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Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO NEOPLASIA NOMENCLATURA Todos os tumores apresentam dois componentes básicos: 1. Parênquima tumoral: constituído pelas células neoplásicas clonais 2. Estroma reativo: tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e células do sistema imune Tumor benigno: apresenta aspectos micro e macroscópicos que são considerados inocentes, localizado, não se disseminando para outras áreas e, geralmente, sendo removido por cirurgia local. Tumor maligno: são referidos coletivamente como cânceres, costumam se aderir a qualquer região na qual estejam. Podem invadir e destruir estruturas adjacentes e se disseminar para áreas distantes (metástases), levando à morte. Tumores mistos: pleomorfos e teratomas. CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA NEOPLÁSICA Diferenciação: extensão com que as células do parênquima neoplásico assemelham-se às normais, tanto morfologica quanto funcionalmente. Em tumores bem diferenciados benignos, as mitoses geralmente são raras e de configuração normal. Anaplasia: falta de diferenciação (marca demalignidade); perdem semelhança com as células de origem normais das quais se originaram. Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO A anaplasia está frequentemente associada a: Pleomorfismo: variação no tamanho e na forma; as células dentro de um mesmo tumor não são uniformes. Morfologia nuclear anormal: núcleos desproporcionalmente grandes para as células, tendo forma irregular e cromatina agrupada desordenadamente ou com coloração mais escura que o normal (hipercromia) Mitoses: reflete atividade proliferativa; em tumores malignos, é válido observar figuras mitóticas atípicas, com fusos tripolares, quadripolares ou multipolares. (Fig.7-8) Perda de polaridade: a orientação das células anaplásicas é alterada. As massas de células tumorais crescem de maneira anárquica, desorganizada. OBS: Células de tumores benignos quase sempre são bem diferenciadas; células no câncer podem ser menos ou mais diferenciadas, mas sempre há um grau de distúrbio de diferenciação. Metaplasia: substituição de um tipo celular por outro tipo celular. Geralmente está associada com processos de dano, reparo e regeneração tecidual. Displasia: crescimento desordenado. É caracterizada por perda da uniformidade das células individuais e perda da orientação arquitetural. Células displásicas podem exibir pleomorfismo e núcleos hipercromáticos grandes. OBS: Quando alterações displásicas são marcantes e envolvem toda a espessura do epitélio, porém a lesão não penetra na membrana basal, é considerada como neoplasia pré-invasiva e é denominada carcinoma in situ. Se as células tumorais invadirem a membrana basal, diz-se que o tumor é invasivo. INVASÃO E METÁSTASE O crescimento local dos cânceres é acompanhado por infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circundante. Tumores benignos crescem como massas expansivas e coesas, com contorno de tecido fibroso, comprimido e não infiltram, não invadem e nem formam metástases. Tumores malignos são pouco demarcados, sem plano de clivagem bem definido, de expansão lenta. Têm a Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO capacidade de invasão e desenvolvimento de metástases. Metástase é a propagação do tumor para áreas fisicamente descontínuas (com o tumor primário). Vias de disseminação: (1) Implante direto nas cavidades ou superfícies corpóreas: penetração em campo aberto natural sem barreiras físicas (2) Disseminação linfática: através de vasos linfáticos (via mais comum). Linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo em uma cadeia linfática regional que recebe o fluxo da linfa que vem do tumor primário. (3) Disseminação hematológica As artérias são menos invadidas que as veias, mas a disseminação arterial pode ocorrer quando células tumorais passam pelos leitos capilares pulmonares, pelos shunts arteriovenosos pulmonares ou êmbolos tumorais (metástases pulmonares). BASES MOLECULARES DO CÂNCER: Papel das alterações genéticas e epigenéticas ● O dano genético não letal encontra-se no cerne da carcinogênese ● Um tumor é formado pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu dano genético ● Quatro classes de genes reguladores são os principais alvos de mutações causadoras de câncer: ○ Proto-oncogenes promotores de crescimento: aumento excessivo de função ou nova função ○ Genes supressores de tumor: perda de função ○ Genes que regulam apoptose: aumentam a sobrevida ○ Genes de reparo do DNA: as células deixam de reconhecer a necessidade de reparo Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO A carcinogênese é resultado de um acúmulo de mutações complementares de forma gradual ao longo do tempo. Mutações que contribuem para o desenvolvimento dos fenótipos malignos =mutações condutoras Mutações que não possuem consequência fenotípica =mutações passageiras As células tumorais evoluem geneticamente durante o seu crescimento e progressão sob pressão de seleção darwiniana. Modificações epigenéticas que contribuem para as propriedades malignas das células cancerígenas: ● Metilação do DNA ● Modificações de histonas Juntas, ditam quais genes são expressos e qual o comprometimento com a linhagem e o estado de diferenciação das células normais e neoplásicas. MARCAS CELULARES E MOLECULARES DO CÂNCER Todos os cânceres têm oito alterações na fisiologia celular, que são consideradas marcas registradas: (1) Autossuficiência nos sinais de crescimento - capacidade de proliferação sem estímulos externos pela ativação de oncogenes (2) Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento - não respondem a moléculas que inibem a proliferação de células normais (3) Metabolismo celular alterado - apresentam efeito Warburg (glicólise aeróbica), que permite síntese de macromoléculas e organelas necessárias ao rápido crescimento celular (4) Evasão de apoptose (5) Potencial de replicação ilimitado (imortalidade) - capacidade proliferativa irrestrita (6) Angiogênese mantida - necessidade de suprimento vascular (oxigênio e nutrientes) (7) Capacidade invadir e metastizar (8) Capacidade de evadir da resposta imune do hospedeiro Autossuficiência nos sinais de crescimento - oncogenes: Oncogenes são genes que promovem crescimento celular autônomo; são criados por mutações em proto-oncogenes e codificam oncoproteínas que possuem a capacidade de promover crescimento celular na ausência de sinais de crescimento normais. Proto-oncogenes: genes precursores não mutados Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO Oncoproteínas: proteínas codificadas a partir da transcrição e tradução de oncogenes, que promovem o crescimento celular na ausência de sinais promotores de crescimentos normais = são semelhantes aos produtos normais dos proto-oncogenes, mas carregam mutações que inativam elementos reguladores internos (pontos de verificação no ciclo celular) ● 1º ponto de verificação: final da fase G1 (averiguar se está adequado para replicação) ● 2º ponto de verificação: final da fase G2 (averiguar se o DNA foi duplicado corretamente) Vias de sinalização do fator de crescimento: 1. Ligação do fator ao seu receptor específico 2. Ativação transitória e limitada do receptor do fator, com ativação de proteínas de transdução de sinal citoplasmáticas 3. Transmissão do sinal para o núcleo por células efetoras e segundos mensageiros 4. Indução e ativação de fatores nucleares que iniciam transcrição do DNA 5. Fatores que promovem entrada e progressão no ciclo celular→ divisão celular 6. Alterações na expressão de genes de sobrevivência celular e alterações metabólicas para crescimento Em tumores, alguns componentes dessas vias foram identificados como estando alterados. Para proliferação celular, as oncoproteínas também participam da biossíntese de todos os componentes celulares das células filhas = as vias de crescimento celular também iniciam sinais que promovem e coordenam esse processo. A via que mais sofre mutação em neoplasias humanas é a via da tirosina cinase Proto-oncogenes de pró-crescimento podem codificar fatores de crescimento, receptores do fator de crescimento, transdutoresde sinal, fatores de transcrição ou componentes do ciclo celular = quando convertidos em oncogenes = codificam oncoproteínas de funções semelhantes às proteínas normais, mas constitutivamente ativas = autossuficiência no crescimento Nessa via, existem inúmeros pontos de maior impacto no fenótipo maligno (quando há mutação) = transdutor de sinal RAS, via da proteína cinase (MAPK) ativada por mitógeno e a via fosfoinositol-3-quinase (PI3K)/AKT = importantes na promoção do crescimento de células cancerígenas. Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO ● Fatores de crescimento: Normalmente são de ação parácrina, mas células cancerígenas adquirem a habilidade de sintetizar de forma autócrina. ● Receptores dos fatores de crescimento: o principal receptor é de tirosina cinase, ativando-se quando um fator de crescimento específico liga-se a ele. Resíduos de tirosina servem de locais de recrutamento para moléculas de sinalização como RAS e PI3K Principais receptores: 1. ERBB1 - codifica receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) (Adenocarcinoma de pulmão) 2. ERBB2 - codifica receptor HER2 (amplificado em carcinoma de mama) 3. Rearranjos gênicos - ativam outros, como ALK, fundindo com o EML4 ( em alguns adenocarcinomas de pulmão) Mutações de RAS RAS:São o tipo mais comumente mutado (15-20% de todos os tumores humanos apresentam mutação de RAS); o ser humano possui 3: KRAS, HRAS, NRAS. Pertence à família das PtnG, fisiologicamente alternam entre estado ativado de transmissão de sinal (ligadas ao GTP) e estado de repouso (ligada ao GDP). RAS ativa→ MAPK e PI3K/AKT = fosforilam e ativam efetores citoplasmáticos e fatores de transcrição = ativam genes que suportam o rápido crescimento celular É de atividade transitória. Possui GTPase intrínseca que é acelerado por proteínas de ativação de GTPase (BPA) que se liga a RAS ativada e aumentam atividade de GTPase = finalização da transdução de sinal (evitam atividade descontrolada de RAS). Nas células tumorais, temos mutações que reduzem atividade de GTPase da proteína RAS→ RAS continuamente ligada ao GTP e ativada = sinais contínuos de pró-crescimento (ex: NF1 = gene supressor de tumor = codifica a GAP neurofibromina 1 = sofre mutação incapacitante em casos de neurofibromatose tipo 1). Ganho de função em RAS→ continuidade da ativação da cascata pró-crescimento Mutações do BRAF E PI3K BRAF: codifica proteína BRAF que se aloja no topo de uma cascata de outras cinases serina/treonina da família do MAPK; mutações ativadoras de BRAF estimulam essas vias à jusante e ativam fatores de transcrição, fazendo Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO com que haja produção de sinais pró-crescimento significativos. PI3K: são formadas por uma subunidade reguladora e uma catalítica, são reguladas pelo PTEN Em condições normais, PI3K é recrutada pela ativação do receptor de tirosina cinase = ativa cascata de cinases serina/treonina (AKT), que estimula a síntese de lipídios e proteínas (substrato mTOR = sensor de nível de nutrientes celular), aumenta a sobrevida celular pela inativação da BAD (proteína pró-apoptótica). Mutações podem afetar toda essa via PI3K/AKT, porém são mais vistas nos fatores que estão no topo da via = PI3K (afetam as subunidade catalíticas e resultam no aumento atividade enzimática) e PTEN (perda de função). Insensibilidade à iniciação de crescimento: genes supressores de tumor Genes supressores de tumor = codificam freios na proliferação celulares e estão associados à supressão de qualquer uma das marcas registradas do CA A alterações nesses genes geram uma insuficiência na inibição de crescimento. Proteínas supressoras formam uma rede de pontas de checagem que evita o crescimento descontrolado = RB e p53 = que reconhecem o estresse genotóxico e respondem com a finalização da proliferação. Alguns supressores estão envolvidos na diferenciação celular = população celular pós-mitótica diferenciada e sem potencial replicativo Sinais inibitórios do crescimento e pró-diferenciação se originam fora da célula e usam receptores, transdutores de sinal e reguladores da transcrição nuclear para alcançar seus efeitos = proteínas supressoras funcionam como fatores de transcrição, inibidores do ciclo celular, moléculas transdutoras de sinal, receptores de superfície celular e reguladores de resposta celular ao dano, no DNA. (1) Gene RB regula negativamente a proliferação (direta ou indiretamente inativado na maioria dos CAs) e controla diferenciação celular (a) Estado ativo = hipofosforilado (células quiescentes) (b) Estado inativo = hiperfosforilado (células que passam da transição G1/S) As mutações pode ser por: a) Perda de função em ambos os alelos RB; b) ganho de função na atividade CDK/ciclina D (mudança do estado ativo para inativo); c) perda de função na atividade de CDKIs ● ↑CDK/ciclina = hiperfosforilação de RB = liberta fator E2F = promove expressão de genes necessários para progredir à Fase S ● Inibidores de crescimento: regulam positivamente inibidores de CDK que é diferente das vias de sinalização do fator de crescimento - regulam positivamente os complexos de Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO CDK/ciclina e conduzem à transição G1/S A proteína RB pode ser inativada e perder sua função em casos de infecções por alguns vírus (adenovírus, HPV). Há uma ligação da proteína viral com a proteína RB, que fica incapaz de se ligar ao fator E2F, dando progressão ao ciclo celular. (2) TP53 é um gene supressor que regula a progressão do ciclo celular, o reparo do DNA, a senescência e apoptose. É o gene que mais sofre mutação em CA humano com mais frequência A p53 detecta estresse celular, principalmente danos no DNA, mas também encurtamento de telômeros, hipóxia e excesso de sinalização pró-crescimento A mutação pode ser por: (a) Perda de função (adquirida - ambos os alelos; herdada - somente um alterado). Síndrome de Li-Fraumeni, idade precoce e espectro de tumores bastante variado (carcinoma de mama, sarcomas, leucemias, etc.) (b) Ganho de função em proteínas que regulam a p53 (ex: MDM2 regula a degradação da p53 quando mutada é superexpressa e aumenta essa degradação = deficiência funcional de p53) (c) Proteínas virais podem se ligar também e promover sua degradação (E6 do HPV de alto risco) A p53 ativada impede a transformação neoplásica por indução ou interrupção transitória do ciclo celular, senescência ou apoptose. P53 age como um fator de transcrição. Os genes alvos: ● Os que interrompem o ciclo celular ● Os que causam apoptose ● Aumento o metabolismo catabólico ou inibem o anabólico Interrupção transitória = resposta de início rápido, no ciclo celular, a danos danos no DNA pela codificação de inibidores de CDK/ciclina = RB ativo = impede a progressão da célula da fase G1 para S = reparo nos danos do DNA = p53 também induz proteínas que melhoram o reparo do DNA Senescência induzida por p53 = interrupção permanente do ciclo celular, em que há alterações específicas na morfologia e expressão Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO gênica. As células senescentes, enquanto não estiverem normais, serão impedidas de se desenvolver em tumores. Apoptose induzida por p53 = é o mecanismo de proteção contra células neoplásicas. P53 induz a transcrição de genes pró-apoptóticos como o BAX e PUMA. A morte é por via intrínseca. TP53 selvagens têm mais chances de serem mortos por terapia que os TP53 mutados. Isso acontece porque a p53 defeituosa adquire mutações adicionais = clones distintos geneticamente resistentes a qualquer terapia individual. p53, p63, p73 = rede complexa interconectada p73 tem efeito pró-apoptótico para danos ao DNA induzidos por QT. APC: polipose adenomatosa crônica (APC) é um supressor de tumor que faz regulação negativa das vias de sinalização promotoras de crescimento Mutações da perda de função nas linhagens germinativas envolvendo e lócus do APC relacionado ao APC familiar - autossômico dominante. APC é um componente da viaWNT com papel de controle do destino celular, na adesão e na polaridade celular durante desenvolvimentoembrionário. WNT ativa receptores frizzled (FRZ)→ vias B-catenina e APC Na ausência de sinalização WNT, a APC provoca degradação da B-catenina O complexo B-catenina + TCF = promove aumento de crescimento de células epiteliais do cólon aumentando a transcrição de MYC, ciclina D1 e outros genes. Com isso, quando a APC é bloqueada, o estímulo da WNT permanece continuamente. A B-catenina é uma proto-oncoproteína. EFEITO WARBURG: Basicamente, a célula faz glicólise aeróbica porque ela proporciona às células tumorais em divisão intermediários metabólicos que são necessários para a síntese de componentes celulares, enquanto que a fosforilação oxidativa (mesmo com seus 36 ATPs de saldo), não. Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO A célula precisa de duplicar todos os seus componentes celular e a fosforilação oxidativa não produz nenhum grupamento carbono que possa ser utilizado para construir esses componentes. A reprogramação do metabolismo é produzida por cascatas de sinalização à jusante dos receptores de fatores de crescimento, as mesmas vias que são desreguladas por mutações no oncogenes e genes supressores de tumores em CAs. A sinalização PI3K/AKT aumenta a glicólise, promove desvio de intermediários mitocondriais para as vias que conduzem à biossíntese de lipídios e estimula fatores que são necessários para síntese proteica. Atividade da tirosina cinase receptora: transmite sinais de crescimento para o núcleo e influencia no metabolismo. M2 está expresso em células normais e tumorais e tem a função de catalisar o último passo da via glicolítica. Com a fosforilação da isoforma de M2, temos a atenuação do efeito da enzima, o que gera um acúmulo de intermediários glicolíticos. MYC, fator de transcrição que leva a mudanças na expressão gênica que suportam o metabolismo anabólico e crescimento celular. Regula positivamente enzimas glicolíticas e glutaminase. PI3K/AKT e PTEN se opõem ao Efeito Warburg. P53 inibe a absorção de glicose, glicólise, lipogênese e geração de NADH. Autofagia: canibalismo da células com suas próprias organelas, proteínas e membranas como fonte de carbono para produção de energia. Células tumorais parecem estar desreguladas nas vias de autofogia (não funcionam). A hibernação metabólica acontece quando as células tumorais estão expostas a graves condições de privação de nutrientes. (acredita-se que seja o motivo da falha terapêutica). Apoptose: o acúmulo de células neoplásicas pode resultar não somente de todos os fatores citados anteriormente, mas também a partir de mutações nos genes que regulam a apoptose. Vias bioquímicas da apoptose: 1) Via extrínseca = sinalizador de morte CD95/Fas 2) Via intrínseca = dano ao DNA (é a via mais desativada no CA) Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO FATORES PARA A IMORTALIDADE 1) Evasão da senescência 2) Evasão da crise mitótica: está relacionado com o encurtamento dos telômeros 3) Capacidade de autorrenovação: as células tronco teciduais e germinativas apresentam expressão de telomerase, tornando-as resistentes à crise mitótica, além de evitar alterações genéticas e epigenéticas que desencadeiam a senescência. Basicamente, cada vez que uma célula-tronco se divide, pelo menos um das células-filhas permanece uma célula-tronco. ANGIOGÊNESE Sem a angiogênese, o tumor não tem a capacidade de aumentar seu tamanho para além de 1-2 mm de diâmetro. Cânceres em crescimento estimulam a neoangiogênese, durante a qual os vasos brotam a partir de capilares previamente existentes. A neovascularização tem dois efeitos sobre o crescimento do tumor: ● Nutrientes e oxigênio ● Células endoteliais recém-formadas estimulando o crescimento de células tumorais adjacentes através da secreção de fatores de crescimento, como os fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) e PDGF. Os vasos dessa neovascularização são permeáveis e dilatados, com padrão aleatório de conexão, assim a angiogênese contribui para metástase. A angiogênese é controlada por um equilíbrio entre os promotores e inibidores da angiogênese. Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO Fatores angiogênicos e/ou perda de inibidores angiogênicos estão envolvidos com a quebra do equilíbrio. Esses fatores são produzidos pelas próprias células tumorais ou por células inflamatórias. O equilíbrio é multifatorial: ● Se hipóxia = transcrição de citocinas pró-angiogênicas VEGF e bFGF = proliferação de células endoteliais = crescimento de novos vasos em direção ao tumor ● Mutação em supressores tumorais ● RAS-MAP influencia transcrição de VEGF. INVASÃO E METÁSTASE São resultados de interações entre células cancerígenas e o estroma normal e são as principais causas de morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer. Apesar de muitas células estarem na circulação, poucas metástases são produzidas. Isso acontece porque existem uma série de etapas que as células devem cumprir para que o processo tenha êxito, e por serem muitas, estão expostas a diversos meios de regulação, o que dificulta o sucesso das células tumorais. Cascata metastática: (1) Invasão da matriz celular (MEC) Acontece o rompimento da barreira basal→ atravessamento do tecido conjuntivo→ acesso a membrana basal vascular. 1) Relaxamento das interações 2) Célula tumoral-célula tumoral 3) Degradação 4) Ligação à novos componentes de MEC 5) Migração e invasão das células tumorais Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO (2) Disseminação vascular, instalação das células tumorais e colonização
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