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O que é recomposição de aprendizagens e como ela acontece no dia a dia das escolas públicas

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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/20976/o-que-e-recomposicao-de-
aprendizagens-e-como-ela-acontece-no-dia-a-dia-das-escolas-publicas
Publicado em NOVA ESCOLA 23 de Fevereiro | 2022
Planejamento
O que é recomposição de
aprendizagens e como ela
acontece no dia a dia das
escolas públicas
A pandemia intensificou desafios que já existiam na
Educação, e agora é necessário articular ações para
reordenar e impulsionar as aprendizagens
Victor Santos
Crédito: Getty Images
Muito antes da covid-19, a Educação pública brasileira já enfrentava graves
problemas. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e
Cenpec Educação indicavam que, no ano anterior à pandemia, mais de 1 milhão
https://novaescola.org.br/conteudo/20976/o-que-e-recomposicao-de-aprendizagens-e-como-ela-acontece-no-dia-a-dia-das-escolas-publicas
https://www.unicef.org/brazil/relatorios/cenario-da-exclusao-escolar-no-brasil
de crianças e adolescentes brasileiros em idade escolar estavam fora das
escolas. 
Além disso, um estudo do Todos Pela Educação mostrou que, até 2019, 61,1%
dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental possuíam nível de proficiência
adequada em Língua Portuguesa e pouco mais da metade (51,5%) obtiveram a
proficiência esperada em Matemática. O cenário apontava melhora em relação
às dez últimas edições do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(Saeb), mas também indicava que ainda havia muito trabalho a ser feito. 
“A garantia do Direito à Educação e as próprias lacunas na aprendizagem já nos
preocupavam há muito tempo. Agora, na pandemia, elas se tornaram
absurdamente evidentes”, enfatiza Alice Andres Ribeiro, diretora de articulação
do Movimento pela Base, rede não governamental e apartidária que desde
2013 se dedica à construção e implementação da Base Nacional Comum
Curricular e do Novo Ensino Médio.
Para se ter uma ideia, segundo o estudo do Unicef e Cenpec Educação, cerca de
5 milhões de crianças e adolescentes estavam sem acesso à Educação no Brasil
em novembro de 2020, já no período pandêmico – “uma cifra quase
inimaginável”, nas palavras da especialista. 
É nesse contexto que tem início o período letivo de 2022, dessa vez de forma
mais próxima à de um ano regular. Uma pesquisa respondida por mais de 10
mil professores no site de NOVA ESCOLA indicou que 80% desses educadores e
gestores já estão no esquema tradicional de aulas presenciais. Eles se veem
agora diante de todos esses complexos desafios. 
Assim, torna-se cada vez mais presente nas redes, secretarias e escolas a
discussão em torno da recomposição de aprendizagens. Essa perspectiva
envolve iniciativas com foco no protagonismo e no desenvolvimento dos
alunos, indo além da mera ‘recuperação de aprendizagem’ devido às
dificuldades trazidas pela pandemia.
Nessa última reportagem do Especial Início do Ano Letivo, detalhamos as
principais ações relacionadas a esse conceito de recomposição e apresentamos
propostas que já estão em vigor em duas escolas públicas do país.
Leia também: Os caminhos para a recomposição de aprendizagens pós-
pandemia
Calendário 2022: datas e temas para inspirar suas aulas
Esse NOVA ESCOLA BOX oferece um calendário para uso pessoal ou da equipe,
que pode apoiar o planejamento das aulas de diferentes componentes
curriculares com sugestões de atividade sobre temas que marcarão o próximo
ano. 
acesse aqui
Definição do conceito e principais estratégias
“A recomposição de aprendizagem é como um grande guarda-chuva, que
envolve olhar para múltiplos aspectos”, explica Sonia Guaraldo, consultora
pedagógica e especialista em formação continuada no Instituto Gesto. “Havia
uma lógica na Educação até 2019, e a pandemia mudou tudo. Agora, é preciso
justamente reordenar, mas não basta só ‘voltar ao que era antes’, é preciso
https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2021/09/relatorio-de-aprendizagem.pdf
https://especial.novaescola.org.br/especial-inicio-do-ano-letivo/
/conteudo/21368/os-caminhos-para-a-recomposicao-de-aprendizagens-no-pos-pandemia
https://box.novaescola.org.br/etapa/1/educacao-infantil/caixa/369/calendario-2022-datas-e-temas-para-inspirar-suas-aulas
voltar melhorando, prestando atenção às coisas que devemos olhar. É por isso
que falamos em ‘recomposição’”. 
Essa visão ampliada, segundo Sonia, inclui diversas frentes. “Não se trata de um
projeto ou proposta apenas. A recomposição tem que ser a grande proposta
das secretarias e engloba tópicos como avaliação, currículo, formação
continuada e acompanhamento pedagógico”, exemplifica.
“É preciso olhar para tudo: habilidades não consolidadas e o que foi ou não
oferecido no período pandêmico. Analisar o que não foi consolidado e, depois
de tudo isso, construir estratégias para recompor as aprendizagens, traçando
grandes diretrizes”. A especialista destaca que, no Instituto Gesto, são quatro as
premissas consideradas inegociáveis na recomposição de aprendizagens (veja o
box a seguir). 
4 premissas da recomposição de aprendizagens,
segundo o Instituto Gesto
Perspectivas exigem ações articuladas entre secretarias, gestores e professores 
Arranjos didáticos: Relacionados ao trabalho com agrupamentos de alunos
visando resultados. “Os educadores de todas as frentes devem se perguntar:
como posso organizar as minhas turmas? Como organizo a minha escola?
Como, na secretaria, posso ajudar as escolas a estruturarem esses arranjos?”,
resume Sonia Guaraldo. 
Planejamento com foco em diferenciação pedagógica: “Gestores devem
criar espaços formativos para ajudar o professor a planejar olhando para todas
essas questões de contexto. E a rede precisa consolidar uma estrutura de
formação continuada para um bom planejamento”, aponta a especialista. 
Avaliação para a aprendizagem: “A avaliação precisa ser célere e processual”,
destaca Sonia. “Tudo para obter respostas e agir rapidamente sobre elas”. 
Acolhimento para engajamento: “Trata-se de um acolhimento que vai olhar
para questões emocionais e de vida dos estudantes, mas que também deve ser
sentido por eles dentro da sala de aula. A ideia é consolidar as interações e o
próprio sentimento de pertencimento”, explica a formadora.
Para a especialista, é importante também entender que todos esses pilares se
entrelaçam no dia a dia do trabalho de recomposição de aprendizagens. “Por
exemplo, o planejamento precisa considerar qual é o engajamento que quero
dos alunos. Ao pensar em agrupamentos, é importante focar no acolhimento
indicando o quanto todos estão progredindo. É uma lógica que se reproduz
como uma cultura”.
Participação ativa dos alunos
Com trinta anos de experiência na área da Educação e onze anos à frente da
Escola José Antônio Bezerra de Menezes, instituição voltada aos Anos Finais
Ensino Fundamental, em Itambé (PE), a gestora Iza Maria dos Santos conta do
impacto da pandemia no contexto escolar.
“Todos nós aqui achávamos que seriam quinze dias sem aulas presenciais, mas
foram quase dois anos. Então, desde que começamos o ensino remoto até hoje,
/conteudo/20862/avaliacao-formativa-corrigindo-rotas-para-avancar-na-aprendizagem
precisamos buscar estratégias e reinventar constantemente maneiras de trazer
esses alunos para perto e reconstruir as suas aprendizagens.” 
Ela lembra que, ao longo do período de ensino remoto emergencial, muitas
dinâmicas foram pensadas para estreitar os laços com os alunos de forma
virtual. “Desde mensagens todos os dias com recados como ‘a escola não
parou, seguimos conectados’, até a realização de lives.” 
Além disso, em 2020 e 2021, muitas ações foram tomando forma. “Nossos
estudantes são do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, mas percebemos que
estávamos recebendo alunos com perfil de 4º ano”, relata. “Então nossa atitude
foi ‘esse aluno agora é nosso, temos que buscar meios de retomar essa
aprendizagem’ e começamos a desenvolver projetos de Língua Portuguesa e
Matemática, com muito foco em leitura e escrita, até porque se esse aluno não
lê e compreende devidamente, fica difícil de entender a Matemática.” 
Um dos principais desdobramentos foi o trabalhocom alunos monitores,
iniciativa na linha dos arranjos didáticos que já ocorria em 2019 e foi
intensificada a partir do gradual retorno presencial em 2021.
“A monitoria se consolidou quando percebemos que podíamos estar ‘juntando’,
‘ligando’ mais os alunos – alguém que estava em um estágio melhor de
aprendizagem poderia ‘adotar’ outro com maior dificuldade”, descreve a
gestora. “Então, no contraturno, eles auxiliavam os colegas a superar as
dificuldades. Vimos que, como era uma troca de aluno para aluno, falando
quase de igual para igual, os monitores conseguiam chegar a uma linguagem
que nós professores não estávamos conseguindo.” 
Para a especialista Sonia Guaraldo, esse é, de fato, o momento ideal para
‘pensar fora da caixa’ no que diz respeito aos agrupamentos. “O professor é o
protagonista na construção desses arranjos, mas existe uma
corresponsabilização, com estratégias que podem envolver outras pessoas,
como essa dos alunos monitores”, reforça.
“E vale pensar em possibilidades no próprio turno normal das aulas. Por
exemplo: será que dá para atuar com os alunos com mais dificuldades
enquanto o restante da turma trabalha de forma mais autônoma? Ou então:
como podemos formar parcerias para trazer outros profissionais à escola, que
fiquem com essa parte do grupo enquanto o professor atua com os estudantes
com mais defasagens?” 
Esse processo de arranjos e rearranjos está intimamente ligado às avaliações,
outra temática crucial no processo de recomposição de aprendizagens. Como
salienta a gestora Iza, a proposta é que não seja algo só avaliativo, só
processual ou só diagnóstico, mas que seja tudo isso. “A gente busca ver esse
aluno como um todo na avaliação, aproveitando o que ele faz, as
potencialidades que vão além de uma nota. O foco é ‘o que eles estão
produzindo, e que produção é essa?’” 
Para 2022, logo após os diagnósticos iniciais, a escola já se prepara para iniciar
um programa direcionado de fortalecimento das aprendizagens. “O projeto de
reensino, voltado a alunos do do 6º ao 9º ano, vai ser nosso carro-chefe, e
vamos desenhar aulas específicas para os alunos com mais dificuldades – um
trabalho que começa agora, não é só lá no final do ano. Além disso, outros
projetos, como o da monitoria, vão continuar”. 
Como organizar e cuidar do espaço escolar
Esse vai especialmente para gestores: um NOVA ESCOLA BOX inteirinho que vai
destacar a importância pedagógica do espaço escolar e refletir sobre
planejamento. 
leia os conteúdos
Foco no planejamento e na alfabetização
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Engenheiro João Magalhães
Filho, em São Francisco de Paula (RS), as ações com foco na aprendizagem
também tiveram início ainda no período pandêmico. “O acolhimento de alunos
e famílias foi muito importante, porque precisávamos fazer as crianças se
sentirem em um contexto escolarizado e, assim, obter um alto retorno nas
devolutivas”, comenta a coordenadora pedagógica Elizandra de Barros da Rosa,
que possui mais de dez anos de experiência na Educação. 
Considerando especialmente a volta às aulas de 2022, a educadora enfatiza que
a reordenação das aprendizagens é prioridade máxima na sua escola e na rede
em que atua. “Estamos recebendo alunos com grandes lacunas, estudantes que
foram para o 3º ano com dificuldade na leitura e na escrita, e precisamos de
estratégias e métodos para auxiliá-los”, explica. “É por isso que pensamos
prioritariamente na alfabetização – e teremos muitas ações nessa linha”. 
Desse modo, tópicos como currículo e planejamento ganham atenção especial.
“Pensando em um aluno do 2º ano, por exemplo, é claro que ele precisa ter o
conteúdo dessa etapa, mas a gente sabe que ele veio de um período de estudo
em casa e talvez não consiga realizar o previsto. Então temos um currículo
contínuo que foi feito e pensado já em função dessas aprendizagens que
precisam de recomposição”. 
Elizandra diz que “o professor tem de ter o cuidado de fazer o seu
planejamento baseado no livro didático, mas também pensando que o aluno
pode não estar exatamente naquele nível” – um ponto que também é reforçado
pela especialista do Instituto Gesto, Sonia Guaraldo. “Quando mencionamos a
premissa do planejamento com foco na diferenciação pedagógica, trata-se de
ideias como essa, de usar o livro didático com intencionalidade para aquela
turma específica, atendendo as necessidades de aprendizagem já mapeadas”,
aponta. 
Sobre o processo de planejamento na escola, a coordenadora comenta que ele
se dá de forma quinzenal e ocorre simultaneamente em todas as instituições
da rede. "Inicialmente, eu, como coordenadora, leio e reviso os planejamentos e
faço uma checagem no livro didático. Depois, a direção também corrige, e esses
planejamentos seguem para o setor pedagógico da secretaria, retornando
posteriormente ao professor. É nesse sentido que digo que o professor não
está sozinho e, inclusive, precisa de apoio emocional e estrutura para realizar
bem o seu trabalho”. 
A coordenadora conta que, como o município tem parceria com a plataforma
Aprende Brasil, são realizadas por meio dela as chamadas avaliações de
entrada, que indicam como está o aluno que foi do 1º para o 2º ano, do 2º para
https://box.novaescola.org.br/etapa/2/educacao-fundamental-1/caixa/231/como-organizar-e-cuidar-do-espaco-escolar-em-2021
o 3º e assim por diante, gerando uma planilha detalhada da turma para cada
professor.
Alguns testes também serão aplicados para entender quantos estudantes não
estão no nível de aprendizagem esperado para a faixa etária. A partir desses
dados, serão organizados os grupos de recomposição. Paralelamente, a rede
está idealizando um grupo virtual de professores alfabetizadores, para que
periodicamente se reúnam e troquem dúvidas, ideias, experiências e desafios.
Explore o potencial do nome próprio na alfabetização
Os conteúdos desse Nova Escola Box pretendem promover reflexões a respeito
do uso do nome próprio na alfabetização e apresentar sugestões de atividades
para desenvolver o tema.
acesse aqui
Recursos tecnológicos, capacitação dos docentes e
envolvimento de todos 
Essa fala da coordenadora Elizandra se relaciona muito com um elemento
trazido pela diretora de articulação do Movimento pela Base, Alice Andres
Ribeiro. “Quando os professores passam por formações e têm a possibilidade
de utilizar sistemas tecnológicos, surge a possibilidade de uma maior
personalização do processo de ensino e aprendizagem, algo muito mais difícil
de fazer sem a tecnologia”, reforça. “Também chama a atenção essa
possibilidade de trocas entre professores de todo o país mediadas pelas
plataformas digitais.” 
A especialista Sonia Guaraldo vê com bons olhos essas “comunidades de
aprendizagem” formadas por professores com apoio da comunicação on-line,
mas ressalta a importância dos educadores receberem as devidas formações
para lidar com as ferramentas digitais.
“É fato que temos que trabalhar a tecnologia a favor da aprendizagem, mas é
algo muito amplo. Então, esse investimento em capacitações é crucial até para
que os professores entendam como se dá o processo de ensino e
aprendizagem pelas tecnologias e, assim, enxerguem como os recursos podem
apoiá-los.” 
Por fim, Alice frisa que para criar as devidas condições de aprendizagem na
ponta, é importante que a mobilização se dê por todos os âmbitos. “Precisamos
garantir aulas presenciais com cumprimento dos protocolos sanitários,
aplicação de metodologias específicas e adequadas e unir todos nesse
propósito, da merendeira e do porteiro até o gestor escolar”, afirma. “É
necessário olhar para todos os alunos e para cada um, não desistir de quem
está na escola, e reforçar que não existe perda irrecuperável de aprendizagem.”
https://box.novaescola.org.br/etapa/2/educacao-fundamental-1/caixa/266/explore-o-potencial-do-nome-proprio-na-alfabetizacao
	Definição do conceito e principais estratégias
	4 premissas da recomposição de aprendizagens, segundo o Instituto Gesto
	Participação ativa dos alunos
	Foco no planejamento e na alfabetização
	Recursos tecnológicos, capacitaçãodos docentes e envolvimento de todos

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