espontaneamente, se hoje pensarmos no poder político a ideia de alternância democrática, ela é um valor, mais ao mesmo tempo a perpetuação de determinada ideologia do poder também é um valor e que se for mantido democraticamente ninguém vai reclamar. 
“A luta pelo direito”, obra de um jurista alemão que é interessante para imaginar que foi escrito próximo ao período que Marx publicou “o capital”, mas da pra imaginar o que a Alemanha estava discutindo prioritariamente e quem estava sendo visto pelo alemão na Inglaterra. Ou seja, a aposta na Alemanha era a construção do Estado, dentro da ideia que na Alemanha isso ainda estava sendo construído, na Inglaterra como isso já existia, Marc analisou de outra maneira. De qualquer forma, essa noção da luta não é algo negativo. A luta é um caminho para a paz. Kant ao falar sobre a paz perpetua na evolução das organizações políticas, imaginava chegar ate a paz não pela luta, mas pela organização política ou pela razão. Já o outro autor alemão dizia que se você não lutar pelos seus direitos você não atinge a paz. A sociedade brasileira não luta.
Essa trajetória de Marx, ele trabalhou primeiro os gregos, depois a questão hegeliana, de alguma forma exorcizou a questão do judaísmo, trabalhou questões econômicas, tentou redefinir a tese hegeliana para a possibilidade da unificação da Alemanha, escreveu sobre família,ideologia, discutiu com o texto de Prudon, estudou o campo do socialismo, começou a estudar a ideia de trabalho assalariado que surge a partir da 2ª revolução industrial. Marx na maturidade passa a associar a economia, principalmente o que se chamou de economia política. Esse componente da economia associado à reflexão filosófica e política que faz com que Marx seja um autor original. 
	O método de Marx no manifesto do partido comunista, o materialismo histórico trabalha sempre numa dialética aonde ele lança as propostas e faz uma discussão, mas principalmente tem uma perspectiva histórica, é capaz de imaginar um socialismo no feudalismo, um socialismo no inicio da construção da burguesia, a ideia de um socialismo pensado na Alemanha por alemães. Marx também tem que ser entendido como um autor que no contexto internacional considera os socialistas franceses utópicos. O socialismo não é uma exclusividade alemã, a Inglaterra tem vários socialistas utópicos. Se a emancipação promovia igualdade, como pode haver a distância entre a promessa e a realidade. 
	O socialismo reformador e burguês propõe pensar a ideia de um socialismo ou comunismo político utópico, ou como Weber colocou, um comunismo cientifica. Para Marx, as propostas que ele apresenta do ponto de vista da extinção da propriedade privada dos meios de produção, a possibilidade de um planejamento centralizado da produção e a liberdade e a emancipação do trabalhador são elementos científicos. Marx dizia que a fase capitalista é necessária, pois é nela que serão construídas as condições da próxima etapa. É a evolução das forças positivas da tecnologia, da industrialização que vai permitir que haja a produção de bens e serviços que supra as necessidades materiais de todos, entretanto quando esse patamar atingir, essa propriedade dos meios de produção não ficarão mais na mão do burguês e ai terá a revolução do ploretariado pra fazer isso. 
	A revolução soviética fez um salto, passou de um meio feudalismo diretamente para a sociedade comunista. Não havia na antiga Rússia essa evolução das forças positivas que o capitalismo deveria ter produzido. Ai pode ter tido desequilíbrios. Esse autor em termos de critica da sociedade que ele viveu que não está muito distante da nossa, podemos ver que ele não está muito errado. O motor da história para Marx é a luta de classes, é da luta que nasce a mudança e a evolução. 
	A relação do capitalismo é mercadoria, dinheiro e mercadoria. Como o ploretariado só tem como mercadoria para e vender como sendo o trabalho, já que não possui mais a terra para plantar e nem o trabalho artesão que não existe mais. As mercadorias são produzidas pela força de trabalho do ploretariado, mas o que Marx chama atenção é nessa equação do momento do capitalismo é que o trabalhador não reconhece mais no produto do seu trabalho. No tempo que tinha a ideia do artesão, do sujeito que fazia um móvel e reconhecia seu trabalho nesse móvel, hoje o para fazer esse mesmo móvel trabalham, por exemplo, 5 operários e nenhum deles fez o móvel inteiro, cada um em uma seção e nenhum reconhece sua força de trabalho ou a sua importância no produto final. Quem dará o preço da mesa será o burguês, e no caso do artesão, é ele próprio que dará o preço. Quando você tem o ploretário reconhecendo seu trabalho no produto já é outra situação. Na Inglaterra, Marx ao observar todo o processo da revolução industrial é que objetivamente os trabalhadores não reconheciam mais os produtos que a burguesia controlava e isso é o que eles chamam de alienação. Por exemplo, o ensino universitário é alienado por definição em Marx, cada professor da uma disciplina e no final das contas o professor não consegue perceber se conseguiu transmitir alguma coisa fundamental do conteúdo. Se nos colocarmos contra a alienação e reconhecermos que a força de trabalho que é o estudo e o resultado é o diploma, nós vamos reconhecer o nosso esforço com o resultado final e isso não será uma injustiça, mas sim um resultado de trabalho. 
	Marx afirma que o Estado é o balcão de negócios da burguesia. Isso então significa que: será que o Estado brasileiro, será que o congresso nacional ou o STF expressa efetivamente o melhor interesse do povo? Mas será que se pensarmos em termos de uma classe média, de uma elite que tem o problema da gestação do feto anencéfalo, por exemplo, um problema social sério? Pelo menos do ponto de vista do desgaste da mulher que tem consciência do que vai acontecer depois que o feto nascer por conta de um exame ainda na gravidez. Essa é a camada popular da sociedade brasileira? A burguesia tem acesso aos mecanismos que podem identificar o feto anencéfalo e que, portanto ela demanda. Outro exemplo do reconhecimento da união homoafetiva, sendo que essa relação já acontece há tempos, mas que os problemas são os efeitos patrimoniais. Logo, é um interesse implícito nessa questão homoafetiva. Então isso é um problema da burguesia e não da camada popular. Então a afirmação de Marx não está errada. O Estado então adquire uma outra figura, que não o hegeliano, o Estado que Marx enxergou no século XIX e o Estado que vamos tentar acompanhar a construção do ser formato contemporâneo, das suas instituições e valores pode ser pensado (claro que não é só isso) como esse balcão de negócios da burguesia. Numa visão mais ampla do conceito de classes, principalmente numa sociedade como a brasileira é que não há só burgueses e ploretários, tem vários tipos de burgueses. Ou seja, Marx não podia ter imaginado que o próprio capitalismo com a burguesia trabalharia na ideia desse controle dos meios de produção de uma forma absolutamente inovadora. Hoje temos uma discussão central que é exatamente qual é a relação entre capital e o Estado. Os Estados são necessários para regular o sistema de capital? O mercado financeiro? Pra que serve o Estado? A bolsa de valores é estatal? O sistema bancário internacional é estatal? O sistema produtivo internacional é estatal? Porque então que a gente não acaba com o Estado? Porque na verdade, o Estado não esta a serviço da sociedade, mas sim do mercado. Nessa revelação hegeliana, e mesmo da marxista sobre a relação entre estado e sociedade, quando Marx contesta Hegel pra dizer que não é o Estado que cria a sociedade, diz que o Estado é fruto da sociedade da família, ele perdeu um pedaço ai. A não ser que hoje substitua esse núcleo básico que é a burguesia pelo mercado. É esse mercado que passa a ser o balcão de negócios do Estado. Então o Estado precisa existir pra garantir o mercado. E o resto vem depois.
A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social;
O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência;
Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido;
Com a transformação do fundamento econômico revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superestrutura;
Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas no seio da própria sociedade velha;
As forças produtivas que se desenvolvem no seio da sociedade burguesa criam, ao mesmo tempo, as condições materiais para a resolução deste antagonismo. Com esta formação social encerra-se, por isso, a pré-história da sociedade humana; 
Introdução a Uma Contribuição para a Crítica da Economia Política
Produção, Consumo, Distribuição,Troca (Circulação)
Produção – matéria prima calculada em termos de tempo de produção – divisão do trabalho – Adam Smith e Ricardo
2. As Relações Gerais entre a Produção e a Distribuição, a Troca e o Consumo
	a) Produção e Consumo
	b) Distribuição e Produção
	c) Troca e Produção 	 Modo Capitalista de Produção 
3. O Método da Economia Política
	Ao estudarmos um determinado país do ponto de vista da sua economia política, começamos por analisar a sua população, a divisão desta em classes, a cidade, o campo, o mar, os diferentes ramos da produção, a exportação e a importação, a produção e o consumo anuais, os preços das mercadorias, etc.
4. Produção. Meios (Forças) de Produção e Relações de Produção. Relações de Produção e Relações de Circulação.
Hiperdeterminação pelas forças produtivas – economia é a base; a sociedade é a superestrutura

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