Buscar

DIREITO_PENAL_ESPELHO_CORRECAO_S4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Seção 4 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
 
 
DIREITO 
PENAL 
 
 2 
 
 
 
Com a audiência de instrução e julgamento, o processo penal vai chegando ao seu fim, devendo a 
Defesa refletir e aplicar as teses defensivas possíveis. De forma a permitir a defesa sistematizada de 
seu pensamento, o candidato deve valer-se das alegações finais previstas no artigo 57 da Lei nº 
11.343/06, em que se vislumbram todos os requisitos legais do referido instrumento processual. 
De início, ressalta-se que o interrogatório do acusado, como meio de prova e de defesa, deveria ter 
sido feito ao final, satisfazendo-se os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo 
legal, o que não se visualizou, restando um caso de nulidade que deve ser alegado em preliminar de 
mérito. 
Para tanto, citam-se os artigos que embasam o referido pensamento, nesses termos: 
Art. 5º, CF: LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. 
Artigo 5º, LV, CF - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes. (BRASIL, 1988, [s. p.]) 
 
Art. 186, CPP. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da 
acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do 
seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem 
formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser 
interpretado em prejuízo da defesa. 
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado 
e sobre os fatos. 
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de 
vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida 
pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso 
afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, 
qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. 
Na prática! 
 
 3 
 
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: 
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-
la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e 
quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; 
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
IV - as provas já apuradas; 
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, 
e se tem o que alegar contra elas; 
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto 
que com esta se relacione e tenha sido apreendido; 
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos 
antecedentes e circunstâncias da infração; 
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do 
ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela 
defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e 
ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e 
procedendo-se o debate. (BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
Destarte, percebe-se com uma claridade solar que o Juiz da instrução e julgamento feriu de morte 
os preceitos constitucionais e legais que regulamentam o interrogatório. De forma a embasar o 
pensamento legal, tem-se, ainda, a posição jurisprudencial acerca da temática, que fere de nulidade 
a inversão do rito processual, notadamente a realização do interrogatório ao início do processo, 
nesses termos: 
Ao disciplinar a instrução processual no rito comum ordinário, o caput do art. 400 do 
Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 11.719/2008, determina 
que o interrogatório do acusado seja o último ato a ser realizado. O art. 57 da Lei de 
Drogas, por sua vez, prevê momento específico e diverso para o interrogatório do 
réu. 
 
 4 
No entanto, por ocasião do julgamento do HC 127.900/AM (Rel. Ministro Dias Toffoli), 
o Pleno do Supremo Tribunal Federal realizou uma releitura do art. 400 do Código de 
Processo Penal e firmou o entendimento de que o rito processual para o 
interrogatório, previsto no referido dispositivo, deve ser aplicado a todos os 
procedimentos regidos por leis especiais. Isso porque a Lei nº 11.719/2008 (que deu 
nova redação ao referido art. 400) prepondera sobre as disposições em sentido 
contrário delineadas em legislação especial, por se tratar de lei posterior mais 
benéfica ao acusado (lex mitior), visto que assegura maior efetividade a princípios 
constitucionais, notadamente aos do contraditório e da ampla defesa. 
Dito isso, para que eventual nulidade seja reconhecida em decorrência da inversão 
da ordem do interrogatório, remanescem dois pontos a serem previamente 
analisados: a) para que seja reconhecida a nulidade do feito, é necessário haver a 
demonstração de efetivo prejuízo à defesa, à luz do princípio pas de nullité sans grief? 
e b) a matéria deve ser alegada no primeiro momento processual oportuno, sob pena 
de preclusão? 
Em relação ao primeiro ponto , registra-se que não se desconhece a existência de 
julgados desta Corte Superior de Justiça que, mesmo depois do julgamento do 
referido HC 127.900/AM, passaram a exigir, em relação aos processos com instrução 
ainda em curso, que, naqueles casos em que o interrogatório tivesse sido realizado 
no início da instrução, deveria haver a comprovação de efetivo prejuízo à defesa para 
que fosse reconhecida a nulidade processual. 
No entanto, ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal, ante a magnitude 
constitucional de que se reveste o interrogatório judicial, já teve diversas 
oportunidades de assentar que esse ato processual representa meio viabilizador do 
exercício das prerrogativas constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 
Se o interrogatório é um ato essencialmente de autodefesa, não se deu aos 
recorrentes a possibilidade de, ao final da instrução criminal, esclarecer ao 
Magistrado eventuais fatos contra si alegados pelas testemunhas, manifestar-se 
pessoalmente sobre a prova acusatória a eles dirigida e influenciar na formação do 
convencimento do julgador. 
Portanto, se nem a doutrina nem a jurisprudência ignoram a importância de que se 
reveste o interrogatório judicial – cuja natureza jurídica permite qualificá-lo como ato 
de defesa -, não há como acolher o argumento do Tribunal de origem, no sentido de 
que a ausência de demonstração de prejuízo impossibilitaria o reconhecimento da 
apontada nulidade. 
Não há como se imputar à defesa do acusado o ônus de comprovar eventual prejuízo 
em decorrência de uma ilegalidade, para a qual não deu causa e em processo que 
já resultou na sua própria condenação. Isso porque não há, num processo penal, 
prejuízo maior do que uma condenação resultante de um procedimento que não 
respeitou as diretrizes legais e que nem sequer observou determinadas garantias 
constitucionais do réu (no caso, a do contraditório e a da ampla defesa). Como 
avaliar, na perspectiva de exigir-se a demonstração do prejuízo, se o interrogatório 
realizado no início da instrução não trouxe nenhum prejuízo à defesa (tanto à defesa 
técnica quanto à do próprio acusado – autodefesa)? 
Assim, exigir a comprovação de prejuízo para o reconhecimento da nulidade 
decorrente da não observância do rito previsto no art. 400 do Código de Processo 
Penal representa não apenas uma burla (escamoteada) ao que decidido pelo 
Supremo Tribunal Federal no HC 127.900/AM, como também um esvaziamento das 
garantias constitucionais do contraditório e, especialmente, da ampla defesa, uma 
forma de se esquivar do reconhecimento de uma nulidade e uma maneira de se evitara anulação de uma instrução probatória que, visivelmente, foi realizada em franco 
desacordo com as referidas garantias constitucionais. 
 
 5 
Por fim, uma vez fixada a compreensão pela desnecessidade de a defesa ter de 
demonstrar eventual prejuízo decorrente da inversão da ordem do interrogatório dos 
réus, em processo do qual resultou a condenação, e porque o procedimento adotado 
afrontou os princípios do contraditório e da ampla defesa, não há como condicionar 
o reconhecimento da nulidade ao fato de a defesa arguir ou não o vício processual já 
na própria audiência de instrução. Não incide na espécie, portanto, a preclusão” 
(REsp 1.808.389/AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 20/10/2020). 
 
Além disso, cumpre ressaltar que a Lei de Drogas exige a realização de dois laudos periciais para 
satisfazer o devido processo legal, sendo indispensáveis os laudos preliminares ou de constatação 
e o definitivo, uma vez que a ausência de um dos dois laudos ocorre situação de nulidade absoluta, 
por ausência de materialidade. 
Trata-se da disposição prevista nos artigos 50 e seguintes, a seguir transcritos: 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto 
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) 
horas. 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade 
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará 
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. 
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição 
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente 
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade 
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas 
referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, 
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 
2014) 
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em 
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da 
data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. 
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014). (BRASIL, 2006, [s. p.]) 
 
Pelo que consta da orientação legal, a exigência de dois laudos periciais é requisito indispensável 
para o correto processamento de alguém por delito envolvendo o tráfico de drogas, sob pena de 
nulidade processual, o que ocorrera no caso em tela. 
Quanto à continuidade delitiva, destaca-se que o artigo 33, caput, Lei nº 11.343/06, é considerado 
tipo misto alternativo, em que a prática de um verbo previsto neste ou em todos permite a conclusão 
de que há apenas um crime, não pode prosperar a tese acusatória de aplicação da continuidade 
 
 6 
delitiva. O fato de terem sido encontrados vários comprimidos proibidos por lei não permite a 
afirmativa de que são vários crimes de tráfico de drogas, havendo, se for o caso, a capitulação de 
um único crime previsto no citado artigo legal. 
Por fim, quanto ao prazo processual, tendo em vista que a intimação ocorrera em 02/05/22, a 
contagem começará no dia seguinte e finda-se em 07/05/2022, que é sábado, prorrogando-se para 
o próximo dia útil seguinte, 09/05/22, segunda-feira. 
 
 
EXMO SR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP 
 
 
Fulano de tal, já qualificado nos autos, vem por meio de seu advogado (procuração anexa), 
apresentar ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS, com fundamento no 57 da Lei nº 11.343/06, pelos 
seguintes fatos e fundamentos: 
 
DOS FATOS 
 
Conforme ocorrência policial já inserida nos autos, o acusado foi flagrado dentro de sua residência 
com vários comprimidos de ecstasy. Também chamado de droga do amor, o ecstasy é uma droga 
psicoativa, conhecida quimicamente como 3,4-metilenodioximetanfetamina e abreviada por MDMA. 
Os policiais civis que estavam fazendo a investigação, lastreada em denúncia anônima, entraram em 
sua residência sem mandado judicial, valendo-se do conceito de que o crime é classificado como 
permanente, podendo o flagrante ser dado a qualquer momento e sem autorização judicial. Ademais, 
ingressaram na residência sem qualquer consentimento do morador. 
Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado para a audiência de custódia que fora 
realizada um mês depois do fato. O fato se deu na comarca de São Paulo/SP. 
Foi requerido o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma 
legal, uma vez que se descumpriu o art. 310, caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua 
realização, bem como não estavam presentes os requisitos da prisão preventiva, forte, ainda, que a 
investigação foi lastreada em denúncia anônima e o flagrante foi feito sem observar os balizamentos 
jurisprudenciais de consentimento do morador. 
Questão de ordem! 
 
 7 
Todavia, o magistrado entendeu por bem decretar a prisão preventiva, afirmando que o prazo de 24 
horas é considerado impróprio e não merece ser seguido à risca, além disso corroborou as 
declarações do Ministério Público de que o acusado é rico e isso pode ensejar a prisão com base na 
garantia da ordem pública, bem como ele poderia fugir do país e ameaçar testemunhas, em razão 
da sua excelente condição financeira. 
Por fim, o magistrado entendeu que por tratar-se de crime permanente, o flagrante poderia ser dado 
a qualquer tempo, independentemente de autorização judicial, bem como que a inexistência de 
consentimento do morador para o ingresso em sua residência constitui mera irregularidade. 
Dessa forma, o réu foi preso preventivamente na cidade de São Paulo/SP, enviando-se os autos 
para o Delegado de Polícia responsável, tendo sido o feito distribuído para o juiz da 1ª Vara Criminal 
da Capital. 
Além disso, a autoridade policial não requereu a realização do laudo definitivo. 
Sendo assim, foi requerida a revogação da prisão preventiva, mas houve o indeferimento e o Juiz 
determinou que o processo fosse para o Ministério Público. O promotor de justiça responsável pelo 
caso requereu que a autoridade policial procedesse ao relatório final, o que foi feito com o respectivo 
indiciamento. Nesse diapasão, foi oferecida denúncia pelo crime previsto no artigo 33, caput, da Lei 
nº 11.343/06, na forma do artigo 71, CP, pois foram encontrados vários comprimidos na mesma 
ocasião fática. Após, o juiz determinou, na data de 28 de abril de 2022, quinta-feira, que se intimasse 
a Defesa do acusado para apresentar a peça processual cabível, sendo que tal intimação ocorrera 
em 29 de abril de 2022, sexta-feira. 
Após, o Juiz determinou, na data de 28 de abril de 2022, quinta-feira, que se intimasse a Defesa do 
acusado para apresentar a peça processual cabível, sendo que tal intimação ocorrera em 29 de abril 
de 2022, sexta-feira. Apresentada a defesa preliminar, o Magistrado recebeu a denúncia e 
determinou a realização da audiência de instrução e julgamento. 
Nessa audiência, seguindo os trâmites do artigo 57 da Lei nº 11.343/06, o Juiz iniciou pela oitiva do 
acusado, depois ouviu as testemunhas de acusação e de defesa. Encerrada a instrução, o Ministério 
Público ofertou suas alegações finais escritas em forma de memoriais e pediua condenação do 
acusado pelo crime do artigo 33, caput, Lei nº 11.343/06, na forma do artigo 71, CP, apontando que 
a inexistência de laudo definitivo não impediria de imputar-se a condenação, eis que o Juiz poderá 
valer-se do laudo preliminar ou de constatação. Após, os autos vieram com vista. 
 
 
 
 
 8 
DOS FUNDAMENTOS 
DA INVERSAO DO RITO- NULIDADE ABSOLUTA 
 
Pelo que consta dos autos, o interrogatório do acusado foi feito no início da audiência de instrução, 
o que fere de morte os princípios do contraditório e da ampla defesa, bem como posicionamento dos 
Tribunais Superiores, devendo ser declarada nula a audiência realizada em desobediência ao rito 
processual previsto em lei, na forma do julgado seguinte: 
Ao disciplinar a instrução processual no rito comum ordinário, o caput do art. 400 do 
Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 11.719/2008, determina 
que o interrogatório do acusado seja o último ato a ser realizado. O art. 57 da Lei de 
Drogas, por sua vez, prevê momento específico e diverso para o interrogatório do 
réu. 
No entanto, por ocasião do julgamento do HC 127.900/AM (Rel. Ministro Dias Toffoli), 
o Pleno do Supremo Tribunal Federal realizou uma releitura do art. 400 do Código de 
Processo Penal e firmou o entendimento de que o rito processual para o 
interrogatório, previsto no referido dispositivo, deve ser aplicado a todos os 
procedimentos regidos por leis especiais. Isso porque a Lei nº 11.719/2008 (que deu 
nova redação ao referido art. 400) prepondera sobre as disposições em sentido 
contrário delineadas em legislação especial, por se tratar de lei posterior mais 
benéfica ao acusado (lex mitior), visto que assegura maior efetividade a princípios 
constitucionais, notadamente aos do contraditório e da ampla defesa. 
Dito isso, para que eventual nulidade seja reconhecida em decorrência da inversão 
da ordem do interrogatório, remanescem dois pontos a serem previamente 
analisados: a) para que seja reconhecida a nulidade do feito, é necessário haver a 
demonstração de efetivo prejuízo à defesa, à luz do princípio pas de nullité sans grief? 
e b) a matéria deve ser alegada no primeiro momento processual oportuno, sob pena 
de preclusão? 
Em relação ao primeiro ponto, registra-se que não se desconhece a existência de 
julgados desta Corte Superior de Justiça que, mesmo depois do julgamento do 
referido HC 127.900/AM, passaram a exigir, em relação aos processos com instrução 
ainda em curso, que, naqueles casos em que o interrogatório tivesse sido realizado 
no início da instrução, deveria haver a comprovação de efetivo prejuízo à defesa para 
que fosse reconhecida a nulidade processual. 
No entanto, ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal, ante a magnitude 
constitucional de que se reveste o interrogatório judicial, já teve diversas 
oportunidades de assentar que esse ato processual representa meio viabilizador do 
exercício das prerrogativas constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 
Se o interrogatório é um ato essencialmente de autodefesa, não se deu aos 
recorrentes a possibilidade de, ao final da instrução criminal, esclarecer ao 
Magistrado eventuais fatos contra si alegados pelas testemunhas, manifestar-se 
pessoalmente sobre a prova acusatória a eles dirigida e influenciar na formação do 
convencimento do julgador. 
Portanto, se nem a doutrina nem a jurisprudência ignoram a importância de que se 
reveste o interrogatório judicial – cuja natureza jurídica permite qualificá-lo como ato 
de defesa -, não há como acolher o argumento do Tribunal de origem, no sentido de 
que a ausência de demonstração de prejuízo impossibilitaria o reconhecimento da 
apontada nulidade. 
 
 9 
Não há como se imputar à defesa do acusado o ônus de comprovar eventual prejuízo 
em decorrência de uma ilegalidade, para a qual não deu causa e em processo que 
já resultou na sua própria condenação. Isso porque não há, num processo penal, 
prejuízo maior do que uma condenação resultante de um procedimento que não 
respeitou as diretrizes legais e que nem sequer observou determinadas garantias 
constitucionais do réu (no caso, a do contraditório e a da ampla defesa). Como 
avaliar, na perspectiva de exigir-se a demonstração do prejuízo, se o interrogatório 
realizado no início da instrução não trouxe nenhum prejuízo à defesa (tanto à defesa 
técnica quanto à do próprio acusado – autodefesa)? 
Assim, exigir a comprovação de prejuízo para o reconhecimento da nulidade 
decorrente da não observância do rito previsto no art. 400 do Código de Processo 
Penal representa não apenas uma burla (escamoteada) ao que decidido pelo 
Supremo Tribunal Federal no HC 127.900/AM, como também um esvaziamento das 
garantias constitucionais do contraditório e, especialmente, da ampla defesa, uma 
forma de se esquivar do reconhecimento de uma nulidade e uma maneira de se evitar 
a anulação de uma instrução probatória que, visivelmente, foi realizada em franco 
desacordo com as referidas garantias constitucionais. 
Por fim, uma vez fixada a compreensão pela desnecessidade de a defesa ter de 
demonstrar eventual prejuízo decorrente da inversão da ordem do interrogatório dos 
réus, em processo do qual resultou a condenação, e porque o procedimento adotado 
afrontou os princípios do contraditório e da ampla defesa, não há como condicionar 
o reconhecimento da nulidade ao fato de a defesa arguir ou não o vício processual já 
na própria audiência de instrução. Não incide na espécie, portanto, a preclusão” 
(REsp 1.808.389/AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 20/10/2020). 
 
Assim, deve ser declarado nulo tal ato processual. 
 
INEXISTENCIA DE LAUDO DEFINITIVO- NULIDADE ABSOLUTA 
 
Deve ser ressaltado como inobservância do princípio do devido processo legal que não se cumpriram 
as disposições previstas na lei própria de regência. 
Ora, inexistem os laudos periciais pertinentes para o correto processamento de alguém nos moldes 
da Lei nº 11.343/06, sendo caso patente de ausência de materialidade. 
De forma a explicitar a matéria tratada nesse tópico, traz-se ao conhecimento de Vossa Excelência 
a redação legal, com o fito de facilitar a compreensão, in verbis: 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto 
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) 
horas. 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade 
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
 
 10 
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará 
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. 
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição 
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente 
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade 
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas 
referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, 
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 
2014) 
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em 
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da 
data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. 
(Incluído pela Leinº 12.961, de 2014). (BRASIL, 2006, [s. p.]) 
 
Destarte, houve flagrante descumprimento daquilo que consta da legislação específica e pertinente 
da matéria, inexistindo materialidade pelo delito de tráfico de drogas, além de existência de nulidade 
absoluta processual por inobservância de rito processual adequado. 
 
DO MERITO- DA NÃO APLICAÇAO DO ARTIGO 71, CP 
 
Tendo em vista que o tipo penal previsto no artigo 33, caput, Lei nº 11.343/06, é considerado tipo 
misto alternativo, em que a prática de um verbo previsto neste ou em todos permite a conclusão de 
que há apenas um crime, não pode prosperar a tese acusatória de aplicação da continuidade delitiva. 
O fato de terem sido encontrados vários comprimidos proibidos por lei não permite a afirmativa de 
que são vários crimes de tráfico de drogas, havendo, se for o caso, a capitulação de um único crime 
previsto no citado artigo legal. 
Assim, por eventualidade de ser condenado, a Defesa requer seja considerado um único crime do 
artigo 33, caput, Lei nº 11.343/06. 
 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, respeitosamente, vem requerer o que se segue: 
 
 11 
a) Preliminarmente, seja reconhecida a nulidade absoluta do feito, em razão da inversão do rito 
processual, com prejuízo presumido para o acusado, anulando-se o feito desde a audiência de 
instrução e julgamento. 
b) Ainda, em preliminar, não foi juntado o laudo definitivo de materialidade das drogas, o que impede 
o prosseguimento do feito. 
c) Pelo princípio da eventualidade, caso não se opere a nulidade absoluta, vem requerer a 
desconsideração do artigo 71, CP, devendo ser capitulada apenas uma infração penal pelo crime 
previsto no artigo 33, caput, Lei 11.343/06. 
 
Nestes termos, pede-se deferimento 
 
São Paulo, 09 de maio de 2022. 
Assinatura 
OAB 
 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 maio 2022. 
BRASIL. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, DF: 
Presidência da República, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm. Acesso em: 3 jun. 2022. 
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção 
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: 
Presidência da República, 2006 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 4 jun. 2022.

Continue navegando