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Ação das argilas em tratamentos esteticos ARTIGO

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AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA CENTRAL DE CURATIVOS
CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol. 17, Nº 38 (DEZ 2013) - ISSN 2179-1562 8 9
RESUMO
Embora ainda hoje pense-se que tratamentos estéticos com argilas sejam novidades, registros
históricos mostram que eles são milenares, uma vez que foram encontrados registros de que os
Egípcios já os utilizavam em 3000 A.C, ou seja, sua utilização é tão antiga quanto a própria
humanidade. Atualmente, existem diversas aplicações industriais para as argilas: em cosméticos,
sabões, velas, ornamentação, cerâmica, cimento, abrasivos, isolantes elétricos, defensivos
agrícolas, lubrificantes, etc. O objetivo desta revisão foi descrever o uso das argilas, suas
propriedades físicas e químicas, e seus efeitos fisiológicos, quando aplicada especificamente
em tratamentos estéticos. As propriedades das argilas variam conforme sua composição,
podendo ser ativadoras da microcirculação periférica, absorventes, antioxidantes, calmantes,
analgésicas, cicatrizantes, descongestionantes, purificadoras, refrescantes, regeneradoras ou
bactericidas, conferindo assim, diversos efeitos sobre os tratamentos estéticos, tais como: retardo
do envelhecimento; alívio da tensão, da fadiga muscular, da insônia e da má circulação;
eliminação de toxinas; entre outros. Nossa pesquisa bibliográfica conclui que os elementos
minerais liberados pelas argilas no meio aquoso, quando em contato com a pele, têm sua entrada
facilitada, pois os íons são absorvidos pelos queratinócitos, o que facilita também sua entrada
nos espaços intersticiais das células da epiderme e derme, possibilitando a obtenção de
resultados satisfatórios, quando usadas em tratamentos estéticos tanto faciais e corporais,
como em tratamentos capilares.
Palavras-chave: Argila, pele, tratamentos estéticos; propriedades físico-químicas.
ABSTRACT
Despite the fact that nowadays we may still think that aesthetic treatments with clay are
novelties, historical records prove that they have been used for thousands of years. Historical
records have been found attesting that the Egyptians have been using them since 3000 B.C.
Thus, such use is as ancient as humankind. At present, we find different industrial uses: in
cosmethics, soaps, candles, ceramics, cement, abrasives, electrical isolantes, agriculture
defensives, lubrifyngs, etc. The objective of this review has been to describe clay use, its
physical and chemical properties, along with its physiological effects, as applied specifically
towards aesthetic treatments. As clay properties can vary according to their composition, they
can serve several functions such as peripheral microcirculation activators, absorbers,
antioxidants, calming, analgesic, healers, decongestants, purifying, refreshing, regenerators
or anti-bacterias. Clay properties also have other different positive effects on aesthetic treatments
such as: insomnia, bad circulation, tension and muscular fatigue release; aging retard; toxin
elimination; and others. According to the literature, mineral elements released by clay in aqua
medium, and in contact with the skin, can easily penetrate due to ions absorption by
keratinocytes, which also allows such entrance onto the dermo-epidermal strata interstitial cell
spaces. Therefore, we can perceive highly satisfactory results from clay use for facial and body
as well as for hair aesthetic treatments.
Keywords: Clay, skin, aesthetic treatments, and physical and chemical properties.
Sandra Aparecida Medeiro
MBA em Estética Clinica - UNIGRANRIO
Professora da UNIVERSO
samedeiro@gmail.com
AÇÃO DAS ARGILAS EM TRATAMENTOS ESTÉTICOS:
REVENDO A LITERATURA
Marcus Vinicius da Silveira Lanza
Mestrado em Ciências da Reabilitação
Especialização em Estética e Cosmética
Professor da UNIGRANRIO
CLAY ACTION IN AESTHETIC TREATMENTS: REVIEWING THE LITERATURE
SANDRA MEDEIRO & MARCUS LANZA
CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol. 17, Nº 38 (DEZ 2013) - ISSN 2179-15629 0
1. INTRODUÇÃO
Embora em um primeiro momento possa
parecer que tratamentos estéticos com argilas
sejam novidades, registros históricos provam
totalmente o contrário. Tais tratamentos são
milenares, conforme registros encontrados de
que os Egípcios já usavam a argila desde 3000
AC, como medicamento e para mumificação de
seus mortos. A argila do Nilo era utilizada no
cotidiano de diferentes maneiras, tais como,
Estética, mumificação e, principalmente, na cura.
Já na Mitologia Grega, atribuiu-se a Prometeu,
Deus dos Titãs, e a seu irmão, Epimeteu, a
incumbência de fazer o homem, assegurando-
lhe todas as faculdades. Conta-se que este tomou
um pouco de terra, recentemente separada do
céu na criação, e ainda rica em sementes celestiais
ocultas, misturou—a com água e fez o homem à
semelhança dos deuses (NICKEL, 1995).
Aristóteles referiu-se à argila, como um
recurso que conserva e trata a saúde. Galileu e
Discóride, célebres anatomistas gregos, assim
como os árabes Avicena, recorreram ao barro
diversas vezes, para tratamentos de saúde,
relatando sua eficácia. (LAMAITA, 2014).
Mahatma Gandhi, o Unificador da Índia,
sempre aconselhava a cura pelo barro. Durante
a Segunda Guerra Mundial, quando a disenteria
ocorreu na França, o uso da mostarda com o
barro foi bem sucedido no tratamento desse mal.
Graças a Gandhi e a alguns Naturopatas do início
do século XX, como Strumpt, Luís Kuhme,
Adolf Just e Kneipp, relatos importantes foram
deixados sobre os tratamentos com argila. Essas
contribuições foram importantes para que Países
da Europa adotassem a argila na medicina oficial
para a cura de doenças, em especial, a
tuberculose. Atualmente, existe na Alemanha,
Suíça, Escandinávia e, também no Brasil,
Institutos que se especializaram em argiloterapia
(apostila de Argila Terapêutica AZOUBEL,
2014).
Os pesquisadores DORNELLAS e
MARTINS (2013) citam diversas aplicações
industriais para as argilas, em cosméticos, sabões,
velas e sabonetes, ornamentação, cerâmica,
cimento, abrasivos, isolantes elétricos, defensivos
agrícolas, lubrificantes, entre outros. O Brasil,
de norte a sul, possui um inesgotável manancial
de argila de todos os tipos e variadas cores, de
acordo com sua composição estrutural. Sendo
que, as propriedades das argilas variam
conforme sua composição, podendo ser
ativadoras da microcirculação periférica, e
também absorventes, antioxidantes, calmantes,
analgésicas, cicatrizantes, descongestionantes,
purificadoras, refrescantes, regeneradoras,
bactericidas etc. Estas propriedades conferem
à argila diversos efeitos nos tratamentos estéticos,
tais como retardo do envelhecimento; alívio da
tensão, fadiga muscular, insônia e má circulação;
e eliminação de toxinas, entre outros
(MASCKIEWIC, 2014).
 O objetivo deste estudo de revisão
bibliográfica é descrever o uso das argilas, suas
propriedades físicas e químicas, e seus efeitos
fisiológicos, quando aplicadas especificamente
em tratamentos estéticos, com a finalidade de
que tal utilização possa ser realizada com maior
segurança, obtendo-se resultados realmente
satisfatórios.
2. REVISÃO DA LITERATURA
 Passamos agora a rever as caracteristicas
fisicas e quimicas das argilas, suas cargas e
propriedades, e sua ação.
AÇÃO DAS ARGILAS EM TRATAMENTOS ESTÉTICOS: REVENDO A LITERATURA
CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol. 17, Nº 38 (DEZ 2013) - ISSN 2179-1562 9 1
2.1 Características Físicas e Químicas das
Argilas
 Em geral, as argilas derivam de rochas
base do tipo cristalina e eruptiva como os
Feldspatos, Granitos e Basaltos que, durante um
longo e lento período de decomposição causada
pelo vento, chuvas, temperaturas frias e quentes,
e também de erosão, através das partículas de
areia que, carregadas pelo vento, causam a
fragmentação da rocha maciça em grãos de
vários tamanhos, chegando a constituir 75% das
rochas, sendo compostas basicamente de Silicato
de Alumínio Hidratado e diversos minerais, os
quais, determinam suas propriedades, cor e tipo.
Portanto, o elemento principal que compõe a
argila, também determina sua cor. Desse modo,a argila cinza, creme ou esverdeada, é rica em
Ferro-Ferroso; enquanto a argila laranja e
avermelhada é rica em Ferro-Férrico. Já a cor
branco-amarelada é resultante do Alumínio e
Magnésio. Nas regiões de litoral, a argila é rica
em Iodo, apresentando várias cores, como
marrom, preta, roxa, verde e azulada. Também,
tem grande capacidade de absorção, devido a
sua granulometria, que geralmente é de 1 a 2
micras (COELHO et al., 2007).
 Segundo SOUZA SANTOS (2003), na
natureza, há diferenças entre as argilas quanto
às propriedades físico-químicas; e quanto à
capacidade de troca catiônica (CTC), cátions
trocáveis e área superficial específica (ASE).
Estudos realizados por BELL & GILLMAN
(1978; ALLEONI e CAMARGO 1994),
concluíram que, na superfície dos constituintes
dos solos existem cargas elétricas que podem
ser basicamente classificados em dois grupos:
2.1.1 Cargas Permanentes ou Constantes -
principalmente Argilas Silicatadas
As argilas tipo 2:1 (Montmorilonita, Ilita e
Vermiculita) e 2:2 (Clorita), possuem carga
negativa permanente, resultado da substituição
iônica de Si
4
+ por Al
3
+ nas camadas tetraédricas
de Sílica, ou da substituição de Al
3
+ por Mg
2
+
nas camadas octaédricas de Alumina. Sendo
que, o alumínio apresenta valência (3+) menor
do que a do Silício (4+), a estrutura dos alumino
silicatos apresenta uma carga negativa para cada
átomo de alumínio. Esta carga é balanceada por
cátions alcalinos ou alcalino-terrosos, chamados
de cátions de compensação, intersticiais ou
trocáveis, normalmente o Na+, K+ ou Ca
2
+, que
são livres para moverem-se e serem trocados
por outros cátions em solução (AGUIAR e
NOVAES, 2002).
2.1.2 Cargas variáveis, representados por
Óxidos, Hidróxidos e pela Matéria
Orgânica
A atividade eletromagnética das partículas
coloidais é de suma importância para os solos, e
a maior atividade se encontra nas menores
partículas do solo (argilas-particulas <2µm). São
elas as responsáveis pela adsorção de íons ao
solo e pelas suas atividades de natureza físico-
química (ALBAN MULLER, 2004). De modo
geral, a crosta terrestre é formada por mais de
60% de átomos de oxigênio, pouco mais de 20%
de átomos de silício e 6 a 7% de átomos de
alumínio, aparecendo com porcentagem atômica
ao redor de 2% os átomos de Fe, Ca, Mg, Na e
K. Os demais elementos químicos representam
cerca de 1% da proporção atômica média
encontrada na crosta terrestre, e desses apenas
o Ti possui alguma importância volumétrica na
arquitetura da crosta (MACHADO, 2000).
2.2 Propriedades Cosméticas e
Terapêuticas das Argilas
Segundo MASCKIEWIC (2014), para
fazer uso da argiloterapia de maneira correta e
com garantia de seus benefícios, são necessários
SANDRA MEDEIRO & MARCUS LANZA
CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol. 17, Nº 38 (DEZ 2013) - ISSN 2179-15629 2
estudos científicos sobre sua utilização, afim de
obter-se um tratamento seguro e eficaz.
Portanto, é importante compreender e identificar
cada tipo de argila e suas propriedades, bem
como sua estrutura molecular e em camadas, as
quais conferem características de absorção,
adsorção e liberação de seus próprios
constituintes. Suas partículas microscópicas, com
elevado poder de absorção de toxinas e calor,
possuem elementos químicos semelhantes aos do
corpo humano, como Silício, Alumínio, Cálcio,
Ferro, Potássio, Magnésio, entre outros; além
de possuírem ainda propriedades anti-
inflamatórias, cicatrizantes e desintoxicantes
(LAMAITA, 2014).
Segundo DORNELLAS e MARTINS
(2013), as argilas apresentam propriedades
cosmetológicas, devido às trocas iônicas que
ocorrem entre seus elétrons livres (íons de
Manganês, Magnésio, Alumínio, Ferro, Sílica,
Titânio, Cobre, Zinco, Cálcio, Fósforo, Potássio,
Boro, Selênio, Lítio, Níquel, Sódio e outros) e a
própria pele. Portanto, possuem propriedades
que são fundamentais para os tratamentos
estéticos:
1- Liberação dos elementos: a argila libera
os íons que a constituem (ativos). Isto
ocorre, devido a sua capacidade de reter
água e fazer trocas iônicas de íons como
o Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio, entre
outros, com a pele.
2- Absorção: A absorção é a passagem de
substâncias do local de contato, que pode
ser a pele, os endotélios, um órgão ou
capilares, para o sangue. É um processo
físico-químico no qual ocorre a passagem
de elementos químicos e vários nutrientes
provenientes das argilas, chegando às
células, passando através das membranas
celulares.
3- Adsorção: Fixação de moléculas de uma
substância (o adsorvato) na superfície de
outra substância (o adsorvente). Essa
propriedade fornece à argila a capacidade
de adsorção de toxinas ( Fig. 1).
Quando a argila é aplicada, estabelece-
se um sistema de troca entre a pele e os vários
elementos da argila, como o Ferro, Silício,
Manganês, Alumínio, e outros indispensáveis para
a manutenção do organismo. A presença de tais
minerais na argila confere-lhe diferentes efeitos
no organismo, tais como: estimula a
microcirculação cutânea; permite a troca de
energia dos elementos minerais com a área
tratada; regula a queratinização da pele,
promovendo descamação (peeling suave), e,
consequentemente, renovação celular; desinfiltra
os espaços intercelulares; regula a secreção
sebácea da pele, melhorando os quadros de
acne; revitalizante, nutritiva e hidratante, elimina
os radicais livres, retardando assim, o
envelhecimento; auxilia na suavização de marcas
de expressão; ativa a circulação sanguínea e
linfática; promove melhora na elasticidade e
firmeza, proporcionando uma revitalização à pele;
e suaviza manchas de depilação em axilas e
virilha. Sendo usada em máscaras, elimina
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CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol. 17, Nº 38 (DEZ 2013) - ISSN 2179-1562 9 3
toxinas, limpa e tonifica a pele. Ressalte-se ainda
que sua ação revitalizante, analgésica,
cicatrizante, desodorizante, tonificadora e
catalisadora auxilia nos processos de
emagrecimento, tratamento de FEG e gordura
localizada. Estimula a circulação sanguínea,
ajudando tanto no tratamento da celulite quanto
da gordura localizada. Com melhor circulação,
as células absorvem mais nutrientes e oxigênio,
proporcionando assim, sua regeneração. Possui
efeito tensor, devido a sua formulação que é rica
em Oligoelementos que participam da formação
das fibras elásticas da pele (DORNELLAS e
MARTINS, 2013).
2.2 Ação das Argilas na Pele
Segundo COSTA ET al. (1999), a
capacidade de troca catiônica (CTC) é a
quantidade de cátions que um mineral argiloso
ou argila pode adsorver ou trocar, ou seja, mede
a distribuição das cargas elétricas disponíveis na
superfície das partículas do solo para a retenção
de água e cátions dispersos na solução do solo.
Os valores de CTC de um solo dependem da
classe textural, do tipo de mineral de argila
presente e do teor de matéria orgânica. Partículas
menores (fração argila, ö<2µm) apresentam um
grande número e uma grande área superficial por
unidade de massa (COSTA et al., 1999).
 Os solos mais argilosos apresentam
maior CTC do que solos arenosos (SPOSITO
ET al., 2003). Sendo que, solos com
predominância de argilas silicatadas tendem a
apresentar maior CTC do que solos com
predominância de Óxidos de Ferro e Alumínio.
Estes minerais apresentam cargas dependentes
do pH, do solo (variando de 5 a 7), no qual, os
óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio
apresentam grande parte de suas cargas positivas
(SPOSITO et al., 2001), que repelem
eletrostaticamente os cátions dispersos na
solução do solo. Isto é, nestes valores de pH,
minerais como Hematita, Maghemita, Goetita e
Gibsita apresentam predominância de sítios de
retenção de ânions (CTA) em relação à retenção
de cátions (CTC) (COSTA et al., 1999,
SPOSITO et al., 2003).
A CTC de um solo também é dependente
da presença dos coloides orgânicos. Estes são
formados a partir da decomposição química e
biológica dos materiais orgânicos adicionados ao
solo (McBRIDE ET al. 1996). Os produtos finais
deste processo apresentam coloração escura e
uma alta densidade de cargasnegativas devido
à presença de grande quantidade de grupos
carboxílicos, fenólicos, amídicos, imidazólicos e
alcoóis na superfície das cadeias orgânicas
(SPOSITO et al., 2003). Baseado nas
propriedades das argilas, quando suas partículas
são coloradas em contato com a água, os cátions
que estão adsorvidos nela são liberados para o
meio aquoso que se torna rico em
Oligoelementos livres. Presume-se então, que
estando estes Oligoelementos livres, se integram
ao manto hidrolipídico que, contribui para a
permeação destes íons como um carreador. Uma
vez integrados ao MNF, os Oligoelementos são
carreados através do espaço intersticial e pela
bicamada de fosfolipídios para dentro das células
da pele. Neste caso, tanto os elementos
hidrofóbicos quanto os hidrofílicos podem ser
permeados pela epiderme e derme. Se as argilas
estiverem misturadas a óleos naturais, a
permeação será melhor ainda, uma vez que os
óleos naturais são compatíveis com a membrana
celular (SPOSITO et al., 2003), que é a estrutura
que delimita todas as células vivas, separando o
meio intracelular do meio extracelular (que pode
ser a matriz dos diversos tecidos). Ela não é
estanque, funciona como uma “porta” seletiva
que a célula usa manter a constância do meio
intracelular, que é diferente do meio extracelular
e pela recepção de nutrientes, dos sinais químicos
do meio extracelular e mantém o potencial
elétrico da célula. Por ser o componente celular
SANDRA MEDEIRO & MARCUS LANZA
CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol. 17, Nº 38 (DEZ 2013) - ISSN 2179-15629 4
mais externo e possuir receptores específicos, a
membrana tem a capacidade de reconhecer
outras células e, diversos tipos de moléculas
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2007).
A entrada dos Oligoelementos na pele
ocorre devido à capacidade de troca de cátions
das argilas (CTC). Neste processo, os íons
adsorvidos na sua superfície têm carga elétrica e
por isso, quando entram em contato com as
células da pele que possuem potencial elétrico,
ocorre uma migração dos íons para as células
da capa córnea. Outro fator que facilita a entrada
dos Oligoelementos é a água, que, contendo os
íons, é absorvida pelos queratinócitos, o que
facilita a sua entrada nos espaços intersticiais das
células da epiderme e derme. Sendo que um dos
principais elementos é o Óxido de Ferro que tem
papel importante na respiração celular e na
transferência de elétrons (MEDEIROS, 2007),
As carências deste elemento na pele manifestam-
se na epiderme que fica fina, seca e com falta de
elasticidade. Também são necessários outros
elementos para manter a saúde da pele sendo
que, seus efeitos serão descritos:
1. Silicio:
Sua carência produz desestruturação do
tecido conjuntivo, com sinais de envelhecimento.
Este elemento tem papel fundamental na
reconstituição dos tecidos cutâneos e na defesa
do tecido conjuntivo. Tem ação hemostática,
purificante, adstringente e remineralizante.
Reidrata a pele e as mucosas e reduz as
inflamações. Também tem ação na elasticidade
da pele atuando na flacidez tissular.
2. Aluminio (A1)
O aluminio atua contra a falta de
tonicidade, tem ação cicatrizante, e inibe o
desenvolvimento de Staphylococcus aureus
em cultura.
3. Cobre (Cu):
O cobre desempenha importante
função no processo de fixação do oxigênio, na
melanogênese, sendo ainda no combate a todas
as manifestações infecciosas.
4. Enxofre (S):
O enxofre é um componente dos
Aminoácidos nas proteínas da pele. Tem efeito
antisséptico.
5. Manganês (Mn):
O manganês atua na biossíntese do
colágeno, apresentando ação anti-infecciosa e
também cicatrizante, auxiliando ainda como
antialérgico.
6. Magnésio (Mg):
O magnésio tem o poder de fixar os íons
de potássio e do cálcio e de manter o gel celular,
ou seja, de auxiliar na hidratação.
7. Zinco (Zn):
Sua concentração é relativamente elevada
na pele, sua carência causa aumento da
queratinização (LYRA, 2010).
Portanto, todas as argilas possuem em sua
composição, quantidade maior ou menor de
elementos minerais, e todas agem da mesma
maneira, quando em contato com o tecido
epitelial, fazendo trocas com área tratada.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado a partir de
pesquisa bibliográfica em material já publicado
a respeito da argiloterapia, constituído
principalmente por livros e artigos científicos.
Com o objetivo de realizar uma análise
interpretativa das referências sobre as
propriedades físico-químicas das argilas e sua
atuação na pele, quando utilizada em tratamentos
estéticos. Foram adotados como critério de
inclusão, periódicos publicados em Inglês e
Português, que contemplassem o tema e tivessem
sido publicados entre os anos de 1999 a 2014.
Para a pesquisa foram utilizados livros, teses,
artigos científicos, monografias, resumos e
publicações em anais de congressos científicos,
e sites. Após leitura dos trabalhos selecionados,
os dados foram compilados para a redação da
presente revisão.
3. CONCLUSÃO
Através da revisão bibliográfica
realizada, pode-se concluir que os elementos
minerais liberados pelas argilas no meio aquoso,
quando em contato com a pele, têm sua entrada
facilitada, uma vez que os íons são absorvidos
pelos queratinócitos, facilitando sua entrada nos
espaços intersticiais das células da epiderme e
derme, possibilitando assim, a obtenção de
resultados satisfatórios, quando usadas em
tratamentos estéticos tanto faciais e corporais,
quanto capilares.
REFERÊNCIAS
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DE DUPLA CAMADA DIFUSA DE GOUY-CHAPMAN
E STERN APLICADOS A LATOSSOLOS ÁCRICOS
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ago., 1994.
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INDUSTRIAIS POR ALUMINOSSILICATOS. Quim.
Nova, Vol. 25, No. 6B, 1145-1154, 2002.
3. ALBAN MULLER. ARGILAS NATURAIS
“ALBAN MULLER” Montmorillonite. Informativo
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www.pharmaspecial.com.br/imagens/literaturas/
Lit_ARGILAS.pdf.Acesso em 15/02/2014.
4. AZOUBEL, M. L. Argila Terapêutica. Disponível
em: <http://gerontologia.casas.blog.br/2008/06/07/
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5. COELHO, A. C. V. ; SOUZA SANTOS, P. ;
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caracterização e propriedades. Química Nova (Online),
v. 30, p.146-152, 2007.
6. COSTA, A. C. S. et al. Capacidade de troca
catiônica dos colóides orgânicos e inorgânicos de
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do Paraná do Paraná. Acta Scientiarum. 21(3): 491-496,
1999. ISSN 1415-6814.
7. DORNELLAS, E.; MARTINS, S. O poder das
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lyraterapeutica@gmail.com.
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