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Introdução anatômica, função motora da 
pelve e disfunções do assoalho pélvico 
Unidade 1 
 
Anatomia neuromuscular, visceral e perineal 
Sistema neuromuscular 
Sistema visceral 
Sistema perineal 
 
Anatomia funcional do assoalho pélvico e do 
sistema anorretal 
 Musculatura do assoalho pélvico e sistema 
anorretal 
 
Abordagem interdisciplinar nas disfunções do 
assoalho pélvico 
Disfunções do assoalho pélvico 
Atuação interdisciplinar 
Função motora e organização do movimento 
 
Mecanismo da execução do movimento 
 
Anatomia neuromuscular, visceral e 
perineal 
A Anatomia estuda a relação entre os 
componentes internos e externos que formam os 
sistemas do corpo humano e suas interações 
entre esses diferentes sistemas. 
O sistema nervoso é responsável por realizar o 
processamento das informações internas e 
externas ao corpo humano, regular funções 
específicas e controlar todas as atividades do 
corpo, seja de forma consciente ou inconsciente. 
Para que ocorra determinada atividade do corpo 
humano, é necessária a contração dos músculos 
esqueléticos, da musculatura lisa dos órgãos 
internos e a secreção de substâncias químicas, 
por meio das glândulas exócrinas e endócrinas. 
Esse conjunto de atividades é conhecido como as 
funções motoras do sistema nervoso. 
Segundo a Anatomia, o sistema nervoso é dividido 
em sistema nervoso central (SNC) e sistema 
nervoso periférico (SNP). O SNC possui partes da 
sua estrutura localizadas na parte interna do 
crânio, que corresponde ao encéfalo, e na coluna 
vertebral, que corresponde à medula espinhal. O 
SNP possui suas estruturas localizadas fora do 
SNC e é composto pelas raízes, nervos, gânglios, 
plexos e terminações nervosas. Esse sistema 
ainda é dividido quanto à sua função, ou seja, em 
somático e visceral (autônomo). 
Tendo isso em mente, este tópico discutirá as 
estruturas, funções e interações dos sistemas 
neuromuscular, visceral e perineal, com enfoque 
em urologia e gineco-obstetrícia. 
 
SISTEMA NEUROMUSCULAR 
 
A medula espinhal é o centro nervoso dos atos 
involuntários e os sinais sensoriais chegam a ela pelos 
nervos espinhais. O encéfalo controla a maioria das 
atividades subconscientes, como a resposta sexual, 
que acontece na região do córtex cerebral. A região do 
córtex é responsável por realizar a integração da 
informação sensorial e pela tomada de decisão para 
várias respostas motoras. 
O SNP funciona como a interface entre o ambiente e o 
SNC, por meio das fibras nervosas, que são formadas 
pelos neurônios. Os neurônios sensoriais ou aferentes 
são responsáveis por captar o estímulo externo ao 
corpo e levá-lo até o encéfalo e a medula espinhal 
(SNC). Os neurônios motores ou eferentes, por sua vez, 
são responsáveis pela transmissão do impulso a partir 
do encéfalo e da medula espinhal (SNC) até as fibras 
musculares e as glândulas. Os neurônios mistos são 
compostos pelo axônio de neurônios sensoriais e por 
neurônios motores (BERNE; LEVY, 2004). 
O sistema muscular é composto pelos músculos, que 
são formados por milhares de fibras musculares de 
comprimento variável. Essas fibras podem ser 
controladas de forma indireta ou direta pelo sistema 
nervoso e pelas sinapses entre os neurônios e as fibras 
musculares, que poderão resultar no relaxamento ou 
na contração e ocasionar o movimento do músculo. 
A sinapse entre a parte terminal do axônio e a fibra 
muscular é responsável por promover a junção 
neuromuscular. A partir dela, os estímulos advindos 
dos neurônios motores do SNC chegam até essa junção 
e estimulam a liberação da acetilcolina, provocando 
diversas reações que irão resultar na contração do 
músculo estriado esquelético (ZANELA, 2015). 
 
 
SISTEMA VISCERAL 
O sistema nervoso visceral, também conhecido 
como autônomo, é um dos componentes do SNP 
responsáveis pela regulação dos processos 
fisiológicos involuntários, ou seja, aqueles que não 
demandam esforço consciente do indivíduo para 
serem executados, como a micção, a defecação e 
a resposta sexual. Esse sistema é dividido em 
simpático e parassimpático, sendo que ambos 
contêm fibras aferentes e eferentes, responsáveis 
pela entrada sensorial e saída motora. 
Esse sistema possui dois neurônios motores: o 
neurônio pré-ganglionar e o pós-ganglionar. O 
corpo celular do pré-ganglionar está localizado no 
encéfalo ou na medula espinhal (SNC) e seu axônio 
sai em direção aos nervos cranianos, ou na direção 
dos nervos espinhais, para fazer sinapse com o 
segundo neurônio motor, o pós-ganglionar, cujo 
axônio leva o estímulo até o tecido-alvo, que pode 
ser um músculo liso ou cardíaco. 
Grande parte dos órgãos do corpo humano recebe 
inervações do simpático e do parassimpático. As 
vias simpáticas têm sua origem na região torácica 
e lombar da medula espinhal. A maioria tem 
origem no tronco encefálico, enquanto a outra 
parte se origina no sacro, para controle dos órgãos 
pélvicos. 
 
Tanto os neurônios pré-ganglionares do simpático 
como do parassimpático liberam a acetilcolina nos 
receptores pós-ganglionares. Nos receptores 
adrenérgicos dos órgãos, os neurônios pós-
ganglionares simpáticos secretam a 
noradrenalina. Nos receptores colinérgicos 
muscarínicos dos órgãos, os neurônios pós-
ganglionares do parassimpático secretam a 
acetilcolina (ZAMELA, 2015). 
As atividades do corpo humano relacionadas ao 
simpático estão relacionadas à resposta de fuga ou 
luta, como é o caso do aumento do débito 
cardíaco, da dilatação das pupilas, do aumento da 
pressão arterial, dentre outros. Quanto ao 
parassimpático, as respostas do corpo humano 
estão relacionadas à diminuição do débito 
cardíaco, além de salivação, micção, defecação, 
digestão, dentre outros. 
Ambos os sistemas, neuromuscular e visceral, são 
de extrema importância para a funcionalidade dos 
músculos do assoalho pélvico. Esses músculos 
estão localizados na região perineal, oferecendo 
suporte para órgãos pélvicos e contribuindo para 
o funcionamento adequado do sistema urinário, 
fecal e sexual. 
 
SISTEMA PERINEAL 
O períneo fica localizado na parte inferior do 
tronco, entre as coxas e as nádegas. A região 
perineal forma um losango e suas bordas 
anatômicas na região anterior são formadas pela 
sínfise púbica; na região posterior, pela ponta do 
osso cóccix; nas laterais, pelos ramos púbicos 
inferiores, ramos isquiáticos inferiores e ligamento 
sacrotuberal. A parte superior (telhado) é formada 
pelo assoalho pélvico, enquanto a parte inferior 
(base) é formada por pele e fáscias. 
A região anterior do períneo (trígono urogenital) é 
formada pelas estruturas urinária e genital. Na 
parte posterior (trígono anal), por sua vez, está 
localizado o canal do ânus. Na região perineal 
estão localizadas estruturas para suporte dos 
sistemas urogenital e gastroinstestinal, tendo 
importante contribuição para a execução das 
funções da micção, defecação, relações sexuais e 
do parto. 
 
 
O trígono urogenital é delimitado pela sínfise 
púbica, pelos ramos isquiopúbicos e por uma linha 
imaginária entre as tuberosidades isquiáticas. Esse 
trígono possui uma fáscia profunda e resistente, a 
membrana perineal, que contém uma região mais 
profunda, correspondente à bolsa perineal 
profunda, localizada entre a fáscia profunda do 
assoalho pélvico e a membrana perineal. Além 
disso, a região é composta por parte da uretra e 
esfíncter uretral externo. Em mulheres há também 
a vagina; nos homens, as glândulas bulbouretrais 
e os músculos perineais transverso profundos. 
A bolsa perineal superficial corresponde à região 
mais superior da membrana e está localizada 
entre a membrana perineal superior e a fáscia 
perineal superficial. Essa região contém o clitóris, 
tecidos responsáveis pela ereção do pênis, as 
glândulas de Bartholin e os músculos 
isquiocavernoso, bulboesponjoso e transversos 
superficiaisdo períneo. 
(As glândulas de Bartholin são estruturas 
pequenas e arredondadas localizadas 
bilateralmente na vulva, tendo como função 
realizar a secreção do muco responsável pela 
lubrificação durante a relação sexual. Os ductos 
dessas glândulas podem sofrer obstrução, 
formando uma massa equivalente a cistos e 
abscessos. Para aprofundar no conhecimento, leia 
o artigo “Cistos das glândulas de Bartholin”, 
escrito por Kilpatrick) 
Ainda sobre a região do trígono urogenital, é 
importante mencionar a fáscia perineal, que é 
uma continuação da fáscia abdominal com uma 
parte mais profunda responsável por cobrir os 
músculos perineais mais superficiais e as 
estruturas mais proeminentes, como pênis e 
clitóris. A fáscia superficial é formada pelas fáscias 
de Camper e de Colles e, por fim, pela pele, onde 
os orifícios da uretra e vagina se abrem. 
O trígono anal é delimitado pelo cóccix, pelos 
ligamentos sacrotuberal e por uma linha 
imaginária entre as tuberosidades isquiáticas. 
Nessa região também ocorre a abertura e o 
fechamento do ânus pelo músculo esfíncter anal 
externo, e a fossa isquional, que corresponde aos 
espaços nas laterais do ânus. Por fim, essa região 
também conta com o nervo pudendo, que inerva 
todo o períneo. 
 
A estrutura que une o trígono urogenital ao 
trígono anal é o corpo perineal, que corresponde 
à união dos músculos e septos. Além disso, nessa 
mesma região, é possível encontrar as 
musculaturas esquelética e lisa, bem como as 
fibras colágenas e elásticas. 
O corpo perineal tem papel primordial no 
equilíbrio das forças biomecânicas, pois integra as 
funções de excreção urogenital e anorretal, 
absorvendo todos os movimentos dos órgãos. Sua 
integridade contribui para a continência, pois ele 
está diretamente associado à função respiratória 
do diafragma, à função postural do tronco e à 
função locomotora dos membros inferiores. Nas 
mulheres, durante a gravidez, hormônios 
influenciam no alongamento do corpo perineal e 
nos tecidos moles da pelve, contribuindo para o 
parto (HODGES; PENGEL; SAPSFORD, 2007; 
BORDONI; SICCARDI, 2020). 
Anatomia funcional do assoalho pélvico e do 
sistema anorretal 
Anatomia funcional é de extrema importância 
para a Uroginecologia, pois diz respeito às 
interações entre os músculos, fáscias, ligamentos 
e nervos com o objetivo de promover continência, 
esvaziamento e suporte dos órgãos pélvicos. 
A pelve é formada pelos ossos do quadril (ílio, 
ísquio e púbis), juntamente com os ossos do sacro 
e cóccix. Toda essa estrutura óssea forma um anel 
que tem como principal função proteger os órgãos 
da cavidade pélvica, além de fixar os músculos do 
períneo e dos membros inferiores e auxiliar 
ativamente na transferência de peso do corpo 
para os membros inferiores. Ela também possui 
duas bases: uma maior, na qual estão localizados 
os órgãos abdominais, e outra menor, na qual 
estão localizados os órgãos urogenitais e a porção 
terminal do tubo digestório. 
A pelve feminina apresenta diferença quando 
comparada à masculina. Ela é mais afunilada, com 
forames obturatórios em formato mais triangular 
e seu diâmetro circular é mais evidente. Além 
disso, ela possui abertura superior mais alargada, 
o que acaba predispondo a um possível 
enfraquecimento muscular. 
 
O posicionamento e a suspensão dos órgãos da 
pelve são mantidos pelos ligamentos, que também 
auxiliam na limitação de movimentos 
inapropriados. Os ligamentos da pelve são: 
iliolombar, sacrotuberal, sacroespinhal, 
sacroilíacos e sacrococcígeo. Eles auxiliam na 
sustentação, mas o principal componente 
responsável por essa sustentação é a musculatura. 
 
MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO E 
SISTEMA ANORRETAL 
A musculatura do assoalho pélvico, juntamente 
com as fáscias, é responsável por prover 
sustentação para as vísceras que se localizam na 
pelve. 
Essa musculatura se divide em diafragma pélvico, 
que está diretamente relacionado à manutenção 
estática das vísceras e da continência, e em 
diafragma urogenital, diretamente relacionado à 
sexualidade, além de também contribuir para a 
continência. O diafragma pélvico é formado pelo 
músculo elevador do ânus e pelo músculo 
isquiococcígeo ou coccígeo. O músculo levantador 
do ânus possui três porções: pubococcígeo, 
puborretal e a iliococcígeo. 
O diafragma urogenital é formado pelo músculo 
transverso profundo do períneo, pelas fáscias e 
fica situado logo abaixo do diafragma pélvico. 
 
O períneo feminino possui formato de losango. 
Seus trígonos são formados pela linha imaginária 
entre as tuberosidades isquiáticas. A área anterior 
corresponde à parte urogenital e a posterior 
corresponde à parte anal, composta pelo músculo 
do esfíncter anal. A parte muscular corresponde 
ao trígono urogenital e é formada por músculos 
superficiais e profundos. 
 
DeLancey (1992) diferenciou a sustentação das 
paredes da vagina e do útero em três níveis: 
 
Nível I: sustentação do útero e porção superior da 
vagina, posicionamento dos órgãos sobre os 
músculos elevadores do ânus e formação por 
fibras do uterossacrocardinal; 
Nível II: sustentação da porção média da vagina 
por meio da fáscia pubocervical, do arco tendíneo 
da fáscia pélvica, na região anterior. Na região 
posterior, ocorre a sustentação retovaginal nas 
fáscias do músculo iliococcígeo. 
Nível III: união entre a vagina e o músculo 
levantador do ânus na parte lateral, com o corpo 
perineal na região posterior e com a uretra na 
parte anterior. 
 
Lesões e prolapsos, por sua vez, podem ocorrer 
em níveis específicos, tais como: 
 
 
A região anorretal fica localizada no 
compartimento posterior da pelve. O trajeto do 
reto se inicia aproximadamente na terceira 
vertebra sacral e segue até o osso do sacro, 
atravessando o músculo elevador do ânus e dando 
continuidade ao canal anal. Esse canal é composto 
pelo músculo esfíncter interno e o esfíncter 
externo do ânus, sendo que ambos ficam 
sobrepostos. 
O músculo esfíncter externo do ânus é a extensão 
da musculatura levantadora do ânus. É um 
músculo estriado esquelético que circunda o canal 
anal e possui ação voluntária, contribuindo para a 
continência fecal. Sua inervação é realizada pelo 
nervo pudendo. 
O músculo esfíncter interno do ânus é formado 
por musculatura lisa, a partir da continuação da 
musculatura interna ou circular do reto. Sua 
inervação ocorre pelas fibras advindas do sistema 
parassimpático dos nervos esplâncnicos pélvicos. 
Ele tem como objetivo fazer com que não ocorra a 
perda involuntária de fezes e gases. Além disso, 
fibras musculares do canal anal adentram como 
septos no esfíncter interno, se prendendo à pele 
do ânus e ocasionando a formação do músculo 
corrugador. Por fim, o sulco interesfinctérico, 
localizado no interior do canal anal, corresponde 
ao limite inferior do esfíncter interno do ânus. 
Abordagem interdisciplinar nas 
disfunções do assoalho pélvico 
 
O assoalho pélvico é a região que inclui todas as 
estruturas da pelve, localizadas na parte inferior do 
abdômen. Nessa região, há órgãos dos sistemas 
reprodutor, urinário e digestivo. 
A sustentação para o funcionamento adequado 
desses órgãos é realizada pelos músculos, 
tendões, ligamentos e fáscias, que estão inseridas 
nas estruturas ósseas da pelve. Além disso, o 
assoalho pélvico oferece resistência ao aumento 
da pressão intra-abdominal, da ação esfincteriana 
e da manutenção da pressão vaginal. 
Alguns fatores, no entanto, podem prejudicar a 
estrutura pélvica, levando a disfunções do 
assoalho pélvico. Esses fatores incluem condições 
como obesidade, traumatismo, genética, idade, 
múltiplos partos vaginais, cirurgias, dentre outros 
(PALMA, et al. 2014). 
 
DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 
 
A disfunção do assoalho pélvico (DAP) não tem a 
sua etiologia totalmente compreendida. Não há 
algum fator desencadeanteou evento identificado 
que cause a DAP; contudo, há fatores relacionados 
à funcionalidade da musculatura do assoalho 
pélvico que podem contribuir para a DAP, 
conforme demonstram Grimes e Stratton em 
“Pelvic Floor Dysfunction”, publicado em 2020. 
Como exemplo podemos mencionar a 
incapacidade do controle devido ao aumento da 
atividade muscular, a hipertonia, ou com a 
diminuição da atividade muscular, a hipotonia, 
além das condições mistas. Essas disfunções na 
parte anterior da pelve acometem, 
principalmente, os órgãos pélvicos, gerando 
prolapsos e incontinência urinária (IU), que irão 
interferir diretamente na função urinária e sexual. 
Na parte posterior da pelve, essas disfunções irão 
comprometer a função colorretal, ocasionando a 
incontinência fecal (IF). 
Os órgãos pélvicos incluem o útero, vagina, 
próstata, bexiga e reto. Os prolapsos relacionados 
a esses órgãos estão associados a fatores 
mecânicos de alargamento do hiato levantador do 
ânus e à frouxidão do assoalho pélvico. Os mais 
comumente encontrados são: cistocele, que é o 
prolapso da bexiga para a vagina; o prolapso 
uterino, que é uma herniação do útero para a 
vagina; e a retocele, que é a herniação do reto 
para a vagina. Todos podem ser causados por 
obesidade, gravidez, menopausa, partos cesáreos 
ou vaginais, anormalidades de colágeno genéticas 
ou adquiridas e aumento da pressão abdominal 
exagerado ao defecar (BOYADZHYAN; RAMAN; 
RAZ, 2008). 
 
Os prolapsos são classificados segundo o grau de 
descida da estrutura, sendo grau I quando ocorre 
a descida da estrutura da sua posição anatômica 
normal à altura das espinhas isquiáticas; grau II 
quando há descida entre as espinhas isquiáticas e 
o hímen; e grau III quando o prolapso do órgão é 
total, para fora da vulva (ESPUNA; LACIMA, 2008). 
 
Dentre as disfunções, a incontinência urinária (IU) 
é o sintoma mais comumente encontrado na 
população, principalmente em mulheres. 
Aproximadamente uma em cada quatro mulheres 
tem risco de desenvolver DAP. Um estudo 
realizado com 4002 mulheres turcas identificou 
que mais de 50% das entrevistadas apresentaram 
IU, além de demonstrar que a idade avançada e 
quantidade de partos estão diretamente 
relacionadas com a ocorrência de DAP (GOOD; 
SOLOMON, 2019). 
 
A IU é quando há qualquer perda involuntária de 
urina, exceto em crianças, que gera desconforto 
social ou higiênico. Estão divididas em IU de 
esforço, IU de urgência e IU mista. A IU de esforço 
é comumente encontrada nas mulheres durante a 
perda urinária devido ao esforço de tossir, espirrar 
e fazer exercícios físicos; a IU de urgência está 
relacionada à frequência e à noctúria e ocorre 
quando há uma vontade forte e repentina de 
urinar, podendo ocasionar vazamentos; a IU mista 
é quando o indivíduo apresenta tanto a IU de 
esforço quanto a IU de urgência. 
 
Algumas mulheres, independentemente da faixa 
etária, sofrem com DAP, seja com IU, IF 
(incontinência fecal) ou prolapso de órgão pélvico. 
Em idades mais avançadas, as DAP se tornam mais 
comuns, afetando 40% de mulheres na faixa etária 
de 65 e 70 anos e por volta dos 50% entre aquelas 
com mais de 80 anos (NYGAARD, et al. 2008). 
Os homens também sofrem com esse problema, 
mas em número bem menor. Essas disfunções 
influenciam negativamente a qualidade de vida da 
população, contribuindo para limitações físicas, 
sociais, ocupacionais e sexuais. 
A incontinência fecal (IF) acomete tanto homens 
como mulheres, sendo mais comum em mulheres. 
Se caracteriza pela incapacidade de manter o 
controle sobre as fezes e gases devido a um 
problema na musculatura do esfíncter anal. É 
classificada como IF passiva quando há disfunção 
do esfíncter anal interno; IF de urgência quando a 
disfunção acomete o esfíncter anal externo; e IF 
mista quando há disfunção de ambos os 
esfíncteres, interno e externo. Grande parte dos 
casos de IF são advindos de lesões no esfíncter 
anal, além de fatores como neuropatia, trauma 
obstétrico, problema congenital, fraqueza 
muscular, alteração da consistência das fezes, 
retenção anormal das fezes e condições 
idiopáticas. 
É de suma importância que intervenções eficazes 
e com olhar integral pelo indivíduo sejam 
adotadas. Uma abordagem interdisciplinar pode 
contribuir para esse atendimento integral, 
adotando medidas de promoção e prevenção da 
saúde para indivíduos não acometidos pela DAP. 
Para aqueles que já possuem DAP, é necessário 
realizar tratamento e reabilitação que possam 
contribuir para sua qualidade de vida. 
ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR 
Indivíduos que possuem DAP necessitam de uma 
abordagem interdisciplinar, de forma a oferecer 
um cuidado em saúde completo. Abordagens 
tradicionais – aquelas nas quais há somente uma 
especialidade, geralmente centrada no médico, e 
que utiliza apenas diagnóstico e tratamento, 
ignorando a sintomatologia coexistentes – 
necessitam ser revistas, pois esse indivíduos 
necessitam de atendimento integral e isso só é 
possível com os diversos saberes de prática de 
cuidado. 
O tratamento apropriado deve estar baseado nos 
conhecimento interdisciplinares, de forma a 
contribuir para uma melhor tomada de decisão, 
visando o aspecto físico, mental e social, com 
treinamentos comportamentais; adoção de um 
estilo de vida saudável; abandono de hábitos 
prejudiciais e nocivos para a saúde; orientações 
para prática de exercícios de fortalecimento do 
assoalho pélvico; uso de medicamentos quando 
houver necessidade; apoio psicológico e social; 
cirurgias e reabilitação pós-operatória nos casos 
em que houver necessidade. 
 
É de extrema importância que o indivíduo em 
tratamento receba atendimento gradual e 
personalizado por parte da equipe de 
profissionais. Essa equipe interdisciplinar pode ser 
formada por médico, fisioterapeuta, enfermeiro, 
nutricionista, assistente social, psicólogo e 
profissional de educação física. Antes da tomada 
de decisão sobre as condutas a serem adotadas, é 
importante que se realize a discussão do caso do 
indivíduo a ser tratado, e que seja proposto o 
melhor tratamento de acordo com suas 
necessidades. 
Após a tomada de decisão sobre o tratamento 
mais adequado, seja cirúrgico ou conservador, a 
equipe interdisciplinar deverá criar intervenções 
com a incorporação de exercícios para o 
fortalecimento do assoalho pélvico e orientações 
sobre continência, adequação da dieta, terapias 
comportamentais para reeducação da bexiga e 
intestino, medicação adequada, abordagem de 
saúde mental e social, tudo de acordo com a 
necessidade do indivíduo (DAVIS; KUMAR; 
STANTON, 2003). A discussão sobre sua evolução 
durante o tratamento é de extrema importância, 
tanto para a equipe quanto para o indivíduo. 
O trabalho interdisciplinar nas DAP também deve 
estar apoiado em ações de promoção e 
prevenção. Isso pode acontecer por meio de ações 
de educação em saúde em Unidades Básicas de 
Saúde, com grupos de gestantes, fumantes, 
diabetes, idosos, nas salas de espera, grupos de 
ginásticas, e também em empresas, locais públicos 
e escolas. Essas ações podem levar conhecimento 
para a população, incentivando a busca por 
alternativas de cuidado, disseminando 
conhecimento e estimulando a procura por ajuda 
no caso de sentir algum dos sintomas. 
 
Uma abordagem interdisciplinar com excelência 
precisa ser colocada em prática, de forma a 
proporcionar ao indivíduo um tratamento que 
seja: 
Individualizado e que se paute pelos 
conhecimentos dos profissionais e suas 
respectivas habilidades; 
Mais esclarecedor em relação aos problemas, 
doenças e tratamento dos indivíduos com DAP; 
Incentivador do enfrentamento da disfunção; 
Continuado; 
Referência e contra-referência entre profissionais 
da atenção básica, Secundária e terciária de saúde; 
Estabelecedor de uma boa relação entre os 
profissionais envolvidos no tratamento; 
Otimizadorde recursos financeiros; 
 
Função motora e organização do movimento 
Para que ocorra o funcionamento dos vários 
músculos do corpo humano, é necessário que 
complexas interações aconteçam no sistema 
nervoso central. Por exemplo: o controle da 
micção pode ser realizado de forma tanto 
consciente como inconsciente. Para isso, necessita 
que a musculatura execute seus mecanismos 
complexos de controle pelo bulbo, ponte, 
mesencéfalo e córtex cerebral (COLOMBARI; JUC; 
SATO, 2011; HIDAI; KOMIYAMA; KUBOTA, 1998). 
No sistema nervoso, chegam informações de 
diferentes órgãos e músculos; da mesma maneira, 
informações saem desse sistema em direção à 
determinada região por meio dos sinais dos 
neurônios. 
O músculo esquelético contém uma unidade 
motora formada por uma célula nervosa, o 
motoneurônio, e também por fibras musculares, 
das quais ele irá inervar. A função dessa unidade 
motora é transformar o sinal vindo do neurônio 
em resultado mecânico para o músculo durante 
sua contração (FOX, 2000). 
 
ilustra.png 
Essa contração irá contribuir para a execução de 
determinado movimento. Esses movimentos 
podem ser divididos em: reflexos, de organização 
e complexidade mais simples, e os movimentos 
voluntários, que possuem organização e 
complexidade maior. Para execução dos 
movimentos voluntários, é necessária uma ação 
organizada, que ocorre com a contribuição de 
diversas áreas do córtex cerebral. 
MECANISMO DA EXECUÇÃO DO MOVIMENTO 
Para execução do movimento, há uma 
organização do plano motor devido à elaboração 
de uma estratégia motora e tática. Quando 
alguém se levanta do sofá, por exemplo, para ir ao 
banheiro, há um planejamento para levantar, 
andar até o banheiro, chegar ao banheiro e 
realizar suas necessidades fisiológicas. Esse é o 
aspecto estratégico realizado pelas áreas corticais, 
em que se emite uma informação que deverá ser 
o comportamento motor (BALDO, 2001). 
A partir dessa sequência, o córtex motor e o 
cerebelo se tornam responsáveis por definir, 
recrutar e ativar o conjunto muscular para a 
realização do plano motor, etapa que corresponde 
à estratégia tática. Por fim, o tronco cerebral e a 
medula espinhal são responsáveis por converter 
esse plano motor em uma continuidade para 
realização da contração e do relaxamento 
muscular, que será necessário para a realização 
dessa execução motora de levantar do sofá e ir até 
o banheiro. 
As únicas estruturas responsáveis pela execução 
do movimento são a medula espinhal e o tronco 
cerebral. O tronco cerebral fica a cargo da 
execução dos movimentos dos nervos cranianos. 
Ele também intermedia projeções descendentes 
das estruturas superiores até a medula espinhal e 
participa da manutenção postural. A medula 
espinhal inerva grande parte da musculatura 
estriada esquelética. Os neurônios presentes 
nessa estrutura são os motoneurônios alfa, que 
são responsáveis por qualquer movimento 
executado, seja pelo tronco ou membros (BALDO, 
2001). 
 
Outro sistema que contribui para função motora é 
a sensibilidade proprioceptiva. Ela é responsável 
por levar informações sobre os movimentos ao 
sistema nervoso em cada etapa da sua execução 
para, assim, ocorrer a adequação, seja nas 
posições, velocidades, acelerações ou na força, do 
plano motor responsável pela execução de 
determinado movimento. 
 
Toda essa organização do movimento voluntário 
segue uma hierarquia do sistema nervoso central, 
na qual o córtex pré-motor é o local em que é feita 
a programação motora que, em associação com os 
sinais do cerebelo e gânglio basal, é enviada ao 
córtex motor primário para que, assim, ocorra 
interação entre interneurônios e motoneurônios 
do tronco cerebral e da medula espinhal. 
 
 
SINTETIZANDO 
Nesta unidade, observamos que os componentes 
anatômicos da pelve, assim como a contribuição 
do sistema nervoso para que ocorra o 
funcionamento adequado da região pélvica 
feminina e masculina, são de extrema importância 
para que o profissional de saúde trace condutas 
que possam ser eficazes, tanto em nível de 
prevenção como de promoção e reabilitação da 
saúde em urologia e gineco-obstetrícia. 
 
Assim, foram apresentadas as estruturas ósseas, 
ligamentares e musculares dos principais 
músculos do assoalho pélvico, bem como a 
origem, inserção e a sua ação. De maneira geral, 
aprendemos sobre a função do assoalho pélvico, 
com ênfase no assoalho pélvico feminino, devido 
às disfunções que acometem esse público. 
Também aprendemos sobre os níveis de 
sustentação da musculatura do períneo e possíveis 
lesões em decorrência de defeito em algum destes 
níveis. 
Verificamos que as disfunções do assoalho pélvico 
acometem grandes proporções de mulheres, 
principalmente entre as de idade avançada, as que 
tiveram múltiplos partos, as obesas e com 
predisposição genética. Os tipos de disfunções e 
prolapsos dos órgãos pélvicos foram 
apresentados, bem como a importância de uma 
abordagem interdisciplinar, contando com 
diversos profissionais da área da saúde, no intuito 
de contribuir para melhor qualidade de vida do 
indivíduo que sofre com alguma disfunção. 
Para finalizar, abordamos como o movimento 
muscular é formado e quais estruturas neurais 
atuam para que o músculo consiga executar sua 
função com excelência. Desse modo, conseguimos 
entender a importância da função motora e da 
anatomia funcional para todo o corpo humano e, 
consequentemente, para a saúde uroginecológica.

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