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Copia de Relatorio Final - Praticas Sociais e Subjetividade.

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8
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas 
Campus Tatuapé 
DANIEL MEIRELES AZEVEDO – N643528 – PS6S33
INGRID LETICIA MATTOS LIMA – T92800 – PS6
LETYCIA GABRIELLA PEREIRA DA COSTA – F2211I4 – PS6R33
PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA HARADA – N634219 - PS6R33
RAQUEL BEZERRA – N5520G6 - PS6
RENATA DE LIMA PAZ – N5677A5 – PS6
PRÁTICAS SOCIAIS E SUBJETIVIDADE
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
São Paulo
2022
DANIEL MEIRELES AZEVEDO – N643528 – PS6S33
INGRID LETICIA MATTOS LIMA – T928001- PS6
LETYCIA GABRIELLA PEREIRA DA COSTA – F2211I4 – PS6
PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA HARADA – N634219 – PS6
RAQUEL BEZERRA – N5520G6 PS6
RENATA DE LIMA PAZ – N5677A5 – PS6
PRÁTICAS SOCIAIS E SUBJETIVIDADE
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
 
Relatório Final de estágio apresentado à disciplina de Práticas Sociais e Subjetividade do curso de Psicologia da Universidade Paulista – UNIP, campus Tatuapé.
Supervisor: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
São Paulo
2022
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................04
2 PROCEDIMENTOS.................................................................................................05
3 DISCUSSÃO............................................................................................................06
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................11
REFERÊNCIAS..........................................................................................................12
Apêndice A.................................................................................................................14
Apêndice B.................................................................................................................16
Apêndice C.................................................................................................................17
Apêndice D.................................................................................................................42
Apêndice E .................................................................................................................71
Apêndice F..................................................................................................................72
1 INTRODUÇÃO 
Esse trabalho tem como finalidade abordar aspectos primordiais para desmistificar a população de rua. Quantas vezes em nosso cotidiano nos deparamos com pessoas em situação de rua? Em algumas destas situações observamos essa população de maneira subjetiva? Essas foram perguntas importantes para que escolhêssemos o tema citado como material de observação para o nosso estágio em práticas sociais e subjetividade, matéria cursada no 6° semestre do curso de psicologia. Respondendo a essas perguntas, consideramos que essa população está claramente desumanizada e sem amparo necessário para mudanças significativas, pois não há acesso a necessidades básicas e qualidade de vida, com isso entendemos que não é possível cuidar da saúde mental quando nossas necessidades primárias não estão devidamente sanadas.
Com a reta final do curso, nossa proposta almejava analisar a população de rua de maneira integra e subjetiva para que assim pudéssemos olhar para cada analisado como um individuo real e único, não somente como parte da massa descrita como população de rua. No momento em que observávamos e discorríamos o trabalho, desenvolvemos pensamentos interrogativos em relação a solução para o problema exposto. Como de costume, nos questionamos – Onde estão as políticas públicas para cuidar dessa população? Quando falamos em políticas públicas pensamos em soluções que se de fato aplicadas como descritas na lei seriam o suficiente, mas os artigos estabelecidos pela lei realmente são cumpridos? 
O morador de rua é visto sempre como alguém que tem potencial para o crime, gerando a exclusão e vulnerabilidade dos que mais necessitam, essa vulnerabilidade se agrava quando consideramos crianças vivendo sob estas circunstâncias. Durante nossas observações analisamos diversas situações em que essa realidade se repetia de maneira frequente, a presença de crianças e adolescentes vivendo de maneira negligente é incontável, além da moradia instável e em lugares insalubres, destacamos também a falta das refeições principais, de produtos básicos para higiene e vestimentas adequadas para a estação do ano. Essas crianças não crescem apenas desnutridas de saúde física, mas também de saúde mental, dessa forma também faltam projetos e técnicas para incluí-las no meio educacional, deixando-as, na grande maioria, sem muitas opções para conquistar um futuro melhor e digno. 
Observamos nossos objetos de estudo dentro da cidade de São Paulo e encontramos um ponto em comum entre todos os integrantes do grupo, despropositadamente todos fizemos relatórios no centro da cidade, mais especificamente, na Sé. O ambiente persiste em todas as observações feitas, a presença de embalagens de produtos alimentícios espalhados por todo o espaço, além do forte odor. Observamos também a presença de barracas e alguns alojamentos improvisados com sacos de lixo e papelão.
Na busca por maior conhecimento sobre o tema escolhido nos desbravamos a buscar situações que nos ensinasse de maneira prática um pouco do que se passa nas ruas da Grande São Paulo. Essa experiência nos trouxe melancolia, passividade, empatia e revolta, sentimentos que nos levaram a repensar a maneira como não enxergávamos essa população, que com o decorrer do tempo passou a fazer parte do cenário, como algo que não nos afeta mais, pois está fixado em nossa realidade cultural, algo comum. Foi necessária uma matéria que nos impulsionasse ao tema para que de fato analisássemos a realidade em que a maior parte da população vive e pudéssemos tentar compreender de maneira rasa o que sentem, como sentem e porque sentem. 
Essa falta de empatia descrita acima e o medo que sentimos ao passar por um morador de rua não está fixada desde o nosso nascimento, mas de maneira indireta somos impulsionados à indiferença cultural, muitas vezes criada através da mídia, que apesar de relatar os abusos, aflições e dificuldades diárias dessas pessoas, as descreve também de maneira marginalizada, consumando nossa angústia em relação a população socialmente inferior.
2 PROCEDIMENTOS
	As técnicas de observação assimiladas no estágio anterior não foram suficientes para as novas circunstâncias. Em decorrência da habitual marginalidade da população de rua, os membros do grupo optaram por, sempre que possível, realizar as observações em grupo, diferente do estágio passado. Nossos encontros ocorriam aos domingos, pois este era o único dia livre em comum para a maioria dos membros. Tal estratégia foi adotada para evitar possíveis distúrbios por parte da população de rua, visto que estes poderiam ver em pessoas desacompanhadas alvos fáceis para pequenos roubos. Além desta precaução, usualmente procurávamos qualquer tipo de estância policial, a fim de nos acomodarmos próximos a estas, pois a população de rua evita contato com a polícia, como foi observado. Tal prática se mostrou muito útil, já que não éramos interrompidos por qualquer tipo de pedido dos moradores de rua. Quando não havia policiamento nos locais, escolhíamos lugares bem movimentados para permanecer. Em maioria, buscamos sempre variar nos locais de observação, a fim de entender como o morador de rua é visto e tratado em diferentes localidades de São Paulo. Normalmente, quando permitido pelo ambiente, realizávamos as observações sentados, ao ar livre. Nos momentos em que se sentar não fosse uma opção, fazíamos o estágio em pé, porém sempre em movimento, para não gerar suspeitas por parte dos analisados. Em ocasiões especiais, observávamos a população de rua por janelas ou varandas, dentro de estabelecimentos. Tais ocorrências se devem a condições de clima chuvoso severo, que nos impediam de permanecer narua, ou o fortúnio de encontrar moradores de rua em uma localização ideal, em que pudessem ser observados de dentro dos prédios. Isso nos concedia um maior conforto, sem os riscos comuns da rua. A principal forma de registrar nossas observações foram os celulares, devido a praticidade e pela maneira que este nos permite observar com sutilidade, além de nos camuflar bem à multidão. O uso do celular era cessado apenas em situações onde o local era visivelmente perigoso e sem qualquer policiamento. Nestes casos, utilizávamos papel para anotar as observações, usando um lápis preto HB N°2.
 Para a formatação dos relatórios individuais, nós utilizamos o programa Word, de forma mista em computadores de mesa e celulares. Em geral, o que estivesse mais acessível no momento. A maioria dos membros possui uma conversa individual com o intuito de anotações, no aplicativo de celular Whatsapp, ao qual são enviados os rascunhos das observações em tempo real. No momento da formatação, seja esta feita no computador ou celular, copiávamos os escritos no aplicativo Whatsapp e colávamos no Word, para formatar e polir nosso texto. A pesquisa dos artigos científicos para o embasamento teórico era feita no Google Acadêmico. Para selecionar quais artigos viriam a ser utilizados, separávamos textos que aparentemente se relacionavam com o observado no dia, e, então, líamos. Os textos eleitos congruentes com as observações eram citados no embasamento teórico. A maioria dos textos foram retirados de sites como SciELO, . Para deixar o texto nas normas da ABNT, consultávamos o catálogo ABNT NBR 6023 da edição de 2018, além de tirar dúvidas entre nós mesmos e com nosso orientador. 
3 DISCUSSÃO
	Uma das questões que esse estágio mais expôs e exemplificou diversas vezes foi a dificuldade no contato entre os moradores de rua com os outros grupos de pessoas mais socialmente aceitas. Esse fenômeno foi observado diversas vezes e isso se mostrou complexo de acordo com as composições e atribuições que esses grupos diversos manifestam quando em contato (SICARI, A.A.; ZANELLA A.V., 2018). Portanto, é necessário que não apenas haja trabalhos comunitários e solidários para essas pessoas em condições desumanas, mas que também haja uma produção sobre a mentalidade do indivíduo que é socialmente aceito, mas que é condicionado pela estrutura que compõe nossa sociedade a ignorar e banalizar essas pessoas em condições de rua, pois elas representam uma consequência de aspectos disfuncionais dessa mesma sociedade a qual ele pertence e produz. 
Dito isso, a modernidade atual produz esse tipo de relações complexamente líquidas por meio do vício em consumismo exacerbado que nos condiciona a recorrer apenas ao consumo como busca de nossa identidade (BAUMAN, 2001), sendo assim os indivíduos que necessitam de certo amparo para integrar a esse sistema e essa lógica de mercado na verdade são marginalizados e vistos sempre com um desdém e preconceito.
Essa relação na modernidade líquida produz a disseminação de um discurso excludente que, por parte dos socialmente aceitos acontece uma “coisificação” do excluído que por mais que não anule toda a empatia, torna mais fácil de inferir culpa ao sujeito e de normalizar aquela situação e passar a ignora-la e, com isso, esse tratamento de exclusão e marginalização vai sendo internalizado pelo morador de rua que se desumaniza e não se enxerga mais como um humano igual aos que o julgam e sim tudo aquilo que como ele é tratado (NASCIMENTO, 2000).
Portanto, essa relação com o consumo é intensificada com o avanço tecnológico e por consequência cada vez mais distância esses grupos de pessoas com as que são menos aceitas socialmente como os moradores de rua, assim minando a empatia com o outro e especialmente com o diferente que não está em consonância com a lógica mercadológica das relações atuais.
Porém, também foi observado que a grande maioria das instituições também são afetadas ou até mesmo fazem parte da perpetuação desse fenômeno excludente e da visão de que o morador de rua é visto como alguém sempre com potencial para o crime e para o perigo do status quo vigente (MATTOS & FERREIRA, 2004, p. 50) e o que é empregado é uma exclusão estrutural e punitivista onde se trata do perigo que aquelas pessoas supostamente representam e não das causas em que as colocaram naquela situação. Por exemplo como visto na praça da Sé onde a igreja acolhia turistas, mas tratavam com desdém os moradores de rua que habitam ali em abundância e se aproximavam provavelmente em busca de refúgio e amparo. Além disso, é desproporcional a quantidade de preocupação com a segurança do local com postos de viaturas supervisionando o local da catedral que só acolhe os mais socialmente aceitos e que aparentam ter certo poder aquisitivo em contraste com a quantidade de pontos de saneamento básico e cuidado para amparar o estado dos moradores de rua que ali se refugiavam e buscavam recursos.
A população de rua se trata de um grupo vulnerável, e está vulnerabilidade se agrava quando consideramos crianças vivendo sob estas circunstâncias. A população infantil, independentemente da situação social que se encontra, já tem seus direitos diferidos, além de se tratar de um ser humano ainda não completamente formado, biologicamente e socialmente falando, por tanto, o dano psicológico que toda esta exclusão social traz se agrava. As crianças que vivem hoje em situação de rua no Brasil estão expostas a diversos riscos, tanto para sua saúde, seu psicológico e sua integridade física. Já de início, devemos seguir a realidade de que é impossível falar da saúde psicologia destas crianças se muitas vezes elas nem sabe se irão conseguir comer no dia seguinte, há uma precariedade em sua saúde que pode afetar seu desenvolvimento cognitivo e físico. 
Segundo Uol, uma matéria de 2022 nos mostra que o número de menores que vivem ou trabalham nas ruas de São Paulo quase dobrou em 15 anos. O centro da capital possui o maior volume de pessoas nessas condições. E uma matéria de 2020 do “observatório do terceiro setor” nos mostra que há 70 mil crianças vivem nas ruas do Brasil e 19% dessas crianças dormem com fome. Realidade dura, mas comum, ver crianças brincando em frente de moradias improvisadas com brinquedos improvisados, mães implorando por leite para dar para suas crianças ou até mulheres gravidas em situação de rua infelizmente virou parte da rotina dos brasileiros.
Para entender quem são essas crianças: Uma matéria do G1 de 2017 fez um estudo sobre como vivem as crianças em situação de rua no Brasil, mais especificamente no centro de São Paulo, a pesquisa mostrou dados alarmes acerca do uso de drogas e atraso escolar. No momento da entrevista, 64% deles usavam drogas, e 41% declararam não frequentar escola.
Abaixo alguns gráficos que a matéria disponibiliza:
Figura 1: Taxa de Crianças na Região da Cracolândia
Fonte: ONG Visão Mundial (2017).
Figura 2: Taxa de Adolescentes na Região da Cracolândia
Fonte: ONG Visão Mundial (2017).
Figura 3: Taxa de Atos Infracionais por Adolescentes.
Fonte: ONG Visão Mundial (2017).
O que leva as crianças a viverem essa dura realidade? Há aquelas que nascem de famílias que já se encontram em situação de rua, e permanecem naquele local sobrevivendo daquela forma, há aquelas que possuem uma casa, mas uma família desestruturada e acabam fugindo paras ruas, e famílias que já possuíram um lar estruturado, mas por algum motivo perderam tudo. 
Em muitas realidades as crianças fogem de casa para se livrar de um tratamento inadequado que recebem de suas famílias, mas também não encontram boas condições de vida fora de casa, há violência até dentro de albergues, ONGS e casas de acolhimento, a criança ainda está propensa a sofrer violência de seus colegas e de adultos que tinham como dever zelar pela sua integridade (RIBEIRO; CIAMPONE, 2002).
Ribeiro e Ciampone (2002) realizou uma pesquisa onde entrevistaram crianças que viveram em albergues e abrigos com intuito de entender qual a vivência delas nesses locais,as meninas que foram entrevistadas se queixaram da falta de solidariedade entre as outras garotas que também viviam nos abrigos, e mostraram desejo em voltar para as ruas para poder ficar perto de quem elas sentiam que as acolhiam de verdade.
Uma das crianças, ao ser questionada por que ela saiu do albergue, responde:
Eu fugi. (...) Porque eu senti falta dos meus amigos. Senti falta da minha irmã que fica aqui. E minha irmã... assim... de rua, que considero como mãe de rua e irmã. Senti falta dela, senti falta dos meus amigos, que sempre andaram junto comigo. Quando eu tô doente, eles cuida de mim. O carinho que eu não pude ter até certo momento, eles me dão. Tudo que eu falo, eles concordam comigo. Se eu vou embora, eles ficam triste, eu fico triste também, aí eu volto. 
Além dos perigos que estas crianças sofrem no dia a dia, deve-se analisar com é a vida escolar delas, como apresentado no gráfico disponibilizado pelo G1, muitas dessas crianças estão em idade escolar e 49% apresentam distorção escolar.
Segundo o Artigo 53 da Lei nº 8.069:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola(...).
Agora devemos refletir: estas crianças em situação de rua têm seu direito respeito? As escolas estão preparadas para receber essas crianças como estão para receber as outras? Se o sistema estivesse preparado para oferecer uma educação igualitária, não teríamos quase metade das crianças em situação de rua com deturpação em suas vidas escolares. E quais as consequências disso? Um indivíduo que cresce longe da escola e não consegue se formar acaba possuindo menos oportunidades no mercado de trabalho, e junto a sua criação conturbada por viver na rua, podendo sofrer violências inclusive da polícia, há grandes chances desse individuo acabar na rua ou no mundo do crime. 
 Machado e Noronha (2002) postula que a violência policial está agregada com a violência estrutural, que é aquela que se manifesta nas desigualdades socioraciais. Ou seja, pôde-se notar que o abuso de poder participa ativamente na ordem social e sua repetição. Devemos refletir sobre como uma criança que cresceu sofrendo violência de diversas partes da sociedade, que viu o quanto o sistema que vivemos hoje é falho e injusto, irá crescer psicologicamente e como ele irá enxergar o mundo. Crescer e acreditar que o sistema de segurança brasileiro e a sociedade se resume a violência contra ele e quem ele ama irá muito provavelmente fazer com que ele se volte contra a constituição e reproduza esta violência.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao ver todos os dias pessoas nessa situação, acaba trazendo a ideia de que elas fazem parte do cenário de rua e muitas vezes passam despercebidas, de forma quase que invisível e isso facilita muito para que a população ignore e se abstenha dessa responsabilidade social. Mas, ao olhar atentamente para a constituição de 1988, será notado que a realidade atual é desumana e está totalmente incompatível com essa proposta. 
No Art 1° seção III diz que a república federativa do Brasil tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. Colocado isso, a garantia das necessidades vitais de todos os indivíduos deveria ser assegurada pelo poder público. 
O Art 3° seção III afirma ter também como objetivo erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. A palavra erradicar tem o mesmo sentido de “arrancar pela raiz” ou ainda “eliminar”. Porém, levando em conta as observações realizadas e até mesmo documentários assistidos, não é exatamente o que se tem visto nas ruas, uma vez que aparentemente os esforços estão sendo utilizados para agir na causa e não na sua raiz de fato. Para a mudança dessa realidade, poderia se pensar em educação democrática para todos, com oportunidades acessíveis dentro de cada realidade e potencializar os talentos já existentes de cada ser humano. Essa proposta não traria resultados imediatos dentro de cinco ou sete anos, mas seria um plano que alcançaria futuras gerações. 
Para dar fim as citações dos artigos da constituição, na seção III do Art 5° diz que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano e degradante. Então, por que será que em julho de 2017 foi relatado pelo jornal da CBN que as pessoas em situação de rua na região da Sé foram acordadas com jatos de água após uma das madrugadas mais frias de SP naquele ano e estes tiveram ainda que jogar seus cobertores fora? O prefeito da época disse que foi um descuido e falha de comunicação entre as equipes da limpeza. A questão que fica é: será mesmo que ocorreu um descuido?
Olhando para essa situação e para tudo o que foi relatado até aqui com as observações, chega-se à conclusão de que a constituição de 1988 é uma verdadeira utopia. E é por isso que existem as políticas públicas, tendo em vista que elas foram criadas pelos governos para assegurar os direitos da população.
Contudo, se essas políticas estivessem de fato funcionando, por que os números nunca reduzem? De acordo com o censo da prefeitura. Ocorreu um acréscimo de 31% nos últimos dois anos. Já que em 2019 eram 24.344 pessoas, e agora, com 7.540 a mais, estamos com 31.884. Isso porque o último censo foi realizado em janeiro desse ano.
Pode ser que sem os trabalhos que a Prefeitura já realiza nos dias atuais, a situação pudesse estar muito mais alarmante, é reconhecido sim que algo está sendo feito em alguma medida, entretanto, será que as políticas públicas oferecidas são o que realmente essas pessoas necessitam para avistarem e viverem outras oportunidades mais dignas na vida? 
Esse trabalho foi de suma importância para o desenvolvimento de todos os integrantes do grupo, para que houvesse mais empatia, mais consciência de realidade e também serviu para aprender a correlacionar os artigos científicos com as observações de campo. O que é excelente, já que está cada vez mais próximo o fim do curso, onde terão vários relatórios de estágio e o TCC.
REFERÊNCIAS 
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.
MATTOS, R. M.; FERREIRA, R. F. Quem vocês pensam que (elas) são? representações sobre as pessoas em situação de rua*. Psicologia & Sociedade, São Paulo, p. 47-58, maio 2004.
Cresce número de crianças e adolescentes em situação de rua. São Paulo: BAND, 2022. Disponível em: https://www.uol.com.br/eleicoes/videos/?id=cresce-numero-de-criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-rua-04020C193162E0817326. Acesso em: 6 nov. 2022.
GARCIA, Maria Fernanda. Pequenos invisíveis: 70 mil crianças vivem nas ruas do Brasil. São Paulo, n.p, 8 jul. 2020. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/noticias/pequenos-invisiveis-70-mil-criancas-vivem-nas-ruas-do-brasil/. Acesso em: 6 nov. 2022.
GASPAR, Alberto. Estudo retrata como vivem crianças e jovens no Centro de SP; quase metade dos adolescentes tem atraso escolar. Bom Dia Brasil, São Paulo, n.p, 8 dez. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/estudo-retrata-como-vivem-criancas-e-jovens-no-centro-de-sp-quase-metade-dos-adolescentes-tem-atraso-escolar.ghtml. Acesso em: 6 nov. 2022.
JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa. Leis Civis Comentadas e Anotadas. São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais. 20h. Disponível em : https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/1153074667/leis-civis-comentadas-e-anotadas. Acesso em: 6 de Novembro de 2022.
Machado, Eduardo Paes e Noronha, Ceci Vilar. A polícia dos pobres: violência policial em classes populares urbanas. Sociologias [online]. 2002, n. 7, pp. 188-221. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-45222002000100009. Acessado 22 Setembro 2022
NASCIMENTO, E. P. Juventude: novo alvo da exclusão social. In: BURSZTYN, M. (Org.). No meio da rua: nômades excluídos e viradores. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. p. 121-138.
RIBEIRO, Moneda Oliveira; CIAMPONE, Maria Helena Trench. CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RUA FALAM SOBREOS ABRIGOS, São Paulo, 2002. Disponível em:https://www.scielo.br/j/reeusp/a/T75DmctqV8LZvFk6bcrrFJR/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 6 nov. 2022.
SICARI, A. A.; ZANELLA A. V.; Pessoas em Situação de Rua no Brasil: Revisão Sistemática; Psicol. cienc. prof. 38 (4). Oct/Dec 2018.
APÊNDICE A
Relatos Individuais: Daniel Meireles Azevedo
APÊNDICE B
Relatos Individuais: Ingrid Leticia Mattos Lima 
Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Estação de metrô Sé
Data: 17/08/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Ingrid Letícia Mattos Lima RA: T928001 TURMA: PS6S33
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: Exclusão: População de Rua
OBSERVAÇÃO 
Iniciei a observação dentro da estação Sé, linha 3, vermelha do metrô, sentido Corinthians Itaquera. O dia estava frio e nublado, o metrô não estava movimentado como de costume, pois eram 11h00min.
O homem observado era alto, cerca de 1,80cm de altura e magro, estava vestindo uma calça larga para o seu biotipo e suja, uma camiseta preta desbotada e chinelos que mostravam os pés sujos. Ele abordava os passageiros com a seguinte frase “Moça(o), pelo amor de Deus, me ajuda!” Com expressão triste e envergonhada, a maioria ignorava o pedido ou dizia “não tenho”, alguns com olhar de pena e outros aparentemente incomodados com a situação, mas em determinado momento uma mulher parou para ajudá-lo e então o homem lhe disse que estava em São Paulo a trabalho, mas que havia sido deixado “na mão” por seu empregador e que precisava de R$38,50 para voltar para a sua cidade, localizada no interior de São Paulo, ao ouvir a história a mulher perguntou:
- O Sr. não tem ninguém para quem possamos ligar, um familiar ou vizinho?
E ele respondeu que não tinha família, somente a sua esposa que estava desempregada e que os vizinhos não o ajudariam. Diante dessa situação a mulher aconselhou que o ele procurasse a SSO do metrô para que lhe ajudassem a chegar em sua cidade e para que ele fizesse contato com a esposa. Ao ouvir esse conselho o homem transformou a sua expressão envergonhada em furiosa e gritou com a mulher dizendo “Vai tomar no cú”, ele repetia essas palavras cada vez mais alto e a mulher que estava ali para ajudá-lo foi acolhida por outras pessoas que passavam no local e presenciaram a cena. 
O homem saiu com raiva, andando de pressa e pisando forte no chão. Após o ocorrido era possível ouvir algumas pessoas dizendo “Por isso eu não ajudo morador de rua”, “Queria dinheiro para usar droga, que absurdo!”.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao observar a situação do homem que pedia esmola no metrô de São Paulo, supostamente para conseguir comprar uma passagem de ônibus com destino ao interior de São Paulo e logo depois apresentar um ataque de fúria por não conseguir o dinheiro solicitado, pude presenciar comentários que, conforme descrito acima, afirmavam que aquele homem se tratava de um usuário de drogas e morador de rua, pois apresentava comportamentos que se enquadram nesse “perfil”.
Rodrigues (2015, p. 61) relata que
o morador de rua não é simplesmente o indivíduo que mora na rua, mas uma identidade social através da qual se localizam amplas referências estruturais, que não só inclui moradia, mas trabalho, personalidade, família, sociabilidade e comportamento. Ser morador de rua é ser o detentor de um status moral ou de uma expectativa de ação.
Mesmo que seu discurso tenha sido com intuito de causar pena naqueles que o escutavam, o seu modo de agir e a mudança repentina em seu semblante diante de uma resposta negativa e contrária ao que desejava, puderam deduzir qual a finalidade daquele dinheiro, que não seria para uma passagem, mas para usar drogas. Consequentemente, a atitude foi associada ao morador de rua por “estigma” e provavelmente a experiência individual de cada um deles. Não seria possível afirmar que aquele homem se tratava de um morador de rua ou de um usuário de drogas, mas aquele comportamento, para aqueles ali presente, seria “típico” de um sujeito como este.
REFERÊNCIAS 
RODRIGUES, Igor. A Construção Social do morador de rua: O controle simbólico da identidade. 2015. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais. Área de concentração: Desigualdade Social e políticas públicas) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2015.
Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Avenida Paulista
Data: 26/08/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Ingrid Letícia Mattos Lima RA: T928001 TURMA: PS6S33
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: Exclusão: População de Rua
OBSERVAÇÃO 
Iniciei a observação na Avenida Paulista, em frente ao Vão do Masp. O céu estava aberto e ensolarado, a rua estava movimentada com muitos carros e pedestres, eram 13h00min.
O homem observado se tratava de um senhor de idade avançada, cabelos grisalhos, pele enrugada e escoliose em C, não conseguia andar de maneira ereta, se movimentava de forma extremamente curvada e apresentava dificuldade para caminhar. Suas roupas eram bem sujas e desgastadas, usava uma bermuda preta e uma camiseta vermelha, os pés estavam descalços. 
Ele andava lentamente de um lado para o outro, aparentemente procurando por algo, em alguns instantes surgiu com um pedaço de jornal velho, posicionando-o sobre o chão da guia na calçada, abaixou suas calças sem qualquer restrição ou constrangimento, como se aquela situação, para ele, fosse comum, e então ele subiu lentamente sobre o guard rail que protege os pedestres do trânsito e evacuo fezes sobre aquele jornal, se limpou com um pedaço de papel que tirou do bolso, enrolou o jornal que estava no chão e arremessou entre os carros.
O semblante das pessoas presentes no local era de indignação e nojo, eles desviavam o olhar e mudavam de calçada para evitar proximidade com o homem. Logo após o ocorrido era possível escutar risos e alguns comentários de repúdio. Um lojista do local nos contou que essa prática era comum e que ele presenciava essa ação todos os dias. 
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Essa observação tem como foco principal o morador de rua, mas me chamou atenção a maneira como reagimos diante de situações como aquela, que são capazes de despertar diferentes tipos de sentimentos naquele que o observa, como o sentimento de nojo para a senhora que virou o rosto e saiu do local, fúria para o motorista que teve o seu carro como alvo e o medo da menina que atravessou a rua para não passar na mesma calçada em que ele estava. 
Contudo, se refletirmos sobre a qualidade destas interações, observaremos que comumente nós as olhamos amedrontados, de soslaio, com uma expressão de constrangimento. Alguns as vêem como perigosas, apressam o passo. Outros logo as consideram vagabundas e que ali estão por não quererem trabalhar, olhando-as com hostilidade. Muitos atravessam a rua com receio de serem abordados por pedido de esmola, ou mesmo por préconceberem que são pessoas sujas e mal cheirosas. Há também aqueles que delas sentem pena e olham-nas com comoção ou piedade. (MATTOS, 2004 p. 47)
Esse senhor que vive nas ruas de São Paulo e que age de maneira fora do padrão e da cultura estabelecida pela nossa sociedade, certamente já deixou a sua identidade e passou a ser reconhecido pelo grupo, como mendigo, louco, drogado etc.
A caracterização das pessoas em situação de rua como anormais, carrega em si a comparação com uma normalidade vista como forma legítima de vida na sociedade. Assim, o diferente passa a ser objeto de estranhamento e repulsa. (MATTOS, 2004 p. 50)
REFERÊNCIAS 
MATTOS, Ricardo, FERREIRA, Ricardo. QUEM VOCÊS PENSAM QUE (ELAS) SÃO? REPRESENTAÇÕES SOBRE AS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA*. Psicologia & Sociedade, Universidade São Marcos,16 (2): 47-58; maio/ago.2004.
Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Praça da República
Data: 05/09/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Ingrid Letícia Mattos Lima RA: T928001 TURMA: PS6S33
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: Exclusão: População de Rua
OBSERVAÇÃO 
Observação feita na Praça da República numa segunda-feira, as 10h15min, O tempo estava nublado e faziam 13º.
Um homem aparentemente jovem, se não fosse a pele mal-cuidada e envelhecida do sol, tom de pele negra, cabelo crespo e sem corte, altura mediana e suas vestes simples, mas não tão sujas quanto as dos demais moradores de rua do local, vestia uma blusa preta manga longa e por cima uma camiseta amarela, uma calça de moletom e chinelos.
O sujeito ao qual eu observava carregava uma bola de futebol embaixo do braço, com aspecto de nova. Parou ao lado de uma barraca de acampamento que estava montada em frente um outdoor que mostrava a propagando de um novo filme lançado em uma plataforma de streaming e uma faixa de pedestre. Ele passou a jogar a bola no outdoor e receptá-la com a cabeça, movimento conhecido como cabecear entre os jogadores e futebol, repetia o processo freneticamente, sem tirar os olhos da bola ou deixá-la cair, seus movimentos eram rápidos e afobados, como se precisasse fazer aquilo por muito tempo. Não se importava com quem passava e continuava jogando, os pedestres precisavam desviar do rapaz para que não fossem atingidos pela bola. 
Calculei o tempo exato dessa atividade durante a minha observação, foram 36 minutos iniciais e após algum tempo ele começou novamente, agora com duração de 22 minutos.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Podemos observar que o indivíduo demonstra uma ansiedade em relação a atividade que está sendo realizada, no ato de jogar a bola continuamente durante muito tempo, e preocupação para que seja bem-feita, pois não permite que a bola caia no chão. Para quem o observava com aquela agitação e um comportamento supostamente estranho, poderia imaginar que se tratava de um usuário de drogas. 
A visão negativa que a sociedade em geral possui da população de rua é um fator que contribui decisivamente para que a situação de tal população seja ainda pior, pois acaba por isolar e marginalizar ainda mais um grupo já inserido em uma situação de risco, com a visão errônea que a maior parte do contingente que compõem esta comunidade é composta por usuários de entorpecentes e/ou criminosos, assim sendo sua situação atual inteiramente de sua responsabilidade, logo de todo merecida. (VASCONCELOS ET AL. 2019 p. 55)
Se levarmos em consideração que não necessariamente se tratava de um usuário de entorpecentes, podemos partir do princípio que aquele homem precisa de uma atividade para “exercitar” a mente e em sua realidade essa foi a única atividade que encontrou.
A situação do morador de rua se agrava conforme o indivíduo passa mais em tal ambiente, visto que é marginalizado pela população, que prefere ignorar sua existência, portanto não estando disposta a proporcionar ajuda, e ignorado pelo Estado, que se demonstra despreparado para lidar com as necessidades especiais e condições particulares de tal população, não disponibilizando acesso a serviços e a garantias constitucionais básicas, como saúde, saneamento básico, moradia, levando o morador de rua a perder aos poucos o restante da dignidade que lhe resta e vivendo, ou melhor, sobrevivendo, sobre condições sub-humanas, reféns da própria situação e sem a mínima perspectiva de melhora. . (VASCONCELOS ET AL. 2019 p. 55)
Dessa forma, torna-se quase impossível que uma pessoa em situação de rua tenha algum tipo de lazer, o que justifica o indivíduo jogar aquela bola de maneira solitária, mas eficaz para que pudesse ter no seu dia a mistura de lazer e atividade física, trazendo o mínimo de distração e qualidade de vida. “Não há moradia, segurança, lazer, condições higiênicas, alimentação garantida ou dignidade na vida que se leva nas ruas.” (JUNIOR, 2017 p. 17)
REFERÊNCIAS 
JUNIOR, João. Desamparo social ao morador de rua. UniCesumar. Maringá, p. 1-25, 2017.
VASCONCELOS, Ricardo ET AL. Pessoas em situação de rua: invisibilidade social, empregabilidade, saúde e vulnerabilidades um estudo a partir da Prática Curricular de Extensão. Conecte-se! Revista Interdisciplinar de Extensão. Minas Gerais, p. 45-60, Junho, 2019.
Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Av das Nações Unidas - WTC
Data: 10/09/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Ingrid Letícia Mattos Lima RA: T928001 TURMA: PS6S33
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: Exclusão: População de Rua
OBSERVAÇÃO 
A pessoa observada nesse relatório se trata aparentemente de uma mulher de meia idade, que apesar do tempo gelado, vestia um short jeans escuro, uma camiseta colorida e uma máscara cirúrgica.
Ela empurrava um carrinho de supermercado com seu cachorro dentro e alguns itens pessoais, parava em cada lixeira para procurar lixo reciclável, como latinhas e papelão. O cachorro vestia uma roupinha velha e também usava uma máscara cirúrgica, todos que passavam por ela se encantavam com o pet e parava para conversar e acaricia-lo. Perguntei a ela o nome do seu cachorro e ela me respondeu ˜esse é o Bob, meu companheiro. Pode faltar comida pra mim, mas eu sempre garanto a refeição dele˜, seus olhos brilhavam ao falar do Bob, que de fato era um companheiro doce e carinhoso, retribuindo o amor de sua tutora com lambidas e abanos de rabo. Apesar da situação difícil que passa, ela disse que o Bob proporciona a ela muitos colegas, pois todos os abordam para conhecer o cachorrinho que se protege na pandemia.
A mulher se retira do local sorridente, entre pessoas contagiadas pelo carinho entre tutor e pet e carros que passam mais devagar para ver o Bob desfilando em seu carrinho de supermercado.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Assim como o rapaz observado no 3º relatório, que colocava toda a sua energia no ato de jogar bola, essa mulher se apega em seu cachorro como forma de fuga dos momentos difíceis. Bob não se trata apenas de um animal de estimação, mas de um grande companheiro que está sempre presente. O ato de colocar a máscara para protegê-lo da COVID-19 ou possíveis doenças, valida a percepção de como ela o vê.
Os benefícios que os animais podem proporcionar aos seres humanos são: a companhia, a promoção de mudanças positivas no auto-conceito e comportamento das pessoas além de auxiliar no desenvolvimento de várias habilidades e no exercício de responsabilidades. Os animais ajudam a diminuir o estresse, combatem a depressão e o isolamento e estimulam o exercício. HAIDEN, Joyce, SANTOS, Wellington (2016 APUD Faraco (2008 p. 489)
Torna-se um elemento essencial, já que grande parte da população de rua encontra-se com muitos dos sintomas descritos acima. Além disso, ter algo com o que se identificar também passa a ser essencial. Para a nossa saúde emocional e mental.
Para HAIDEN, Joyce, SANTOS, Wellington, (2016 p.981) a simplicidade de nossa afeição pelos bichos de estimação é um modelo para os momentos simples e íntimos que realmente nos sustentam. Sem esses laços que nos unimos vínculos de amor, amizade, responsabilidade e dependência - pouco a pouco começamos a definhar. São nossos vínculos que nos mantêm saudáveis.
Além do companheirismo, um animal de estimação para uma pessoa que vive desprotegida pode significar segurança. 
SICARI, Aline (2016 APUD Cunha 2015, p. 667) identificou que essa relação é de companheirismo e proteção, pois os animas auxiliam na vigilância e nos riscos de estar em situação de rua. A autora percebeu que há dificuldade dessas pessoas em frequentarem espaços que seus cães não são permitidos, como exemplo instituiçõesde abrigamento. 
Com isso, torna-se cada vez mais necessário a busca por um lugar seguro e por alguma forma de obter algum tipo de renda, já que a necessidade financeira se torna comum no cotidiano desse indivíduo, por isso SICARI, Aline (APUD Alles, 2010; Lacerda, 2012. P. 667) diz que:
É comum para pessoas em situação de rua o trabalho de vigias de carros, catadores de material reciclável e a mendicância como fonte de recursos. 
São quase inexistentes oportunidades de trabalho formal devido ao preconceito e ausência de endereço fixo, mesmo que a pessoa tenha competência e qualificação requeridas SICARI, Aline (APUD Alles, 2010; Oliveira, 2015 p. 667).
REFERÊNCIAS 
SICARI, Aline, Pessoas em Situação de Rua no Brasil: Revisão Sistemática. Psicologia: Ciência e Profissão. Santa Catarina, v. 38 n°4, 662-679, p. 661-679, Out/Dez.,2018.
HAIDEN, Joyce, SANTOS, Wellington, BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DA CONVIVÊNCIA COM ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO PARA OS IDOSOS. ÁGORA : revista de divulgação científica. Santa Catarina, v. 16, n. 2, p. 487-496. 
Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Rua Itinguçu
Data: 14/09/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Ingrid Letícia Mattos Lima RA: T928001 TURMA: PS6S33
 
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: Exclusão: População de Rua
 
OBSERVAÇÃO 
 O dia estava nublado e chuvoso, temperatura em 17°. Uma mulher magra e de altura mediana dormia no ponto de ônibus localizado em frente a uma Padaria conceituada da região, se mexia com frequência, aparentemente tentando ajeitar-se no pequeno espaço do banco, após 32 minutos ela se levanta e vai até a porta da padaria pedir dinheiro aos clientes, mas recebe alimento comprado por alguns deles. Ela volta para o banco em que dormia e olha a sacola para ver o que recebeu e decide comer.
Suas vestes eram largas e a calça jeans que usava caia quando andava, calçava um chinelo desgastado, cabelos presos e uma manta enrolada em seu tronco. Sua pele estava suja, os pés com casco preto no calcanhar e um hematoma na testa do lado esquerdo, como se tivesse sofrido uma queda, estava ralado e avermelhado.
Após alimentar-se a mulher caminhou até uma pequena loja de laticínios, entrou e olhou o preço dos produtos, saiu do local repetindo o valor que havia lido na prateleira, o dono sorriu e não se importou, demonstrando costume com a visita diária. Ela se retira do local enrolada em seu cobertor e a cada passo que dá olha para trás, com olhar de quem acredita estar sendo perseguido.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
 Pude observar uma mulher sem rumo e de certa maneira desconectada com a realidade. Apesar de pedir dinheiro, se contenta com a comida que recebe, mas não satisfeita se dirige a loja de laticínios para olhar os produtos. Por algum motivo pessoal, aquelas pessoas abordadas pela mesma não entregaram dinheiro a ela, pois o comum é imaginar que o indivíduo destinará essa verba à outra atividade, como drogas ou bebida alcoólica, mas observando essa situação eu não pude deixar de pensar que esse dinheiro poderia ser para comer o que ela estava com vontade e que provavelmente estava à venda naquela loja.
Os indivíduos que vivem nessa situação para VASCONCELOS ET AL. (2019 p. 54),
São manchados na medida em que sofrem ostracismo, em que são ignorados, tratados como inferiores, ou anormais devido à situação em que se encontram fora do padrão de vida aceito pelo restante da população. Desse modo, ao procurar adequar-se ao padrão de vida comum da sociedade, essas pessoas naturalmente não obtêm êxito, já que as circunstâncias em que se encontram não lhes possibilitam viver nas condições mínimas convencionadas socialmente.
Sua maneira rápida de caminhar, sua desconfiança em estar sendo seguidas, suas vestes e pele sujas, atraíram alguns olhares em tom de estranheza daqueles que passavam por ela, pois tudo que é diferente do habitual passa a ser considerado como estranho pela sociedade.
Para VASCONCELOS ET AL (2019 APUD (NONATO; RAIOL, 2016, p. 85) Pág 53 "Em geral, a população em situação de rua é vista pela sociedade como o que oferece risco, e não como um segmento que se encontra em risco" Deixa de ser visto como um ser humano que precisa de ajuda, passa a ser criminalizado e culpado por estar na situação em que vive. Além disso, VASCONCELOS ET AL. (2019 p. 55) afirma que: Em virtude de fatores característicos dos moradores de rua por não obterem saneamento básico, ocorre que inúmeros encontram-se sujos e com mau cheiro. Essas justificativas são utilizadas para justificar comportamentos e atitudes de rejeição por parte da sociedade e dos agentes de saúde.
JUNIOR (2017 p. 9) explica que: O ambiente em que residem são propícios a proliferação de doenças, indigno e de extrema exposição, é nas calçadas que eles sobrevivem e encontram amparo em gestos caridosos e fraternais vindos dos transeuntes, que compartilham o pouco que tem, com seus semelhantes.
REFERÊNCIAS 
JUNIOR, João. Desamparo social ao morador de rua. UniCesumar. Maringá, p. 1-25, 2017.
VASCONCELOS, Ricardo ET AL. Pessoas em situação de rua: invisibilidade social, empregabilidade, saúde e vulnerabilidades um estudo a partir da Prática Curricular de Extensão. Conecte-se! Revista Interdisciplinar de Extensão. Minas Gerais, p. 45-60, Junho, 2019.
Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Estação de metrô Guilhermina Esperança
Data: 24/10/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Ingrid Letícia Mattos Lima RA: T928001 TURMA: PS6S33
 
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: Exclusão: População de Rua
 
OBSERVAÇÃO 
A observação foi feita em frente à estação de metrô Guilhermina Esperança, numa segunda-feira às 14:40. O dia estava ensolarado, mas não muito quente.
O homem observado aparentava ter em média 45 anos de idade, seu cabelo era encaracolado e com alguns fios grisalhos, sua pele negra e altura mediana. Suas roupas estavam sujas, mas não rasgadas. Usava uma camiseta polo azul, jaqueta preta, calça jeans e tênis preto.
Ele dormia no banco de concreto localizado na praça em frente à estação, estava coberto com um cobertor idêntico aos que são entregues pela prefeitura aos moradores de rua. Ao lado do banco havia muitas sacolas, aproximadamente 20 unidades cheias de latinhas e garrafas pet, algumas dessas sacolas estavam aparentemente com peças de roupas. Ele não se preocupava com o barulho dos ônibus que entravam e saiam do terminal, nem com as pessoas que se sentavam nos bancos próximos para conversar, continuou dormindo durante 1 hora e 20 minutos, depois se levantou e olhou para os seus pertences, como se verificasse se estavam todos ali, depois se deitou novamente no banco, onde permaneceu o resto do tempo, de maneira imóvel e com sono pesado.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É possível observar que esse indivíduo já está acostumado com a realidade na qual está inserido, pois é capaz de dormir durante horas em um banco de concreto, de maneira desconfortável e permanecer daquela forma com um sono tão intacto que é incapaz de sentir-se incomodado com o barulho que está sendo feito ao seu redor.
A maior parte da população de rua prefere as ruas aos albergues, nesse caso, o maior conforto para eles em estar na rua não é a maneira como dormem, afinal, não há conforto algum, mas alegam sua preferência baseando-se em liberdade, pois nos albergues não é permitido o uso de drogas e bebidas alcoólicas, também há uma regra bastante rígida em relação ao horário de entrada e saída do local, com isso, acostumam-se com essa realidade. (JUNIOR, 2019 p.25)
Apesar da liberdade, foi possível observar a preocupação do homem em relação aos seus pertences, com isso, podemos concluir que não é possível dormir de maneira tranquila e confortável quandose tem medo de perder o pouco de bem material que ainda lhe resta.
As poucas pessoas em situação de rua que optam em dormir em albergues relatam que a escolha é baseada no conforto, mas também no receio da violência contra aqueles que estão vulneráveis na rua. (JUNIOR, 2019 p.26).
Podemos concluir que nenhuma dessas pessoas está satisfeitas com a sua realidade, pois aquelas que escolhem ficar na rua precisam conviver com o fardo do medo da violência que os espera e aquelas que preferem o albergue convivem com a agonia diária por não saber se conseguirá uma vaga em um local seguro para passar aquela noite.
JUNIOR, João. Pessoas em situação de rua: Proposta de intervenção para espaços livres públicos. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal do Espírito Santo. Colatina – ES.
APÊNDICE C
Relatos Individuais: Letycia Gabriella Pereira da Costa
Universidade Paulista – UNIP 
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Bairro da Liberdade
Data: 21/08/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Letycia Gabriella Pereira da Costa RA: F2211i4 TURMA: PS6R33
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BÁSICO
 
DO
 
NÚCLEO
 
COMUM
RELATO
 
INDIVIDUAL
)
TEMA DA OBSERVAÇÃO: População de Rua e a Exclusão Social
OBSERVAÇÃO
Para minha primeira observação, fui no bairro da liberdade, localizado na região central de São Paulo. Está um dia frio e de início parei em um lugar que tem 3 moradores de rua deitados no chão, cobertos com cobertor escondendo a cabeça. É um local bastante movimentado, porém todos passam sem reparar ou olhar para o chão, um dos moradores de rua em especial está deitado perto de um lugar que é passagem para os pedestres, e todos passam sem olhar para o chão ou se deixar afetar pela situação daqueles seres humanos, este morador de rua permaneceu durante toda a observação totalmente coberto, não se mexendo ou se descobrindo em nenhum momento, junto dele tinha uma chave de fenda, uma sacola de mercado e um pote de plástico vazio.
Outro deles se levanta e da meia volta no local de maneira como se estivesse sem rumo, mas logo após ele se deita novamente em outro lugar, durante todo o momento ele está segurando uma cadeira de plástico, e quando deita nesse novo local deixa a cadeira perto de si. Não há motivo aparente para ele ter mudado de lugar, principalmente por o novo lugar escolhido ser muito perto do anterior, podemos entender que talvez seja por um incômodo ou inquietação. Durante esse tempo que ele passa deitado, em dado momento uma moça que estava no local pega sua cadeira, e ele levanta a cabeça e fica gesticulando para ela, apontando para o lugar que estava a cadeira, ela percebe e pergunta “essa cadeira é sua” e após ele concordar de maneira chateada com a cabeça, ela devolve a cadeira para onde estava, e todo o resto da observação ele checava constantemente se a cadeira estava ali. Percebo uma constância de apego a objetos aleatórios, considerando que ambos possuíam objetos com si que pôde-se considerar pela maioria sem utilidade.
Ao continuar minha observação com os três moradores do local, percebo como existe uma discrepância entre as pessoas que lá estavam localizadas se divertindo e aqueles cidadãos, o pouco que consegui olhar para o rosto de um dos indivíduos fica muito nítido sua tristeza e vulnerabilidade, enquanto todos ao redor não tratam aqueles ali deitados no chão como tratam as outras pessoas, muitas vezes soa como se não fossem ambos seres humanos.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O ser humano tem contato com o mundo e seus objetos desde o momento do nascimento, somos ensinados a possuir bens e muitas vezes a resumi-los em quem somos. Para Descartes, nos existimos porque pensamos, mas análises da psicologia comportamental podem dizer o contrário, existimos porque sentimos. Nosso sensorial nos abre a porta para o mundo material e físico, e só após esses conhecimentos passamos a pensar (Bomfim; Delabrida; Ferreira, 2018). A partir do momento que nos tornamos seres pensantes, passamos a nos tornar cada vez mais ambiciosos, desenvolvendo apego a bens materiais. Podemos analisar esse comportamento social levando em consideração o apego de alguns moradores de rua a seus objetos, como observado anteriormente. Para esta população, muitas vezes passar de ter um lar para não ter nada é algo extremamente repentino, e adaptação pode nunca ser concluída, fazendo com que eles sintam falta de determinadas regras e costumes sociais, como o caso do materialismo. Diante a estes fatores, é de extrema importância analisarmos a influência do capitalismo não só nas condições que fizeram a população de rua estar onde estão hoje, mas também na influência do mesmo em seus dias a dias. 
Russell e Lanius tem como base a seguinte ideia: ambientes físicos provocam emoções e o lugar tem possibilidade de alterar um estado emocional (Russell & Lanius, 1984), diante a ideia de tais autores, há de analisar o emocional daqueles que estão inseridos em locais de vulnerabilidade extrema e como isto pode levar ao abuso das drogas e do álcool, como observado no bairro da liberdade, é muito fácil notar na vulnerabilidade e tristeza nos olhos daqueles que estão no chão, com frio e fome em pleno centro da cidade, enquanto todo o resto das pessoas se divertem como se aquela tristeza não estivesse nítida e aqueles seres humano não estivem precisando de ajuda. 
Um lugar pode possibilitar que as pessoas estejam mais despertas ou mais sonolentas; pode trazer mais prazer ou desprazer; ou mesmo mais ou menos tensão. (Bomfim; Delabrida; Ferreira, 2018, capítulo 5)
Em conclusão, para entendermos com mais sensibilidade a realidade da população de rua, é necessário considerarmos o ambiente ao seu redor e como aquilo interfere em suas emoções, questionarmos os possíveis costumes sociais que cada indivíduo carrega com si e como isso se transformou após passarem a morar na rua, ou aquela pessoa sempre esteve em condições de rua, como ele se comporta diante as regras sociais e quais adota ou não para si.
REFERÊNCIAS
BOMFIM, Zulmira Áurea Cruz; DELABRIDA, Zenith Nara Costa; FERREIRA, Karla Patrícia Martins. Psicologia Ambiental: Conceitos para a leitura da relação pessoa-ambiente. 1. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018. v. 1. ISBN 9788532657626. Disponível em:https://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=135TDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=info:gQ_wfMDX4WkJ:scholar.google.com/&ots=fjfGeHgTQV&sig=sCBx4TsbavPwmdnsHlh7nIMTG8&redir_esc=y#v=onepage&q&f=true. Acesso em: 31 ago. 2022. 
JAMES A. Russell, UlLRICH F. Lanius, Adaptation level and the affective appraisal of environments, Journal of Environmental Psychology, Volume 4, páginas 119-135, 1984. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272494484800298. Acesso em: 31 ago. 2022.
Universidade Paulista – UNIP 
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Bairro da Liberdade
Data: 28/08/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Letycia Gabriella Pereira da Costa RA: F2211i4 	 TURMA: PS6R33
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BÁSICO
 
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NÚCLEO
 
COMUM
RELATO
 
INDIVIDUAL
)
TEMA DA OBSERVAÇÃO: População de Rua e a Exclusão Social
OBSERVAÇÃO
No dia de hoje, fui na Avenida Paulista,o local fica em uma área considerada nobre, onde possui diversos apartamentos de luxo. Já de início, é muito perceptível o aumento de moradores de rua no local comparado a 2 anos atrás, além disso, por ser um local de um luxo que fica próximo ao centro da cidade, vemos uma diversidade de realidades. Em especial neste dia de observação é domingo, por isso a população ali localizada se divide entre moradores de rua, que em sua maioria pedem comida e dinheiro para as pessoas que estão passando, famílias paulistanas, pessoas que aparentam morar aos arredores passeando com cachorros e pessoas que outrospaíses e estados.
É bastante nitido a aproximação que moradores de rua tem com seus animais de estimação, um dos que pude observar tem três cachorros, e mesmo quando ele se deslocou longe do meu campo de visão pude ver que os cachorros o seguiu fielmente, observei também um senhor que tinha uma barraca, dentro da barraca tinha um cachorro em uma coleira, a coleira era decorada, aparentava ser nova e o cachorro parecia muito bem cuidado, limpo e alimentado, quando reparei no senhor, pude ver que tinha aproximadamente 60 anos, vestia roupas consideravelmente conservadas e estava sentado em uma mureta do lado da sua barraca e seu cachorro, ele estava apenas olhando o movimento, e só pude perceber que ele era morador daquela barraca devido às vezes que ele entrou nela e sua interação com o cachorro, pois aquele senhor não aparentava estar em situação de rua.
Hoje é um dia frio, e foi notório a busca de esconderijos da população de rua, a maioria escondidos em cabanas feitas de sacos plásticos e madeira,
em determinado momento, fui a um fast food, este restaurante costuma ter bastante pessoas em situação de rua ao redor pedindo lanche, em sua maioria crianças, hoje em especial não vi nenhuma, porém, em frente ao restaurante tinha 3 barracas, fiquei um tempo observando porém ninguém saiu ou entrou nas barracas.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A pandemia da Covid-19 marcou de forma muito negativa o Brasil, um país que já possui uma intensa desigualdade social. Estava entre métodos de segurança contra o Corona Vírus, o lockdown, que consiste no fechamento temporário de serviços não essenciais para conter o avanço do vírus, algo que infelizmente não funcionou no nosso pais por conta da falta de competência política e empatia social. Para discorrer sobre a falta de empatia na nossa sociedade, podemos usar como exemplo o caso de festas clandestinas, que fazia o número de casos de Covid subir mesmo com pequenos comércios fechados, o que fez com que muitas familias lidassem com graves consequências. Além das consequências que levaram pequenos comércios a falência, também vemos cortes em empresas devido ao menor lucro e o aumento do preço de alimentos, tudo isso levou pessoas a perderem suas casas, seus meios de rendas e serem obrigadas a migrar para rua. 
Além da saúde, educação, alimentação e outros direitos essenciais previstos no texto constitucional, a questão habitacional há muito tempo é tema de preocupação das autoridades públicas, e com a calamidade pandêmica da Covid-19, a problemática existente em relação à moradia no Brasil ganha contornos de evidência. (Oliveira, S.S. 2021, p. 364)
Como observado na Avenida Paulista, o número de moradores de rua aumentou significativamente, muitos foram para rua com seus cachorros, algumas roupas e uma barraca, um caso especifico que discorri anteriormente, era de um senhor de aproximadamente 60 anos que não aparentava ser um morador de rua pelas suas roupas e modo de se portar. Para entendermos especificamente e com certeza quais moradores de rua passaram a estar nessa situação devido a pandemia, é necessário que converssemos com ele, o que não é permitido nesta observação, por isso, para obter conteúdo sobre o tema, observei, como o caso deste senhor, algumas pessoas que aparentam não estarem habituadas aquela realidade, isto é um grande indicativo que pode ser uma das pessoas que passaram a morar na rua após perderem sua fonte de renda na pandemia.
Após privar um cidadão de ter alimento e moradia por incompetência politica, esse passa a ter o direito mínimo existencial violado (MACHADO, A.; GUEDES, D.; RANGEL, T., 2021), e os mais afetados serão aqueles que estão a margem da sociedade, recebendo cada vez menos enquanto os donos do meio de consumo recebem cada vez mais, e assim temos uma desigualdade social cada vez mais alimentada, e se torna nítido os esforços governamentais para mascarar a realidade. 
A ausência de uma política concreta por parte do Estado para socorrer esses indivíduos demonstra a face mais sórdida da “gestão dos indesejáveis”, qual seja, a do higienismo social. É assustador que esse fato ocorra na atualidade, diante de tantos avanços com relação a garantia de direitos humanos, mas é fundamental denunciar as mazelas existentes na “sociedade líquida”. (MACHADO, A.; GUEDES, D.; RANGEL, T., 2021, p. 85)
REFERÊNCIAS
MACHADO, A.; GUEDES, D.; RANGEL, T. DIREITOS FUNDAMENTAIS E MÍNIMO EXISTENCIAL NA ORDEM DO DIA. Múltiplos Acessos, v. 6, n. 1, p. 74-87, 9 jun. 2021. Disponível em: http://multiplosacessos.com/multaccess/index.php/multaccess/article/view/189/142. Acesso em: 01 set. 2022.
OLIVEIRA, S. S. O DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL DE MORADIA EM TEMPOS DE PANDEMIA. Revista Eletrônica Direito e Política, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 363–384, 2021. DOI: 10.14210/rdp.v16n1.p363-384. Disponível em: https://periodicos.univali.br/index.php/rdp/article/view/17684. Acesso em: 1 set. 2022.
Universidade Paulista – UNIP 
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Penha
Data: 04/09/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Letycia Gabriella Pereira da Costa RA: F2211i4 	 TURMA: PS6R33
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TEMA DA OBSERVAÇÃO: População de Rua e a Exclusão Social
OBSERVAÇÃO
O local escolhido para a observação é o bairro da Penha, iniciamos a observação aos arredores de uma escola, onde estava localizado um morador de rua, este vestia roupas bastante gastas e apertadas e aparentava estar bastante atordoado, ele andava com dois cobertores entre os braços de uma forma desajeitava, muitas vezes tropeçando nos próprios pés. Analisando um tempo este indivíduo, que tentava andar, mas mal saia do lugar, é notório que está sob efeito de alguma substância.
Andando mais adiante, pude observar outro indivíduo, aparentemente também sob efeitos de substâncias pela maneira como ele interagia de forma exagerada com o ambiente mesmo sem ninguém ao redor, falando sozinho, gesticulando e fazendo expressões para ninguém, assim como o outro indivíduo, este também carregava alguns pertences, mas em vez de cobertores, ele carregava um saco plástico preto.
Quando ambos foram embora, tivemos que andar mais um pouco para encontrar novos focos de observação, algo notório neste fato é que quanto mais próximo do centro mais fácil é encontrar pessoas em situação de rua, por a penha ser consideravelmente distante do centro, existe uma menor concentração de pessoas em situação de rua, e a maioria que ali estavam, perambulavam pela rua em vez de parar em somente um local como na maioria das vezes acontece.
Encontramos um bar, localizado em um local de maior movimento da Penha, em frente ao bar estava um morador de rua enrolado em um cobertor, ele observa o interior do bar, mas era ignorado pelas pessoas que ali estavam, ele rodava os olhos pelo ambiente diversas vezes com uma postura que estava procurando algo ou alguém, e sem motivo aparente gargalhava e parava logo em questão de segundos, e assim como observado anteriormente, também não aparentava estar sã.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID) publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) dependência química se desenvolve após o uso deliberado de drogas, e apresenta diferenças significativas no comportamento, realidade cognitiva e fisiológica do sujeito. O vício envolve sintomas como a avidez pela droga de maneira descontrolada e abstinência. 
Para analisarmos a dependência química de quem está em situação de rua, é crucial que entendamos se essa dependência se deu pela realidade das ruas ou se a pessoa passou a morar na rua por conta de sua dependência, uma pesquisa feita pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) constatou que 35,5% das pessoas foram para a rua por alcoolismo ou uso de drogas (MENDES; FILLIPEHORR, 2014), neste caso, entendemos que a realidadenão é só que o vício ocorre após as pessoas se tornarem moradores de rua, mas também que existe uma correlação de outras formas, como por exemplo pessoas expulsas de suas casas pelo vício, ou que perdem suas fontes de renda pela impossibilidade de se manterem empregadas, e muitas vezes pode-se ocorrer a migração voluntária as ruas pelo maior acesso a drogas e falta de regras sociais.
As drogas possuem uma recompensa para o cérebro, produzindo uma dose exacerbada de hormônios que levam o usuário ao prazer momentâneo, que logo passa e traz suas consequências e o indivíduo de volta a realidade dura das ruas, fazendo com que o uso se repita, levando-o a dependência, o fator da fuga da realidade é um aspecto acentuado para os moradores de rua que se encontram na condição de dependência.
O papel da saúde pública e do governo contra este fenômeno é não só realizar projetos para atender essa população, mas questionar qual o nível de conhecimento que as pessoas que estão sofrendo nas ruas têm de seus direitos e do que o governo pode oferecer como ajuda para elas (FARIAS; RODRIGUES; NOGUEIRA; MARINHO, 2014). Dada a exclusão social e isolamento da realidade que a população de rua sofre, muitos podem deixar de pedir ajuda por não saberem para quem ou onde recorrer.
REFERÊNCIAS
FARIAS, Débora Cristina da Silva et al. Saberes sobre saúde entre pessoas vivendo em situação de rua. Psicologia e Saber Social, [S.l.], v. 3, n. 1, p. 70-82, jul. 2014. Disponível em: https://www.e publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/article/view/10064. Acesso em: 20 set. 2022. doi:https://doi.org/10.12957/psi.saber.soc.2014.10064.
MEDEIROS, R. DE P. Entre as andanças e as travessias nas ruas da cidade: territórios e uso de drogas pelos moradores de rua. Civitas: revista de Ciências Sociais, v. 19, n. 1, p. 142-158, 27 fev. 2019. Disponível em https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/30759 . acessos em 20 set. 2022
MENDES, Célia Regina Pessanha; FILLIPEHORR, João. Vivência nas ruas, dependência de drogas e projeto de vida: um relato de experiência no CAPS-ad. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 6, n. 1, p. 90-97, jun. 2014 . Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-.093X2014000100012&lng=pt&nrm=iso. acessos em 20 set. 2022
Universidade Paulista – UNIP 
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Tatuapé
Data: 11/09/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Letycia Gabriella Pereira da Costa RA: F2211i4 	 TURMA: PS6R33
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TEMA DA OBSERVAÇÃO: População de Rua e a Exclusão Social
OBSERVAÇÃO
Nesta observação, vim para praça Silvio Romero, localizado no Tatuapé. Logo de início, percebo três barracas com pessoas ao redor, aparentando serem uma família que vivem ali, além das barracas, o local contava com fios esticados entre as árvores que serviam como varais, possuíam diversos cobertores e roupas estendidos. As pessoas que ali estavam, vestiam roupas conservadas e aparentavam uma boa higiene.
Observando o comportamento dessas pessoas, parecia que estava havendo uma briga, uma das mulheres falava bem alto e com tom firme, como se estivesse brava, prestando atenção consigo entender um pouco da conversa, a mulher estava brava pois alguém chamou sua filha de “vagabunda”. A briga se estende, onde começam a gritar cada vez mais alto, porém é difícil entender as palavras pois há muitas pessoas falando ao mesmo tempo.
Neste local existem algumas crianças, enquanto algumas continuam brincando, outras olham assustadas com expressão de quem não estava entendo. Uma das crianças em especial, que aparentava ter em torno de 8 anos, estava dançando uma coreografia famosa no aplicativo “tiktok”, é de se analisar em como aquela coreografia chegou em seu conhecimento, pois para ter acesso ao tiktok é necessário celular e internet, isso me faz refletir que muito provavelmente alguém daquela família possuía um celular com acesso à internet.
Por outro lado, a briga continua, e consigo ouvir claramente algumas frases ditas, como: “a mesma pessoa que fala mal de mim para você, fala mal de você para mim”, “fica trocando minha filha por droga”, “a mãe pode ser a pior vagabunda e a nora drogada, mas a filha tem que respeitar a mãe”, diante a algumas frases entendidas sem contexto, é difícil entender realmente para quem a briga está voltada.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em nosso dia a dia, vemos o machismo atuando na sociedade e prejudicando mulheres independente da sua classe social, mas é de extrema importância analisarmos o impacto do machismo para mulheres que estão em situação de vulnerabilidade. 
Para Arruzza (2015), é necessário questionar a relação do patriarcado com o capitalismo. O Patriarcado se trata no poder que o homem exerce na sociedade, inclusive nas vias de produção, considerando a longa existência do patriarcado na sociedade, ele assume na história influências sob as classes sociais e a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. O aumento do desemprego afeta em maior quantidade mulheres pelas crenças machistas que algumas empresas têm em relação a mulheres, há uma ideia de que não é benéfico contratá-la por há chances de elas engravidarem etc. (OLIVEIRA; SCORZAFAVE; PAZELLO, 2009).
Não só no mercado de trabalho, mas o dia a dia de uma mulher é repleto de ofensas vinda de todos os lados, termos como “vagabunda” é frequentemente empregado para se tratar de qualquer atitude de uma mulher vista como errada perante o machismo da sociedade.
A existência do capitalismo torna-se como uma cultura, influenciando as diferenças culturais, históricas e de classes (ARRUZZA, 2015). É necessário que o feminismo atinja mulheres em situação de vulnerabilidade, que cheguem aos ouvidos e olhos destas mulheres quais são seus direitos e quem pode estar do lado delas em uma situação de risco, muitas vezes o feminismo empregado na sociedade hoje beneficia apenas mulheres brancas de alta classe social, sem olhar para fora desta bolha, e pode-se dizer que o movimento social que não engloba todos os necessitados não é verdadeiramente social.
REFERÊNCIAS
ARRUZA, Cinzia. Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado e/ou capitalismo. Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado e/ou capitalismo, Estados Unidos, 2015. Disponível em: http://outubrorevista.com.br/wp-content/uploads/2015/06/2015_1_04_Cinzia-Arruza.pdf. Acesso em: 21 set. 2022.
OLIVEIRA, Pedro Rodrigues; SCORZAFAVE, Luiz Guilherme; PAZELLO, Elaine Toldo. Desemprego e inatividade nas metrópoles brasileiras: as diferenças entre homens e mulheres. Desemprego e inatividade nas metrópoles brasileiras: as diferenças entre homens e mulheres, Belo Horizonte, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/neco/a/sg6PgVbtj6Cshx9h9Wm6RnG/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 21 set. 2022.
Universidade Paulista – UNIP 
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Tatuapé
Data: 18/09/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Letycia Gabriella Pereira da Costa RA: F2211i4 	 TURMA: PS6R33
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TEMA DA OBSERVAÇÃO: População de Rua e a Exclusão Social
OBSERVAÇÃO
Hoje, voltei novamente no mesmo local da observação anterior, na praça Silvio Romero localizada no bairro Tatuapé. Vou para o mesmo local e consigo notar que a mesma família ainda estava localizada naquele local, seguindo a mesma dinâmica da observação anterior, as barracas ainda localizadas no mesmo local e o aparentemente o mesmo número de pessoas ao redor.
Começo a observar mais atentamente as crianças que ali estavam, fui pega de surpresa ao perceber que duas das crianças que estavam brincando, brincavam de enquadro. Eram duas crianças, uma de aparentemente 8 anos eo outro de 4 a 5, a criança de 8 anos fazia o papel de policial, ele encosta a outra criança na parede como um policial faz em um enquadro e segura algum objeto preto que imita uma arma, enquanto segura os braços do outro garoto para cima, a criança imita de uma forma muito específica e perfeita um policial em uma situação de abuso de poder, adotando uma postura demasiadamente agressiva, falando para a outra criança que ele vai comer bosta na cadeia e xingando de corno, enquanto o outro menino dava muita risada.
A brincadeira continua, e o garoto mais velho começa a arrastar pelas mãos as outras crianças, existiam alguns brinquedos de parquinho no local e a criança mais velha batia com bastante força nos brinquedos enquanto continuava gritando xingos, falando coisas como: “levanta porra, põe as mãos nas costas, aqui é polícia, você fica roubando aí e tá achando que tá certo? eu mandei roubar, mandei? deita, você vai dormir assim porra, vai, levanta porra, você gosta de roubar? gosta né? vai põe seu chinelo, vai rápido.“ ele grita tudo isso de maneira muito violenta enquanto a outra criança continuava rindo.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
João Pedro, Ágata Félix e Kaue Ribeiro, esses são nomes de algumas crianças que tiveram suas vidas interrompidas por confrontos policiais. Para decorrermos sobre a violência policial, é necessário compreendemos que está realidade brasileira atinge pessoas de todas as idades, inclusive crianças, e os mais afetados são as classes mais baixas e pessoas que estão a margem da sociedade. 
A Convenção sobre os Direitos da Criança (1989, p. 01), prevê o seguinte: Artigo 3 - Os Estados Partes comprometem-se a assegurar à criança a proteção e o cuidado que sejam necessários ao seu bem-estar, levando em consideração os direitos e deveres de seus pais, tutores legais ou outras pessoas legalmente responsáveis por ela e, com essa finalidade, tomarão todas as medidas legislativas e administrativas adequadas. (VIANA, 2021, n.p.)
Mesmo que o trecho citado acima faça parte da legislação, sabemos que não ocorre dessa forma na prática, não há proteção para as crianças na nossa sociedade. Por se tratar de uma população vulnerável e muitas vezes que não sabe identificar uma violência ou denunciá-la, é dever do estado proteger e assegurar sua integridade física e moral, porém, ao contrário do que se espera, o estado pode ser uma das fontes da opressão desta população.
A violência policial está agregada com a violência estrutural, que é aquela que se manifesta nas desigualdades sociorraciais. Ou seja, pôde-se notar que o abuso de poder participa ativamente na ordem social e sua repetição (MACHADO; NORONHA, 2002)
Como podemos associar ao relato da observação, devemos refletir sobre como aquele garoto que possui uma visão deteriorada de um policial irá crescer psicologicamente e como ele irá enxergar o sistema. Crescer e acreditar que o sistema de segurança brasileiro se resume a violência contra ele e quem ele ama irá muito provavelmente fazer com que ele se volte contra a constituição e reproduza esta violência.
REFERÊNCIAS
Machado, Eduardo Paes e Noronha, Ceci Vilar. A polícia dos pobres: violência policial em classes populares urbanas. Sociologias [online]. 2002, n. 7 [Acessado 22 Setembro 2022] , pp. 188-221. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1517-45222002000100009>. Epub 27 Nov 2003. ISSN 1807-0337. https://doi.org/10.1590/S1517-45222002000100009.
VIANA, Luan da Silva. (In)segurança pública: uma análise crítica acerca da violência policial contra crianças e adolescentes no Brasil. 2021. 32 p. Trabalho de Conclusão do Curso (Bacharel em Serviço Social) - Universidade Federal do Pampa, Campus São Borja, São Borja, 2021.
Universidade Paulista – UNIP 
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: São Bento
Data: 09/10/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Letycia Gabriella Pereira da Costa RA:F2211i4 	 TURMA: PS6R33
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BÁSICO
 
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NÚCLEO
 
COMUM
RELATO
 
INDIVIDUAL
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TEMA DA OBSERVAÇÃO: População de Rua e a Exclusão Social
OBSERVAÇÃO
No dia de hoje, na São Bento está um clima bastante nublado e chuvoso, viemos a uma galeria de arte próximo ao metro, a galeria se chama Olido, ficamos em uma das saídas onde pode-se enxergar alguns moradores de rua tentando se proteger da chuva de baixo de pequenos toldos que tem aos redores dos estabelecimentos fechados, por ser domingo chuvoso, vemos as ruas vazias. O local tinha um forte cheiro de urina e bastante lixo como papeis e plásticos jogados pela rua, além de ruas esburacadas que faz formar poças de água suja por conta da chuva e da sujeira da cidade.
Nos dias de chuva e domingo percebemos que há uma menor quantidade de moradores de rua concentrados no centro comparado a dias de sol e dias de semana, analisamos que pode ser um possível abrigo nessas áreas que fica aberto para receber esse público em períodos de chuva e frio. Ao continuar observando, vejo que tem um grupo de moradores de rua perto da esquina, em dado momento uma moça jovem que estava andando na rua de juntou a eles e começou a fumar algo, isso me causou uma curiosidade, pois ela parecia conhecer bem aquelas pessoas, ela passou em torno de 10 minutos ali e foi embora. 
Nesta mesma calçada que existia esse toldo, existe uma mulher que está deitada com cobertor se protegendo do frio e da chuva, ela parecia estar com frio pelo modo desesperado que segurava o cobertor, e em sua expressão carregava sofrimento e dor. Em nossa frente, dentro da galeria mesmo, havia 3 jovens sentados, os jovens aparentavam terem no máximo 16 anos, e estavam dando bastante risada enquanto conversavam, eles apresentam condições bem discrepante do resto da população que ali se encontra na parte da fora da galeria, não só pelas roupas novas e limpas, mas também pela alegria que carregavam, ainda há esperança no olhar daqueles jovens, algo que não enxergamos mais em boa parte dos adultos em situação de rua, como o caso da mulher citada anteriormente. 
Ao lado desta mulher, pude observar um homem que se encontrava quase escondido entre os outros moradores de rua que ali se encontravam e seus pertences, ele estava bastante encolhido, segurando de maneira forte um cobertor, ele aparentava ser bastante idoso, beirando até os 80 anos. Ele possuía cabelos brancos bagunçados e uma grande barba igualmente branca, possuía um olhar frágil e aparentava estar tremendo, talvez pelo frio
Após a chuva cessar, resolvemos sair da galeria e andar na região, no caminho, encontramos uma mulher com duas mochilas, vestindo uma calça, uma saia e uma regata, segurando uma lata de cerveja, ela andava pela Rua 24 de maio dando muita risada, ela dançava e soltava gritos com os braços pra cima como se ela estivesse muito feliz, mas é bastante notório que não se trata de uma alegria genuína, e sim do efeito momentâneo de alguma substancia psicoativa, e no momento que esse efeito acabar, ela necessitará de mais para voltar a se sentir feliz e satisfeita.
COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O relato anterior de um morador de rua que aparentava possuir 80 anos é algo difícil de se ler e aceitar, mas infelizmente muito comum de se ver. A população idosa já naturalmente sofre uma vulnerabilidade por conta de limitações que passam a ter, mas não só isso, possuímos um grande problema social de falta de acesso a itens básicos do dia a dia, como saúde e acessibilidade nos locais. Ou seja, falar de um morador de rua idoso é falar sobre uma população já vulnerável em uma situação desumana. 
Um trabalho realizado em 2005 por Mattos e Ferreira nos apresenta a história de Antonio, um senhor de 59 anos que após desentendimentos com pessoas parte de sua família ele passou a viver em pensões, porém, Antonio teve um câncer de pele, que o levou a realizar diversas cirurgias e ficar impossibilitado de trabalhar, por isso, foi aposentado por invalidez permanente. “Minha situação financeira é ruim.

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