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Revolução Russa - Era dos Extremos - Hobsbawn

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Era dos Extremos - Hobsbawm
Sobre o resumo/objetivos: Resumo do capítulo II, intitulado “ A Revolução Mundial” do livro “Era dos Extremos” do historiador Eric Hobsbawm. Neste capítulo, discute a disseminação do marxismo e do socialismo e a importância dessas ideologias na construção do mundo contemporâneo.
A Revolução Mundial
A Revolução foi a filha da Primeira Guerra Mundial. O velho mundo estava basicamente condenado, as tensões internas e externas pressionavam os povos até quase o ponto de ruptura e os países saíram economicamente muito afetados do conflito. Os povos estavam à espera de uma alternativa à crise. E essa alternativa era o socialismo. Nesse período, se acreditava na inevitabilidade da evolução do capitalismo para o socialismo, ou seja, sua inevitável vitória. A Revolução Russa, ou como Hobsbawm chama, a Revolução Bolchevique, teve a intenção de dar um sinal para os povos se levantarem para substituírem o capitalismo. 
	O autor acredita que as consequências da revolução russa foram muito impactantes no período, até mais que as da revolução francesa, porque em pouco tempo, os bolcheviques dominaram o império russo, que tinha um tamanho considerável. Além disso, durante todo o século XX, a luta da velha ordem contra os movimentos de revolução social – ou seja, uma tentativa de manter classes trabalhadoras no mesmo padrão anterior à revolução - continuou. E em contrapartida a velha ordem, a União Soviética continuava existindo, apesar das dificuldades, e servindo de exemplo para comunistas e operários de outros países.
	Dentro da própria Rússia, haviam movimentos que desejavam se colocar como exemplo mundiais de revolução. A queda do czarismo não foi uma surpresa pra ninguém porque o país já vinha passando por toda a crise da intelligentsia e considerava o governo autocrata, incompetente e autoritário. O que mantinha a Rússia era a lealdade do exército e do serviço público, mas podemos ver que após as sucessivas derrotas e as revoltas populares causadas pelos problemas econômicos, nem eles estavam conseguindo manter a lealdade. 
	Então essa tomada de poder - pelo menos a primeira, a liberal e do Gov. Provisório, não surpreendeu, o que realmente surpreendeu foi a Rússia se tornar socialista. O país era basicamente camponês e semifeudal, o que era considerado pelo proletariado como sinônimo de pobreza e ignorância. O proletariado era muito pequeno para tomar o poder e os próprios socialistas russos achavam isso – tanto que eles tratavam como um eventual acontecimento o socialismo, não que eles fossem pegar em armas para isso. Porém, o país também não estava pronto para uma revolução liberal burguesa. Ou seja, a Rússia realmente se encontrava em uma encruzilhada.
	Os socialistas ganharam apoio por causa do sentimento antiguerra que eles expressavam e que estava crescendo na população russa, enquanto isso, os operários de fábrica se radicalizavam – a autora Sheila Fitzpatrick (1982) considera que essa radicalização foi causada pela evolução lenta da industrialização e falta de sindicato, além dos camponeses que saíam do campo e tinham contato com esses ideais ao chegar na cidade, já o Hobsbawm coloca como um processo natural no mundo todo. 
A Rússia, cansada da guerra e pronta para uma revolução social, caiu com a greve das operárias que foram pedir pão e com as tropas que se recusaram a atacar, confraternizando com as mulheres e eventualmente se amotinando. Assim, o czar e sua família decidiram abdicar. O Governo liberal assumiu o poder. Basicamente as ruas ficaram em um estado de anarquia durante alguns dias - e isso é importante porque foi essa onda anárquica que acabou permitindo o poder bolchevique, mas também complicou seu governo.. Se estabeleceu o governo prov. e os sovietes começaram a tentar inserir classes operárias, revolucionárias e socialistas nas políticas do novo governo. 
	Os bolcheviques sabiam que os operários queriam salários melhores, os camponeses queriam a distribuição de terra e, em geral, todo mundo queria pão. Quando burgueses e liberais tentaram colocar ordem na anarquia generalizada, os operários responderam se radicalizando, os camponeses já não gostavam da cidade e não pretendiam colaborar, então o governo provisório se desfez por falta de apoio. 
	O Hobsbawm defende que nenhum outro partido além de Lênin estava preparado para assumir o poder e governar a Rússia, porque como a Fitzpatrick coloca, eles estavam dispostos a usar a violência e a assumir certas responsabilidades, assim, não havia outro grupo que teria a possibilidade de conter a anarquia. Além disso, o novo regime (de Lênin) sobreviveu organizando o exército vermelho. Porém, é importante ressaltar que durante a ininterrupta crise, o governo fazia decisões que eram necessárias para sobrevivência imediata e que também podiam resultar em desastres. Não havia realmente um grande plano, e no final das contas o partido tomava conta de mais coisa do que conseguia aguentar. 
De qualquer maneira, naquele momento os bolcheviques eram os únicos a conseguirem manter o governo unido e evitar pelo menos uma conquista ou separação territorial, então eles contavam com um certo apoio do campesinato porque consideravam os bolcheviques o mal menor.
Com a Rússia conquistada, a revolução mundial que Lenin prometeu e queria, nunca chegou. No final das contas o país ficou isolado, afundado em crise econômica, o proletariado reduzido, fome, inflação desenfreada e problemas de abastecimento de comida básica e manufaturados - por problemas como os citados acima: falta de industrialização prévia, proletariado reduzido, uma Rússia que era mais rural do que urbana etc.. No entanto, o resto do mundo não via SÓ isso. A revolução mundial não chegou, mas começou a influenciar regimes ao longo do mundo. Os movimentos trabalhistas e de esquerda ao longo do mundo realmente tentavam formar sovietes e se chamar de bolcheviques, mesmo não tendo a mesma ideologia. 
A revolução foi um acontecimento que abalou o mundo. Outras revoluções e revolucionários foram inspirados. Logo após a tomada do bolchevique, tiveram greves, a própria Alemanha teve o movimento trabalhista tentando greves. Porém, na Europa, a vinda da paz e o final da Primeira Guerra, desarmou a maioria das greves e revoltas porque o povo queria mesmo era paz. 
A Rússia acreditou mesmo que poderia ter uma rev. mundial e Trotski ficou na Alemanha, tentando incentivar as assembleias de trabalhadores, porque nos lugares que tiveram greves gerais e que teve realmente uma tentativa de revolução (por exe.: China e Cuba) o movimento bolchevique era sempre citado e eles pareciam ter influência, então, por isso, acreditaram ser possível. Além disso, os trabalhadores no geral, ficaram muito radicalizados por não estarem satisfeitos com os sociais-democratas. Os novos partidos socialistas que emergiram da guerra, vieram radicalizados e fortalecidos pelo cenário mundial.
Lênin queria e tentou fazer um corpo de ativistas internacional, disciplinados e organizados como no início do partido bolchevique. Quem não concordava, não podia participar do clube, porém era difícil manter essa estrutura quando o fogo da revolução mundial foi se extinguindo, porque a situação política na Europa não estava estabilizada, mas não estava mais propícia para uma tomada de poder geral. Os partidos que foram expulsos da organização internacional dos bolcheviques, acabaram aprofundando uma divisão de revolucionários, piorando ainda mais a chance de um fortalecimento da causa. 
No fim das contas, os interesses da União Soviética prevaleceram sobre os interesses revolucionários, e as políticas de Stálin eram mais voltadas à União Soviética do que à revolução mundial. Até a internacional comunista acabou virando instrumento do Estado Soviético e as novas revoluções só seriam toleradas se não conflitassem com o interesse da URSS e fossem postas sob controle soviético. 
Os movimentos que não foram absorvidos pelo bolchevismo, ou seja, os comunistas que não concordavam ou não queriam participar diretamente do controleda União Soviética, acabaram se tornando insignificantes politicamente e eles acusavam a URSS de ter perdido a vontade revolucionária, mas isso fez pouco efeito para atingi-los. Revoluções comunistas a partir de Stálin queriam dizer expansão do governo soviético. 
A União Soviética só realmente saiu do isolamento por adotar, no período da Segunda Guerra, uma retórica anti-fascista, o que fez muitos intelectuais acharem o regime soviético favorável. 
E por que a URSS conseguiu vários movimentos aliados e basicamente se manter como a referência de comunismo?
Porque a lógica do partido bolchevique criou um mecanismo eficaz de dedicação, disciplina e coesão dos seus membros. Quando havia revoluções, como a chinesa, não existi dúvida a quem pertenciam essas revoluções, era sempre a vitória da URSS. O cenário da Segunda Guerra e da pós Segunda Guerra, fez parecer que a URSS não estava fraca e isolada e que ela estava emergindo em uma segunda onda de revoluções. 
E mesmo os países que não tiveram revolução, estavam mais preocupados com o caos econômico para se importar muito com o socialismo, porque eles precisavam reconstruir os países falidos e empobrecidos. Esse foi o cenário da guerra fria, um aumento do poder da URSS por meio da Internacional Comunista que agora era pela causa soviética e não pela revolução, e tendo aliados políticos e econômicos pós guerra mundial.
A revoluções comunistas não aconteceram - apesar da China estar aí firme e forte - mas teve um grande impacto no mundo como a Revolução Russa e o domínio bolchevique, grandes levantes pelo mundo, alguns países de fato se tornaram comunistas e o envolvimento na Guerra Fria. Uma das maiores mudanças foi a forma de pensar socialista que ao invés de idealizarem uma revolução espontânea após o capitalismo fracassar, passaram a pegar em armas e fazer greves gerais. 
Para Hobsbawm, o século XX foi marcado pela Revolução Russa.

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