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Curso Técnico em Recursos Humanos Ética e Responsabilidade Social Dannilo Dayvid da Silva Curso Técnico em Recursos Humanos Ética e Responsabilidade Social Dannilo Dayvid da Silva Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 2.ed. | março 2023 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Arnaldo Luiz da Silva Junior Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor Autor Dannilo Dayvid da Silva Revisão Dannilo Dayvid da Silva Coordenação de Curso Daniela Glaete Soares Lins Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Revisão descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução ................................................................................................................................... 5 1.Competência 01 | Compreender a Ética Organizacional ............................................................. 6 1.1 Definição de Ética ........................................................................................................................................7 1.1.1 Valor .........................................................................................................................................................7 1.1.2 Categorias Fundamentais da Ética ........................................................................................................ 10 1.1.3 Teorias Éticas ........................................................................................................................................ 12 1.1.4 Definindo a Ética nos Negócios ............................................................................................................. 16 1.1.5 Ética nas Organizações e nos Recursos Humanos ................................................................................ 18 2.Competência 02 | Sustentabilidade Empresarial ...................................................................... 20 2.1 Definição de Responsabilidade e Sustentabilidade Social e a Norma ABNT 16001 ................................ 20 2.2 Tendências Históricas da Responsabilidade e Sustentabilidade Social ................................................... 22 2.2.1 Responsabilidade Social Corporativa .................................................................................................... 25 2.3 Gestão Antropocêntrica e Gestão Ecocêntrica ........................................................................................ 29 2.4 Consumo, Consumismo e Consumerismo ............................................................................................... 31 Conclusão................................................................................................................................... 34 Referências ................................................................................................................................ 35 Minicurrículo do Professor ......................................................................................................... 36 5 Introdução Olá estudante seja muito bem-vindo(a), a mais esta importante disciplina de nosso curso técnico. Aqui veremos o desenvolvimento da ética ao longo da história e o seu envolvimento na sociedade desde o micro, ou seja, os indivíduos, até o macro onde veremos a aplicação destes conceitos e como são traduzidos na realidade da sociedade e das empresas. Também estudaremos um importante marco no mundo dos negócios, a responsabilidade e sustentabilidade social, aplicados às corporações, bem como qual o papel do indivíduo diante de tudo isto. Abordaremos estes conhecimentos de forma estruturada em duas competências que englobam seus respectivos temas e subtemas, para facilitar sua compreensão. Na Competência 01 - Compreender a Ética Organizacional: aprenderemos o que é Ética e Valor, seus conceitos, teorias e categorias. Posteriormente veremos como a Ética é aplicada ao mundo empresarial dos negócios, saberemos a quem interessa que as empresas sejam éticas e como o comportamento antiético pode prejudicar os interesses comuns desses segmentos. Inclusive VOCÊ faz parte de um deles! Na Competência 02 - Sustentabilidade Empresarial: Veremos as definições de Responsabilidade e Sustentabilidade Empresarial, sua aplicabilidade diante da Norma Brasileira de Regulamentação - NBR 16001, a diferença entre ambos os termos, os tipos de gestão que são utilizados quando estão envolvidos. Aprenderemos ainda as vertentes da Responsabilidade Social, diante do desenvolvimento de alguns de seus maiores pensadores. Por fim ainda explicaremos o que é consumismo, seus tipos, e qual a sua relação nisso. Neste E-book você encontrará indicadores para ampliação da compreensão e aprofundamento de alguns termos abordados, os chamados hiperlinks, contendo vídeos, textos e imagens que ilustram os temas estudados durantes as competências, além é claro de algumas curiosidades extras. Gostaria por fim de lembrar-lhe que é de suma importância que estude os artefatos disponibilizados ao longo de nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), participe das atividades roteirizadas, desafios e demais complementos. Eles ampliarão e lhe darão uma gama de conhecimentos necessários para o mundo profissional, além da oportunidade de interagir com seus colegas e suas mais variadas opiniões. Bons estudos! 6 1.Competência 01 | Compreender a Ética Organizacional Compreendermos a Ética e suas vertentes como um desafio, que se faz necessário diante da vida pessoal e profissional. Você sabia que pode haver diferentes visões éticas a respeito dos fatos e das relações sociais? Pois bem, é isso que veremos a seguir, é importante sabermos alguns conceitos e de onde eles vieram, pois cada pessoa pode ter um sistema ético próprio, ou seja, valores e moral que regem diferentemente suas vidas. Figura 01: Ética no meio empresarial. Fonte: QFS Consulting em https://qfsconsulting.com.br/o-que-e-etica-2/ Descrição da Figura: Silhuetas de Pessoas com cores variadas, com balões de diálogos formando a palavra Ética. Simbora iniciar a primeira competência do nosso E-book. Após ter ouvido o podcast, você deve estar super empolgado. Então vamos lá?! Mas antes, escuta lá o Podcast. Ele está incrível ☺ e tem diversas dicas super Interessantes que vão te ajudar muito a compreender melhor essa competência. https://qfsconsulting.com.br/o-que-e-etica-2/ 7 1.1 Definição de Ética Para Srour (2018), ÉTICA é um saber científico que se enquadra no campo das Ciências Sociais. É uma disciplina teórica, um sistema conceitual e um corpo de conhecimentos que torna inteligíveis os fatos morais. A ética é uma ciência que atua com principal objeto de estudo a sociedade, ou seja, as relações entre os seres humanos dentro de um grupo com códigos, valores e culturas, por exemplo. Enquanto que os FATOS MORAIS são decisões e ações executadas, por agentes sociais que afetam de forma real, ou mesmo em potencial outros agentes sociais. Nós somos estes agentes sociais, nós enquanto indivíduos ou mesmoorganizações e instituições das mais diversas. Por exemplo, vamos exemplificar um fato moral em uma situação empresarial: Em uma situação onde um membro da equipe de Recursos Humanos coordena uma seleção para qualquer cargo que seja, haverá profissionais desde os indicados diretamente por funcionários até aqueles que sem qualquer vínculo com terceiros da organização tiveram como única entrada pôr currículo no banco de dados. Pois bem, se o profissional responsável diretamente pela seleção do novo colaborador, por algum motivo que seja resolver beneficiar algum dos concorrentes à vaga, esta atitude irá impactar de forma real todos os demais aspirantes à vaga, pois irá interferir no resultado final. Deixando de fora algum outro concorrente que talvez fosse melhor qualificado para o perfil desejado ao cargo. Está situação não só impactaria de forma real estes profissionais e a organização em si, como impactaria potencialmente os familiares dos demais que por ventura dependeriam daquele salário. 1.1.1 Valor Outro termo pertinente para compreendermos o que é a ética e posteriormente entende- la no meio empresarial, é a palavra VALOR. Você provavelmente deve lembrar deste termo de algum lugar, bem, provavelmente pode ter sido do conjunto MISSÃO, VISSÃO e VALORES, não é mesmo?! A palavra VALOR é usada para determinar o preço de algo, e tal preço pode ser expressado através de dois tipos de valores interessantes à nossa disciplina. São eles: Valor Intrínseco: 8 É o tipo de valor que é bom por si só, ou seja, ele se sustenta por seu conceito e definição próprios, a exemplo temos o respeito e a felicidade. Valor Extrínseco ou Instrumental: É o valor que busca em sua extensão, o seu valor real como um todo, permite alcançar ainda outros valores, como exemplos destes, pode-se apontar ser trabalhador e perseverante, pois através destes, pode-se alcançar outros valores, como o sucesso profissional e atingir altas metas. E é justamente o conjunto de valores que forma a Moral (Também pode ser chamado de ‘O Moral’) de um indivíduo. É a moral que vai nortear as ações deste indivíduo perante ou não, à sociedade. Conflitos de Valor: Segundo Ghillyer (2015), conflitos podem ocorrer com o impacto do sistema de valores de indivíduos e ou grupos e suas influências no cotidiano, porém o teste máximo do sistema de valores de quaisquer grupos ou indivíduos ocorrem diante de situações conflitantes. Situações estas, onde o sistema de valores conflita em situações complexas. • Por exemplo: Matar é errado. Mas e se você tiver que matar em legítima defesa ou para proteger outra pessoa? • Furtar é errado. Mas e se você estivesse roubando comida para não morrer de fome? • Mentir é errado. Mas e se você estivesse mentindo para proteger literalmente a vida de um ente querido? Pois então, como resolver estes conflitos? Há exceções para estas regras? É possível justificar estas atitudes nas situações mais complexas? Por questões como esta, da chamada Área Indefinida, questões as quais a ética não consegue chegar a um consenso universal, que o estudo da Ética é tão rico e complexo. Por vezes podemos pensar que o mundo tem de forma clara e definida para todos, a definição do que é certo e errado e que é possível viver respeitando rigorosamente as regras éticas e morais. Porém é provável que surjam não raramente, situações que exigirão exceções 9 à regra, flexibilidade, ou não, e são estas escolhas que realmente definem seu sistema de valores pessoais. O Batman, um dos heróis dos HQs DC Comics, é considerado um anti-herói, que é o arquétipo do personagem que não é necessariamente mau, mas que pratica atos moralmente questionáveis. Figura 02: Batman ou Homem Morcego Herói dos HQs DC Comics. Fonte: https://pm1.narvii.com/6747/196a4e60095a37411e4b33b3f44142aa19fe6697v2_hq.jpg Descrição da Figura: Homem com roupa de herói simulando um morcego. Após a ampliar ter ampliado seus conhecimentos com vídeo aula, vamos dá continuidade a esse conteúdo tão enriquecedor. Para auxiliar no aprendizado, que tal assistir a nossa videoaula, Ela está incrível ☺ muito dinâmica e nela vamos conseguir abordar outros modelos de Gestão de Pessoas https://pt.wikipedia.org/wiki/Batman https://pt.wikipedia.org/wiki/Revista_em_quadrinhos https://pt.wikipedia.org/wiki/DC_Comics 10 1.1.2 Categorias Fundamentais da Ética Ainda segundo Ghillyer (2015), as categorias fundamentais da ética são quatro e sugerem os diferentes ramos da ética do micro ao macro, ou seja, do íntimo do indivíduo até o coletivo da sociedade. São elas: 1. Primeira Categoria - A Simples Verdade: Esta categoria trata do certo e errado, bom ou ruim. Significa simplesmente fazer o certo a ser feito, é algo que presumimos que a maioria das pessoas compreende e endossa. Entretanto, esta, aparente simplicidade pressupõe erroneamente que o comportamento ético é natural e que todos estão dispostos a fazer a coisa certa. Isso não confere com a realidade. Primeiro que nem todas as pessoas compartilham da interpretação do que é correto, do que é certo. Segundo que muito embora possam entender da mesma forma, podem não estar determinados a cumprir com esta interpretação. 2. Segunda Categoria - Integridade Pessoal: Demonstrada pelo comportamento de alguém perante outros, analisa a ética de um ponto de vista externo, não interno. Tomando como exemplo nossos Heróis dos quadrinhos, filmes e games geralmente são arquétipos do ideal de integridade pessoal, onde vivem uma vida de comprometimento absoluto aos seus valores e padrões morais, ainda que isso exija sacrifícios. 3. Terceira Categoria - Regras de Comportamento Adequado para um Indivíduo: Esta categoria é bastante simples, basicamente diz que os padrões morais que desenvolvermos para nós, afetam nosso comportamento, decisões e atitudes diretamente. Como exemplo, temos um indivíduo que adquire a honestidade como padrão moral e ser honesto regerá seu comportamento, onde ele irá se posicionar de forma sincera e transparente. 4. Quarta Categoria – Regras de Comportamento Adequado para a Sociedade: 11 Esta por sua vez, aponta que automaticamente cada indivíduo, carrega consigo um sistema de valores morais pessoais que, é levado a um mundo composto por outras pessoas, que podem ou não compartilhar destes valores. Ou seja, haverá pessoas com sistema de valores similares, tanto quanto pessoas com sistemas de valores tão diferentes que chegam a conflitar entre si. Desta forma cada categoria representa um diferente elemento da ética, compostos em dois níveis. Em um primeiro, procura compreender como as pessoas fazem suas escolhas e desenvolvem seu conjunto pessoal de padrões morais e a forma como isto interfere em suas vidas e comportamento, tanto quanto, como observam e julgam os outros indivíduos segundo a ótica destes mesmos padrões. E em um segundo nível é utilizada a compreensão acima, para entender como estes indivíduos éticos podem interagir entre si, e obter um entendimento de como devem lidar com seus diferentes valores morais. Este é o grande desafio. A figura abaixo mostra o personagem do Super homem que tem fortes influências no conceito do Übermensch desenvolvido pelo filósofo Nietzsche. Figura 03: Super man ou Super Homem, Herói das HQs DC Comics. Fonte: https://dublagempedia.fandom.com/pt-br/wiki/Superman Descrição da Figura: Homem forte com roupa e capa vermelha e azul. https://pt.wikipedia.org/wiki/Superman https://dublagempedia.fandom.com/pt-br/wiki/Superman 12 1.1.3 Teorias Éticas Para GHILLYER (2015), as TEORIAS ÉTICAS podem ser divididas em três categorias: ética da virtude, ética pelo bem comum e ética universal. A Ética é discutida há mais de 2.500 anos desde a época do filósofo grego Sócrates,portanto ao longo dos tempos e através de inúmeros debates, escolas de pensamento desenvolveram diferentes teorias a respeito da ética, sua definição e função na sociedade. Ética da Virtude: A Ética da Virtude surge a partir do filósofo grego ARISTÓTELES (Estagira, 384 a.C. — Atenas, 322 a.C.). Aristóteles é considerado o fundador da Ética. Ele estabeleceu um conceito de como viver baseado no objetivo, do indivíduo tornar-se virtuoso. Tudo se baseava em um ideal claro: Qual tipo de pessoa gostaria de me tornar e como tornar-me esta pessoa? O problema da Ética da Virtude é que as sociedades podem dar ênfases a diferentes virtudes. A sociedade grega na época de Aristóteles valorizava o conhecimento, a coragem e a justiça. Porém em tempos atuais com a sociedade cristã dão maior ênfase a fé, esperança e caridade. Desta forma se o indivíduo focar em determinadas virtudes e não forem as demandadas pelo meio em que vive, haverá conflito de valores. 13 Figura 04: Busto de Aristóteles Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles Descrição da Figura: Busto Esculpido do Filósofo Aristóteles. Ética pelo bem comum: Originalmente proposta pelo filósofo escocês chamado DAVID HUME (Edimburgo, 1711 – Edimburgo, 1776), a ÉTICA PELO BEM COMUM não se preocupa com a aparente virtude das ações, mas sim com os seus resultados. Em suma, algo pode parecer mal ou feio, porém se trouxer um bem comum para o maior número de pessoas na sociedade não há problemas, em tese. Esta abordagem à ética é conhecida como UTILITARISMO. O problema desta abordagem é a ideia de que os fins justificam os meios, partindo desta premissa, se focalizarmos apenas em promover o bem comum para o maior número de pessoas, ninguém será responsabilizado pelas ações que acontecem para atingir este fim. Como exemplo do utilitarismo na prática, temos o Século XX que presenciou a ascensão do Nazismo de um lado promovendo genocídio em massa contra aqueles que não fossem classificados como de raça pura ariana (eugenia), ou seja uma ideia puramente utilitária. Por outro lado, vimos o genocídio de outras dezenas de milhões de pessoas com a ascensão de governos fascistas e comunistas ao redor do mundo, como Itália, Rússia, China, Coreia do Norte e Cuba, onde as liberdades e direitos individuais são suprimidos em pró de que o coletivo possa ter igualdade social total. Acesse o vídeo abaixo e saiba um pouco sobre a história de Aristóteles https://www.youtube.com/watch?v=kkHJce9-oLE https://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles https://www.youtube.com/watch?v=kkHJce9-oLE 14 Figura 05: Retrato de David Hume Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Hume Descrição da Figura: Pintura retratando fielmente o filósofo David Hume. Ética Universal: Fundamentada pelo filósofo alemão IMMANUEL KANT (Königsberg, 22 de abril de 1724 — Königsberg, 12 de fevereiro de 1804). Defende que há PRINCÍPIOS CORRETOS E UNIVERSAIS aplicáveis a todos os julgamentos éticos. As atitudes são realizadas por uma sensação de dever e obrigação a um ideal pura e unicamente moral ao invés de serem focadas na necessidade da situação. Baseiam-se na premissa que os princípios universais são aplicados a todos os indivíduos, em qualquer lugar, situação e tempo. Então o problema desta abordagem é o oposto do apresentado na Ética pelo bem comum, pois se o foco é unicamente em seguir princípios universais, ninguém é responsabilizado pelas consequências das ações que foram tomadas em pró destes mesmos princípios. No vídeo abaixo você confere um pouco sobre o trabalho de David Hume https://www.youtube.com/watch?v=Sak1rOiC7fM https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Hume https://www.youtube.com/watch?v=Sak1rOiC7fM 15 Considere por exemplo o debate atual entorno do aborto, se você reconhece o valor da vida humana, acima de qualquer outra coisa como um princípio ético universal, como você justifica o aborto para resguardar outro princípio ético universal que é o da liberdade do ser humano de escolha, ou seja, neste caso o da mulher? O direito ético universal à liberdade, liberdade de ação, de escolha, de pensamento, torna o aborto justificável? E se em caso negativo, como você justifica isso para as mulheres pró direito ao aborto? E em caso positivo, como você defende o direito de escolha de tirar uma vida? Figura 06: Retrato de Immanuel Kant Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant Descrição da Figura: Pintura retratando fielmente o filósofo Immanuel Kant. Confira um pouco da vida e obra de Immanuel Kant https://www.youtube.com/watch?v=3GuCJLveZmE https://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant https://www.youtube.com/watch?v=3GuCJLveZmE 16 1.1.4 Definindo a Ética nos Negócios Para Ghillyer (2015), a ética nos negócios envolve a aplicação de padrões de comportamento moral em situações que envolvam transações. Mas a quem interessa diretamente que a ética seja aplicada nos negócios de uma organização? Aos Stakeholders! Este é o termo utilizado para indicar o grupo estratégico que tem interesse nos negócios de uma ou mais organizações. Este termo vem da língua inglesa, Stake significa interesse, participação e risco, Holder significa segurar ou possuir. Aqui listamos os stakeholders mais comuns para as organizações, porém cabe salientar quem nem todos são relevantes em operações e negócios e nem todos os tipos citados são utilizados por todas as organizações. Ainda segundo Srour (2018), em uma economia competitiva, os empresários não têm como deixar de considerar os interesses díspares de seus públicos de interesse (stakeholders), uma vez que mercados abertos, associados e regimes políticos liberais, conferem enorme poder de fogo aos agentes impactados pelas empresas. É importante conceituarmos bem este grupo, pois são os interesses deles que geralmente regem as decisões das organizações e a ética deles ou seus conjuntos de valores quem determina o rumo organizacional, bem como, eles são os afetados por impactos causados por decisões moralmente questionáveis das empresas. Abaixo citamos os principais stakeholders e seus interesses nas empresas, assim como, impactos causados por comportamentos antiéticos nas organizações. 17 Acionistas • Interesses: Crescimento no valor das ações da empresa; Receitas provenientes de dividendos. • Impactos: Informações financeiras falsas e enganosas nas quais basear decisões de investimento; perdas no valor das ações; cancelamento de dividendos. Empregados • Interesses: Emprego estável e uma remuneração justa; Ambiente de trabalho seguro e confortável. • Impactos: Perda de emprego; Dinheiro insuficiente para pagar pacotes de indenização demissional ou para cobrir despesas com aposentadoria. Clientes • Interesses: “Troca justa” – Produto ou serviço com valor e qualidade aceitáveis pelo dinheiro gasto; Produtos seguros e confiáveis. • Impactos: Má qualidade de serviços. Parceiros Fornecedores • Interesses: Pagamento dentro do prazo pelos bens entregues; Pedidos regulares com uma margem de lucro aceitável. • Impactos: Pagamentos atrasados por bens e serviços entregues; Faturas não pagas quando a empresa declarou falência. Varejistas e Atacadistas • Interesses: Entregas precisas de produtos de qualidade dentro do prazo e por um custo razoável; Produtos seguros e confiáveis. • Impactos: Entregas incorretas e produtos de qualidade duvidosa. Governo Federal • Interesses: Receita proveniente de impostos de renda; Operação em conformidade com toda a legislação relevante. • Impactos: Perda de receitas provenientes de impostos de renda; Não cumprimento de legislação relevante. Credores • Interesses: Pagamentos do principal e juros; Pagamento de dívidas segundo o calendário acordado. • Impactos:Perda dos pagamentos do principal e de juros; Não pagamento de dívidas segundo o calendário acordado. Comunidade • Interesses: Emprego de residentes locais; Crescimento econômico; Proteção do meio ambiente local. • Impactos: Desemprego de residentes locais; Declínio econômico. 18 Figura 07: Stakeholders Fonte: https://agrego.net/stakeholders/ Descrição da Figura: Organograma ligando oito círculos contendo o nome dos principais stakeholders. 1.1.5 Ética nas Organizações e nos Recursos Humanos Segundo Matos (2014), certamente não se estabelece a Ética Corporativa por meio de códigos, mas da conscientização de valores, corporificados em diretrizes éticas, que traduzem cultura, estilos de liderança e estratégias como os suportes do Modelo Ético de Gestão. A ÉTICA é administrável nas organizações, desde que haja educação corporativa. A aplicação da ética nas organizações é condicionada por meio de sua cultura organizacional, estratégia e competência. Sem a cultura, falta a fundamentação e surgem meias verdades e contradições. Sem estratégia, constata-se o caos disfarçado por falsas modernidades. Sem competência, o que se nota é a falta de liderança e de equipes integradas, projetando conflitos predatórios. Para Guillyer (2015), a cultura organizacional pode ser definida como os valores, crenças e normas compartilhados por todos os funcionários dessa organização. A cultura representa a soma de todas as políticas e procedimentos – tanto escritos, quanto informais – de cada um dos departamentos funcionais da organização, além das políticas e dos procedimentos estabelecidos para a organização como um todo. https://agrego.net/stakeholders/ 19 Portanto, percebe-se que a cultura organizacional é a diretriz primordial, para o direcionamento da ética e sistema de valores adquiridos e utilizados por uma organização. A função de recursos humanos, no que tange a ética de uma empresa é justamente pelo fato deste ser a ponte que estará constantemente a liga-los. É quem estará diretamente envolvida na relação entre a empresa e o funcionário durante o contrato que une a ambos. 20 2.Competência 02 | Sustentabilidade Empresarial Olá Estudante, você já se perguntou qual a função social das empresas? Pois bem, por convenção afirma-se que é contribuir para o bem-estar coletivo. Mas de que forma? Bem, comprometendo-se com políticas de responsabilidade social corporativa. Claramente não cabe às empresas substituir o Estado em suas incumbências típicas, mas sim, otimizar a qualidade de vida dos públicos de interesse da empresa. Mas a empresa deve ser responsável para quem? E por qual motivo ela deve? Ela realmente deve? É o que veremos a seguir nos próximos tópicos. Agora que você já ouviu o podcast e está com a mente fervilhando de ideias brilhantes, vamos iniciar a nossa última competência desta disciplina tão incrível que certamente renderá bons frutos em sua carreira como profissional de Recursos Humanos. 2.1 Definição de Responsabilidade e Sustentabilidade Social e a Norma ABNT 16001 Podemos encontrar a definição e atribuições da responsabilidade social no site INMETRO, quando este fala da norma técnica especifica para tal, a NBR 16001 (Inmetro é a sigla que representa Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). O Inmetro diz que: Responsabilidade Social é a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: • Contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-estar da sociedade; • Leve em consideração as expectativas das partes interessadas; • Esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas internacionais de comportamento; Mas antes, escuta lá o Podcast. Ele está incrível 😊 e tem diversas dicas super interessantes que vão te ajudar muito a compreender melhor essa competência. 21 • Esteja integrada em toda a organização e seja praticada e suas relações. Ainda no site da ABNT (Sigla para: Associação Brasileira de Normas Técnicas), temos como definição da NBR 16001 o seguinte: Esta Norma estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social, permitindo que a organização formule e implemente uma política e objetivos que levem em conta seus compromissos com: a) a responsabilização; b) a transparência; c) o comportamento ético; d) o respeito pelos interesses das partes interessadas; e) o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização; f) o respeito às normas internacionais de comportamento; g) o respeito aos direitos humanos; h) a promoção do desenvolvimento sustentável. Possui as Seguintes Características: • A Norma é aplicável a todos os tipos e portes de organizações (pequenas, médias e grandes) e de todos os setores (governo, ONG’s e empresas privadas); • É uma norma de sistema de gestão (conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos, voltados para estabelecer políticas e objetivos, bem como para atingi- los), que deve estar integrado em toda a organização. Adota a estrutura do PDCA (Plan–Do-Check-Act ou planejar,fazer,verificar,agir). • Necessidade de comprometimento de todos os níveis e funções, especialmente da alta direção; • O atendimento aos requisitos da Norma não significa que a organização seja socialmente responsável, mas sim que possui um sistema de gestão da https://www.youtube.com/watch?v=uxW9Ub5TTcQ 22 responsabilidade social. As comunicações da organização, tanto internas quanto externas, devem respeitar este preceito. Figura 08: Imagem Ilustrativa de um Certificado da NBR 16001 Fonte: http://nature.mev.net.br/project/nbr16001/ Descrição da Figura: Medalha com fitas vermelhas e no centro o nome “Qualidade Total NBR 16001 Certificação”. 2.2 Tendências Históricas da Responsabilidade e Sustentabilidade Social Existem duas visões mais famosas a respeito da Responsabilidade e Sustentabilidade Social corporativa. Para Ashley et al, (2005), nas últimas décadas, o tema responsabilidade social corporativa vem sendo atacado e apoiado por vários autores. Quem é contrário a ele se baseia nos conceitos de direitos da propriedade (de Friedman) e na função institucional (de Leavitt). Assista no vídeo os conceitos gerais sobre ISO e ABNT https://www.youtube.com/watch?v=uxW9Ub5TTcQ https://www.youtube.com/watch?v=uxW9Ub5TTcQ 23 Figura 09: Tendências históricas da ética e responsabilidade social corporativa Fonte: Ashley et al. (2005, p. 43) Descrição da Figura: Organograma Exemplificando a Relação supracitada entre Stakeholders e as diferentes visões acerca da Responsabilidade Social. Milton Friedman, (Nova Iorque, 31 de julho de 1912 — São Francisco, 16 de novembro de 2006) foi um importante economista liberal americano, lecionou na Universidade de Chicago e recebeu o prêmio Nobel de Economia em 1976. Partindo de uma visão econômica clássica, o que o economista Friedman argumentava é que a direção corporativa, como agente dos acionistas, não tem o direito de fazer nada que não atenda ao objetivo de maximização dos lucros, mantidos é óbvio os limites da ética e da lei supracitados em nossa competência anterior. Dizia ainda que agir de forma diferente é uma violação das obrigações morais, legais e institucionais da direção da corporação. O ponto central da argumentação consiste que já existem instituições com esta finalidade social, como igrejas, governos, sindicatos e organizações sem fins lucrativos. Além de que gestores de grandes corporações não tem competência técnica, tempo ou mandato para tais atividades, que ainda constituem uma tarifa sobre o lucro dosacionistas, ou seja, o principal grupo de stakeholders das empresas. 24 Figura 10: Foto retrato do economista Milton Friedman. Fonte: https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2017-01-12/milton-friedman-s-cherished-theory-is-laid-to-rest Descrição da Figura: Foto do Economista Milton Friedman sentado em uma cadeira de madeira enquanto lê uma revista. Agora que você já assistiu a nossa videoaula e está com a mente fervilhando de ideias, vamos aproveitar para desenvolver um pouco mais do nosso conhecimento neste módulo tão rico para o nosso curso. Os argumentos a favor da responsabilidade social por parte das empresas, partem, principalmente, da área acadêmica mais conhecida como Negócios e Sociedade, e os trabalhos neste campo que mais se destacaram recentemente foram os de Carroll, Donaldson e Dunfee, Frederick e Wood. De acordo com os argumentos a favor, podem ser enquadradas duas linhas básicas: ética e instrumental. Para auxiliar no seu conhecimento, que tal assistir a nossa videoaula, Ela está incrível ☺ muito dinâmica e tenho certeza que irá complementar o seu aprendizado desta competência. https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2017-01-12/milton-friedman-s-cherished-theory-is-laid-to-rest 25 • Linha Ética: esta linha de argumentação deriva dos princípios religiosos e das normas sociais prevalecentes, consideram que as empresas e seus funcionários devem se comportar de maneira socialmente responsável por esta ser uma ação moralmente correta, mesmo que isso envolva despesas improdutivas para a companhia, ou seja, que não gere lucro, que é a principal finalidade das empresas. • Linha Instrumental: Esta linha argumentativa considera que há uma relação positiva entre o comportamento socialmente responsável e o desempenho econômico da empresa. Esta relação é justificada por uma ação proativa da organização, que busca oportunidades geradas através de: Consciência maior sobre as questões culturais, ambientais e de gênero; Antecipação, evitando regulações restritivas à ação empresarial pelo governo; Diferenciação de seus produtos diante de seus competidores menos responsáveis socialmente. Evolução do Conceito de Ética e Responsabilidade Social: O conceito de ética e responsabilidade social corporativa vem amadurecendo quanto à capacidade de sua operacionalização, de sua instrumentalização, ou seja, a capacidade pôr em prática, além de sua mensuração, capacidade de medir, de contabilizar. Desta forma divide-se em vertentes de conhecimento. Entre estas vertentes estão: • Responsabilidade; • Responsividade; • Retitude e Desempenho Social Corporativo; • Desempenho Social dos Stakeholders; • Auditoria e Inovação Social. 2.2.1 Responsabilidade Social Corporativa Para Ashley et al (2005), o Conceito de responsabilidade social corporativa, com forte conotação normativa e cercado de debates filosóficos sobre o dever das corporações de promover o 26 desenvolvimento social, passou a ser acompanhado, na década de 1970, do termo Responsividade Social Corporativa. Diante do novo conceito houve a necessidade de construir e desenvolver ferramentas teóricas que pudessem ser testadas e aplicadas no meio empresarial. E então as questões foram como e em que medida, a corporação pode responder suas obrigações sociais, já consideradas seu dever. Foi então que em 1991, Dona J. Wood desenvolveu seu modelo de desempenho social corporativo, dividindo a organização com base em princípios de responsabilidade social, processos de responsividade (resposta) social e resultados ou ações de responsabilidade social. Donna J. Wood (Nascida em 1949) é PHD em sociologia pela Universidade Vanderbilt (Tennessee, nos Estados Unidos) e tem importante contribuição a respeito do desenvolvimento teórico sobre Responsabilidade e Sustentabilidade Social Corporativista. Figura 11: Foto retrato de Donna J. Wood. Fonte: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/817QRKBhNGL.jpg Descrição da Figura: Foto da socióloga Donna J. Wood de óculos e sorrindo. Confira algumas publicações de Donna J. Wood https://www.goodreads.com/author/list/77059.Donna_J_Wood https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/817QRKBhNGL.jpg https://www.goodreads.com/author/list/77059.Donna_J_Wood 27 De acordo com Guillyer (2015), responsabilidade social corporativa (RSC) – também chamada de cidadania corporativa – pode ser definida como as ações de uma organização que têm como objetivo alcançar um benefício social maior e que não se restrinja a maximização dos lucros para seus acionistas, e cumprir todas as suas obrigações legais. Essa definição indica que a organização trabalhe em um ambiente competitivo e que seus mais variados stakeholders estejam comprometidos com uma estratégia agressiva de crescimento, ao mesmo que cumpre todas as suas obrigações legais. Mas para fazer mais, é necessário que qualquer organização faça o essencial, a função de toda e qualquer empresa é gerar lucro, ou seja, são organizações com fins lucrativos. Isso quer dizer que em um primeiro momento cabe a estas o objetivo de produzir e ou ofertar produtos e serviços, que atendam às expectativas e demandas do mercado, de seu público alvo, além de gerar empregos, pagar impostos e claro agregar valor aos seus acionistas e proprietários. É o lucro que os faz arriscar o capital para geração de mais capital, é o que mantém a empresa funcionando, seus funcionários empregados e sua produção ativa. Ainda para Srour (2018), o conceito de responsabilidade social corporativa não se confunde com o de sustentabilidade empresarial: o primeiro enfatiza os benefícios a serem propiciados aos públicos de interesse pelas empresas, enquanto o segundo remete à capacidade de reprodução das próprias empresas e de suas condições de existência, tanto sociais quanto ambientais. Em resumo a responsabilidade social corporativa está inserida em uma das dimensões da sustentabilidade empresarial. A função social empresarial que vemos atualmente, nem sempre foi vigente, e é parte do pressuposto do capitalismo social contemporâneo, que trouxe parte da responsabilidade social do meio em que atua às empresas. Mas em meios práticos, o que implica para uma empresa o termo ‘sustentabilidade’? Implica para a organização conviver em constante equilíbrio com os recursos gerados pelo meio ambiente, ou seja, o planeta e a utilização e preservação criteriosa de seus recursos naturais. Além de contribuir para os indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano das pessoas em seu entorno. E ainda para Srour (2018), no âmbito empresarial, a sustentabilidade requer: 28 • Empresas socialmente responsáveis, ou seja, mobilizadas com a inclusão social; • Empresas capazes de se perpetuarem em equilíbrio com o meio em que atuam; • Por fim, empresas preocupadas com a preservação do meio ambiente ao mesmo tempo em que atuam reabilitando os locais impactados por sua atuação. Figura 12: Sustentabilidade Social. Fonte: bettha em https://www.bettha.com/blog/empresas-sustentaveis-a-sustentabilidade-no-centro-da-estrategia/ Descrição da Figura: Globo Verde com o símbolo das setas da reciclagem no centro, nas bordas há arvores, nuvens, veículos, prédios, pessoas e aerogeradores. E ainda, segundo Ghillyer (2015), há três tipos diferentes de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), são elas a Ética, a Altruísta e a Estratégica. 1. RSC Ética: É o tipo mais puro e legítimo de Responsabilidade Social Corporativa, pois as organizações buscam de fato um senso definido de consciência social ao gerenciar suas responsabilidades financeiras com os acionistas, suas responsabilidades legais com a comunidade local e suas responsabilidades éticas diante de todos os seus stakeholders. 2. RSC Altruísta: Nesta modalidade a empresa adotauma abordagem filantrópica ao apoiar iniciativas específicas, ligados a comunidade local no entorno da organização https://www.bettha.com/blog/empresas-sustentaveis-a-sustentabilidade-no-centro-da-estrategia/ 29 ou outros programas nacionais e internacionais. Uma crítica a esta categoria é a de que os acionistas não decidindo pelas filantropias da empresa, podem estar indiretamente contra sua autonomia, apoiando ao financiar projetos que naturalmente não apoiariam. 3. RSC Estratégica: É muito provavelmente a mais obviamente utilitarista das três, pois visa apoiar ações que gerem publicidade para a marca. Tem o maior risco de suas ações serem percebidas, ainda que determinado grupo social que se beneficie com essa modalidade, irá fazer vista grossa pois estariam sendo beneficiados, outro grupo contrário pode boicotar a empresa em questão. Exemplos recentes são comuns, como a marca Gillette com sua propaganda sobre masculinidade tóxica, onde seu público majoritariamente masculino sentiu-se atacado e boicotou a marca, o que gerou um prejuízo no primeiro semestre de 2019 de bilhões de dólares. 2.3 Gestão Antropocêntrica e Gestão Ecocêntrica Ainda no campo dos estudos a respeito da sustentabilidade social empresarial, há uma vertente que afirma a possibilidade das corporações serem capazes de transcender a abordagem tradicional de gestão, que busca maximização racional da riqueza dos acionistas ou proprietários da empresa, para uma nova visão, que concilia os interesses do indivíduo, da sociedade e da natureza, transitando do paradigma antropocêntrico, no qual a empresa é o centro de tudo, para o ecocêntrico, Veja os vídeos sobre a campanha da Gillette e do filósofo Luiz Felipe Pondé sobre Masculinidade tóxica https://www.youtube.com/watch?v=koPmuEyP3a0&t=5s https://www.youtube.com/watch?v=oAGcHANY918 Veja a matéria sobre o boicote sofrido pela Gilllete https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-gillette-tentou-ser-politicamente- correta-e-se-deu-mal/ https://www.youtube.com/watch?v=koPmuEyP3a0&t=5s https://www.youtube.com/watch?v=oAGcHANY918 https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-gillette-tentou-ser-politicamente-correta-e-se-deu-mal/ https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-gillette-tentou-ser-politicamente-correta-e-se-deu-mal/ 30 no qual o meio ambiente é o mais importante e a empresa, assim como outros agentes, está inserido neste. O termo Ecocêntrico aqui utilizado, é uma variação da palavra Eco de Ecologia que é referente ao meio ambiente. Enquanto o termo Antropocêntrico, vem do conceito do homem como centro de tudo. • Abordagem Antropocêntrica: Suas principais premissas são a mercantilização das relações sociais e do consumismo, a competição como conduta primária para as relações de produção e consumo e a relação de apropriação da natureza pelo ser humano, além é claro, do próprio antropocentrismo. • Abordagem Ecocêntrica: Requer um novo conceito de empresa, descentralizando-a nas questões relacionadas à produção e consumo nas coletividades humanas. Leva em conta as relações recíprocas entre ser humano e natureza, sem limites temporais e especiais. Veja o quadro a seguir que traz características importantes diferenciando ambas as abordagens conceituadas anteriormente. Gestão Tradicional Gestão Ecocêntrica Objetivos Crescimento econômico e lucros. Riqueza dos acionistas. Sustentabilidade e qualidade de vida. Bem-estar do conjunto de stakeholders. Valores Antropocêntrico. Conhecimento racional e “pronto para uso”. Ecocêntrico. Intuição e compreensão. Produtos Desenhado para função, estilo e preço. Desperdício em embalagens. Desenhado para o ambiente. Embalagens não agressivas ao ambiente. Sistema de Produção Intensivo em energia e recursos. Eficiência técnica. Baixo uso de energia e recursos. Eficiência ambiental. 31 Organização Estrutura hierárquica. Processo decisório autoritário. Autoridade centralizada. Altos diferenciais de renda. Estrutura não hierárquica. Processo decisório participativo. Autoridade descentralizada. Baixos diferenciais de renda. Ambiente Dominação sobre a natureza. Ambiente gerenciado como recurso. Poluição e refugo / lixo são externalidades. Harmonia com a natureza. Recursos entendidos como estritamente finitos. Eliminação / gestão de poluição e refugo / lixo. Funções de Negócios Marketing age para o aumento do consumo. Finanças atuam para a maximização de lucros no curto prazo. Contabilidade dedica-se a custos convencionais. Gestão de recursos humanos trabalha para o aumento da produtividade do trabalho. Marketing age para a educação do ato de consumo. Finanças atuam para o crescimento sustentável de longo prazo. Contabilidade focaliza os custos ambientais. Gestão de recursos humanos dedica-se a tornar o trabalho significativo e o ambiente seguro e saudável para o trabalho. Quadro 01: Comparativo entre Gestão Antropocêntrica e Gestão Ecocêntrica. Fonte: Derivado do livro Ética e responsabilidade social nos negócios de Ashley et al 2005. Adaptado pelo Autor. 2.4 Consumo, Consumismo e Consumerismo Qual o lugar do consumidor em tudo isto que estudamos até aqui, no que diz respeito a um stakeholder e suas relações de interesse e consumo? Referente a tal questionamento, existem quatro conceitos fundamentais e relacionados entre si: Consumismo, Consumerismo Verde, Consumerismo Ético e Anticonsumerismo. E são fatores que certamente influenciam as empresas no direcionamento do seu marketing social, há empresas voltadas inteiramente para públicos de uma destas vertentes, como o consumerismo verde, por exemplo. O que não deixa de ser notável uma 32 certa ironia no que diz respeito a finalidade de tudo isso, que continua sendo o do consumo e venda do que vem a ser consumido. Vamos então aos conceitos. • Consumismo: É um fenômeno característico da sociedade contemporânea e tem sua origem no crescimento das industrias, que foram desenvolvendo um crescente aumento em sua capacidade produtiva e fornecimento de abundante variada gama de bens e serviços. Desta forma o consumismo pode ser encarado como o consumo desmedido. • Consumerismo Verde: É uma tentativa de fazer os consumidores comprar bens ou serviços que não agridam o meio ambiente. De quem será que partiu este tipo de consumerismo, das empresas que investem pesado em marketing e produtos diferenciados ou de grupos ativistas pró natureza? Não é possível ter certeza, mas ambos estão intimamente relacionados neste tipo de consumo. • Consumerismo Ético: É um desenvolvimento do consumerismo verde, e escala em suas considerações a partir do momento que não basta apenas consumir produtos não nocivos ao meio ambiente, como também visa não consumir produtos ou serviços de organizações que tenham um comportamento ético questionável, Confira essas duas animações Sobre a sociedade contemporânea https://www.youtube.com/watch?v=eXC4X_dsmCc E essa animação sobre a busca incessante de um roedor por felicidade e realização. https://www.youtube.com/watch?v=e9dZQelULDk Confira essa animação sobre relacionamento do homem com o mundo natural. https://www.youtube.com/watch?v=WfGMYdalClU https://www.youtube.com/watch?v=eXC4X_dsmCc https://www.youtube.com/watch?v=e9dZQelULDk https://www.youtube.com/watch?v=WfGMYdalClU 33 quando por exemplo possuem registros de corrupção ou exploram as relações de trabalho com abusos em sua mão de obra por exemplo. • Anticonsumerismo: Este conceito desafiador aos moldes da sociedade contemporânea parte da premissa que apenas se deve consumir o mínimo necessário para sua manutenção, ou seja, que as pessoas passem a ser menos dependentes de comprar coisas para sua subsistência. Porém é um conceitoque pode conturbar a economia de nações inteiras se fosse realmente aplicado, além de gerar desemprego crescente sem escalas, pois quanto maior o consumo e o lucro das empresas, maior será a demanda por novos produtos e a contratação de funcionários que façam cumprir tais demandas. Figura 13: Consumo Sustentável Fonte: https://www.infoescola.com/ecologia/consumo-sustentavel/ Descrição da Figura: Silhueta de um rosto humano de perfil, formada por objetos de metal, papelão, plástico, entre outros. Interessante as animações não!? Que tal comentar, o que você achou no fórum da competência? https://www.infoescola.com/ecologia/consumo-sustentavel/ 34 Conclusão Olá Estudante, como pudemos observar ao longo desta disciplina, a ética funciona como uma parte essencial das relações humanas e nas empresas isto não poderia ser diferente. Vimos como a ética foi desenvolvida e discutida ao longo da história humana, e como isso se reflete nos mais variados comportamentos encontrados na sociedade. Onde cada indivíduo ao longo de suas experiências adquire e desenvolve seu próprio sistema de valores e moral, levando esta premissa para o macro, como as empresas, que são tão diferentes entre si, também possuindo em sua diversidade seus próprios conceitos éticos, estabelecido em sua Cultura Organizacional. Inclusive, as relações que moldem a cultura e suas atitudes, através dos interesses dos stakeholders com as organizações e vice-versa. Em um segundo momento, pudemos observar o desenvolvimento e desenrolar da responsabilidade social corporativa, norma que a regimenta no Brasil, além de algumas de suas vertentes teóricas ao longo das últimas décadas no aprofundamento das relações entre organizações, sociedade e meio ambiente. Por fim foi posto quais reações podemos ter, enquanto consumidores, diante do comportamento ético desenvolvido e aplicado por nós mesmos e as empresas. Trazer este compilado de conhecimento exigiu empenho e dedicação e nossa equipe de profissionais e acadêmicos espera que sirva para o seu crescimento intelectual, bem como, futura produção e ou aplicação destes mesmos conhecimentos adquiridos. Bons estudos. 35 Referências SROUR, ROBERT HENRY. Ética Empresarial. Rio de Janeiro: RJ, 2018. 5 ed. GHILLYER, ANDREW W. Ética nos Negócios. Porto Alegre: RS, 2015. AMGH Editora Ltda. 4 ed. MATOS, FRANCISCO GOMES DE. Ética na Gestão Empresarial. São Paulo: SP, 2014. Editora Saraiva. 2 ed. ASHLEY, PATRÍCIA ALMEIDA ET AL. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: SP, 2005. Editora Saraiva. 2 ed. A Norma Nacional – ABNT NBR 16001. INMETRO. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp Acesso em: 18 de set. 2019. ABNT NBR 16001:2012. ABNT Catálogo. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=91309 Acesso em: 18 de set. 2019. http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=91309 36 Minicurrículo do Professor Dannilo Dayvid da Silva Bacharel em Administração pela Faculdade São Miguel, possui Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Teologia Integrada. Também possui pós-graduações do tipo Lato Sensu, sendo MBA em Gestão de Pessoas e Coaching pela FATIN em parceria com o Instituto Veríssimo Coaching (IVC), Especialização em Gestão Escolar também pela FATIN. É Técnico em Eletromecânica pelo SENAI Manoel de Brito. Atualmente cursa Especialização em Gestão e Tutoria EAD e é Mestrando em Administração pela Universidade San Lorenzo no Paraguai. Tem experiência profissional com trabalho em empresas na indústria, comércio e área acadêmica.
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