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Introdução ao Estudo do Direito (nota de aula UniCeub)

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Introdução ao Estudo do Direito
Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Conceitos de Direito
Sociedades
Costumes
Moral
Ordenação
Sugestões da turma para o conceito de Direito:
Normas, leis
Meios de organizar a sociedade
Controle Social
Sanções
Meios de fazer justiça e injustiça
Permissões e deveres
Garantir a convivência social
Impedir conflitos
Defesa da pessoa
Estão todos estão corretos.
Tipos de entendimento de Direito:
Lei e Ordem: Direito objetivo
Permissões: direito subjetivo
Qualidade:  justiça
Frase do dia:
UBI SOCIETAS
IBI JUS
"Onde há sociedade há o Direito".
Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Conceito de Direito
1- Conceitos
2- Normal
3- Alteridade
4- Ser e dever ser
5- Juízo de valor
    - fático
    - deontológico
    - axiológico
6- Lei natural e norma de conduta
1- Conceitos de Direito
Miguel Reale:
"Relação bilateral atributiva nas relações sociais na medida do bem comum. 
Corolário: Direito de A = Dever de B, Direito de B = Dever de A, numa relação bilateral entre A e B.
Conceito de 500 a.C:
"Dar a cada um o que é seu, não lesar os outros, fazer justiça."
Conceito 3: 
"Conjunto de normas dotadas de coatividade emanadas de um poder constituído." (coação)
2- Normal:
Relativo às normas, convenções. Não estão escritas. Exemplo: ficar balançando a cabeça como um louco durante a aula. Em lugar algum está previsto que ninguém pode fazê-lo, mas realmente ninguém faz. Tem-se, pois, que é uma norma não ficar balançando a cabeça durante a aula.
3- Alteridade
Alter = o outro.
4 - Ser e dever ser:
Ser: aquilo que é, o que existe. A realidade.
Dever ser: idealização de situação, geralmente melhor, diferente da realidade atual. Norma.
5- Juízo de valor:
Fático: fato evidente: o quadro "negro" é, na verdade, branco. (O quadro no qual se usam pincéis atômicos)
Deontológico: Fato + norma. Porta vermelha = saída de emergência. Fato: a porta é vermelha e ponto. Norma: há uma norma que obriga as portas de emergência a serem pintadas de vermelho.
Axiológico: juízo de valor pessoal. Exemplo: A corda azul é feia. Para outra pessoa, talvez a cor azul não fique feia numa corda.
6- Lei Natural:
Vem da Natureza. Fenômenos regulares, obviamente não causados pelo homem, que acaba assumindo a característica de norma.
Norma de conduta: norteiam o indivíduo no campo moral.
NATUREZA                                                                                            DIREITO
Fato -> gera causa                                                                        Conseqüência jurídica
Causalidade -> gera o fato                                                           Imputação
Aspecto: Juízo de valor fático                                                      Deontológico
Ser                                                                                                   Dever ser.
Segunda-feira, 3 de março de 2008
Direito e Ideologia
1- Origem do termo
2- Críticas aos ideólogos
3- Conceito Marxista de Ideologia
 Idéias x práxis
 Conflito de Classes
 Alienação
 Ideologia Marxista
4- Virtudes do conceito marxista de ideologia
5- Críticas ao conceito marxista de ideologia
6- Procedimentos de ideologia
Inversão
Naturalização
Dissimulação -> eufemismo -> não abordar o assunto.
1 - O termo se originou durante o Iluminismo do séc XVIII, antes da Revolução Francesa. O nascimento do termo ideologia acompanhou todas as transformações entre os sécs XVI e XVIII, sobretudo no modo de pensar. Ideologia significa estudar as idéias criticamente, sem preconceitos em relação ao autor.
2 - O primeiro a criticar a idéia de ideologia foi Napoleão Bonaparte, seguido de Karl Marx, com o livro "A Ideologia Alemã", aproximadamente em 1845.
3 - Jovens Hegelianos: seguidores de Hegel, pregaram o fim da superestrutura do Estado.
Alienado: conceito marxista. entreguismo de um bem precioso, que é o pensamento; transfere-se a tarefa de pensar para outra pessoa. Marx dizia que a ideologia servia para ocultar relações de dominação em busca da legitimação e perpetuação de um poder.
4 - Virtudes: "mostrar os 2 lados da moeda" (pesquisar melhor isso)
5 e 6 ficaram pra próxima aula, mas o conceito de 'Inversão foi brevemente adiantado': confusão entre causa e efeito.
Quinta-feira, 6 de março de 2008
Direito Natural e Direito Positivo
Nota do Leo: no dia desta aula eu ainda não copiava regularmente o que o professor falava em sala, então recorri ao Google para entender os termos do dia.  Os fragmentos em itálico são de páginas encontradas ao se buscar "direito positivo" e/ou "direito natural".
Entende-se por direito positivo o conjunto de normas estatuído oficialmente pelo Estado (através das leis), ou reconhecidas pelas pessoas através dos costumes.
Na visão de Sahid Maluf, Direito Positivo é o conjunto orgânico das condições de vida e desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, dependente da vontade humana e das garantias dadas pela força coercitiva do Estado (Pedro Lessa).
Direito Positivo é o ordenamento jurídico em vigor em determinado país e em determinada época; é o Direito posto.
Direito Positivo é apenas a norma legal emanada do Estado, divide-se em nacional e internacional.
Sobre teorias de ressaltação do Direito Positivo e fundamentação gnosio-epistemológica do Positivismo Jurídico, vide Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen.
Direito Positivo
É o conjunto de normas estabelecidas pelo poder político que se impõem e regulam a vida social de um dado povo em uma determinada época; denominação genérica, dada em oposição à de Direito Natural, no seu sentido de dever de consciência, para distinguir o conjunto de regras jurídicas em vigor, que se impõem às pessoas e às instituições, sob a coação ou sanção da força pública, em quaisquer dos aspectos em que se manifeste é constituído pelo conjunto de normas elaboradas por uma sociedade determinada, para reger sua vida interna com a proteção da força social; é o direito institucionalizado pelo Estado, a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo; não obstante, é imprópria a expressão; direito Positivo foi cunhado para efeito de distinção do Direito Natural, é um sistema de normas objetivamente estabelecidas, seja na forma legislada, seja na consuetudinária, é o direito vigente e eficaz em determinada sociedade, limitando a ciência jurídica ao estudo das legislações positivas.
Veja o PDF: Introdução ao Estudo do Direito, seção 2.1.1
E também Direito Positivo, Positivismo e Iusnaturalismo.pdf
1- concepção dualista do Direito
jusnaturalismo
juspositivismo
       
2- Direito Natural
Natureza Humana como fonte do Direito Natural
Vida --> universal, eterno, imutável. Tem essas características porque a natureza humana é invariável.
Liberdade --> O Estado Tutela a vida e garante a liberdade. Igualdade de oportunidades é o lema deste milênio.
Segunda-feira, 10 de março de 2008
Direito na Antiguidade
1 - Sociedades primitivas
2 - Direito mesopotâmico
3 - Direito egípcio
4 - Direito hebreu
5 - Grécia
6 - Roma
1 - Vingança: primeira manifestação de justiça, como nas guerras tribais. Na idades da pedra e da ferramenta, havia o espírito de cooperação em cada grupo tribal. Caçavam para alimentar a tribo, ensinavam-se os valores familiares e o coletivo tinha importância era anterior ao indivíduo. Se, por exemplo, um membro de uma tribo resolvesse sair para caçar e encontrasse um membro de outra tribo, desconhecido durante a empreitada com o mesmo objetivo (caçar para sobreviver), um conflito surgiria ali. Como ambos precisam da carne do animal caçado para sobreviver, os dois caçadores lutariam até a morte, mesmo sem ter noção do que é Direito Natural, que abrange a vida e a liberdade. Quando percebia-se que um dos dois não voltava para sua tribo com o alimento, chegavam à conclusão de que ele havia morrido, provavalmente em algum litígio. Portanto, a tribo cujo membro fora assassinado atacaria a outra em seguida, visando não apenas o assassino, mas toda a tribo à qual ele pertence. É a primeira manifestação de justiça:causar à outra parte a mesma dor que lhe fora causada.
Costume: primeira manifestação do Direito. É derivado dos processos de tentativa e erro aprendidos pelas gerações passadas que foram repassados para as descendentes. O Direito Costumeiro, também chamado de Consuetudinário, poderia ser desobedecido, ainda que sanções fossem aplicadas ao transgressor. É o primeiro Direito que surge.
2 - Ur, 2080 a.C., na dinastia de Nammu: coletânea de resultados de julgamentos anteriores. Constituía o primeiro código escrito, mas não há provas conclusivas sobre a existência dele.
Babilônia, 1700 a.C.: Código de Hamurábi. Leia sobre ele aqui:
http://www.direitoshumanos.usp.br/counter/Doc_Histo/texto/hamurabi.htm
3 - O Direito Egípcio:
 
	Época
	2800 - 2500 a.C.
	2400 - 1500 a.C
	1500 - 1100 a.C.
	1100 - 500 a.C.
	Governante
	Rei
	Nobreza Sacerdotal
	Rei
	Nobreza Sacerdotal
	Poder político
	Centralizado
	Descentralizado
	Centralizado
	Descentralizado
	Preponderância
	Lei
	Costumes
	Lei
	Costumes
4 - Lei de Moisés (1500 a.C.) Deus dita a Moisés os 10 mandamentos. É a primeira lei reconhecidamente advinda de Deus, não dos homens, nem da Natureza.
5 e 6 - Grécia e Roma serão analisadas mais aprofundadamente nas aulas seguintes.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Direito Grego
1 - Filosofia                                                    
Sofistas 
Sócrates 
Platão 
Aristóteles
        
A Filosofia, também chamada de "Ciência de todas as coisas", busca as ultimas causas e primeiros principios.
Ela gera e motiva as demais ciências.
As demais ciências podem ser:
 Teoréticas: Saber por saber. Ex: Física Teórica, Matemática Pura, antes de se descobrir a finalidade dos fenômenos observados e dos teoremas  provados.
 Práticas: Saber para viver. Ex: Medicina.
 Poiéticas: Saber para fazer. Ex: Engenharias e Física e Matemática aplicadas.
2 - Governantes
     2.1 Drácon
     2.2 Sólon
     2.3 Clístenes
     2.4 Péricles
Todos eles buscavam a organização social. Para eles, isso significava que todos deveriam viver bem e corretamente. Os meios usados por eles, no entanto, não eram necessariamente "justos": influenciados por Platão, mais especificamente pela obra A República, muitas vezes recorriam ao uso da violência, da retórica ou da mentira em nome do bem-estar maior. Platão afirmava que o homem médio era ignorante e não teria condições de entender as manobras políticas, portanto defendia o uso de meios relativamente cruéis para se conseguir a organização social. 
2.1 Drácon: primeiro governante grego de renome. (~620a.C) Foi tirano e empregou as chamadas "medidas draconianas". resolveu os conflitos familiares com o uso de tribunais. Era a primeira vez em que a família (ilustrada nos genos) perdia sua autonomia; antigamente o patriarca que se encarregava de resolver os litígios pessoais dentro da comunidade gentílica, mas, com Drácon, a figura do 'terceiro elemento' passou a atuar. Seria o tribunal, que intermediaria a negociação e buscaria a justiça.
2.2 Sólon: Considerado mais eficiente e menos linha-dura do que Drácon, continuou a implantação dos tribunais para a solução dos litígios, em detrimento da autonomia das famílias, especialmente dos chefes.
2.3 Clístenes: Considerado o pai da democracia. Na Grécia antiga, a democracia só aplicava-se aos cidadãos atenienses, que seriam os homens livres, com posses, cuja família é, no mínimo, nativa em terceira geração de Atenas. Por exemplo, se o avô de um indivíduo fosse nascido em Atenas, então ele poderia ser considerado cidadão. Para Clístenes, a cidade era o bem maior, era anterior em importância ao cidadão.
2.4 Péricles: Dirigiu Atenas em seu período de maior esplendor.
Segunda-feira, 17 de março de 2008
O pensamento de Aristóteles
1-    Ética e política
2-    Cidade e cidadania
3-    Conceito de justiça para Aristóteles
3.1- Sob enfoque político (da cidade e da casa)
justiça política
    Natural
    Legal
justiça doméstica
eqüidade
3.2 sob enfoque social (entre as partes)
justiça total
justiça particular
    Distributiva
    Corretiva
O objetivo de se estudar Aristóteles é para não se focar apenas no código; os gregos não deixaram uma vasta literatura sobre o DIREITO, mas deixaram princípios filosóficos. A literatura existente sobre Direito grego é restrita. Há uma diferença marcante entre o Direito grego e o romano. 
Os gregos começaram a PENSAR no que depois ficou conhecido como Direito. Parar para pensar, hoje em dia, é algo muito complicado de se fazer. Quem quer pensar nas coisas transcendentais da vida? O povo só quer saber de pensar na festinha do fim de semana. No entanto, a arte de pensar é muito nobre, procure fazer isso por conta própria! Aqui na faculdade recebemos uma série de ensinamentos. Nesta disciplina, Introdução ao Estudo do Direito, estamos falando de Aristóteles. Mas é claro que já ouvimos falar do mesmo filósofo em outras disciplinas aqui mesmo neste curso, neste semestre. Por que não, então, pensar e fazer uma síntese sobre o que já foi aprendido? Comparar os aspectos mostrados por diferentes professores enriquece muito a formação de nós, estudantes. O objetivo é que, ao final do curso, pensemos algo a respeito do Direito, que tenhamos nosso próprio raciocínio.
Exemplo de iniciativa de raciocínio que já deu certo: certa feita, o professor Paulo Roberto foi indagado, por um aluno do curso de Relações Internacionais, como é o Direito em determinado país da África. Ele não sabia. No entanto, instigou os alunos a pensar: primeiro, qual era o sistema de governo e sistema econômico do país. Em seguida, a religião. Depois, quais os fatos históricos mais marcantes no continente africano, por quem o país havia sido colonizado, e de quem ele recebera influências culturais. Feito esse levantamento preliminar, os alunos chegaram, por si sós, a uma pré-conclusão. Ao verificarem na embaixada do país, ficaram surpresos: era mais ou menos por aí mesmo!
O nosso Direito:
Fomos colonizados por determinado país europeu, país esse que sofreu, ao longo desses dois milênios, grande influência do Direito do Império Romano bem como da cultura grega. Logo, nós fomos influenciados por essas duas correntes.
Símbolo grego da justiça: deusa grega Diké, com a espada na mão direita, balança na esquerda, boca e olhos bem abertos e orelhas atenciosas. Lembrar de compará-la com a figura que representa o Direito romano, quando esta nos for apresentada.
Lembremos que os gregos queriam entender de todos os campos do conhecimento. 
Os gregos queriam entender como o mundo funcionava, então primeiro teriam que entender a sociedade. Começou com Sócrates, que se centrou seu pensamento no homem. Ele disse “é necessário que o homem viva bem em sociedade.” Há o relacionamento do homem com seus iguais, e o relacionamento do governante com os governados. O governante terá que trazer algumas ordens, especialmente quando surgirem novas questões não aparadas pelos costumes nem pelo Direito Natural.
A justiça é obtida ao se comparar aquilo que se acha justo e o que se acha injusto. Por justo podemos denominar AQUILO QUE É ADEQUADO DE ACORDO COM A PERSPECTIVA DE QUEM AVALIA. A justiça tem que se manifestar de maneira adequada: não prejudicando a um, não beneficiando ao outro.
Todas as relações na sociedade devem se dar de uma forma justa. A Justiça é tida como uma das principais virtudes.
MORAL
Conceito bem simples: entendimento do certo e do errado. Não se aprende especificamente a moral, mas aprendem-se alguns preceitos dela durante a socialização primária. A virtude está em praticar o que é certo.  A moral é praticada espontaneamente pelos indivíduos. Miguel Reale disse: a moral é incoercível; não se pode forçar um indivíduo a alterar a sua moral pela força; apenas podemos forçar um indivíduo a cumprir o Direito pela força. 
E como garantir a prática do que é certo ao longo do tempo? Surgirá este problema, e o Direito começará a ser pensado pelos gregos. Então, inicia-se o pensamento de uma ciência prática: a...
ÉTICA, que é o estudo do comportamentodo homem no sentido do BEM-AGIR.
E a...
POLÍTICA, que é o comportamento do governante para com seus governados. É o trato da coisa no sentido do BEM COMUM.
Note a palavra “bem” em cada um dos dois conceitos. Ela é fundamental. Se fosse omitida, qualquer ação humana poderia ser considerada justa. 
Para se atingir esse bem comum, produzem-se LEIS, visando organizar a sociedade: é o bem comum na mente do legislador. E, para que tais leis visem o bem comum, elas deverão ser JUSTAS. Foi feita a parte do governante. Aos governados, cabe o cumprimento delas para se atingir o bem comum de se manter a sociedade organizada.
Com o surgimento das leis, o que surge? O DIREITO! Note que os gregos não pensam no Direito propriamente dito, mas em justiça, ética e política. Essa lógica ilustra todo o pensamento grego a respeito do assunto.
Justiça para Aristóteles:
Justiça doméstica: dentro da família. Quem julga o certo e o errado é o chefe; o governante não se intromete nos lares.
Justiça política: quer dizer “justiça da pólis”.
Justiça Natural: aquela que é igual para todos, independentemente da origem: poderia ser bárbaro, dório, jônio, aqueu, coríntio, ateniense, cretense, espartano, troiano, tebano, macedônio, helênico ou possuir qualquer outra origem na Grécia antiga. A Natureza não observa diferenças de origem ou etnia para se impor em suas manifestações aos homens. 
Justiça Legal: advém da lei. Trata-se da aplicação da lei.
EQÜIDADE:  relativa a equilíbrio, não necessariamente a igualdade. Exemplo: era uma vez um estabelecimento vulgarmente conhecido como “Carrefour”, que estava realizando uma obra em sua filial da Asa Norte em Brasília. Em certo momento houve um desabamento que espalhou estilhaços de material de construção, causando danos ambientais à região adjacente. A justiça lhe condenou o supermercado a pagar uma multa no valor de R$ 100.000. A empresa é grande e transnacional, e, portanto, teria condições de pagar o valor estipulado, ainda que não de bom grado e sentido o impacto no orçamento. Mas, e se tratasse de um empreiteiro menor, menos conhecido? Os mesmos R$ 100 mil deveriam ser aplicados a ele? Se fosse o caso, não haveria equidade: provavelmente a justiça o condenaria a pagar uma multa no valor de apenas R$ 10 mil, causando, neste último causador do dano, um impacto no orçamento proporcional ao que fora causado ao Carrefour. Aí haveria a eqüidade, que consiste em aplicar sanções proporcionais ao que cada uma das possíveis partes rés deveria achar que foi um “considerável rombo no orçamento”. Por outro lado, se fosse cominada ao Carrefour uma multa de apenas 10 mil, a justiça não teria sido feita; provavelmente o administrador da obra manteria o processo de construção como estava, visando completá-la mais rapidamente, já que “R$ 10.000 de cada vez não serão um grande problema”. Eqüidade é, portanto, a justiça na aplicação da justiça legal. 
Conceito de justiça para Aristóteles sob enfoque social – entre as partes
Justiça total: cumprir todas as leis.
Justiça particular distributiva: dar a cada um o que é seu. Exemplo: partilha dos lucros de uma empresa entre os empregados que ajudaram a levantá-los, de acordo com a produtividade de cada um.
Corretiva: se houve algo errado, por exemplo, em algum contrato. Far-se-á a correção do que estava acordado com um novo acordo. Aristóteles pensou até nisso, e suas ideias a esse respeito valem até hoje.
** Dois textos de Aristóteles poderão ser obtidos na pasta 11 da Xerox do bloco 9.
segunda-feira, 24 de março de 2008
 
A aula de hoje é de história porque veremos a origem de muitas coisas que estudaremos num futuro próximo. O objetivo é entender os reflexos dos costumes nas antigas civilizações no Direito Contemporâneo.
 
1.       Crenças antigas
2.       Culto aos mortos
3.       Fogo sagrado
4.       Religião doméstica
5.       Família
6.       Direito de propriedade
7.       Direito de sucessão
8.       Autoridade paterna
9.       Cidade
 
Analisaremos o surgimento das cidades primitivas em torno de uma família. Um livro muito importante sobre o assunto é o “A Cidade Antiga”, de Fustel de Coulanges, escrito no século XIX, considerado um clássico e uma das fontes primárias sobre o assunto. Devemos ler o livro, não necessariamente neste semestre, mas é importantíssimo sobre nossa formação. Outro de relevo é o Introdução Histórica ao Direito, que consta em nossa bibliografia complementar.
 
O homem, por ter potencial de raciocínio diferente dos outros animais, logo dominou a Natureza, começando pela observação de padrões repetitivos nos fenômenos. O primeiro e um dos mais relevantes exemplos foi a percepção das diferentes estações do ano. Tentando explicar a Natureza cada vez mais ordenadamente, as populações recorriam aos pensadores e/ou os mais intelectuais da região para propor uma possível explicação. Tomemos o caso do Arco-Íris: admitia-se que seria alguém num nível acima das nuvens o responsável pela sua formação. Ávidos para explicar aquilo cujas causas não conseguiam ver, elaboraram a crença nos deuses. A partir daí, se algo ocorresse fora dos padrões já observados, então deveria ser devido a alguma intervenção divina; logo, buscava-se não irritar os deuses: ofereciam animais em sacrifício para acalmá-los.
 
As crenças levaram os homens, ao longo do tempo, a levantarem questões cada vez mais complicadas: perceberam que havia, necessariamente, o nascimento e a morte. O primeiro era, obrigatoriamente, precedido pelo crescimento da barriga da mãe e que, depois dos 9 meses, o bebê nascia; ao mesmo tempo observava-se que 100% dos nascidos morreriam um dia. Era mais um padrão repetitivo. O curso natural da vida era evidente, mas indagava-se sobre o que viria depois. Se hoje, em 2008, ainda não temos uma resposta cientificamente definitiva sobre o que acontecerá no Post mortem, imagine então há seis mil anos. Só conseguiam observar a decomposição dos corpos dos mortos, os sinais vitais dos recém-falecidos e então notar as diferenças. Ora, a única diferença entre o vivo e um que acabara de morrer era apenas que o segundo não se manifestava, não tinha pulsação nem respiração, mas ainda tinha corpo quente, pele intacta e sinais gerais quase idênticos ao tempo em que estivera vivo. Imaginaram, então, que dentro do corpo deveria haver algo que o movimentava, que seria a alma ou o espírito: junção de matéria (corpo) com algo imaterial (espírito). Na morte, portanto, teria havido a separação entre esses dois entes. O espírito do morto, segundo as crenças, continuaria vagando em meio aos vivos. Em seguida, surgiu o culto e o respeito aos mortos. Os remanescentes esperavam que o espírito vagante que fosse cultuado os ajudaria, do contrário, atrapalharia.
 
Ritual do fogo sagrado: acendia-se uma tocha permanente para simbolizar o contato dos vivos com o espírito dos mortos. Quanto mais antepassado, mais sagrado tornava-se o morto. Os espíritos que ainda vagariam na Terra eram chamados Manes. Aqueles que não recebessem nenhuma reverência em forma de cultos sentiam-se desprezados e começariam a causar estragos, como pondo fogo nas plantações, espantando peixes, dispersando as presas, etc. Esses eram chamados de “Larvas” – os que faziam o mal. Se, no entanto, o espírito passasse a ser reverenciado pelos vivos, ele se tornaria bom e seria denominado “Lar”. Os Lares eram justamente os espíritos de antepassados das famílias que eram cultuados. Note o uso do termo “lar” atualmente: trata-se não da construção física das nossas casas, mas do ambiente afetivo familiar.
 
Os mortos eram enterrados com seus bens materiais, como cavalos, escravos e objetos. Acreditava-se que o morto poderia usufruir de tais itens “do lado de lá”. 
 
No momento do culto, ofereciam-se alimentos ao espírito do morto. Jamais, entretanto, dariam uma ovelha em avançado estágio de decomposição, pois seria um descaso: se não ofereceriam algo dessa qualidade para o vivo, imagine para o morto, que poderia ficar com raiva e teria condições de provocar malogros? Para beber, não ofereciamágua, pois esta era muito simplória; oferecia-se, em vez disso, vinho, que é uma bebida mais refinada. Então, antes da primeira degustação, os vivos realizavam a libação: vertia-se o cálice de vinho, derramando-o ao solo em oferecimento ao espírito. Era como “dar um golinho ao santo”. O portador do vinho a ser libado deveria ser o patriarca da família, que era o chefe, chamado de pater familiae. Estava criado, então, o ritual de família. Tratava-se da religião doméstica, diferente de família para família. Cada um cultuava seu próprio Lar.ão
 
Os Lares simbolizavam a afetividade inerente à família, e, como já dito, na época não se tomava a palavra “lar” como “morada”. As oferendas para os Lares eram feitas no local onde o morto estava enterrado. Depois, construía-se uma espécie de altar em volta do túmulo, envolvendo-o com um cercado, objetivando-se manter o espírito do morto por perto. O pater, pelo curso natural, deveria ser o próximo a falecer e então “passar para o lado de lá”, tornando-se um novo Lar.
 
Somente os descendentes consangüíneos poderiam cultuar seus Lares. Haveria, portanto, um conflito de interesses depois do casamento. Por esse motivo que se construíam cercas em volta dos túmulos. Isso deu origem à propriedade privada, algo muito importante para o Direito. O altar, embaixo do qual havia o túmulo do morto, era a primeira forma de propriedade privada, governada pelo pater familiae. O chefe era o pontífice, que não significa “papa”, mas “o maior de uma religião”. Quando o pater morria, o filho mais velho assumiria seu lugar, já que a filha mulher, caso se tornasse a mais velha, deveria se casar com um homem de outra família, ou seja, passaria a reverenciar os Lares daquela nova, e teria que renunciar aos deuses originais. Já o homem nunca sai da família pois a descendência era paterna, na linha de sangue do homem. Caso nascessem gêmeos, o primeiro a sair teria a primazia. Se apenas nascessem mulheres, a mulher seria considerada culpada pela falta de filhos homens; a mulher estaria, pois, com “defeito”, que poderia ser repercussão da insatisfação dos deuses para com ela. Nesse caso, trocava-se de mulher para que a nova pudesse produzir um homem para dar continuidade à família. Estava criado, nos moldes remotamente antigos, o divórcio! A mulher teria sempre que ser tutelada por um homem, fosse ele seu pai, marido ou filho. O homem tinha a obrigação de casar, para gerar filhos. Era necessário, então, que a família gerasse uma grande prole. Se um dos filhos fosse, por acaso, afeminado, seria porque os deuses não estariam contentes com ele. Filho que se encaixasse na descrição de defeituoso só tinha um destino: a morte!
 
O importante para a família era o nome. Tratava-se de mais uma manifestação do Direito.
 
Também era permitida a adoção e a emancipação. O adotado receberia o nome da família que o acolhia, e o emancipado adotaria o nome da família que viesse a fazer parte no futuro, já que ele passaria a reverenciar os novos Lares. No contexto, o que mantém a família unida não são os laços afetivos, mas a religião doméstica, ou seja, o culto aos mesmos Lares. A propriedade privada, no caso, o altar/túmulo, não poderia ser vendida, pois era lá que estava enterrado o que havia de mais precioso: os deuses da família. Só era permitida a venda daquilo que fosse fruto do trabalho. A evasão do local residencial só era permitida em caso de invasão de povos inimigos ou se o terreno esgotasse em espaço. A propriedade privada, naquele tempo, não era fruto do trabalho, mas da religião. O pater fazia o papel de governador, mediador, pontífice, juiz e chefe de família.
 
Formação das cidades antigas, especialmente as gregas e romanas: quando duas famílias se conheciam e percebiam que havia um antepassado comum, as duas se uniam e constituíam um clã, chamado “fratria”, ou “cúria”. Passavam a fazer, então, a adoração a esse deus (antepassado) comum. O curião, o chefe do clã, exercia o papel de sacerdote. O culto no clã era feito aos deuses Lares, pelas respectivas famílias, mais ao deus comum. Formava-se um novo laço religioso, não de amizade. Seguindo a mesma lógica, quando duas cúrias se encontravam e ocorresse de detectarem um antepassado comum e ainda mais antigo, ambas se uniriam e constituiriam uma “tribo”. Um dos anciãos será o novo sacerdote.
 
O estandarte era o símbolo sagrado, de cada clã, levado para as guerras. Atrás, vinham as bandeiras associadas a cada família que dera origem ao grande grupo. Dessa lógica observamos a atual frase: “a família é a célula mater da sociedade”.
quinta-feira, 27 de março de 2008
Direito Romano na Antiguidade
 
Evolução política:
Realeza (~753 a.C a 510 a.C)
República (510 a.C. a 27 a.C.)
Alto Império (27 a.C. a 284 d.C)
Baixo Imperio (284 d.C. a 476 d.C)
 
Evolução do Direito:
Direito Romano muito antigo
Direito Romano clássico
Direito Romano do Baixo Império
 
O objetivo desta aula é falar sobre o Direito através da História. A aula anterior foi de história propriamente dita; hoje buscaremos a observação dos padrões repetitivos ao longo do tempo, bem como os fatos que provocam causas semelhantes.
A cidade de Roma, logo depois de fundada, seria composta basicamente pelos grupos familiares descritos na aula anterior: famílias que se agrupavam em cúrias ou clãs, que por sua vez compunham-se em tribos, que finalmente comporiam a cidade. Lembrando que as famílias, na antiguidade, adoravam seus deuses Lares, enquanto regulavam, pelo costume, o direito de propriedade e de sucessão. Mas, naquela época, sequer cogitava-se falar em Direito como conhecemos hoje, apenas o costume era seguido. Esses costumes foram repassados de geração para geração até que criaram algo que chamaríamos Direito Costumeiro (ou consuetudinário). As sociedades primitivas foram, então, crescendo e se organizando apoiadas nos costumes. Derivada do costume, surge a ideia de obrigatoriedade. Pregava-se que os indivíduos deveriam agir de tal modo apenas "porque as gerações passadas assim o fizeram.” O costume não era de cumprimento compulsório, mas quem não aderisse seria excluído. A ordem a ser obedecida foi trazida com o advento dos costumes e com a progressiva organização do nascente Direito Costumeiro. Tudo, é claro, baseado na família.
Roma, no inicio, deve ser entendida como a cidade. No final, devemos tomar o termo como o império e sua extensão. A sociedade crescia em população, se tornava cada vez mais rica e complexa, recebia correntes migratórias. Com isso também aumentavam as dificuldades de administrá-la.  
Em cada família havia o seu próprio costume, portanto, seu Direito costumeiro. Ela tinha autonomia. Ela própria colocava suas normas e tinha sua própria religião (a chamada religião doméstica). A família, como sabemos, não era formada apenas por pessoas da mesma linhagem consangüínea; havia também os agregados, ou indivíduos que iam sendo adotados, já que a família tinha que ser auto-suficiente. O agregado também era um homem livre.
Os pertencentes à família eram os patrícios, subordinados ao pater familiae. Os agregados, também chamados de peregrinos, que não pertenciam originalmente à família, eram os plebeus. Havia também, entre essas duas classes, os clientes, que eram parentes mais distantes do patriarca e gozavam de menos privilégios, em geral apenas da proteção dele. Quando as famílias se reuniam em clãs (ou cúrias), que, por sua vez, se reuniam em tribos, surgiu a necessidade de se nomear um governante. Ele foi escolhido pelos paters, e foi denominado rex (rei), para um mandato de dois anos. Ele não poderia fazer tudo: não poderia se intrometer nas questões internas das famílias, mas intermediava a resolução dos litígios entre elas. Servia para manter a convivência mútua e promover o ordenamento. Como o rex era escolhido pelos paters, estes limitavam o poder daquele. O conjunto de paters representava o Senado romano em formação: os primeiro senadores eram justamente os chefes das famílias. Ele não poderia declarar guerras, instituir impostos, nem criar leis que não sejamno intuito de organizar a sociedade. Devia satisfação ao Senado.
O rex atuava apenas no sentido de manter a ordem entre as famílias, mas não interferia nelas. Acabava tendo papéis que se assemelhavam aos poderes executivo, legislativo e judiciário, apesar de que a divisão formal de poderes só seria criada mesmo no séc. XVIII. No entanto havia, por exemplo, a necessidade de se realizar julgamentos, e apontar mediadores (juízes) para tal, bem como impor medidas de ordem. Com os costumes, criaram-se as leis. 
510 a.C.: a sociedade já está maior. Os patrícios se multiplicaram, os peregrinos também. A plebe explode em população. Uma única pessoa passa a não mais ter condições de governar a Roma desse período. O Senado, então, dá fim à monarquia e implanta a república. A partir desse momento não havia mais rei, mas sim cônsul, em seguida dois cônsules. Eram escolhidos pelos senadores. Mas Roma também se tornara grande em área e população, e a organização também precisava ser melhorada. Criaram-se, então, os magistrados. Note que a palavra "magistrado", na época, não tinha a acepção que tem hoje, que é a de juiz, mas de um órgão administrativo. Ele seria chamado de pretor: administrava a justiça.
Símbolo da justiça romana: mulher de olhos vendados segurando a balança com as duas mãos. Chamava-se Iustitia. A balança tem um ponteiro no meio, que, no caso de equilíbrio, deveria ficar na posição vertical, ou RETO, ou melhor: DIRECTUM (essa palavra é sugestiva). A venda no olho sugere a demanda de uma concentração muito grande. As duas mãos na balança indicavam que os romanos davam mais importância à atividade intelectual da deliberação do que da aplicação da sanção propriamente dita.
A CENtúria, aglomerado familiar, vem da palavra CENso. O censo era importante para se fazer a divisão dos indivíduos pelas suas posses, como feito inicialmente por Sérvio Túlio, sexto e penúltimo rei do período monárquico, e, com o conhecimento das posses dos indivíduos, cobrar os impostos.
Concilia plebis: concílio dos plebeus: reivindicação da escrita das leis costumeiras. É criada a Lei das XII Tábuas.
Com as revoltas plebéias, surgem eventualmente os PROCESSOS. Assim está se formando um Direito, que vale para todos. Assim, o que surge em seguida? A noção de justiça!
Comparemos, então, com o Direito grego: primeiro, Aristóteles escreveu sobre a ética, que seria o bem-agir; a política, que seria o bem comum; justiça como virtude (ler os 2 textos de Aristóteles na pasta 11 da Xerox do bloco 9) e então a sociedade grega elabora o seu próprio procedimento processual.  Ideias geraram o processo, cujos resultados eram, posteriormente, agregados às leis costumeiras da Grécia *. Note que os romanos fizeram justamente o contrário: “positivaram” as leis por escrevê-las nas tábuas, permitindo que mais pessoas, principalmente da plebe, tivesse acesso ao conhecimento delas e, a partir disso, os processos surgiam.
 
* Neste momento o professor citou a diferença entre o surgimento do processo na sociedade grega e na romana, dando a entender que um se originou com os elementos na ordem contrária à do outro, por isso pus a passagem com asterisco em itálico: Na verdade, não tenho certeza se as leis gregas eram elaboradas no momento citado, ou seja, no final do processo.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Ius civile,  ius gentium e evolução do Direito romano
(grandes fragmentos de texto em itálico são relatos históricos suplementares.)
Ius civile: Direito romano aplicado aos cidadãos, ou seja, homens livres residentes na república, o que exclui escravos e estrangeiros. É elaborado; vai tornando-se cada vez mais complexo e incluía o processo, que foi gradualmente adotado depois da concilia plebis e da criação da Lei das XII Tábuas, com as cinco revoltas plebéias durante o período republicano. O cidadão romano era considerado cidadão em todo território, seja ele na própria república, na península itálica, nos territórios aliados, nos protetorados e províncias. Qualquer delito cometido pelo cidadão, onde quer que fosse, acarretaria um processo a ser julgado pelo Direito do cidadão.
Ius gentium: o conquistador romano não impunha a Lei das XII Tábuas nem o ius civile aos povos conquistados, isso seria desgastante demais, inclusive em tempo. Para eles, valeria o Direito costumeiro, aplicado a todos os não-cidadãos e estrangeiros. Não possuía o processo completo. Isso também interessava a Roma na questão da organização do governo, ou seja, na verdade o que decidia qual dos dois direitos a ser aplicado seriam a conveniência e o momento. Ius gentium: Direito “das gentes”, Direito comum, de todos (os outros).
São Paulo era cidadão romano; ao reclamar sua cidadania, recebeu o direito de ser processado de acordo com o ius civile. Se não fosse, receberia o ius gentium. Este último englobava diferentes costumes, culturas e localidades. Mas havia uma base comum entre os dois, por exemplo, nas questões de família e reparação de danos.
Patrício: descendente sangüíneo do patriarca; era considerado cidadão. O peregrino, em geral homens livres, ou seja, agregados sem laço de sangue, eram os “clientes”. O Direito da época não era formal, era costumeiro. O agregado não conhecia todo o Direito da família e acabava relativamente prejudicado e perdido.
O ius civile entrará em declínio com o tempo, não se sabe exatamente quando que ele perde praticamente toda a representatividade; mas não o ius gentium, que perdurará.
Com a conquista do Mediterrâneo e o aumento da população, o sistema republicano torna-se ineficiente; iniciam-se as guerras civis, revoltas de escravos como Spartacus, cônsules tornam-se ditadores e o banho de sangue é fantástico: quando Crasso sufocou a revolta de Spartacus, cruzes foram fincadas no chão em fileira de Roma até Cápua, uma para cada revoltoso morto, para servir de exemplo para os próximos insurgentes. Depois disso forma-se em Roma um modelo de governo até então inédito o Primeiro triunvirato, com Crasso, Pompeu e Julio César. Os dois últimos eram os cônsules, Crasso era o general vitorioso que derrotou Spartacus, e foi admitido no trio. O primeiro triunvirato dura dez anos, até que Júlio César torna-se ditador absoluto. Ao morrer, ele nomeia em seu testamento o sobrinho-neto Otávio como herdeiro do poder, menino que logo cedo já tinha grande habilidade com a política. Otávio formaria o segundo triunvirato juntamente com Lépido e Marco Antônio, para depois seguir os passos do tio-avô, instigando o Senado contra Marco Antonio que queria dar suas províncias de presente para o Egito. Otávio lança campanha militar contra ele e torna-se o primeiro imperador romano.   
A república, então, torna-se gradativamente ineficiente, o território já abrange todo o norte da África, Europa Ocidental, sul da Bretanha e Ásia Menor. Otávio, agora com o título de Augusto (divino), inicia o que se chamou de principado, centralizando o poder em suas mãos. O concílio da tribo, do clã e da plebe (concilia plebis) vão sumindo, a começar por esta última. O Senado ainda vive neste momento, mas também perderá espaço em seguida, já que Otávio criará prefeitos para assumir as mesmas atribuições dos pretores de outrora para executar o serviço mais eficientemente. Imperador: “general vitorioso”; príncipe: “primeiro cidadão”. Ele, no entanto, ainda se subordina ao Direito romano clássico, ou seja, não está acima da lei pois é apenas mais um cidadão, apesar de ser “o primeiro”.
Édito de Caracala (212 d.C): O imperador de mesmo nome estende a cidadania romana para todos os habitantes do território. Acaba a distinção entre patrícios e plebeus. O ius civile acaba quase que de vez. Cuidado: o nome real de Caracala, décimo-sexto imperador e pertencente à Dinastia dos Severos, era Marco Aurélio. Não confudir com o décimo-terceiro imperador, também chamado Marco Aurélio, que era da dinastia anterior, dos Antoninos.
Nascimento de Jesus Cristo: o advento do Cristianismo, que traz um novo Direito oriundo do Direito hebreu, tomará parte do espaço do Direito Romano. A evangelizaçãodos apóstolos também contribuiu bastante para a propagação da fé cristã. 
O Cristianismo revolucionou o modo de ser da pessoa. Ele avançava de forma clandestina, subterrânea. A dificuldade de se administrar o império, ainda na época do Alto Império, era crescente. Nunca mais foram conquistadas novas províncias; na verdade as mais longínquas eram sucessivamente perdidas para os bárbaros germânicos e então conquistadas novamente, o que onerou muito, especialmente com a necessidade de se pagar as legiões. Isso também significa que a aquisição de novos escravos praticamente cessou, e ainda havia o Cristianismo: a fé prega a salvação da alma pelo amor ao próximo, o que levou muitas pessoas a usarem homens livres na produção em vez de escravos. Faltou trabalho em Roma, a comida já não era suficiente. A política do pão-e-circo estava na moda; a plebe recebia regularmente alguns grãos, ou seja, ficavam de barriga cheia e cabeça vazia: eles não trabalhavam e a única atração disponível era a luta entre gladiadores e leões no Coliseu. A produção intelectual também entrou em declínio nesse tempo. No plano militar, os altos generais, cujo poder lhes subia à cabeça ao vencer batalhas, começavam a questionar as ordens vindas de Roma: iniciava-se uma anarquia militar. O Direito Clássico entra em declínio.
Diocleciano (284 d.C): o início de seu governo marca a transição entre o Direito romano clássico e o Direito romano do Baixo Império. Diocleciano tomou medidas para retardar a inevitável ruína do império. Não foi oficialmente ele quem dividira o Império Romano entre Ocidente e Oriente; isso seria feito posteriormente em 395. Diocleciano instituiu a tetrarquia, dividindo o império em 4 imperadores (*). Perseguiu cristãos por milhares de quilômetros, fez espetáculos com a morte deles e obrigou o culto a Júpiter. 
Buscando unicamente a manutenção e ordem do Império, ele resolveu acabar com o principado, iniciando o Direito romano do Baixo Império, no qual o governante estava acima da lei e portanto não se subordinava a ela, como se fazia durante o Direito romano clássico. O imperador não é mais chamado de primeiro cidadão (príncipe, cidadão que, como outro, se subordina às leis) para se chamar dominus. Inicia-se, então, o dominato, que tinha características de monarquia. O Direito romano clássico entra em declínio e a lei feita pelo dominus passa a ter preponderância. Lei do dominus seria a “lei à moda dele, de acordo com o desejo do imperador”. As decisões do imperador tinham força de lei mas, depois de Diocleciano, até as questões particulares e a família começaram a receber intervenções. O pater familiae já não tinha mais a autonomia de antes; a lei era impositiva e não mais costumeira em seu todo. O dominus não é considerado cidadão e o Direito será feito na base do “eu quero”. Obedeceria aquele que tivesse juízo, ou sanções severas seriam imputadas. Fim do compromisso com o Direito clássico.
O imperador não tinha preocupação com a legitimidade de seu governo, já que a prioridade seria manter a ordem num império cada vez mais difícil de manter: os bárbaros eram atraídos pelas terras mais férteis e quentes do sul. O imperador passou a fazer papel de tirano, apesar da designação oficial de dominus.
Édito de Milão (313 d.C): o imperador Constantino funda a nova capital do império, mudando para Bizâncio, e alterando o nome da cidade para Constantinopla. Legaliza o Cristianismo e a liberdade de culto. Há, então, a convivência entre a religião católica e a politeísta tradicional. 
Com a declaração do Cristianismo como religião oficial, os antigos cultos familiares já não são mais permitidos. Foi possível fazer essa proibição já que o imperador passou a intervir no interior das famílias. 
O aspecto religioso se  une ao político: benefício para ambos. A religião deixa de ser clandestina e então consegue mais adeptos; o governo arruma um novo respaldo.
A Igreja se organiza. Forma-se o clero secular e os cânons, que eram as normas da Igreja. Surge, assim, o Direito Canônico.
Divisão do Império (395): o império desse momento, apesar de ainda estar grosseiramente com a mesma extensão territorial do Alto Império, já estava grande demais para ser administrado em meio a tantas crise, invasões e crescente ruralização (que viria a formar o sistema feudal). Foi feita, então, a divisão entre Império Romano do Ocidente, com capital em Milão, e Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla (Bizâncio). Com tantas invasões e crise das “folhas de pagamento” do exército oficial (legiões), recorrem-se aos mercenários, que defenderiam as fronteiras sob a bandeira de Roma em troca de dinheiro e terras. Dinheiro foi gasto do mesmo jeito, a crise se intensifica. E assim, houve a...
Queda do Império Romano do Ocidente (476).
Recapitulando: a evolução política romana passou, nessa ordem, pela realeza, república, principado e dominato. A evolução do Direito foi notada no Direito romano muito antigo, Direito romano clássico e Direito romano do Baixo Império. No segundo e mais importante, tanto os senadores, cônsules e o imperador estavam abaixo do Direito; já no Direito romano do Baixo Império, o governante era por muitas vezes tirânico e governava acima da lei; suas decisões também tinham força de lei. O Direito romano clássico durou 434 anos: quase quatro séculos e meio de produção!
Princípio da personalidade do Direito: os povos bárbaros que invadiram o império eram assim chamados pelos romanos porque tinham padrões culturais bem inferiores aos deles. Logo, também tinham um sistema jurídico diferente. Na ocasião da coabitação entre romanos e germânicos, duas soluções eram possíveis: na primeira, o vencedor imporia seu Direito ao vencido, fazendo vigorar o Princípio da Territorialidade do Direito; ou então deixaria que os povos vencidos mantivessem seu próprio sistema jurídico pré-existente. Seria o Princípio da Personalidade do Direito. Esse conceito deu origem ao Direito internacional contemporâneo.
* Observação do Leo: consta, nos registros históricos que eu li, que, na verdade, Diocleciano não centralizou o poder em suas mãos, pelo contrário, ele buscava uma forma de administrar o domínio comprometido do império mais facilmente, então instituiu a tetrarquia, ou governo de quatro homens, que seria um sistema no qual ele ficaria com o Oriente e nomearia um homem de sua confiança para a parte ocidental, no caso, um homem chamado Maximiano. Esses dois eram chamados Augustos. Cada um dos Augustos nomearia um subimperador, denominado césar, para ajudá-lo e substituí-lo depois de vinte anos. Constantino, que veio depois, recentralizou o poder na mão de um único imperador e propagou o Direito romano do Baixo Império: era o Direito à moda do governante.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Direito na Idade Média
 
Tópicos:
Povos germânicos que invadiram Roma
Pluralismo jurídico
Império Romano do Oriente
Dinastia Carolíngia
Feudalismo
Linha do Tempo: 
Povos germânicos que invadiram Roma: francos, visigodos, ostrogodos, lombardos. A cultura desses povos era fraca, muito oral, quase nada escrita. Como que eles conseguiram, então, dominar uma população maior com uma cultura menor? Com a força. E como aqueles que falam outra língua dominam Roma? Eles teriam que governar o que outrora fora o poderoso império Romano. No entanto, o governo da época, apesar das gradativas invasões, ainda estava bem estruturado, mesmo que em estado decadente. Os bárbaros, então, dominaram os postos-chave. Mantiveram os romanos nos cargos inferiores. Alguns territórios estratégicos são desapropriados, mas em geral os germânicos não fazem tantas mudanças. O cidadão romano, na condição de invadido, inicialmente acha ruim. Mas logo depois ele verá que as coisas não mudaram tanto, e que a vida dele permaneceu mais ou menos do mesmo jeito.
Cada um dos povos germânicos que chegavam tinham seu próprio Direito costumeiro.
Pluralismo jurídico: coexistência de Direito Natural, Direito Comum, Direito Canônico e Direito Germânico. Esse último praticado pelos povos invasores:francos, ostrogodos, visigodos e lombardos. A vida na região dominada era difícil. As questões de governo eram resolvidas com base no direito do invasor (germânico), que o impunha pela força; o romano que se adequasse. Mandava quem podia, e obedecia quem tinha juízo. Já os litígios envolvendo dois romanos eram resolvidos com base no Direito romano mesmo. Em caso de desentendimento entre dois francos, aplicava-se o direito consuetudinário deles. Se não fosse uma questão de governo e envolvesse um romano e um franco, buscava-se aquele que cometeu o delito. Se o romano fosse o autor, aplicava-se o Direito romano; se fosse franco, aplicava-se o costumeiro germânico. Isso se chama Princípio da Personalidade do Direito: aquele que vai a algum lugar leva o seu Direito. O princípio da territorialidade, usado atualmente, diz que vale o local onde o delito fora cometido.
Império Romano do Oriente (528): Justiniano monta uma comissão de juristas e os manda estudar e resgatar o Direito Romano Clássico (que vigeu durante 434 anos, entre 150 a.C. e 284 d.C.). O estudo levou seis anos. Nesse período, Justiniano faz o seu código: o famoso Código de Justiniano. Depois do estudo, os juristas compuseram o digesto (ou pandectas): coleção de 50 livros com as leis romanas. O digesto era organizado de acordo com os  jurisconsultos responsáveis e cronológicamente.
Institutas: 4 livros.
Com as novas leis, montam-se as novelas, compiladas em 3 livros. A esse conjunto de livros dá-se o nome de Corpus Iuris Civilis, ou, em português, Corpo de Direito Civil.
Toda essa produção se deu no período do pluralismo jurídico.
O Império Romano do Oriente só caiu em 1453, no ano que marca a transição entre Idade Média e Idade Moderna, portanto o Direito Bizantino manteve-se vivo durante toda a Idade Média. 
Dinastia carolíngia (751): Pepino, o Breve, recebeu a coroa dos francos depois que o papa Zacarias autorizou a prisão do rei anterior, Childerico III. Pepino foi sucedido pelos seus dois filhos, Carlos Magno e Carlomano, que dividiram o reino herdado. Carlomano morreu em 771 e Carlos Magno passou a governar sozinho. Carlos Magno iniciou uma violenta política expansionista e engajou-se em 50 guerras durante seus 14 anos de reinado. Suas conquistas lhe trouxeram prestígio militar e levaram o Papa Leão III a pedir sua proteção. O papa pretendia livrar-se de seus inimigos políticos e fortalecer o poder temporal da Igreja (poder exercido sobre a esfera não-religiosa pela Igreja).  Carlos Magno faz grandes concessões a Leão, que, em troca, durante uma missa, colocou sobre a cabeça de Carlos o diadema dos antigos imperadores romanos, e pronunciou a frase: “A Carlos, Augusto, coroado por  Deus, grande e pacífico imperador dos romanos, vida e vitória.” Nasce, daí, a tradição de poder divino dos reis. Esse ato conferiu ainda mais poderes a Carlos Magno. A partir disso, ele prestaria contas apenas a Deus; aos governados, “adeus”.
Após cada conquista territorial de Carlos Magno, ele coloca um nobre em cada região conquistada, conferindo-lhe poderes administrativos. Então, ele iniciou um plano para conferir identidade ao território: como seria possível a convivência com tantos diferentes Direitos? Seria realmente muito difícil. Ele tentou unificar o Direito em todo o território. É o inicio do fim da personalidade do Direito. Época: por volta de 800.
Com a morte de Carlos Magno, a herança é disputada. Os nobres continuaram em suas áreas, e os novos reis, descendentes de Carlos, eram fracos. Os nobres começaram, então, a questionar a autoridade do rei. É a consolidação do feudalismo: os então nobres se transformaram em senhores feudais.
Feudalismo: Direito natural, Direito canônico, Direito romano, Direito germânico (agora misturado entre os reinos que já sofreram dezenas de divisões e reunificações.) Para complicar ainda mais, havia o Direito costumeiro de cada feudo.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Direito na Baixa Idade Média
Recapitulação das ideias da aula anterior:
Pluralismo jurídico
Corpus júris civilis
Carlos Magno
Direito Romano e Direito Canônico
Coroação “divina” do rei
Doação de terra ao Vaticano
 Tópicos de hoje:
Renascimento cultural
Universidades
Transição até o final da Idade Média
Direito Português e sua influência no Brasil nascente
Reforma protestante
Iluminismo
Brasil no século XVIII
Lei da Boa Razão
Renascimento cultural: reflexo do pensamento de Carlos Magno e surgimento das universidades. A primeira é a de Bolonha. Dentro de um século haverá várias em toda a Europa Ocidental: Itália, França, Espanha, Inglaterra e Portugal. Com as universidades, começa o estudo mais científico dos assuntos relevantes da vida humana. Uma delas é a própria organização social: são necessárias regras, então o estudo foi orientado à elaboração de normas, ou seja, fazer o Direito. Outra questão importante para a época era a Medicina.
Com a difusão do estudo do Direito nas universidades, as universidades começam a sistematizar o estudo. O Direito da Alta Idade Média era o Direito comum somado ao Direito germânico, vindo dos outros povos, e o Direito canônico, que fora inicializado com a oficialização da Igreja Católica em 313.
Universidades: as universidades, no inicio, foram povoadas pela Igreja, afinal era o clero o detentor do conhecimento até então. Os padres eram os sábios; os monastérios possuíam os livros reproduzidos pelos monges copistas.  Foi, gradualmente, sendo iniciado o estudo sistemático, algo que não era visto desde a Roma clássica cerca de mil anos antes. Para elaborar o conhecimento, especialmente sobre o primeiro assunto, a organização da sociedade, os acadêmicos recorreram ao Direito romano clássico, que fora reproduzido em 528 sob as ordens de Justiniano, que organizou o corpus juris civilis.
Ao estudar o Direito romano clássico, verificam que ele está razoavelmente organizado mas, evidentemente, algumas particularidades ficaram obsoletas com o tempo. A sociedade da Baixa Idade Média já era bem diferente daquela da Antiguidade Clássica; houve intercâmbio entre romanos e germânicos, povos culturalmente muito diferentes. Motivados pela necessidade de se levantar os pontos mais importantes que foram compilados nos 434 anos de Direito romano clássico. Esses foram os glosadores. [glosar: glo.sar (glosa+ar2) vtd 1 Anotar, comentar, explicar por meio de glosas: Glosar um texto clássico. vtd 2 poét Desenvolver por meio de glosas ou em versos (um mote). vint 3 Fazer glosas. vtd 4 Anular ou rejeitar (parte de uma conta, de um orçamento). vtd 5 Censurar, criticar. vtd 6 pop Suprimir (parte de um escrito).]
Como as universidades foram inicialmente católicas, o Direito canônico também era ministrado. 
O sistema feudal começa a se tornar obsoleto com o surgimento do comercio  entre os feudos. Estradas são construídas e intensifica-se o trânsito de pessoas. Crescem em número e tamanho as cidades independentes, que não estavam subordinadas nem delimitadas pelos muros de nenhum feudo. Isso estimulou a prática do banditismo nas estradas; ladrões, atraídos pelo trânsito de carruagens com mercadorias e valores, se profissionalizam. Ora, no caminho entre dois feudos, ninguém possuía jurisdição. Era exatamente a brecha que os reis da época, enfraquecidos pela autonomia dos senhores feudais, encontram para fortalecerem seus poderes. Buscaram instituir uma polícia para permitir um comércio mais seguro. Com isso, naturalmente surgiu a necessidade da criação de novas normas. É neste contexto que surgem as corporações de ofício, como as de artesãos e comerciantes. Cada corporação cria suas próprias normas e sua nova organização (usando aquilo que chamamos burocracia interna). Os comerciantes eram os mais assaltados. Para evitar o transporte de valores em espécie, foi criada a letra de câmbio, usada até hoje.
Essas mudanças deram origem à economia comercial e financeira. As normas ganharão maior força, especialmente a partir do séc. XIV. Há uma coincidência com as Cruzadas e, depois, com a busca por especiarias. 
Para o Direito, essa ebulição da vidaurbana e da prática comercial torna imperativa a confecção de mais normas. Neste momento, as universidades estão estudando o Direito da Alta Idade Média. 
Transição até o final da Idade Média: durante a transição entre o séc. XIII e 1453 houve a recepção ao Direito romano clássico. Em outras palavras, houve a romanização de toda a Europa Ocidental. O estudo do Direito feito nos anos anteriores serviu de base para a criação das normas do momento. Lembre-se que durante o próprio período áureo de Roma, na Antiguidade, os jurisconsultos já faziam, a todo o momento, análises dos casos já tramitados; havia a necessidade de se controlar a Jurisprudência. Que dirá no período pós-idade-das-trevas, com população maior e mais miscigenada. Depois da romanização, cada região procurou construir a sua própria identidade.
Direito Português e sua influência no Brasil nascente: em 1446, o rei Dom Afonso de Portugal fez suas ordenações. São as chamadas Ordenações Afonsinas. Não se tratam de novos códigos, mas sim de diretrizes. Sofre influência do Direito Romano. As ordenações em si são portuguesas.
1500: Descobrimento do Brasil!
1505: Se, aqui no Brasil, houvesse um conflito que não entre índios, o invasor traz o seu Direito. O Direito então vigente em Portugal era, é claro, o Direito romano e o canônico, difundidos pela Europa ao longo dos séculos, e organizados pelas Ordenações Afonsinas.
1512: Dom Manuel institui as Ordenações Manuelinas. O Direito canônico ainda era forte. 
1534: Problemas no Brasil eram julgados segundo as Ordenações Manuelinas. Foi nesse ano a divisão do território brasileiro em capitanias hereditárias.
1603: Dom Filipe da Espanha, agora que Portugal está sob seu domínio, elabora as Ordenações Filipinas.
Portanto, os três primeiros ordenamentos do Brasil são: os Afonsinos, os Manuelinos e Filipinos.
Reforma protestante: veio para criticar o poder temporal da Igreja Católica. Cedo ou tarde as posses da Igreja seriam questionadas. Lutero, nas suas teses, atacava a venda de indulgências e fazia sua própria interpretação da Bíblia. Os príncipes regionais aproveitaram a penetração da doutrina luterana para dela fazer uso político. O Direito canônico começa a decair. 
As inquisições da época, apesar de só serem descritas em termos das barbáries relatadas nos livros de história de Ensino Médio, deram, pelo menos, uma importantíssima contribuição ao nosso Direito: a rigorosidade do procedimento jurídico.
Iluminismo do séc. XVIII: adoção de novos olhares nas formas de viver, comercializar, agir e principalmente de pensar. Começam, neste período, as revoluções burguesas. Mas o que é mesmo ”burguês”? Aquele que vivia no burgo. Fins do feudalismo, surgimento de cidades livres, comerciárias, que não estavam sob jurisdição de nenhum feudo. Eram exatamente esses os burgos. A sociedade da época era: clero, nobreza e burguesia. Os reis precisavam de dinheiro para financiar suas campanhas militares, e farão a extração de recursos justamente da classe burguesa através de impostos. A burguesia se dividia em:
Alta burguesia: os grandes comerciantes.
Média burguesia: advogados, médicos e profissionais liberais.
Baixa burguesia: artesãos e pequenos comerciantes.
Os burgueses, depois de anos, ficarão fartos de bancar os luxos do rei e se revoltarão. A época é boa para o pensamento: é o iluminismo. O senso crítico está forte e iniciam-se os questionamentos. 
Brasil no século XVIII: as Ordenações Afonsinas não contemplavam nada no Brasil. As Manuelinas começaram a contemplar a nova terra, ainda muito precariamente, e mesmo assim não há a certeza disso. Já as Filipinas o fizeram. O Direito português, com cultura européia, dificilmente se adequaria ao Brasil.
Naquele século havia um ordenamento jurídico organizado aqui. O “juiz de fora”, vindo de Portugal e falando latim, estudara o Direito romano. O “juiz de dentro” não era formado em universidades, mas conhecia os costumes locais. Buscava a resposta do julgamento no bom-senso e na eqüidade. Era mais pragmático. Se os conflitos locais não estivessem descritos nas ordenações, recorrer-se-ia ao costume. O juiz de fora dizia: “o Direito é assim.” Então buscava, no Direito romano, um fundamento para dar uma resposta adequada. O Direito canônico e natural também era consultado.
Lei da Boa Razão (1769): se não se conseguisse julgar algo, mandava-se o processo para Portugal. Nesse tempo foi criada também a Corte de Suplicação. A LBR era, na verdade, “boa razão para o português”. Leia mais sobre ela neste curto PDF. 
Próxima aula: revoluções burguesas.
 quinta-feira, 10 de abril de 2008
Iluminismo
 
Tópicos:
Lista de assuntos estudados até hoje
Iluminismo e suas características
Isaac Newton 
Renè Descartes
Organização pública e jurídica em bases racionais
Teorias contratualistas:
Hobbes
Locke
Rousseau
Assuntos estudados até hoje, aula anterior à primeira prova:
 
Origem do termo Direito
Diferenças entre jusnaturalismo e juspositivismo
Direito natural e Direito positivo
Direito e ideologia
Direito antigo
Direito grego
Direito romano
Direito canonico
Direito medieval (germânico e bizantino)
Direito na baixa idade média
Direito na modernidade
Direito português e princípios daquele implantado no Brasil
 
 
 
Iluminismo:
Definição: corrente filosófica que pensava o mundo à luz das ideias. 
Características:
Razão
Empirismo
Secularização (tratar somente o que acontece aqui na Terra, esquecer a explicação divina e as questões de fé)
Direitos do homem
Razão e direitos do homem são os mais importantes.
Lembre-se das revistinhas em quadrinho, especialmente da Turma da Mônica: quando um personagem tinha uma ideia, surgia uma pequena lâmpada, acessa, sobre sua cabeça. 
 A época medieval não foi muito pródiga em pensamentos. Depois dela veio o renascimento, que é onde começou a (res)surgir algo a respeito. Com as universidades, explode a corrida pelo conhecimento científico; há mais incentivo à troca de ideias, o que, momentos depois, culminaria no iluminismo. Surgiram, depois do tempo feudal, os burgos, que eram as cidades independentes dos feudos; mudança da economia feudal para comercial, intercâmbio de mercadorias, pessoas, informações e, portanto, ideias. 
 O iluminismo foi surgindo, no séc XVIII, à medida que as pessoas freqüentavam a universidade, então a congregação de estudantes promoveu a interação entre pessoas, que se juntavam para debater sobre todas as questões da condição humana. Assim, surgiram os questionamentos, a busca de explicações mais precisas e completas, o que trouxe, neste segundo momento, novas respostas, até que elas chegaram a um bom nível de razoabilidade. Houve coincidência com grandes adventos na área do eletromagnetismo, na Física, que constituía um campo em descoberta e que necessitava de muita abstração para a formulação das novas teorias e métodos experimentais: afinal, só vemos os efeitos, mas não as causas dos fenômenos eletromagnéticos. Houve também progressos na Filosofia moderna e nas demais ciências exatas, quando a comunidade de pensadores começou a lançar mão das ferramentas matemáticas desenvolvidas por Newton e Leibniz no século anterior. Finalmente, com o advento do racionalismo de Descartes, a Metafísica também caiu na boca do povo daquele século. 
Com a razão, começa a rejeição a respostas do tipo "Deus assim quis". Passou-se a buscar a comprovação experimental. É o empirismo vigorando. 
Ao usar a razão para aprender e conhecer, o homem passará a ser o centro das coisas. Deus passará para outro plano. Veja que é a primeira vez que falamos em indivíduo; antes só falávamos em comunidades, sociedades, tribos, clãs, fratrias, eupátridas, patrícios, plebeus, servos, escravos, gentes... apenas termos que remetem à coletividade. 
 
Isaac Newton: expoente do pensamento iluminista. "Por que a maçã caiu?" - perguntou ele uma vez. "Por que não fui eu quem subi e bati a cabeça na maçã?" Se a lenda da maçã é realmente verdadeira, a queda da fruta sobre sua cabeça deve lhe ter trazido um momentâneo estado de irritação, que logo depois o motivou a descobriro fundamento dos fenômenos. Partindo de uma observação (empirismo) ele inicia a formulação de suas ideias, e, com a racionalidade, consegue provar que o motivo pelo qual a maçã caíra em sua cabeça era o mesmo pelo qual a Lua girava em torno da Terra. Formulou a Teoria da Gravitação Universal, válida até hoje. Simplesmente fantástico.
Renè Descartes: tentou resolver muitos problemas dificeis, não apenas de ciências exatas, mas também os corriqueiros da vida. Pensou: "preciso ter, nitidamente e primeiro de tudo, o enunciado deste problema. Em seguida, divido o grande problema central em problemas menores. De cada um deles farei uma análise e chegarei a um resultado. No final, sintetizo as conclusões e enuncio a resposta. Verifico, finalmente, se essa resposta atende à pergunta inicial." Este é o método cartesiano. 
Peguemos um problema comum em nosso dia-a-dia: um showzinho que está por vir. O problema central é: ter sucesso na tarefa de ir ao show. Então, inicio questionamentos menores: como vou? Com que roupa? Com que companhia? Onde arrumo dinheiro? Como voltarei? As perguntas devem ser respondidas com base na razão. Em seguida, duvido das minhas próprias respostas. Exijo, de mim mesmo, respostas mais sólidas e confiáveis. Duvidarei sempre de todas elas. Até que, finalmente, chegarei a esta pergunta: "sou eu mesmo que estou aqui, ou seria a minha imagem, como aquela que é refletida por um espelho?" Bom, eu sei que estou aqui, e estou pensando. Isto é uma verdade. Pensando, eu existo. Cogito, ergo sum. É este o ponto de partida para a lógica cartesiana, como visto na aula de Iniciação à Ciência de 8/4.
Newton e Descartes são referências para se caracterizar o iluminismo.
Organização pública e jurídica em bases racionais: a organização pública se traduziu em costumes, como na durante a era medieval, na época do pluralismo político. Com o surgimento de burgos e do comércio pós-feudal, novas normas foram surgindo de acordo com a necessidade. A motivação primeira era a proteção contra ladrões nas estradas que ligavam os centros comerciais. 
Primeira forma de fazer a organização pública: redução do pluralismo, como Carlos Magno tentou fazer no império carolíngio na alta idade média. Depois, questiona-se a forma tradicional de poder (monarquia). "O filho do rei não seria necessariamente inteligente, seria?" Essa é a pergunta que não queria calar. Começa a busca pelo governo uniforme. Para atingir esses dois objetivos, é necessário que se façam leis racionais. O governante que governa na base do "eu quero" perde espaço. 
Teorias contratualistas: e então, como organizar a sociedade? Os pensadores da época serão levados bastante em consideração. São eles, principalmente: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau. Vejamos como foi a organização da sociedade inglesa, a primeira a se tornar liberal:
Era uma vez os celtas, povos antigos provavelmente de origem indo-européia que povoaram a Europa insular. Era um povo simples, místico, e, principalmente, de tradição oral. Em seguida, na época de César, a Bretanha foi conquistada pelos romanos. Com a queda do império, a ilha é novamente conquistada, dessa vez pelos saxões: outro povo de vida simples, mística e de tradição oral. Os povos que habitaram o que hoje é a Inglaterra eram tipicamente atrelados aos costumes. Resultado: a Inglaterra de hoje possui um Direito consuetudinário, constituição costumeira, não positivada. Os costumes constituem a Common Law. Já nos países de constituição positivada, há a Civil Law. É o caso do Brasil.
 
Thomas Hobbes: as revoluções burguesas, iniciadas na Inglaterra e na França, logo se expandirão pro resto da Europa. Henrique VIII, aproveitando a moda, também questionou a instituição da Igreja Católica para poder se divorciar de sua mulher e então se casar com Ana Bolena. Cria, então, o anglicanismo: brigas por poderes políticos com justificativas religiosas. Iniciam-se guerras civis na Inglaterra. Mas Hobbes havia pensado numa forma de organizar a sociedade. Voltou ao homem natural: o homem está sozinho, com sua vida e liberdade, e fará tudo o que quer. Ele tem direito a tudo: jus in omnia. A ideia é que todo o nosso direito seja entregue a um governante, que, por sua vez, dará a cada indivíduo o que é seu. Isso bem numa época em que os reis estavam com o poder abalado e buscavam uma forma de reafirmá-lo; para isso, aproveitaram a ideia de Hobbes. No entanto, os monarcas não eram tão esclarecidos como teorizava Hobbes.
 
John Locke: propôs a seguinte solução: volta ao homem natural, que tinha direito a tudo. O que acontece, então? Locke vivia numa época de muita fome na Inglaterra, após as guerras civis. É mais difícil morrer de fome do que pela espada, afinal, a fome é uma forma cruel e lenta de se morrer. Motivado por isso ele acrescenta a ideia de trabalho ao Direito natural. O fruto do trabalho seria, por conseguinte, a propriedade privada. Se o indivíduo conseguir produzir algo excedente, fruto de seu trabalho, a quem pertencerá esse excedente? Ao próprio indivíduo; ele fará o que quiser com as sobras. Venderá, dará, destruirá... é o liberalismo econômico. Locke também busca entregar o Direito a um governante, mas não necessariamente apenas um. Poderia ser uma instituição, inclusive um poder legislativo. De qualquer forma, deveria ser aquele que melhor conhecesse a necessidade do povo que, através do legislativo, faria as leis.
 
Jean-Jacques Rousseau: conceitos: o homem no estado natural e o homem no estado social. Os homens começarão a se comparar. Nesse momento, surgirão tristezas. Se estou melhor, então eu sou melhor. Isso abre o espaço para a soberba e disputas. Rousseau aproveitou as ideias de Montesquieu sobre a separação dos poderes. Teorizou que o desejo do povo deveria ser entregue ao governante. O indivíduo entrega o desejo e recebe, em troca, segurança. Essa relação de troca é o CONTRATO SOCIAL. Consiste, grosseiramente, na abdicação de um direito do indivíduo em troca da aquisição de outro. Seria, na relação indivíduo-Estado, a segurança de que o indivíduo: não morrerá de fome, nem será morto, nem será vítima da inveja alheia, entre outras seguranças.
Resumo dos três pensadores:
Hobbes: entregar o Direito totalmente ao governante;
Locke: entregar o Direito que é indiferente ao indivíduo, ou seja, todos exceto os naturais (inalienáveis, imprescritíveis e invioláveis);
Rousseau: entrega do desejo ao governante.
Todos os três falam sobre o contrato social; os três são CONTRATUALISTAS.
Próximos assuntos: revolução francesa e código de Napoleão. Direito natural, pontos centrais do jusnaturalismo e valores justos por natureza.
 quinta-feira, 17 de abril de 2008
O Iluminismo (continuação)
 
Tópicos:
Direito natual nos códigos
Pontos centrais do jusnaturalismo 
Valores justos por natureza
Decadência do jusnaturalismo
a)     Mudança no contexto social
b)     Mudança na estrutura econômica
Positivismo jurídico
Positivismo e democracia
Declaração dos direitos do homem e do cidadão
Código de Napoleão 
 
A queda do Direito natural se deu por causa da necessidade e vontade de se buscar uma concepção racional dele. Note a época: sécs. XVIII e XIX.
 
Pontos centrais do jusnaturalismo: nós entendemos o Direito natural quando o estudamos através da razão. Estava dentro de um encadeamento lógico, era racional a forma de entendê-lo. Eis os pontos:
Está preso à nossa natureza: obrigatoriedade.
Legitimidade: tudo associado ao Direito natural é legítimo e indiscutível.
Justiça: trata todos igualmente e da mesma maneira.
Como demonstrar a importância da vida e da liberdade? Como argumentar? É relativamente complicado. Por isso elevamos esses dois valores à classificação de...
Valores justos por natureza: nova explicação para o Direito natural. Algo que nos é precioso. Exemplos de bens “indiscutíveis”: vida, liberdade, direito de ir e vir. Não foi decorrente de nada, é oriundo da própria natureza. Nada disso tem que ser demonstrado. Na época do iluminismo, cinco foram arrolados, dando um grau de sistematização maior:
LiberdadeIgualdade
Racionalidade
Segurança
Objetividade.
Esta ultima aparece pois é necessário entender todas as leis para ser racional, senão, ficaríamos muito na subjetividade. Cada costume tinha seu modo de entender cada ação. A interpretação do costume poderia variar subjetivamente. Precisamos, pois, da objetividade, até pelo motivo de se evitar conflitos.
Decadência do jusnaturalismo: com a busca da racionalidade característica da época do iluminismo, o jusnaturalismo entra em processo de decadência. A modificação na sociedade se deverá à mudança de padrão econômico agrícola para comercial, e logo depois industrial. Neste tempo há comércio, troca de ideias e, portanto, relação entre diferentes povos e culturas. Assim, a própria sociedade ficou  mais fracionada, mais dividida em diferentes grupos sociais. Passou a haver diferentes níveis de comerciantes, artesãos, burgueses e, claro, diferenças entre as pessoas. Surge um grupo majoritário e um minoritário.
Outra característica do iluminismo: direitos do homem. “eu tenho que respeitar as diferenças, aliás, antes disso, entender que elas existem. Se eu entendo que elas existem, e que são da natureza do homem, que são da vida e da pessoa humana, o que eu farei com as maiorias e minorias? A maioria tende a abocanhar a minoria, certo? Errado. A maioria, ao invés disso, terá que proteger a minoria.”
Mudança no contexto social: No séc. XVIII, a sociedade fica muito mais complexa. Uma única classe não poderia ser privilegiada. A administração pública é um bem comum que se estende a todos. Não é da maioria nem da minoria. Exemplo nítido do tratamento igualitário de hoje em dia: se desejo construir um edifício público, a primeira coisa a fazer é abrir uma licitação para a contratação de uma construtora e de um arquiteto. Faz-se o projeto. Mas, o prédio, que é público, deve atender às minorias: deve-se, portanto, construir rampas e espaço nos banheiros para os cadeirantes. Há também os cegos, então, devem-se colocar os números em braile nos botões dos elevadores. Os telefones públicos não devem estar todos na mesma altura, deve haver os mais baixos para as pessoas de menor estatura. Este é o custo da organização racional: a sociedade está bem mais complexa.
Mudança na estrutura econômica: conseqüências do surgimento do capitalismo. Os grupos se diferenciarão mais, o comércio produzirá mais riquezas e o dinheiro trará diferenças. A sociedade não estava, ainda, organizada para isso; ela não estava preparada para o capitalismo, mas ele se implantou mesmo assim, e com grande aceitação, por dar aos indivíduos perspectivas, especialmente àqueles que não tinham dinheiro; quem já tem poderia ter ainda mais. Isso modificaria a sociedade.
A situação trazida pelo advento do capitalismo foi uma mudança na estrutura econômica:
	Capitalismo
	Sociedade
	Direito
	Reorganizar os meios de produção e mercado
	Adequar a organização social e econômica
	Centralização jurídica
	Garantia do direito à propriedade privada e cumprimento de acordos
	Leis claras, sistemáticas e objetivas
	Segurança jurídica
 
Segurança jurídica = E+P, E = estabilidade, P = previsibilidade.
A nova sociedade democrática se baseará no povo, que fará as leis.
Positivismo jurídico:
	Fundado em
	Fontes do Direito
	Resulta em
	Ideias democráticas
	Vontade do povo (representantes efetivos)
	Direito feito pelo homem
	Sociedade mais racional
	Abandonar a ideia de se extrair o Direito da Natureza
	Conjunto de regras válidas por convenção social.
A saída do Estado natural para o social se deu pelo estabelecimento de um contrato social.
Positivismo e democracia:
	Fator 
	Conseqüência 1
	Conseqüência 2
	Surgimento do legislador
	Reverência ao efetivo representante
	Mecanismos de proteção ao representante
	Surgimento do juiz
	Figura elitista
	Limitar o poder, ou seja, ele só poderá julgar apenas em um aspecto, que é o limite da lei.
 
Declaração dos direitos do homem e do cidadão: fruto dos  ideais iluministas. Feita em 26 de agosto de 1789, um mês depois da queda da bastilha. O que vem a seguir foi extraído desta fonte. A declaração pode ser vista aqui.
Os momentos que antecederam a redação dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovadas pela Assembléia Nacional da França em agosto de 1789 - ocasião em que se encontraram Thomas Jefferson, então embaixador da jovem república norte-americana em Paris, e o marquês de Lafayette, o nobre cavalheiro francês que fora lutar, anos antes, pela libertação das 13 colônias inglesas da América do Norte - , mostraram o inequívoco enlace entre as duas grandes revoluções liberais-democráticas do século XVIII: a Americana de 1776, e a Francesa de 1789.
O decálogo da liberdade moderna
“Uma Declaração de Direitos é um privilégio do povo contra qualquer governo na terra, geral ou particular, e nenhum governo justo deve recusá-lo, ou basear-se em inferências.”
- Thomas Jefferson
Inebriados por suas sucessivas vitórias perante o rei Luís XVI, os parlamentares franceses reunidos na Assembléia Nacional em Paris, então encarregados de redigirem uma Constituição, decidiram elaborar uma Declaração de Direitos que servisse de preâmbulo à nova Magna Carta. Somaram-se, então, à mesa da Comissão Constituinte, presidida por Mirabeau e Mounier, mais de uma vintena de declarações. Após um intenso trabalho de burilagem, o texto definitivo foi apresentado, em forma de 17 artigos, à Assembléia Nacional e aprovado no dia 26 de agosto de 1789. Como observou Jacques Godechot, a aparência de decálogo que a Declaração assumiu devia-se ao passado cristão dos parlamentares, que, apesar de se declararem seguidores de Voltaire, haviam quase todos passado sua vida escolar nos bancos dos colégios religiosos.
Tratava-se de dar ao povo francês um "catecismo cívico", tão apregoado por Jean-Jacques Rousseau, uma espécie de secularização dos Dez Mandamentos da lei mosaica. Apesar de ter sido a Declaração de 1789 a que terminou por ficar na história como o verdadeiro decálogo da liberdade do homem moderno, é interessante registrar que ela foi uma entre tantas outras que viram à luz a partir do século XVII, fruto dos reclamos do liberalismo nascente. Os historiadores ingleses, naturalmente, apontam a Carta Magna de 1215, como a pedra filosofal inspiradora de todas as declarações que se seguiram desde então. Os franceses, por sua vez, gostam de remontar às petições feitas pelos Estados Gerais reunidos em Paris, a primeira em 1355, e a outra em 1484, ambas em nome da liberdade das gentes. Dessa forma, se fossemos buscar as raízes últimas das modernas declarações de direitos terminaríamos no Sermão da Montanha de Jesus Cristo. 
As primeiras declarações de direitos 
	
	
	
Sob o ponto de vista na modernidade constitucional e para a liberdade contemporânea, o que mais importa são os documentos que começaram a surgir a partir do século XVII, sendo o primeiro entre eles a Petição de 1628, que o parlamento inglês enviou ao desastrado rei Carlos I (que seria mais tarde decapitado durante a revolução puritana, em 1649). Nessa petição, os cidadãos reclamam dos impostos ilegais, do aboletamento dos soldados em casas de gente boa e nas prisões sem justa causa. Dado o comportamento incorrigível dos seus reis, os parlamentares ingleses tiveram que apresentar uma outra, a Bill of Rights, de 1689, que visava limitar ainda mais a autoridade real, bem como impedir que, dali em diante, o Parlamento fosse fechado a qualquer pretexto. 
Tais liberdades conquistadas pelos britânicos encantaram não apenas seus vizinhos franceses, como bem atestam os testemunhos de Montesquieu, de Voltaire e de Rousseau, como terminaram por inspirar os colonos ingleses da América a lutar pela conquista da sua independência. A partir de 1776, até 1784, seis colônias americanas rebeladas (Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Vermon, Massachusetts e New Hampshire) resolveram proclamar não só os seus direitos bem como encarregar o talentoso Thomas Jefferson a redigir uma desaforada carta de independência em que, entre outras coisas, afirmava que o governo

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