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Ecologia Geral e Urbana Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Ações antrópicas e mudanças globais • Introdução • Indicadores de qualidade ambiental • Extinção e a ação humana • As ações humanas têm causado extinções de várias formas • Espécies e o resgate da extinção • As toxinas e o ambiente • Poluição atmosférica em escala global • Finalizando a unidade · Discutir as ações antrópicas e as mudanças ambientais globais. Sabemos que os humanos têm um imenso impacto na Terra. Somos milhões e cada um de nós usa tanta energia e tantos recursos, que nossas atividades impactam em tudo na natureza. A humanidade controla a maior parte da superfície terrestre e cada vez mais também os oceanos. A maioria das áreas, principalmente em latitudes temperadas, próprias para plantio foi usada para plantações ou pastos permanentes. Também as florestas tropicais são derrubadas a taxas alarmantes. Muitas regiões subtropicais semiáridas se tornaram desertos, principalmente pela sobrepastagem e a retirada de madeira para diversos usos. Rios e lagos estão poluídos em diversas partes do mundo. Poluindo nossa atmosfera estão as indústrias, que liberam gases, e ainda temos a queima de combustíveis fósseis OBJETIVO DE APRENDIZADO Prezados alunos e alunas, Nesta unidade, vamos discutir as ações antrópicas e as mudanças ambientais globais. Fiquem atentos às atividades propostas e aos prazos de realização e de entrega das mesmas. Não deixem de participar de nosso Fórum de discussões. Convite à leitura: leiam cada aula, façam anotações, se necessário pesquisem outros materiais além do que é fornecido. Não acumulem dúvidas, participem, perguntem! Bons estudos! ORIENTAÇÕES Ações antrópicas e mudanças globais UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Contextualização Nesta unidade, vamos discutir as ações antrópicas e as mudanças ambientais globais. Sabemos que os humanos têm um imenso impacto na Terra. Somos milhões e cada um de nós usa tanta energia e tantos recursos, que nossas atividades impactam em tudo na natureza. A humanidade controla a maior parte da superfície terrestre e cada vez mais também os oceanos. A maioria das áreas, principalmente em latitudes temperadas, próprias para plantio foi usada para plantações ou pastos permanentes. Também as florestas tropicais são derrubadas a taxas alarmantes. Muitas regiões subtropicais semiáridas se tornaram desertos, principalmente pela sobrepastagem e a retirada de madeira para diversos usos. Rios e lagos estão poluídos em diversas partes do mundo. Poluindo nossa atmosfera estão as indústrias, que liberam gases, e ainda temos a queima de combustíveis fósseis. Estamos deteriorando nossa casa, e continuamos a corrida para explorar mais o que nos resta. Se não interrompermos esse processo, teremos um declínio da qualidade de vida para todos os habitantes da Terra, o que já tem acontecido para muitos. Compartilhamos esse planeta com os animais e plantas e dependemos deles para nosso sustento. Animais e plantas estão sentindo o impacto da intervenção humana há muito tempo. Eles têm sido expulsos de seus habitats conforme nos apossamos de terras e águas para nossa sobrevivência. Estamos envenenando os ambientes com nossos dejetos e muitas espécies têm desaparecido à destruição de seus habitats. Esse processo de deterioração não precisa continuar. Podemos viver em um mundo limpo e sustentável, com nossa população em equilíbrio com a preservação de outras espécies e com os processos ecológicos indispensáveis para nossa sobrevivência. Temos legislação em muitos países conduzindo a um ar e água mais limpos, a um uso mais eficiente de energia e dos recursos materiais e a um resgate de espécies ameaçadas de extinção. A ecologia como ciência tem muito a dizer e a fazer a respeito do desenvolvimento racional, desenvolvendo um sistema sustentável. Como a ecologia se apresenta a respeito das adaptações dos organismos, da dinâmica das populações e dos processos ocorridos nos ecossistemas nos leva a linhas de conduta simples para a vida em harmonia razoável com o mundo natural. 6 7 Introdução Dificilmente conseguiremos controlar os problemas ambientais se a população humana continuar a aumentar. A Terra pode suportar muito mais indivíduos do que faz atualmente, mas certamente a qualidade de vida seria drasticamente reduzida e haveria pouca perspectiva para a sustentabilidade a longo prazo. A sustentabilidade não se manteria mesmo nas bases atuais, pois o reflorestamento não consegue acompanhar as demandas crescentes de madeira, papel e combustível. Com isso, grandes extensões de florestas são derrubadas todo ano. O mesmo ocorre com pesqueiros que hoje não produzem nem uma fração da produção original. E com grandes extensões de terras deterioradas e perdidas para a agricultura. Com o aumento da população, a pressão sobre o meio ambiente também aumenta. Já sabemos que a Terra não pode sustentar o total de recursos de energia que somaria se todos consumissem nos níveis agora consumidos por cidadãos dos países desenvolvidos. Podemos aumentar a eficiência e diminuir o consumo de supérfluos sem impactar o conforto. A espécie humana poderia reduzir seu impacto ao meio consumindo alimentos mais baixos da cadeia alimentar, com redução do consumo de carne, investimentos em tecnologias mais eficientes para o consumo de energia e recursos e vivendo em um maior equilíbrio com o mundo físico. Mesmo que seja inevitável que grande parte do mundo seja gerida pela humanidade, os ecossistemas deveriam ser mantidos o mais próximo possível de seus estados naturais. De forma geral, quanto menos alterarmos a natureza, mais viável será manter o ambiente em uma condição mais saudável. Podemos exemplificar citando as florestas tropicais, que são inadequadas para pastagens e agricultura, pois essas atividades prejudicam a recuperação dos nutrientes e deterioram esse tipo de solo. São áreas que, já se sabe, devem ser mantidas como reservas florestais ou áreas para a exploração sustentável de recursos próprios da floresta. Viver de acordo com as regras da natureza é sempre mais viável do que ir contra ela 7 UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Indicadores de qualidade ambiental Os seres humanos vêm alterando a qualidade ambiental há muito tempo. As espécies podem ser um indicativo de mudança ambiental de longo alcance. Durante as décadas de 1950 e 1960, populações de aves declinaram drasticamente nos Estados Unidos. Aves predadoras e caçadoras de peixes, como o falcão-pelegrino, a águia-americana, o gavião-pescador, entre outras. Algumas delas desapareceram totalmente de algumas áreas. As causas desse declínio foram rastreadas, chegando- se à poluição de ambientes aquáticos com o uso de produtos de DDT, um pesticida usado amplamente. Os resíduos desse pesticida entraram nas cadeias alimentares aquáticas, concentrando-se nos tecidos gordurosos de animais e se acumulando a cada passo da cadeia alimentar. As doses ingeridas por aves predatórias alteraram a sua fisiologia e reprodução, afinando a cobertura da casca dos ovos, culminando com a morte dos embriões; isso fez com que o sucesso reprodutivo diminuísse e com isso suas populações. A viabilidade das populações de aves foi, portanto, indicador sensível da saúde ambiental. O desaparecimento desses animais soou como um alarme. Os ambientalistas se mobilizaram e os Estados Unidos responderam banindo o DDT. As empresas químicas, desde então, vêm criando alternativas menos perniciosas para o meio ambiente. As aves estão voltando; isso é uma grande vitória, não só para a conservação da espécie, mas também para a qualidade do ambiente, porque as aves não poderiam ser salvas sem que o DDT, que afeta muitas espécies, fosse banido. Extinção e a ação humana A extinção é uma grande preocupação dos ambientalistas, porque linhagens evolutivaspodem desaparecer e nunca mais serem recuperadas. Os seres humanos já causaram a extinção de muitas espécies, mas para conseguirmos resolver esse problema vamos precisar entender quais as causas da extinção. Conforme os ecossistemas mudam, espécies desaparecem e outras surgem ocupando seus lugares. Esse processo de substituição de espécies que acontece naturalmente numa taxa relativamente baixa é chamado de extinção de fundo e parece ser um processo natural dos ecossistemas. Podemos chamar de extinção maciça quando há morte de grande número de espécies devido a catástrofes naturais, como furações, vulcões, terremotos, e que ocorrem esporadicamente. E temos a extinção antrópica, que é a extinção causada por seres humanos. É semelhante à extinção maciça em número de espécies afetadas e nas dimensões globais que atingem. A diferença entre a extinção maciça e a antrópica está no fato de que, teoricamente, a antrópica está sob nosso controle. 8 9 A extinção de fundo é confirmada principalmente por registros fósseis, que mostram o surgimento e o desaparecimento de espécies através do período geológico. O tempo de vida de espécies varia de acordo com o táxon ao qual pertencem, mas normalmente se situam dentro de um intervalo entre 1 a 10 milhões de anos. De acordo com as estimativas, temos entre 1 a 10 milhões de espécies que habitam a Terra. Com essa quantidade, teríamos uma taxa de extinção de fundo de cerca de até uma espécie extinta por ano. Na outra extremidade do espectro, temos a extinção maciça. As chamadas catástrofes naturais podem causar o desaparecimento de muitas espécies de ordem local ou global, dependendo da severidade e da extensão geográfica da catástrofe. Entre as catástrofes locais, podemos incluir uma seca prolongada, furações, erupções vulcânicas, etc. Já extinções globais podem ser causadas por cometas ou asteroides, impactos já evidenciados nos registros fósseis e hoje é a teoria mais aceita para a extinção dos dinossauros. E a extinção antrópica? Muitas extinções têm acontecido e muitos grupos, principalmente os animais de grande porte caçados para alimentos e outros fins, estão com sua taxa de extinção acima da extinção de fundo. No entanto, se a espécie humana é um desastre para a biodiversidade, esse impacto mais forte aparecerá no futuro. O mais importante é evitar esse desastre, e examinar as causas da extinção nos fará aptos a ver por que isso ocorre. As Ações Humanas têm Causado Extinções de Várias Formas As populações se extinguem quando as mortes são maiores que os nascimentos por um longo período. A extinção é resultado de diversos mecanismos que determinam esse processo de nascimento e morte numa dada população. A extinção ocorre, então, em decorrência de uma falha de adaptação de uma população, que pode ser por conta de mudanças ocorrerem de forma muito rápida ou por uma incapacidade da população em responder a essas mudanças. Pesquisas a respeito das causas do declínio de uma população para espécies ameaçadas concluíram que as principais causas foram: redução e modificação no habitat (67%), tamanho pequeno de população, introdução de espécies exóticas e sobre-exploração (RICKLEFS, 2003). 9 UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Redução de habitat A redução de habitat e a diminuição do habitat em pequenos remanescentes se torna uma grande ameaça a espécies de vida selvagem. Podemos citar um exemplo bem conhecido, que é a Mata Atlântica, que foi reduzida a uma porção bem pequena da extensão original. Essa redução ameaça aves e mamíferos endêmicos, como o mico-leão-dourado, que virou um símbolo de espécie ameaçada de extinção. Figura 1. Mata Atlântica em 1500 e 2005 Hoje, grandes esforços estão sendo feitos para preservar a mata atlântica remanescente, mas, infelizmente, para muitas espécies, já é tarde demais. Com o passar do tempo, mudanças no clima fazem com que os grandes biomas mudem de posição e, consequentemente, os habitats dentro de cada bioma se desloquem. A fragmentação de habitat representa uma grande ameaça na capacidade dos organismos se deslocarem com a mudança do clima. O efeito da fragmentação de habitats pode ser agravado com a mudança do clima causada pelo aquecimento global. Em relação às mudanças antrópicas na temperatura, estima-se que esta poderá aumentar nos próximos 50 anos entre 2º e 6º C. Muito provável que essa alteração cause a extinção de muitas espécies, principalmente das plantas mais sensíveis à variação da temperatura, que serão impedidas de se deslocarem por conta da fragmentação dos habitats. 10 11 Populações de tamanho reduzido Toda população passa por períodos em que as taxas de nascimentos e mortes variam; isso é conhecido como variação estocástica ou randômica. Populações muito pequenas, como as isoladas em fragmentos de habitats, podem ser extintas se passarem por um período muito ruim. Esse fenômeno, denominado de extinção estocástica, muito embora seja um fenômeno muito improvável, aumenta sua possibilidade com a fragmentação de habitats. É, no entanto, uma ameaça real, principalmente para os grandes predadores, que normalmente têm densidades baixas e necessitam de grandes áreas como habitats. Em uma pequena população, a redução da variação genética é outro fator que aumenta a probabilidade de extinção, ou seja, uma população reduzida possui uma menor reserva genética de espécie comparada a uma população maior. Quando uma população passa por um gargalo populacional e perde variação genética, ela poderá diminuir a capacidade de responder às mudanças no ambiente. Não podemos generalizar sobre os problemas que levam a um gargalo populacional, porque encontramos várias espécies que chegaram a ser reduzidas até quase a extinção, perdendo muito da sua variabilidade genética, mas se recuperaram muito bem quando foram protegidas. Introdução das espécies exóticas A redução de habitat poderá causar a extinção de espécies por apagar do mapa lugares próprios para a sobrevivência de plantas e animais. Animais da floresta desaparecem quando a floresta é derrubada. Mesmo que habitats próprios permaneçam, as condições dentro do habitat podem mudar, levando uma população a seguir em direção à extinção. Normalmente, a diminuição da qualidade de um habitat está relacionada com a introdução de predadores, competidores ou patógenos. Nos últimos 200 anos, espécies exóticas chegaram a diversas regiões do planeta acidentalmente, por exemplo, em porões de navios, ou deliberadamente para cultivos, ornamentação, caça, ou agentes de controle biológico. As áreas que são mais afetadas pela introdução de espécies exóticas são as ilhas isoladas. Organismos que evoluíram na ausência de novos predadores, competidores patógenos, não são adaptados para lidar com eles. Vamos dar um exemplo: uma serpente arborícola marrom (Boiga irregulares), que foi introduzida na Ásia, comeu a maioria das aves endêmicas da Ilha de Guam, levando-as à extinção (Fig. 2). 11 UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Figura 2: Serpente arborícola marrom (Boiga irregulares). Fonte: iStock/Getty Images As áreas continentais também sofrem com a introdução de espécies exóticas, que muitas vezes escapam dos controles naturais dos predadores, parasitas e herbívoros que manteriam as populações controladas nas abrangências nativas. A pimenta brasileira (Shinus terebinthifolius) introduzida no sul da flórida encontrou o clima ideal e agora cobre imensas áreas e expulsa a vegetação nativa. Insetos introduzidos também têm tido sucesso; abelhas europeias foram introduzidas em todo mundo para polinizar as plantações e elas têm sido benéficas para a agricultura, mas também expulsam as nativas em muitas áreas. No entanto, nos últimos anos, sua população tem declinado por conta de um ácaro parasita também introduzido. Figura 3: Abelhas europeias introduzidas em todo o mundo. Fonte: iStock/Getty Images Os ecossistemas aquáticos são particularmente suscetíveis a espéciesalienígenas. No lago Flathead (fig 4), em Montana, o camarão-gambá (Mysis relicta) foi introduzido no intuito de aumentar os suprimentos alimentares do salmão e de outros peixes de pesca, mas o efeito foi contrário. O camarão comeu tanto o zooplâncton, que a produtividade do lago diminuiu, e com isso as populações de salmão acabaram diminuindo. 12 13 Figura 4. Lago Flathead, em Montana, onde o camarão-gambá (Mysis relicta) foi introduzido. Fonte: iStock/Getty Images A ação humana e a exploração de recursos Na história recente, ocorreram muitas perdas de espécies. As espécies que eram originalmente abundantes, que foram eleitas como comida para os humanos, foram perseguidas até o ultimo indivíduo ser morto. As armas e outras ferramentas, como as redes de arrasto, transformaram os seres humanos em caçadores tão eficientes, que espécies foram caçadas até sua extinção total. A extinção provocada pela sobrecaça e sobrepesca não é recente. Quando os seres humanos colonizam as regiões, a fauna sofre de alguma maneira. Tartarugas, moluscos e crustáceos da região do mediterrâneo que eram fáceis de serem apanhados foram dizimados pelos seres humanos originais. Depois, na mesma região, onde hoje é a Itália, as populações foram obrigadas a substituir a fauna já dizimada por lebres, perdizes, mamíferos e aves. Importante! A superexploração de espécies comestíveis tem forçado as pessoas a trocá-las por outras. Remanescentes de itens alimentares em sítios arqueológicos do Paleolítico em Israel e na Itália documentam uma substituição de presas facilmente capturadas, tais como jabutis e mariscos, por presas que exigem uma maior habilidade para serem caçadas. A substituição ocorreu à medida que os tipos de presa originais foram deplecionados pela sobre-exploração. Dos dados em M. C. Steiner, N. D. Munro, T. A. Surovell, E. Tchernov e O. Bar-Yosef, Science, apud RICKLEFS, 2003. Você Sabia? 13 UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Espécies e o Resgate da Extinção Muitas espécies foram quase extintas, mas com uma intervenção humana esse quadro foi revertido. Tais esforços de conservação de algumas espécies podem custar muito dinheiro e normalmente são direcionados para as espécies que conseguem conquistar a população. Nas últimas décadas, muitos esforços têm sido realizados para salvar espécies da extinção. Uma nova conscientização por parte da população vem sendo desenvolvida para que devamos dar algo ao meio ambiente e não só tirar. Esforços para salvar espécies da extinção podem incluir a reabilitação do habitat e a reprodução em cativeiro. Tais programas chamam a atenção para outros problemas de conservação, resultando na preservação de habitats cujo valor excede em muito aquele de uma espécie específica pelo qual foi originalmente reservado para resgatar. As Ameaças das Atividades Humanas aos Processos Ecológicos Locais Quase todas as atividades humanas apresentam alguma consequência ao meio ambiente. Pesca, caça, exploração de madeira, pastagem e demais itens são interação típicas consumidor-recurso. Em sua maioria, os sistemas ecológicos atingem estados estacionários, pois à medida que os recursos se tornam escassos, a eficiência da exploração cai. A população que consome começa a decair também, ou precisa buscar recursos alternativos, até que volte o equilíbrio. Esse raciocínio também é aplicado em sistemas econômicos, em que as interações consumidor-recurso também entram em equilíbrio. À medida que um recurso se torna escasso, o seu preço aumenta, com isso a demanda cai, e as pessoas ou não utilizam aquele recurso ou buscam alternativas mais baratas. No entanto, com a capacidade dos seres humanos em explorar sistemas naturais ter atingido níveis desproporcionais, os recursos renováveis acabam ficando escassos, chegando a ficarem muito próximos do esgotamento, e tornando-se incapazes até mesmo de suportar uma exploração mesmo que pequena. Nossas habilidades em explorar recursos aumentaram muito mais rapidamente do que a natureza possa suportar. Para que possamos minimizar esses problemas, devemos limitar a exploração das populações de recursos às produtividades máximas sustentáveis, considerando usos também sustentáveis alternativos. Soluções também têm um preço, pois o planejamento para o uso sustentável reduz os retornos no curto prazo. Aumentar a intensidade da agricultura acarreta um aumento de energia, trabalho e fertilizantes químicos, e cada um desses itens geram seus próprios problemas. O sustento de populações maiores tem também seus custos humanos. 14 15 O sustento de grandes populações acarreta também um custo aos seres humanos. As populações que residem nas regiões onde a terra já está empobrecida precisam importar alimentos de outras regiões e, para tanto, devem ganhar dinheiro de outra forma e passam a ser uma carga para outros segmentos da população. Enquanto o crescimento da população humana local não for associado à capacidade dos recursos locais em sustentar tal população, os desequilíbrios entre consumidores e recursos tendem a piorar. As Toxinas e o Ambiente Toxinas são venenos que podem matar animais e plantas. Existem toxinas que ocorrem normalmente no ambiente, no entanto as atividades humanas têm aumentado esse acúmulo no ambiente. Podemos dividir as substâncias tóxicas em classes, são elas: ácidos; metais pesados; compostos orgânicos; e a radiação. Ácidos Vamos falar das fontes provocadas pelas ações antrópicas e temos dois tipos principais. O primeiro tipo ocorre nas áreas de mineração de carvão, onde compostos são convertidos em ácido sulfúrico nos cursos de água que drenam as áreas de minas. Em alguns casos, a água se torna muito ácida, o que acaba esterilizando o ambiente aquático. O segundo tipo e o mais conhecido são as chuvas ácidas. Combustíveis fósseis são restos de plantas e animais que continham nitrogênio e enxofre nas suas proteínas e moléculas orgânicas. Quando carvão e óleo são queimados, além de produzir dióxido de carbono e vapor de água, liberam dióxido de enxofre e óxidos nitrosos na atmosfera. Esses gases se dissolvem nas gotas de chuva, são convertidos em ácidos e causam a precipitação ácida. O Ph da chuva pode cair em até 1.000 vezes em relação à acidez da chuva natural, principalmente nas áreas altamente industrializadas. A chuva ácida nos rios e lagos pode causar a interrupção do crescimento ou até matar peixes e outros organismos. Nos solos aumenta a taxa de lixiviamento dos nutrientes do solo e precipita compostos fosforosos, o que os torna indisponíveis para assimilação das raízes. Para que seja solucionado o problema da chuva ácida, são necessárias medidas tecnológicas e econômicas. Entre essas medidas, estão: filtrar os gases dos afluentes de usinas de energia e dos automóveis, encontrar alternativas para queima de energia, entre outras. 15 UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Metais pesados Muitos metais pesados, como o mercúrio, o arsênico, o chumbo, o cobre, o níquel, o zinco, etc., são introduzidos no ambiente de diversas formas, como refugo da mineração e da fundição de minerais, produtos de rejeito de processos manufaturados e da queima de combustíveis com chumbo. Os efeitos dos metais pesados variam, mas incluem a interferência de funções neurológicas nos vertebrados. Compostos orgânicos Muitos compostos orgânicos são produzidos em laboratórios e utilizados como pesticidas nas plantações. Entre os pesticidas orgânicos, temos os organomercúrios, hidrocarbonetos clorados, compostos organofosforados, inseticidas carbonados e a herbicida triazina. Todos esses compostos têm uma função importante na agricultura e no controle de pestes, mas podem se acumular em outras partes do meio ambiente, afetando produção de plantas, os animais e até mesmo seres humanos. Hoje, pesticidas mais modernos e sistemas de filtragem para os efluentes têm sido desenvolvidos para minimizar os efeitos nocivos desses produtos. Poluição Atmosféricaem Escala Global Com a circulação da atmosfera e dos oceanos, algumas poluições acabam tendo uma consequência global e os efeitos se apresentam muito além das fontes das quais foram originadas. A pior dessas alterações no ambiente é a destruição da camada de ozônio na nossa atmosfera superior e o aumento de dióxido de carbono e outros gases de “estufa”. Destruição da camada de ozônio O ozônio (O3) é uma forma molecular de oxigênio altamente reativa como oxidante, capaz de oxidar quimicamente moléculas orgânicas e obstruir seu funcionamento adequado. Consequentemente, o ozônio é toxico para a vida animal e vegetal, mesmo em pequenas concentrações. Próximo à superfície da Terra, o ozônio é produzido pela oxidação do oxigênio molecular (O2) na presença de óxido nitroso (NO2) e luz do sol. Como o NO2 é um produto da combustão da gasolina, o ozônio pode ser produzido em altos níveis nas descargas de exaustão que poluem as cidades, particularmente onde há forte luz do sol (RICKLEFS, 2003). O ozônio é produzido na atmosfera superior, mas lá tem o efeito benéfico de blindar a superfície da Terra contra a radiação ultravioleta. No entanto, certas substâncias, como os átomos de cloro, causam a quebra do ozônio. As atividades humanas têm aumentado os níveis de cloro na atmosfera superior através da liberação de clorofluorcarbonos (CFCs) na atmosfera. A indústria usa essa substância 16 17 como propelentes em latas de aerossóis e como refrigerantes em condicionadores de ar e demais sistemas de refrigeração. Em ambos os hemisférios já vêm sendo observados, nas altas latitudes, os chamados “buracos de ozônio”, que aparecem quando o ozônio diminui em até 50% naquele ponto. A diminuição da camada de ozônio resulta na elevação da radiação ultravioleta na superfície da Terra, aumentando a incidência de câncer de pele e danificando dispositivos fotossintéticos das plantas. A redução da camada de ozônio é um perigo real e já foram observados buracos nessa camada em torno da Antártida. A comunidade internacional, percebendo a gravidade da situação, decidiu, através da Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio (1985) e do Protocolo de Montreal (1987), eliminar o uso de todos os CFCs até o final do século XX, e até 1997 na comunidade europeia. A intenção é reverter o dano já instalado e permitir que o ozônio atmosférico retorne aos seus níveis de equilíbrio dentro de um século. Efeito estufa O dióxido de carbono (CO2) ocorre de forma natural na atmosfera. Sem ele, a Terra seria um lugar extremamente frio e a luz do sol absorvida pela superfície da Terra seria perdida rapidamente. O CO2 funciona como um cobertor isolante que deixa a luz do sol passar e segura o calor de forma equilibrada. Podemos visualizar esse processo pensando no vidro das estufas, que funcionam com o mesmo princípio, deixando o calor entrar e retendo o calor no local. Até 1850, a concentração de CO2 na atmosfera era em torno de 280ppm. Nos últimos 150 anos, houve um aumento considerável na queima de madeira, carvão, óleo e gás para a produção de energia para as atividades humanas. Mais da metade desse aumento ocorreu durante os últimos 30 anos e parece que isso continua a crescer. Essa alteração na química da atmosfera gerou o receio do aquecimento do clima da Terra. Os estudos indicam que o aumento da temperatura da Terra no próximo século deve ser em média de 2º C e 6º C. Os seres humanos adicionam CO2 na atmosfera com a queima de combustíveis fósseis, com o desmatamento e a queima das florestas. Com isso, aumentamos o fluxo de carbono para a atmosfera na ordem de 6%. Muitos problemas potenciais serão sentidos com o aumento da temperatura, incluindo a inundação das comunidades costeiras com a elevação do nível do mar, consequência do derretimento das calotas de gelo polar. 17 UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Finalizando a Unidade Como estamos observando, a população humana está consumindo os recursos naturais mais rapidamente do que estes podem ser regenerados pelo planeta, ao mesmo tempo em que libera os rejeitos, deteriorando a qualidade do ambiente na maior parte das regiões da Terra. Acredito que todos nós pretendemos viver num mundo melhor para nós e para as futuras gerações. Para tanto, devemos estabelecer uma relação sustentável com o planeta. Entre outras medidas para atingirmos esse equilíbrio, devem estar o desenvolvimento de fontes de energia sustentáveis, restaurar habitats deteriorados, dar um destino adequado aos rejeitos e investir principalmente no estudo do meio, para que novas possibilidades sejam descobertas. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Mudanças Climáticas INPEvideoseduc. Duração: 8 minutos e 50 segundos. Acesso em: 14 out. 2015. https://www.youtube.com/watch?v=ssvFqYSlMho Professor da USP fala sobre farsa do aquecimento global no Jô Duração: 18 minutos e 41 segundos. Acesso em: 14 out. 2015. https://www.youtube.com/watch?v=3_GPLlJv6x0 Aquecimento global e consequências Duração: 7 minutos e 56 segundos. Acesso em: 14 out. 2015. https://www.youtube.com/watch?v=mz6t9PVX0io 19 https://www.youtube.com/watch?v=ssvFqYSlMho https://www.youtube.com/watch?v=3_GPLlJv6x0 https://www.youtube.com/watch?v=mz6t9PVX0io UNIDADE Ações antrópicas e mudanças globais Referências D Ricklefs, R.E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. 5ª ed. 20
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