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Contas e Operações no Patrimônio Líquido

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10/04/2023, 13:32 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/40
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE GERAL
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10/04/2023, 13:32 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/40
Prof. Alison Martins Meurer
CONVERSA INICIAL
Nesta aula, vamos aprender sobre as contas e as operações que afetam ou têm a sua origem no
patrimônio líquido. Discutiremos desde a constituição do capital social de uma empresa até os
procedimentos para definir o valor da remuneração dos acionistas.
CONTEXTUALIZANDO
O patrimônio líquido representa o direito dos sócios ou dos acionistas sobre o valor residual de
uma companhia. Na literatura, não há um conceito teórico bem definido para o patrimônio líquido,
pois, por representar o valor residual da empresa, normalmente é conhecido como a diferença entre
os ativos e os passivos da organização.
Nesta aula, vamos estudar a composição desse grupo. Inicialmente vamos abordar a composição
do capital social, seguido pelas explicações acerca da reserva de legal e das demais contas da reserva
de lucros. Por fim, iremos abordar a sistemática dos juros sobre capital próprio e dos dividendos.
TEMA 1 – CAPITAL SOCIAL: SUBSCRITO E INTEGRALIZADO E AÇÕES
EM TESOURARIA
O capital social é dividido em capital subscrito e capital a integralizar, sendo que a diferença de
ambos é chamada de capital social realizado ou integralizado. Neste tópico, iremos aprender sobre
essas subdivisões. Além disso, as ações em tesouraria serão explanadas a fim de compreender sua
sistemática.
1.1 CAPITAL SUBSCRITO E INTEGRALIZADO
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/40
O capital social representa o valor investido pelos proprietários da empresa para a constituição
da organização. O capital social se divide em capital subscrito e capital a integralizar. O capital
subscrito representa a parcela que os sócios se comprometeram em investir na empresa, enquanto o
capital a integralizar indica o montante ainda não realizado (integralizado) pelos sócios e que possui
condições de integralização estabelecidas no estatuto social da empresa.
Por exemplo, dois sócios se propõem a investir R$ 200.000 em um novo negócio em 08/01/20X0,
sendo que o contrato social prevê a integralização de R$ 150.000 no dia 08/01/20X0 e R$ 50.000 com
60 dias. Perceba que os sócios se comprometeram em investir R$ 200.000 na empresa (capital
subscrito), mas investiram no ato R$ 150.000 (capital integralizado/realizado), ficando pendente R$
50.000 a ser entregue no futuro (capital a integralizar/capital a realizar).
A contabilização desses valores ocorrerá da seguinte forma:
1. Pela subscrição do capital – 08/01/20X0
D – Capital a integralizar (capital social – patrimônio líquido)                                    R$ 200.000
C - Capital subscrito (capital social – patrimônio líquido)                                           R$ 200.000
Note que o valor do capital subscrito é reconhecido contra a conta do capital a integralizar.
Como os sócios realizaram, no ato, a entrega de R$ 150.000 via caixa, o seguinte lançamento de
integralização será realizado:
2. Pela integralização do capital – 08/01/20X0
D – Caixa (capital social – patrimônio líquido)                                                          R$ 150.000
C - Capital a integralizar (capital social – patrimônio líquido)                                     R$ 150.000
Dessa forma, após as operações, o capital da empresa estará representado da seguinte forma no
Balanço Patrimonial da empresa (Tabela 1):
Tabela 1 – Apresentação da composição do capital social da empresa
Capital subscrito R$ 200.000
Capital a integralizar (R$ 50.000)
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/40
Capital Social Realizado R$ 150.000
Em seguida, em 08/03/20X0 os sócios integralizaram a parte restante do capital social. Então a
contabilização ocorrerá da seguinte forma:
3. Pela integralização da parcela remanescente do capital social – 08/03/20X0
D – Caixa (ativo circulante)                                                                                     R$   50.000
C - Capital a integralizar (capital social – patrimônio líquido)                                     R$    50.000
Tabela 2 – Razonetes
Sendo apresentados os seguintes saldos no Balanço Patrimonial (Tabela 3):
Tabela 3 – Apresentação da composição do capital social da empresa
Capital subscrito R$ 200.000
Capital a integralizar -
Capital Social Realizado R$ 200.000
Com o tempo, o capital social pode ser aumentado de diferentes formas, seja em função de
novos investimentos advindos de fontes externas ou pelo fato de os sócios reinvestirem o lucro
obtido pela empresa. Por exemplo, suponha que, em determinado período, a empresa obteve R$
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25.000 de lucros, que foram transferidos para a conta Lucros acumulados do patrimônio líquido e os
sócios optaram por reinvestir esse montante na organização.
Logo, será realizado o seguinte lançamento contábil:
4. Pelo aumento de capital a partir da incorporação de lucros
D – Lucros acumulados (patrimônio líquido)                                                             R$   25.000
C - Capital subscrito (capital social – patrimônio líquido)                                           R$   25.000
Tabela 4 – Razonetes
Legenda: sa representa o saldo anterior da conta.
No Balanço Patrimonial, teremos a seguinte apresentação dos valores após a incorporação dos
lucros pela conta de capital subscrito (Tabela 5):
Tabela 5 – Apresentação da composição do capital social da empresa
Capital subscrito R$ 225.000
Capital a integralizar -
Capital Social Realizado R$ 225.000
Saiba mais
Agora vamos analisar como esse assunto tem sido cobrado em provas de concursos
públicos.
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(FCC – Agente Fiscal de Rendas/SP – 2009) A empresa Capital Ltda. aumentou seu capital em
R$ 200.000,00. A sociedade é formada por quatro sócios, cada um com 25%. Dois sócios fizeram
a transferência dos recursos no ato da reunião da diretoria, e os demais acordaram em transferir
os recursos em dois meses. A conta em que ficará registrado o direito da empresa em receber
estes recursos é Capital Social a:
a. Autorizar;
b. Capitalizar;
c. Receber;
d. Integralizar;
e. Subscrever.
Resposta
O capital a integralizar simboliza o valor que ainda será realizado (integralizado) pela
empresa. Portanto, o gabarito é a alternativa D.
Saiba mais
Para mais informações sobre a composição do capital social, sugiro a leitura do art. 182 da
Lei n. 6.404/1976.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.
htm>. Acesso em: 2 jul. 2021.
1.2 AÇÕES EM TESOURARIA
Tesouraria é a nomenclatura utilizada para denominar o setor responsável pelas entradas e
saídas de recursos de uma organização. Assim, as ações em tesouraria representam os instrumentos
patrimoniais próprios que foram adquiridos pela própria empresa, ou seja, são ações da empresa que
não estão em circulação junto aos demais acionistas, mas sim sob a posse da empresa.
As operações com ações da própria companhia não afetam o resultado da empresa, ou seja, se
essas operações gerarem ganhos ou perdas, esses valores não irão transitar pelo resultado da
empresa. Mas isso veremos adiante! Há restrições quanto as operações com ações em tesouraria?
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm
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Sim, há algumas permissões e proibições que devem ser observadas frente a essas operações,
conforme art. 30 da Lei n. 6.404/1976:
Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:a. as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei;
b. a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo
de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação;
c. a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas em tesouraria;
d. a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do
valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída.
(Brasil, 1976)
Note que, por regra geral, a lei proíbe a negociação de ações próprias pela companhia. Isso
ocorre a fim de se evitar interferência no preço dessas ações pela própria empresa. Mas há exceções
que subsidiam as operações com ações em tesouraria.
O resgate de ações ocorre quando a empresa decide retirar de circulação de forma permanente
uma parcela de suas ações. Essas operações podem ocorrer com ou sem a redução do capital social
da empresa. Por exemplo, suponha que a empresa Typhanic Modas S. A. tenha um capital social de
R$ 200.000 dividido em 50.000 ações (R$ 4 cada) e optou pela retirada de circulação 10% dessas
ações. Se a empresa diminuir em 10% o seu capital social, então teremos um novo capital social de
R$ 180.000 (R$ 200.000 – 10%) dividido em 45.000 ações (R$ 50.000 – 10%) de R$ 4 cada. Entretanto
se a companhia optar por não reduzir o seu capital social, mas somente a quantidade de ações, então
teremos R$ 200.000 de capital social dividido em 45.000 ações de R$ 4,444 cada.
As operações de reembolso ocorrem quando, por alguma decisão da Assembleia Geral dos
acionistas, houver essa opção para os acionistas dissidentes. Esses casos ocorrem quando algum
acionista não concordar com alguma decisão tomada pela empresa e tiver o direito legal de se retirar
da companhia. Nesses casos, a empresa irá adquirir as suas ações mediante um reembolso
(pagamento) desses valores.
Por exemplo, se a Typhanic Modas S. A. optar por realizar uma fusão com outra empresa e as
ações da Typhanic Modas S. A. não possuírem liquidez e dispersão de mercado (ser de difícil
negociação por parte do acionista), então a empresa deverá apresentar, mediante laudo de avaliação,
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uma proposta para a aquisição destas ações, alocando-as em sua tesouraria. Já a amortização é o
processo de antecipação da parcela que o acionista teria de direito no caso de liquidação da
empresa.
Cabe destacar que as ações, quando estão na tesouraria, deixam de ter direito a voto na
Assembleia Geral e também não possuem direito à distribuição de dividendos. Por exemplo, se a
empresa tiver 100.000 ações em circulação e realizar uma aquisição de 5% de suas ações sem a
intenção de reduzir de forma permanente a quantidade de ações em circulação, então este percentual
de ações enquanto estiver em tesouraria não terá direito a voto nem à distribuição de dividendos.
Em termos contábeis, as ações em tesouraria representam uma redução do patrimônio líquido
da empresa, pois é como se “fosse uma redução do patrimônio líquido, motivo pelo qual a conta que
as registra (devedora) deve ser apresentada como conta redutora” (Gelbeck et al., 2018). Logo, no
Balanço Patrimonial, as ações em tesouraria são apresentadas como uma conta redutora dos recursos
utilizados como suporte financeiro para a operação. Imagine que a Petter Pão S. A. adquira 100 ações
próprias pagando via banco R$ 5,00 por ação. Nessa operação, a conta que deu suporte foi uma
reserva de lucros. Então as seguintes contabilizações devem ser realizadas:
1. Pela aquisição das ações
D – Ações em tesouraria (patrimônio líquido - redutora da reserva de lucros)                 R$ 500
C – Banco (ativo circulante)                                                                                          R$ 500
Pelo fato de as operações com ações em tesouraria não pertencerem ao escopo de operações
normais da empresa, então todo o ganho ou perda nessas operações não deverão ser reconhecidos
no resultado da empresa, mas sim contra a conta que serviu de suporte para a operação de
aquisição. No exemplo anterior, vimos que a Petter Pão S. A. utilizou a conta de reserva de lucros
como suporte para essa operação. Agora imagine que as mesmas ações foram negociadas
posteriormente por R$ 6 cada (R$ 600 ao todo). Os R$ 100 de ganho da operação serão registrados
contra a conta de reserva de lucros, conforme apresentado a seguir:
2. Pela negociação das ações com lucro
D – Banco (ativo circulante)                                                                                          R$ 600
C – Ações em tesouraria (redutora da reserva de lucros - patrimônio líquido)                 R$ 500
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C – Reserva de lucros (patrimônio líquido)                                                                    R$ 100
Tabela 6 – Razonetes
Legenda: sa representa o saldo anterior da conta.
Saiba mais
Uma empresa não pode manter mais de 10% das suas ações em tesouraria.
Além disso, os custos de transação pela compra ou venda de ações em tesouraria são
contabilizados contra a conta que serviu de suporte para a operação.
Na Figura 1, é apresentada a estrutura do Balanço Patrimonial considerando a conta de Ações
em Tesouraria da Minerva Foods S. A. em 2020.
Figura 1 – Ações em tesouraria da Minerva Foods S. A.
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Fonte: Minerva Foods, 2020.
Nota-se que as ações em tesouraria são apresentadas como uma redutora da conta de reservas
de capital, visto que essa foi a reserva que suportou a operação realizada.
Saiba mais
A seguir, é exposto como essa temática é abordada em concursos públicos.
(Consulplan 2012 – TSE Analista Judiciário – Contador) As ações em tesouraria
correspondem àquelas adquiridas pela própria companhia que as emitiu e deve ser classificada
em conta específica redutora do Patrimônio Líquido. Sobre as ações em tesouraria, é correto
afirmar que
a. não afetam o resultado da empresa;
b. não podem ser vinculadas ao saldo das reservas existentes;
c. possuem direitos patrimoniais, entre outros;
d. não podem gerar lucros em sua alienação.
As ações em tesouraria podem estar vinculadas a reservas, pois a aquisição deve ser
suportada por saldos de reservas, então as ações em tesouraria serão redutores desse grupo. As
ações em tesouraria não conferem à empresa direitos patrimoniais, nem direitos a voto em
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assembleia ou distribuição de dividendos. Além disso, as ações em tesouraria podem gerar
lucros ou prejuízos na sua venda, ocorre que esse valor não é registrado em conta de resultado. 
Portanto, o gabarito é a alternativa A.
TEMA 2 – RESERVA LEGAL
A reserva legal faz parte de um grupo mais amplo do patrimônio líquido denominado de
reservas de lucros, o qual será abordado no tópico adiante. A reserva legal consiste na retenção
obrigatória de 5% do lucro líquido do exercício da empresa, antes de qualquer outra destinação, a
fim de resguardar o patrimônio da empresa.
A empresa, quando apurar o seu lucro líquido do exercício, irá reservar (daí o nome) 5% desse
lucro para constituir essa reserva. Assim, o valor da reserva legal não é distribuído aos acionistas ou
aos sócios como forma de dividendos ou distribuição de lucros, respectivamente. Mas como essa
reserva irá resguardar o patrimônio da empresa?
Imagine que João constituiu uma empresa com R$ 1.000 de capital social que foi totalmente
integralizado via caixa. Esse valor foi utilizado para comprar um computador que posteriormente foi
revendido à vista por R$ 1.200. Assim, a operação gerou R$ 200 de lucro líquido no período (para fins
didáticos vamos considerar que a operação foi isenta de tributação e que não ocorreram outras
despesas no período).Agora imagine que João retirou esses R$ 200 como forma de distribuição de
lucros para usar esse valor para fins pessoais, portanto ao final da operação o caixa da empresa ficou
com os mesmos R$ 1.000 da sua constituição (R$ 1.200 recebido do cliente – R$ 200 retirado pelo
João).
Agora, suponha que, ao entrar em contato com o fornecedor, João descobriu que o mesmo
computador está sendo vendido pelo fornecedor a R$ 1.005, ou seja, teve um aumento de preço.
Como a empresa possui somente R$ 1.000 em caixa, então terá a necessidade de realizar uma
compra a prazo, ou recorrer a um empréstimo ou até mesmo precisará de uma nova integralização
de capital social para conseguir repor o seu estoque, visto que não possui todo o valor em caixa.
Esse é um exemplo simples, mas que ilustra como a reserva legal pode ser útil. Se João tivesse
retido 5% do lucro líquido da empresa no período (R$ 200 x 5% = R$ 10), então teria no seu caixa R$
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1.010, sendo possível repor o computador no seu estoque sem recorrer a compra a prazo,
empréstimos ou a uma nova integralização de capital, sendo preservado o patrimônio da empresa.
Em termos legais, a Lei n. 6.404/1976 é responsável por instituir essa retenção compulsória no
art. 193, conforme mostrado a seguir:
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer
outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do
capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa
reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do art. 182, exceder de
30% (trinta por cento) do capital social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser
utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital. (Brasil, 1976)
Como se pode observar, há limites para a constituição da reserva legal. O primeiro limite é o que
chamamos de limite obrigatório, ou seja, o valor da reserva legal não poderá ser superior a 20% do
capital social. O segundo limite é opcional, no qual a empresa poderá deixar de constituir a reserva
legal se a soma do saldo da reserva legal com a reserva de capital ultrapassar 30% do capital social.
Vamos analisar estas condições a partir de cenários:
2.1 CENÁRIO 1 – NENHUM DOS LIMITES É ATINGIDO
A Indiana Jeans S. A. foi constituída com um capital social de R$ 500.000 em janeiro de 20X0 e
ao final do período apresentou R$ 200.000 de lucro líquido e um saldo na reserva de capital de R$
50.000. Nesse caso, como não há saldo de reserva legal de períodos anteriores, então a empresa irá
constituir R$ 10.000 de reserva legal (R$ 200.000 x 5%). Perceba que o primeiro limite da reserva legal
ainda não foi atingido, visto que 20% do capital social realizado resultaria em um limite máximo de
reserva legal de R$ 100.000 (R$ 500.000 x 20%), o qual ainda não foi atingido. Da mesma forma, o
segundo limite da reserva legal ainda não foi alcançado, pois o saldo da reserva legal somado a
reserva de capital ainda não atingiu os R$ 150.000 que representa 30% do capital social realizado.
2.2 CENÁRIO 2 – LIMITE OBRIGATÓRIO DE 20% DO CAPITAL SOCIAL
REALIZADO É ATINGIDO PELA RESERVA LEGAL
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A Indiana Jeans S. A. possui um capital social realizado de R$ 500.000, saldo de reserva de capital
de R$ 50.000, saldo de reserva legal de R$ 95.000 e o lucro líquido do período foi de R$ 200.000. O
limite obrigatório da reserva legal será de no máximo R$ 100.000 (R$ 500.000 x 20%). Então, a
empresa irá constituir R$ 5.000 de reserva legal, pois apesar de 5% do lucro líquido ser R$ 10.000, a
empresa já possui R$ 95.000 de reserva legal, faltando somente R$ 5.000 para atingir esse limite
obrigatório.
2.3 CENÁRIO 3 – LIMITE OPCIONAL DE 30% DO CAPITAL SOCIAL REALIZADO É
ATINGIDO PELA SOMA DOS SALDOS DAS RESERVAS DE CAPITAL E LEGAL
A Indiana Jeans S. A. possui um capital social realizado de R$ 500.000, saldo de reserva de capital
de R$ 55.000, saldo de reserva legal de R$ 95.000 e o lucro líquido do período foi de R$ 200.000.
Opcionalmente, a empresa pode deixar de constituir uma reserva legal nesse período, pois a soma do
saldo da reserva legal de períodos anteriores com o saldo da reserva de capital é de R$ 150.000, que
representa 30% do capital social realizado. Caso a empresa opte por constituir uma reserva legal,
então o novo saldo da reserva legal não poderá ultrapassar 20% do capital social. Então, a empresa
irá constituir R$ 5.000 de reserva legal, pois, apesar de 5% do lucro líquido ser R$ 10.000, a empresa
já possui R$ 95.000 de reserva legal, faltando somente R$ 5.000 para atingir esse limite obrigatório de
R$ 100.000.
Referente a esses valores, a empresa poderá utilizá-los no futuro para compensar prejuízos
acumulados de períodos anteriores ou até mesmo para expandir o seu capital social. Por exemplo,
suponha que a Indiana Jeans S. A. possui R$ 100.000 de reserva legal constituída de períodos
anteriores e em um determinado período obteve um prejuízo de R$ 30.000. Então, a empresa poderá
compensar esse prejuízo acumulado com o saldo da reserva legal, por meio do seguinte lançamento
contábil.
1. Pela compensação de prejuízos acumulados com saldo da reserva legal
D – Reserva legal (patrimônio líquido)                                                                       R$ 30.000
C – Prejuízo acumulado (patrimônio líquido)                                                              R$ 30.000
Tabela 7 – Razonetes
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Legenda: sa representa o saldo anterior da conta.
Perceba que a Indiana Jeans S. A. utilizou parte da reserva legal para compensar o prejuízo que
obteve no período. Agora vamos considerar que a empresa decidiu aumentar o seu capital social
utilizando o saldo remanescente da reserva legal. Então, o seguinte lançamento contábil deverá ser
realizado:
2. Pelo aumento do capital social com o saldo da reserva legal
D – Reserva legal (patrimônio líquido)                                                                       R$ 70.000
C – Capital social (patrimônio líquido)                                                                        R$ 70.000
Tabela 8 – Razonetes
Legenda: sa representa o saldo anterior da conta.
Agora, vamos observar a apresentação dos valores da reserva legal em no Balanço Patrimonial
da Magazine Luiza S. A. em 2020 (Figura 2).
Figura 2 – Limites e reserva legal - Magazine Luiza S. A.
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Fonte: Magazine Luiza, 2020.
Perceba que a reserva legal da Magazine Luiza está abaixo do limite obrigatório de 20% do
capital social realizado. Além disso, a reserva legal da empresa está abaixo do limite opcional, pois a
soma da reserva de capital com a reserva legal é de R$ 513,6, abaixo dos 1.785,69 (30% do capital
social realizado) que é o saldo mínimo para não realizar a constituição dessa reserva.
Na Figura 3, é apresentado um resumo do tratamento destinado a reserva legal.
Figura 3 – Resumo das tratativas da reserva legal
Saiba mais
Vamos analisar como essa temática é abordada no Exame de Suficiência do CFC.
(Exame de Suficiência – CFC – Consulplan – Prova 2020.1) Uma Sociedade Empresária, em
31/12/2019, apresentou os seguintes saldos de contas do Patrimônio Líquido:
Capital Social totalmente integralizado no valor de R$ 250.000,00;
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Reserva Legal no valor de R$ 46.250,00;
Reserva Estatutária no valor de R$ 57.000,00;
Não havia outros saldos.
Em 31/12/2019, apurou lucros no valor de R$ 140.000,00 e a Assembleia Geral Ordinária
realizada aprovou a seguinte proposta de destinação e distribuição desse lucro:5% para Reserva Legal conforme a legislação;
40% para Reserva Estatutária;
R$ 35.000,00 para Reserva para Contingências;
a sobra líquida será destinada a Dividendos a Pagar.
Considerando os dados apresentados, podemos afirmar que os valores da Reserva Legal e
Dividendos a Pagar são, respectivamente:
a. R$ 7.000,00 e R$ 42.000,00.
b. R$ 46.250,00 e R$ 2.750,00.
c. R$ 12.500,00 e R$ 36.500,00.
d. R$ 3.750,00 e R$ 45.250,00.
Resposta
Como não há saldo de reserva de capital, iremos analisar somente o limite obrigatório.
Assim, a empresa poderá ter no máximo R$ 50.000 de saldo de reserva legal (R$ 250.000 de
capital social realizado x 20%). Como há um saldo anterior de R$ 46.250, a empresa irá constituir
somente R$ 3.750 de reserva legal, que somado ao saldo anterior irá alcançar o limite de R$
50.000 (R$ 46.250 + R$ 3.750). Além disso, o valor de R$ 3.750 está abaixo dos 5% do lucro
líquido do período (R$ 140.000 x 5% = 7.000).
A reserva estatutária será de R$ 56.000 (R$ 140.000 x 40%).
Portanto, o valor a ser distribuído como forma de dividendos é o produto da subtração das
reservas de lucros frente ao lucro líquido do período, conforme indicado a seguir:
Lucro líquido do período          = R$ 140.000
(-) Reserva legal                      = R$     3.750
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(-) Reserva estatutária             = R$   56.000
(-) Reserva para contingência = R$ 35.000
(=) Dividendos a pagar            = R$ 45.250
Portanto, o gabarito é a alternativa D.
TEMA 3 – RESERVA DE LUCROS
Vimos anteriormente como se constitui uma reserva legal. Essa conta pertence a um grupo mais
amplo denominado de reservas de lucros. Legalmente, uma empresa de capital aberto não pode
acumular lucros, ou seja, a companhia deve destinar o seu lucro, seja para o pagamento de
dividendos, seja para as reservas legais.
Esse tratamento é necessário para que os acionistas, principalmente os minoritários, saibam a
destinação do lucro. Assim, antes de determinar o valor de dividendos a ser distribuído, além da
reserva legal determinada por lei, a entidade poderá constituir outros tipos de reservas que são
legalmente autorizadas ou determinadas pelo estatuto social da empresa.
3.1 RESERVAS AUTORIZADAS POR LEI
3.1.1 Reserva de contingências
De acordo com a Lei n. 6.404/1976, art. 195, essa reserva é constituída com o objetivo de
compensar em períodos futuros a diminuição do lucro advinda de uma perda julgada como provável.
Destaca-se que a reserva de contingências se diferencia das provisões, pois não gera um aumento de
despesa. Por exemplo, suponha que os gestores da Petter Pão S. A. no final de 20X4 analisaram a
situação econômica e previram que provavelmente haveria uma redução dos lucros da empresa no
ano seguinte. Então, a diretoria poderá propor a constituição de uma reserva para contingência,
diminuindo o montante de dividendos a ser distribuído, para reter valores que serão utilizados para
compensar a instabilidade financeira gerada pela diminuição dos lucros.
3.1.2 Reserva de lucros a realizar
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A reserva de lucros a realizar é um tipo de reserva optativa utilizada quando o montante de
dividendos obrigatórios for superior ao lucro realizado do período. Mas o que é o lucro realizado do
período? O art. 197 da Lei n. 6.404/1976 define que a parcela do lucro realizado é o montante que
exceder a soma do resultado líquido positivo com equivalência patrimonial e o lucro, rendimento ou
ganho líquido em operações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado, no qual o
prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte (Brasil, 1976).
Por exemplo, se em 20X6 a Petter Pão S. A. obtiver um lucro de R$ 40.000 com a venda de
mercadorias a prazo para receber em 20X8, teremos então um exemplo de lucros a realizar. Apesar
de os R$ 40.000, pelo regime de competência, figurarem no lucro de 20X6, esse valor somente será
realizado (transformado em caixa) em 20X8.
Assim, a reserva de lucros a realizar pode ser constituída para proteger o poder aquisitivo da
companhia, em detrimento ao pagamento de dividendos. Como na contabilidade, as operações são
reconhecidas contabilmente com base em um enfoque econômico, nem todo o valor que compõe o
lucro irá ingressar no ativo circulante da empresa no mesmo período em que a receita é reconhecida.
Logo, a reserva de lucros a realizar é uma forma de postergar o pagamento de dividendos
obrigatórios, que serão pagos na realização deste lucro, ou para compensar algum prejuízo que a
empresa venha a ter antes da realização efetiva desse lucro.
Retornando ao exemplo da Petter Pão S. A., considere que, além dos R$ 40.000 de lucros a
realizar, a empresa obteve R$ 100.000 de lucros realizados. De acordo com o estatuto da companhia,
a empresa deverá pagar R$ 90.000 de dividendos obrigatórios referentes a esse período. Perceba
que, nesse caso, o valor dos dividendos obrigatórios é inferior aos lucros realizados, não sendo
possível constituir uma reserva de lucros a realizar, pois os lucros realizados são suficientes para
suportar o pagamento dos dividendos.
Por outro lado, se os dividendos obrigatórios fossem de R$ 110.000, então a empresa poderia
propor uma reserva de lucros a realizar para evitar que fosse pago uma parcela de dividendos
superior ao lucro realizado do período. Nesse sentido, a reserva de lucros a realizar ajuda a evitar que
a empresa tenha problemas futuros ao pagar um valor de dividendos maior do que o gerado pelo
lucro do período.
Na Figura 4, é apresentado um exemplo de reserva de lucros a realizar retirado das notas
explicativas de 2020 da Equatorial Energia S. A.
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Figura 4 – Notas explicativas – Reserva de lucros a realizar – Equatorial Energia S. A.
Fonte: Equatorial Energia, 2020.
Note que a empresa deixa evidente que o objetivo da constituição dessa reserva é a não
distribuição de dividendos.
3.2 RESERVAS ESTATUTÁRIAS (DETERMINADAS PELO ESTATUTO SOCIAL)
As reservas estatutárias são instituídas pela organização, tendo uma destinação específica. Nesse
sentido, a empresa deverá indicar em seu estatuto social de forma objetiva qual é a finalidade da
reserva estatutária, os critérios para a determinação de seu valor, bem como o limite máximo que
esta reserva poderá atingir.
Cabe destacar que, diferentemente de outros tipos de reservas já estudados, as reservas
estatutárias não podem ser constituídas em prejuízo ao pagamento de dividendos obrigatórios, ou
seja, a empresa não poderá deixar de pagar algum valor de dividendos por constituir uma reserva
estatutária.
Como essa modalidade de reserva possui uma destinação específica, é possível que uma
companhia tenha vários tipos de reservas estatutárias ou até mesmo nem realize a constituição desta
reserva, pois depende do que o estatuto social da companhia estabelece.
Na Figura 5, é apresentado um exemplo de reserva estatutária definido no estatuto social e
detalhado nas notas explicativas de 2020 da Equatorial Energia S. A.
Figura 5 – Estatuto social e notas explicativas – Reserva estatutária – Equatorial Energia S. A.
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Fonte: Equatorial Energia, 2020.
Perceba que a companhia esclarece que o objetivo dessa reserva é a expansão e o investimento
em suas operações e participações em outras sociedades. Além disso, o seu estatuto social
estabelece os limites dessa reserva, e as notas explicativas indicam o valor constituído dela no ano de
2020.
3.3 OUTROS TIPOS DE RESERVAS
3.3.1 Reserva de lucros para expansão
A administração da empresa poderá propor reservas específicas voltadas à retenção de lucros
com foco na expansão de suas atividades. Para tanto, é necessário que esses valores estejam
previstos no orçamento de capital da companhia,aprovado em assembleia geral e que não venha a
prejudicar a distribuição de dividendos da empresa.
3.3.2 Reserva de incentivos fiscais
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A critério da administração da empresa e, desde que aprovado em assembleia geral, os valores
recebidos como forma de subvenção e doações governamentais poderão compor a reserva de
incentivos fiscais. Esses valores podem ser excluídos da base de cálculo dos dividendos desde que
seja constituída esta reserva específica.
3.4 RESUMO
Note que há vários tipos de reservas de lucros, cada qual possui um objetivo específico e pode
demandar esforços, tratativas e procedimentos diferenciados para a sua constituição. Cabe destacar
que, conforme o art. 199 da Lei n. 6.404/1976, o saldo das reservas de lucros, exceto as para
contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social
(Brasil, 1976).
Saiba mais
Vamos agora verificar como esse tema é abordado em avaliações de concursos.
1. (CESPE – TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade: Ciências Contábeis – 2021)
Com relação ao tratamento contábil do patrimônio líquido e de seus componentes, julgue o
próximo item.
A reserva de lucros a realizar tem por finalidade adequar a distribuição de dividendos
obrigatórios ao lucro efetivamente realizado em termos financeiros.
(   ) Certo
(   ) Errado
Resposta
A reserva de lucros a realizar objetiva proteger a saúde financeira da empresa frente à
possibilidade de distribuição de dividendos obrigatórios advindos de lucros não realizados.
Portanto, o gabarito é a alternativa Certo.
2. (FDC – Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Auditor Técnico de Tributos Municipais – 2012)
As reservas de lucros constituídas no exercício são calculadas com base no lucro líquido do
exercício. Entretanto, o somatório dos saldos de algumas dessas reservas constituídas não
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poderá ultrapassar o capital social, uma vez que, atingido esse limite, a assembleia deliberará
sobre a aplicação do excesso na integralização ou aumento do capital, ou na distribuição de
dividendos.
De acordo com a legislação societária vigente, esse somatório não inclui os saldos das
seguintes reservas de lucros:
a. legal, para contingências e estatutárias.
b. legal, de retenção de lucros e de lucros a realizar.
c. para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar.
d. estatutária, retenção de lucros e de lucros a realizar.
e. de incentivos fiscais, legal e especial para dividendos obrigatórios não distribuídos.
Resposta
As reservas de contingências, de incentivos fiscais e de lucros podem ultrapassar o valor do
capital social. Portanto, o gabarito é a alternativa C.
TEMA 4 – JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO
O pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) foi estabelecido pela Lei n 9.249/1995 (Brasil,
1995) e representa uma forma alternativa aos dividendos de remunerar os acionistas com benefício
fiscal para a empresa desde que estabelecido em contrato ou no estatuto social da entidade. A
seguir, é apresentado o parágrafo 2º do art. 27 do Estatuto Social do Banco Bradesco S. A., que serve
de exemplo de como o estatuto social de uma Sociedade Anônima pode apresentar a possibilidade
de pagamento de JCP:
Parágrafo 2º – Poderá a Diretoria, ainda, mediante aprovação do Conselho, autorizar a distribuição
de lucros aos acionistas a título de juros sobre o capital próprio, nos termos da legislação específica,
em substituição total ou parcial dos dividendos intermediários, cuja declaração lhe é facultada pelo
parágrafo anterior ou, ainda, em adição aos mesmos. (Bradesco, 2020, p. 13, grifo nosso)
O valor do JCP é utilizado unicamente para fins fiscais, sendo o seu valor reduzido da base de
cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro desde que a organização adote o regime de tributação
do lucro real.
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Em termos operacionais, o JCP tem como referência a taxa de longo prazo (TLP), que substituiu a
taxa de juros de longo prazo (TJPL) a partir de 2017, sendo aplicada sobre o valor do patrimônio
líquido da empresa. Destaca-se que o art. 9 da Lei n. 9.249/1995 estabelece que são consideradas
somente as contas de
I – capital social;
II – reservas de capital;
III – reservas de lucros;
IV – ações em tesouraria; e
V – prejuízos acumulados para o cálculo do limite do JCP. (Brasil, 1995)
A TLP pode ser consultada no site do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Assim, os valores de ajuste de avaliação patrimonial, ganho/perdas na conversão de
investimentos no exterior, bem como o saldo da reserva de reavaliação que não tenha sido
adicionada no cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social não compõem a base de cálculo
do JCP. Nota-se que a conta de lucros acumulados também não compõe a base de cálculo do JCP.
Essa exclusão dos lucros acumulados é muito relevante para as companhias de capital fechado (já
que as companhias de capital aberto por lei já não acumulam saldo nessa conta), visto que é um
incentivo para as entidades realizar a destinação do lucro, zerar esta conta e aumentar a base de
cálculo do JCP.
Ainda referente à base de cálculo utilizada para o JCP, o patrimônio líquido a ser utilizado é o do
período anterior à data de apuração do JCP, ou seja, os lucros do próprio período não compõem a
base de cálculo do JCP. Logo, se o patrimônio líquido da empresa Indiana Jeans em 20X1 for de R$
100.000, considerando que a empresa não possui saldo na conta de ajuste de avaliação patrimonial e
lucros acumulados, e, após obter um lucro líquido em 20X2 de R$ 20.000, o seu patrimônio líquido
passe a ser R$ 120.000, então o JCP de 20X2 será calculado com base no patrimônio líquido de 20X1,
ou seja, sobre os R$ 100.000.
Como o JCP é calculado para fins fiscais, caso a empresa seja do regime de tributação do lucro
real trimestral, poderá considerar o patrimônio líquido do início do trimestre para realizar a apuração
do JCP. É interessante destacar que, no início deste texto, foi explicitado que o JCP tem como
referência a TLP, o que significa que a empresa pode definir o valor que considerar adequado para
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remunerar o capital próprio, desde que esse montante não ultrapasse o valor da aplicação da TLP
sobre o patrimônio líquido da organização, conforme art. 9 da Lei n. 9.249/1995:
Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou
creditados individualmente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital
próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da
Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP (Brasil, 1995)
Como a TLP divulgada pelo Banco Central é calculada de forma anual, então é necessário que a
empresa se atente e converta, se for o caso, essa taxa ao período que está sendo calculado o JCP.
Portanto, se no exemplo da Empresa Indiana Jeans, a taxa anual da TLP fosse de 10%, a empresa
apurasse o lucro real de forma anual e o pagamento fosse no dia do encerramento do período, então
a entidade poderia pagar no máximo R$ 10.000 (R$ 100.000 patrimônio líquido do início do período
x 10% da TLP) de JCP, desde que observados os demais limites legais, os quais são explicados
adiante. Destaca-se também que, se a apuração do lucro real fosse trimestral, então seria necessário
realizar a conversão desta taxa para o trimestre.
Além da taxa da TLP, há outros limites de dedutibilidade do JCP que devem ser observados. O
valor do JCP, segundo art. 75 da Instrução Normativa 1.700/2017 deverá ser de no máximo 50% do
maior valor entre:
I - 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução dos juros, caso estes
sejam contabilizados como despesa; ou
II - 50% (cinquentapor cento) do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros. (Brasil,
2017)
Os limites I e II da Instrução Normativa 1.700/2017 consideram os saldos finais do período atual.
Adicionalmente, o art. 75 da mesma legislação também explicita no parágrafo 3º que “para efeitos do
disposto no inciso I do parágrafo 2º, o lucro será aquele apurado após a dedução da CSLL e antes da
dedução do IRPJ” (Brasil, 2017, grifo nosso). Apesar de o JCP também ser dedutível da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Lei traz esse dispositivo que pode causar confusão no
momento do cálculo. Assim, se para o cálculo do JCP for utilizado o limite I da Instrução Normativa
1.700/2017, então será necessário primeiro realizar o cálculo da CSLL e, posteriormente, o do IRPJ.
Para facilitar o nosso entendimento, vamos analisar dois exemplos de cálculo do JCP
considerando esses limites:
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Cenário 1
Tabela 9 – Dados do cenário 1
Lucro do período após CSLL R$ 100.000
Patrimônio líquido do início do período R$ 25.000
Reserva de lucros R$ 1.000
Não há lucros acumulados  
Taxa de TJLP do período 10%
Limite da TLP
R$ 25.000 x 10% = R$ 2.500
 
Limites da Instrução Normativa 1.700/2017
Limite I – 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução dos juros, caso
estes sejam contabilizados como despesa
Lucro do período após CSLL x 50%
R$ 100.000 x 50% = R$ 50.000
 
Limite II – 50% (cinquenta por cento) do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros
(Reserva de lucros + Lucros acumulados) x 50%
R$ 1.000 x 50% = R$ 500
Conclusão: o Limite I possibilita pagar até R$ 50.000 de JCP, entretanto o limite da aplicação da
TLP permite um pagamento máximo de R$ 2.500. Logo, este é o valor máximo a ser creditado.
Cenário 2
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Tabela 10 – Dados do cenário 2
Lucro do período após CSLL R$ 2.000.000
Capital social R$ 3.000.000
Reservas de Capital R$ 1.000.000
Reservas de Lucros R$ 1.120.000
Ajustes de Avaliação Patrimonial (AAP) R$ 600.000
(-) Prejuízos Contábeis (R$ 320.000)
Total do patrimônio líquido R$ 5.400.000
Limite da TLP
R$ 4.800.000 (PL de R$ 5.400.000 – R$ 600.000 de ajuste de avaliação patrimonial) x 10% = R$
480.000
 
Limites da Instrução Normativa 1.700/2017
Limite I - 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução dos juros, caso
estes sejam contabilizados como despesa
Lucro do período após CSLL x 50%
R$ 2.000.000 x 50% = R$ 1.000.000
 
Limite II - 50% (cinquenta por cento) do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros
(Reserva de lucros + Lucros acumulados) x 50%
R$ 1.120.000 x 50% = R$ 560.000
Conclusão: a aplicação da TLP sobre o patrimônio líquido da empresa permite a apropriação de
até R$ 480.000. Como os limites I e II ultrapassam este valor, então a empresa poderá distribuir R$
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480.000 em forma de JCP.
Para ser dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o JCP deverá ter sido efetivamente pago
ou creditado nas contas dos acionistas ou sócios. Além disso, sobre o JCP incide 15% de Imposto de
Renda Retido na Fonte (IRRF) que deverá ser arcado pelo sócio ou acionista e recolhido pela empresa
em até três dias útil após o pagamento ou crédito desses valores. Em termos contábeis, a Deliberação
CVM n. 683/2012 esclarece que para as companhias de capital aberto o JCP não deverá figurar em
conta de resultado, mas em conta do passivo, conforme art. 11:
11. Assim, o tratamento contábil dado aos JCP deve, por analogia, seguir o tratamento dado ao
dividendo obrigatório. O valor de tributo retido na fonte que a companhia, por obrigação da
legislação tributária, deva reter e recolher não pode ser considerado quando se imputam os JCP ao
dividendo obrigatório. (CVM, 2012)
Assim, o JCP representa uma exclusão que deverá ser realizada diretamente no e-LALUR e no e-
LACS da empresa. Com base nisso, vamos analisar com base no Cenário 1 e considerando a
Deliberação CVM n. 683/2012 os lançamentos contábeis inerentes ao JCP (CVM, 2012):
1. Pelo reconhecimento do JCP
D – Dividendos a pagar                                                                                    R$ 2.500
C – Juros sobre Capital Próprio a pagar                                                            R$ 2.500
 
2. Pelo reconhecimento da retenção do Imposto de Renda Retido na Fonte
D - Juros sobre Capital Próprio a pagar                                                             R$    375
C – Imposto de Renda Retido na Fonte a recolher                                             R$    375
* 15% sobre os Juros sobre Capital Próprio
 
3. Pelo recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte
D – Imposto de Renda Retido na Fonte a recolher                                             R$    375
C – Caixa e equivalentes de caixa                                                                    R$    375
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4. Pelo pagamento do JCP aos acionistas/sócios
D – Juros sobre Capital Próprio a pagar                                                            R$  2.125
C – Caixa e equivalentes de caixa                                                                    R$  2.125
Tabela 11 – Razonetes
Legenda: sa representa o saldo anterior da conta.
Note que, no lançamento anterior, o reconhecimento o JCP foi imputado contra a conta de
dividendos a pagar, conforme Deliberação CVM n. 683/2012 (CVM, 2012). Se a empresa for do lucro
real, fará uma exclusão desse valor no e-LALUR e no e-LACS. Caso a empresa não seja uma
companhia de capital fechado e realize o reconhecimento desse valor como uma despesa financeiro,
então não será necessário realizar a exclusão desse valor no e-LALUR e no e-LACS, pois o JCP já
estará reduzindo a base de cálculo desses tributos.
Cabe destacar que, além do IRRF, para as empresas do método não cumulativo há a incidência
de PIS e COFINS sobre o valor recebido a título de JCP, ou seja, se a entidade tiver participação no
capital social de outra organização e receber JCP haverá a necessidade de calcular PIS e Cofins sobre
esse valor recebido. Assim, o estudo de pagamento de JCP também abrange elementos do
planejamento tributário, pois os pagamentos via dividendos não permitem a dedução da base de
cálculo do IRPJ e da CSLL, enquanto o JCP possibilita tal dedução.
Na Figura 6 é apresentado o detalhamento do pagamento de JCP no mês de março do Itaú
Unibanco S. A.
Figura 6 – JCP – Itaú Unibanco S. A. – 2021
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Fonte: Itaú Unibanco Holding S.A., 2021.
Note que o valor nominal representa o JCP antes da retenção do imposto de renda. Já o valor
líquido é o produto do valor nominal descontada a taxa do imposto de renda retido na fonte (R$
0,05016 – 15% = R$ 0,42636). Portanto, cada acionista recebeu de forma líquida R$ 0,42636 por ação
como forma de JCP em março de 2021.
Saiba mais
Vamos ver como esse conteúdo é abordado em provas de concurso público.
(VUNESP – Auditor Fiscal Tributário Municipal – 2019) O montante dos juros sobre o capital
próprio creditados pela companhia aos seus acionistas
a. é calculado sobre o valor total do patrimônio líquido, inclusive sobre o valor do lucro
auferido no exercício, antes de sua tributação.
b. não pode ser deduzido do valor do dividendo obrigatório.
c. é calculado pela Taxa Selic divulgada anualmente pelo Banco Central do Brasil.
d. não pode ser calculado sobre o valor dos ajustes de avaliação patrimonial.
e. não está sujeito à tributação do imposto de renda na fonte.
Resposta
O art. 9 da Lei n. 9.249/1995 estabelece que são consideradas somente as contas de
I – capital social;
II – reservas de capital;
III – reservas de lucros;
IV – ações em tesouraria;e
V – prejuízos acumulados para o cálculo do limite do JCP. (Brasil, 1995)
Logo a alternativa a está incorreta.
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O JCP pode ser deduzido dos dividendos obrigatórios, logo a alternativa b está incorreta.
Além disso, a taxa utilizada no cálculo do JCP é a TLP e não a Selic, tornando a alternativa c
incorreta.
Por fim, o JCP está sujeito à tributação de imposto de renda na fonte, tornando incorreta a
alternativa e.
Portanto, o gabarito é a alternativa D.
TEMA 5 – DIVIDENDOS
As contas que compõem o patrimônio líquido representam o capital próprio da empresa, o qual
pertence aos seus acionistas e, portanto, é passível de remuneração. Uma das formas de remunerar
os acionistas de uma organização é por meio da distribuição de dividendos, que representam uma
parcela do lucro que a empresa utiliza para remunerar os detentores de suas ações e que,
normalmente, são definidos com base no seu desempenho.
A Lei n. 6.404/1976 determina que o estatuto social da entidade deve definir a parcela mínima
de dividendos a ser paga aos acionistas no encerramento de cada exercício social (Brasil, 1976).
Nesse sentido, caso o estatuto social da companhia seja omisso em relação à parcela de dividendos a
ser distribuída, o art. 202 da referida lei define que a empresa deverá destinar metade do lucro
líquido ajustado após a constituição da reserva legal (5% do lucro do período) e da
formação/reversão da reserva para contingências como forma de remuneração por meio de
dividendos (definida de acordo com projeções e justificativas que reflitam a realidade da empresa)
(Brasil, 1976).
No caso de empresas já constituídas que venham a definir posteriormente um valor mínimo de
dividendos a ser distribuído, o art. 202 da Lei n. 6.404/1976 explicita que esse percentual deverá ser
de no mínimo 25% do lucro líquido ajustado após a constituição da reserva legal e da
formação/reversão da reserva para contingências (Brasil, 1976).
É interessante citar que, em alguns casos, há confusões na interpretação acerca dos limites
estabelecidos pelo art. 202 dessa lei. Assim, é preciso reconhecer o contexto histórico que cerceava a
época da promulgação da Lei n. 6.404/1976. A referida Lei substituiu o Decreto-Lei n. 2.627/1940,
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pois este dispositivo legal não estabelecia um valor mínimo de dividendos a ser distribuído no caso
de estatutos omissos deixando a cargo da diretoria, assistida pelo conselho fiscal e condicionada à
aprovação na assembleia geral, a definição de um percentual mínimo de dividendos a ser distribuído
(Gelbeck et al., 2018). Ocorre que essa tratativa não fornecia salvaguarda para os acionistas
minoritários, visto que, ao depender da deliberação da assembleia geral e da diretoria, basicamente
toda a parcela dos dividendos a ser distribuída seria influenciada majoritariamente pelos acionistas
controladores, pois estes detêm a maior concentração do número de ações da companhia e,
consequentemente, maior controle.
Nesse sentido, o mínimo de 25% é aplicável para as companhias já existentes à época da
promulgação da Lei n. 6.404/1976, que possuíam estatuto omisso e nos casos em que a companhia
optou por realizar a inclusão de uma política de dividendos mínimos a fim de evitar o
enquadramento no pagamento compulsório de 50% do lucro líquido ajustado. Caso a companhia, já
existente à época, viesse a optar por uma distribuição inferior a 25%, então deveria realizar a
recompra das ações dos acionistas descontentes com esse percentual. Assim, por convenção, o
mínimo de 25% acabou sendo adotado pela maior parte das companhias.
Por sua vez, no caso da constituição de uma nova companhia após 1976, no momento da
constituição, pode ser definido no estatuto social uma parcela de dividendos inferior a 25% do lucro
líquido ajustado. A Figura 7 nos auxilia a compreender este cenário de definição dos dividendos
obrigatórios mínimos.
Figura 7 – Fluxograma para definição dos dividendos obrigatórios mínimos
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A seguir, é apresentado um exemplo da Magazine Luiza, que passou a ter as suas ações
negociadas na bolsa de valores em 2011 e determina um percentual mínimo de dividendos
obrigatórios inferior a 25%, conforme art. 34 do seu estatuto social:
Art. 34 A Companhia distribuirá como dividendo, em cada exercício social, no mínimo 15% (quinze
por cento) do lucro líquido do exercício, ajustado nos termos do art. 202 da Lei das Sociedades por
Ações. (Magazine Luiza S. A., 2018).
Além dos dividendos obrigatórios, a empresa pode estipular o pagamento de dividendos
adicionais com o intuito de distribuir o excedente de lucro que não será reinvestido ou a fim de atrair
novos investidores. Diferentemente dos dividendos obrigatórios que figuram no passivo da empresa,
os dividendos adicionais não representam uma obrigação para a companhia e devem permanecer
reconhecidos como uma reserva no patrimônio líquido até a sua deliberação pela assembleia, sendo
que, a partir da aprovação, passam a figurar como dividendos a pagar.
Essa tratativa é indicada no item 24 da ICPC 08 (R1) – Contabilização da Proposta de Pagamento
de Dividendos, conforme exposto a seguir:
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24. Visando atender à conceituação de provisão, reproduzida no item 17 desta Interpretação, a
parcela do dividendo que se caracterize efetivamente como obrigação presente deve figurar no
passivo da entidade. Mas a parcela que exceder ao previsto legal ou estatutariamente deve ser
mantida no patrimônio líquido, em conta específica, do tipo “dividendo adicional proposto”, até a
deliberação definitiva que vier a ser tomada pelos sócios. Afinal, esse dividendo adicional não se
caracteriza como obrigação presente na data do balanço, já que a assembleia dos sócios ou outro
órgão competente poderá, não havendo qualquer restrição estatutária ou contratual, deliberar ou
não pelo seu pagamento ou por pagamento por valor diferente do proposto. (CPC, 2012, grifo
nosso)
Os dividendos também podem ser divididos entre prioritário e não prioritário. Os dividendos
prioritários são pagos àqueles acionistas que possuem prioridade na distribuição de dividendos, ou
seja, caso não haja recursos suficientes para a distribuição de dividendos para todos os acionistas,
essa classe acionária será priorizada. Isso ocorre, por exemplo, com os acionistas que possuem ações
preferenciais (Gelbeck, 2018). Assim, as ações preferenciais concedem aos seus detentores, segundo
art. 17 da Lei n. 6.404/1976, prioridade na distribuição dos dividendos fixos ou mínimos (Brasil, 1976).
Por falar em dividendos fixos e mínimos, o estatuto social pode atribuir aos acionistas
preferencialistas e ordinários um valor mínimo de dividendos a ser distribuído. Nesse sentido, os
dividendos fixos e mínimos podem ser abrangidos pela cota de dividendos obrigatórios. Por
exemplo, o estatuto social pode definir um dividendo mínimo a ser distribuído de R$ 1 por ação, se o
valor do dividendo obrigatório gerar um valor de dividendos por ação de R$ 1,244 por ação, então o
dividendo mínimo estará englobado pelo dividendo obrigatório.
Os dividendos podem também ser classificados como cumulativos e não cumulativos. Segundo
Gelbcke et al. (2018) os dividendos cumulativos podem ser recebidos em períodos futuros quando
não houver lucros suficientes para a sua distribuição no curso normal da política de distribuição da
empresa. Por outro lado, os dividendos não cumulativos não são acumulados para exercícios futuros.
É interessante notar que a empresa pode comprovar que não possui capacidade para realizar a
distribuição de lucros e constituir uma reserva de lucros a realizar ou uma reserva específica de
dividendos não distribuídos a fim de realizar a sua distribuição no futuro e não prejudicara situação
financeira da entidade, conforme vimos em tópicos anteriores.
Nesse contexto, o art. 203 da Lei n. 6.404/1976 cita que a constituição dessa reserva “não
prejudicará o direito dos acionistas preferenciais de receber os dividendos fixos ou mínimos a que
tenham prioridade, inclusive os atrasados, se cumulativos” (Brasil, 1976). Portanto, pode ocorrer casos
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da empresa se comprometer em distribuir dividendos fixos ou mínimos com os acionistas
preferenciais e ter que prejudicar a sua saúde financeira para cumprir tal promessa contratual.
Destaca-se também que os acionistas preferenciais das companhias que passarem mais de três
anos sem realizar a distribuição de dividendos passarão automaticamente a ter direito a voto na
assembleia geral até que a distribuição de dividendos ocorra.
Após verificar a classificação dos dividendos, torna-se oportuno analisar o cálculo e os
lançamentos da distribuição dos mesmos. Por exemplo, suponha que a Petter Pão S. A. obteve um
lucro líquido do exercício de R$ 500.000 ao final do período. Sabe-se que a constituição da reserva
de contingência será de R$ 30.000. O estatuto social da empresa fixa um dividendo obrigatório de
25% do lucro líquido ajustado. Então, teremos os seguintes valores:
Tabela 12 – Cálculo dos dividendos obrigatórios
Lucro líquido do exercício R$ 500.000
(-) % Reserva legal (5%) (R$  25.000)
(+/-) Reversão/Constituição da reserva para contingências (R$ 30.000)  
(=) Lucro líquido ajustado conforme artigo n° 202 da Lei n° 6.404/1976 R$ 445.000
x 25% - Dividendos mínimos obrigatórios estabelecidos no estatuto social R$ 111.250
O reconhecimento do valor de dividendos obrigatórios, conforme calculado anteriormente, será
realizado da seguinte forma:
1 – Pelo reconhecimento de dividendos a pagar
D – Lucro acumulados do período (patrimônio líquido)                                       R$ 111.250
C – Dividendos propostos a pagar (passivo circulante)                                       R$ 111.250
 
2 - Pelo pagamento de dividendos
D – Dividendos propostos a pagar (passivo circulante)                                       R$ 111.250
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C – Caixa (ativo circulante)                                                                               R$ 111.250
Tabela 13 – Razonetes
Legenda: sa representa o saldo anterior da conta.
Em termos de pagamento de dividendos, salvo deliberações da Assembleia Geral dos Acionistas,
deverão ser pagos até 60 dias da data em que for declarado o direito de recebimento por parte dos
acionistas (Gelbeck et al., 2018). Além disso, a empresa pode optar por realizar o levantamento de
balanço patrimonial de períodos inferiores a um ano a fim de realizar o pagamento antecipado de
dividendos intermediários, desde que, em conjunto com essa demonstração, possua embasamento
no estatuto social, apreciação dos órgãos de administração e realize a distribuição desses valores
frente à conta de lucros do período (Gelbeck et al., 2018).
Em termos tributários, diferentemente dos Juros sobre Capital Próprio, não há benefícios
tributários para a empresa. Por outro lado, o recebimento de dividendos por parte dos acionistas é
isento da cobrança de imposto de renda.
Vamos verificar um exemplo de divulgação de informações referente aos dividendos nas
demonstrações financeiras do Itaú Unibanco Holding S. A.
Figura 8 – Dividendos – Itaú Unibanco Holding S. A. – 2021
Fonte: Itaú Unibanco Holding, 2021.
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Perceba que o valor nominal e líquido dos dividendos é o mesmo, o que se deve à isenção do
IRRF para o pagamento de dividendos.
Saiba mais
Por fim, vamos verificar como esta temática é abordada em provas de concurso da área
contábil.
(Adaptada de CESPE – Analista - Área Contabilidade e Finanças – Prova 2016)
Composição do patrimônio líquido          (Em R$)
Capital social            R$ 1.600.000
Reserva legal           R$ 250.000
Reserva de contingência  R$ 50.000
Ajuste de avaliação patrimonial   R$ 350.000
A tabela apresenta a composição do patrimônio líquido relativo ao ano de 2014 no balanço
patrimonial da empresa Alfa. Ao final do ano de 2015, a empresa apurou um lucro líquido de R$
1.500.000. O saldo da reserva de contingência não foi utilizado, tampouco foi constituída nova
reserva, ou seja, o saldo da reserva foi mantido no patrimônio líquido. O capital social não sofreu
alterações.
Com base nas informações apresentadas, julgue os itens subsequentes.
Considerando que o estatuto da empresa Alfa determina a distribuição de 50% do lucro
líquido ajustado a título de dividendos obrigatórios, o valor a ser distribuído será de R$ 712.500.
(   ) Certo
(   ) Errado
Lucro líquido do período                                                        R$ 1.500.000
(-) Reserva Legal                                                                      (R$    70.000)
(=) Lucro líquido ajustado conforme art. 202 da Lei n. 6.404/1976               R$ 1.430.000
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x 50% - Dividendos mínimos obrigatórios estabelecidos no estatuto social   R$ 715.000
Resposta
A reserva legal é 5% do lucro líquido, entretanto não poderá ultrapassar 20% do capital
social (R$ 1.600.000 x 5% = R$ 320.000). Como há um saldo de R$ 250.000 de reserva legal, a
empresa poderá constituir somente R$ 70.000 em reservas (R$ 320.000 – R$ 250.000 = R$
70.000). A questão não comenta que a reserva de contingência foi revertida, portanto mantém o
saldo desta reserva no patrimônio líquido. Logo, a base de cálculo para os dividendos é de R$
1.430.000 e equivale a R$ 715.000 de dividendos.
Portanto, o gabarito é a alternativa Errado.
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula, aprendemos sobre os diversos tipos de reservas de lucros que podem ser
constituídas. Agora chegou a sua vez de aprofundar o seu conhecimento empírico sobre a temática.
Escolha um exemplo de reserva de lucros constituída por uma empresa listada na bolsa de valores e
indique a importância dessa reserva para a empresa. Contamos com a sua participação no fórum da
disciplina.
NA PRÁTICA
1. Determinada empresa alcançou em 20X0 um lucro líquido de R$ 3.600.000. Além disso, a
empresa possui um saldo de R$ 2.000.000 de capital social totalmente integralizado. O saldo da
reserva legal de períodos anteriores é de R$ 320.000 e não há reservas de capital constituídas. Nesse
sentido, assinale a alternativa que indica o valor correto da reserva legal a ser constituída no
exercício.
a. R$ 80.000.
b. R$ 180.000.
c. R$ 280.000.
d. R$ 320.000.
e. R$ 360.000.
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Justificativa/Gabarito
Sabemos que o limite máximo da reserva legal é de 20% do capital social totalmente realizado,
portanto a empresa poderá ter um saldo máximo de reserva legal de R$ 400.000 (R$ 2.000.000 x
20%). Como a empresa já possui R$ 320.000 de saldo de reserva legal, poderá constituir no máximo
mais R$ 80.000. Se você calcular 5% sobre o lucro da empresa verá que o resultado permitirá
constituir os R$ 80.000 de reserva legal para atingir o seu limite máximo. Portanto, o gabarito é a
Letra A.
2. A Indiana Jeans avalia o seu investimento na Typhanic por meio do método de equivalência
patrimonial. Em determinado período, a Indiana Jeans reconheceu R$ 100.000 de resultado positivo
de equivalência patrimonial advindo do aumento do patrimônio líquido da Typhanic. A Indiana Jeans
optou por constituir uma reserva para não realizar a distribuição de dividendos referente a esta
receita oriunda da equivalência patrimonial, sendo respeitados os demais limites legais. Nesse
sentido, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas a respeito da reserva que será
constituída e da justifica utilizada para a constituiçãodessa reserva.
I – A Indiana Jeans irá constituir uma reserva de lucros a realizar
PORQUE
II – Dessa forma, não terá a obrigação de distribuir dividendos sobre um lucro que efetivamente
não foi realizado (não ingressou na empresa)
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras.
b. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
c. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
d. As asserções I e II são proposições falsas.
Justificativa/Gabarito
Como os demais limites legais são respeitados, sabemos que a empresa pode constituir uma
reserva de lucros a realizar quando uma parcela do seu lucro for não realizada, ou seja, não ingressou
efetivamente no caixa da empresa. Logo a assertiva I é verdadeira e a II é uma justificativa da I, sendo
o gabarito a letra A.
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FINALIZANDO
Nesta aula, abordamos os diferentes tipos de contas que pertencem ao patrimônio líquido.
Vimos, por exemplo, que o capital social de uma empresa é subdividido entre capital subscrito e
capital a integralizar. Em seguida, estudamos sobre a reserva legal e os seus limites para a
constituição. As demais contas da reserva de lucros também foram alvo desta aula. Por fim,
estudamos os aspectos legais dos juros sobre capital próprio e as formas de pagamento de
dividendos.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 2 jul. 2021.
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Brasília, DF, 17 dez. 1976.
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Pagamento de Dividendos. CVM, n. 693, 1 jun. 2012. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Interpretacoes/Interpretacao?id="17">. Acesso
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CVM – Comissão de Valores Imobiliários. Deliberação CVM n 683, de 30 de agosto de 2012.
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 31 ago. 2012.
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