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RESUMO INTEGRADO S.P 1.2– Nasceu, e agora? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Descrever a organização anatômica do fígado; • Caracterizar os aspectos microscópicos do fígado; • Caracterizar os aspectos morfológicos do baço; • Descrever o processo de síntese da bilirrubina; • Discutir as causas da icterícia própria do recém-nascido, bem como suas possíveis manifestações e complicações. • Caracterizar morfofuncionalmente a barreira hematoencefálica. • Discutir o conceito sobre Triagem Neonatal (teste do pezinho), metodologia e diagnóstico ao nascimento; • Caracterizar a fisiopatologia da hiper bilirrubinemia e sua associação com os diferentes tipos de icterícia; • Caracterizar a avaliação clínica da icterícia e a dosagem da bilirrubina. TRIAGEM NEONATAL A Triagem Neonatal Biológica (TNB) é um conjunto de ações preventivas, responsável por identificar precocemente indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estes possam ser tratados em tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. Além disso, propõe o gerenciamento dos casos positivos através de monitoramento e acompanhamento da criança durante o processo de tratamento. A triagem neonatal contempla o: diagnóstico presuntivo: interpretação de correlações clínicas e/ou clínico-laboratoriais. diagnóstico de certeza: constatação da presença do distúrbio ou doença por meio de testes. tratamento; acompanhamento dos casos diagnosticados e incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral. Consiste em identificar em uma população assintomática, os indivíduos que estão sob o risco de desenvolver determinada doença ou distúrbio e que se beneficiariam de investigação adicional, ação preventiva ou terapêutica imediatas; Ao ser aplicada estamos realizando o rastreamento especificamente na população com idade de 0 a 28 dias de vida. É feito pela atenção básica, laboratório especializado e atenção especializada. Exames de triagem neonatal: 1. Teste do pezinho 2. Teste do olhinho 3. Teste da orelhinha 4. Teste do coraçãozinho TESTE DO PÉZINHO A finalidade do Teste Triagem Neonatal (“Teste do Pezinho”) é o rastreamento neonatal de criancas portadoras de doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível. É uma das principais formas de diagnosticar: • Fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. • É realizado entre o 3º e o 5º dia de vida do R.N. TESTE DO OLHINHO • Consiste na identificação de um reflexo vermelho que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. • Pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual como, catarata, glaucoma congênito e outros problemas. TESTE DA ORELINHA • É realizada geralmente no 2º ou 3º dia de vida do bebê e identifica problemas auditivos no recém-nascido. TESTE DO CORAÇÃOZINHO • É realizado na maternidade entre 24h e 48h após o nascimento. • Consiste em medir a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido com o auxílio de um oxímetro no pulso e no pé do bebê. DOENÇAS TRIADAS 1. FENILCETONÚRIA • É uma doença genética, autossômica recessiva, caracterizada pelo defeito ou ausência de enzima fenilalanina hidroxilase, responsável pela conversão da fenilalanina em tirosina. Quando existe essa doença, esta reação enzimática não ocorre ou ocorre de forma lenta, levando ao acúmulo de fenilalanina no sangue. Por isso, o diagnóstico é feito por meio da dosagem de FAL no sangue. • As principais manifestações clínicas são deficiência mental, microcefalia e baixo peso ao nascimento. 2. HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO: • Ocorre quando a glândula tireoide do RN não é capaz de produzir quantidades adequadas de hormônio T3 e T4, o que resulta em redução generalizada dos processos metabólicos e retardo mental. • As principais manifestações clínicas são: hipotonia muscular, dificuldades respiratórias, cianose, icterícia prolongada, constipação, braquicardia, anemia, sonolência excessiva, choro rouco, hérnia umbilical, alargamento de fontanelas, sopro cardíaco, atraso na dentição, retardo na maturação óssea, pele seca e sem elasticidade, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental. 3. ANEMIA FALCIFORME E OUTRAS HEMOGLOBINOPATIAS • A anemia falciforme é uma doença hereditária de alteração genética, autossômica recessiva, causada por uma mutação no gene da globina beta da hemoglobina, originando no lugar da hemoglobina A, um ahemoglobina mutante (hemoglobina S). Essa “falsante” causa uma distorção dos eritrócitos, fazendo-os tomar a forma de foice ou meia lua. • As principais manifestações clínicas são: anemia hemolítica, crises vaso-oclusivas, crises de dor, insuficiência renal progressiva, acidente vascular cerebral, maior susceptibilidade a infecções e alterações no desenvolvimento neurológico. 4. FIBROSE CÍSTICA • É uma doença hereditária autossômica recessiva, caracterizada por grande heterogeneidade de manifestações clínicas. A tríada clássica para identificação costuma ser: doença pulmonar crônica, insuficiência pancreática (diarreia e desnutrição) e teores elevados de cloreto de sódio no suor. Em exame buscapse a concentração elevada da imunotripsina reativa. • As principais manifestações clínicas são: infecção pulmonar crônica, disfunção respiratória, perda de enzimas digestivas, perda de sal pelo suor, dor abdominal recorrente, icterícia prolongada, edema hipoproteinêmico, pancreatite recorrente, cirrose biliar e retardo no desenvolvimento somático. 5. HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA • A hiperplasia adrenal congênita (HAC) decorre da insuficiência das enzimas envolvidas na síntese do cortisol no córtex adrenal. • A hiperplasia adrenal congênita (HAC), também conhecida como hiperplasia congênita da suprarrenal (HCSR), é uma doença genética caracterizada por distúrbios no funcionamento das glândulas adrenais. As glândulas adrenais, ou suprarrenais, são duas glândulas que se localizam acima dos rins e produzem importantes hormônios para o organismo, como o cortisol e a aldosterona. • Por uma alteração nas enzimas necessárias ao funcionamento das glândulas adrenais, a pessoa com HAC não produz os hormônios adrenais na quantidade adequada ao organismo: • Hormônios cortisol e aldosterona: produzidos em menor quantidade. Eles participam de várias funções importantes e são responsáveis pela manutenção do nível de glicose (açúcar) no sangue e pela conservação da água e sal no organismo, dentre outras funções. O cortisol é também o principal hormônio que atua na resposta ao estresse. • A HAC pode se apresentar em duas formas: clássica (grave) ou não clássica (leve). Perdedora de sal: As glândulas adrenais não conseguem produzir quantidades suficientes de cortisol e aldosterona. Sem o diagnóstico no tempo correto e o tratamento adequado, essa forma de HAC clássica pode levar à morte. Apresenta-se nos primeiros dias de vida, a partir da segunda semana, com desidratação, hipotensão, taquicardia, vômito, perda de peso, letargia, hiponatremia e hiperpotassemia. Virilizante simples ou “não perdedora de sal”: As glândulas adrenais produzem quantidades suficientes de aldosterona, mas não suficientes de cortisol. Apresenta- se mais tardiamente, com pubarca precoce, velocidade de crescimento aumentada ou maturação óssea acelerada. 6. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE • A deficiência de biotinidase (DB) é doença metabólica hereditária com expressão fenotípica variada, causada por alteração importante na atividade da enzima, com consequente defeito no metabolismo da biotina, ocasionando deficiência orgânicadessa vitamina. • Duas são as ações da biotinidase no metabolismo da biotina: • Participa como cofator na reciclagem da biotina após sua utilização no metabolismo, aumentando a disponibilidade da vitamina para utilização celular. • É responsável por liberar a biotina dos alimentos. Neste caso, a deficiência de atividade causa graves transtornos na aquisição da vitamina por meio da alimentação. • As manifestações clínicas começam a partir da 7ª semana de vida, com distúrbios neurológico e cutâneos, tais como crises epiléticas, hipotonia, microcefalia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia e dermatite. Nos pacientes com diagnóstico tardio observam-se distúrbios visuais, auditivos e atraso motor e de linguagem. ANATOMIA CORDÃO UMBILICAL Comunica o sistema circulatório do bebê, através do umbigo aos vasos da placenta, inserido normalmente no centro dessa estrutura; A placenta por sua vez se comunica aos vasos maternos fazendo as trocas necessárias. • Possui 1 veia (sangue oxigenado) • 2 artérias (sangue pouco oxigenado) PLACENTA É um órgão materno que separa o feto do endométrio (camada interna do útero) Local onde ocorrem as trocas gasosas e de nutrientes entre mãe e feto Funções e metabolismo placentário: • Transporte de substâncias (transferência placentária); • Fonte de nutrientes (água, glicose, vitaminas...) • Transferência de gases – O2; CO2; CO. A placenta serve nas funções de intestino quando faz o suprimento de nutrientes; de rins quando faz a retirada dos produtos de degradação e dos pulmões quando realiza a troca gasosa. Ocorre nos sentidos feto-materno e materno-fetal, por meio de Difusão simples- transporte passivo; Difusão facilitada; Transporte ativo; Pinocitose; CIRCULAÇÃO PLACENTÁRIA FETAL • Artérias umbilicais; • Artérias coriônicas; • Veia umbilical. O sangue pouco oxigenado do feto vai para a placenta pelas artérias umbilicais; dividem-se em artérias coriônicas – vilosidades coriônicas; o sangue fetal fica próximo ao sangue materno; o sangue oxigenado do feto vai pela veia umbilical. CIRCULAÇÃO PLACENTÁRIA MATERNA • Artérias espirais endometriais • Veias edometriais. • Sangue interviloso COMO FUNCIONA • O sistema cardiovascular é o primeiro a se desenvolver na vida intraútero; • Na 3ª semana de gestação já o coração primitivo batendo e principais vasos formados; • A circulação fetal é diferente da circulação neonatal; VIDA INTRA UTERO Nesse momento, os pulmões não realizam trocas gasosas já que o feto não respira, por isso, são preenchidos por líquido, qual é substituído na primeira respiração na vida extrauterina. A placenta é ligada ao feto por meio do cordão umbilical , que leva sangue oxigenado e retira o sangue pouco oxigenado, a placenta substitui o pulmão para que o feto receba suprimento de sangue oxigenado adequado. O sangue oxigenado retorna da placenta pela veia umbilical. Quase metade do sangue proveniente da placenta passa através dos sinusoides hepáticos, enquanto o restante é desviado do fígado e segue pelo ducto venoso para a veia cava inferior. O sangue faz um curto percurso na veia cava inferior e penetra no átrio direito do coração. O sangue que entra no átrio direito não é tão oxigenado quanto o da veia umbilical, pois o sangue da veia cava inferior também contém sangue desoxigenado oriundo dos membros inferiores (abdome, pelve). Este sangue é levado aos pulmões pelas artérias pulmonares e volta sem ser oxigenado para o átrio esquerdo. Uma parte do sangue é desviado para a aorta antes de chegar aos pulmões, por meio do ducto arterioso (que une a artéria pulmonar esquerda a aorta). No átrio, o sangue que vem do pulmão e do átrio esquerdo se mistura. Do átrio esquerdo, vai para o ventrículo direito e então para a aorta ascendente. As artérias do coração, cabeça, pescoço e membros superiores recebem sangue bem oxigenado. O fígado recebe sangue bem oxigenado da veia umbilical. A circulação fetal apresenta três desvios: 1. Ducto venoso : conecta a veia umbilical com a veia cava inferior 2. Forame oval : faz conexão entre átrio direito e átrio esquerdo; 3. O lado esquerdo do coração costuma ter maior pressão, porém na circulação fetal, a circulação possui maior pressão do lado direito e menor no lado esquerdo. O sangue sai oxigenado por meio da veia umbilical, ele encontra o fígado e o ducto venoso desvia esse sangue para a veia cava inferior, chegando ao átrio direito. O sangue segue dois caminhos: 1. O sangue flui do lado de maior pressão para a menor pressão, encontrando o desvio, que é o forame oval e então o sangue passa para o átrio direito diretamente para átrio esquerdo, daí ele vai para o ventrículo esquerdo, artéria aorta e é distribuído para o corpo. 2. No segundo caminho, uma porcentagem do sangue que chega ao átrio direito não passa diretamente para o átrio direito, e sim, cai no ventrículo direito. Uma parcela desse sangue vai para os pulmões para nutrir o tecido pulmonar em desenvolvimento e o restante, passa da artéria pulmonar para artéria aorta por meio do canal arterial, e aí chega a todos os tecidos. Esse sangue volta para a placenta por meio das artérias umbilicais. ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DO RECÉM-NASCIDO APÓS O NACIMENTO: CIRCULAÇÃO NEONATAL Dois eventos marcam essa transição da circulação: • Cortar o cordão umbilical: vai diminuir a quantidade de oxigênio e aumenta a quantidade de CO2, fazendo o R..N precisar respirar. Com as primeiras respirações o líquido vai sendo substituído por ar, havendo redução da pressão na circulação pulmonar e um aumento na pressão na circulação sistêmica, fazendo com que a circulação se estabeleça. • A diferença de pressão faz com que o forame oval se feche e o canal arterial também. O canal arterial é o que conecta o tronco da artéria pulmonar com a artéria aorta. ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS: O termo adaptação à vida extrauterina diz respeito às modificações cardiorrespiratórias que ocorrem ao nascimento e que permitem ao recém-nascido a autonomia para exercer funções vitais fora do ambiente uterino. Tais alterações envolvem a transição da circulação fetal ou placentária para uma respiração independente. Com o clampeamento e corte do cordão umbilical, o recém- nascido perde a conexão com a placenta, o que significa ausência de suporte metabólico, em especial o oxigênio, além da não retirada de dióxido de carbono de seu organismo. Tanto o trabalho de parto, quanto o próprio parto produzem estresse, com alterações do padrão de trocas gasosas na placenta, além do equilíbrio acidobásico no sangue e da atividade cardiovascular do recém-nascido. A adaptação à vida extrauterina será afetada por fatores que interferem tanto na transição normal desse momento da vida ou que aumentam a asfixia fetal, como por exemplo, a hipóxia, acidose e hipercapnia. As adaptações são a nível de: • Sistema respiratório; • Sistema cardiovascular; • Sistema gastrointestinal; • Termorregulação 1. Sistema respiratório: A alteração mais crítica e imediata pela qual o recém-nascido passa é a do sistema respiratória. Os pulmões fetais contêm o líquido surfactante, e para que o neonato consiga assumir a tarefa ventilatória e de oxigenação, o ar precisa substituir rapidamente os fluidos pulmonares. Alguns estímulos induzem a respiração no momento do nascimento: fatores químicos, estímulos térmicos e táteis. Fatores químicos: Queda PO2 de 80 para 15 mmHg, Aumento PCO2 de 40 para 70 mmHg Queda do pH < 7.35 Estímulos térmicos: resfriamento repentino do R.N que se encontrava em um ambiente mais aquecido e, ao nascimento, entra em um ambiente frio. A mudança brusca, faz com que sejam deflagrados impulsos sensoriais na pele que são transmitidos ao centro respiratório.O manuseio e a secagem normais do R.N estimulam as respirações; a estimulação tátil, nem sempre induz. Estímulos táteis: Durante o parto normal, o canal vaginal da mãe comprime o tronco do feto, então quando o tronco aparece, o tórax comprime e o ar é sugado para dentro dos pulmões. Isso mais o clampamento do cordão afeta os quimiorreceptores sensíveis a mudanças no conteúdo de oxigênio e dióxido de carbono das artérias. Com a respiração inicial temos o resultado de respostas reflexas: • Mudança de pressão exercida sobre o concepto; • Estímulo luminoso, auditivo e tátil; • Estímulo dos quimiorreceptores carotidianos. • Movimentos torácicos e abdominal simultâneos na inspiração; 2. Sistema circulatório Na vida extrauterina, ocorre a alteração da circulação (fechamento dos shunts) Ao ser clampeado, o cordão umbilical fecha o circuito placentário e mudanças rápidas ocorrem na RVP (resistência vascular pulmonar) e na RVS (resistência vascular sistêmica). Não ocorre mais desvio pelo forame oval e pelo ducto arterioso, assim o forame fecha e é lacrado à medida que mudanças nas pressões circulatórias reduzem a pressão sobre o lado direito do coração e aumentam a pressão sobre o lado esquerdo. (Com a primeira inspiração do R.N o pulmão é insuflado, aumentando então a pressão lá dentro e a pressão no átrio esquerdo, pressionando o forame oval e o fechando. Com isso, ocorre o fechamento do ducto arterioso). Conforme vai subindo o nível de oxigênio, o ducto arterioso começa a se comprimir. Usualmente, o fechamento funcional do ducto arterioso acontece em 96 horas de vida; o fechamento anatômico completo, com formação de um filamento fibroso, conhecido como ligamento arterioso, está concluído em 2 a 3 meses. A partir da distensão do ar e aumento de oxigênio nos alvéolos, os vasos sanguíneos pulmonares se dilatam e relaxam Com o aumento do ducto sanguíneo pulmonar e uma grande e rápida redução da resistência pulmonar vascular, o canal arterial começa a fechar. Seu fechamento funcional ocorre entre 12 a 15 horas após o nascimento; o fechamento anatômico entre a terceira e quarta semana. A falha no fechamento do canal arterial e no forame oval resulta em defeitos cardíacos congênitos. Devido o fluxo sanguíneo reversível através dos canais durante o período neonatal precoce, sopros funcionais podem ser auscultados. Em condições como o choro ou mediante um esforço maior, a pressão aumentada desvia o sangue não oxigenado do lado direito do coração através das aberturas dos canais, provocando cianose transitória O problema mais comum dos neonatos prematuros é a perda calórica pelo estresse ao frio crônico não reconhecido, resultando em consumo aumentado de oxigênio e incapacidade em ganhar peso. 3. Adaptação térmica O neonato sofre um brusco impacto térmico; A regulação da temperatura é um dos fatores mais críticos na sobrevivência e na estabilidade do R.N. e do peso do R.N e se localizam principalmente no pescoço, região interescapular, mediastino, ao redor dos rins e das supra-renais. Esses depósitos são muito vascularizados e enervados e, quando sofrem estresse pelo frio, aumentam a produção de noradrenalina, que estimula a lipólise e produz calor. Os prematuros possuem essa desvantagem, pois possuem menor quantidade de tecido subcutâneo e gordura marrom para a termogênese. As crianças nascidas a termo possuem depósitos de gordura marrom, que representam cerca de 2 a 6%. 4. Outras adaptações: Hepática, renal, digestiva, hematopoiética, neurológica e metabólica. 5. Sistema gastrintestinal O sistema gastrointestinal do R.N também tem uma alteração fisiológica. A capacidade dos recém-nascidos em digerir, absorver e metabolizar nutrientes é adequada, mas limitada em determinadas funções. As enzimas são adequadas para metabolizar proteínas e carboidratos simples (monossacarídeos e dissacarídeos). A produção deficiente de amilase pancreática reduz o uso de carboidratos complexos (polissacarídeos). Os neonatos têm deficiência de lipase pancreática limitando a absorção de gorduras. PERDA DE PESO DO RECÉM-NASCIDO • A perda de até 10% do peso do R.N é esperada nos seus primeiros dias de vida 5-6) devido aos seus mecanismos de regulação fisiológica. • O R.N vai perdendo peso gradualmente conforme os dias. Quando o R.N nasce, ele nasce cheio de líquido amniótico, com muitas fezes e muita urina, logo, ele faz muito xixi, faz muito cocô e recebe pouco nutrientes. • O R.N mama só o colostro, e por conta do seu estômago ser muito pequeno, ele absorve muito pouco. ANATOMIA DO FÍGADO Localização: Está situado no quadrante superior direito do abdome, onde é protegido pela caixa torácica e pelo diafragma. Faces do fígado 1. Face diafragmática (ântero-posterior) é lisa, convexa e tem forma de cúpula, onde se relaciona com a concavidade da face inferior do diafragma. É coberta por peritônio visceral, exceto posteriormente na área nua do fígado. Área nua do fígado: é marcada pela reflexão do peritônio do diafragma para o fígado, como as lâminas anterior (superior) e posterior (inferior) do ligamento coronário. Essas lâminas encontram-se à direita para formar o ligamento triangular direito e divergem para a esquerda a fim de envolver a área nua triangular. 2. Face visceral (póstero inferior): É coberta por peritônio, exceto na fossa da vesícula biliar e na porta do fígado. Possui muitas fissuras e impressões resultantes do contato com outros órgãos. Segmentos do fígado O fígado é dividido em oito segmentos contados em sentido horário. Sendo que o número 1 corresponde ao lobo caudado e por isso não aparece em uma vista anterior da víscera. Lobos do fígado É dividido em dois lobos anatômicos e dois lobos acessórios; A face visceral se divide em 4 lobos: 1. Lobo hepático direito: é o maior lobo e participa da formação de todas as faces do fígado. É separado do lobo direito pelo ligamento falciforme e pelo ligamento redondo. 2. Lobo hepático esquerdo: é o menor lobo e o mais achatado. Está a direita do ligamento falciforme, é mais fino que o lobo direito e possui um ápice. 3. Lobo quadrado: se localiza entre a vesícula biliar e a fissura do ligamento redondo do fígado. Está anterior ao hilo hepático. 4. Lobo caudado: se encontra entre a fissura do ligamento venoso e a veia cava inferior. Está posterior ao hilo hepático. Ligamentos do fígado O fígado se prende ao diafragma, à parede anterior do abdome e às demais vísceras por porções do peritônio, as quais denominamos ligamentos. São eles: • Ligamento falciforme: é uma dobra peritoneal e prende o fígado à parede anterior do abdome. Separa os lobos direito e esquerdo. • Ligamento coronário: formado pelas dobras do peritônio originado do diafragma sobre a face posterior do lobo direito. Possui uma camada anterior e uma posterior e delimita a área nua do fígado. • Ligamentos triangulares: são dois, o ligamento triangular esquerdo e o direito. • O ligamento triangular esquerdo é uma lâmina dupla de peritônio que se estende sobre a margem superior do lobo esquerdo. (é uma mistura do ligamento falciforme e do omento menor). • Já o ligamento triangular direito é uma estrutura no ápice da área nua (não recoberta por peritônio) do fígado. • Ligamento redondo: é um remanescente fibroso da veia umbilical que ainda se estende da porção interna do umbigo até o fígado. • Ligamento venoso – também é um remanescente embrionário, nesse caso, do ducto venoso da circulação fetal. Quando o bebê está no útero, o ducto venoso leva o sangue da veia umbilical até a veia cava. Hilo do fígado Hilo hepático representa o local/ponto de inserção dos vasos sanguíneos no fígado. VESÍCULA BILIAR A vesícula biliar (7a 10 cm de comprimento) situa-se na fossa da vesícula biliar na face visceral do fígado. Essa fossa rasa está situada na junção das partes direita e esquerda do fígado e possui relação intíma com o duodeno. A vesícula biliar piriforme consegue armazenar até 50 ml de bile. O peritônio circunda completamente o fundo da vesícula biliar e une seu corpo e colo ao fígado. A face hepática da vesícula biliar fixa-se ao fígado por tecido conjuntivo da cápsula fibrosa do fígado. É dividida em 3 partes: 1. Fundo: extremidade larga e arredondada do órgão e que se projeta a partir da margem inferior do fígado na extremidade da 9ª cartilagem costal direita. 2. Corpo: parte principal, que toca a face visceral do fígado, o colo transverso e a parte superior do duodeno. 3. Colo: extremidade estreita e afilada, oposta ao fundo e voltada para a porta do fígado; normalmente faz uma curva em S e se une ao ducto cístico. VIAS BILIARES As vias biliares são o conjunto de ductos encarregados de transportar a bile até à vesícula, onde a secreção se armazena e posteriormente, segue até ao intestino delgado, onde exerce a sua ação digestiva. Os hepatócitos secretam a bile para os canalículos biliares, os quais drenam para os ductos biliares interlobulares e em seguida, para os ductos biliares coletores da tríade portal intra-hepática, que se fundem para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo. Estes ductos se unem, originando o ducto hepático comum. Seguindo o caminho, o ducto cístico une a vesícula biliar ao hepático comum, formando assim o ducto colédoco (parte da tríade portal extra-hepática, do omento menor). Após sua junção com o ducto pancreático no lado esquerdo da parte descendente do duodeno, o colédoco deságua no duodeno pela ampola de Vater (ou hepatopancreática). O músculo da porção distal do ducto colédoco é mais espesso, formando o esfíncter, que ao contrair impede a bile de seguir para o duodeno, refluindo até a vesícula biliar, onde é concentrada e armazenada. HISTOLOGIA DO FÍGADO O fígado é revestido por uma cápsula delgada de tecido conjuntivo que se torna mais espessa no hilo, por onde a veia porta e a artéria hepática penetram o fígado e por onde saem os ductos hepáticos direito e esquerdo, bem como os linfáticos. Esses vasos e ductos são circundados por tecido conjuntivo ao longo de toda a sua extensão até o término (ou origem), nos espaços porta entre os lóbulos hepáticos. Neste ponto, forma-se uma delicada rede de fibras reticulares que suporta os hepatócitos (células do fígado) e as células endoteliais dos capilares sinusoides. TRAMA RETICULAR É uma camada de tecido conjuntivo com fibras reticulares que permite dividir os hepatócitos em lóbulos hepáticos . Forma uma grande rede que serve de sustentação para o parênquima hepático e por isso, está ao redor da veia central, dos capilares e do espaço porta. LÓBULOS HEPÁTICOS O lóbulo hepático clássico é a classificação na qual o fígado é separado em lóbulos poligonais. Cada lóbulo é composto por cordões de hepatócitos que são entremeados por capilares sinusoides (não representados nesta ilustração), os quais desembocam em uma veia centrolobular. Na periferia do lóbulo, há tecido conjuntivo, no qual se encontra o espaço porta, que contém a tríade portal (arteríola, vênula e ducto biliar). Há também vasos linfáticos e nervo HEPATÓCITOS Hepatócitos são células poliédricas, com seis ou mais superfícies. Em cortes corados com hematoxilina e eosina (HE), o citoplasma do hepatócito é eosinofílico, principalmente devido ao grande número de mitocôndrias e algum retículo endoplasmático liso. A superfície de cada hepatócito está em contato com a parede do capilar sinusoide, através do espaço de Disse, e com a superfície de outros hepatócitos. Sempre que dois hepatócitos se encontram, eles delimitam um espaço tubular entre si conhecido como canalículo biliar. O hepatócito tem um ou dois núcleos arredondados, contendo um ou dois nucléolos e contém abundante retículo endoplasmático, tanto liso quanto granuloso. Tem funções endócrinas e exócrinas, e também acumula, destoxifica e transporta diversas substâncias. Além de sintetizar proteínas para a sua própria manutenção, o hepatócito produz várias proteínas plasmáticas para exportação, dentre elas albumina, protrombina, fibrinogênio e lipoproteínas. Secreta bile em sua função exócrina. ESPAÇO DE DISSE: espaço subendotelial entre o hepatócito e o capilar sinusoide que contém microvilos dos hepatócitos. Há células que colaboram para a defesa do tecido hepático. CÉLULAS DE KUPFFER: são células fagocíticas especializadas do SISTEMA FAGOCITÁRIO MONONUCLEAR encontradas na superfície luminal dos sinusoides hepáticos. Filtram bactérias e pequenas proteínas estranhas do sangue, e destroem hemácias envelhecidas. ESTRUTURAS DA TRÍADE PORTAL • Arteríola: formada por ramificações da artéria hepática, por onde chega sangue oxigenado. • Vênula: uma ramificação da veia porta, por onde chegará sangue com pouco oxigênio e muitas proteínas (são drenados do TGI) • Ducto: formado por anastomose dos canalículos biliares e é por ele que fazemos o transporte da bile. Veia central do lóbulo: o vaso recebe todo o sangue retirado do lóbulo e chega pela vênula da tríade será encaminhado para os hepatócitos por meio dos sinusoides (que possuem espaçamento com passagem de grandes moléculas). O sangue que chega pela arteríola e espaço porta será encaminhado para o lóbulo sendo direcionado para a veia central. O ducto é formado por epitélio cúbico simples, diferente dos vasos sanguíneos. Os vasos (arteríolas e vênulas) são revestidos por epitélio pavimentoso simples. A arteríola se diferencia da vênula por meio da quantidade de tecido muscular liso. A arteríola possui mais tecido muscular. BAÇO O baço é uma massa oval, geralmente arroxeada, carnosa, que tem aproximadamente o mesmo tamanho e o mesmo formato da mão fechada. É relativamente delicado e considerado o órgão abdominal mais vulnerável. Como o maior dos órgãos linfáticos, participa do sistema de defesa do corpo como local de proliferação de linfócitos (leucócitos) e de vigilância e resposta imune. ANATOMIA e ASPECTO O baço está localizado na parte superolateral do quadrante abdominal superior esquerdo (QSE)/ hipocôndrio esquerdo, sendo protegido pela caixa torácica e está apoiado sobre a flexura esquerda do colo. É uma massa vascular (sinusoidal) de consistência mole, com uma cápsula fibroelástica relativamente delicada. A fina cápsula é recoberta por uma camada de peritônio visceral, que circunda todo o baço, exceto o hilo esplênico, por onde entram e saem os ramos esplênicos da artéria e da veia esplênicas. As relações do baço são: • Anteriormente, o estômago • Posteriormente, a parte esquerda do diafragma, que o separa da pleura, do pulmão e das costelas IX a XI • Inferiormente, a flexura esquerda do colo • Medialmente, o rim esquerdo. Faces do baço O baço possui duas faces: 1. Face diafragmática: tem a superfície convexa para se encaixar na concavidade do diafragma e nos corpos curvos das costelas adjacentes 2. Face visceral: tem a superfície côncava e é aquela voltada para a cavidade abdominal propriamente dita. Margens e polos do baço Possui uma margem inferior e uma superior e dois polos, um anterior e outro posterior As margens anterior e superior do baço são agudas e frequentemente entalhadas, ao passo que sua extremidade posterior (medial) e a margem inferior são arredondadas O hilo esplênico consiste na região por onde entram e saem os ramos esplênicos da artéria e veia esplênicas. O hilo também pode estar em contato com a cauda do pâncreas, constituindo o limite esquerdo da bolsa omental. HISTOLOGIADO BAÇO Parênquima O parênquima do baço é chamado de polpa, e há dois componentes principais e com funções distintas: a polpa vermelha e a polpa branca. Externamente é revestido por uma cápsula constituída de tecido conjuntivo denso não modelado e células musculares lisas, a qual emite trabéculas que dividem o parênquima ou polpa esplênica em compartimentos incompletos. 1. Polpa branca: • É constituída pelo tecido linfático que forma as bainhas periarteriais (aglomerados de linfócitos) em torno das artérias centrais e pelos folículos linfáticos que se formam pelo espessamento dessas bainhas ao longo da artéria. • No tecido linfático das bainhas há o predomínio de linfócitos T e nos folículos, a predominância de linfócitos B. • No limite entre a polpa branca e a vermelha, há uma zona formada pelos seios marginais. Nesses seios se encontram linfócitos, macrófagos e células dendríticas (APCs), que retêm e processam antígenos trazidos pelo sangue. A zona marginal contém muitos antígenos transportados pelo sangue e desempenha importante papel na defesa imunitária. 2. Polpa vermelha: • A polpa vermelha é formada por cordões celulares, os cordões esplênicos, que são separados por sinusoides. • Cordões esplênicos: são cordões de células, contínuos e de espessura variável, constituídos por uma rede frouxa de células reticulares e fibras reticulares que contém linfócitos B e T, macrófagos, plasmócitos monócitos, leucócitos, granulócitos, plaquetas e eritrócitos. Sinusoides esplênicos: são vasos de lúmen dilatado e trajeto irregular, revestidos por células endoteliais alongadas, cujo eixo maior e paralelo ao sinusoide. BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA A barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura (membrana permeável seletiva) que impede e/ou dificulta a passagem de substâncias do sangue para o sistema nervoso central, tais como anticorpos, complemento e fatores de coagulação, agindo como regulador da passagem de grandes e pequenas moléculas para os microambientes dos neurônios. Ela exerce sua função com a ajuda de múltiplos canais de transporte celular distribuídos ao longo da membrana. Eles incluem: • transportadores de aminoácidos • transportador de glicose 1 (GLUT1) • transportadores de nucleosídeos & nucleotídeos • transportadores de monocarboxilato (MTC1 E MTC2) • transportadores iônicos (bomba de Na+/K+ - ATPase) que facilita o transporte de moléculas essenciais ao cérebro. Além de facilitar a entrada de aminoácidos, os transportadores de aminoácidos podem inadvertidamente transportar metais pesados indesejáveis para o ambiente cerebral. Consequentemente, em concentrações suficientemente altas, eles vão gerar neurotoxicidade. Os transportadores GLUT1 e MTC carreiam glicose e lactato e cetonas, respectivamente. A barreira hematencefálica se deve à menor permeabilidade dos capilares sanguíneos do tecido nervoso. A BHE é formada por células endoteliais , prolongamento de astrócitos e junções oclusivas. As células endoteliais ficam alinhadas com os capilares, impedindo ou dificultando a passagem de substâncias do sangue para o tecido nervoso. Essas células não são fenestradas e mostram raras vesículas de pinocitose. As junções oclusivas conferem uma barreira com baixa permeabilidade , tendo importância fisiológica e clínica, pois regula a passagem para o tecido nervoso não só de substâncias a serem utilizadas pelos neurônios, mas também de medicamentos e partículas tóxicas A barreira pode ser encontrada no capilar cerebral, que é formado pelo endotélio e por uma fina lâmina basal . METABOLISMO DA BILIRRUBINA PROCESSO DE PRODUÇÃO DA BILE • É produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. É composta por diversas substâncias, sendo as principais: água, sais biliares, colesterol e bilirrubina. Possui importantes funções, sendo essencial para a digestão e absorção de gorduras e algumas vitaminas. • Promove a eliminação de diversos produtos do sangue. • Após ingestão de alimentos, principalmente gordurosos, a vesícula se contrai para jogar a bile no intestino e facilitar a digestão das gorduras. • Quando não ocorre a excreção adequada da bile, há acúmulo de bilirrubina no sangue e a presença de icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas). BILIRRUBINA A bilirrubina é uma substância produzida pelo fígado, como resultado da filtragem de glóbulos vermelhos que é realizada pelo órgão. • A bilirrubina é um produto final do metabolismo da heme; • Ela deriva da degradação da molécula da hemoglobina. Em sua maior parte, deriva da destruição fisiológica de hemácias senescentes. • Se adere aos tecidos com maior quantidade de elastina, devido a afinidade que tem por essa proteína. METABOLISMO FISIOLÓGICO DA BILIRRUBINA Pode ser subdividido em: 1. Captação 2. Armazenamento 3. Conjugação 4. Secreção hepática COMO ACONTECE: As hemácias são formadas na medula óssea e se destinam ao sistema circulatório, circulam por 120 dias e são destruídas. Em meio a isso seu sistema metabólico torna-se cada vez menos ativo, a sua membrana fica mais frágil (mais velha) e rompe- se durante sua passagem em lugares estreitos. Muitas hemácias se autodestroem no baço, nos espaços entre as trabéculas estruturais da polpa vermelha pelos quais devem passar. A ruptura das hemácias libera a hemoglobina, que é fagocitada de imediato pelos macrófagos em muitas partes do organismo, especialmente pelas células de Kupffer, no fígado, e pelos macrófagos no baço e na medula óssea. O grupo heme é formado por ferro + protoporfirina IX. No interior das hemácias, o grupamento heme é transformado pela hemeoxigenase em biliverdina, monóxido de carbono e ferro. A biliverdina-redutase converte a biliverdina em bilirrubina conjugada, sendo gradualmente liberada dos macrófagos para o plasma. A bilirrubina não conjugada/indireta atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, sendo potencialmente tóxica para o tecido nervoso. Essa bilirrubina é lipossolúvel e apolar, podendo ligar-se à albumina e por isso sua fração livre ultrapassa a BHE. A afinidade da bilirrubina pelo tecido nervoso não conjugada concomitante às concentrações elevadas no sangue em recém-nascidos pode impregnar os gânglios da base, causando kernicterus. A bilirrubina sérica se liga fortemente à albumina plasmática, sendo transportada por todo o sangue e fluido intersticiais. A bilirrubina ligada às proteínas plasmáticas é denominada "indireta", a fim de distinguir-se da forma conjugada. A bilirrubina indireta, quando chega ao fígado, é recolhida pelos hepatócitos por meio de sistemas proteicos, transportadores de membrana (proteínas X e Y), num processo chamado captação. É a seguir liberada da albumina plasmática e conjugada por ação de enzimas microssomais (UDP glicuroniltransferase) com uma ou duas moléculas de ácido glicurônico, formando um composto mais polar e hidrossolúvel, a "bilirrubina conjugada". Parte dessa bilirrubina liberada nos hepatócitos pode se ligar a uma proteína citoplasmática denominada ligandina, etapa posterior à sua conjugação, que impede o efluxo dessa substância do hepatócito para o plasma. A bilirrubina conjugada é excretada através do polo biliar dos hepatócitos que está em íntimo contato com os canalículos biliares e daí para os intestinos (vai inicialmente para o duodeno). A conjugação da bilirrubina ocorre majoritariamente no fígado, sendo também observada nas células dos túbulos renais e nos enterócitos. A bilirrubina conjugada é transportada como complexo lipídico-micelar até o duodeno através do ducto biliar principal, sendo desconjugada e reduzida no cólon por ação das glicuronidases bacterianas, formando os urobilinogênios. O urobilinogênio é transformado em estercolinogênio ouurobilina. O estercobilinogênio vira estercobilina sendo excretado nas fezes e o urobilinogênio vira ububilina sendo excretado na urina. Essas moléculas são excretadas nas fezes, em sua maioria, e pequena parte é reabsorvida através da mucosa intestinal e volta ao fígado pelo sistema porta, constituindo o ciclo entero-hepático da bilirrubina; e cerca de 5% são excretados na urina pelos rins. EXCREÇÃO DA BILIRRUBINA Armazenada na vesícula biliar, a bilirrubina conjugada é então excretada no duodeno (bile), mas sua melhor absorção ocorre no intestino grosso, onde é reduzida a uma série de derivados incolores, chamados estercobilinogênios. A reação é catalisada por desidrogenases bacterianas anaerobicamente no cólon. O ácido glicurônico é removido por ação de enzimas bacterianas específicas (glicuronidases), enquanto o pigmento é reduzido a urobilinogênio. A maioria do urobilinogênio formada no intestino é excretada nas fezes (estercobilina). Uma pequena parte é reabsorvida para a circulação portal e reexcretada na bile. Uma pequena fração (1 a 5%) do urobilinogênio volta para a circulação geral (via ciclo entero-hepático) e é excretado pelo rim (urobilina). ICTERÍCIA O termo icterícia refere-se à coloração amarelada dos tecidos, incluindo a amarelidão da pele e dos tecidos profundos. É causada por grandes quantidades de bilirrubina nos líquidos extracelulares, na forma de bilirrubina livre ou conjugada. A concentração plasmática de bilirrubina, que se encontra quase que totalmente na forma livre, é em média 0,5 mg/dL de plasma e torna-se evidente quando as concentrações de bilirrubina sérica sobem acima de 2,0 a 3,0 mg/dL, • Pele e mucosas podem se tornar amareladas por outras causas, como foto ativação de carotenos (crianças que ingerem grandes quantidades de papinhas de cenoura ou beterraba) ou uso de certos medicamentos, como antimaláricos; • Os níveis de bilirrubina necessários para o desenvolvimento de icterícia variam de acordo com a cor da pele; em pessoas de pele clara, níveis de bilirrubina total de 2,5 mg/dL geralmente são suficientes para causar icterícia. CAUSAS DA ICTERÍCIA A icterícia é causada por um distúrbio em um ou mais níveis da via metabólica da bilirrubina: • Oferta de BNC; • Transporte transmembranoso ou intracelular de BNC; • Conjugação de BNC; • Excreção de BC. TIPOS DE ICTERÍCIA Há quatro tipos de icterícia: hemolítica, parenquimatosa, obstrutiva e neonatal. 1. Icterícia hemolítica (pré-hepática): neste tipo, a função excretora do fígado não é afetada, mas os eritrócitos sofrem hemólise rápida e as células hepáticas simplesmente não podem excretar a bilirrubina com a mesma velocidade em que é formada. Desta forma, a concentração plasmática de bilirrubina livre aumenta e atinge valores bem acima do normal. De forma semelhante, a velocidade de formação do urobilinogênio no intestino aumenta acentuadamente e grande parte é absorvida no sangue, e posteriormente, excretada na urina. As fezes e urina mostram-se escuras. 2. Icterícia obstrutiva(pós-hepática): é causada por obstrução dos ductos biliares (ocorre mais facilmente por cálculos biliares e câncer obstruindo o colédoco) ou por lesão das células hepáticas (hepatite). A velocidade de formação da bilirrubina é normal, porem a bilirrubina não pode passar do sangue para o intestino para ser convertida em urobilinogênio. Em geral, a bilirrubina livre continua penetrando nas células hepáticas e sofre conjugação de modo habitual. A seguir, esta bilirrubina conjugada retorna ao sangue, provavelmente devido à ruptura dos canalículos biliares congestionados, desaguando a bile diretamente na linfa que deixa o fígado. Por conseguinte, a maior parte da bilirrubina no plasma é mais do tipo conjugado do que tipo livre. As fezes apresentam-se brancas devido à falta de estercobilina e há presença de bilirrubina na urina. 3. Icterícia parenquimatosa: resultam da lesão do hepatócito sejam por vírus, drogas, podendo ser toxicas ou autoimunes. Apresentam o aumento da bilirrubina direta e nas formas mais graves podem apresentar colúria e acolia fecal. 4. Icterícia neonatal: a bilirrubina formada pelo feto pode cruzar a placenta para dentro da mãe e ser excretada para o fígado desta, mas, imediatamente após o nascimento, o único meio de livrar o recém-nascido da bilirrubina é através de seu próprio fígado, que, durante a primeira semana de vida funciona de modo deficiente e é incapaz de conjugar quantidades significativas de bilirrubina com ácido glicurônico para a excreção da bile. Consequentemente, a concentração plasmática de bilirrubina sobe de um valor normal de menos 1,0 mg/dL a uma média de 5,0 mg/dL durante os primeiros três dias de vida e, depois gradativamente volta ao normal à medida que o fígado se torna funcional. Esta condição é chamada de hiper bilirrubinemia própria do recém-nascido e está relacionada a uma icterícia moderada da pele da criança e principalmente das escleras dos seus olhos. Quando há aumento de bilirrubina livre acima de 20,0 mg/dL passa haver risco de acúmulo desta nos núcleos da base (S.N.C.), levando a lesões irreversíveis ao recém-nascido. ETIOLOGIA DAS ICTERÍCIAS • Produção excessiva de bilirrubinas: pode ocorrer nas anemias hemolíticas, reabsorção de sangue de hemorragias internas e nas síndromes que envolvem a eritropoiese ineficaz. • Captação reduzida pelo hepatócito: nas interferências de drogas com sistema de transportes na membrana e alguns casos na síndrome de Gilbert. • Conjugação prejudicada: aparece nas icterícias do recém-nascido, nas deficiências genéticas da atividade de glucuronil transferase (síndrome de Crigler-Najjar I e II, síndrome de Gilbert) e na doença hepatocelular difusa. Os 3 tipos produzem hiperbilirrubemia não conjugada. • Excreção hepatocelular reduzida: pode ocorrer na deficiência de transportadores na membrana canalicular (síndrome de Dubin-Johnson); • Fluxo biliar prejudicado: como nas colestases obstrutivas devido há um bloqueio mecânico nas vias biliares. Ambos produzem hiperbilirrubinemia predominantemente conjugada. ICTERÍCIA PRÓPRIA DO RECÉM-NASCIDO A icterícia neonatal caracteriza-se pela elevação da concentração de bilirrubina (Bb) no sangue (Hiper bilirrubinemia), tornando a coloração da pele amarelada. Recém-nascidos muitas vezes desenvolvem hiper bilirrubinemia não conjugada discreta por causa da imaturidade dos sistemas de conjugação e excreção da bile. A Hiper bilirrubinemia costuma ser classificada como “indireta” ou “direta” em função do tipo de bilirrubina que desencadeia a alteração; isso é, por excesso de Bb não conjugada ou indireta (BI; BI ³ 2 mg/dL), excesso de Bb conjugada ou direta (BD; BD ³ 1 mg/dL) ou por ambos os excessos. A BI resulta da quebra da hemoglobina, que deve ser conjugada pelas células hepáticas do fígado para tornar-se hidrossolúvel e ser excretada para o duodeno por meio da bile e a BD remete à processo infeccioso e possível colestase. A icterícia, como sinal clínico, pode ser considerada uma parte da fisiologia de transição do período intrauterino para o período neonatal; e, geralmente é identificada quando a taxa de Bb total (BT) acima de 5 mg/dL. Entretanto, quando há um aumento na destruição das hemácias e as funções hepáticas estão reduzidas ocorre a Hiperbilirrubinemia, intensificando a coloração amarelada da pele do recém-nascido. A Hiperbilirrubinemia por concentrações elevadas de Bb indireta (BI) desencadeia um processo patológico lesivo ao cérebro, a encefalopatia bilirrubínica. A forma crônica dessa doença se chama Kernicterus; nela, os RN desenvolvem sequelas clínicas permanentes devido à toxicidade da bilirrubina. O diagnóstico médicoda Hiperbilirrubinemia considera a idade pós-natal, a etiologia e os níveis séricos de BT para indicar o tipo de tratamento. Por conceito recente, a Hiperbilirrubinemia foi definida como “significante” quando a BT atinge valores ≥12 mg/dl; como “grave ou severa” se a BT for ≥20 mg/dl ou quando há indícios de encefalopatia bilirrubínica aguda em qualquer nível de BT; finalmente, como “extrema” quando a BT for ≥25 mg/dl e quando há evidências de encefalopatia bilirrubínica em fase inicial ou intermediária em qualquer nível de BT. Sob a ação da luz, as ligações de hidrogênio da BNC também podem ser abertas, tornando o pigmento hidrossolúvel e excretável na urina. Por esse motivo, recém-nascidos são submetidos a banhos de luz para tratamento de hiper bilirrubinemia. Em condições em que se forma grande quantidade de bilirrubina (como na eritroblastose fetal), o excesso de BNC pode superar a capacidade de se ligar à albumina plasmática; permanecendo na forma livre, a BNC alcança e impregna os núcleos da base do cérebro e acarreta danos graves ao tecido nervoso, quadro conhecido como kernicterus. Alguns medicamentos também podem competir com a BNC pela ligação com a albumina; caso tais medicamentos sejam administrados ao recém-nascido, podem deslocar a BNC e agravar o quadro do kernicterus. A icterícia própria do R.N é uma hiperbilirrubinemia não conjugada, leve e transitória. CAUSAS: 1. O R.N tem a vida média das hemácias mais curta, então, nos seus primeiros dias de vida ocorre maior degradação destas. 2. A bilirrubina-albumina vai para o parênquima hepático onde sofre conjugação e de lá vai para os ductos, que leva até o duodeno. Porém, o nosso parênquima hepático só amadurece completamente com cerca de 2 semanas de idade, então, este é outro fator para a icterícia do bebê. Como ainda não houve a maturação do parênquima, não há conjugação por falta do UGT. 3. Do duodeno, a bilirrubina vai para o intestino grosso e lá ela sofre desconjugação e degradação por ação das bactérias. No recém-nascido a microbiota ainda é deficiente então essa etapa sofre deficiência, não ocorrendo a formação do urobilinogênio, o que leva há hiperbilirrubinemia. MANIFESTAÇÕES: A icterícia apresenta progressão craniocaudal; É classificada de acordo com cinco zonas de Kramer (zonas dérmicas) 1- Cabeça e pescoço 2- Cabeça até cicatriz umbilical 3- Joelhos e cotovelos 4- Braços e pernas 5- Mãoes e pés A icterícia fisiológica caracteriza-se por início tardio (após 24 horas) com pico entre o 3º e 4º dias de vida e declínio em 1 semana. Já a icterícia patológica é sugerida por icterícia precoce (antes de 24h de vida), associação com outras manifestações clínicas ou doenças do RN como anemia, plaquetopenia, letargia e perda de peso e icterícia prolongada (maior que 8 dias no a termo e superior a 14 dias no pré-termo). COMPLICAÇÕES: No quadro de encefalopatia bilirrubínica aguda, ocorre letargia, hipotonia e sucção débil nos primeiros dias de vida. Caso não haja uma intervenção terapêutica imediata e agressiva, pode evoluir para Kernicterus, que consiste na forma crônica da doença com sequelas neurológicas permanentes MEDIDAS TERAPÊUTICAS 1. Fototerapia • A fototerapia é um tratamento eficaz e seguro, sendo recomendada para RN com > 35 semanas. • A exposição da pele do RN à luz em determinado comprimento de onda (500nm), fornecida através de uma lâmpada, sol ou outro dispositivo semelhante converte a bilirrubina em fotoisômeros solúveis (luminurrubina - hidrossolúvel), assim, eles conseguem ser secretados diretamente na bílis. 2. Exsanguio-transfusão • Técnica mais efeita na remoção de bilirrubina, contudo, usado apenas quando a fototerapia não conseguiu o efeito desejado. • É eficaz, mas é morosa e dispendiosa, uma vez que não é um procedimento isento de efeitos colaterais HIPERBILIRRUBINEMIA PRINCIPAIS CAUSAS DE ACÚMULO DE BILIRRUBINA: • Indireta: Hemólise: defeito na membrana dos eritrócitos, defeito metabólico dos eritrócitos, hemoglobinopatias, doença autoimune, fragmentação eritrocitária. Icterícia pré-hepática. Hereditária: Síndrome de Gilbert, dentre outras. Redução no transporte: hipoxia, drogas. Metabólica: hipoglicemia, hipotireoidismo. • Direta não colestática: Metabólico: Dubbin-Johnson (reduzida excreção biliar). Icterícia póshepática. Há o aumento da fosfatase alcalina. • Colestases intra e extra-hepáticas: Hepatites, cirrose, drogas, álcool, linfoma, colangiocarcinoma, coledocolitíase, ascaridíase. Na intra-hepática ocorre aumento da bilirrubina direta, da alanina aminotransferase e da aspartato aminotransferase. CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA DAS ICTERÍCIAS A bilirrubina não conjugada, quanto aos glucuronídeos de bilirrubina (conjugada), pode acumular sistematicamente e se depositar nos tecidos, dando origem à icterícia. Essa icterícia torna-se evidente quando as concentrações de bilirrubina sérica sobem acima de 2,0 a 3,0 mg/dL, ocorrendo quando o equilíbrio entre a produção e a remoção é perturbado por um ou mais dos seguintes mecanismos: OBS: VIA DAS PENTOSES-FOSFATO As hemácias sofrem constantes ataques oxidativos e o NADPH é utilizado pelo sistema antioxidante endógeno para a regeneração das hemácias. O ciclo das pentoses se inicia com a atuação da G6PD. A G6PD vai resultar em NADPH e RIBOSE. Quando eu possuo deficiência de G6PD, consequentemente não haverá NADPH como produto, sem o NADH não haverá regeneração, assim, a membrana ficará suscetível, causando então a hemólise. Com a hemólise, haveria a cascata de degradação da hemoglobina, iniciando então o metabolismo da bilirrubina, causando icterícia. SÍNDROME DE GILBERT E HIPERBILIRRUBINEMIA A principal característica é o aparecimento discreto de hiperbillirubinemia indireta, cronicamente recorrente. Sua causa primária é a redução na atividade de glucuronidação hepática da bilirrubina. A icterícia ocorre de forma ocasional, sendo caracterizada pela redução da atividade da enzima UDP-glucuronil- transferase em graus variados, A base genética desta doença reside em uma variante Uma do promotor para o gene codificador uridinodifosfoglucuronato glucuronosiltransferase 1 (UDPGT1) seria a responsável pela redução da formação de glucuronideos de bilirrubina, deficiência esta causadora da síndrome. A identificação dos portadores da síndrome de Gilbert como doença geneticamente transmitida deve alertar os familiares para a possibilidade de aparecimento de icterícias importantes em irmãos e descendentes futuros, permitindo, em outras gravidezes, o aconselhamento e acompanhamento em maternidades dotadas de recursos adequados. O diagnóstico da síndrome pode ser feito observando- se a história familiar, a duração da doença, a ausência de outras hepatopatias que justifiquem a icterícia e o seu aparecimento pelos fatores predisponentes, como: jejum, menstruação, estresse e exercícios, podendo ser confirmado pela melhora da icterícia após o uso de fenobarbital e pela piora após o uso de ácido nicotínico por via venosa. DOENÇAS HEREDITÁRIAS DO METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS • Mais de 100 doenças são conhecidas; • Constituem a maioria das síndromes genéticas metabólicas; • A consequência direta da deficiência enzimática é o acúmulo de um metabólito em todos os fluidos corpóreos e a sua exreção na urina. Deficiência enzimática A deficiência enzimática está relacionada a alteração da via metabólica e os seus efeitos variam de acordo com a enzima defeituosa. Pode ocasiosar: inviabilidade do feto ou provocar lesões a partir dos primeiros meses de vida, determinando retardo mental, físico e expectativa de vida reduzida. • Diagnóstico Feito por dosagem, no sangue ou na urina, do metabólito acumulado,ou por dosagem da enzima no sangue, hemácias ou leucócitos. Diagnóstico pré-natal: utiliza-se cultura de cpelula coletada do líquido amniótico. FENILCETONÚRIA A fenilcetonúria é causada por ausência de fenialanina hidroxilase ou diidropteridina redutase e é o defeito hereditário mais frequente. • O evento primário é o acúmulo da fenialanina, que passa a ser utilizada por vias não comumente utilizadas, como por exemplo, a transaminação do alfa-cetoglutarato, originando fenilpiruvato, que passa a competir pela piruvato translocase, promovendo a entrada de piruvato na mitocôndria, restringindo a produção de ATP a partir de glicose – o único substrato oxidável para o cérebro. • O teste do pézinho detecta no recém-nascido a concentração de fenialanina no sangue. • Tratamento: Dieta com número minimo de fenialanina; • Consequências: Retardo mental, devido a inúria ao sistema nervoso central; Pigmentação deficiente de pele e cabelo (não sintetiza a melanina adequdamente).